quinta-feira, 8 de maio de 2008

Elvis Presley - Elvis' Christmas Album - Sessão de Gravação

Elvis' Christmas Album - Sessão de Gravação
Elvis ainda estava acertando os detalhes finais da trilha sonora de Jailhouse Rock quando foi levado para os estúdios da RCA na Califórnia para a gravação de um punhado de músicas natalinas. Era um projeto que fugia bastante da imagem que ele tinha naquele ano. Veja, Elvis havia herdado a coroa de rebeldia que um dia pertenceu a James Dean e isso se consolidava muito bem até mesmo no cinema. Só que de repente, meio do nada, ele entrava em estúdio para gravar músicas de natal. Foi algo que realmente pegou muita gente de surpresa. 

Elvis, que era rápido no gatilho no que dizia respeito aos estúdios de gravação de seus discos, terminou tudo em apenas 3 noites no Radio Recorders, em West Hollywood, na Califórnia. Ele finalizou tudo rapidamente entre os dias 5 a 7 de setembro de 1957. A produção dessa sessão ficou a cargo de Steve Sholes. O veterano produtor não interferiu muito. E isso se reflete nas músicas. Se não fosse a temática das letras poderíamos dizer que o materal era bem de acordo com a sonoridade de Elvis na época. Havia rock, blues e pop, sem problemas. O diferencial é que nas letras ele falava de Papai Noel e coisas de natal, mas no geral, as canções eram bem joviais. Um jovem fã de Elvis ouviria o álbum numa boa, sem problemas. E essa era sem dúvida a intenção da RCA Victor. 

Esse disco contou apenas com a banda habitual de Elvis, os que estavam sempre ao seu lado gravando o material dito convencional. Assim Bill Black estava no contrabaixo, Scotty Moore na guitarra e DJ Fontana na bateria. Esse era o núcleo duro dos músicos de Elvis, aqueles que estavam com ele desde os tempos da Sun Records. 

A novidade veio na presença de Millie Kirkham. Dona de uma voz maravilhosa, ela se juntou aos Jordanaires para trazer um lado feminino nos vocais de apoio. E completando a equipe, Dudley Brooks veio para tocar o piano. Nas primeiras gravações de Elvis na RCA o próprio cantor havia tocado piano em algumas sessões, mas isso seria trabalhoso demais para ele, que ainda atuava muito na criação dos arranjos das músicas. Assim, pelo menos nessa sessão, ele apenas atuou como cantor, mas claro, sem deixar de lado seu trabalho informal como produtor e arranjador de todas as músicas. 

Pablo Aluísio. 

quarta-feira, 7 de maio de 2008

Elvis Presley - Jailhouse Rock - Edição FTD

Elvis Presley - Jailhouse Rock - Edição FTD
Em termos de discografia de Elvis Presley nada se compara a esse selo europeu FTD (Follow That Dream). Realmente o trabalho de resgate que esses produtores fizeram é de deixar qualquer fã de Elvis de queixo caído. Eu definiria facilmente como um trabalho de arqueologia musical. Eles foram até Nova Iorque, Nashville e Hollywood em busca dos tapes originais das gravações de Elvis nos arquivos da gravadora RCA (que aliás nem existe mais pois seu acervo foi vendido para diversos outros selos ao longo de  todos esses anos). Assim se você é um daqueles fãs de Elvis que desejam ter tudo, mas tudo mesmo, de uma trilha sonora de Hollywood como essa, não existe nenhuma outra edição que seja mais adequada. É um daqueles lançamentos para esgotar o tema mesmo, de forma definitiva. 

Algumas sessões de gravação infelizmente se perderam com o passar dos anos, mas outras sobreviveram na íntegra, trazendo ensaios, takes recusados, rakes alternativos, etc. É ouvir Elvis Presley cru, em estúdio, tentando acertar a gravação das músicas com sua banda. Realmente é material de grande qualidade para quem aprecia o trabalho que o cantor fazia dentro dos estúdios. Em relação a sessão da  trilha sonora de "Jailhouse Rock" muita coisa se salvou realmente. É tanto material que torna a audição do CD um verdadeiro exercício também de paciência. São takes e mais takes das músicas e não podemos nos esquecer que a trilha sonora contou com poucas canções, por isso há versões e mais versões das mesmas faixas. Mas enfim, o trabalho de resgate é realmente primoroso. 

Elvis Presley - Jailhouse Rock - Edição FTD  
Jailhouse Rock
Young And Beautiful
I Want To Be Free
Don't Leave Me Now
(You're So Square) Baby I Don't Care
Treat Me Nice (record version)
Jailhouse Rock (take 5)
Treat Me Nice (splice of takes 10/13)
Don't Leave Me Now (second version, take 21)
Don't Leave Me Now (second version, take 18)
I Want To Be Free (take 11)
Young And Beautiful (splice of takes 18/21)
Young And Beautiful (take19)
Jailhouse Rock (movie opening theme, take 6)
Young And Beautiful (jail version, take 3)
I Want To Be Free (jail version, splice of takes 10/12/13)
Young And Beautiful (Roma club version take 7)
Don't Leave Me Now (movie set version, takes 1, 12)
Treat Me Nice (movie version with overdubs, splice of takes 10/13)
Jailhouse Rock (movie version) 
(You're So Square) Baby I Don't Care (movie edit, take 17, take 6)
Young And Beautiful (end title version, splice of takes 8/12/18/22)
Jailhouse Rock (male vocal overdub version)
Don't Leave Me Now (unused first version, take 2)
Treat Me Nice (take 19)
(You're So Square) Baby I Don't Care (take 1)
Treat Me Nice (takes 1 a 13)
I Want To Be Free (takes 1 a 13)
Young And Beautiful (takes 1 a 22)

Pablo Aluísio. 

terça-feira, 6 de maio de 2008

Elvis Presley - Jailhouse Rock - Discografia Brasileira

Elvis Presley - Jailhouse Rock - Discografia Brasileira
Você sabe quando uma música ou um disco fez sucesso no Brasil na época quando vai conferir o lançamento nacional desses produtos culturais. No caso de Jailhouse Rock a filial brasileira da RCA americana lançou rapidamente por aqui tanto o single como o compacto duplo, bem fiéis aos originais americanos. 

Não podemos nos esquecer que era o ano de 1957, ou seja, a indústria no Brasil ainda era muito atrasada, fazendo com que os discos americanos fossem lançados com um, dois, até cinco anos de atraso em relação ao lançamento nos Estados Unidos. Mas no caso dessas músicas tudo foi lançado em 1957 mesmo, aproveitando inclusive a chegada do filme nos cinemas brasileiros. 

Depois disso essa trilha sonora ficou décadas fora de catálogo. Claro, a música "Jailhouse Rock" praticamente não saiu do mercado, ressurgindo em coletâneas das mais diversas. Mas as demais canções foram sendo esquecidas por falta de acesso mesmo a elas. A trilha sonora só retornaria mesmo ao nosso mercado nacional em uma edição muito curiosa de um álbum intitulado "Série Cinema 3" que trazia trilhas sonoras de Elvis nos anos 1950, entre elas as músicas do filme "Love Me Tender" e "Jailhouse Rock". Esse disco chegou em nossas lojas por volta de 1986 e foi vendido nos grandes magazines da época. Era um disco com direção de arte bonita, com muitas fotos do filme. Hoje em dia esse vinil é uma verdadeira raridade pois nunca mais foi relançado, nem mesmo em CD. 

Pablo Aluísio. 

Elvis Presley - Jailhouse Rock - Sessão de Gravação

Jailhouse Rock - Sessão de Gravação
Finalizando esses textos sobre o filme e trilha sonora do filme "O Prisioneiro do Rock" vou tecer alguns comentários sobre a sessão de gravação das músicas do filme. Essa foi bem complicada para Elvis e banda. O próprio Elvis se lembraria anos depois como foi trabalhosa a gravação da faixa título do filme. Realmente, não foi apenas uma sessão de gravação, como era comum acontecer com Elvis naqueles tempos, mas várias delas. A primeira foi realizada em abril de 1957, mas seriam necessárias mais quatro retornos aos estúdios para finalizar tudo. 

O próprio Elvis ficou meio aborrecido. A MGM não se contentou apenas com a gravação das músicas que iriam fazer parte da trilha sonora em disco, mas eles queriam também versões diferentes, para usar no filme, no trailer e até mesmo para comerciais de TV quando o filme fosse exibido anos depois na televisão. Mal terminava uma sessão e a MGM informava a Elvis que ele teria que voltar alguns dias depois para gravar outros registros, conforme a demanda fosse surgindo. O diretor musical da Metro mandava memorandos conforme ia lendo o rorteiro. Sempre tinha alguma faixa diferente para gravar. 

Elvis achou aquilo tudo um exagero, mas como estava preso por contrato com o grande estúdio de Hollywood, foi lá e como um bom profissional que era, gravou tudo que lhe foi pedido. O produtor dessas sessões de gravação foi Jeffrey Alexander, apoiado pelo engenheiro de som Thorne Nogar que curiosamente, com o passar dos anos, iria se tornar produtor de Elvis em algumas sessões de estúdio em Hollywood. A turma da RCA como Steve Sholes praticamente nunca trabalhava nas trilhas sonoras de Elvis porque essas eram gravadas em Hollywood por equipes determinadas pelos estúdios da Califórnia. O material era inclusive composto e arranjado por eles. 

Tudo foi gravado no Radio Recorders, em West Hollywood, na California. Depois as masters foram enviadas para a RCA Victor em Nova Iorque para que fossem terminadas e depois lançadas nos respectivos discos de vinil. Muitos anos depois Elvis foi perguntado sobre quais músicas lhe deram mais trabalho. Ele nem precisou pensar duas vezes e disparou: "A música que deu trabalho mesmo para terminar foi Jailhouse Rock! Ufa, essa foi complicada!"

Pablo Aluísio. 

segunda-feira, 5 de maio de 2008

Elvis Presley - Loving You - Discografia Brasileira

Elvis Presley - Loving You - Discografia Brasileira
O álbum Loving You foi lançado no Brasil nos anos 1950, só que chegou aos fãs brasileiros com um ano de atraso, em 1958. Era praticamente idêntico ao disco americano, apenas trazendo de diferente a ordem das músicas. "Party", por exemplo, foi levada para o Lado B. E "Don´t Leave Me Now" foi realocada para abrir esse mesmo lado do LP. Curiosamente o disco manteve a mesma direção de arte do disco americano, o que não era muito comum porque naqueles tempos as representantes nacionais das gravadoras estrangeiras costumavam mexer no disco de todas as formas, inclusive mudando as capas. A edição brasileira levou o código de identificação BKL92. 

O compacto simples do filme também foi lançado, com Loving You no lado A e Teddy Bear no lado B. E não ficou por aí, a RCA Brasil ainda colocou no mercado nacional um dos dois compactos duplos americanos, provando que Elvis era bom de vendas em nosso país. Nas rádios o sucesso veio mesmo com a balada "Loving You", seguindo um pouco atrás "Teddy Bear". É interessante notar que "Loving You" fez mesmo bastante sucesso no Brasil, a ponto de ser incluída no disco "Elvis Disco de Ouro" de 1977, o disco brasileiro de Elvis mais vendido da história. E não podemos nos esquecer também que a faixa ainda foi lançada por Roberto Carlos até recentemente. O Rei brasileiro também quis fazer sua versão da música. 

Pois bem, o disco Loving You ainda ganharia mais duas edições brasileiras. A segunda seria lançada em 1982 naquela série "Pure Gold" que recolocou no mercado brasileiro diversos discos da carreira de Elvis. Esse LP dos anos 80 teve seu mono original reprocessado eletronicamente para Stereo, algo que nem todos os fãs gostaram. De fato muitos reclamaram do som desse vinil. Eu não seria tão crítico, acho OK. Nesse disco de 82 também houve uma pequena modificação da direção da arte da capa. Eu achei de muito bom gosto. O selo desse vinil era amarelo, sendo diferente do original preto da RCA dos Estados Unidos. Por fim, nos anos 90, com a explosão do CD no mercado nacional, houve a terceira edição de Loving You no Brasil. Poucas cópias foram colocadas no mercado, sendo hoje em dia essa edição uma verdadeira raridade. 

Pablo Aluísio. 

Elvis e sua Roupa Dourada

Após terminar seu filme "Loving You" (a mulher que eu amo, 1957), Elvis fez uma apresentação no International Amphitheater em Chicago no dia 24 de março de 1957. Na ocasião o cantor usou a famosa "Gold Leaf" pela primeira vez. A roupa toda dourada foi uma criação do estilista Nudie Cohen. Seu nome, folha dourada ou folha de ouro, aliás era bem adequada para o momento de Elvis em sua carreira pois ele estava mesmo colecionando discos de ouro, um atrás do outro! Cinco dias depois o cantor voltava ao palco no Kiel Auditorium em St. Louis, no repertório seus maiores hits no momento, "All Shook Up", "Don't be Cruel" entre outras. E novamente lá estava ele, todo dourado, diante de suas fãs histéricas.

Esta famosa roupa, a "Gold Leaf", apareceu na capa do disco "Elvis Golden Records vol 2". Este é um disco que reúne os principais singles de sucesso de Elvis Presley no período em que ele estava servindo o exército na Alemanha. Na minha modesta opinião é o melhor trabalho musical roqueiro de toda a carreira do cantor. As canções aqui presentes são simplesmente o melhor exemplo do Rock'n'Roll de Elvis nos anos 50. Foi lançado em dezembro de 1959 marcando a despedida do rei aos melhores anos de sua trajetória artística. E pra (não) variar foi também premiado com disco de ouro poucos dias depois de chegar nas lojas. 

Imortalizada na capa do disco, a roupa não iria muito longe nos concertos ao vivo. O figurino iria ser usado poucas vezes por Elvis. Ele ainda a usaria nos shows no Canadá em 1957, mas nessas ocasiões Elvis reclamaria que tinha literalmente torrado dentro dela. Era uma roupa de show muito bonita, mas muito quente. E quando Elvis surgia embaixo de fortes holofotes, a temperatura se tornava insuportável para ele. Depois disso Elvis meio que a abandonaria para sempre, a levando para Graceland, onde foi devidamente guardada por anos e anos, só reaparecendo para os fãs em momentos de exposições, etc. Afinal apesar de Elvis ter usado a vestimenta por pouco tempo, ela ficaria para sempre guardada na memória dos fãs, ainda mais por aparecer na capa de um de seus mais populares e famosos álbuns de rock dos anos 50. Hoje a peça se encontra permanentemente em exposição em Graceland, para deleite dos fãs de roupas icônicas da história do rock.

Pablo Aluísio. 

domingo, 4 de maio de 2008

Elvis (1956) - FTD Elvis

Elvis Presley - Elvis (1956) - FTD Elvis 
O selo FTD (Follow That Dream) vem lançando edições especiais dos álbuns da discografia oficial de Elvis Presley entre os anos de 1956 a 1977. Esses CDs são lançados com muito material inédito como takes alternativos, versões não lançadas, ensaios, etc. O problema no caso do álbum Elvis de 1956 é que praticamente nada resistiu ao tempo. A sessão perdeu-se, não se sabe se foi destruída, jogada fora ou perdida. A RCA não conseguiu preservar esse material e essa situação se reflete nesse FTD. Tirando as versões oficiais do disco que todos possuem, não há praticamente nada de extra ou sobras de estúdio no repertório. Apenas alguns takes da música "Rip it Up" sobreviveram. O resto, ao que tudo indica, foi soterrado e perdido para sempre nas areias do tempo. 

O selo inclusive quase desistiu desse titulo, justamente pela ausência de material. Só mudaram de ideia quando encontraram alguns registros feitos ao vivo por Elvis em dezembro de 1956. Foi um show que Elvis realizou na cidade de Shreveport. Nada muito espetacular, mas pelo menos nessa apresentação Elvis resolveu incluir várias faixas do álbum em seu concerto. São justamente essas que estão nessa seleção. Ele estava obviamente promovendo seu novo disco que chegava nas lojas naquele momento. Vale então como registro histórico. Então é isso. Pobre em naterial inédito, que no final das contas nem existe mais, esse título do FTD se resume a cobrir eventuais buracos que iriam existir na coleção, caso ele não fosse lançado. 

Elvis Presley - Elvis (1956) - FTD Elvis 

CD-1: Masters and outtakes
Rip It Up
Love Me
When My Blue Moon Turns To Gold Again
Long Tall Sally
First In Line
Paralyzed
So Glad You're Mine
Old Shep
Ready Teddy
Anyplace Is Paradise
How's The World Treating You
How Do You Think I Feel
Playing For Keeps
Too Much
Don't Be Cruel
Hound Dog
Any Way You Want Me
Rip It Up (10, 11, 12, 13, 14) [Today, Tomorrow...]
Rip It Up (15) [Platinum]
Rip It Up (16) [Flashback]
Rip It Up (17*) (2.06)
Rip It Up (18*, 19 [M]) (3.53)
Old Shep (5)

CD-2: Shreveport, December 15 1956
Heartbreak Hotel
Long Tall Sally
I Was The One
Love Me Tender
Don't Be Cruel
Love Me
I Got A Woman
When My Blue Moon Turns To Gold Again
Paralyzed

Pablo Aluísio.

sábado, 3 de maio de 2008

Elvis Presley - Love Me Tender (1956)

Elvis Presley - Love Me Tender (1956)
Toda a trilha sonora do filme "Ama-me com Ternura" (Love Me Tender, EUA, 1956) foi lançada originalmente em compacto duplo. Todas as faixas foram providenciadas pelos estúdios Fox e depois repassadas para a RCA Victor, a gravadora que tinha contrato de exclusividade com Elvis na época. O interessante é que praticamente todo o material foi composto pelo diretor musical do estúdio Fox, o maestro e arranjador Ken Darby (que não aparecia nos créditos).

Como o filme era um faroeste ao velho estilo, todas as canções tiveram de uma maneira ou outra um sabor Country and Western. Claro, esse tipo de sonoridade não soava estranha a Elvis. Afinal ele vinha de Memphis, cidade próxima a Nashville, considerada a capital da country music nos Estados Unidos. Ele estava mais à vontade do que nunca com as canções, embora soubesse também que aquele tipo de música era no fundo apenas a visão de Hollywood sobre o estilo musical que tanto conhecia. Elvis porém era um cantor profissional e resolveu dar o melhor de si para o material previamente produzido pelos estúdios da Fox.

Praticamente tudo foi gravado em apenas uma sessão de gravação realizada no dia 24 de agosto de 1956. As músicas não foram produzidas por Steve Sholes, o produtor de Elvis na RCA, mas sim por Lionel Newman, outro contratado da Fox. Esse dispensou a banda de Elvis e ele teve que gravar pela primeira vez sem estar ao lado de seus músicos habituais. Scotty Moore, Bill Black e cia, ficaram de fora. Ele não gostou dessa mudança, porém não quis criar problemas. Mais tarde Elvis iria impor sua vontade, determinando que sua banda o acompanhasse nas trilhas sonoras, mesmo em Hollywood.

Outro aspecto digno de nota é que havia uma seleção de poucas músicas. No máximo Elvis teria que gravar apenas cinco canções para o filme. E isso descartava a edição de um LP por parte da RCA Victor. Um álbum teria que ter no mínimo dez canções, o que não era o caso aqui. No filme seguinte de Elvis, intitulado "Loving You", a RCA iria misturar as músicas do filme original com outras canções gravadas por Elvis em estúdio, mas sem ligação com a trilha sonora do filme que daria título ao novo disco. Só que para "Love Me Tender" isso não foi penado a tempo e as músicas chegaram aos fãs no formato de compacto duplo (conhecido como EP, nos Estados Unidos). 

A música mais importante do filme foi justamente daquela que lhe deu título. Claro que estamos falando do clássico "Love Me Tender", até hoje uma das músicas mais conhecidas da carreira de Elvis. No Brasil o filme recebeu o nome de "Ama-me com Ternura". O titulo original do filme era "The Reno Brothers", faroeste sem grande importância, estilo B da Fox, que nunca teria entrado na história se não fosse pela primeira participação de Elvis Presley no cinema. A história se passava durante o final da guerra civil norte-americana e tratava da delicada disputa de uma mulher por dois irmãos. Vance Reno (Richard Egan) voltava do campo de batalha e descobria, estarrecido, que sua antiga namorada Cathy (Debra Paget) estava agora casada com seu irmão mais novo Clint Reno (Elvis). E isso só havia acontecido porque todos estavam convencidos que ele havia morrido no campos de algodão do sul, lutando contra os exércitos da União. Já imaginou a confusão? O roteiro girava em torno desse triângulo amoroso familiar. Elvis, muito novo e com os cabelos ainda bem próximos de sua tonalidade natural, não comprometeu em nenhum momento, mesmo sendo sua estreia como ator. Quando lançado em 1956, "Love Me Tender" se tornou um tremendo sucesso de bilheteria.

Elvis mostrou que era um nome quente não só no mundo musical, como também na tela grande. Muitos fãs inclusive foram em peso na semana anterior ao lançamento oficial do filme apenas para assistir ao trailer que mostrava pequenos trechos de Elvis cantando! O disco acompanhou o sucesso do filme. A trilha foi lançada em um compacto duplo com "We're Gonna Move", "Let Me" e "Poor Boy" todas de autoria de Elvis Presley e Vera Matson. Era o inicio de uma carreira cinematográfica que iria contar com mais de trinta filmes. 

A canção "Love Me Tender", por sua vez, foi gravada em agosto de 1956 nos estúdios I da 20th Century Fox em Hollywood e lançada um mês depois em single com "Any Way You Want Me" no lado B, chegando ao primeiro lugar da Billboard na primeira semana. Elvis não contou com sua banda tradicional, os Blue Moon Boys, pois o estúdio não tinha contrato com eles e sim com músicos determinados pelo estúdio cinematográfico da Fox. Músicos profissionais do cast fixo da companhia. Mesmo um pouco fora do ambiente que lhe era familiar, Elvis, ao lado de Darby, produziu "Love me Tender" e lhe deu um arranjo bastante simples, porém muito eficiente, sentimental e belo.

Depois de registrar sua participação no estúdio Elvis aproveitou a oportunidade de se apresentar no The Ed Sullivan Show em 9 de setembro para promover a música e o filme. O sucesso foi imediato e Elvis foi assistido por mais de 50 milhões de americanos. 82,6% dos televisores dos EUA estavam sintonizados nele naquela noite. A nação parou para assistir Elvis interpretar "Love Me Tender", um recorde que só foi quebrado depois pelo assassinato do presidente Kennedy e pela apresentação em 1964 dos Beatles no mesmo programa. Tamanha repercussão levou rapidamente o disco a se tornar o primeiro da história a ter 1 milhão de cópias pré-vendidas, graças à expectativa gerada em torno de seu lançamento. Um marco na carreira de Elvis e uma das canções mais identificadas com sua imagem. Um ícone romântico da cultura musical dos Estados Unidos, baseada na velha música "Aura Lee" em inspirada adaptação do maestro Ken Darby.

Um aspecto curioso sobre esse filme é que o personagem que foi interpretado por Elvis, chamado Clint Reno, foi escrito originalmente no roteiro como sendo um adolescente, na faixa entre 16 a 17 anos de idade. E quando Elvis o interpretou ele já era um adulto, com 21 anos! Algumas mudanças pontuais no roteiro foram feitas, durante as filmagens, mas nem tudo foi mudado. Muitas atitudes e sentimentos de Clint Reno continuaram a ser de um jovem adolescente. E isso também se refletia em algumas músicas que tinham mesmo uma sonoridade bem juvenil. Afinal Elvis era o ídolo jovem mais amado da América naquele momento histórico. 

A música "Poor Boy" ia justamente por esse caminho. Embora haja muitos que não gostem da faixa, eu aprecio ela por sua singeleza. Também poderia ser encarada como uma espécie de canção-tema do personagem Clint Reno, afinal o que era ele a não ser um pobre rapaz do campo, pego de surpresa em sua própria adolescência por uma das mais sangrentas guerras da história dos Estados Unidos, a guerra civil. Um conflito que havia destruído sua família, afinal seu irmão mais velho era dado como morto no campo de batalha. 

Para muitos "Poor Boy" era apenas uma música bobinha e sem conteúdo, um country fabricado em Hollywood e sem o selo de qualidade Nashville. Mas tirando toda a diversidade de opiniões, "Poor Boy" é apenas uma canção que cumpre sua função de forma eficiente durante o filme. Dá uma chance a Elvis para mostrar uma boa apresentação e cantar de forma descontraída. 

Essa canção, assim como todas as outras dessa trilha sonora, embora tenham sidos creditadas à autoria da dupla Elvis Presley / Vera Matson, não foram compostas por eles. Elvis praticamente nunca escrevia as músicas que cantava e seu nome foi incluído apenas para que ele participasse nos royalties da canção (Essa aliás era uma atitude bastante comum durante os anos 50). Já Vera Matson que aparece nos créditos das canções ao lado de Elvis era a esposa de Ken Darby, diretor musical da Fox. Por problemas autorais ele resolveu colocar o nome de sua mulher para dividir os créditos da canção, que inclusive foi inteiramente composta por ele dentro do departamento de música do estúdio.

Elvis se decepcionou durante as filmagens desse filme porque ele havia se apaixonado pela atriz Debra Paget e ela acabou dando um fora nele. O fato é que Elvis estava vivendo um sonho de ser um ator de cinema. Para um rapaz pobre que havia sido lanterninha alguns anos atrás e que era apaixonado pela sétima arte, realmente era algo de outro mundo. Já sua parceira no filme era uma pessoa mais pé no chão, realista. Ela sabia que como atriz para subir na carreira ela tinha que se relacionar com os homens certos, os figurões da indústria. Assim Elvis que não era nada disso acabou dançando sozinho. 

De qualquer forma Elvis iria logo encontrar sua namorada ideal para aqueles anos. Era uma loirinha baixinha, mas muito bonita e bem feita de corpo chamada Anita Wood. Elvis a conheceu bem depois do fim das filmagens de Love Me Tender e ficou anos ao seu lado. Anita começou como locutora de rádio em um programa feito para adolescentes de Memphis na estação local. Depois se destacou em outro programa, só que na TV, onde organizava um grande salão de dança com os jovens de sua cidade. Foi ali que Elvis a conheceu e como sempre acontecia, foi amor á primeira vista. 

Todo esse romantismo chegaria em suas novas gravações, se bem que no meio da country music made in Hollywood da trilha sonora do filme também podíamos encontrar esse tipo de sentimento. "Let Me" pode ser citada como exemplo. Das músicas que vieram para coadjuvar "Love Me Tender" no compacto duplo essa é a que melhor se saiu bem. 

Vagamente lembrando "Poor Boy", "Let Me" é divertida, bem executada e dançante. Mas o melhor mesmo é a cena de Elvis no filme, numa performance memorável (mesmo que mal captada pelo diretor do filme, talvez propositadamente!). Um prazer ouvir e ver Elvis cantando essa canção, na flor da idade, com o futuro promissor pela frente. Impossível ficar indiferente ao seu ritmo alegre e de bom astral. Além disso o vocal de Elvis está simplesmente impagável. A cena do filme é ótima, quando ele a canta em um pequeno palco, durante uma feira de gado. Registro nota 10 de um Elvis Presley que ainda estava apenas começando a ganhar o mundo.

Então chegamos na última musica dessa curta trilha sonora da carreira de Elvis, a primeira de sua discografia. Trata-se da faixa intitulada "We're Gonna Move". Essa canção foi baseada numa marchinha muito popular entre os soldados confederados durante a guerra civil americana. Outra interessante adaptação de Ken Darby. De fato ele foi chamado às pressas e teve que se virar para compor uma trilha sonora em cima da hora. Como não havia muito tempo mesmo para escrever material inédito, ele resolveu adaptar algumas canções folclóricas da época da guerra como "Aura Lee" (Love Me Tender) e essa que era conhecida pelos confederados como "There's a Leak in this Old Building".

Até que se encaixou muito bem na trilha sonora. O ritmo bem marcante trouxe uma boa oportunidade para Elvis mostrar seu rebolado numa cena do filme. Além disso todos associavam Elvis a esse estilo vibrante, de puro movimento, que era o Rock em seus primórdios. Só que o sabor dessa faixa, como de muitas outras da trilha, era de country music. E também por essa razão essa música nunca se tornou um sucesso. Se formos pensar bem apenas "Love Me Tender" virou um hit, um sucesso. As demais canções não saíram do contexto do próprio filme. 

Quando a Fox trouxe Elvis para os sets de filmagens em 1956 houve até um certo debate sobre os rumos que o filme iria seguir a partir de sua entrada. Para o diretor Richard D. Webb o filme deveria seguir o roteiro original, ou seja, nada de músicas e nem destaque especial para Elvis, que no fundo iria apenas interpretar um mero papel coadjuvante. O filme de certa maneira iria servir mesmo como um teste para que o estúdio tomasse conhecimento se Elvis iria ou não funcionar no cinema. 

Mas sua opinião foi atropelada pela repercussão que Elvis estava tendo na mídia da época. Era praticamente impossível ignorar a presença de Presley no filme. Além do mais os fãs não iriam aceitar que o filme não tivessem músicas. Por ordens vindas da direção da Fox tudo mudou. O roteiro, antes melodramático e soturno, foi jogado para o alto e em seu lugar foi acrescentado várias cenas com Elvis cantando e exercendo seu direito óbvio de se destacar no elenco! O resultado então foi essa trilha sonora que apesar de não ser muito conhecida (tirando a música tema, claro!) também tem seu espaço dentro da vasta discografia de trilhas sonoras da carreira do cantor. 

Pablo Aluísio.

Elvis Presley - Love Me Tender - Parte 5

Elvis Presley - Love Me Tender - Parte 5
Então chegamos na última musica dessa curta trilha sonora da carreira de Elvis, a primeira de sua discografia. Trata-se da faixa intitulada "We're Gonna Move". Essa canção foi baseada numa marchinha muito popular entre os soldados confederados durante a guerra civil americana. Outra interessante adaptação de Ken Darby. De fato ele foi chamado às pressas e teve que se virar para compor uma trilha sonora em cima da hora. Como não havia muito tempo mesmo para escrever material inédito, ele resolveu adaptar algumas canções folclóricas da época da guerra como "Aura Lee" (Love Me Tender) e essa que era conhecida pelos confederados como "There's a Leak in this Old Building".

Até que se encaixou muito bem na trilha sonora. O ritmo bem marcante trouxe uma boa oportunidade para Elvis mostrar seu rebolado numa cena do filme. Além disso todos associavam Elvis a esse estilo vibrante, de puro movimento, que era o Rock em seus primórdios. Só que o sabor dessa faixa, como de muitas outras da trilha, era de country music. E também por essa razão essa música nunca se tornou um sucesso. Se formos pensar bem apenas "Love Me Tender" virou um hit, um sucesso. As demais canções não saíram do contexto do próprio filme. 

Quando a Fox trouxe Elvis para os sets de filmagens em 1956 houve até um certo debate sobre os rumos que o filme iria seguir a partir de sua entrada. Para o diretor Richard D. Webb o filme deveria seguir o roteiro original, ou seja, nada de músicas e nem destaque especial para Elvis, que no fundo iria apenas interpretar um mero papel coadjuvante. O filme de certa maneira iria servir mesmo como um teste para que o estúdio tomasse conhecimento se Elvis iria ou não funcionar no cinema. 

Mas sua opinião foi atropelada pela repercussão que Elvis estava tendo na mídia da época. Era praticamente impossível ignorar a presença de Presley no filme. Além do mais os fãs não iriam aceitar que o filme não tivessem músicas. Por ordens vindas da direção da Fox tudo mudou. O roteiro, antes melodramático e soturno, foi jogado para o alto e em seu lugar foi acrescentado várias cenas com Elvis cantando e exercendo seu direito óbvio de se destacar no elenco! O resultado então foi essa trilha sonora que apesar de não ser muito conhecida (tirando a música tema, claro!) também tem seu espaço dentro da vasta discografia de trilhas sonoras da carreira do cantor. 

Pablo Aluísio. 

sexta-feira, 2 de maio de 2008

Elvis Presley - Love Me Tender - Parte 4

Elvis Presley - Love Me Tender - Parte 4
Elvis se decepcionou durante as filmagens desse filme porque ele havia se apaixonado pela atriz Debra Paget e ela acabou dando um fora nele. O fato é que Elvis estava vivendo um sonho de ser um ator de cinema. Para um rapaz pobre que havia sido lanterninha alguns anos atrás e que era apaixonado pela sétima arte, realmente era algo de outro mundo. Já sua parceira no filme era uma pessoa mais pé no chão, realista. Ela sabia que como atriz para subir na carreira ela tinha que se relacionar com os homens certos, os figurões da indústria. Assim Elvis que não era nada disso acabou dançando sozinho. 

De qualquer forma Elvis iria logo encontrar sua namorada ideal para aqueles anos. Era uma loirinha baixinha, mas muito bonita e bem feita de corpo chamada Anita Wood. Elvis a conheceu bem depois do fim das filmagens de Love Me Tender e ficou anos ao seu lado. Anita começou como locutora de rádio em um programa feito para adolescentes de Memphis na estação local. Depois se destacou em outro programa, só que na TV, onde organizava um grande salão de dança com os jovens de sua cidade. Foi ali que Elvis a conheceu e como sempre acontecia, foi amor á primeira vista. 

Todo esse romantismo chegaria em suas novas gravações, se bem que no meio da country music made in Hollywood da trilha sonora do filme também podíamos encontrar esse tipo de sentimento. "Let Me" pode ser citada como exemplo. Das músicas que vieram para coadjuvar "Love Me Tender" no compacto duplo essa é a que melhor se saiu bem. 

Vagamente lembrando "Poor Boy", "Let Me" é divertida, bem executada e dançante. Mas o melhor mesmo é a cena de Elvis no filme, numa performance memorável (mesmo que mal captada pelo diretor do filme, talvez propositadamente!). Um prazer ouvir e ver Elvis cantando essa canção, na flor da idade, com o futuro promissor pela frente. Impossível ficar indiferente ao seu ritmo alegre e de bom astral. Além disso o vocal de Elvis está simplesmente impagável. A cena do filme é ótima, quando ele a canta em um pequeno palco, durante uma feira de gado. Registro nota 10 de um Elvis Presley que ainda estava apenas começando a ganhar o mundo.

Pablo Aluísio. 

Elvis Presley - Love Me Tender - Parte 3

Elvis Presley - Love Me Tender - Parte 3
Um aspecto curioso sobre esse filme é que o personagem que foi interpretado por Elvis, chamado Clint Reno, foi escrito originalmente no roteiro como sendo um adolescente, na faixa entre 16 a 17 anos de idade. E quando Elvis o interpretou ele já era um adulto, com 21 anos! Algumas mudanças pontuais no roteiro foram feitas, durante as filmagens, mas nem tudo foi mudado. Muitas atitudes e sentimentos de Clint Reno continuaram a ser de um jovem adolescente. E isso também se refletia em algumas músicas que tinham mesmo uma sonoridade bem juvenil. Afinal Elvis era o ídolo jovem mais amado da América naquele momento histórico. 

A música "Poor Boy" ia justamente por esse caminho. Embora haja muitos que não gostem da faixa, eu aprecio ela por sua singeleza. Também poderia ser enccarada como uma espécie de canção-tema do personagem Clint Reno, afinal o que era ele a não ser um pobre rapaz do campo, pego de surpresa em sua própria adolescência por uma das mais sangrentas guerras da história dos Estados Unidos, a guerra civil. Um conflito que havia destruído sua família, afinal seu irmão mais velho era dado como morto no campo de batalha. 

Para muitos "Poor Boy" era apenas uma música bobinha e sem conteúdo, um country fabricado em Hollywood e sem o selo de qualidade Nashville. Mas tirando toda a diversidade de opiniões, "Poor Boy" é apenas uma canção que cumpre sua função de forma eficiente durante o filme. Dá uma chance a Elvis para mostrar uma boa apresentação e cantar de forma descontraída. 

Essa canção, assim como todas as outras dessa trilha sonora, embora tenham sidos creditadas à autoria da dupla Elvis Presley / Vera Matson, não foram compostas por eles. Elvis praticamente nunca escrevia as músicas que cantava e seu nome foi incluído apenas para que ele participasse nos royalties da canção (Essa aliás era uma atitude bastante comum durante os anos 50). Já Vera Matson que aparece nos créditos das canções ao lado de Elvis era a esposa de Ken Darby, diretor musical da Fox. Por problemas autorais ele resolveu colocar o nome de sua mulher para dividir os créditos da canção, que inclusive foi inteiramente composta por ele dentro do departamento de música do estúdio.

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 1 de maio de 2008

Elvis Presley - Love Me Tender - Parte 2

Elvis Presley - Love Me Tender - Parte 2
A música mais importante do filme foi justamente daquela que lhe deu título. Claro que estamos falando do clássico "Love Me Tender", até hoje uma das músicas mais conhecidas da carreira de Elvis. No Brasil o filme recebeu o nome de "Ama-me com Ternura". O titulo original do filme era "The Reno Brothers", faroeste sem grande importância, estilo B da Fox, que nunca teria entrado na história se não fosse pela primeira participação de Elvis Presley no cinema. A história se passava durante o final da guerra civil norte-americana e tratava da delicada disputa de uma mulher por dois irmãos. Vance Reno (Richard Egan) voltava do campo de batalha e descobria, estarrecido, que sua antiga namorada Cathy (Debra Paget) estava agora casada com seu irmão mais novo Clint Reno (Elvis). E isso só havia acontecido porque todos estavam convencidos que ele havia morrido no campos de algodão do sul, lutando contra os exércitos da União. Já imaginou a confusão? O roteiro girava em torno desse triângulo amoroso familiar. Elvis, muito novo e com os cabelos ainda bem próximos de sua tonalidade natural, não comprometeu em nenhum momento, mesmo sendo sua estreia como ator. Quando lançado em 1956, "Love Me Tender" se tornou um tremendo sucesso de bilheteria.

Elvis mostrou que era um nome quente não só no mundo musical, como também na tela grande. Muitos fãs inclusive foram em peso na semana anterior ao lançamento oficial do filme apenas para assistir ao trailer que mostrava pequenos trechos de Elvis cantando! O disco acompanhou o sucesso do filme. A trilha foi lançada em um compacto duplo com "We're Gonna Move", "Let Me" e "Poor Boy" todas de autoria de Elvis Presley e Vera Matson. Era o inicio de uma carreira cinematográfica que iria contar com mais de trinta filmes. 

A canção "Love Me Tender", por sua vez, foi gravada em agosto de 1956 nos estúdios I da 20th Century Fox em Hollywood e lançada um mês depois em single com "Any Way You Want Me" no lado B, chegando ao primeiro lugar da Billboard na primeira semana. Elvis não contou com sua banda tradicional, os Blue Moon Boys, pois o estúdio não tinha contrato com eles e sim com músicos determinados pelo estúdio cinematográfico da Fox. Músicos profissionais do cast fixo da companhia. Mesmo um pouco fora do ambiente que lhe era familiar, Elvis, ao lado de Darby, produziu "Love me Tender" e lhe deu um arranjo bastante simples, porém muito eficiente, sentimental e belo.

Depois de registrar sua participação no estúdio Elvis aproveitou a oportunidade de se apresentar no The Ed Sullivan Show em 9 de setembro para promover a música e o filme. O sucesso foi imediato e Elvis foi assistido por mais de 50 milhões de americanos. 82,6% dos televisores dos EUA estavam sintonizados nele naquela noite. A nação parou para assistir Elvis interpretar "Love Me Tender", um recorde que só foi quebrado depois pelo assassinato do presidente Kennedy e pela apresentação em 1964 dos Beatles no mesmo programa. Tamanha repercussão levou rapidamente o disco a se tornar o primeiro da história a ter 1 milhão de cópias pré-vendidas, graças à expectativa gerada em torno de seu lançamento. Um marco na carreira de Elvis e uma das canções mais identificadas com sua imagem. Um ícone romântico da cultura musical dos Estados Unidos, baseada na velha música "Aura Lee" em inspirada adaptação do maestro Ken Darby.

Pablo Aluísio.

Elvis Presley - Love Me Tender - Parte 1

Elvis Presley - Love Me Tender - Parte 1
Toda a trilha sonora do filme "Ama-me com Ternura" (Love Me Tender, EUA, 1956) foi lançada originalmente em compacto duplo. Todas as faixas foram providenciadas pelos estúdios Fox e depois repassadas para a RCA Victor, a gravadora que tinha contrato de exclusividade com Elvis na época. O interessante é que praticamente todo o material foi composto pelo diretor musical do estúdio Fox, o maestro e arranjador Ken Darby (que não aparecia nos créditos).

Como o filme era um faroeste ao velho estilo, todas as canções tiveram de uma maneira ou outra um sabor Country and Western. Claro, esse tipo de sonoridade não soava estranha a Elvis. Afinal ele vinha de Memphis, cidade próxima a Nashville, considerada a capital da country music nos Estados Unidos. Ele estava mais à vontade do que nunca com as canções, embora soubesse também que aquele tipo de música era no fundo apenas a visão de Hollywood sobre o estilo musical que tanto conhecia. Elvis porém era um cantor profissional e resolveu dar o melhor de si para o material previamente produzido pelos estúdios da Fox.

Praticamente tudo foi gravado em apenas uma sessão de gravação realizada no dia 24 de agosto de 1956. As músicas não foram produzidas por Steve Sholes, o produtor de Elvis na RCA, mas sim por Lionel Newman, outro contratado da Fox. Esse dispensou a banda de Elvis e ele teve que gravar pela primeira vez sem estar ao lado de seus músicos habituais. Scotty Moore, Bill Black e cia, ficaram de fora. Ele não gostou dessa mudança, porém não quis criar problemas. Mais tarde Elvis iria impor sua vontade, determinando que sua banda o acompanhasse nas trilhas sonoras, mesmo em Hollywood.

Outro aspecto digno de nota é que havia uma seleção de poucas músicas. No máximo Elvis teria que gravar apenas cinco canções para o filme. E isso descartava a edição de um LP por parte da RCA Victor. Um álbum teria que ter no mínimo dez canções, o que não era o caso aqui. No filme seguinte de Elvis, intitulado "Loving You", a RCA iria misturar as músicas do filme original com outras canções gravadas por Elvis em estúdio, mas sem ligação com a trilha sonora do filme que daria título ao novo disco. Só que para "Love Me Tender" isso não foi penado a tempo e as músicas chegaram aos fãs no formato de compacto duplo (conhecido como EP, nos Estados Unidos). 

Pablo Aluísio.