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terça-feira, 21 de maio de 2024

Lua de Mel a Três

Título no Brasil: Lua de Mel a Três
Título Original: Honeymoon in Vegas
Ano de Lançamento: 1992
País: Estados Unidos
Estúdio: Columbia Pictures
Direção: Andrew Bergman
Roteiro: Andrew Bergman
Elenco: Nicolas Cage, Sarah Jessica Parker, James Caan
 
Sinopse:
Detetive particular meio tonto e sem noção vai para Las Vegas para finalmente se casar com sua noiva. Ele pretende cumprir sua palavra pois prometeu que se casaria com ela algum dia. Só que em uma Vegas cheia de imitadores de Elvis, ele acaba se envolvendo em muitos problemas, inclusive com um violento mafioso local. 

Comentários:
Assisti a esse filme ainda nos anos 90 quando ele chegou nas locadoras de vídeo. É uma comédia até bem tolinha, sem maiores pretensões artísticas. E isso é curioso porque naquela época o Nicolas Cage até tinha um certo status de ator cult, só fazendo filmes bem artísticos. De repente ele surgiu nessa comédia romântica meio boboca. Um produto totalmente comercial, bem diferente do que ele vinha apresentando nos cinemas. Para não dizer que foi apenas um filme sem nenhuma importância até que tem lá suas curiosidades. Uma delas, mais estética do que qualquer outra coisa, foi ver o Cage com fantasia de cover de Elvis Presley. Logo ele que alguns anos depois iria se casar com a filha do cantor, Lisa Marie Presley.  Voltas que o destino dá; Fora isso realmente nada demais. Você vai dar algumas risadinhas amarelas e tudo vai ficar por aí mesmo. Enfim, uma bola fora do Cage. 

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 6 de abril de 2023

Queima de Arquivo

Título no Brasil: Queima de Arquivo
Título Original: Eraser
Ano de Lançamento: 1996
País: Estados Unidos
Estúdio: Warner Bros
Direção: Chuck Russell
Roteiro: Tony Puryear, Walon Green
Elenco: Arnold Schwarzenegger, Vanessa Williams, James Caan, James Coburn, James Cromwell, Robert Pastorelli

Sinopse:
Agente federal passa a atuar no serviço de proteção às testemunhas do governo americano. Sua próxima missão é proteger uma testemunha vital em um caso envolvendo tráfico internacional de armas. Só que não vai ser uma tarefa fácil de realizar, pois tudo leva a crer que figurões do poder querem ver essa testemunha morta, em um caso típico de queima de arquivo. 

Comentários:
De modo em geral sempre gostei dos filmes estrelados pelo austríaco Arnold Schwarzenegger. Só que esse filme em particular não me agradou muito na época. Cheguei a assistir no cinema, durante os anos 90, e não achei grande coisa. Tudo me pareceu meio genérico e apesar de aguns bons efeitos visuais como a cena com os crocodilos e o pulo de um helicóptero em queda, nada fugia muito do que habitualmente era produzido no cinema naqueles anos. Talvez uma das poucas coisas acima da média venha do elenco de apoio. O filme resgatou veteranos da história do cinema, como o eterno vilão dos filmes de cowboy do passado James Coburn e a boa atuação de James Caan como um vilão para não esquecer. Fora isso, nada de muito especial. O Arnold parecia mais preocupado com sua carreira política pois ele tinha o sonho de ser governador da Califórnia. Não estava mais tão preocupado com o cinema. Por isso esse filme não é dos melhores de sua filmografia, afinal ele fez filmes bem superiores em sua carreira no passado. 

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 10 de julho de 2020

Louca Obsessão

Título no Brasil: Louca Obsessão
Título Original: Misery
Ano de Produção: 1990
País: Estados Unidos
Estúdio: Castle Rock Entertainment
Direção: Rob Reiner
Roteiro: William Goldman
Elenco: Kathy Bates, James Caan, Lauren Bacall, Richard Farnsworth, Frances Sternhagen, Graham Jarvis

Sinopse:
Baseado em um livro escrito por Stephen King, o filme "Louca Obsessão' conta a história de Annie Wilkes (Kathy Bates). Ela é uma fã obcecada por seu escritor preferido, Paul Sheldon (James Caan). Annie acaba aprisionando o autor em uma cabana remota, fazendo um jogo psicológico mortal com ele nas montanhas.

Comentários:
Grande filme que tive a oportunidade de assistir no cinema, em seu lançamento original. Em minha opinião é uma das melhores adaptações de Stephen King para o cinema. Uma história que caiu como uma luva para esse thriller de suspense e tensão. A Kathy Bates nunca esteve tão bem como aqui. Ela é a dona de casa solitária e com problemas psicológicos que fica obcecada qpelo autor de livros de suspense interpretado por James Caan. Quando surge uma oportunidade ela o rapta, o algema nunca cama e cria um jogo obsessivo com ele, uma mescla de amor e ódio turbinada por uma obsessão doentia. Durante todo o filme temos praticamente apenas os dois em cena. Um verdadeiro tour de force entre esses dois grandes talentos. Quem vence o duelo? O espectador, claro! Kathy Bates acabou sendo premiada pelo Oscar e pelo Globo de Ouro por sua atuação. Algo merecido, digno de aplausos. O filme também deveria ter sido indicado para o prêmio de melhor roteiro adaptado, mas não aconteceu. Para muitos críticos na época o roteiro conseguia ser ainda melhor do que o livro de King. Não duvido nada dessa opinião. E entre as cenas que você nunca mais vai esquecer desse filme lembro do momento em que a personagem de Bates quebra as pernas do escritor interpretado por Caan. Esse momento vai ficar na sua memória por longos anos, pode ter certeza. 

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 6 de abril de 2020

Raízes da Ambição

Através das lentes do diretor Alan J. Pakula, o drama, Raízes da Ambição (Comes a Horseman - 1978) conta a história da fazendeira Ella Connors (Jane Fonda) que em 1945 e com o fim da Segunda Guerra Mundial, tenta a qualquer custo defender suas terras do assédio do fazendeiro e pecuarista, Jacob Ewing, um sujeito pilantra, inescrupuloso e que fará de tudo para comprar todas as terras de Connors como forma de acertar contas com o passado que um dia envolveu os dois fazendeiros.

Sentindo-se muito sozinha e desprotegida diante de Ewing e seus capangas, Connors contrata Frank, um misto de cowboy e vaqueiro que chega à fazenda como seu ajudante. No entanto acabam se envolvendo amorosamente.

O excelente triunvirato dos "jotas" - Jane Fonda, Jason Robards e James Caan, funciona dentro de uma simbiose perfeita, tanto no poder da atração quanto na força e no ódio da repulsa. Fonda, no papel de uma linda e amargurada fazendeira; Robards no papel de um bandidão imoral e Caan como dublê de cowboy e amante. Juntos, em atuações extraordinárias,  pintam uma aquarela árida, dramática e cruel de um filme excelente.

Raízes da Ambição (Comes a Horseman, Estados Unidos, 1978) Direção: Alan J. Pakula / Roteiro:  Dennis Lynton Clark / Elenco: James Caan, Jane Fonda, Jason Robards, George Grizzard, Richard Farnsworth / Estúdio: United Artists / Sinopse: Ella Connors é uma mulher solteira que é pressionada a vender sua fazenda de gado falida. Filme indicado ao Oscar na categoria de Melhor Ator Coadjuvante (Richard Farnsworth).

Telmo Vilela.

quarta-feira, 25 de março de 2020

A Dama Enjaulada

Excelente filme! Curiosamente nunca havia assistido antes. É um thriller de suspense, de natureza criminal, que deixa o espectador ligado nos acontecimentos. E tudo se passa na casa da senhora Cornelia Hilyard (Olivia de Havilland). Ela mora com seu filho em seu belo casarão ao velho estilo. Um dia esse decide viajar, a deixando sozinha. Ela tem problemas de locomoção, por causa de uma cirurgia. Para ir ao andar de cima de seu casarão ela precisa usar um pequeno elevador doméstico, muito popular nos anos 60, nos Estados Unidos. E para seu completo azar o elevador subitamente para, no meio da subida, por causa de falta de energia. E ela fica presa, literalmente enjaulada, precisando de socorro pois não pode ficar ali naquela situação já que é uma mulher idosa.

Quem acaba escutando o sinal de socorro é um vagabundo de rua. Um sujeito alcoólatra que entra na casa, não para salvar a senhora de sua situação, mas sim para roubar objetos de dentro da casa. Ele acaba pedindo ajuda a uma velha prostituta para roubar ainda mais coisas. A movimentação porém acaba chamando a atenção de um grupo de jovens criminosos, dementes, que também resolvem entrar na casa para roubar tudo e implantar o terror não apenas na senhora, mas também no outro casal que estava ali para roubar. Esses jovens delinquentes são liderados por um rapaz desequilibrado chamado Randall Simpson O'Connell (James Caan). Ele viveu toda a sua vida em reformatórios, é um desajustado violento e está disposto a matar todas as pessoas que estão na casa, para não deixar testemunhas para trás.

Como se pode perceber esse "A Dama Enjaulado" é um filme de extremos. Há um crime em andamento, um senhora da sociedade indefesa, e todos os tipos de personagens criminosos sórdidos. O destaque vai para o ator James Caan, ainda bem jovem, mas muito talentoso. Seu papel é a de um criminoso asqueroso, demente, que decide tocar o terror dentro daquela casa invadida. Ele é acompanhado por uma jovem loira, claramente doente mental e seu pequeno ajudante, um adolescente perverso e insano. O quadro geral é desolador. Fico imaginando um roteiro excelente desses nas mãos de um Alfred Hitchcock, mesmo sabendo que o diretor Walter Grauman tenha feito um ótimo trabalho aqui. Enfim, se você aprecia filmes criminais com altas doses de suspense psicológico, esse "A Dama Enjaulada" é uma opção imperdível.

A Dama Enjaulada (Lady in a Cage, Estados Unidos, 1964) Estúdio: Paramount Pictures / Direção: Walter Grauman / Roteiro: Luther Davis / Elenco: Olivia de Havilland, James Caan, Jeff Corey, Jennifer Billingsley, Ann Sothern / Sinopse: Cornelia Hilyard (Olivia de Havilland) é uma dama da sociedade que vê sua casa sendo invadida por um grupo de criminosos. Presa no elevador doméstico de seu casarão ele nada pode fazer para impedir os roubos, a não ser torcer para que saia viva daquela situação aflitiva e desesperadora.

Pablo Aluísio. 

sábado, 21 de julho de 2018

El Dorado

Um grande clássico do western. Há uma informação muito difundida afirmando que na realidade "El Dorado" seria apenas o remake de "Onde Começa o Inferno". Realmente ambos os filmes são muito parecidos, com premissas praticamente iguais, mas chamar um de simples refilmagem do outro é um erro. O diretor é o mesmo, o grande Howard Hawks, mas há mudanças nele - também não tantas a ponto de torná-los totalmente diversos. De certa forma "El Dorado" é uma releitura do filme anterior. O cineasta Howard Hawks tinha uma verdadeira fascinação pelo enredo e por isso estava sempre em busca de uma forma melhor de contar a mesma estória. Assim sete anos depois do filme original lá estava ele de novo ao set de filmagens, porem não para realizar uma mera refilmagem mas sim para produzir uma nova versão, com mudanças pontuais. Talvez por ter sido um "prato requentado" muitos puristas tenham torcido o nariz para "El Dorado". Eu discordo e considero o filme muito bom, acima da média do gênero western. Além disso, como ignorar o fato de que somos presenteados com dois excelentes atores em cena, John Wayne e Robert Mitchum?

Devo inclusive dizer que pessoalmente prefiro o elenco de "El Dorado" ao de "Onde Começa o Inferno". Se lá tínhamos o trio John Wayne, Dean Martin e Ricky Nelson, aqui temos um elenco muito mais eficiente formado por Wayne, Robert Mitchum (sempre ótimo, principalmente interpretando anti-heróis no limite) e James Caan (bem jovem prestes a despontar como grande ator). Todos estão entrosados e bem à vontade em seus papéis. John Wayne, já sessentão, começa a incorporar o papel que iria repetir nos anos que viriam: a do velho pistoleiro, já com idade avançada, meio cansado de tudo e todos tendo que lidar na velhice com sua fama de rápido no gatilho, o que invariavelmente lhe trazia vários transtornos com aspirantes à fama que ousassem lhe desafiar. John Wayne inclusive não perdeu a chance de até mesmo zombar de sua idade, andando de muletas, cansado e disposto a levar à frente seu código de ética do velho oeste. Robert Mitchum por sua vez não precisava de muita coisa para interpretar um velho xerife bêbado, pois em sua carreira fez muitos personagens semelhantes a esse. Era um mestre nesse tipo de papel. "El Dorado" merece seu lugar no panteão dos grandes filmes de faroeste pois desde a direção, interpretações, até o roteiro muito bem escrito, a produção é certamente um excelente representante do gênero em sua época de ouro. Talvez por ser tão bom, sempre é lembrado em listas dos melhores faroestes de todos os tempos, posição aliás que sempre cosniderei mais do que merecida.

El Dorado (El Dorado, EUA, 1966) / Direção: Howard Hawks / Roteiro: Harry Brown e Leigh Brackett / Elenco: John Wayne, Robert Mitchum, James Caan / Sinopse: Um implacável pistoleiro se une a um antigo amigo, um beberrão que atualmente trabalha como xerife em El Dorado para ajudar um rancheiro e sua família a se defenderem de violentos membros de um rancho vizinho.

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 3 de março de 2017

Mickey Olhos Azuis

Título no Brasil: Mickey Olhos Azuis
Título Original: Mickey Blue Eyes
Ano de Produção: 1999
País: Estados Unidos, Inglaterra
Estúdio: Castle Rock Entertainment
Direção: Kelly Makin
Roteiro: Adam Scheinman, Robert Kuhn
Elenco: Hugh Grant, James Caan, Jeanne Tripplehorn, Burt Young, James Fox, Gerry Becker
  
Sinopse:
Michael Felgate (Hugh Grant) é um pacato funcionário de uma loja de leilões que vê seu mundo ficar de ponta cabeça após se apaixonar por Gina Vitale (Jeanne Tripplehorn), a filha de um chefão da máfia italiana chamado Frank Vitale (James Caan). Agora ele terá que lidar com a delicada situação, lutando por aquela que ele pensa ser o amor de sua vida.

Comentários:
Comédia simpática que brinca com o mundo da máfia italiana. Obviamente o roteiro foi escrito especialmente para ser estrelado por Hugh Grant. Ao longo da carreira ele se especializou em interpretar ingleses tímidos e sofisticados que eram colocados em situações embaraçosas, constrangedoras. O roteiro desse filme segue essa mesma fórmula. De um lado o estilo mais refinado de Grant, aqui como um leiloeiro bem educado, que só lida em seu dia a dia com pessoas extremamente educadas e elegantes, do outro o modo de ser rude e muitas vezes violento do mafioso Frank Vitale (James Caan), um sujeito cujo caráter foi firmado nas ruas, na violência do cotidiano de uma grande cidade americana infestada de gangsters por todos os becos. E o filme é basicamente isso. Diverte e tem cenas até bem engraçadas, como a do restaurante chinês. Especialmente indicado para o fã clube de Hugh Grant, que hoje em dia anda bem sumido das telas de cinema (pois sua última aparição digna de nota foi em "O Agente da U.N.C.L.E.").

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 2 de novembro de 2015

Uma Ponte Longe Demais

Já faz algum tempo que estou procurando rever antigos filmes que assisti no passado. Acontece que depois de muitos anos você acaba esquecendo de praticamente todo o filme, ficando na memória apenas alguns trechos ou cenas mais importantes. Esse "Uma Ponte Longe Demais" eu assisti pela primeira vez ainda em vídeo durante a década de 1980. Ainda me recordo que se tratava de uma fita dupla, cujo a locação era praticamente o dobro do valor normal, mas que valia o sacrifício. Claro que já era hora de conferir novamente. Quando escolhi rever o filme nesse domingo à noite as únicas recordações que vinham em minha mente era de que se tratava de um dos mais clássicos filmes de guerra da história mais recente de Hollywood (produzido em 1977), que o elenco era realmente maravilhoso e que a fita tinha uma duração bem longa - quase três horas de filme no total! Mesmo assim tomei fôlego e resolvi rever. O roteiro explora curiosamente uma operação aliada durante a II Guerra Mundial que não deu muito certo. Foi a Operação Market Garden. Idealizada pelo general inglês Bernard Montgomery ela visava levar tropas para além das linhas inimigas, uma maneira de cercar as forças nazistas que estavam em movimento de retirada da França após a invasão da Normandia.

Assim foi idealizada e colocada em prática uma operação realmente gigantesca. Só para se ter uma ideia contou com milhares de aviões de guerra (inclusive planadores) e mais de 40 mil homens divididos em quatro divisões de infantaria e blindados do exército aliado. Tropas de para-quedistas foram enviadas para a retaguarda das tropas alemãs, com o objetivo de capturar pontes vitais na movimentação e abastecimento dessas tropas. Cercar para aniquliar. Asfixiar os recursos dos alemães. O plano realmente parecia muito bom, pena que uma série de imprevistos quase fez tudo se tornar em vão. As comunicações entraram em pane, evitando que o comando se comunicasse com os homens no front, o clima só atrapalhou e como se isso tudo não fosse o bastante os soldados americanos e ingleses ficaram sem comida, medicamentos e munição. Historicamente muito fiel aos acontecimentos reais, o diretor Richard Attenborough (o mesmo cineasta que dirigiu os filmes "Gandhi", "Um Grito de Liberdade" e "Chaplin") resolveu filmar um roteiro mais extenso que tenta acompanhar todos os três grandes grupos de combatentes que participaram dessa batalha. Essa tomada de decisão pode até ter deixado o filme um pouco prolixo e até mesmo confuso em certos momentos, mas nada disso acabou atrapalhando a qualidade final pois ainda considero um filme de guerra dos mais competentes.

Em termos de elenco temos uma verdadeira constelação de astros. O interessante é que dentro da estrutura do roteiro nenhum desses personagens podem ser apontados como os únicos protagonistas. Como se tratou de uma ação coletiva, que envolveu inúmeros oficiais e soldados no campo de batalha, o texto do filme também procurou privilegiar esse aspecto, sem colocar ninguém em destaque. Em uma visão mais crítica teríamos na verdade um roteiro ao estilo mosaico com uma multidão de coadjuvantes - embora todos eles sejam ao mesmo tempo também bem vitais dentro da história. Sean Connery, por exemplo, interpreta o Major General Urquhart, um veterano que acima de tudo teme pelo destino de seus homens. Com a experiência do campo de batalha ele logo percebe que aquele plano de invasão tinha realmente poucas chances de dar certo. Outro ator que pouco se destaca no elenco, apesar de ser um dos grandes astros da época, é Robert Redford. Ele leva mais de duas horas para finalmente surgir em cena. Seu personagem é designado para realizar uma missão fluvial das mais improváveis: atravessar um rio sob fogo pesado da artilharia alemã. Depois de concluída a missão ele desaparece sem maiores explicações.

Com um elenco tão bom e cheio de astros só achei equivocada a escalação de Ryan O'Neal no papel do Brigadeiro General Gavin. Ele era muito jovem para o papel, o que fez com que diversas cenas soassem estranhas e fora de nexo, principalmente quando encontrava oficiais bem mais velhos do que ele, verdadeiros veteranos, lhe pedindo conselhos de como agir no campo de batalha. Ryan com aquela cara de garoto (ele ainda era bem novo quando o filme foi realizado) não convence em nenhum momento. Bem melhor se sai o sempre ótimo Gene Hackman. Ele interpreta um oficial polaco que sofre uma série de preconceitos por causa de suas origens. Tudo levaria a crer que ele roubaria o filme quando entrasse em ação, porém ocorre um anticlímax quando os comandantes da operação resolvem deixá-lo fora de ação por quase todo o filme. Então é isso. Um filme improvável em minha opinião já que mostra um momento em que pouca coisa parecia dar certo para as forças aliadas que lutavam contra o III Reich. É até de surpreender que Hollywood tenha se interessado por essa história de fracasso militar de americanos e ingleses durante a II Guerra Mundial. O filme, por outro lado, deu mais do que certo. Um ótimo programa certamente.

Pablo Aluísio.

sábado, 25 de julho de 2015

Jardins de Pedra

Depois do fim da Guerra do Vietnã os americanos procuraram exorcizar os traumas desse que foi seguramente o conflito mais desastroso de sua história recente. Assim o cinema acabou cumprindo de certa maneira essa função, usando a obra cinematográfica como terapia coletiva do desastre daquela nação. Muitos filmes foram realizados tendo como tema central o Vietnã, principalmente na década de 1980, período em que as melhores produções sobre o assunto foram realizadas. Em "Jardins de Pedra" o aclamado diretor Francis Ford Coppola procurou mudar o ponto de vista, o foco sobre o tema. Ao invés de mostrar o drama dos militares americanos no meio das selvas do sudeste asiático ele optou por mostrar o outro lado da guerra, a dos corpos de jovens americanos sendo enviados de volta para casa, para serem sepultados em cemitérios militares, com toda a pompa e cerimônia a que tinham direito. Esse é o enfoque desse roteiro que sempre considerei um dos mais criativos e reveladores sobre o conflito que ceifou muitas vidas, todas elas em vão, lamento dizer. Coppola, com muita sensibilidade, captou muito bem esse aspecto pouco visto e pouco lembrado de uma matança em grande escala como aquela.

Assim desfilam pela tela todos os dramas das famílias, dos entes queridos e também dos encarregados desses enterros. Afinal  imagine ter que trabalhar eternamente em luto, enterrando dezenas de seus companheiros de armas todos os dias, sem trégua ou descanso. É um excelente filme, mas não ousaria dizer que é uma obra fácil, para todos os gostos. Talvez por isso tenha fracassado comercialmente em seu lançamento. Para o público americano já era complicado lidar com a derrota americana no Vietnã, agora entenda como era bem pior ter que assistir o enterro dos seus soldados. É de fato um filme para um tipo de espectador mais refinado, específico. Sua grande lição é a de que em uma guerra estatísticas não podem ser encaradas como mera matemática, mas sim com humanidade, pois todos aqueles números representam na verdade pessoas que perderam suas vidas em combate.  

Jardins de Pedra (Gardens of Stone, Estados Unidos, 1987) Direção: Francis Ford Coppola / Roteiro: Nicholas Proffitt, Ronald Bass / Elenco: James Caan, Anjelica Huston, James Earl Jones, Dean Stockwell, Mary Stuart Masterson / Sinopse: O filme "Jardins de Pedra" conta a dura realidade de um grupo de militares norte-americanos durante a guerra do Vietnã. Eles tinham a função de enterrar os colegas mortos no campo de batalha.

Pablo Aluísio.

domingo, 14 de junho de 2015

Para Eles, com Muito Amor

Durante a II Guerra Mundial muitos artistas americanos entraram para o esforço de guerra se apresentando para as tropas que estavam lutando na Europa e na frente do Pacífico. Inclusive muitos astros de Hollywood como James Stewart e Clark Gable atenderam o chamado da pátria e foram para a Europa lutar contra o nazismo. Esse filme conta a história da cantora Dixie Leonhard (Bette Midler). Durante a guerra ela viajou para muitas nações em conflito justamente para levantar a moral dos homens que lutavam no exterior. Nesse processo ela também procurava de algum modo levar sua vida em frente, com paixões, decepções e relacionamentos. Não era algo fácil já que os próprios artistas também corriam riscos. Agora imagine fazer arte em um ambiente assim.

O filme em si tem uma proposta muito boa e é bem realizado. Grande parte se sustenta por causa do talento da cantora e atriz Bette Midler, que se sai bem tanto nas cenas de números musicais como nos momentos mais dramáticos do roteiro. Esse esforço acabou lhe valendo uma preciosa indicação ao Oscar de Melhor Atriz. Pelo esforço e pelo trabalho que ela desenvolveu, vemos que foi mais do que merecido. Enfim, um bom resgate do trabalho de centenas de artistas que foram para o front de guerra lutar não com armas, mas com sua própria arte!

Para Eles com Muito Amor (For the Boys, Estados Unidos, 1991) Direção: Mark Rydell / Roteiro: Neal Jimenez, Lindy Laub / Elenco: Bette Midler, James Caan, George Segal / Sinopse: O filme conta a história de uma cantora que se junta ao esforço de guerra durante a II Guerra Mundial. Filme vencedor do Globo de Ouro na categoria de Melhor Atriz - Comédia ou Musical (Bette Midler). Também indicado ao Chicago Film Critics Association Awards na mesma categoria.

Pablo Aluísio.

domingo, 31 de maio de 2015

Dick Tracy

O personagem é um dos mais clássicos do mundo dos quadrinhos. Criado pelo desenhista Chester Gould em 1931 para ser publicado em jornais, em tirinhas seriadas, o detetive logo virou um ícone entre a garotada. Esse personagem acabou também sendo um dos mais influentes da história, basta lembrar de suas bugigangas eletrônicas e tramas para salvar o mundo, algo que anos depois iria inspirar até mesmo o escritor Ian Fleming na criação de seu famoso James Bond. Durante décadas se cogitou uma adaptação das aventuras de Dick Tracy para o cinema, mas muitos produtores consideraram que seria extremamente caro a realização de um filme como esse. Além do mais naquela altura o personagem já não era mais tão conhecido e querido pelo público jovem (muitos até desconheciam sua existência). O quadro mudou quando o ator Warren Beatty adquiriu os direitos de Dick Tracy no final da década de 1980. Usando de seu prestígio pessoal ele conseguiu levantar o financiamento necessário para a produção do filme com um grande estúdio de Hollywood. Além disso usando de sua rede de amigos na indústria conseguiu trazer para o elenco grandes nomes como Al Pacino para interpretar o vilão Big Boy Caprice e Dustin Hoffman como o esquisito Mumbles. Com tudo pronto Warren, que tinha interesse apenas em atuar, foi atrás de Steven Spielberg para dirigir a produção, mas esse, alegando estar com agenda cheia, declinou do convite. Para não perder milhões de dólares em investimento e nem o controle sobre o projeto que ele tanto adorava, o próprio Warren Beatty resolveu dirigir o filme, algo que ele só tinha feito duas vezes na carreira antes, com "O Céu Pode Esperar" em 1978 e "Reds" três anos depois.

Um dos movimentos mais corajosos de Warren Beatty foi optar por escolher a estética dos quadrinhos, dando um tom naturalmente cartunesco ao seu universo. Tudo muito puro e até inocente. Nada de tentar trazer Dick Tracy para o mundo atual e nem lhe dar uma estética realista (como tem acontecido ultimamente em adaptações de quadrinhos no cinema). Sua coragem em realizar um filme que se parecesse completamente com o mundo dos quadrinhos, inclusive com o elenco usando forte maquiagem, se mostrou bem certeira. Na verdade o que ele quis mesmo foi resgatar o detetive de seus tempos de infância. E para quem achava que ele não estava apostando alto o próprio Warren resolveu escalar sua namorada na época, ninguém menos do que a cantora popstar Madonna, para ser uma coadjuvante de luxo na pele da sensual e perigosa Breathless Mahoney. O resultado de tudo é certamente uma das mais criativas transições do universo comics para a sétima arte. Tudo muito colorido, excessivo até, mas com um belo sabor de nostalgia. O filme foi sucesso de público e crítica e agradou tanto ao próprio diretor que ele resolveu deixá-lo sem continuações, mesmo com a boa bilheteria arrecadada. Para Beatty foi uma maneira de preservar essa pequena obra prima que lhe trouxe tanto orgulho pessoal e artístico.

Dick Tracy (Dick Tracy, Estados Unidos, 1990) Direção: Warren Beatty / Roteiro: Warren Beatty, Jim Cash, baseados nos personagens criados por Chester Gould / Elenco: Warren Beatty, Madonna, Al Pacino, Dustin Hoffman, Charles Durning, Kathy Bates, Henry Silva, James Caan. / Sinopse: Na década de 1930, em uma cidade infestada de gangsters e criminosos de todos os tipos, o detetive Dick Tracy (Warren Beatty) precisa deter o infame vilão Big Boy Caprice (Al Pacino) de colocar em prática um ardiloso plano de dominação. Filme vencedor do Oscar nas categorias de Melhor Direção de Arte, Melhor Maquiagem e Melhor Música Original - "Sooner or Later (I Always Get My Man)" de Stephen Sondheim. Também indicado nas categorias de Melhor Ator Coadjuvante (Al Pacino), Fotografia, Figurinos e Som. Indicado ao Globo de Ouro nas categorias de Melhor Filme - Comédia ou Musical e Melhor Ator Coadjuvante (Al Pacino).

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 21 de janeiro de 2015

Um Duende em Nova York

Título no Brasil: Um Duende em Nova York
Título Original: Elf
Ano de Produção: 2003
País: Estadps Unidos
Estúdio: New Line Cinema
Direção: Jon Favreau
Roteiro: David Berenbaum
Elenco: Will Ferrell, James Caan, Bob Newhart

Sinopse:
Durante toda a vida Buddy (Ferrell) pensou ser um Elfo do Papai Noel que morava no pólo norte. Só que ele não é! Sim, ele é um ser humano. Decepcionado e surpreso ele decide ir para Nova Iorque para entender o que seria ser de verdade um homem comum.

Comentários:
Uma coisa é certa: americano gosta de uma breguice de natal como poucos povos no mundo. Essa comédia que mistura fantasia e ícones da época natalina é um subproduto dessa visão um tanto quanto boba dos americanos dessas festas de fim de ano. Ao meu ver pouca coisa se salva. A produção é boa, bem feita, não me entenda mal, mas o resultado é de doer de boboca. Eu até hoje não consegui ver graça no trabalho de Will Ferrell; Acho ele um chato sem salvação, mas tem quem goste. Ele tem público. Só lamento um ator gabaritado como James Caan fazer parte dessa presepada. Ou ele estava precisando de grana ou fazendo para passar os filmes para os netinhos. Das duas uma.

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 5 de dezembro de 2014

Ruas de Violência

Título no Brasil: Ruas de Violência
Título Original: Thief
Ano de Produção: 1981
País: Estados Unidos
Estúdio: MGM
Direção: Michael Mann
Roteiro: Frank Hohimer, Michael Mann
Elenco: James Caan, Tuesday Weld, Willie Nelson

Sinopse:
Ladrão profissional, especializado em roubos de diamantes, pretende realizar o grande assalto de sua vida, tudo com o objetivo de deixar sua família numa posição tranquila caso algo lhe aconteça. Seus planos porém passarão por uma reviravolta inesperada após ele decidir se aliar a um gângster de Nova Iorque. Filme indicado à Palma de Ouro em Cannes.

Comentários:
Belo filme policial que anda pouco lembrado nos dias de hoje. O roteiro se apóia na ótima presença do ator James Caan, aqui ainda colhendo os frutos da popularidade alcançada por seu personagem Sonny Corleone na saga "O Poderoso Chefão". Interessante salientar que a produção também é conhecida no Brasil como "Profissão: Ladrão", sendo que o título "Ruas de Violência" veio depois, em sua exibição na TV brasileira. A produção é um pouco modesta, fruto da época, mas conta com um roteiro bem orquestrado, que dá preferência para os momentos de tensão em detrimento da pura ação. Isso levou alguns críticos a reclamarem, afirmando que faltava maior ritmo dentro do desenvolvimento da trama. Bobagem, penso completamente o oposto, pois o desenrolar mais gradual abre margens para um melhor desenvolvimento dos personagens. Michael Mann ainda estava dando seus primeiros passos como diretor quando realizou esse filme. Anos depois faria seus melhores trabalhos, como por exemplo "O Último dos Moicanos", "Fogo Contra Fogo" e "O Informante". Assim esse filme serve sobretudo para conhecer seu trabalho no começo da carreira. 

Pablo Aluísio.

sábado, 22 de novembro de 2014

Profissão: Ladrão


Título no Brasil: Profissão: Ladrão
Título Original: Thief
Ano de Produção: 1981
País: Estados Unidos
Estúdio: United Artists
Direção: Michael Mann
Roteiro: Frank Hohimer, Michael Mann
Elenco: James Caan, Tuesday Weld, Willie Nelson, James Belushi 

Sinopse:
Frank (James Caan) é um talentoso arrombador de cofres que deseja parar com a vida criminosa. A máfia de Nova Iorque porém precisa que ele faça um último trabalho, algo que dará origem a uma complexa rede de traições, violência e acerto de contas. Filme indicado à Palma de Ouro em Cannes.

Comentários:
Essa fita foi produzida pelo próprio ator James Caan. O roteiro foi oferecido pelo veterano cineasta Michael Mann e como nenhum grande estúdio de Hollywood queria bancar o projeto, Caan resolveu que ele próprio iria financiar o filme. Foi uma decisão mais do que acertada pois ao lado de Mann ele acabaria realizando uma verdadeira obra prima. Embora tenha sido produzido na década de 1980, "Thief" herdou toda a estética realista e barra pesada da década anterior e isso é um mérito e tanto para o filme, isso porque nos anos 1970 nós tivemos alguns dos melhores filmes policiais já realizados. Além disso o ator que se notabilizou interpretando um membro de uma família mafiosa Corleone em "O Poderoso Chefão" ficou perfeitamente à vontade em seu papel. O roteiro (baseado na novela escrita por Frank Hohimer) consegue mesclar ação e violência com uma excelente trama de fundo psicológico. Obra prima que infelizmente anda bem esquecida.

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 16 de abril de 2014

Raízes da Ambição

Título no Brasil: Raízes da Ambição
Título Original: Comes a Horseman
Ano de Produção: 1978
País: Estados Unidos
Estúdio: Columbia Pictures
Direção: Alan J. Pakula
Roteiro: Dennis Lynton Clark
Elenco: James Caan, Jane Fonda, Jason Robards, George Grizzard,  Mark Harmon

Sinopse:
Na década de 40 uma jovem fazendeira, Ella (Jane Fonda), tenta se defender de fazendeiros inescrupulosos que tencionam tomar suas terras. Como proteção contrata um cowboy (James Caan) que acaba conquistando seu coração.

Comentários:
Através das lentes do diretor Alan J. Pakula, o drama, Raízes da Ambição (Comes a Horseman - 1978) conta a história da fazendeira Ella Connors (Jane Fonda) que em 1945, com o fim da Segunda Guerra Mundial, tenta a qualquer custo defender suas terras do assédio do fazendeiro e pecuarista, Jacob Ewing (Jason Robards). Um sujeito pilantra e inescrupuloso que fará de tudo comprar todas as terras de Connors como forma de acertar contas com o passado que um dia envolveu os dois fazendeiros. Sentindo-se muito sozinha e desprotegida diante de Ewing e seus capangas, Connors contrata Frank (James Caan) um misto de cowboy e vaqueiro que chega à fazenda como seu ajudante. No entanto acabam se envolvendo amorosamente. O excelente triunvirato dos "jotas" - Jane Fonda, Jason Robards e James Caan, funciona dentro de uma simbiose praticamente perfeita. Tanto no poder da atração quanto na força e no ódio da repulsa. Fonda, no papel de uma linda e amargurada fazendeira. Robards no papel de um bandidão imoral e Caan como dublê de cowboy e amante. Juntos, os três, em atuações extraordinárias, pintam uma aquarela ressequida, árida, dramática e cruel de um ótimo filme.

Telmo Vilela Jr.

segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014

Assassinos de Elite

Título no Brasil: Assassinos de Elite 
Título Original: The Killer Elite
Ano de Produção: 1975
País: Estados Unidos
Estúdio: United Artists
Direção: Sam Peckinpah
Roteiro: Marc Norman e Stirling Silliphant, baseados no livro "Monkey in the Middle" de Robert Rostand
Elenco: James Caan, Robert Duvall, Arthur Hill

Sinopse: 
Mike Locken (James Caan) e George Hansen (Robert Duvall) são assassinos profissionais. Eles prestam "serviços" para uma organização clandestina que faz o trabalho sujo para a CIA quando essa não pode agir dentro da legalidade. Obviamente que são profissionais frios e calculistas, que eliminam seus alvos sem qualquer tipo de remorso ou envolvimento. Nada pessoal. As coisas porém fogem do controle quando Mike descobre que ele próprio virou o alvo de seu colega Hansen! Agora ele terá que se manter vivo de todas as formas enquanto começa a também caçar seu algoz! Dois assassinos de elite que estão prontos para se enfrentarem nesse verdadeiro jogo de vida ou morte!

Comentários:
Um filme de Sam Peckinpah bem controverso. Assim podemos definir essa fita de ação dos anos 70, "Assassinos de Elite". Na época o prestígio do diretor conseguiu trazer para o filme dois atores que estavam na crista da onda, James Caan e Robert Duvall. Peckinpah queria fazer uma película que se tornasse a definitiva sobre assassinos profissionais mas com problemas pessoais (ele estava lutando contra um pesado vício em drogas) as coisas não saíram tão bem. Na verdade notamos uma clara hesitação na direção, resultando em um filme confuso, longo demais e que nunca se decide em ser uma produção de pura ação ou algo a mais. Para muitos críticos há excessos de diálogos, alguns que nada acrescentam em uma obra que tinha a proposta de ser rápida e eficaz. Também tive a nítida sensação de que Sam Peckinpah perdeu o controle sobre o corte final da edição definitiva. A edição não é bem realizada e a trama apresenta furos de lógica. Mesmo com esses problemas pontuais o filme consegue superar tudo, apostando num ótimo entrosamento do elenco e em sequências bem realizadas de violência estilizada - a marca registrada do diretor. Definitivamente não é dos melhores trabalhos de Peckinpah mas vale como registro de um dos momentos mais complicados de sua vida, mostrando que mesmo quando estava no fundo do poço ainda conseguia realizar bom cinema.

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 5 de outubro de 2012

Dogville

O mundo é hostil. Essa é a mensagem que permeia todo o enredo de Dogville, um dos filmes mais instigantes e inovadores do cinema moderno. Assinado por Lars Von Trier o argumento é uma crônica sobre a maldade e a hipocrisia humanas. Usando como microcosmo uma pequena cidade do oeste americano vamos acompanhando as atrocidades e explorações cometidas contra Grace Margaret Mulligan (Nicole Kidman), uma forasteira que chega nessa localidade e descobre, da pior maneira possível, como a humanidade é hipócrita, sórdida, imunda. Todos os moradores cultivam externamente uma postura de bondade, de ética, de moralidade. Por baixo das convenções sociais porém existe um mar de ódios, sentimentos mesquinhos, invejas, desejos baixos, mostrando a verdadeira face da corja local. Lars aqui usa esse grupo populacional para expor toda a sociedade humana. Através do micro ele tenta mostrar ao espectador o macro, o cerne da hipocrisia humana elevada à nona potência. O diretor sempre procurou em seus filmes expor teses, defender argumentos. O seu ponto de vista aqui é muito simples de entender. O que Lars propõe é simplesmente expor as vísceras do mundo em que vivemos. A lição básica é: que não se deve confiar em ninguém pois o mundo na verdade é sim muito hostil.

Além do tema central Lars também inova na própria maneira de se realizar um filme. A linguagem utilizada é totalmente inovadora e singular. A produção não tem cenários, nem portas, nem ambientes. Toda a pequena cidade do Colorado no qual se passa a estória de Dogville simplesmente não existe. Apenas marcas no chão mostram os limites entre as casas, as ruas e os logradouros públicos. A idéia é certamente genial mas pegou muita gente de surpresa no lançamento do filme. Os mais desavisados com o cinema transgressor de Lars ficaram inicialmente um pouco perdidos diante de tudo aquilo mas logo se ambientaram, até porque o texto de Dogville é tão substancial, tão bem escrito que tudo o mais se torna meramente secundário. Para que portas e janelas se o próprio argumento do filme já é tão maravilhoso? O elenco está genial. Como sempre Lars extraiu tudo o que podia de seus atores. Para Nicole Kidman as filmagens se transformaram em uma experiência visceral que ela até hoje não consegue esquecer. O resultado de tanto preciosismo surge na tela. Não resta a menor dúvida que essa foi a maior atuação de sua carreira. Kidman se entrega de corpo e alma à sua personagem e não me admira que tenha saído das filmagens com os nervos em frangalhos! Dogville é uma experiência tão marcante que não deixou ninguém ileso  O espectador também não ficará imune ao que se passa em cena. Por isso realço o convite, se ainda não viu Dogville não perca mais tempo. Esse é um filme realmente essencial. Uma obra prima do gênio Lars Von Trier. No final da exibição, quando as luzes se acenderem e você voltar à realidade certamente concordará com a mensagem do cineasta. Sim, o mundo é hostil.

Dogville ((Dogville, Suécia / Estados Unidos, 2003) Direção:: Lars von Trier / Roteiro: Lars Von Trier / Elenco: Nicole Kidman, Harriet Andersson, Lauren Bacall, James Caan, Jean-Marc Barr./ Sinopse: Durante a grande depressão da década de 1930 a jovem Grace (Nicole Kidman) chega num pequeno vilarejo no interior dos EUA. No começo é muito bem acolhida pelos moradores mas em pouco tempo começa a ser explorada em um processo de degradação de sua condição. O que poucos sabem é que Gracie está sendo procurada, tanto por um grupo de gangsters como pela polícia da região.

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 15 de março de 2012

O Poderoso Chefão

Nesse ano "O Poderoso Chefão" completa 40 anos. Um dos grandes clássicos da história do cinema americano o filme segue inspirando cineastas e conquistando novas gerações. Baseado na obra imortal do escritor Mario Puzo o filme resistiu muito bem ao tempo mesmo revendo nos dias atuais sob uma ótica mais contemporânea. E pensar que o projeto quase foi arquivado pela Paramount por achá-lo fora de moda e sem chances de trazer grande retorno de bilheteria. Apenas a persistência pessoal do produtor Robert Evans salvou o filme, pois insistiu muito na idéia de trazer do papel para a tela a saga da família Corleone. Até a escalação do elenco gerou brigas internas dentro do estúdio. A simples menção do nome de Marlon Brando já causava arrepios na direção da Paramount. O ator era considerado naquele momento um astro decadente que havia arruinado sua carreira com brigas e confusões nos sets de filmagens pelos quais passou. Além de seu temperamento imprevisível Brando já não era mais visto como sinônimo de bilheteria há muito tempo pois suas últimas produções tinham se tornado grandes fracassos de público e crítica. 

A Paramount definitivamente não queria nem ouvir falar no nome do ator. Foi Evans que comprou a briga e apostou em Brando novamente. Ele inclusive teve que se passar por uma verdadeira humilhação para um nome de seu porte: fazer um teste de câmera para o papel, algo só destinado para novatos e inexperientes atores em começo de carreira. Como estava desesperado para voltar ao primeiro time Brando topou a situação, encheu as bochechas de algodão e mostrou sua visão pessoal de Vito Corleone para os chefões do estúdio. O resultado veio logo após quando todos ficaram maravilhados com o resultado. Certamente não havia mais dúvida e Brando foi contratado. Visto hoje em dia o filme se mostra muito atual e resistente ao tempo. Um de seus trunfos vem justamente da brilhante interpretação de Brando. Como conta em seu livro o ator não interpretou Corleone como um facínora e criminoso mas apenas como um pai de família que fez o que tinha que ser feito para proteger seus filhos. Brando inclusive chega a afirmar que Corleone seria mais ético e honesto do que muito executivo de multinacional que coloca os interesses de sua empresa acima do bem comum de todos. Sua postura de respeito com o personagem se mostrou muito acertada. No final todos ficaram gratificados. 

"O Poderoso Chefão" que foi realizado ao custo de meros seis milhões de dólares rendeu mais de trezentos milhões em bilheteria. Além disso foi premiado com os Oscars de Melhor Ator (Marlon Brando), Melhor Filme e Roteiro Adaptado e foi indicado aos de Ator Coadjuvante (James Caan, Robert Duvall e Al Pacino), Figurino, Direção, Edição, Trilha Sonora e Som. Um êxito sem precedentes. O Oscar de melhor ator para Marlon Brando aliás foi recusado por ele por causa do tratamento indigno que o cinema americano dava aos povos indígenas. O ator mandou uma atriz interpretar uma jovem índia na noite de entrega do prêmio, fato que causou muitas reações, inclusive de membros da Academia como John Wayne que quis entrar no palco para acabar com aquilo que em sua visão era uma "verdadeira palhaçada"! Quem pode entender os gênios como Brando afinal? Enfim escrever sobre "The Godfather" é secundário. O mais importante mesmo é assistir a essa grande obra prima de nosso tempo.  

O Poderoso Chefão (The Godfather, Estados Unidos, 1972) Direção: Francis Ford Coppola / Roteiro: Francis Ford Coppola, Mario Puzo / Elenco: Marlon Brando, Al Pacino, James Caan, John Cazale, Richard Conte, Robert Duvall, Diane Keaton. / Sinopse: "O Poderoso Chefão" conta a saga de uma família de imigrantes italianos liderados pelo grande patriarca Dom Vito Corleone (Marlon Brando).  

Pablo Aluísio.

terça-feira, 25 de julho de 2006

Tashunga

Título no Brasil: Tashunga
Título Original: North Star
Ano de Lançamento: 1996
País: Estados Unidos
Estúdio: Warner Bros
Direção: Nils Gaup
Roteiro: Heck Allen, Gilles Béhat
Elenco: James Caan, Christopher Lambert, Catherine McCormack, Burt Young, Jacques François, Morten Faldaas

Sinopse:
A história do filme se passa durante a corrida do ouro no Alasca no final de 1800. Um ambicioso criminoso passa a eliminar proprietários de ranchos isolados para ficar com suas terras, até que precisa enfrentar um nativo que vai lutar pelas terras de seus ancestrais. 

Comentários:
Eu costumo dizer que alguns filmes foram feitos na época errada. É o caso desse faroeste dos anos 90. Se esse roteiro tivesse sido filmado nos anos 50 com John Wayne ou até mesmo com Randolph Scott no elenco, certamente teríamos mais um clássico do western em mãos. Só que na década de 90 já havia outro tipo de percepção, nem sempre muito positiva, sobre esse tipo de produção. É um bom filme, muito embora tenha alguns problemas de ritmo. O que vale muito a pena é a ambientação onde a história se passa porque o Alasca é uma terra muito inóspita e selvagem, um lugar onde realmente apenas os mais fortes poderiam prosperar e sobreviver. E o mais interessante de tudo é ver a dinâmica entre esse personagens, entre o colonizador branco e o selvagem nativo. Na luta entre eles acabamos ficando com uma dúvida sempre presente. Quem seria realmente o verdadeiro selvagem?

Pablo Aluísio.