segunda-feira, 30 de abril de 2012

Prece Para Um Condenado

Um dos melhores filmes da carreira de Mickey Rourke também é um de seus mais subestimados. Nesse excelente filme o ator interpreta um terrorista do IRA (Exército Revolucionário Irlandês) que entra em crise existencial após um atentado mal sucedido aonde pessoas e crianças inocentes morreram. Rourke ficou tão comovido pela luta dos irlandeses contra os ingleses que acabou tatuando a sigla do grupo em seu próprio braço. Nas filmagens deu entrevistas corajosas defendendo a causa do IRA mesmo sabendo que tais declarações iriam mais cedo ou mais tarde se voltarem contra ele. As filmagens não foram simples. Logo no primeiro dia de trabalho Rourke entrou numa séria briga com um dos produtores executivos. Acontece que Mickey aceitou realizar o filme baseado em um roteiro que o estúdio queria mudar de última hora. Com medo de perdas financeiras os produtores queriam deixar a crise existencial do personagem de Rourke de lado para investir em mais ação. O ator ficou possesso. Numa das entrevistas que deu para a agência Reuters atacou o produtor do filme: "Esse cara pousou de pára quedas no primeiro dia de gravação e disse que o roteiro estava muito introspectivo e sem movimento. Então quis mudar tudo, tirando o drama para colocar cenas de tiroteiro e ação. Era atroz! Ele queria um filme de Chuck Norris! Eu falei que se mudassem iria embora naquele mesmo dia. Se você estiver lendo essa entrevista saiba que você não passa de um imbecil!"

A briga de Rourke pareceu surtir algum efeito mas os problemas com o filme continuaram. Pelo tema polêmico a produção enfrentou sérios problemas com o estúdio antes de seu lançamento. Foi proposta uma mudança de edição, numa tentativa de amenizar o tom provocativo do roteiro. Rourke entrou na briga novamente e foi aos jornais denunciar o que estavam fazendo com o filme. No meio da confusão o filme foi mal lançado e distribuído, o que talvez explique o fato de ser tão pouco conhecido. Rourke também ficou revoltado com o corte final dado pelos produtores. Em sua forma de pensar muito do potencial do filme foi simplesmente jogado fora. De qualquer forma a fita chegou ao mercado de vídeo no Brasil na época e alcançou um relativo sucesso em nossas locadoras no encalço de "Coração Satânico". Hoje é um filme complicado de se achar mas merece ser conhecido pelo tema importante e pela ótima atuação de Rourke, em um de seus momentos mais inspirados. Certamente poderia ter sido melhor se não tivesse enfrentado tantos problemas mas pela coragem de Rourke vale muito a pena ser redescoberto.

Prece Para Um Condenado (A Prayer for the Dying, Inglaterra, 1987) Direção: Mike Hodges / Roteiro: Edmund Ward Baseado no livro "A Prayer for the Dying" de Jack Higgins / Elenco: Mickey Rourke, Bob Hoskins, Alan Bates, Sammi Davis / Sinopse: Martin Fallon (Mickey Rourke) é um terrorista do IRA (Exército Revolucionário Irlandês) que entra em crise existencial após participar de um atentado mal sucedido aonde pessoas e crianças inocentes morreram.

Pablo Aluísio.

domingo, 29 de abril de 2012

A Lista de Schindler

Oskar Schindler (Liam Neeson) é um industrial alemão que aproveita a Guerra para ganhar muito dinheiro em sua fábrica. Gozando de livre trânsito nos altos escalões nazistas ele consegue que vários judeus sejam enviados para trabalhar em sua linha de produção. Ao tomar conhecimento do massacre promovido contra o povo judeu resolve ajudar de alguma forma. Solicitando cada vez mais mão de obra consegue evitar que milhares de pessoas sejam enviadas para os campos de extermínio do sistema nazista. Nesse processo sua fábrica acaba se tornando um precioso refúgio e uma salvação para famílias inteiras de judeus. Baseado em fatos reais esse foi o filme que trouxe a Spielberg o que mais lhe faltava na carreira: reconhecimento da Academia. Por anos o diretor tentou se desvencilhar de sua fama de diretor Peter Pan que só conseguia realizar bons filmes para o público infanto-juvenil. Com “A Lista de Schindler” ele mudou essa imagem pois provou que conseguia realizar uma grande obra baseada em temas relevantes e importantes. O tema certamente lhe era caro pois o próprio Spielberg tinha origens judaicas. Embora isso não tenha sido um ponto focal em sua vida até aquele momento ele resolveu usar o filme como forma de encontrar novamente suas origens ao mesmo tempo em que prestava homenagem ao verdadeiro Schindler que salvou da morte certa aqueles que depois ficariam conhecidos como “os sobreviventes de Schindler”  O próprio lema principal do filme calcado na frase "Quem salva uma vida, salva o mundo inteiro" reflete bem isso. Ele aliás é um dos poucos alemães presentes no chanado "Jardim dos Justos", um local onde o povo judeu honra a memória daqueles que lhe ajudaram no holocausto nazista.

O diretor resolveu filmar em preto e branco para criar identidade imediata no espectador com as cenas reais do holocausto que chegou até nós. Além disso não criou concessões, procurando mostrar o horror nazista sem qualquer subterfúgio. Isso acabou criando problemas comerciais para o filme pois ele foi classificado como proibido para menores de 18 anos nos EUA – o único em toda a carreira de Spielberg que entrou nessa categoria. Além do filme em si Spielberg resolveu ir além e através de um projeto excepcional resolveu colher os depoimentos dos sobreviventes de Schindler em vídeo para registro histórico. Esse material acabou sendo utilizado para a elaboração de uma verdadeira biblioteca visual, com o testemunho gravado de todos os que ainda estavam vivos. Do ponto de vista histórico realmente é um material de extrema relevância. Curiosamente as críticas mais contundentes ao filme em si acabaram partindo da ex-esposa de Schindler. Ela não perdeu tempo para falar muito mal do industrial para a imprensa. Para ela Oskar Schindler não era nenhum herói virtuoso mas sim um irresponsável que a deixou com inúmeras dívidas que acabaram lhe arruinando financeiramente. Não importa, o que realmente vale a pena destacar é que essa é uma produção do mais alto nível e um momento de apoteose na carreira de Spielberg. Público e crítica, quase sempre às turras, abraçaram “A Lista de Schindler”  de forma unânime. Além da excelente bilheteria o filme venceu os Oscars de Melhor Filme, Melhor Diretor, Melhor Roteiro Adaptado, Melhor Fotografia, Melhor Trilha Sonora, Melhor Direção de Arte, Melhor Edição e foi indicado ainda aos prêmios de Melhor Ator (Liam Neeson), Ator Coadjuvante (Ralph Fiennes), Figurino, Maquiagem e Edição de Som. Spielberg finalmente conquistava o que tanto almejava durante todos aqueles anos. Um coroamento digno de um filme tão bom quanto esse.

A Lista de Schindler (Schindler's List Estados Unidos, Inglaterra, 1993) Direção: Steven Spielberg / Roteiro: Steve Zaillian / Elenco: Liam Neeson, Ben Kingsley, Ralph Fiennes, Caroline Goodall, Jonathan Sagall / Sinopse: O filme baseado em fatos reais mostra a luta do industrial Oskar Schindler em salvar o maior número possível de judeus. Os recrutando para sua fábrica ele os salvou dos campos de extermínio nazistas.

Pablo Aluísio.

sábado, 28 de abril de 2012

Alguém Tem Que Ceder

Harry Langer (Jack Nicholson) é um executivo milionário da indústria da música que gosta de se relacionar com garotas bem mais jovens do que ele. Sua namorada Marin (Amanda Peet), que tem idade para ser sua filha, decide então lhe apresentar sua mãe, Erica (Diane Keaton) em sua casa de praia. Durante a visita porém Harry começa a passar mal e sofre uma parada cardíaca. Sob os cuidados de Erica e do médico boa pinta Julian (Keanu Reeves) ele começa a se recuperar. De repente nota que está começando a se interessar romanticamente pela mãe de sua namorada! Erica, por sua vez, também está começando a se interessar por um homem mas não por ele e sim pelo jovem médico bonitão. Sem perceber acaba se formando um triângulo amoroso entre todos eles. "Alguém Tem Que Ceder" é uma comédia romântica com excelente elenco que tenta vender esse gênero para um público mais maduro. Jack Nicholson dá uma pausa em seus personagens mais introspectivos e profundos para surgir em cena na pele do cafajeste Harry, um sujeito bem vazio que gosta mesmo é de um bom rabo de saia juvenil. Ao se deparar com uma mulher mais velha, interessante e atraente, ele acaba repensando sua própria forma de ver as mulheres. Pronto para uma nova experiência ele tenta conquistar a mãe de sua jovem namorada, o problema é que para ser bem sucedido vai ter que vencer a competição com o médico interpretado por Keanu Reeves (novamente disponibilizando ao seu público mais uma atuação ao seu estilo, ou seja, bem medíocre).

Quem segura as pontas do filme mesmo é a dupla Nicholson e Keaton. Ex-musa de Woody Allen aqui Diane Keaton surge bem mais bonita, sofisticada, com belo figurino. Sua química ao lado do velho Jack funciona muito bem e juntos são responsáveis pelos melhores momentos do filme que, apesar de não ser uma maravilha, funciona como bom passatempo descompromissado, especialmente recomendado para mulheres mais maduras que conservam seu romantismo intacto. A diretora e roteirista Nancy Meyers optou por algo bem leve, soft. Evita apelar para o dramalhão e realiza uma boa crônica de costumes, com ênfase nos relacionamentos em que há uma grande diferença de idade entre os envolvidos (geralmente homens bem mais velhos com mulheres jovenzinhas). O saldo final é agradável, além do mais é sempre um prazer renovado rever o grande Jack Nicholson, mesmo que seja em filmes considerados menores de sua rica filmografia.

Alguém Tem Que Ceder (Something's Gotta Give, Estados Unidos, 2003) Direção e Roteiro: Nancy Meyers / Elenco: Jack Nicholson, Diane Keaton, Amanda Peet, Keanu Reeves, Jon Favreau, Michael J. Fox. / Sinopse: Harry Langer (Jack Nicholson) é um homem bem mais velho que namora a jovem Marin (Amanda Peet) mas acaba se apaixonando por sua mãe, a bela e madura Erica (Diane Keaton).

Pablo Aluísio. 

Máquina Mortífera 2

Primeira sequência de "Lethal Weapon" lançado dois anos antes. Se Mel Gibson estava em busca de um sucesso de bilheteria e uma nova franquia para estrelar e levantar sua carreira ele acertou em cheio. O filme é o que se pode chamar de blockbusters anos 80. Ação, roteiro simples e piadinhas aqui e acolá. Nesse segundo filme quem faz o alívio cômico é o ator Joe Pesci. Seu personagem é um contador que em troca de informações de seus clientes mafiosos entra no serviço de proteção às testemunhas. Curioso que os vilões do filme são arianos sul africanos que usando de imunidade diplomática montam uma enorme rede de tráfico e lavagem de dinheiro nos EUA. Na época em que o filme foi realizado ainda havia grande revolta mundial por causa do regime racial do Apartheid que vigorava naquela país. O próprio ator que faz o vilão tem uma semelhança enorme com o primeiro ministro sul africano da época. Mais direto do que isso impossível. Além disso esse mesmo regime de separação absoluta entre brancos e negros acabou levando o líder Nelson Mandela a se tornar um símbolo ao redor do mundo. Quando o filme foi lançado ele ainda cumpria pena de prisão. Por essa razão a fita foi proibida de ser exibida nos cinemas sul africanos. Isso porém não iria durar muito. Quando o regime caiu, Mandela acabou se tornando presidente da África do Sul por vários anos.

O filme obviamente envelheceu. As cenas vistas hoje em dia são mais do que clichês. Nos anos 80 eles tinham bastante preferência por cenas exageradas de ação como se pode ver na cena em que Riggs (Mel Gibson) derruba toda uma casa que fica no alto de uma colina. Na outra sequência vemos vários carros de policia batendo e voando uns sobre os outros numa movimentada rua de Los Angeles (chegou até mesmo a me lembrar de outro sucesso da época, a comédia musical "Os Irmãos Cara de Pau"). Nos bastidores Mel Gibson já demonstrava ter problemas com alcoolismo o que o levou a ter várias brigas no set com o diretor Richard Donner. Ele muitas vezes chegou atrasado e alcoolizado para rodar suas cenas. Como foi uma superprodução contou-se até mesmo com luxos como contratar o trio George Harrison, Tom Petty e Jeff Lynne para compor a trilha sonora. Nessa revisão cheguei a me lembrar de uma ou outra cena já que fazia muitos anos desde que havia assistido pela última vez. A única coisa que ainda me lembrava claramente do filme era aquela cena em que Gibson deslocava seu próprio ombro para se safar de uma camisa de força. Pois é, desde aquele tempo o Mel já era completamente alucinado! Em suma vale pela nostalgia e pelo tom absurdo que os filmes de ação da década de 80 sempre apresentavam de um maneira ou outra.

Máquina Mortífera 2 (Lethal Weapon 2, Estados Unidos, 1989) Direção: Richard Donner / Roteiro: Jeffrey Boam / Estúdio: Warner Bros, Sony Pictures / Elenco: Mel Gibson, Danny Glover, Joe Pesci, Joss Ackland, Patsy Kensit / Sinopse: Os policiais Martin Riggs (Mel Gibson) e Robert Murtaugh precisam proteger um informante enquanto investigam o envolvimento de diplomatas sul africanos com o tráfico de drogas internacional e lavagem de dinheiro. Filme indicado ao Oscar na categoria de Melhores Efeitos Sonoras (Robert G. Henderson e Alan Robert Murray). Vencedor do BMI Film & TV Awards na categoria de Melhor Música (Eric Clapton, Michael Kamen e David Sanborn).

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 27 de abril de 2012

Rookie

Um dos filmes menores de Clint Eastwood que acabou ficando esquecido. Na época de seu lançamento o filme foi malhado impiedosamente pela crítica mas houve certamente um exagero. A fita é em essência um policial de rotina que tentou transformar Charlie Sheen em astro do primeiro time. É curioso que dois profissionais tão diferentes tenham trabalhado juntos aqui. Clint Eastwood é o exemplo da austeridade, sempre cumprindo o cronograma de seus filmes, nunca estourando o orçamento determinado pelo estúdio. Já Sheen é o extremo oposto disso, um ator com longo histórico de problemas, atrasos, brigas e envolvimento com drogas e prostitutas. Quando a Warner produziu Rookie sua fama ainda não estava tão deteriorada nesse aspecto mas em pouco tempo sua falta de profissionalismo ficaria evidente. O set de Rookie foi movimentado. Eastwood não admitia indisciplina e nem atraso no tempo previsto de filmagens e teve que lidar com um deslumbrado Charlie Sheen, nem um pouco preocupado em ser "certinho" nas filmagens. Nem é preciso esclarecer que os dois não se deram bem juntos.

De certa forma o que aconteceu nos bastidores era um reflexo da própria premissa do filme, onde vemos uma tumultuada relação entre um veterano e um novato. A produção é classificada como sendo de ação e realmente se resume a isso. Não há nenhum grande toque de Midas artístico por parte do diretor Eastwood, que parece empenhado em apenas disponibilizar ao seu público um eficiente policial com várias cenas de tiroteios, explosões e perseguições de carros em alta velocidade. Sheen não funciona muito no papel. Ele já não era nenhum garotão - coisa que seu papel exigia - e passava longe de transparecer imaturidade em cena. O elenco de apoio conta com duas presenças interessantes: Raul Julia, tentando trazer algum conteúdo ao seu vazio personagem e Sônia Braga, tentando novamente emplacar no mercado americano. Embora bonita sua presença acrescenta pouco ao filme em si. No saldo final "Rookie" não sai da média das produções da década de 80 nesse estilo  - embora filmado em abril de 1990 o filme segue o padrão da década anterior que havia acabado há pouco tempo. Vale como curiosidade, principalmente para entender porque Charlie Sheen nunca conseguiu virar um astro como Tom Cruise no mundo do cinema.

Rookie - Um Profissional do Perigo (The Rookie, Estados Unidos, 1990) Direção: Clint Eastwood / Roteiro: Boaz Yakin, Scott Spiegel / Elenco: Clint Eastwood, Charlie Sheen, Raul Julia, Sônia Braga, Tom Skerritt,  Lara Flynn Boyle / Sinopse: Nick Pulovski (Clint Eastwood) é um policial veterano que tem que lidar com um tira novato,  David Ackerman (Charlie Sheen). Juntos unirão forças para perseguir um perigoso criminoso, Strom  (Raul Julia).

Pablo Aluísio.

Amor Obsessivo

Julie (Jess Weixler) é uma garçonete em Nova Iorque que acaba se apaixonando pelo escritor Max Oliver (Willem Dafoe). Esse está ainda tentando superar a perda de sua esposa, recém falecida. Após um encontro ele decide de forma impulsiva e prematura convidar ela para ir até a Itália, onde pretende escrever seu novo romance. Mesmo hesitante um pouco ela aceita e juntos vão para uma bucólica cidadezinha italiana no Mediterrâneo. Lá sem ter muito o que fazer Julie acaba se interessando pelo passado da ex esposa de Max, chegando ao ponto de se tornar obcecada por ela. "Amor Obsessivo" é um filme independente rodado na Itália com ares de cinema de arte. A jovem diretora Giada Colagrande tenta criar um trama psicológico em torno do relacionamento entre Julie e Max mas sem maiores resultados. O filme é praticamente todo passado num casarão clássico italiano, onde os dois tentam manter uma rotina de normalidade e paixão mas sem nunca chegar a lugar nenhum. A produção também falha em tentar mostrar uma suposta rivalidade entre Julie e uma amiga que vai passar alguns dias em sua nova casa. Tudo soa bastante artificial e sem maior impacto.

O elenco se apoia bastante na dupla central, Willem Dafoe e Jess Weixler. Ela é uma atriz bonita mas não consegue dar conta do papel. A personagem que interpreta, Julie, começa a ficar obcecada em determinada parte do filme mas Jess não consegue em momento algum trazer alguma veracidade a esse estado emocional em sua caracterização. Suas caras e bocas, além de expressões ruins fazem o filme perder seu potencial mais dramático. Já Willem Dafoe não se sai melhor. Preguiçoso em cena, não se envolve muito. Passeando pra lá e pra cá com sandálias de dedo seu personagem é passivo, sem carga emocional. Em conclusão esse "Amor Obsessivo" é uma vã tentativa de se realizar um filme de arte. Faltou maior talento para se chegar lá.

Amor Obsessivo (A Woman, Estados Unidos, Itália, 2010) Direção: Giada Colagrande / Roteiro: Giada Colagrande / Elenco: Willem Dafoe, Jess Weixler, Stefania Rocca / Sinopse: Julie (Jess Weixler) é uma garçonete em Nova Iorque que acaba se apaixonando pelo escritor Max Oliver (Willem Dafoe). Esse está ainda tentando superar a perda de sua esposa, recém falecida. Após um encontro ele decide de forma impulsiva e prematura convidar ela para ir até a Itália, onde pretende escrever seu novo romance.

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 26 de abril de 2012

Highlander, O Guerreiro Imortal

Antes que estraguem de vez com Highlander em mais um remake idiota resolvi conferir o original mais uma vez. Concordo com a opinião dominante: Highlander jamais deveria ter tantas continuações horríveis como teve. É um filme que se fecha em si mesmo, não tendo lógica nenhuma os filmes que vieram depois. Em termos narrativos o filme é bem eficiente com duas linhas narrativas bem enxutas (uma no passado mostrando sua origem nas terras altas escocesas) e outra no presente (onde ele se esconde sob uma falsa identidade em Nova Iorque). O roteiro não perde muito tempo com detalhes, é uma fita que nasceu para ser ágil, sem muita perda de tempo, o que transparece inclusive na explicação da origem dos imortais (que no fundo não são explicados, como se fossem frutos apenas de um evento natural).

No elenco a curiosidade fica por conta da caracterização de Sean Connery. Para uma pessoa que se orgulha das tradições escocesas fica no mínimo estranho ele aparecer como um misto de espanhol / egípcio em cena! Sua participação não é lá grande coisa mas dentro do contexto consegue ser marcante. O filme envelheceu, obviamente, principalmente em seus efeitos especiais. Na cena final a animação utilizada fica muito evidente. De qualquer forma a trilha sonora do Queen é muito adequada (mais até do que me lembrava) e Lambert não compromete (apesar de ser apático em alguns momentos). Enfim é isso. Highlander deveria ter ficado por aqui mas a ganância fez surgir várias continuações toscas e um remake que vem por aí que provavelmente vai ser igualmente horrível. Highlander era imortal mas no cinema conseguiram matar o personagem.

Highlander, O Guerreiro Imortal (Highlander, Estados Unidos, 1986) Direção: Russell Mulcahy / Roteiro: Gregory Widen, Gregory Widen / Elenco: Christopher Lambert, Roxane Hart, Clancy Brown, Sean Connery, Beatie Edney / Sinopse:: Connor MacLeod (Christopher Lambert) faz parte de uma estranha linhagem de imortais que se enfrentam ao longo dos séculos entre eles para cumprir a lenda que afirma só poder existir um imortal.

Pablo Aluísio.

Matrix

Quando "Matrix" surgiu nos cinemas causou grande repercussão. Era uma ficção com um argumento bem mais elaborado do que se estava acostumado a ver. De certa forma nada mais era do que uma visão pop feita em cima de crenças e conceitos bem mais profundos do conhecimento humano em relação à religião, filosofia e teorias de conspiração em geral. Como a juventude via de regra não gosta muito de ler, não indo direto às fontes dessa idéias, Matrix vinha bem a calhar pois tudo o que tinham que fazer era assistir a essa produção. Claro que todos esses conceitos foram tratados no roteiro do filme de forma bem mais superficial, apenas tangendo a verdadeira essência na qual se baseou. Seria uma espécie de cartilha de ABC sobre filosofia para jovens que não conheciam ou não queriam ler os grandes filósofos da cultura ocidental como Platão, Sócrates, etc. Até porque "Matrix" nada mais é do que um chiclete pop feito em cima do mito da caverna.de Platão. Mesmo assim não há como negar que apesar de ser mesmo um produto de cultura pop comercial "Matrix" serviu ao menos para criar o interesse nos jovens nesse tipo de tema. Esse aliás é o seu grande mérito: despertar a curiosidade dos mais jovens sobre esse tipo de questionamento existencial.

O enredo todos já conhecem: Neo (Keanu Reeves) é um jovem programador em um futuro distante que descobre ser a realidade apenas uma mera simulação. O mundo real parece ser um lugar inóspito controlado por computadores que mantém os corpos dos seres humanos em eterno torpor alimentado por ilusões meramente virtuais. Para enfrentar as máquinas no mundo real, Neo resolve se unir a outros rebeldes que pensam como ele, como Morpheus (Laurence Fishburne) e Trinity (Carrie-Anne Moss). A produção, feita em cima de um avassalador nível técnico (que venceu os Oscars de Melhor Edição, Efeitos Visuais, Som e Efeitos Sonoros) tenta desnortear o espectador enquanto o roteiro procura trilhar um rumo para aquilo tudo que vemos na tela. "Matrix" fez tanto sucesso que virou trilogia mas conforme as sequências foram sendo lançadas fomos descobrindo que os diretores irmãos Wachowski não conseguiram ficar à altura das expectativas, se perdendo pelo meio do caminho. De qualquer modo mesmo "Matrix" se perdendo nas suas sequências não podemos deixar de louvar seus méritos. É cultura pop em essência, cinema chiclete sim, mas que tentou ser mais inteligente do que a média geral do que estava sendo feito. Pena que as continuações não conseguiram desenvolver tudo a contento.

Matrix (Matrix, Estados Unidos, 1999) Direção: Larry Wachowski), Andy Wachowski / Roteiro: Larry Wachowski, Andy Wachowski / Elenco: Keanu Reeves, Laurence Fishburne, Carrie-Anne Moss, Hugo Weaving, Joe Pantoliano, Gloria Foster./ Sinopse: Neo (Keanu Reeves) é um jovem programador em um futuro distante que descobre ser a realidade apenas uma mera simulação. O mundo real parece ser um lugar inóspito controlado por computadores que mantém os corpos dos seres humanos em eterno torpor alimentado por ilusões meramente virtuais. Junto dos rebeldes resolve enfrentar as máquinas que escravizaram a humanidade.

Pablo Aluísio.

Coração de Cavaleiro

O tempo é interessante. Eu me recordo que quando "Coração de Cavaleiro" chegou aos cinemas brasileiros em 2001 muitos críticos arrasaram com o filme e um de seus alvos principais de chacotas foi o fato do filme ser estrelado por Heath Ledger. Os jornalistas fizeram piada com a tentativa do estúdio em lançar Ledger para o estrelato. O ator foi satirizado de várias formas, tachado de inepto, pouco talentoso e medíocre. O tempo passou, Ledger fez grandes filmes após esse e com Batman se consagrou definitivamente com um grande ator. Curiosamente muitos que o desqualificaram impiedosamente em "Coração de Cavaleiro" se viram depois elogiando sua atuação como Coringa na famosa produção. A nota de lamento vem pelo fato de Ledger ter partido muito cedo, justamente no momento em que despontava para o auge de sua carreira. Diante de uma morte tão prematura (e sem explicação para muitos até hoje) sobrou como seu legado apenas sua filmografia que analisada friamente mostra sua grande versatilidade pois ele participou de filmes bem diversos, de quase todos os gêneros.

Esse "Coração de Cavaleiro" foi um deles. Realmente se tratou de uma tentativa de transformar o ator em ídolo juvenil. O filme foi concebido para tentar levar ao público mais jovem o charme das antigas produções épicas de Hollywood, mais especificamente àquelas passadas na Idade Média. A trama é simples:
William Thatcher (Heath Ledger) é filho de um camponês que sonha um dia se tornar cavaleiro. Como se sabe na Idade Média a sociedade era rigidamente hierarquizada, onde se tornava quase impossível subir na escala social. Quem era de filho de camponeses geralmente morria camponês. Apenas nobres de alta estirpe viravam cavaleiros. O filme gira em torno desse sonho do rapaz mas não se preocupe, a produção não se leva tanto à sério assim. Tudo é levado em tom mais leve, soft, sem grandes pretensões. Chegam ao ponto de usar uma trilha sonora moderna (com músicas do Queen) em uma produção de época! No fundo isso nem importa muito. De fato "Coração de Cavaleiro" tem que ser assistido apenas como entretenimento ligeiro, fugaz. Ledger parece se divertir com o filme então o espectador deve seguir pelo mesmo caminho. Não é marcante, mas até que como produto pop tem seus méritos e para os fãs do ator se torna obrigatório.

Coração de Cavaleiro (A Knight's Tale, Estados Unidos, 2001) Direção: Brian Helgeland / Roteiro: Brian Helgeland / Elenco: Heath Ledger, Mark Addy, Rufus Sewell, Shannyn Sossamon, Paul Bettany, Laura Fraser, Alan Tudyk / Sinopse: William Thatcher (Heath Ledger) é filho de um camponês que sonha um dia se tornar cavaleiro. Para realizar seus sonhos acaba se envolvendo em muitas aventuras ao lado de seus amigos.
 

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 25 de abril de 2012

Contra o Tempo

Um soldado americano acaba sendo selecionado para fazer parte de uma experiência envolvendo regresso no tempo / espaço. Algumas considerações iniciais: "Contra o Tempo" é um filme extremamente bem elaborado, pensado e construído. Ele lida com muitos temas que inclusive vão passar em branco para a maioria dos espectadores (como o conceito de universos paralelos) e o mais interessante de tudo, o filme só tem 8 minutos de duração. Isso mesmo, embora obviamente sua metragem não seja essa, o fato é que o filme se desenvolve apenas nesses oito minutos de trama. Claro que poderia ser bem cansativo assistir algo assim, nesse formato, mas o roteiro é tão bem desenvolvido que não ficamos aborrecidos, pelo contrário, o argumento realmente flui bem nesse aspecto. Além disso o manejo eficiente de conceitos físicos como tempo, espaço, universos paralelos, teoria do caos e relação causa e efeito são tão bem articulados que convidam o espectador a rever o filme várias vezes para que ele consiga penetrar em todas as nuances do intrigante argumento. Uma boa revisão naquele seu velho livro de física da escola também ajuda na compreensão do roteiro do filme.

Como conceito "Contra o Tempo" é muito bom e por incrível que pareça consegue ao mesmo tempo ser boa diversão. Algo que é bem raro para filmes assim, conceituais. Na minha forma de pensar o filme mesmo bem construído apresenta alguns furos de lógica. Não vou aqui desenvolver esses furos pois seria impossível delimitar eles sem entregar toda a estória - algo que não farei para não estragar o filme para quem ainda não viu. Mesmo assim, se ignorarmos esses pequenos deslizes racionais, teremos enfim um ótimo programa, inteligente, bem sacado e com final surpresa (e altamente científico, por mais incrível que isso possa parecer). Enfim, recomendo bastante e sugiro para quem gostar do filme que procure conhecer os novos campos de estudo da física moderna. Certamente muita coisa foi utilizada pelos roteiristas.

Contra o Tempo ((Source Code, Estados Unidos, 2011) Direção: Duncan Jones / Roteiro: Ben Ripley / Elenco: Jake Gyllenhaal, Michelle Monaghan, Vera Farmiga / Sinopse: Um soldado americano acaba sendo selecionado para fazer parte de uma experiência envolvendo regresso no tempo / espaço.

Pablo Aluísio.

O Retorno a Howard´s End

O Retorno a Howard´s End é mais um excelente drama de costumes dirigido por James Ivory, o mais britânico dos diretores americanos. Com elenco de primeira o filme retrata o complicado relacionamento de duas irmãs (Emma Thompson e Helena Bonham Carte) com um rico burguês da classe alta, interpretado pelo sempre ótimo Anthony Hopkins. No centro de tudo surge Howard´s End, uma casa tradicional familiar, disputada por todos. O interessante em "O Retorno a Howard´s End" é que apesar de Anthony Hopkins ser creditado como o ator principal - aparecendo em primeiro lugar nos créditos - seu papel não é em definitivo o central. Na realidade a principal personagem é interpretada por Emma Thompson em um papel complicado (uma solteirona que não tem papas na língua, falando pelos cotovelos que se casa com um rico dono de empresa). Em torno dela vários personagens curiosos desfilam: uma irmã também solteirona que não sabe muito bem o que quer da vida, um irmão tímido, de pouca presença e um pouco afeminado e um casal que ela mal consegue saber de quem se trata mas que será importante no desfecho da trama. Seu trabalho lhe valeu o merecido Oscar de Melhor atriz daquele ano.

Eu considero Howard´s End um bom filme da safra de James Ivory mas não o melhor. Ele fica bem abaixo de "Vestígios do Dia", esse sim uma obra prima. De qualquer forma a elegância da produção, o bom gosto dos figurinos, a excelente reconstituição de época (quem gosta de veículos antigos vai certamente apreciar os modelos que aparecem em cena) e a boa atuação dos atores mantém o filme em um excelente patamar de qualidade. O filme inclusive venceu na categoria de melhor direção de arte. O roteiro não tem a fluidez de "Vestígios do Dia" mas credito isso muito mais ao próprio livro em que foi inspirado (que por si só é bem minucioso, detalhista, com várias sub-tramas em seus capítulos). Trazer toda a riqueza da obra de E.M. Forster para as telas certamente não é uma tarefa das mais simples. O esforço do roteirista veio na premiação de melhor roteiro adaptado, um prêmio que em minha opinião não foi muito justo. De quialquer forma a produção em um contexto geral é realmente excelente, particularmente indicada para quem quer assistir uma elegante crônica sobre costumes ingleses no começo do século passado. Sutileza, charme e elegância não irão faltar, certamente.

O Retorno a Howard´s End (Howards End, Japão / Inglaterra, 1992) Direção: James Ivory / Roteiro: Ruth Prawer Jhabvala / Elenco: Anthony Hopkins, Emma Thompson, Vanessa Redgrave, Helena Bonham Carter, Joseph Bennett, Prunella Scales, Adrian Ross Magenty. / Sinopse: o filme retrata o complicado relacionamento de duas irmãs (Emma Thompson e Helena Bonham Carte) com um rico burguês da classe alta, interpretado pelo sempre ótimo Anthony Hopkins. No centro de tudo surge Howard´s End, uma casa de campo tradicional e familiar, almejada por todos.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 24 de abril de 2012

Busca Implacável

Bryan Mills (Liam Neeson) é um ex agente da CIA que tem sua filha sequestrada por um grupo de criminosos. Em busca dela ele acaba caçando os sequestradores pelo continente europeu, numa busca que beira à obsessão pessoal. "Taken" foi um projeto pensado e executado para transformar Liam Neeson em um novo herói dos filmes de ação. Aqui ele conta com um eficiente produto, de edição rápida, cortes ágeis e muita correria, perseguições e caçadas humanas. Bem ao gosto do público atual. Sua filha está nas mãos de uma quadrilha especializada em prostituição internacional, muito comum nos países do leste Europeu (República Tcheca, Hungria e Romênia). Curiosamente optou-se no filme pela França, muito provavelmente para aproveitar as belas locações de Paris. Eu pessoalmente achei um produto bem realizado, tecnicamente muito bem feito embora em termos de roteiro e argumento não traga nenhuma novidade. Liam Neeson se esforça mas não empolga. Sua carreira não foi projetada e nem começou para ser um ator de filmes de ação, sua participação aqui é uma tentativa apenas.

O filme foi dirigido pelo cineasta francês Pierre Morel. Eu não tenho boas referências sobre ele uma vez que dirigiu Carga Explosiva com Jason Statham. Eu considero esse filme simples ação pela ação sem nenhuma idéia dentro. O curioso é que apesar de ser bem modesto em termos artísticos acabou fazendo sucesso e virou franquia. Uma produção que também foi roteirizado por Luc Besson, conhecido diretor francês. Besson é uma figura interessante no cinema internacional. Ele geralmente posa de intelectual e participa de júris de festivais famosos mas parece gostar de fazer fortuna com filmes como esse "Taken" que ele obviamente não gosta muito de creditar a si mesmo. Em suma, "Busca Implacável" pode até funcionar se você estiver a fim de ver um filme como puro entretenimento escapista. Mais do que isso não encontrará aqui.

Busca Implacável (Taken, Estados Unidos, 2008) Direção: Pierre Morel / Roteiro: Luc Besson, Robert Mark Kamen / Elenco: Liam Neeson, Maggie Grace, Famke Janssen / Sinopse: Bryan Mills (Liam Neeson) é um ex agente da CIA que tem sua filha sequestrada por um grupo de criminosos. Em busca dela ele acaba caçando os sequestradores pelo continente europeu, numa busca que beira à obsessão pessoal.

Pablo Aluísio.

Speed Racer

Alguns filmes tinham tudo para dar certo! Orçamento milionário, elenco excelente, efeitos digitais dos mais modernos mas... curiosamente acabam virando literalmente um desastre. Esse é o caso desse Speed Racer, uma produção que foi muito aguardada e que todos tinham esperanças que seria uma ótima releitura do famoso personagem que fez a alegria dos mais jovens durante as décadas de 60 e  70. Infelizmente logo as esperanças se transformaram em desapontamento e decepção. É uma pena, Speed Racer é um dos personagens de cultura pop mais cativantes que existem. Criado por Tatsuo Yoshida, Speed Racer foi inspirado nos filmes de corrida estrelados por Elvis Presley na década de 60. A animação original chamada  Mach Go Go Go foi um enorme sucesso no Brasil e fazia a alegria da garotada da época. Todos os ingredientes já estavam na animação original: muita aventura, carros fantásticos (entre eles o inesquecível Mach 5) e uma galeria de excelentes personagens que gravitavam em torno de Speed. O problema é que os irmãos Wachowski (de Matrix) fizeram uma tremenda lambança nessa adaptação para o cinema.

O que era simples foi estragado pelo exagero visual dos diretores. Ao invés de filmar ótimas sequências de corrida com carros reais em pistas de verdade os cineastas optaram por realizar um delírio digital com jeito de videogame que acabou desagradando a todo mundo, dos antigos fãs da charmosa animação aos mais jovens que não curtiram o resultado. Ao custo de 120 milhões de dólares o filme não conseguiu recuperar seus custos de produção, mesmo com o uso massacrante de marketing pesado do estúdio. Até os excelentes Emile Hirsch e Susan Sarandon surgem perdidos em seus respectivos personagens. Pouca coisa se salva nessa produção muito equivocada para falar a verdade. O roteiro, muito mal escrito, consegue ser pior do que muitos dos episódios televisivos de Speed. Até o charme da relação entre Speed e o Corredor X se perde completamente. Enfim, um desastre que provavelmente matou o personagem nos cinemas por um longo tempo. Uma pena, o velho Speed certamente merecia algo muito melhor do que isso!

Speed Racer (Speed Racer, Estados Unidos, 2008) Direção: Andy Wachowski, Lana Wachowski / Roteiro: Andy Wachowski, Lana Wachowski baseado nos personagens criados por Tatsuo Yoshida / Elenco: Emile Hirsch, Nicholas Elia, Susan Sarandon, John Goodman, Christina Ricci, Matthew Fox / Sinopse: Speed Racer (Emile Hirsch) é um piloto de corridas que se envolverá em grandes aventuras ao lado de seus amigos, familiares e o misterioso Corredor X (Matthew Fox).

Pablo Aluísio. 

segunda-feira, 23 de abril de 2012

O Código da Vinci

"O Código da Vinci" é certamente um dos mais curiosos produtos culturais surgidos nos últimos anos. A obra original de Dan Brown é um caldeirão de teorias da conspiração, história deturpadas, meias verdades, religião apócrifa e mil e uma coisas todas emboladas, tentando manter uma coesão mínima para que o leitor não se perca completamente. Nesse balaio de gatos são misturadas sem a menor cerimônia as biografias dos gênios Da Vinci e Newton, um suposto casamento de Jesus de Nazaré e Maria Madalena, sociedades secretas como o Priorado de Sião, Cavaleiros Templários e o diabo a quatro. Tudo isso tem um nome: pseudociência. Dan Brown na realidade não descobriu nada, não revelou nenhum segredo histórico e nem tampouco mostrou a verdadeira história de Jesus Cristo. Sua única grande habilidade é realmente dar uma falsa camada de respeitabilidade a um monte de bobagens sem nenhum fundamento. Por isso há duas formas de encarar sua obra: ou o leitor cai na lorota do escritor e acredita naquilo que lê e nesse caso estará fazendo papel de bobo ou então encara tudo como simples entretenimento escapista. Nessa última hipótese não há problema algum. É apenas uma estória divertida para passar o tempo.

O filme "O Código da Vinci" terminou não agradando nem os leitores de Dan Brown e nem os cinéfilos que nunca tinham lido uma linha escrita por ele. Foi uma produção muito criticada talvez porque se criou uma absurda expectativa sobre o filme. Como eu sempre gosto de dizer nem tudo que funciona na literatura dá certo nas telas. Algumas obras inclusive são impossíveis de adaptar com êxito. "O Código da Vinci" nesse aspecto até que não é um desafio insuperável. A adaptação é correta, burocrática certamente, mas no final não havia mais nada além do que aquilo que se vê em cena para se levar aos cinemas. A própria obra de Dan Brown é um tipo de Pulp Fiction mais sofisticado mas que nunca deixa de ser em essência uma tremenda pseudociência, bem bolada, bem arquitetada mas que não consegue ser mais do que uma grande bobagem no final das contas. O filme, como não poderia deixar de ser, teve uma bilheteria monstruosa, de quase 1 bilhão de dólares o que mostra a força do livro, um best seller. Não há nada de errado em assistir e até mesmo gostar do filme, só não se deve encarar  toda aquela salada como verdade - porque definitivamente não é. O elenco é liderado por Tom  Hanks, com um dos cortes de cabelo mais bizarros do cinema. Sua atuação não é grande coisa, também o personagem não abre muito espaço para isso. Já a direção de Ron Howard surge pesada, burocrática, quadrada, sem ousadia. O resultado final definitivamente não foi nada memorável.

O Código da Vinci (The Da Vinci Code, Estados Unidos, 2006) Direção: Ron Howard / Roteiro: Akiva Goldsman, baseado no livro de Dan Brown / Elenco: Tom Hanks, Ian McKellen, Alfred Molina, Jean Reno, Audrey Tautou, Paul Bettany. / Sinopse: Robert Langdon (Tom Hanks) é um conceituado professor especializado em símbolos históricos que se vê envolvido numa intrigada rede de conspirações onde o que parece ser uma sociedade secreta faz de tudo para encobrir uma terrível verdade da história.

Pablo Aluísio.

Você Não Conhece Jack

Jack Kevorkian (Al Pacino) é um médico defensor da chamada morte assistida. Pessoas com doenças incuráveis teriam direito a finalizar suas próprias vidas sem dor e nem sofrimento com o auxílio de um médico ao lado. O filme mostra a luta do médico pela legalização desse procedimento de atendimento a pacientes terminais. "Você Não Conhece Jack" já nasceu polêmico por causa de seu personagem principal que acabou ficando conhecido como o "Dr Morte". O filme é muito bom e a interpretação do Pacino mereceu todos os prêmios. O alto nível de interpretação porém não se restringe somente a ele. Susan Sarandon também tem uma participação muito digna, trazendo muita humanidade a uma personagem que até poderia ter sido mais bem explorada. Ela sempre foi uma liberal em defesa de causas sociais semelhantes e não me admira em nada estar no elenco dessa produção. Danny Huston que interpreta o advogado também se sobressai, embora em alguns momentos fique caricato. Em termos técnicos repito: o filme é muito bom, acima da média. A HBO mantém seu alto padrão de qualidade. Embora seja um telefilme tenho certeza que se fosse lançado no cinema ninguém notaria a diferença, tal sua qualidade.

Já sobre Jack Kevorkian, o "Dr Morte" sua atuação desperta admiração e ódio em doses semelhantes. Alguns acreditam ser bastante válida sua visão enquanto outros simplesmente abominam esse procedimento que no fundo não passaria de um suicídio assistido por um profissional de saúde. A chamada "Máquina de suicídio" realmente me pareceu algo fora dos padrões da razoabilidade. Em alguns países, inclusive o Brasil, o induzimento e auxílio ao suicídio é crime previsto no código penal. Nos EUA os grupos religiosos nunca aceitaram os métodos do médico e por isso ele foi processado até o fim de seus dias. O médico morreu ano passado sem conseguir legalizar o seu invento e o debate continua principalmente envolvendo familiares de pacientes terminais em confronto com grupos religiosos e de apoio à vida! O assunto pelo visto vai longe ainda. De qualquer forma o filme serve como belo documento de suas idéias, para o bem ou para o mal.

Você Não Conhece Jack (You Don't Know Jack, Estados Unidos, 2010) Direção: Barry Levinson / Roteiro: Adam Mazer / Elenco: Al Pacino, Brenda Vaccaro, John Goodman. Susan Sarandon, Danny Huston / Sinopse: Jack Kevorkian (Al Pacino) é um médico defensor da chamada morte assistida. Pessoas com doenças incuráveis teriam direito a finalizar suas próprias vidas sem dor e nem sofrimento com o auxílio de um médico ao lado. O filme mostra a luta do médico pela legalização desse procedimento de atendimento a pacientes terminais.

Pablo Aluísio.

domingo, 22 de abril de 2012

SWAT - Comando Especial

A série SWAT durou apenas duas temporadas - de fevereiro de 1975 a abril de 1976. No total só foram produzidos 37 episódios. Mesmo não tendo vida longa na TV americana a série ganhou muitos fãs que ao longo dos anos sempre se recordaram dela, principalmente de seu tema marcante que até hoje é bem familiar dos admiradores de seriados em geral. Como Hollywood vive uma fase de reciclagem resolveram ressuscitar o projeto. Com nova roupagem, elenco e direção, SWAT tentava se aproveitar da fama da obra original. Com custo generoso de 70 milhões de dólares a intenção do estúdio era inaugurar uma nova franquia de sucesso nas telas. Infelizmente as coisas não deram muito certo. O filme mal se pagou e o sonho de lucrar muito em um novo blockbuster foi por água abaixo. O que afinal deu errado? Em primeiro lugar SWAT tem um formato mais adequado para séries mesmo. São muitos personagens, é necessário tempo para contar a história pessoal de cada policial para assim criar identidade com o público. Em um filme, por mais longa que seja sua duração, não há tempo suficiente para isso. Além desse problema de estrutura outra coisa que pesou muito contra SWAT foi o tempo transcorrido desde o fim da série na TV. Isso foi em 1976, o público jovem que frequenta as salas de cinema certamente nem sabia da existência da série original.

O elenco dessa nova versão de SWAT não se empenha muito. Colin Farrell é o principal nome entre os atores. Na época os estúdios estavam querendo transformar o ator em uma nova estrela. Não deu certo. Ele não conseguiu atrair público para esse SWAT assim como não atraiu para Alexandre, o Grande e nem para Miami Vice (outro remake de série televisiva). Definitivamente virar astro de primeira grandeza não é com ele, pois não tem vocação nenhuma para isso. O que acaba salvando o filme no quesito atuação é a presença bem humorada e inspirada de Samuel L. Jackson. Ele não parece estar levando nada à sério mas é justamente essa postura, essa presença de espírito que traz uma alma ao filme como um todo.  Michelle Rodriguez, a musa lésbica de Hollywood, é outra participação que faz diferença. Eu poderia encerrar essa resenha recomendando SWAT para os fãs do seriado original mas não o farei. São produtos tão diferentes em suas propostas que no final o que temos mesmo é apenas o uso comercial do nome da série no filme como chamariz de bilheterias. Melhor conhecer (ou rever) o seriado policial original da década de 70 - provavelmente será bem mais divertido. 

SWAT - Comando Especial (S.W.A.T., Estados Unidos, 2003) Direção: Clark Johnson / Roteiro: David Ayer, David McKenna / Elenco: Samuel L. Jackson, Colin Farrell, LL Cool J., Michelle Rodriguez, Josh Charles, Jeremy Renner. /  Sinopse: Grupo especial das forças policiais americanas enfrenta o crime organizado. Remake da série televisiva SWAT da década de 1970 que no Brasil foi exibida pela Rede Globo.

Pablo Aluísio.

A Mulher do Quinto Andar

Uma boa dica para quem gosta de thrillers de suspense que fujam do convencional que é apresentado pelo cinema comercial americano atualmente é essa produção britânica francesa chamada "La femme du Vème". A premissa é até simples: Tom Ricks (Ethan Hawke) é um escritor e professor norte-americano que vai até Paris atrás de sua filhinha. Ele é divorciado e sua ex-esposa tem contra ele uma ordem de restrição judicial que o impede de chegar perto da garota. Tentando de todas as formas ficar em Paris o professor acaba se hospedando numa pensão de segunda categoria nos arredores da cidade. A partir daí o filme toma rumos surpreendentes. Isso porque o roteiro é bem sofisticado, ao mesmo tempo colocando o personagem principal como suspeito de algumas mortes sem nunca deixar claro ao espectador se ele tem mesmo algo a ver com os crimes ou se tudo não passa de uma estranha coincidência. O curioso aqui é que nem mesmo o professor sabe ao certo o que está acontecendo ao seu redor. Como se não bastasse a intrigante trama ainda temos a beleza natural de Paris como pano de fundo, aqui mostrada mais em sua parte menos turística - o que torna bem mais interessante para quem quer conhecer um pouco o outro lado menos glamouroso da cidade luz.

Para completar o clima de surrealismo e mistério do filme há ainda uma estranha mulher que o escritor conhece numa festa. Margit (Kristin Scott Thomas) surge do nada e traz algum consolo ao melancólico professor que parece viver em constante tristeza por causa da situação aflitiva que vive. Margit é justamente a tal mulher citada no título do filme. Sua inserção na trama é muito especial e não convém contar mais nada sobre ela para não estragar as surpresas que o roteiro tem para o público. "A Mulher do Quinto Andar" tem ritmo europeu, ou seja, nada de explosões e correrias como vemos nos thrillers americanos. Aqui a trama é desenvolvida muito mais no aspecto psicológico onde nada é explicitamente esclarecido cabendo ao espectador tirar suas próprias conclusões. Tudo acontece de forma gradual, com calma e clima dando chance de reflexão ao público. O argumento é tecido de forma muito inteligente e bem desenvolvido. O final é particularmente enigmático, o que certamente dará margem a muitas interpretações diferenciadas. Recomendo a produção para quem deseja assistir um produto mais inteligente, sofisticado, diria até sensorial. Valerá a pena a experiência.

A Mulher do Quinto Andar (La femme du Vème, França, Inglatera, 2011) Direção: Pawel Pawlikowski / Roteiro: Douglas Kennedy, Pawel Pawlikowski / Elenco: Ethan Hawke, Kristin Scott Thomas, Joanna Kulig / Sinopse: Tom Ricks (Ethan Hawke) é um escritor e professor norte-americano que vai até Paris atrás de sua filhinha. Ele é divorciado e sua ex-esposa tem contra ele uma ordem de restrição judicial que o impede de chegar perto da garota. Tentando de todas as formas ficar em Paris o professor acaba ficando numa pensão de segunda categoria nos arredores da cidade.

Pablo Aluísio

sábado, 21 de abril de 2012

Conan, o Bárbaro

Conan é um dos personagens mais emblemáticos do mundo dos quadrinhos. Foi criado pelo inspirado escritor Robert E. Howard durante a década de 1930. Suas estórias eram recheadas de violência, sensualidade e magia e logo caíram no gosto popular. Infelizmente o autor não teve tempo de aproveitar da fama de sua criação pois morreu muito jovem com apenas 30 anos. Conan, seu personagem mais famoso, porém foi em frente. O chamado Cimério de Bronze nasceu como literatura no conto The Phoenix on the Sword em Dezembro de 1932. Suas estórias eram publicadas em revistas conhecidas como Pulp Fiction. Após alguns anos ele foi transposto com grande êxito para o mundo das histórias em quadrinhos onde reinou absoluto por décadas, inclusive no Brasil onde ganhou título próprio por vários anos. Dito isso é fácil entender que Conan tem longa tradição e uma sólida base de fãs formada. Ele já havia ido para as telas antes no começo da década de 80 com "Conan, o Bárbaro" e "Conan, o Destruidor", bons filmes que mantiveram a chama do personagem acessa. Infelizmente essa nova releitura nos cinemas não conseguiu fazer jus ao famoso guerreiro.

A nova versão de Conan foi fracasso de público e crítica lá fora. Depois de assistir ao filme chego na conclusão que foi merecido. Devo dizer que dos filmes aspirantes a blockbuster de 2011 esse é dos piores. O argumento não foi bem desenvolvido, não há empolgação na estória do filho (no caso Conan) buscando a vingança pela morte de seu pai (interpretado por Ron Perlman, aliás a única coisa que presta no filme inteiro). Além do desenrolar sem ritmo Conan tem uma produção feia, sem inspiração. Os vilões, pai e filha, são fracos e exagerados, beirando o ridículo. O filme também é completamente sem foco. Mas o pior de Conan é o ator que o interpreta. Jason Momoa é completamente medíocre, horrível em cena. Ator de carisma zero não consegue dizer uma linha de diálogo com eficiência. Também não consegue passar nenhuma veracidade em seu sentimento de vingança que afinal o move durante a trama inteira. Aliás ele não consegue expressar sentimento nenhum - e para piorar luta mal, em cenas de ação sem inspiração e emoção. A sua partner em cena é interpretada pela atriz Rachel Nichols, um rostinho bonito que também não tem nenhum talento. Os efeitos especiais são pobres e derivativos (lembrando até os da franquia da Múmia). Enfim, não foi dessa vez que o velho e querido Conan conseguiu retornar ao cinema em grande estilo. No final das contas o filme só serve mesmo para deixar os fãs do Cimério com saudades do Arnold Schwarzenegger no papel...

Conan, o Bárbaro (Conan the Barbarian, Estados Unidos, 2011) Direção: Marcus Nispel / Roteiro: Thomas Dean Donnelly, Joshua Oppenheimer, baseado na obra de Robert E. Howard / Elenco: Jason Momoa, Ron Perlman, Rose McGowan / Sinopse: Conan é um bárbaro criado em um ambiente hostil e selvagem após ter seus pais mortos por uma tribo rival. Adulto parte em busca de vingança.

Pablo Aluísio.

Comando Delta

Sempre muito lembrado pelos admiradores de filmes de ação da década de 1980, Comando Delta é mais um fruto da bem sucedida parceria do ator Chuck Norris com os estúdios Cannon. A direção foi entregue ao próprio dono do estúdio, Menahem Golan. Comando Delta é curioso porque é dividido em dois atos bem definidos. No primeiro acompanhamos um grupo de terroristas tomando o controle de um avião civil com muitos passageiros inocentes. Essa primeira parte prima mais pela tensão e suspense. Anos antes dos atentados de 11 de setembro o filme antecipava de certa forma o que aconteceria depois na famosa tragédia de Nova Iorque. Já a segunda parte era a que os fãs de Chuck Norris tanto aguardavam. Aqui o grupo do qual faz parte entra em cena para liquidar os terroristas de uma vez. Além de Norris, repetindo seu tipo habitual de bom de briga e sopapos, a produção ainda resgatava um grande nome do passado, o veterano ator da era de ouro dos westerns americanos, o carismático Lee Marvin. Essa seria sua última aparição no cinema pois morreria no ano seguinte.

O enredo é bem fiel ao estilo dos filmes de ação da década de 80 embora para muitos falte justamente ação a “Comando Delta”! A primeira parte do filme, feito mais na base do conflito psicológico entre seqüestradores e passageiros pareceu bastante burocrático para muitos fãs da linha mais hardcore. Já para outros a situação é exatamente oposta a essa, uma vez que o primeiro ato do filme funcionava justamente como preparação do surgimento do grupo especial em ação. É criada toda uma situação para que os heróis depois surgissem e livrassem finalmente os passageiros das garras dos criminosos internacionais. O roteiro foi escrito originalmente para ser estrelado por Charles Bronson que até mostrou algum interesse na realização do filme mas mudou de idéia posteriormente preferindo ir para outro projeto, uma produção policial chamada O Vingador (Murphy´s Law no original). Sem Bronson no elenco a Cannon nem pensou duas vezes e escalou Lee Marvin no papel. No final tudo deu certo para o ator e o estúdio. O filme fez sucesso, tanto que daria origem a continuações, todas bem inferiores a esse primeiro filme da franquia.  Os demais primariam muito mais pela ação, desenfreada acima de tudo, esquecendo qualquer sutileza maior em seus enredos. Enfim é isso, Comando Delta é uma produção que serve bem como exemplo básico de como era o cinema de ação da década de 80. Já para os fãs de Chuck Norris é simplesmente imperdível.

Comando Delta (The Delta Force, Estados Unidos, 1986) Direção: Menahem Golan / Roteiro: Menahem Golan, James Bruner / Elenco: Chuck Norris, Lee Marvin, Martin Balsam, Joey Bishop, George Kennedy / Sinopse: Avião civil americano é seqüestrado por terroristas do Oriente Médio. Para liberta-los o Presidente dos Estados Unidos convoca um grupo de operações especiais, o Comando Delta do título.

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 20 de abril de 2012

Máquina Mortífera 3

Título no Brasil: Máquina Mortífera 3
Título Original: Lethal Weapon 3
Ano de Produção: 1992
País: Estados Unidos
Estúdio: Paramount Pictures
Direção: Richard Donner
Roteiro: Jefrey Boam, Shane Black
Elenco: Mel Gibson, Danny Glover, Rene Russo, Joe Pesci
  
Sinopse:
Aqui a dupla de policiais Riggs (Mel Gibson) e Murtaugh (Danny Glover) enfrentam uma quadrilha de tráfico de armas comandada por ex-policiais corruptos. Para isso contam com a ajuda da oficial de assuntos internos, a tenente Lorna Cole (Rene Russo). Ao mesmo tempo precisam também proteger o ex-contador da máfia Leo Getz (Joe Pesci), um sujeito inconveniente e falastrão. Filme vencedor do MTV Movie Awards na categoria de Melhor Dupla (Mel Gibson e Danny Glover) e Melhor Sequência de Ação. Também vencedor do BMI Film & TV Awards na categoria Melhor Canção Original (Eric Clapton).

Comentários:
Terceiro exemplar da franquia Lethal Weapon. Como era de se esperar o filme "Máquina Mortífera 3" segue o velho ditado que diz "Em time que se está ganhando não se mexe". Assim o roteiro segue basicamente o que se viu nos filmes anteriores com um pano de fundo cômico, muitas cenas de ação, tiroteios, pirotecnias e um final explosivo. Mel Gibson parece se divertir não se levando à sério em nenhum momento, inclusive colocando frases improvisadas na cenas (como a piada sobre Cher na cena da bomba). Glover segue atrás, servindo de escada com seu habitual carisma. Duas sequências aqui se destacam: a explosão do prédio na primeira cena do filme (antecipando algo que veríamos na vida real em setembro de 2001) e uma perseguição pelas rodovias de Los Angeles. Essa aliás soa familiar demais para os fãs do cinema de ação pois é quase uma cópia literal da cena famosa de "Exterminador do Futuro 2" (Gibson inclusive está de moto, tal como Schwarzenegger no outro filme). Em tempos de cachês inflados e multimilionários Mel Gibson ganhou 25 milhões de dólares por esse filme, um valor simplesmente impensável nos dias de hoje e que nenhum estúdio de Hollywood se atreve a pagar novamente. O retorno nas bilheterias por outro lado foi muito bom. O filme rendeu 114 milhões de dólares no mercado americano e mais de 300 milhões ao redor do mundo, números que garantiram uma nova sequência para a franquia seis anos depois. Donner voltaria no último filme da série assim como a dupla central. Há rumores que Gibson estaria disposto a estrelar um quinto filme, mas os estúdios não estão mais propensos a pagar o que ele quer para voltar a encarnar o policial Riggs. Os tempos também são outros. O ator depois de tantos escândalos pessoais já não é mais garantia de bilheteria certa como acontecia naquela época. De qualquer forma como em Hollywood tudo é possível vamos esperar pelos acontecimentos.

Pablo Aluísio.

Dragão Vermelho

Hannibal Lecter já entrou no rol dos grandes personagens do cinema americano. O psicopata frio e calculista mas de alto QI já virou marca registrada. Surgiu para o grande público em "O Silêncio dos Inocentes" um filme que começou sua carreira de forma até despretensiosa mas que foi subindo degraus até ser aclamado pela Academia com um festival de prêmios. Após essa consagração o personagem retornou no péssimo "Hannibal", uma produção muito ruim e equivocada, baseado em um livro igualmente muito ruim, que parecia ter enterrado de vez o personagem para a sétima arte. Ainda bem que não desistiram dele pois esse "Dragão Vermelho" é em minha opinião a melhor transposição de Lecter para as telas. Baseado no livro de Thomas Harris esse é certamente o retrato mais fiel do serial killer. Embora seja um personagem de ficção Hannibal é na realidade uma fusão dos perfis de muitos psicopatas do mundo real. Tal como Norman Bates de "Psicose" o criminoso feito por Hopkins é na realidade um mosaico que reúne características de vários monstros assassinos que realmente existiram, tudo concentrado em um só personagem. Nesse "Dragão Vermelho" tudo é mais bem situado, explicado e caracterizado. Some-se a isso a boa trama e eis um filme realmente impecável sob qualquer ponto de vista. 

Uma das boas idéias de "Dragão Vermelho" é mostrar eventos que ocorreram cronologicamente antes de "O Silêncio dos Inocentes". Aqui um agente do FBI, William Graham (Edward Norton), procura ajuda com Lecter (Anthony Hopkins) para tentar capturar um novo serial killer chamado Francis Dollarhyde, interpretado com brilhantismo  por Ralph Fiennes. Sádico, extremamente desequilibrado e vivendo em um mundo de delírios, Francis leva toda uma cidade a um verdadeiro estado de pânico com seus crimes em série. O diretor Brett Ratner prima muito mais pelo suspense e tensão psicológica entre a dupla central do que pela escatologia pura e simples. Esse aliás é o grande mérito do filme. Ao invés do estilo mais cru, vulgar e grotesco de "Hannibal" o roteiro se apóia muito mais no clima sombrio e soturno no qual vivem esses homicidas do nosso tempo. Desnecessário recomendar o filme para os fãs do personagem. A trilogia original se encerrou aqui, o personagem infelizmente ainda voltou a dar as caras em um nova tentativa de revitalizar Hannibal nos cinemas mas foi uma tentativa frustrada. "Dragão Vermelho", por outro lado, é realmente o melhor já feito sobre o canibal famoso da ficção, fechando com chave de ouro sua melhor fase em Hollywood.

Dragão Vermelho (Red Dragon, Estados Unidos, 2002) Direção: Brett Ratner / Roteiro: Ted Tally / Elenco: Anthony Hopkins, Edward Norton, Ralph Fiennes, Harvey Keitel, Mary-Louise Parker, Emily Watson, Philip Seymour Hoffman / Sinopse: Famoso criminoso é procurado por agente do FBI para ajudar na busca de um serial killer que está à solta, jogando terror e medo na população de uma grande cidade americana.

Pablo Aluísio. 

Marilyn Monroe e John Kennedy

John Kennedy e Marilyn Monroe povoam o imaginário popular há décadas. Ele foi um dos mais populares presidentes da história norte-americana. Jovem, rico e bem sucedido JFK representou como poucos uma era de esperança e otimismo em relação ao futuro daquela nação. Era o começo da década de 60 e na Casa Branca os americanos tinham um líder quase mítico, tanto que sua presidência acabou sendo conhecida anos depois como “A Era de Camelot” em Washington. Se Kennedy era um ícone, Marilyn Monroe não ficava atrás. Uma atriz que saiu do nada e conseguiu se tornar uma das estrelas mais populares do cinema americano. Com uma biografia recheada de histórias trágicas Monroe conseguiu escalar os picos da fama e se tornar eterna na imaginação de toda uma geração. Uma Deusa em celuloide.
Isso de fato é o que ficou da dita história oficial. Cabe agora indagar até que ponto tudo não passou de um mito. 

Quem realmente eram Marilyn Monroe e JFK? O que os moveu a entrarem num dos relacionamentos mais controvertidos e debatidos da história? O que realmente aconteceu? Quais foram os efeitos trágicos desse romance? O caso deles até hoje é tratado oficialmente como mero “boato”. A biblioteca de JFK (John F. Kennedy Libraty and Museum) afirma até hoje “ignorar” qualquer tipo de envolvimento do presidente com a atriz. Essa também é a postura oficial da família Kennedy até os dias atuais. Para essas pessoas que vivem do legado do nome Kennedy tudo não passou de um boato espalhado pelos inimigos do presidente. Nada aconteceu de fato. JFK mal conhecia a atriz e a viu de forma esporádica e casual durante alguns eventos sociais e isso é tudo. Se trata apenas de um dos “não romances” mais comentados da história americana. Kennedy segundo essa visão era um exemplar pai de família que dedicava todas as suas horas livres para os dois filhos e sua amada esposa, Jacqueline Kennedy. Qualquer coisa fora dessa visão é mera especulação criada para macular a memória do saudoso líder americano.

Recentemente o jornalista francês François Forestier lançou o livro "Marilyn e JFK" sobre o famoso romance. Um dos grandes erros do livro é que Forestier não consegue manter uma postura imparcial em relação aos personagens retratados. Para falar a verdade ele parece odiar Marilyn e Kennedy na mesma intensidade. O autor não consegue sequer ter uma visão positiva sobre ambos, tudo é negativo, com sinais de rancor e raiva. A Marilyn que surge de suas páginas é manipuladora, interesseira, pouco inteligente e até mesmo suja (François não perde a chance de sempre dizer que ela não gostava de tomar banho). Sua visão de Kennedy não é menos negativa e apelativa. O presidente é retratado como um tarado, um maníaco sexual, um sujeito sem qualquer mérito pessoal cuja administração em sua ótica foi quase um milagre pois não havia tempo de ser presidente ao se envolver com tantas mulheres ao mesmo tempo. Quanta bobagem! 

Nem o céu e nem a terra, senhores. Nem JFK e MM eram anjos de pureza e nem tampouco demônios encarnados. Tanto a versão dita oficial é uma bobagem quanto a releitura de pessoas como Forestier. Deve-se procurar um meio termo no meio de tantas informações equivocadas e distorcidas. Ao que tudo indica ambos se aproximaram por mera curiosidade. Eram famosos, ricos e célebres em sua era. Tanto Kennedy tinha enorme curiosidade em conhecer Marilyn como vice versa. Obviamente no meio de tudo havia o poder político. Para Marilyn um romance sério com Kennedy e quem sabe a possibilidade de um dia se tornar a primeira dama dos EUA era certamente um ápice de uma vida como a dela. Para Kennedy a atriz era de certa forma apenas uma aventura deliciosa que só homens que ocupavam sua posição poderiam desfrutar sem medo de correr maiores riscos. Enquanto estavam juntos tudo correu às mil maravilhas, o problema foi após o momento do rompimento.

Foi Robert Kennedy o indicado pelo presidente para informar a Marilyn Monroe que tudo estaria acabado entre eles. John Kennedy havia sido informado que Monroe estava saindo na mesma época com um dos mafiosos do grupo de Sam Giancana, justamente um chefão que ele próprio e seu irmão queriam mandar para a cadeia. Namorar uma atriz que dividia os lençóis com um dos membros da gangue Giancana era demais até para Kennedy. O problema é que o tiro acabou saindo pela culatra e Bob acabou se envolvendo ele mesmo com Marilyn. Naquela altura Procurador Federal, marido e pai de vários filhos, o sensato Bob jogou o juízo pela janela e acabou se enroscando com a diva. Imaginem o teor explosivo de algo assim vazar para a imprensa.

O fato é que Marilyn há tempos vinha mostrando sinais de desequilíbrio em relação aos Kennedy. Ao se ver rejeitada por John e depois por Bob o sonho de virar esposa de um figurão da família veio abaixo. A partir daí surgem as várias e várias teorias de conspiração. Para os mais radicais Monroe ameaçou contar tudo para a imprensa e apavorados Bob e John teriam armado um complô para tirá-la de circulação. Será verdade? Quem pode afirmar algo com certeza? Absolutamente ninguém. Como sabemos histórias envolvendo ricos e poderosos nunca são contados de forma completa, tudo é propositalmente obscurecido por sombras e falsas informações. O assunto até hoje parece incomodar, mesmo passado meio século dos eventos. O tema acabou dando origem a uma literatura própria, aonde convivem obras sérias com bobagens (como o livro de Forestier). No meio desse pântano de evidências só resta ao leitor procurar um fundo de verdade nesse material farto e confuso. Se algo vai ser encontrado algum dia não sabemos, só nos resta mesmo tentar chegar o mais perto possível do que efetivamente aconteceu.

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 19 de abril de 2012

Quero Ficar Com Polly

Aqui temos em cena dois atores que só conseguem interpretar os mesmos personagens, filme após filme. Jennifer Aniston não consegue se livrar jamais de sua personagem em Friends, aquela série de grande sucesso de audiência. Lá se vão anos desde que Friends foi cancelada e ela continua na mesma. Estagnação pouco é bobagem. Já Ben Stiller é aquela coisa, não importa qual seja o filme e nem a estória pois Ben Stiller sempre vai ter o mesmo tipo de atuação, interpretando o mesmo estereótipo do idiota que tena fazer tudo certinho mas que atrapalhado faz tudo errado. Se Aniston é a namoradinha da América, Stiller é o americano médio abobalhado que sonha um dia se tornar o seu namorado. Já deu para perceber que com esses dois em cena não sairia nada melhor do que uma comédia romântica de rotina, para passar o tempo. Em termos de elenco e atuação a única surpresa digna de nota é a presença sempre excepcional do talentoso Philip Seymour Hoffman, esse sim um grande talento, só que com material tão fraco em mãos nada faz de muito relevante.

A trama de "Quero Ficar com Polly"? Ruben (Ben Stiller) é um perfeito quadradão. Certinho, burocrático e sem graça, leva a vida vendendo seguros ao mesmo tempo em que evita qualquer tipo de risco em sua vida. Seu mundo organizado desmorona completamente quando sua esposa, em plena lua de mel, lhe presenteia com um belo par de chifres. Corneado e desiludido ele acaba encontrando apoio em uma velha conhecida dos tempos de escola, a descolada  Polly (Jennifer Aniston). Ela aparenta ser o extremo oposto dele, não liga para riscos, é desorganizada e não está nem aí para planos sobre o futuro preferindo viver o presente intensamente. Como se sabe os opostos se atraem e assim os dois acabam envolvidos em um romance improvável. No saldo final "Quero Ficar Com Polly" é aquele tipo de filme descartável, com argumento bonitinho que vai ajudar "elas" a passarem o tempo. Já "eles" certamente torcerão o nariz! Só recomendado mesmo para fãs talibãs de Friends em geral.

Quero Ficar Com Polly (Along Came Polly, Estados Unidos, 2003) / Direção: John Hamburg / Roteiro: John Hamburg / Elenco: Ben Stiller, Jennifer Aniston, Philip Seymour Hoffman, Debra Messing, Alec Baldwin, Toni Blair./ Sinopse: Um casal formado por pessoas completamente opostas tentam levar em frente um romance nada convencional.

Pablo Aluísio. 

quarta-feira, 18 de abril de 2012

Um Homem Sério

Durante a década de 60 um pacato professor de física vê os principais aspectos de sua vida desmoronar. Sua esposa decide lhe abandonar por outro homem, seu irmão não consegue se firmar direito na vida, seu filho o odeia e sua filha é uma pessoa artificial e tola que só pensa em dinheiro e bens materiais. Sem entender porque mesmo sendo um homem bom e religioso tudo dá errado em sua vida, resolver procurar por três rabinos para entender a razão porque afinal Deus o estaria punindo. "Um Homem Sério" é um filme para reflexão. Eu fiz uma leitura muito interessante sobre essa produção. Na minha forma de ver o filme tem como tema principal o acaso! Isso mesmo, o acaso. Poucos se deram conta mas o universo é regido pelo acaso. As coisas acontecem por acaso - a vida na terra foi uma grande acaso do universo. Se existisse realmente uma mente pensante por trás do universo não teríamos leis da física que demonstram que o universo foi formado por puro acaso, sorte ou qualquer denominação melhor que você queira. E o que isso tem a ver com o personagem principal do filme? Tudo.

Reparem que o professor do filme é um sujeito pacato, honesto que tenta levar a vida na linha. A despeito disso porém tudo dá errado para ele! Por isso ele não consegue compreender porque sua vida se transforma em um caos sem ele ter dado razão a nada disso. Por qual razão Deus não intervém para proteger esse homem bom e sério de todos esses percalços que enfrenta? Por que as leis divinas não o protegem? Onde estaria Deus, por exemplo? Ora, em lugar nenhum, porque afinal tudo acontece por mero acaso. O filme de certa forma tenta provar justamente essa tese. Percebam que os religiosos do filme (os três rabinos) são retratados como perfeitos idiotas que não tem respostas para nada! Claro que não tem. Reparem também que em certo momento o professor de física fala sobre as chamadas teorias da imprevisão do universo (onde tudo é ocasionado pelo acaso). É isso, poucos entenderam mas "Um Homem Sério" é no fundo uma fina ironia sobre o acaso que nos cerca e domina as leis do Universo. A religião é bastante baseada em outros dogmas, entre eles o da lei da ação e reação (seja honesto e bonzinho que Deus lhe proporcionará uma vida feliz, próspera e tranquila). Na base do roteiro desse filme nada disso é real. Todos fazemos parte apenas de um grande acaso do cosmos. Nada mais, nada menos.

Um Homem Sério (A Serious Man, Estados Unidos, França, Inglaterra, 2009) Direção: Joel Coen, Ethan Coen / Roteiro: Joel Coen, Ethan Coen / Elenco: Michael Stuhlbarg, Richard Kind, Fred Melamed, Sari Lennick, Aaron Wolff / Sinopse: Durante a década de 60 um pacato professor de física vê os principais aspectos de sua vida desmoronar. Sua esposa decide lhe abandonar por outro homem, seu irmão não consegue se firmar direito na vida, seu filho o odeia e sua filha é uma pessoa artificial e tola que só pensa em dinheiro e bens materiais. Sem entender porque mesmo sendo um homem bom e religioso tudo dá errado em sua vida, resolver procurar por três rabinos para entender a razão porque afinal Deus o estaria punindo.

Pablo Aluísio. 

terça-feira, 17 de abril de 2012

Grease - Nos Tempos da Brilhantina

Grease significa literalmente graxa em português. Não que esse famoso musical fosse sobre mecânicos e seu trabalho diário com graxa, nada disso, graxa aqui é uma gíria usada para nomear a famosa brilhantina usada nos cabelos pelos jovens da década de 50. O produto era tão oleoso e pegajoso que mais parecia uma graxa daquelas que se usavam nos motores dos carros! Mas deixemos essa curiosidade de lado. Grease - Nos Tempos da Brilhantina foi certamente um dos melhores musicais já feitos na história do cinema. Adaptado de uma famosa peça da Broadway escrita por Jim Jacobs e Warren Casey o filme atravessou gerações e até hoje encanta por ser divertido, romântico e ter uma trilha sonora recheada de canções maravilhosas. É curioso porque a cada 20 anos surge um clima de saudosismo sobre a década que ficou. Hoje por exemplo vivemos uma onda de nostalgia em cima dos artistas e da cultura da década de 80, então nos anos 70 a saudade bateu em cima dos anos 50. Grease foi a melhor produção que captou esse clima que pairava naqueles anos. O elenco principal reunia dois jovens atores, muito talentosos e já naquela época bem famosos: John Travolta e a maravilhosa Olivia Newton-John de tantos sucessos nas paradas musicais e nas bilheterias de cinema.

O enredo do filme tenta reproduzir os antigos filmes de verão dos anos 50. Geralmente neles acompanhamos o relacionamento de dois jovens que na flor da idade se entregam ao amor adolescente em algum lugar tipicamente de férias. Grease não é nada muito diferente disso. O grande diferencial realmente vem nas canções e nas coreografias, todas muito bem realizadas  por todo o elenco. Travolta, jovem e no auge de seu rebolado, imprime nuances de seu trabalho anterior, o grande sucesso "Os Embalos de Sábado à Noite". Pra falar a verdade ele apenas levou seu Tony Manero para a década de 50. Já a cantora e atriz Olivia Newton-John inauguraria com Grease a melhor fase de toda sua carreira. Depois do sucesso desse filme ela emplacou outras produções musicais nos cinemas como o sempre lembrado Xanadu. Se você gosta de filmes musicais alto astral, com muita dança e ótimas canções então Grease é mais do que recomendado. Um filme que parece não envelhecer nunca, ainda mantendo o mesmo charme e o carisma de quando foi lançado. Não deixe de assistir e se divirta!

Grease - Nos Tempos da Brilhantina (Grease, Estados Unidos, 1978) Direção: Randal Kleiser / Roteiro: Bronte Woodard, Allan Carr baseados no musical "Grease" de Jim Jacobs e Warren Casey / Elenco: John Travolta, Olivia Newton-John, Stockard Channing, Jeff Conaway / Sinopse: Danny Zuko (John Travolta) conhece Sandy Olsen (Olivia Newton-John) durante as férias de verão. De volta às aulas descobre que ela é a nova garota caloura na escola onde estuda. O problema é que Zuko tem que manter sua fama de mau com seus amigos de turma e para isso terá que esnobar e fazer pouco caso de Sandy, embora por dentro ainda esteja completamente apaixonado por ela. Baseado no famoso musical da Broadway, Grease.

Pablo Aluísio. 

A Condessa

Erzebet Bathory (Julie Delpy) é uma condessa húngara que se torna obcecada por beleza e juventude. Tentando a todo modo permanecer sempre jovial e bonita ela começa a se tornar ávida por sangue humano pois acredita ser esse um excelente modo de se manter sempre jovem e bela. Em sua mente perturbada nada seria mais rejuvenescedor do que tomar um grande banho de sangue humano em sua banheira imperial, hábito que logo cultivaria com frequência em seu castelo isolado. Em busca de mais e mais sangue de jovens donzelas ela começa a assassinar jovens criadas de seu próprio quadro de serviçais. Não satisfeita e sem ter mais a quem matar entre sua criadagem, ela começa a sumir com jovens nobres da sociedade. O fato logo chega aos ouvidos do Rei que alarmado envia um nobre de alta estirpe para investigar o caso. Por mais bizarra e surreal que pareça a história da Condessa Bathory esse foi um fato real acontecido no século XVI na chamada Europa Central. Seus crimes se tornaram famosos pois estima-se que a nobre tenha levado à morte mais de 600 jovens mulheres que viviam em seu feudo. O filme é bem fiel aos acontecimentos porém há relatos de que a Condessa real foi ainda mais sanguinária do que a mostrada na tela. Muitos livros históricos afirmam que ela na realidade sofria de uma grave doença mental que a fazia sentir enorme prazer em ver outras pessoas sendo torturadas e mortas ao seu lado. Ela mantinha um calabouço de torturas onde promovia mortes horríveis a todas as jovens que conseguia capturar.

Sua história macabra inspirou várias lendas ao longo dos séculos, inclusive o próprio Drácula dos livros de ficção. Bram Stoker ficou particularmente interessado na sede de sangue da Condessa e por isso trouxe ao seu monstro vampiro a necessidade de sempre se alimentar de sangue humano. Anos depois do sucesso do livro de Stoker a própria nobre húngara recebeu o título de "Condessa Drácula" numa fina ironia do destino. Ao mesmo tempo em que influenciou a criação do personagem foi batizada pelo nome do mais famoso vampiro da história. O elenco em cena está bem inspirado, principalmente William Hurt dando show de interpretação no papel do nobre Gyorgy Thurzo. Em uma época em que a nobreza estava acima da lei ele teve a sensatez de encarcerar a psicótica Condessa em seu castelo até o fim de sua vida. Já Julie Delpy está perfeita como a desequilibrada Erzebet Bathory, uma mulher completamente obcecada pela beleza e juventude eternas que apaixonada por um homem bem mais jovem do que ela não mede esforços para consumar essa relação. A produção é um projeto pessoal de Julie Delpy que não apenas estrelou o filme como também dirigiu e escreveu seu roteiro. O resultado é de excelente nível. Um filme que mostra que a despeito de toda a nossa cultura e civilização ainda existe em certas pessoas uma perversidade intrínseca, que não consegue ser detida. Assista "A Condessa" e conheça um pouco mais sobre o lado mais macabro da alma humana.

A Condessa (The Countess, Estados Unidos, França, Alemanha, 2009) Direção: Julie Delpy / Roteiro: Julie Delpy / Elenco: Julie Delpy, William Hurt, Daniel Brühl, Anamaria Marinca / Sinopse: Erzebet Bathory (Julie Delpy) é uma condessa húngara que se torna obcecada por beleza e juventude. Tentando a todo modo permanecer sempre jovial e bonita ela começa a se tornar ávida por sangue humano pois acredita ser esse um excelente modo de se manter sempre jovem e bela. Em sua mente perturbada nada seria mais rejuvenescedor do que tomar um grande banho de sangue humano em sua banheira imperial, hábito que logo cultivaria com frequência em seu castelo isolado. Em busca de mais e mais sangue de jovens donzelas ela começa a assassinar jovens criadas de seu próprio quadro de serviçais.

Pablo Aluísio.