quinta-feira, 31 de março de 2022

Rocco e Seus Irmãos

Título no Brasil: Rocco e Seus Irmãos
Título Original: Rocco e i suoi fratelli
Ano de Produção: 1960
País: Itália, França
Estúdio: Titanus Films
Direção: Luchino Visconti
Roteiro: Luchino Visconti, Vasco Pratolini
Elenco: Alain Delon, Renato Salvatori, Annie Girardot, Katina Paxinou, Alessandra Panaro, Spyros Fokas

Sinopse:
Uma família de imigrantes italianos pobres do sul do país vai morar em Milão, no norte industrial rico. As diferenças culturais, econômicas e sociais logo se tornam claras entre os membros da família. Filme indicado ao BAFTA Awards e ao Festival de Cinema de Cannes.

Comentários:
Um dos maiores clássicos do cinema europeu. Uma verdadeira obra-prima da carreira do cultuado cineasta Luchino Visconti. Esses são alguns dos títulos que essa obra cinematográfica ganhou ao longo de todos esses anos. E realmente temos um filme com uma força narrativa e social incríveis. No elenco o destaque vai para um jovem Alain Delon, ainda hoje considerado um dos galãs mais belos da história do cinema. Quem poderia discordar? E ele realmente está excepcionalmente bem em seu papel, mesmo sendo ainda bem jovem e de certa forma inexperiente na arte de atuar. O roteiro apresenta uma narrativa separada em capítulos, cada um com o nome de um personagem. É um primor de narração de sua história. O filme foi indicado à Palma de Ouro em Cannes, mas infelizmente não se sagrou vencedor. Se a justiça fosse feita, certamente o prêmio seria dado para esse filme imortal de Luchino Visconti. Seria mais do que merecido.

Pablo Aluísio.  

O Passageiro da Chuva

Título no Brasil: O Passageiro da Chuva
Título Original: Le Passager de la Pluie
Ano de Produção: 1970
País: França, Itália
Estúdio: Medusa Films
Direção: René Clément
Roteiro: Sébastien Japrisot
Elenco: Charles Bronson, Marlène Jobert, Jill Ireland, Gabriele Tinti, Jean Gaven, Jean Piat

Sinopse:
Mulher é violentada por um criminoso, mas consegue se defender, escapando da morte. Algum tempo depois ela passa a ser perseguida por um outro criminoso, mascarado, que passa a seguir seus passos. Para investigar o crime surge o detetive Harry Dobbs (Bronson), pronto para solucionar o caso.

Comentários:
Esse pode ser considerado o primeiro filme estrelado por Charles Bronson. Antes disso ele passou anos e anos sendo apenas um mero coadjuvante nos filmes que atuou. Considerado um filme cruel e violento demais na época de seu lançamento original, acabou abrindo caminho para uma nova fase na carreira do durão Bronson que passou a personificar um tipo básico em seus filmes, a do sujeito violento, portando armas de grande potência, que resolvia tudo na base da violência. Atirar primeiro, pensar depois. De uma forma ou outra o filme fez sucesso inclusive no Brasil, ganhando até mesmo um lançamento nacional também nos tempos do VHS. Charles Bronson sempre teve um animado fã clube em nosso país.

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 30 de março de 2022

King Richard: Criando Campeãs

Mais uma produção que concorreu ao Oscar de melhor filme do ano. Conta a história de Richard Williams (Will Smith), um homem comum, mas com muitos sonhos para suas filhas. Desde cedo ele colocou na cabeça que deveria ter um plano de vida para elas. E ao lado de sua esposa não iria medir esforços para esse plano dar certo. Pai de cinco filhas ele traçou objetivos para cada uma delas. No caso de Serena e Venus elas deveriam se dedicar aos esportes, curiosamente um esporte de elite, o Tênis. Richard tinha todas as dificuldades pela sua frente. Era um homem pobre e negro em um país conhecido por seu racismo. Nem quadras adequadas para as filhas treinarem ele podia contar. Mesmo assim, bastante focado e sempre acreditando que tudo iria dar certo, acabou seguindo seus objetivos, por mais irreais que eles poderiam parecer à primeira vista.

Esse papel do pai Richard Williams seria um presente para qualquer ator. E Will Smith aproveitou bem. Ele foi premiado com o Oscar de melhor ator por sua atuação. Realmente é um trabalho digno de aplausos. Em vários momentos do filme Smith, que é uma celebridade, simplesmente desaparece dentro do personagem. É a maior prova de seu bom trabalho. Pena que tudo isso, seus esforços, seu trabalho, foram ofuscados pelo tapa que ele deu no comediante Chris Rock durante a cerimônia do Oscar. Era para ser a noite de consagração de Will Smith, mas que acabou virando algo negativo, digno de todos os arrependimentos. De qualquer forma, deixando tudo isso de lado, meu veredito é claro: Trata-se sem dúvida de um bom filme. A história parece tão improvável que se não tivesse sido real iriam acusar os roteiristas de forçarem a barra. A vida muitas vezes pode ser surpreendente.

King Richard: Criando Campeãs (King Richard, Estados Unidos, 2021) Direção: Reinaldo Marcus Green / Roteiro: Zach Baylin / Elenco: Will Smith, Saniyya Sidney, Demi Singleton, Aunjanue Ellis, Jon Bernthal, Tony Goldwyn / Sinopse: O filme conta a história de um pai que decide traçar um objetivo bem claro para suas filhas e se dedica de corpo e alma para realizar todos esses sonhos. Filme vencedor do Oscar na categoria de melhro ator (Will Smith).

Pablo Aluísio.

terça-feira, 29 de março de 2022

No Ritmo do Coração

Filme excelente, vencedor do Oscar na categoria de melhor filme desse ano. O interessante é que foi uma produção modesta, com elenco desconhecido do grande público. Sua força vem da história que conta, muito humana, onde muitos podem se identificar. A protagonista é uma jovem garota chamada Ruby Rossi (Emilia Jones). Ela está naquela fase da vida em que os tempos de escola vão acabando e surgem possibilidades de ir para alguma universidade. A vida dela é dura. Estuda e trabalha no barco de pesca da família. Ela é a única que ouve e fala, pois seus pais e seu irmão mais velho são surdos. Isso a faz ser uma garota diferente, com uma carga maior para carregar. Meio por acaso ela decide entrar no coral da escola. Tem bonita voz e talento que logo chamam a atenção de seu professor. Surge a possibilidade dela ir para uma prestigiada universidade de música em Boston, mas isso iria significar deixar os pais para trás. É um dilema em sua vida.

Filme muito agradável de assistir, com elenco em estado de graça. O ator Troy Kotsur que interpreta o pai surdo da protagonista foi o primeiro deficiente auditivo a ser premiado em uma categoria de atuação da história do Oscar. Prêmio mais do que merecido. Ele não usa palavras, mas isso se torna um mero detalhe. Ele traz uma alma para seu personagem que comove. Já foi dito que esse seria mais um daqueles filmes adolescentes. Qual é problema? O filme surpreende pelas boas intenções e pela riqueza de seus personagens. E também fazia muito tempo que eu não assistia um filme sobre jovens que fosse tão bem conduzido e dirigido. Surpresa do Oscar nesse ano, foi um vencedor merecido. Um dos poucos filmes que me comoveram de verdade nesses últimos anos. Simplesmente magistral.

No Ritmo do Coração (CODA, Estados Unidos, 2021) Direção: Sian Heder / Roteiro: Sian Heder / Elenco: Emilia Jones, Troy Kotsur, Marlee Matlin, Daniel Durant / Sinopse: Refilmagem norte-americana do filme francês "La Famille Belier". Na história uma jovem comum precisa se decidir se tenta ir para uma universidade em Boston onde planeja estudar música e canto ou fica em sua cidade natal pois seus pais são surdos e precisam de sua ajuda. Filme vencedor do Oscar nas categorias de Melhor Filme, Melhor Ator Coadjuvante (Troy Kotsur) e Melhor Roteiro Adaptado (Sian Heder).

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 28 de março de 2022

Oscar 2022

Esse Oscar de 2022 vai ser lembrado pelos motivos errados. Em um futuro próximo as pessoas só vão lembrar da absurda agressão do Will Smith em Chris Rock. Foi algo completamente inesperado, tanto que quando assisti o momento ao vivo pensei tratar-se de uma piada do roteiro da festa. Não era, era uma agressão verdadeira. E tudo por causa de uma piada, um tanto complicada, temos de admitir, mas que jamais justificaria o que houve. O Will Smith acabou vencendo o Oscar de melhor ator, mas o clima de constrangimento foi total! Ninguém conseguia acreditar que algo como aquilo havia acontecido. Eu jamais presenciei nada parecido no Oscar. Em minha opinião o Will Smith deveria ser punido de forma severa pela Academia.

Pois bem, deixando as baixarias de lado, vamos comentar o que interessa, os vencedores. O favorito para vencer o Oscar de melhor filme era "Ataque dos Cães" e isso parecia se confirmar quando Jane Campion foi anunciada como vencedora. Geralmente filmes que vencem na categoria de melhor direção levam também o Oscar de melhor filme. Esse ano essa regra não escrita foi quebrada. Quem acabou vencendo o cobiçado prêmio de melhor filme do ano foi "No Ritmo do Coração". Foi uma surpresa, mas não foi uma injustiça. Esse drama adolescente é um filme maravilhoso em todos os aspectos. De uma leveza tocante. Trata de assuntos bem sérios e dramáticos, mas sem exagerar nas doses de pieguice. Eu adorei o prêmio. Um belo filme foi premiado, não tenha dúvidas sobre isso.

Entre os demais atores tivemos a premiação de Troy Kotsur por "No Ritmo do Coração". Ele interpreta o pai barbudo e surdo da protagonista do filme. Ele próprio é surdo e sua premiação foi a primeira da história. Quem assistiu ao filme sabe que foi uma premiação justíssima. Ele não se expressa com palavras no filme, mas seu talento é tanto que isso se torna um mero detalhe. Na categoria de atriz coadjuvante levou Ariana DeBose por "Amor, Sublime Amor" o filme de Spielberg que merecia mais estatuetas. E o prêmio de melhor atriz foi para Jessica Chastain por "Os Olhos de Tammy Faye". Ainda não assisti a esse filme, mas os críticos de um modo em geral adoraram.

Outra categoria que considero muito importante no Oscar é a de melhor roteiro, aqui dividida em roteiro original e roteiro adaptado. Em roteiro original um veterano foi premiado, Kenneth Branagh por "Belfast". Ele foi muito conhecido por suas adaptações de Shakespeare no passado, por isso entendo até como um Oscar pelo conjunto da obra. Em roteiro Adaptado foi premiado "No Ritmo do Coração". Ótimo! Eu não me cansarei de elogiar esse filme, um dos melhores que já assisti esse ano (em breve vou publicar meu texto sobre o filme). E para finalizar a ficção "Duna" também levou sua cota de prêmios, com destaque para o de melhores efeitos especiais. Outro prêmio que não se pode contestar.

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 25 de março de 2022

For All Mankind

Quando o primeiro episódio começa você pensa que está assistindo a uma série normal sobre a corrida espacial. O mundo fica em silêncio acompanhando a chegada do homem à Lua. As mesmas imagens, o módulo lunar pousa e o astronauta finalmente pisa em solo lunar. Só que quando o astronauta começa a falar algo parece errado... suas frases soam estranhas... tudo parece estranho... e aí você percebe que o astronauta está falando russo! Pois é, essa é a primeira surpresa do roteiro. Na história não teria sido um americano o primeiro homem a pisar na Lua, mas sim um cosmonauta soviético. E tem mais... E se os americanos corressem depois desse desastre para colocar o mais rapidamente possível um americano na Lua? E se a Apollo 11 se espatifasse ao tentar pousar na Lua?

Tudo vai acontecendo no primeiro episódio e o espectador que nada leu sobre a série vai ter uma série de surpresas nesse estilo. Obviamente é uma série distópica, não sobre o futuro, mas curiosamente sobre o passado. Esse tipo de roteiro me lembrou muito de outra série, "O Homem do Castelo Alto", que também mostrava o mundo caso os nazistas tivessem vencido a II Guerra Mundial. É um novo estilo de se contar histórias fantasiosas, onde o passado é modificado, tudo em prol da diversão. Funciona? Algumas vezes sim, vamos ver como será nessa nova série.

For All Mankind 1.01 - The Grey (Estados Unidos, 2019) Direção: Sergio Mimica-Gezzan / Roteiro: Ronald D. Moore / Elenco: Joel Kinnaman, Michael Dorman, Sarah Jones  / Sinopse: Em 1969 a União Soviética vence a corrida espacial da conquista da Lua e leva o primeiro cosmonauta russo a pisar em solo lunar.

Pablo Aluísio.


Guia de Episódios - For All Mankind;

For All Mankind 1.02 - The Bleeding Edge
Assisti mais um episódio da série For All Mankind. É o segundo episódio da primeira temporada. Como eu já deixelaro aqui no blog essa série traz uma do distópico mundo onde o primeiro homem a pisar na Lua não foi um norte-americano mas sim um soviético. Neste segundo episódio temos os preparativos para o lançamento da Apollo 12. A Apollo 11 trouxe o primeiro norte-americano a pisar na Lua mesmo na série, mais problemas técnicos fizeram com que a nave quase fosse destruída após o pouso lunar. Depois de uma série de manobras eles conseguem escapar da morte e voltam para a Terra. Nesse episódio vemos tramas de bastidores dentro da NASA, onde um piloto é cortado dentro do programa espacial por fazer críticas a Von Braun, o alemão que projetou a maioria dos foguetes americanos. Isso cria um clima ruim para ele dentro da agência espacial. E ele pensa em voltar para a marinha depois de tudo. Uma das razões que me levaram à assistir essa série é a presença da atriz Sarah Jones. Nesse segundo episódio ela tem a primeira oportunidade de interpretar e desenvolver bem sua personagem, uma esposa de um astronauta infiel no casamento. Como a história se passa nos anos 60, o divórcio não era tão fácil de se concretizar como nos dias atuais. / For All Mankind 1.02 - The Bleeding Edge  (Estados Unidos, 2021) Direção: Michael Morris.

For All Mankind 1.03 - Nixon's Women
Finalmente o episódio o que eu estava esperando, aquele que me convenceu a assistir a série até o final. Nesse episódio, cuja história se passa em 1970, temos a chegada da primeira astronauta soviética na lua. Esse fato faz com que os Estados Unidos corra atrás do prejuízo, ao abrir um programa para treinamento daquela que será a primeira mulher americana a pousar na Lua. Uma dessas escolhidas para fazer parte do programa é esposa do astronauta Gordon, a bela Tracy Stevens, interpretada pela atriz Sarah Jones. É um episódio que mostra o treinamento delas em busca do sonho de se tornarem astronautas, um excelente episódio com um final bem dramático quando uma das pilotas caem durante um treinamento especialmente perigoso. / For All Mankind 1.03 - Nixon's Women (Estados Unidos, 2019) Direção: Allen Coulter / Elenco: Sarah Jones, Joel Kinnaman.

For All Mankind 1.04 - Prime Crew
Nesse episódio a missão Apollo 15 sofre modificações em sua tripulação, saindo o piloto Gordon para entrar uma das astronautas aprovadas no programa feminino especial da NASA. Tudo isso claro, cria um certo desconforto nos demais tripulantes pois Gordon sempre foi um piloto muito experiente e capaz, só que é aquela coisa, tudo é uma jogada de marketing, mesmo que sem o aval do presidente Nixon, que fica mais interessado em uma estação lunar permanente, algo que no mundo real não aconteceu, mas que na série que se passa em um universo de distopia tudo seria possível. / For All Mankind 1.04 - Prime Crew (Estados Unidos, 2019) Direção: Allen Coulter / Elenco: Joel Kinnaman, Michael Dorman, Sarah Jones.

For All Mankind 1.05 - Into the Abyss
Esse episódio mostra a missão Apollo 15. Eles vão até a Lua em busca de gelo, que seria uma grande descoberta científica. Uma vez em órbita do astro, eles descobrem que estão indo no lugar errado. Então o comandante, de forma audaciosa, decide mudar os planos. Eles vão parar na beira de uma grande cratera. O curioso é que, para decidir se há ou não água, a astronauta acaba sendo içada dentro daquele buraco sem fim. O que causa uma grande comoção, um grande suspense nas pessoas, na Terra e no grupo de comando da missão. Será que ela sobreviveria a algo tão extremo? Bom episódio, pena que a atriz Norah Jones, minha Diva subliminar, apareça tão pouco. / For All Mankind 1.05 - Into the Abyss (Estados Unidos, 2019) Direção: Sergio Mimica-Gezzan / Elenco: Joel Kinnaman, Michael Dorman, Sarah Jones.

For All Mankind 1.06 - Home Again
O foguete da Apollo 23 explode. Um grande desastre para a NASA. Claro que isso é pura ficção, porque essa missão nunca existiu na realidade. Essa série se baseia em um mundo de distopia. De qualquer forma, existem alguns paralelos reais com o que aconteceu. O aspecto interessante desse episódio é o surgimento de um personagem histórico que realmente existiu. Estou falando do projetista de foguetes Von Braun. Ele realmente foi da Alemanha para os Estados Unidos após a guerra. E foi uma figura central no desenvolvimento da corrida espacial pelos americanos. Nesse episódio ele não apenas está como um dos  personagens principais, mas também serve como uma espécie de denunciador da corrupção que existia dentro do governo. Não deixa de ser algo esclarecedor. / For All Mankind 1.06 - Home Again (Estados Unidos, 2019) Direção: Sergio Mimica-Gezzan / Elenco: Joel Kinnaman, Michael Dorman, Sarah Jones.

For All Mankind 1.10 
Último episódio da primeira temporada, onde os esforços se concentram no salvamento da nave Apolo 24 que está correndo risco de não conseguir entrar na órbita da Lua, o que iria condená-la a vagar pelo universo, pelo espaço profundo. Para isso o astronauta americano na base lunar passa a contar com a ajuda de um cosmonauta russo! 

For All Mankind - Episódios Finais
Como termina a primeira temporada da série For All Mankind? Bom, em seus episódios finais temos algumas surpresas. A base lunar está consolidada. Ainda é algo pequeno, com apenas dois astronautas americanos. Há uma certa tensão entre eles, se tornando cada dia maior. E para piorar ainda mais a situação existe sempre o fantasma da presença soviética na Lua. Quando um astronauta russo bate em sua base o comandante americano não pensa direito e o agride, tornando o soviético seu refém. É um momento de crise, ainda mais quando ele fica sabendo que seu filho morreu na Terra. Ou seja, tudo vai se tornando pior e mais tenso, principalmente quando se descobre que as crises e até mesmo a rivalidade contra os comunistas soviéticos se transferiu também para a superfície da Terra. Onde o homem vai, sua guerra vai junto! 

Pablo Aluísio. 

quinta-feira, 24 de março de 2022

Iwo Jima - O Portal da Glória

Título no Brasil: Iwo Jima - O Portal da Glória
Título Original: Iwo Jima
Ano de Produção: 1949
País: Estados Unidos
Estúdio: Republic Pictures
Direção: Allan Dwan
Roteiro: Harry Brown, James Edward Grant
Elenco: John Wayne, John Agar, Adele Mara, Forrest Tucker, Wally Cassell, James Brown

Sinopse:
Durante a Segunda Guerra Mundial um pelotão de soldados dos fuzileiros navais dos Estados Unidos liderados pelo sargento John M. Stryker (John Wayne) é enviado para lutar contra os japoneses na ilha de Iwo Jima, no Pacífico Sul. Filme indicado ao Oscar nas categorias de melhor ator (John Wayne), melhor roteiro, melhor edição e melhor som.

Comentários:
A batalha de Iwo Jima foi uma das mais sangrentas da II Guerra Mundial. Os americanos não poderiam perder essa ilha vulcânica no meio do Oceano Pacífico por questões estratégicas. Era vital dominar aquela ilha, até mesmo como ensaio para a invasão do Japão pelos Estados Unidos. A carnificina que ocorreu em Iwo Jima iria convencer o presidente americano Truman que uma invasão no Japão seria muito custosa em termos de vidas humanas. Por isso ele decidiu jogar duas bombas atômicas para encerrar a guerra. Essa produção da Republic é considerada até hoje o filme definitivo sobre essa luta entre americanos e japoneses. Foi produzido poucos anos após o fim da guerra e muitos militares que colaboraram no filme estiveram mesmo em Iwo Jima. Isso trouxe uma fidelidade histórica insuperável a essa produção. John Wayne, por sua vez, deixou os filmes de faroeste para atuar nesse filme de guerra. Foi uma ótima decisão! Acabou sendo indicado ao Oscar por sua atuação. Sem dúvida é um dos grandes momentos de Wayne na história do cinema. Por fim é importante dizer que o filme foi lançado em VHS no Brasil, numa versão colorizada pelo selo Herbert Richers.

Pablo Aluísio.

O Fã: Obsessão Cega

Título no Brasil: O Fã - Obsessão Cega
Título Original: The Fan
Ano de Produção: 1981
País: Estados Unidos
Estúdio: Paramount Pictures
Direção: Ed Bianchi
Roteiro: Bob Randall
Elenco: Lauren Bacall, James Garner, Michael Biehn, Maureen Stapleton, Anna Maria Horsford, Kurt Johnson

Sinopse:
Douglas é um jovem comum que trabalha numa loja de discos. Ele é obcecado e muito fã de uma artista, uma grande diva do cinema e expressa seus sentimentos em uma carta que é ignorada pela estrela que tanto idolatra. Furioso, decide então chamar a atenção dela por atos insanos de violência, colocando em risco a sua vida.

Comentários:
Eu me recordo desse suspense sendo exibido em Supercine durante os anos 80. Foi um filme até bastante badalado na época e realmente podemos dizer que o roteiro tem ideias bem interessantes, a começar por essa relação muitas vezes doentia entre um fã e uma artista. As pessoas muitas vezes esquecem que a palavra fã é um derivativo da palavra "fanático". Por isso é bem estreito a separação entre admirar uma obra de um artista e se tornar obcecada pela pessoa, fruto de sua admiração. Ouro ponto muito positivo desse filme é o elenco, contando com veteranos da era de ouro de Hollywood como a estrela Lauren Bacall que já estava idosa quando fez o filme. O talento porém continuava intacto. Sua atuação foi digna de todos os aplausos.

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 23 de março de 2022

Meu Jantar com Jimi

Título no Brasil: Meu Jantar com Jimi
Título Original: My Dinner with Jimi
Ano de Produção: 2003
País: Estados Unidos, Inglaterra
Estúdio: Rhino Entertainment Company
Direção: Bill Fishman
Roteiro: Howard Kaylan
Elenco: Justin Henry, Royale Watkins, Jason Boggs, Brian Groh, Quinton Flynn, Ben Bode

Sinopse:
Durante a década de 1960 uma banda de rock dos Estados Unidos chamada The Turtles parte para sua primeira turnê britânica. Em Londres eles acabam conhecendo vários ícones do rock da época como Frank Zappa, the Beatles e Jimi Hendrix.

Comentários:
Esse filme cuja história é parcialmente baseada em fatos reais é especialmente indicado para quem aprecia e gosta da história do rock internacional. O clima daqueles tempos, onde o psicodelismo estava em alta, a personalidade desses artistas famosos, tudo é muito bem captado pelo roteiro. O clímax do filme, como bem demonstra o título do filme, surge quando os roqueiros americanos participam de um jantar com Jimi Hendrix, naquela fase desfrutando de todo o sucesso na Europa. Obviamente chapado, o guitarrista esbanja carisma, mas também uma certa arrogância para cima dos Turtles. Imagine dar o nome de tartarugas a um grupo de rock! Outro ponto legal do filme acontece quando eles finalmente conhecem os grandes ídolos, os Beatles. Enfim, bom filme. Se você curte rock, vai gostar bastante.

Pablo Aluísio.

Protegida por um Anjo

Título no Brasil: Protegida por um Anjo
Título Original: Half Light
Ano de Produção: 2006
País: Estados Unidos
Estúdio: Lakeshore Entertainment
Direção: Craig Rosenberg
Roteiro: Craig Rosenberg
Elenco: Demi Moore, Henry Ian Cusick, Nicholas Gleaves

Sinopse:
Uma escritora decide se mudar para o interior da Escócia após a morte de seu filho, uma criança. Na nova região, na nova casa, acaba presenciando estranhos eventos que parecem ter origem paranormal.

Comentários:
Quem te viu, quem te vê... a Demi Moore foi uma das estrelas em ascensão nos anos 80, mas depois de um começo de carreira muito promissor passou a perceber que sua filmografia estava em franca decadência. Esse filme que tenta ressuscitar o velho charme dos antigos filmes de terror ingleses do passado ficou apenas nas boas intenções. É inegavelmente um filme fraco, apesar de todos os esforços do diretor e roteirista Craig Rosenberg. E a Demi Moore surge muito apática em cena. Até combinaria com sua personagem, em luto pela morte do filho, mas parece que ela está mesmo triste por participar de um filme tão sem expressão.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 22 de março de 2022

Minha Super Ex-Namorada

Título no Brasil: Minha Super Ex-Namorada
Título Original: My Super Ex-Girlfriend
Ano de Produção: 2006
País: Estados Unidos
Estúdio: New Regency Productions
Direção: Ivan Reitman
Roteiro: Don Payne
Elenco: Uma Thurman, Luke Wilson, Anna Faris, Rainn Wilson, Eddie Izzard, Stelio Savante

Sinopse:
Matt Saunders (Luke Wilson) é um cara legal. Seu maior problema é a ex-namorada. Jenny Johnson (Uma Thurman) não é uma garota qualquer. Na verdade ela é a super-heroína G-Girl. E tem problemas com seu ex-namorado.

Comentários:
Será que misturar filmes de super-heróis com comédias românticas daria certo? Esse filme, que inclusive foi lançado com certa repercussão nos cinemas brasileiros, veio provar que essa é definitivamente uma péssima ideia! Não tem nada a ver uma coisa com outra. Esse é aquele tipo de filme que já começa errado na premissa, onde a história já é ruim por si mesma. Algo sem salvação. Curiosamente a série "The Boys" iria levar esse tipo de fusão em novo patamar, mas não em misturar heróis com romantismo, mas sim com humor negro. Funcionou bem melhor. De mais a mais outra coisa que estraga esse filme é o casal central. Não parece haver química nenhuma entre eles. Para uma comédia romântica isso é definitivamente o fim!

Pablo Aluísio.

Um Natal Muito, Muito Louco

Título no Brasil: Um Natal Muito, Muito Louco
Título Original: Christmas with the Kranks
Ano de Produção: 2004
País: Estados Unidos
Estúdio: Revolution Studios
Direção: Joe Roth
Roteiro: Chris Columbus
Elenco: Tim Allen, Jamie Lee Curtis, Dan Aykroyd

Sinopse:
Um casal dos mais comuns, pessoas normais, acaba entrando numa tremenda confusão quando descobrem que a filha tem problemas a resolver logo no dia de natal.

Comentários:

Muita gente acha filmes de natal uma das coisas mais chatas do mundo do cinema. E a maioria deles seguem uma fórmula que já está mais do que desgastada. Essas opiniões são verdadeiras, temos que admitir. Só que pense na mente de um produtor. Esses filmes, por mais tolos que sejam, sempre terão mercado, seja no cinema em dezembro, seja nos canais a cabo que em época natalina promovem uma enxurrada de exibições e reprises desse tipo de produção. Então não há saída. E esse aqui? Bom, é um filme na média. Bobinho, tolinho, mas há quem ame esse tipo de filme de natal. O que fazer? Abra o refrigerante, pegue um bom pedaço do peru da ceia e tente se divertir.

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 21 de março de 2022

Exorcismo Sagrado

Título no Brasil: Exorcismo Sagrado
Título Original: The Exorcism of God
Ano de Produção: 2021
País: Estados Unidos, México
Estúdio: Epica Pictures
Direção: Alejandro Hidalgo     
Roteiro: Alejandro Hidalgo     
Elenco: Will Beinbrink, Joseph Marcell, María Gabriela de Faría, Raquel Rojas, Johanna Winkel, Alfredo Herrera

Sinopse:
Quando jovem, o Padre Peter (Will Beinbrink) falhou em seu primeiro exorcismo. Dezoito anos depois, ele vive uma existência mais tranquila em uma pequena vila mexicana, só que sua paz é rompida quando uma jovem é possuída pelo demônio, o mesmo que ele enfrentou no passado.

Comentários:
Sutileza zero! É o maior problema desse filme de terror. Falando a verdade não vejo filmes novos sobre exorcismo que sejam bons. Todos parecem bem ruins. Não existe sutileza intelectual para tratar do tema. Tudo surge de forma tosca na tela. Tosca e grotesca! O núcleo dessa história até poderia render um bom filme, mas para isso seria necessário um bom roteiro. Aqui não existe. Eu me lembrei de "O Exorcista 3" que tratava a questão de forma sutil e inteligente. Tudo sendo desvendado em um nível psicológico e intelectual. Inexiste esse tipo de coisa nesse novo filme. A falta de rigor acaba levando algumas cenas para o humor involuntário e isso obviamente é a morte para qualquer filme de terror que queira assustar. A parte final é um primor de coisa ruim. Aquelas mulheres todas possuídas, fazendo caretas. Impossível não rir! Infelizmente, como eu já escrevi, não existem bons filmes recentes sobre exorcismo, Pode colocar tudo dentro de um saco e jogar na lata de lixo. É um festival de porcarias!

Pablo Aluísio.

Devorador de Pecados

Título no Brasil: Devorador de Pecados
Título Original: The Order
Ano de Produção: 2003
País: Estados Unidos
Estúdio: Twentieth Century Fox
Direção: Brian Helgeland
Roteiro: Brian Helgeland
Elenco: Heath Ledger, Peter Weller, Mark Addy, Shannyn Sossamon, Benno Fürmann, Francesco Carnelutti

Sinopse:
Um jovem padre americano chamado Alex Bernier (Heath Ledger) é enviado para trabalhar no Vaticano, a sede mundial da Igreja Católica. Uma vez dentro dos muros desse pequeno país, ele acaba descobrindo que existe um estranho culto ocultista sendo celebrado por membros da igreja. O que estaria por trás de tudo aquilo? O que de verdade estaria acontecendo?

Comentários:
Com um pouco de boa vontade até dá para gostar desse filme. O problema básico aqui é que temos um daqueles roteiros cheios de teorias da conspiração, como se fosse uma nova versão remodelada de "O Código Da Vinci". E a Igreja Católica com seus milênios de história se torna um prato cheio para esse tipo de enredo. Até aí tudo bem, esse tipo de literatura já virou um nicho próprio, com seus próprios esquemas de como se contar uma história com esse tipo de fundo histórico (ou falso fundo histórico, é bom frisar!). O que esse filme tem de melhor é mesmo o elenco. O falecido Heath Ledger é o destaque. O personagem não ajuda muito, é verdade, pois não é muito verossímil. Ninguém tão jovem seria tão versado em ocultismo medieval, por exemplo, mas tudo bem, vamos relevar esse tipo de coisa. Já o historiador e ator Peter Weller (sempre lembrado por Robocop) passa mais credibilidade nesse aspecto. Enfim, um filme que dá para assistir numa boa. Só não vá levar nada à sério do que se passa na tela. Não é história de verdade, mas apenas entretenimento.

Pablo Aluísio.

domingo, 20 de março de 2022

A Sangue Frio

Título no Brasil: A Sangue Frio
Título Original: The Ice Harvest
Ano de Produção: 2005
País: Estados Unidos
Estúdio: Focus Features
Direção: Harold Ramis
Roteiro: Richard Russo, Robert Benton
Elenco: John Cusack, Billy Bob Thornton, Connie Nielsen, Mike Starr, Lara Phillips, Ned Bellamy

Sinopse:
Charlie Arglist (Cusack) é um advogado que resolve dar um golpe em seu próprio cliente, Ao lado de Vic (Thornton), um dono de clubes de striptease, ele consegue desviar dois milhões de dólares da conta do sujeito. O problema é que o cliente de Charlie é um mafioso que não vai deixar esse golpe barato.

Comentários:
O roteiro desse filme tem claro elementos do cinema noir, a começar pelo caráter dos personagens. Todos são patifes. Todos querem a grande bolada de milhões. Nesse campo não existe amizade, lealdade e nem tampouco sentimentos reais de amor ou afeto. E essa é uma regra não escrita esquecida pelo próprio protagonista que vai pagar caro por ter uma certa ingenuidade. Toda a história do filme se passa apenas em uma noite, justamente a noite de natal. Isso proporciona uma trilha sonora cheia de clássicos natalinos do passado, de uma época inocente que não existe mais. E todo esse clima contrasta muito com a sordidez dos personagens e a ganância que move todos eles. Há boas cenas no filme, mas o destaque vai mesmo para a cena do baú, repleta de humor negro. Enfim temos aqui um bom filme, realmente gostei. É uma fita curta (com menos de 90 minutos de duração), onde todos os elementos combinam muito bem entre si. Fica a dica.

Pablo Aluísio.

Herói

Título no Brasil: Herói
Título Original: Ying xiong
Ano de Produção: 2002
País: China, Hong Kong
Estúdio: Edko Films, Zhang Yimou Studio
Direção: Yimou Zhang
Roteiro: Yimou Zhang
Elenco:  Jet Li, Tony Chiu-Wai Leung, Maggie Cheung, Ziyi Zhang, Donnie Yen, Chang Xiao Yang

Sinopse:
Um guerreiro sem nome atravessa a China medieval em busca de aventuras e desafios. Acaba enfrentando três assassinos cruéis em uma verdadeira luta de vida e morte. O último a ficar de pé será o grande vencedor.

Comentários:
Não subestime a força e a tradição do cinema oriental. Impossível ignorar a verdadeira indústria cinematográfica que sempre existiu em Hong Kong. O diferencial dos últimos anos foi que os cineastas daquela parte do mundo começaram a ocidentalizar seus filmes, obviamente visando o mercado dos Estados Unidos e Europa. Isso tudo sem perder as características de seu próprio estilo oriental de fazer cinema. E para isso o diretor Yimou Zhang contou com a colaboração muito especial de Tarantino que não apenas deu palpites no filme como também participou da promoção do filme no Ocidente. Além disso o filme foi estrelado por Jet Li, já bem conhecido nos Estados Unidos. Para quem aprecia esse tipo de cinema não há o que reclamar.

Pablo Aluísio.

sábado, 19 de março de 2022

A Retirada de Dunquerque

Título no Brasil: A Retirada de Dunquerque
Título Original: Week-end à Zuydcoote
Ano de Produção: 1964
País: França
Estúdio: Paris Films Productions
Direção: Henri Verneuil
Roteiro: François Boyer
Elenco: Jean-Paul Belmondo, Catherine Spaak, Georges Géret, Jean-Pierre Marielle, Pierre Mondy, Marie Dubois

Sinopse:
Segunda Guerra Mundial. Um grupo de soldados franceses é cercado pelo exército alemão nazista. A única saída é se retirar até Dunquerque onde os ingleses começam um plano de evacuação de suas tropas pelo mar. Só que a retirada será mais complicada do que eles poderiam imaginar. Filme também conhecido como "Gloriosa Retirada".

Comentários:
Esse evento histórico, a retirada de Dunquerque, foi recentemente explorado por um excelente filme chamado "Dunkirk". O pano de fundo histórico é o mesmo, só que aqui nessa produção da década de 1960 vemos o ponto de vista dos militares franceses. O ator Jean-Paul Belmondo (falecido em 2021) estrela o filme. Ele interpreta esse soldado que está tentando embarcar em algum navio para sobreviver. As tropas ficam estacionadas na praia, sofrendo bombardeios diários por parte da Luftwaffe. Há duas excelentes cenas no filme. A primeira ocorre quando as tropas francesas são interceptadas indo em direção a Dunquerque. A outra ocorre quando um navio cheio de soldados batendo em retirada é atacado por aviões da Alemanha. Pura covardia! E como Jean-Paul Belmondo era um galã popular na época o roteiro deu um jeito também de arranjar um interesse romântico para ele com uma jovem francesa que mora na região e se recusa a deixar sua casa antes da chegada dos alemães. Enfim, bom filme de guerra com uma pitada do estilo bem conhecido do cinema francês. Vale a pena conhecer.

Pablo Aluísio.

Golpe Baixo

Título no Brasil: Golpe Baixo
Título Original: The Longest Yard
Ano de Produção: 2005
País: Estados Unidos
Estúdio: Paramount Pictures
Direção: Peter Segal
Roteiro: Sheldon Turner
Elenco: Adam Sandler, Chris Rock, Burt Reynolds. Michael Irvin, Walter Williamson, Bill Goldberg

Sinopse:
Um grupo de presos que estão cumprindo pena numa penitenciária de segurança máxima decide desafiar os guardas para uma disputada partida de futebol americano. Apenas os mais fortes vão sobreviver a essa competição.

Comentários:
O filme é um remake de uma produção popular dos anos 70 com Burt Reynolds. Inclusive como forma de homenagear o veterano ator lhe deram um papel coadjuvante por aqui. O maior diferencial entre as duas versões é que o filme original não tinha tanto teor cômico como vemos nessa nova versão. Algo até natural, esperado, uma vez que o novo elenco trouxe dois comediantes, Adam Sandler e Chris Rock. E a pergunta de 1 milhão de dólares é justamente essa, a nova versão funciona bem? Em meu ponto de vista é um filme apenas mediano. De mediano para fraco, sendo bem sincero. No filme dos anos 70 o protagonista era um cara durão, interpretado pelo Burt Reynolds. Alguém consegue ver Adam Sandler como um sujeito durão? Eis o problema básico desse novo "Golpe Baixo".

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 18 de março de 2022

Três Enterros

Título no Brasil: Três Enterros
Título Original: The Three Burials of Melquiades Estrada
Ano de Produção: 2005
País: Estados Unidos
Estúdio: Sony Pictures
Direção: Tommy Lee Jones
Roteiro: Guillermo Arriaga
Elenco: Tommy Lee Jones, January Jones, Melissa Leo, Barry Pepper, Dwight Yoakam, Julio Cesar Cedillo,

Sinopse:
Pete Perkins (Tommy Lee Jones) é o capataz de um rancho localizado na fronteira entre México e Estados Unidos. A região é violenta, infestada de criminosos, imigrantes ilegais e policiais norte-americanos corruptos, os gringos fardados da fronteira. E Perkins precisa lidar com todos eles.

Comentários:
Tommy Lee Jones na direção? Coisa rara de se ver. E o que mais surpreende é que ele se saiu muito bem na nova função. Seu resultado como cineasta é dos melhores. O filme tem boa mistura de cenas de ação, drama e uma certa melancolia que atravessa toda a história, da primeira à última cena. O cenário natural também ganha destaque, com todas aquelas paisagens de deserto hostil, tudo aliado a uma certa brutalidade que move a maioria dos personagens. É um filme, enfim, que me agradou bastante. Pelo visto Tommy Lee Jones também tem talento como cineasta. Pena que ele nunca mais tenha se aventurado nessa área. Em conclusão temos aqui um bom filme, revelando toda a violência que pode nascer em uma região castigada pelo sol e pela rudeza de seus moradores. Não é um lugar onde os fracos possam viver em paz.

Pablo Aluísio.

Segredo de Sangue

Título no Brasil: Segredo de Sangue
Título Original: Hush
Ano de Produção: 1998
País: Estados Unidos
Estúdio: Columbia Pictures
Direção: Jonathan Darby
Roteiro: Jonathan Darby, Jane Rusconi
Elenco: Jessica Lange, Gwyneth Paltrow, Johnathon Schaech, Nina Foch, Debi Mazar, Kaiulani Lee

Sinopse:
Após o casamento, um jovem casal se muda para o rancho de criação de cavalos da mãe do marido. Só que ela logo se revela ser uma mulher obsessiva, que deseja controlar todos os passos do casal, o que cria uma grande tensão que vai piorando a cada dia.

Comentários:
A década de 1990 foi o auge de um estilo bem peculiar de gênero cinematográfico, a do thriller de suspense. Esse aqui é um caso bem claro desse tipo de filme. Começa quase como um filme romântico, com cenas de casamento, felicidade, um jovem casal que está começando sua vida. O problema é a sogra. Essa personagem interpretada por Jessica Lange logo se revela ser uma mulher obsessiva, controladora, manipuladora, maníaca... uma mulher má! A jovem esposa que vira seu alvo de fúria é a própria nora, interpretada por uma Gwyneth Paltrow ainda bem jovem. O resultado pode parecer um pouco insano demais para a maioria do público, mas eu pessoalmente achei bem na média dos filmes da época. É um filme especialmente indicado para quem odeia a sogra, aqui representando a grande vilã da história.

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 17 de março de 2022

O Novo Mundo

Título no Brasil: O Novo Mundo
Título Original: The New World
Ano de Produção: 2005
País: Estados Unidos
Estúdio: New Line Cinema
Direção: Terrence Malick
Roteiro: Terrence Malick
Elenco: Colin Farrell, Christopher Plummer, Christian Bale, August Schellenberg, Q'orianka Kilcher, Yorick van Wageningen

Sinopse:
Durante a era dos grandes descobrimentos um grupo de navegadores e colonizadores chega na costa leste de um novo continente descoberto, agora chamado de América. E nesse novo mundo eles descobrem uma nova vida, cheia de perigos, mas também de descobertas incríveis.

Comentários:
Eu gosto de definir Terrence Malick como um cineasta sensorial. Ele nunca está interessado apenas em contar uma história linear em seus filmes. Para o diretor tão ou mais importante do que isso é desvendar a alma humana, tentando trazer para a tela os sentimentos e as sensações de seus personagens. É justamente o que acontece aqui. O filme foi de certa forma vendido com o marketing errado. Muitos que nunca viram um filme de Terrence Malick pensaram que iriam assistir a um filme de aventura, com história passada nos tempos em que os primeiros europeus chegaram no novo continente recém descoberto. Nada disso. Embora realmente a história seja passada nesse período o que temos aqui é mais um filme de Terrence Malick seguindo sua linha tradicional de fazer cinema. No meu caso não poderia haver nada melhor!

Pablo Aluísio.

A Salamandra

Título no Brasil: A Salamandra
Título Original: The Salamander
Ano de Produção: 1981
País: Inglaterra, Itália
Estúdio: Opera Films
Direção: Peter Zinner
Roteiro: Robert Katz, Rod Serling
Elenco: Anthony Quinn, Christopher Lee, Franco Nero, Eli Wallach, Claudia Cardinale, Martin Balsam

Sinopse:
Um policial italiano investiga uma série de assassinatos envolvendo pessoas em posições de destaque. Um desenho de uma salamandra sempre é deixado para trás em cada cena do crime. O policial começa a suspeitar que esses assassinatos estão ligados a um complô fascista para tomar o controle do governo.

Comentários:
Filme bem interessante e com elenco internacional onde astros do cinema vindos da Itália, Inglaterra e Estados Unidos unem forças para fazer a produção funcionar. Talvez o maior problema do filme seja justamente condensar e resumir a trama complexa do livro original de Morris West que deu origem ao roteiro. Um filme apenas não daria conta disso. Seria melhor adotar um formato de série ou minissérie. De qualquer forma o filme mesmo falhando na adaptação da literatura ainda consegue ser um bom programa. Além disso nunca é demais apreciar a beleza da atriz Claudia Cardinale, ainda encantando na tela. Já Anthony Quinn segue com seu tipo habitual, explosivo, impulsivo, pura emoção. Enfim temos aqui um filme de ação e conspirações políticas que merece uma revisão e uma reavaliação nos dias atuais.

Pablo Aluísio. 

quarta-feira, 16 de março de 2022

Dexter: New Blood

Dexter está de volta! Eu sabia que retornaria, mesmo de forma compacta como agora, com apenas 10 episódios. Eu assisti toda a série original. As três primeiras temporadas foram excelentes, depois decaiu um pouco, fruto de uma esperada saturação. Mesmo assim manteve uma boa qualidade. O final ficou em aberto, por isso não foi surpresa esse retorno. Era mesmo esperado. Dexter agora vive em uma cidade gelada no Alaska. Nada mais distante da ensolarada Miami onde se passava a série que deu origem a tudo. Nessa nova vida ele mudou seu nome, foi morar em uma cabana no meio da floresta de gelo e até mantém uma certa normalidade em sua vida, com direito a ter uma namorada fixa (uma policial!) e ser querido pelos moradores da pequena cidade.

Só há um problema: Dexter ficou dez anos sem matar! Isso vai contra sua própria natureza. Sendo um serial killer sua vontade de matar está sempre presente. Dexter sente essa necessidade todos os dias. Ele tenta se manter na linha, com o aparecimento de sua irmã em delírios, servindo como uma guia moral. E quando um sujeito riquinho, esnobe e sem caráter (além de um passado criminoso) surge em sua frente, Dexter pensa seriamente em sair desse estado em que se encontra. Afinal ele sempre seguiu um código interno, de só matar criminosos, seres nocivos para a sociedade. No primeiro episódio Dexter é colocado à prova. E como ele próprio diz, é um assassino em evolução. O que será que vai acontecer?

Dexter: New Blood / Episódio Cold Snap (Estados Unidos, 2021) Direção: Marcos Siega / Roteiro: Clyde Phillips / Elenco: Michael C. Hall, Jack Alcott, Julia Jones / Sinopse: Dez anos após se esconder, Dexter ressurge vivendo em uma pequena cidade do distante e frio Alaska. Ele mudou de nome e tenta levar uma vida normal, só que a sede de matar volta a rondar sua existência.

Pablo Aluísio. 


Guia de Episódios - Dexter New Blood:

Dexter - New Blood 1.02 - Storm of Fuck
As investigações começam para tentar descobrir o paradeiro da vítima de Dexter. E os policiais escolhem para servir de base de campo... a própria casa do Dexter na montanha! Surreal, não é mesmo? Lembrando que o serial killer agora namora uma tira! E obviamente Dexter vai bagunçar a cena do crime, vai criar pistas para uma falsa narrativa, tudo no sentido de despistar os homens da lei. E tem mais um fator a se preocupar: seu filho que agora parece disposto a morar com o pai. Situação mais do que delicada para um assassino que precisa acima de tudo esconder os rastros de seu próprio crime! / Dexter - New Blood 1.02 - Storm of Fuck (Estados Unidos, 2021) Direção: Marcos Siega / Roteiro: Warren Hsu Leonard, Clyde Phillips / Elenco: Michael C. Hall, Jack Alcott, Julia Jones.

Dexter - New Blood 1.03 - Smoke Signals
As coisas pioram para Dexter. As buscas pela sua vítima recomeçam, inclusive com o uso de cães farejadores. Ele precisa despistar os animais. Acaba usando um pedaço de roupa do próprio morto para criar um falso rastro no meio da noite dentro da floresta. E onde ele vai desovar o corpo? Após pensar muito Dexter decide levar os pedaços do homem morto até uma velha mina há muito abandonada, mas acaba dando de cara com um urso faminto lá dentro! E as coisas só complicam. Sua única saída é contar com a ineficiência dos policias locais. Só assim ele vai se safar de mais um crime. / Dexter - New Blood 1.03 - Smoke Signals (Estados Unidos, 2021) Direção: Sanford Bookstaver / Roteiro: David McMillan / Elenco: Michael C. Hall, Jack Alcott, Julia Jones.

Dexter - New Blood 1.04 - H Is for Hero
O filho de Dexter carrega o passageiro sombrio do pai. Durante uma confusão na escola ele acaba esfaqueando um colega, um jovem gordinho que vive sendo alvo de bullying por parte dos outros alunos. E a situação só piora. Ele mente, inventa uma versão de que foi ele o esfaqueado e que salvou os outros alunos que iriam sofrer um atentado ao estilo escola de Columbine. Assim o jovem Harrison Morgan é elevado a uma posição de herói da escola, mas isso tudo não passa de uma grande mentira. Dexter descobre tudo e vê que seu filho também é um psicopata assassino. E agora, o que ele vai fazer? Uma situação mais do que complicada! / Dexter - New Blood 1.04 - H Is for Hero (Estados Unidos, 2021) Direção: Sanford Bookstaver / Roteiro: Tony Saltzman / Elenco: Michael C. Hall, Jack Alcott, Julia Jones.

Dexter - New Blood 1.05 - Runaway
O filho de Dexter vai para uma festa de jovens e toma uma droga que quase o mata. Ele sofre uma overdose de drogas. Escapa por pouco. Dexter fica furioso. Decide ir atrás do traficante. Ele quer fazer justiça pelas próprias mãos. E como é um serial killer sempre que pinta uma boa oportunidade é hora de matar mais um. Só que Dexter tem perdido a mão depois de vários anos sem prática. Ele arma todo o cenário, traz as ferramentas, mas em seu ritual de morte as coisas acabam dando errado e ele precisa, de última hora, arranjar um plano B. E mal ele sabe que vaza a informação de que ele não é quem diz ser. Que ele usa um nome falso. Isso voltará mais tarde para lhe atormentar. Na outra linha narrativa a policial e aquela blogueira de crimes chegam na cidade de Nova Iorque atrás do jovem desaparecido que supostamente estaria hospedado em um hotel de luxo. Acabam descobrindo que não é ele. Na verdade ele continua desaparecido. / Dexter - New Blood 1.05 - Runaway (Estados Unidos, 2021) Direção: Marcos Siega / Roteiro: Veronica West / Elenco: Michael C. Hall, Jack Alcott, Julia Jones.  

Dexter - New Blood 1.06 - Too Many Tuna Sandwiches
Dexter descobre que o velho Kurt tem esqueletos no armário. O sujeito mantém uma cabana escondida na floresta. Ele leva essas jovens perdidas até lá, as tranca em um quarto no porão e depois os mata, fazendo mira na mata. Dexter segue Kurt e a jovem e atrapalha os planos do velho de encarcerar mais uma desavisada da vida. E por falar em Dexter sua namorada policial está furiosa com ele. Ela descobriu que ele usa um nome falso. E ela acaba descobrindo ossos em uma caverna da região, uma mina. De quem seria esses ossos? Da vítima de Dexter ou de alguma vítima de Kurt? Veremos nos próximos episódios. Até lá! / Dexter - New Blood 1.06 - Too Many Tuna Sandwiches (Estados Unidos, 2021) Direção: Marcos Siega / Roteiro: Scott Reynolds / Elenco: Michael C. Hall, Jack Alcott, Julia Jones.

Dexter - New Blood 1.07 - Skin of Her Teeth 
Dexter é um personagem muito bom. Nessa temporada especial só produziram 10 episódios, o que acho pouco, já que a história em si daria muito pano para a manga. Tanto isso é verdade que apesar de estar no sétimo episódio desta temporada, ainda haveria muitos desdobramentos interessantes e trazer caso os roteiristas assim determinassem. Nesse episódio Dexter descobre que Kurt já tem ciência de seu passado. Assim ficamos com 2 psicopatas em lados opostos, com uma óbvia tensão cada vez mais crescente entre eles. Kurt aliás se safa das acusações, uma vez que encontraram seu DNA na caverna onde uma ossada humana foi descoberta. Ele alega que o verdadeiro assassino da jovem havia sido seu pai morto muitos anos antes. Dexter também tem problemas dentro de casa, seu filho tem demonstrado em várias ocasiones que carrega o mesmo problema do pai, ou seja, trata se de um jovem psicopata. E a série assim segue cada dia mais interessante, pena que vai acabar daqui 3 episódios. / Dexter - New Blood 1.07 - Skin of Her Teeth  (Estados Unidos, 2021) Direção: Sanford Bookstaver.

Dexter - New Blood 1.08 - Unfair Game
As cartas estão sobre a mesa entre Dexter e Kurt. Eles sabem quem são, não há mais necessidade de se manter uma fachada de boa convivência, tanto que Kurt manda um dos seus capangas dar um fim em Dexter. Ele é pego por trás, desprevenido, na covardia e levado para a Floresta, a intenção é óbvia pois Kurt quer Dexter Morgan morto. Só que o psicopata ainda tem cartas na manga e não vai deixar barato. Ele consegue se soltar e fugir. Tudo se torna um jogo de vida ou morte. Mesmo sendo alvo, como ponto fixo de tiro, consegue sobreviver. Enquanto isso Kurt leva seu filho Harrison para sua cabana de execução isolada. Uma vez lá se mostra muito confiável e amigável, um sujeito muito bacana, até o momento em que enfia uma máscara medonha na cabeça e fala para Harrison correr por sua vida. Bom episódio, pela história que conta bem poderia ser o final da temporada. / Dexter - New Blood 1.08 - Unfair Game (Estados Unidos, 2021) Direção: Sanford Bookstaver / Elenco: Michael C. Hall, Jack Alcott, Julia Jones.

Dexter - New Blood 1.09 - The Family Business
Dexter e Kurt vão parar o tudo ou nada. A situação fica tensa quando Kurt faz uma visita inesperada na casa da namorada de Dexter, surgindo como aquele cara amigão, gente boa, mas que você sabe que aquilo é no fundo um desafio. E assim eles acabam se encontrando para um duelo final. Quem se dá bem é Dexter que leva Kurt para sua mesa de execução. Para surpresa de muita gente, ele está ao lado do seu filho Harrison. Nesse momento Dexter já confessou ao filho sobre o seu passado e o seu passageiro Sombrio. Dexter deseja que filho descubra como controlar esse instinto assassino. Assim no final de tudo Kurt ganha uma passagem só de ida para inferno! / Dexter - New Blood 1.09 - The Family Business (Estados Unidos, 2022) Direção: Marcos Siega / Elenco: Michael C. Hall, Jack Alcot, Julia Jones.

Dexter - New Blood 1.10 - Sins of the Father
Esse é o último episódio da série Dexter. Como termina essa série? Ou pelo menos essa temporada? Bom, antes de mais nada, é interessante saber que Dexter aqui pode ter encontrado o seu fim. Pelo menos assim sugere a cena final, quando o Dexter leva um tiro no peito e cai em cima da neve branca que fica vermelha de seu sangue. Muitos podem pensar que nada foi dito efetivamente sobre sua morte, mas de qualquer forma fica no ar a questão. Um tiro daquele costuma ser fatal. Pode ser que ele realmente tenha morrido, ou então vão inventar algo absurdo para a próxima temporada. Eu espero por tudo. De qualquer forma, o tiro é dado pelo seu próprio filho, Harrison. Ele havia sido preso porque foi encontrado em sua casa que pegou fogo parafusos cirúrgicos. Daquele rapaz, o filho de Kurt que havia desaparecido. Assim, a ex namorada logo percebeu que ele era o verdadeiro responsável por aquele crime. A partir daí, ele tem que se virar para sair da cadeia. E acaba sendo atingido pelo tiro do próprio filho. Um bom episódio final. Será que haverá outra temporada? Só nos resta esperar. / Dexter - New Blood 1.10 - Sins of the Father (Estados Unidos, 2022) Direção: Marcos Siega / Elenco: Michael C. Hall, Jack Alcott, Julia Jones.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 15 de março de 2022

Pistoleiros do Entardecer

Sam Peckimpah - um dos maiores diretores da história do cinema - não fez por menos: conseguiu erguer uma obra arrebatadora e psicológica, subvertendo uma ordem cinematográfica quase unânime a respeito das linhas limítrofes que cercam todo o quadrante onde está inserido um filme de faroeste (qualquer que seja ele). O diretor, não só rompeu com alguns paradigmas, como também transfixou no corpo e na alma de cada personagem a flecha negra que dissemina de forma sistêmica algumas "viagens" pela psiquê humana. A exceção de uma fotografia exuberante e que de alguma forma parece escapar por todos os poros da fita, tudo parece funcionar no limite, inclusive a dupla dos quase aposentados e magníficos atores, Joel McCrea e Randolph Scott.

A categoria, juntamente com a empatia desses dois monstros do cinema é um refrigério saudosista para os verdadeiros fãs dos filmes do velho oeste. O excelente Peckimpah une a velha dupla com o objetivo de transportar uma grande soma em dinheiro, mas também os separa: nos olhares, nas mensagens subliminares de desconfiança, e principalmente no silêncio. Steve Judd (McCrea) sabe que Gil (Randolph Scott) está longe de ser um companheiro confiável. Na dura empreitada, ainda acompanha a dupla, Elsa Knudsen, interpretada pela belíssima Mariette Hartley e o aprendiz de ladrão e capanga de Gil, Heck Longtree (Ron Starr). O primeiro nó psicológico vem justamente da bela Elsa - que foge das garras do pai, um religioso fanático e boçal, para ir ao encontro de seu futuro marido, o pilantra Billy Hammond (James Drury). Depois de unir-se ao trio - McCrea, Scott e Starr - Elsa ameaça a já estremecida parceria com os seus problemas e seu desejo juvenil e doentio de um casamento no mínimo estapafúrdio.

Em determinado momento, o filme se parece com um vulcão prestes a entrar em erupção, pelo simples fato de não existir purgatório: ou se está no céu, ou no inferno. A ingênua Elsa descobre que o seu príncipe encantado não é tão encantado assim. O resgate do dinheiro, o casamento bizarro entre Elsa e Billy Hammond, juntamente com a tensão crescente entre o trio e os irmãos Hammond, torna o ar quase irrespirável e o conflito entre os dois grupos inexorável. Essa violência brutal, silenciosa, e que aos poucos vai crescendo e tornando-se insuportável, é a marca inimitável do mestre Peckimpah, o "poeta da violência". Mas o ponto alto do filme traz a chancela indelével do mestre: o casamento de Elsa e Billy realizado dentro de um bordel. Nesta cena, Peckimpah mistura elementos sórdidos, vulgares e profanos servidos à mesa com muita violência, bebidas, gargalhadas, prostitutas, homens sujos, tarados e muita depravação. É o ponto alto e "Rodriguiano" do filme. É o momento em que o grande diretor mostra a sua cara. O terço final do longa tem ganchos épicos com direito a doses cavalares de mixórdia moral e imoral, auto comiseração e o resgate de uma velha parceria que consagrou o gênero. Peckimpah fecha o clássico com chave de ouro, num duelo ao estilo O.K. Corral na lendária cidade de Tombstone. Um filmaço.
Nota 10

Pistoleiros do Entardecer (Ride the High Country, EUA, 1962) / Direção: Sam Peckinpah / Roteiro:N.B. Stone Jr./ Com Randolph Scott, Joel McCrea, Mariette Hartley, Ron Starr e Edgar Buchanan / Sinopse: Steve Judd (Joel McCrea), um ex- xerife é contratado para levar um carregamento em ouro por um território hostil. Para ajudar nessa tarefa ele chama Gil Westrum (Randolph Scott). Westrum porém tem outros planos sobre o ouro.

Telmo Vilela Jr.

Deuses e Generais

Título no Brasil: Deuses e Generais
Título Original: Gods and Generals
Ano de Produção: 2003
País: Estados Unidos
Estúdio: Warner Bros
Direção: Ronald F. Maxwell
Roteiro: Jeff Shaara, Ronald F. Maxwell
Elenco: Robert Duvall, Jeff Daniels, Stephen Lang

Sinopse:
Em 1863 os Estados Unidos passam por uma séria crise política. De um lado estados do norte, ricos, desenvolvidos e industrializados, anseiam pelo fim da escravidão negra nos estados do sul, rurais, atrasados, com mão de obra escrava e sistema de plantation de culturas de algodão. A diferença de opinião e visão sobre o futuro da nação acabou levando a uma guerra brutal com milhares de mortes para ambos os lados. Vencedor do prêmio MovieGuide Awards na categoria Melhor Ator (Stephen Lang).

Comentários:
A Guerra Civil americana segue como uma das mais sangrentas da história dos Estados Unidos. Esse excelente "Gods and Generals" tenta lançar uma luz sobre o quadro político e social que deu origem ao conflito ao mesmo tempo em que tenta mostrar seus principais personagens como pessoas reais, com sonhos, ambições e desejos. A Guerra Civil acabou transformando muito de seus generais em lendas. Basta lembrar de Robert E. Lee, o lendário general que assumiu o comando das tropas sulistas confederadas, aqui em bela interpretação de Robert Duvall. O interessante é que apesar de tanto tempo - mais de um século - desde o fim do conflito ainda há resquícios de rivalidade dentro dos Estados Unidos. Um fato que comprova isso foi que durante o lançamento do filme houve uma séria controvérsia entre os produtores e setores da sociedade sulista que acusaram o roteiro do filme de ser historicamente inverídico e manipulador dos fatos tal como ocorreram. De uma forma ou outra considero uma bela película, com capricho na reconstituição histórica em termos de figurinos, cenários e ambientações. Talvez por ter que retratar tantos personagens importantes o roteiro acabe de certa forma ficando um pouco disperso mas nada disso atrapalha no resultado final. Seja você confederado ou unionista o fato é que ao final da exibição saberá bem mais sobre os bastidores dessa guerral brutal que levou milhares de americanos à morte.

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 14 de março de 2022

Crônicas de Marlon Brando - Parte 21

Esse foi o personagem que mudou a vida e a carreira de Marlon Brando. O ator sabia que ganhar um papel numa peça chamada "Um Bonde Chamado Desejo" de Tennessee Williams em Nova Iorque seria a sorte grande em sua vida profissional. Assim Brando foi uma das centenas de atores que se inscreveram para fazer o teste para o papel. Stanley Kowalski era retratado na peça teatral como uma força da natureza, um bruto, sem sentimentos e com muitos músculos. Tennessee Williams sabia que precisava encontrar o ator certo, caso contrário grande parte do apelo dramático de seu texto se perderia. A escolha de Brando para viver esse homem das cavernas moderno teve um fator de pura sorte, por mais incrível que isso possa parecer.

Tennessee Williams já estava perdendo a paciência quando Brando subiu ao palco. A maioria dos que fizeram teste antes dele acabou não agradando ao escritor. Brando parecia ser mais promissor. Era um jovem musculoso, com jeito de interiorano e sem muita educação. Esses eram os pontos que o autor estava buscando. Marlon fez uma boa audição de sua cena mas não foi isso que o levou a ganhar o papel. Casualmente Williams comentou com seu assistente que estava com um horrível vazamento de água em sua casa. Ele morava com a mãe e estava preocupado pois não conseguia encontrar um bom encanador. Ora, Brando desde que saíra da escola militar passou a exercer vários empregos braçais, onde a técnica de se lidar com canos e entupimentos era uma função e um requisito obrigatório.

Assim Brando se ofereceu para ir na casa de Williams para consertar o vazamento. Tennessee Williams confessaria anos depois que quando viu Brando todo suado e sujo, consertando seus canos quebrados, teve a certeza de ter encontrado o ator ideal para dar vida a Stanley Kowalski. Brando estava em ótima forma física e o autor, que era gay, ficou imediatamente atraído por aquela visão, mas procurou se manter à distância, afinal se envolver com os atores de suas próprias peças teatrais não parecia ser uma boa ideia. Brando também não parecia ser gay e isso era algo que foi essencial em sua escolha, afinal de contas tantos atores afeminados tinham feito o teste que Williams dava graças por encontrar um hétero de verdade no meio daquele monte de atores nova-iorquinos homossexuais.

Brando ganhou não apenas o papel mas também a aclamação da crítica. Ele era de fato um sujeito amoral, brutal e rude em cena, tal como seu personagem exigia. Uma das coisas que Brando aprendeu atuando em uma peça de sucesso em Nova Iorque era que não havia moleza sobre isso, pelo contrário, era um trabalho puxado, que exigia muito de um ator. Nos fins de semana havia matinês e assim Brando tinha que se apresentar por duas vezes no mesmo dia. Não era fácil. Ele que sempre fora um indisciplinado viu que as coisas não seriam tão maravilhosas como pensava. Essa aliás foi uma das razões porque Brando escolheu o cinema ao invés de se consagrar definitivamente nos palcos da Broadway. Um filme não exigia tanto esforço e trabalho. Por essa época ele deu mais uma de suas declarações polêmicas a um jornal especializado no mundo do teatro em Nova Iorque. Sorrindo, ele resumiu a situação: "Apenas atores que se assemelham a prostitutas vão para Hollywood fazer filmes. Os grandes atores, os mestres da arte de representar, ficam em Nova Iorque fazendo peças. Bem, o que posso dizer? Eu sou uma prostituta!"

Pablo Aluísio.

As Vidas de Marilyn Monroe - Parte 21

Eram opostos e talvez por isso tenham se apaixonado tanto. Arthur Miller era um intelectual respeitado, autor de textos maravilhosos como “A Morte do Caixeiro Viajante”. Era alto, tinha uma mentalidade de esquerda e gostava de conversar sobre os grandes clássicos da literatura. Havia se casado com sua colega de universidade e tinha filhos pequenos. Marilyn Monroe era a atriz número 1 da América. Uma artista de sucesso que escondia sob uma fachada de glamour e luxo uma pessoa com problemas emocionais graves. A primeira vez que Marilyn encontrou Miller foi em uma festa em Hollywood. Ela obviamente ficou atraída por sua inteligência e postura. De fato Miller se parecia fisicamente com o grande ídolo de Monroe, o Presidente Abraham Lincoln. Sabe-se lá a razão a questão era que Marilyn tinha verdadeira veneração por Lincoln e aonde quer que fosse levava uma foto do famoso presidente para colocar ao lado de sua cama. Provavelmente se identificava com a vida de Abe, pois assim como ela o presidente também tinha tido uma origem muito humilde e só depois, com muito esforço e dedicação pessoal, conseguiu subir na vida.

Lincoln estava morto quase há um século mas Miller estava ali, bem próximo a ela. Fazendo-se de dengosa ela puxou conversa com Miller e ambos sentaram em um sofá na sala de estar. Marilyn queixou-se do sapato apertado que estava usando e Arthur Miller se ofereceu para lhe fazer uma massagem nos pés. Ela ficou tão relaxada e calma com a habilidade de Miller que ali naquele momento, como confidenciou tempos depois, decidiu que queria ficar com o escritor, que iria se casar com ele algum dia. O curioso é que no meio de tantos romances e amores Monroe jamais esqueceu daquela noite. Através de um amigo em comum conseguiu o telefone de Arthur e começou a telefonar para ele com freqüência. Arthur Miller resistiu por pouco tempo. O charme e a sedução de Marilyn haviam funcionado novamente. Para uma pessoa que sempre foi dita como muito equilibrada, Miller pareceu ter perdido o juízo ao se relacionar com a musa. Desfez seu casamento de longa data e se atirou em um romance que apesar dos bons momentos o levaria a situações realmente conflitantes.

O casamento aconteceu com relativa rapidez. Marilyn parecia muito decidida. No começo a atriz tentou se moldar ao modelo que Arthur Miller esperava de uma esposa. Nas primeiras semanas se revelou uma pessoa dedicada a ele, com interesse em suas idéias e forma de pensar. Chegou até mesmo a defender o marido quando ele foi acusado de ser comunista durante a famosa caças ás bruxas do congresso americano. Os meses felizes porém acabaram logo. Após engravidar e perder mais uma vez seu filho, algo que Marilyn desejava muito, ela começou a mostrar sinais de desequilíbrio. Monroe começou a tomar muitas pílulas novamente e o pior, começou a beber em demasia. Arthur Miller presenciou tudo e até tentou endireitar a situação mas ele tinha uma personalidade introspectiva, peculiar a escritores, e não conseguia se impor à Marilyn, que era expansiva e um furacão de mulher.

Não tardou para que Marilyn transformasse o pacato Miller em seu saco de pancadas preferido. Ela o desabonava publicamente, fazia pouco dele, o chamava de chato na frente de estranhos e criava confusão o tempo todo com o temperamento do marido. Miller havia prometido a Marilyn que escreveria o argumento de seu próximo filme mas estava tão esgotado emocionalmente por causa de seu deteriorado relacionamento com a atriz que não encontrava mais inspiração para escrever novos textos. O pior é que após um período de fidelidade (algo raro para Monroe) ela logo voltou aos velhos hábitos traindo o marido com atores, políticos e até mesmo com um conhecido membro da quadrilha do mafioso Sam Giancana. A situação piorou e muito nas filmagens de “Os Desajustados”. Marilyn dava ataques no set de filmagens e humilhava o marido na frente de todos. Numa das brigas mais sérias deixou o marido no meio do deserto, onde o filme estava sendo rodado, o colocando para fora de seu Cadillac. Se não fosse John Huston, o diretor, que retornou para pegar Miller esse certamente seria deixado lá para morrer de sede.

Arthur Miller deu o troco usando Marilyn como inspiração para criar em seu novo texto uma personagem completamente insana, desequilibrada e às portas da loucura. Era um retrato demolidor e nada lisonjeiro da esposa. Certo dia, meio que ao acaso, Marilyn encontrou os manuscritos de Miller e ficou chocada pela forma que era retratada na prosa do marido. Quando esse chegou em casa o tempo fechou completamente. Ambos brigaram e se destruíram psicologicamente. Um acusando o outro pelo fracasso do casamento. Ao contrário de Di Maggio, Arthur Miller jamais pensou em bater em Marilyn. Simplesmente se levantou após a briga, pegou sua mala e seu velho chapéu surrado e foi embora. Era o fim de mais um casamento muito dolorido da vida de Marilyn Monroe. Nos dias seguintes Marilyn afundou no álcool, nas drogas e em uma sucessão de sessões de análise que a deixaram ainda mais confusa. O pior é que ela teria que em breve voltar aos estúdios da Fox para o começo de um novo filme, agora ao lado do cantor e amigo Dean Martin. A tempestade estava próxima e Marilyn se via perdida mais uma vez em sua vida. O que aconteceria daí em diante iria causar muita dor e confusão em sua vida pessoal e profissional mas essa é uma história que contaremos em outra oportunidade.

Pablo Aluísio.

domingo, 13 de março de 2022

Irmão Urso

Título no Brasil: Irmão Urso
Título Original: Brother Bear
Ano de Produção: 2005
País: Estados Unidos
Estúdio: Walt Disney
Direção: Aaron Blaise, Robert Walker
Roteiro: Tab Murphy
Elenco: Joaquin Phoenix, Jeremy Suarez, Rick Moranis

Sinopse:
Um caçador mata um urso. Ele alega acidente, mas para provar de seu próprio erro ele retorna como um urso para aprender as lições de preservação da natureza.

Comentários:
É uma animação tradicional com a marca da Walt Disney. Então os pais não precisam se preocupar nem com o roteiro amigável à família e nem tampouco com a qualidade técnica do desenho. Nem preciso dizer que o padrão de qualidade da Disney sempre foi, desde sua fundação, um dos melhores do mundo (isso, claro, se não for o melhor mesmo!). Para cinéfilos em geral vale a curiosidade de ouvir a voz de Joaquin Phoenix (sim, ele é o narrador da estorinha), naquele que acredito ser seu único trabalho para o público infantil. No mais indico esse "Irmão urso" para as crianças bem pequenas, abaixo dos 7 anos de idade. As lições de ecologia também são muito bem-vindas para os pequeninos.

Pablo Aluísio.

sábado, 12 de março de 2022

Agente das Sombras

Título no Brasil: Agente das Sombras
Título Original: Blacklight
Ano de Produção: 2022
País: Estados Unidos
Estúdio: Zero Gravity Management
Direção: Mark Williams
Roteiro: Nick May, Mark Williams
Elenco: Liam Neeson, Aidan Quinn, Taylor John Smith, Emmy Raver-Lampman, Claire van der Boom, Yael Stone

Sinopse:
Travis Block (Liam Neeson) é um agente especial do FBI especializado em fazer o serviço sujo do Bureau. Sua nova missão passa a ser caçar e neutralizar um ex-agente que decidiu contar tudo o que sabe para uma jovem jornalista investigativa disposta a revelar o lado podre do FBI. Ele deve evitar que isso aconteça, não importe os meios que use.

Comentários:
Esse thriller policial teria sido excelente se o roteiro assumisse o lado mau do personagem interpretado por Liam Neeson. Afinal ele é amigo pessoal do diretor do FBI, um sujeito que praticamente nunca segue a lei. Um corrupto e criminoso convicto! Porém o tal bom mocismo impera, assim o agente de Neeson surge como um cara bonzinho que ama a neta. Cenas pegajosas de pura pieguice estragam um filme que deveria ter sido muito mais visceral. Além disso não existe lógica na construção de um personagem que faz todo tipo de serviço sujo para o FBI e ainda assim se mostra o bonzinho, o bom moço! Outro problema que encontrei na história do filme veio em seu desfecho. O roteiro trabalha na construção de uma organização criminosa dentro do FBI, mas tudo desmancha como cartas em castelo nos dez minutos finais. Apressado e nada crível, o final decepciona. Fiquei passando em como tudo isso renderia uma boa série, afinal FBI versus FBI renderia ótimas ideias.

Pablo Aluísio. 

Diários de Motocicleta

Título no Brasil: Diários de Motocicleta
Título Original: Diarios de motocicleta
Ano de Produção: 2004
País: Argentina, Chile
Estúdio: FilmFour Pictures
Direção: Walter Salles
Roteiro: Jose Rivera
Elenco: Gael García Bernal, Rodrigo de la Serna, Mía Maestro, Mercedes Morán, Jean Pierre Noher, Sofia Bertolotto

Sinopse:
Baseado em fatos reais, o filme conta a história de um jovem Ernesto Guevara que decide fazer uma grande viagem de motocicleta pela América Latina e em sua jornada acaba conhecendo o lado mais desigual da sociedade, com a camada pobre da sociedade sendo colocada à margem. E essa situação reforça e concretiza sua mentalidade socialista e humanista.

Comentários:
Premiado com o Oscar, esse filme é realmente muito bom. Uma visão bem interessante do jovem Che, quando ele ainda não era um revolucionário comunista lutando na Ilha de Cuba. Intelectual, interessado pelos problemas de sua comunidade, prestes a entrar na universidade de medicina, ele decidiu ver com seus próprios olhos a América Latina. isso rendeu um diário que anos depois se tornou um livro premiado, um verdadeiro best-seller. Claro que o filme renova e engrandece o mito em torno de Che Guevara, o que certamente vai irritar quem não possui um viés ideológico de esquerda. Ignore esse aspecto e veja o filme como pura obra de arte cinematográfica. Como puro cinema esse filme é realmente ótimo, sob qualquer ponto de vista.

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 11 de março de 2022

A Dama na Água

Quando surgiu, o cineasta M. Night Shyamalan foi aclamado como uma das maiores novidades do cinema. Seus filmes, na maioria das vezes também roteirizados por ele, logo se tornaram frenesi entre público e crítica. Porém, é inegável reconhecer, que o fôlego do diretor para obras primas do cinema atual não durou muito. Logo foram perdendo o brilho de seus primeiros filmes. Esse "A Dama na Água" já demonstrava claros sinais de desgaste e falta de originalidade. Em linhas gerais o roteiro de M. Night Shyamalan bebia diretamente como fonte das antigas lendas de seres marinhos, de linhagem feminina, que encontravam os homens nas longas viagens pelos sete mares. Pois é, esse roteiro traz como protagonista uma espécie de sereia. Temos aqui claramente uma reciclagem modernosa de lendas antigas...

Só que obviamente o diretor não iria fazer algo tão banal, então ele criou todo um universo para esse estranho ser, muito embora não explique praticamente nada, transformando tudo em um filme de enredo bem vazio e entediante. A história de um zelador que encontra uma estranha mulher nadando na piscina no lugar onde ele trabalha não avança muito. É puro estilo, mas sem conteúdo. Quando chegou nos cinemas (eu assisti em uma sala de cinema em setembro de 2006) ainda havia uma percepção de que o novo filme de M. Night Shyamalan era novamente muito interessante, original e tudo mais. Porém revisto hoje em dia percebemos claramente que tudo não passava de bolhas no ar que logo explodiram, sumindo rapidamente. De certa forma o filme é uma grande farsa, no pior sentido dessa palavra.

A Dama na Água (Lady in the Water, Estados Unidos, 2006) Direção: M. Night Shyamalan / Roteiro: M. Night Shyamalan / Elenco: Paul Giamatti, Bryce Dallas Howard, Jeffrey Wright / Sinopse: Um homem comum, zelador de um condomínio, encontra uma estranha mulher na priscina do lugar onde trabalha. O que ele nem desconfia é que ela não é um ser humano como ele, mas sim uma criatura muito especial.

Pablo Aluísio.