segunda-feira, 14 de outubro de 2024
O Farol do Fim do Mundo
segunda-feira, 9 de setembro de 2024
Chaga de Fogo
quarta-feira, 20 de março de 2024
Êxito Fugaz
segunda-feira, 11 de março de 2024
Sede de Viver
Considerei um filme bem comovente. É bastante louvável que Hollywood tenha produzido algo assim, mostrando um dos maiores gênios da pintura de todos os tempos de uma forma respeitosa, mas também realista. O Vincent van Gogh que surge na tela é um homem que não consegue acertar na vida. Tenta ser pastor protestante, mas sua visão de mundo, de abraçar os mais pobres e humildes, o faz fracassar dentro de sua missão luterana. Seus superiores não querem esse tipo de atitude de abnegação. Depois sonha em se tornar um pintor, trabalha incansavelmente, mas novamente não consegue grande êxito (comercial, é bom frisar). Seus quadros não vendem nada e ele acaba sendo sustentado pelo irmão, um grande sujeito. A falta de um caminho de sucesso acaba destruindo a alma do grande artista. Atacado por uma crise nervosa, vai parar em um manicômio onde dá continuidade às suas crises existenciais. É um grande trabalho da carreira de Kirk Douglas que se entregou de corpo e alma ao papel. Poucas vezes vi o ator em uma interpretação tão intensa como essa. Kirk incorpora Van Gogh de uma forma sobrenatural. Podemos perceber facilmente seu apego ao papel. Foi uma atuação de coração mesmo, do fundo de sua alma. Ele foi indicado ao Oscar de melhor ator, mas por uma dessas injustiças da Academia não foi premiado.
Anthony Quinn foi mais feliz e levantou a estatueta de Melhor Ator Coadjuvante. Ele interpretou o pintor Paul Gauguin, que era um dos únicos amigos que Van Gogh tinha no mundo das artes. Sua atuação quebrou um estigma na época, pois Quinn era visto como um grandalhão, um gigante amigo, mas não um excepcional ator de cinema. Depois que ganhou o Oscar ganhou o respeito dos críticos em geral. O personagem que interpretou era muito rico, um verdadeiro presente para qualquer ator. Sua amizade mercurial com Van Gogh arranca faíscas em cena. Outro ponto digno de elogios foi a preocupação dos produtores em mostrar os mais famosos quadros do pintor em momentos cruciais da trama, fundindo vida e arte de forma muito adequada e conveniente. Por uma ironia do destino Van Gogh morreu pobre e esquecido, mas hoje em dia seus quadros estão entre os mais valiosos do mundo das artes. Valem milhões! Um artista que mal conseguiu vender um quadro em vida, hoje é considerado um gênio absoluto dos pincéis. Sua arte foi valorizada, tardiamente, temos que reconhecer, mas pelo menos seu talento foi devidamente reconhecido. Esse filme mostra sua história, tudo realizado com grande qualidade. É um grande clássico sem final feliz, pelo menos sob o ponto de vista da existência desse ser humano que foi um artista genial.
Sede de Viver (Lust for Life, Estados Unidos, 1956) Estúdio: Metro-Goldwyn-Mayer (MGM) / Direção: Vincente Minnelli, George Cukor (não creditado) / Roteiro: Norman Corwin, baseado no livro de Irving Stone / Elenco: Kirk Douglas, Anthony Quinn, James Donald, Pamela Brown / Sinopse: O filme conta a história real e trágica da vida do pintor Vincent Van Gogh. Suas lutas, seus fracassos e suas desilusões. Filme vencedor do Oscar na categoria de Melhor ator coadjuvante (Anthony Quinn). Também indicado nas categorias de Melhor Ator (Kirk Douglas), Melhor Roteiro Adaptado (Norman Corwin) e Melhor Direção de Arte (Cedric Gibbons e Hans Peters). Filme vencedor do Globo de Ouro na categoria de Melhor Ator (Kirk Douglas). Também indicado na categoria de Melhor Filme - Drama.
Pablo Aluísio.
terça-feira, 28 de fevereiro de 2023
Desbravando o Oeste
segunda-feira, 25 de julho de 2022
20.000 Léguas Submarinas
Título Original: 20,000 Leagues Under the Sea
Ano de Produção: 1954
País: Estados Unidos
Estúdio: Walt Disney Productions
Direção: Richard Fleischer
Roteiro: Earl Felton
Elenco: Kirk Douglas, James Mason, Paul Lukas, Peter Lorre, Robert J. Wilke, Ted de Corsia
Sinopse:
Um estranho homem do mar, o Capitão Nemo (James Mason), tem uma visão toda própria do mundo em que vive. A bordo de seu moderno e poderoso submarino, o Nautilus, ele cruza os sete mares em busca da utopia que sempre perseguiu. Seria ele um homem de boas intenções ou um perigo para a humanidade? Filme premiado pelo Oscar nas categorias de Melhor Direção de Arte (John Meehan e Emile Kuri) e Melhores Efeitos Especiais.
Comentários:
Durante muitos anos a famosa novela de fantasia escrita pelo genial Jules Verne foi considerada impossível de se adaptar para o cinema. A imaginação do escritor era rica em detalhes e aspectos que seriam complicados de se levar para as telas. Realmente transpor todo aquele universo submarino não seria fácil. Porém transformar fantasia em realidade era algo natural para os estúdios Disney. Assim em 1954 chegou nas telas de cinemas de todo o mundo esse clássico do gênero. O filme teve uma produção cara para a época, diversos cenários bem elaborados foram construídos e a equipe de efeitos especiais trabalhou como nunca. O resultado ficou muito charmoso. Visto hoje em dia poderá soar datado, como seria óbvio, mas o fato é que o filme mantém seu estilo intocável, mesmo com o passar dos anos. O roteiro foi muito bem adaptado, conseguindo capturar o universo criado por Verne, inclusive na personalidade dos personagens principais. O Capitão Nemo, por exemplo, foi perfeitamente retratado pela adaptação. Além disso há a possibilidade de rever o grande Kirk Douglas (recentemente falecido) em um de seus mais marcantes filmes. Aliás esse segue sendo um dos mais populares de sua carreira. Enfim, úm ótimo programa para a imaginação. Um filme tão saboroso que até hoje segue sendo exibido com regularidade nos canais de TV a cabo.
Pablo Aluísio.
terça-feira, 5 de abril de 2022
Ninho de Cobras
Título Original: There Was a Crooked Man...
Ano de Produção: 1970
País: Estados Unidos
Estúdio: Warner Bros
Direção: Joseph L. Mankiewicz
Roteiro: David Newman, Robert Benton
Elenco: Kirk Douglas, Henry Fonda, Burgess Meredith, Arthur O'Connell, Hume Cronyn, Warren Oates
Sinopse:
Ladrão e pistoleiro, o bandoleiro Paris Pitman, Jr (Kirk Douglas) rouba uma fazenda e esconde o dinheiro em um ninho de cobras no meio do deserto. Para seu azar logo é preso, sendo enviado para uma das piores prisões do velho oeste. E o lugar passa a ser comandado por um diretor linha dura, o ex-xerife Woodward W. Lopeman (Henry Fonda). Para Paris isso não importa. Ele precisa dar um jeito de fugir daquele lugar infernal.
Comentários:
Excelente filme! O western já estava decaindo, descendo a ladeira, quando esse filme chegou nos cinemas em 1970. Foi um sopro de renovação. É um belo faroeste onde todos os elementos parecem estar no lugar certo. A única coisa que me soou um pouco diferente foi a trilha sonora escrita e executada pelo Trini Lopez, um artista popular naqueles tempos. De qualquer forma todos os personagens são essenciais. Kirk Douglas interpreta um patife. Um sujeito que sabe que tem um ás na manga, justamente o dinheiro que escondeu no deserto. A informação vaza na prisão o que garante sua vida pois todos os bandidos que estão presos também querem um pedaço dessa pequena fortuna. O novo diretor da prisão bem no meio do deserto é um sujeito com fama de ser incorruptível, um velho xerife que praticamente aposentado aceita ser o diretor daquela prisão cheia de homens perigosos, assassinos de todos os tipos. Henry Fonda era o tipo de ator que tinha uma grandeza excepcional. Se o roteiro afirmava que ele nunca seria corrompido, o ator fazia o público acreditar nisso. Enfim, eis um filmão de faroeste, para se ter na coleção de qualquer cinéfilo que se preze.
Pablo Aluísio.
sexta-feira, 11 de junho de 2021
Os Últimos Durões
Título Original: Tough Guys
Ano de Produção: 1986
País: Estados Unidos
Estúdio: Touchstone Pictures
Direção: Jeff Kanew
Roteiro: James Orr, Jim Cruickshank
Elenco: Burt Lancaster, Kirk Douglas, Charles Durning, Alexis Smith, Dana Carvey, Darlanne Fluegel
Sinopse:
Harry Doyle (Burt Lancaster) e Archie Long (Kirk Douglas) são dois velhos criminosos que passaram décadas atrás das grades. Uma vez cumpridas as penas eles voltam para a liberdade, mas o mundo moderno lhes parece completamente diferente do passado. E agora, como vão sobreviver nessa nova realidade?
Comentários:
Como dois velhos gângsteres, da velha escola do crime, iriam sobreviver de volta às ruas depois de anos e anos dentro da prisão? Essa é a premissa básica desse filme. Calma, não se trata de um drama discutindo essa questão, que inclusive poderia render um ótimo argumento para um filme mais sério. Entretanto aqui o tom é de comédia. Esses dois criminosos, agora idosos, tentam cometer os mesmos crimes usando das velhas táticas, há muito obsoletas pelo passar do tempo. O filme na verdade é praticamente uma despedida e uma homenagem desses dois veteranos do cinema. Burt Lancaster, o antigo astro dos filmes de piratas, sempre sorridente e atlético e Kirk Douglas, um ícone do cinema americano em sua fase de ouro, mostram como ainda eram durões de verdade. É um filme divertido e até mesmo engraçado, porém uma dupla dessas, de tanta importância, poderia ter se envolvido em algo maior, à altura de suas carreiras.
Pablo Aluísio.
quinta-feira, 22 de abril de 2021
O Nimitz Volta ao Inferno
Título Original: The Final Countdown
Ano de Produção: 1980
País: Estados Unidos
Estúdio: Bryna Productions
Direção: Don Taylor
Roteiro: Thomas Hunter, Peter Powell
Elenco: Kirk Douglas, Martin Sheen, Katharine Ross, James Farentino, Ron O'Neal, Charles Durning
Sinopse:
Rompendo as barreiras que separam o tempo e o espaço, o USS Nimitz, Um porta-aviões moderno da Marinha dos Estados Unidos é lançado no tempo até 1941, perto do Havaí, poucas horas antes do ataque japonês a Pearl Harbor.
Comentários:
Muita gente ficou surpresa com esse filme em seu lançamento original nos cinemas, no começo da década de 1980. Isso porque o público em geral pensava que iria assistir a um filme de guerra convencional. Afinal era estrelado pelo veterano Kirk Douglas. A história se passava em um porta-aviões da US Navy. Porém na realidade não era disso que o filme tratava. Era uma ficção, muito fora dos padrões da época, envolvendo viagem no tempo, noções de física quântica e tudo o mais que ninguém tinha a menor ideia em ver nesse tipo de filme. E assim esse estranho "O Nimitz Volta ao Inferno" virou uma peça rara dentro do cinema americano. Claro que os antigos fãs de Kirk Douglas não gostaram da proposta do filme. Porém os mais jovens curtiram, livrando o filme de se tornar um fracasso de bilheteria. Embora não tenha sido sucesso, se pagou e gerou um pequeno lucro para o estúdio. E, apesar de tudo, não podemos deixar de reconhecer a coragem de Kirk Douglas. Naquela fase da carreira ele teve ousadia em atuar aqui. Mostrou que não tinha receios de inovar, procurar por novos rumos em sua filmografia.
Pablo Aluísio.
segunda-feira, 18 de janeiro de 2021
À Sombra de um Gigante
Clássico do cinema americano, filme produzido e lançado na década de 1960. Qual é a história do filme? Após o fim da segunda grande guerra mundial, o coronel David 'Mickey' Marcus (Kirk Douglas) volta para a vida civil. Advogado de formação, ele retorna para seu escritório em Nova Iorque, mas é logo procurado por um grupo de judeus que pedem por sua ajuda. Há uma nova nação e um novo exército. É preciso mais do que nunca alguém que tenha experiência de guerra na liderança das forças armadas de Israel. O país criado em cima do território da Palestina é cercado por inimigos por todos os lados e Marcus é chamado para organizar um exército com os jovens idealistas que estavam dispostos a lutar por Israel. Detalhe: eles não não tinham qualquer tipo de experiência nesse campo ou treinamento militar. Esse filme conta uma história importante na formação do Estado de Israel, quando surgiu a necessidade de criar e estruturar as forças armadas daquela jovem nação.
Como não havia experiência militar entre os jovens que se mudaram para aquela região após a criação do país, foi necessário a contratação de militares experientes para coordenar e desenvolver todos esses preparativos. O personagem interpretado por Kirk Douglas é justamente um desses homens que vão para Israel para dar os primeiros movimentos na criação de uma força militar poderosa naquela região. Todos os eventos que vemos no filme são inspirados em fatos históricos reais. Depois do que aconteceu na II Guerra, dos tristes e lamentáveis eventos do holocausto, o povo judeu, como era de esperar, precisava agora se armar e se tornar uma potência militar para proteger todos os membros de sua nação. E os militares americanos tiveram um papel importante nessa reestruturação, contribuindo com seus conhecimentos e experiência no campo de batalha. Os resultados foram excelentes, a tal ponto que em poucos anos Israel se tornou a maior potência militar do Oriente Médio. Inclusive seu teste de fogo não iria demorar muito. Em pouco tempo o país entraria em guerra com o Egito e se sairia vencedor desse conflito.
O diretor Melville Shavelson fez um bom trabalho para a United Artists. Por causa do tema a produção contou com a boa vontade de um excelente grupo de atores de Hollywood. Há três astros no filme, todos campeões de bilheteria na época. Além de Kirk Douglas, o elenco ainda trazia o grande John Wayne em um papel coadjuvante e o cantor Frank Sinatra, em um papel ainda menor. E aqui temos aquele velho problema que sempre surgia em filmes com grandes elencos. Não havia espaço para todos. Sempre alguém era desperdiçado em cena. Foi justamente o caso de John Wayne e Frank Sinatra. Seus personagens são até importantes na história, mas os atores não contaram com tempo suficiente para desenvolvê-los bem. De qualquer forma procure relevar esse aspecto. O filme já é importante apenas pelo tema histórico mostrado. Todo o resto são apenas pequenos detalhes cinematográficos.
À Sombra de um Gigante (Cast a Giant Shadow, Estados Unidos, 1966) Estúdio: United Artists / Direção: Melville Shavelson / Roteiro: Melville Shavelson, baseado na obra de Ted Berkman / Elenco: Kirk Douglas, John Wayne, Yul Brynner, Frank Sinatra, Angie Dickinson, Senta Berger / Sinopse: O filme conta a história de um veterano militar americano que é contratado pelo Estado de Israel para ajudar na criação das forças armadas daquele país, em um momento histórico em que Israel estava se formando politicamente.
Pablo Aluísio.
quarta-feira, 2 de dezembro de 2020
Acontece nas Melhores Famílias
Título Original: It Runs in the Family
Ano de Produção: 2003
País: Estados Unidos
Estúdio: Buena Vista International
Direção: Fred Schepisi
Roteiro: Jesse Wigutow
Elenco: Kirk Douglas, Michael Douglas, Cameron Douglas, Bernadette Peters, Diana Douglas, Michelle Monaghan
Sinopse:
Famílias geralmente são problemáticas. A história desse filme gira em torno de uma família tradicional, mas que por baixo das boas aparências, tem muitos problemas a superar. Basicamente essa é a história de uma família disfuncional de Nova York e suas tentativas de reconciliação.
Comentários:
A razão da existência desse filme é fácil de entender. Em determinado momento Michael Douglas decidiu que queria fazer um filme com seu pai, um grande nome da era do cinema clássico americano. Nada mais do que Kirk Douglas, já caminhando para o final de sua vida. Também escalou o neto de Kirk, seu filho Cameron, para um dos personagens principais. Foi um encontro emocional, uma tentativa de manter em fotograma o trabalho de três gerações do clã Kirk. Recentemente assisti a uma entrevista de Michael Douglas em que ele confessa duas coisas sobre esse filme. Ele gostou muito de reunir seus familiares, mas ao mesmo tempo não consegue mais assistir ao filme, por questões emocionais. O pai Kirk Douglas morreu. Já Cameron Douglas teve problemas com drogas e acabou sendo preso. Isso sem falar que o próprio Michael Douglas luta contra um câncer agressivo. Enfim, nada é para sempre. Aqui pelo menos eles estão todos juntos e ao que parece bem felizes. E se o filme não é grande coisa, pelo menos serviu para imortalizar essa reunião de todos eles no cinema.
Pablo Aluísio.
sexta-feira, 20 de novembro de 2020
Paris Está em Chamas?
Essa é uma produção francesa, com elenco cheio de estrelas francesas e americanas, que procura narrar os eventos que antecederam a libertação da cidade de Paris pelas tropas aliadas. Hitler queria que a cidade fosse incendiada antes que os americanos tomassem posse dela, um ato absurdo e lunático que levaria a perder centenas de anos de história, arte, cultura e arquitetura. O ditador alemão não queria ver nada de pé caso os alemães perdessem o controle da principal cidade francesa. O título do filme, "Paris Está em Chamas?", reflete bem isso, pois essa foi uma pergunta feita por telefone por um alto oficial alemão ao comandante do eixo na capital após os americanos entrarem na cidade, triunfantes.
É um filme bastante longo, com quase quatro horas de duração, que procura mostrar todos os personagens envolvidos na invasão de Paris. Isso talvez canse alguns espectadores pois o roteiro, apesar de obviamente ter uma linha narrativa principal, procura contar muitas histórias paralelas ao mesmo tempo. Isso porém não atrapalha o resultado final. Os atores americanos do elenco surgem em pequenas participações interpretando generais e oficiais das forças aliadas que foram decisivos na expulsão dos alemães da cidade. Em termos de produção, nada a criticar. Filmado nas próprias ruas de Paris, com uso inclusive de cenas reais captadas no calor da luta, o filme é realmente um ótimo retrato daquele momento decisivo na história da França e da Segunda Guerra Mundial. Um excelente programa para quem estiver em busca de conhecimento sobre aqueles eventos históricos tão importantes.
Paris Está em Chamas? (Paris brûle-t-il?, França, 1966) Estúdio: Marianne Productions, Transcontinental Films / Direção: René Clément / Roteiro: Larry Collins, Dominique Lapierre / Elenco: Jean-Paul Belmondo, Alain Delon, Kirk Douglas, Glenn Ford, Charles Boyer, Leslie Caron / Sinopse: Filme histórico, mostrando os momentos que antecederam a invasão dos aliados (Estados Unidos, Inglaterra e demais países ocidentais) em Paris. A cidade estava completamente dominada pelos nazistas e demais forças do Eixo. A queda de Paris iria se tornar um dos eventos mais simbólicos da derrota da Alemanha na Segunda Guerra Mundial. Filme indicado ao Oscar nas categorias de melhor direção de fotografia (Marcel Grignon) e melhor direção de arte (Willy Holt, Marc Frédérix). Filme indicado ao Globo de Ouro na categoria de melhor trilha sonora incidental (Maurice Jarre).
Pablo Aluísio.
terça-feira, 20 de outubro de 2020
Ambição Acima da Lei
Howard Nightingale (Kirk Douglas) é um delegado do Texas com grande ambição política. Pomposo e vaidoso transforma cada prisão que realiza em propaganda para sua campanha. Seu grande objetivo é ser eleito senador do Texas no congresso americano. Para isso viaja de cidade em cidade em sua própria locomotiva ao lado de seu grupo de auxiliares, todos impecavelmente bem vestidos. A grande chance de conquistar muitos votos surge na captura do bandido mais procurado do estado, o ladrão de trens Jack Strawhorn (Bruce Dern). Após eliminar todo o seu bando, Nightingale consegue encurralar o bandido perto de uma cidadezinha do velho oeste. Após a captura o leva para lá e realiza um verdadeiro comício com o evento, com direito a banda de música e tudo. Depois decide levar o criminoso para Austin onde pretende literalmente exibi-lo como troféu pelas ruas da grande cidade, obviamente tentando com isso angariar o maior número possível de votos para sua eleição ao senado. No caminho porém as coisas saem do controle e agora Nightingale terá que provar que não é apenas um político falastrão mas um delegado de verdade.
“Ambição Acima da Lei” foi um projeto muito pessoal do ator Kirk Douglas. Aqui ele atua, dirige e produz um western dos mais interessantes, uma verdadeira crítica à classe política de seu país, onde homens públicos utilizam aspectos inerentes aos seus deveres para única e exclusivamente se auto promoverem. O delegado interpretado por Douglas é um sujeito que se torna extremamente ambicioso em alcançar uma carreira política de sucesso e se distrai de suas verdadeiras obrigações como homem da lei. O roteiro se aproveita para no final o colocar como vítima da ambição de seus homens, o fazendo saborear do próprio veneno. Aliás o clímax de “Ambição Acima da Lei” é um dos mais inteligentes do cinema americano. Muito ácido e corrosivo, expõe as vísceras dos homens públicos de lá. Outro aspecto a chamar a atenção é que o filme foi realizado em 1975, já no ocaso do gênero, com Kirk Douglas bem veterano, mas tentando manter a chama do faroeste acessa. O resultado não poderia ser melhor, um filme inteligente, intrigante e com um raro sabor de crítica social.
Pablo Aluísio.
domingo, 20 de setembro de 2020
O Invencível
Para muitos especialistas na biografia de Kirk Douglas esse foi um dos filmes definitivos de sua carreira, pois o alçou para o estrelado. Não é para menos pois Kirk está completamente à vontade no papel do inescrupuloso Midge, uma pessoa que fica embriagada com seu próprio êxito nos ringues. O filme tem um clima noir dos mais marcantes, com belo uso da fotografia preto e branco, obviamente inspirado no cinema alemão da época. As cenas de lutas são extremamente bem editadas, o que valeu o Oscar de melhor montagem para o filme naquele ano. Até porque uma luta de boxe no cinema exigia emoção e nada melhor do que uma boa edição para realçar ainda mais esse aspecto.
A atriz Marilyn Maxwell (grande amiga pessoal de outro astro da época, Rock Hudson) está perfeita no papel de Grace. Curiosamente o filme teria problemas anos depois no auge da chamada "Caça às Bruxas" pois o roteiro foi considerado o símbolo perfeito do sentimento subversivo que havia sido acusado o cinema americano daqueles anos. O roteirista Carl Foreman acabou sendo acusado de ser comunista e entrou para a lista negra. Bobagem paranoica, tipicamente da mentalidade débil mental do Macarthismo. Deixe tudo isso de lado, "O Invencível" é um perfeito retrato das mudanças de um homem que não conseguiu mais separar seu sucesso profissional de sua vida pessoal. Não se trata de uma ode à ideologia socialista. Assim fica a recomendação para os fãs do cinema noir da década de 1940, pois "Champion" é sem dúvida uma grande obra cinematográfica daquele período histórico do cinema americano.
O Invencível (Champion, Estados Unidos, 1949) Direção: Mark Robson / Roteiro: Carl Foreman, Ring Lardner / Elenco: Kirk Douglas, Marilyn Maxwell, Arthur Kennedy / Sinopse: Boxeador (Douglas) começa a colecionar vitórias nos ringues ao mesmo tempo em que começa a esquecer todos aqueles que o ajudaram a subir na carreira. O destino porém lhe reservará uma grande lição de vida. Filme vencedor do Oscar nas categorias de melhor edição (Harry Gerstad). Também indicado nas categorias de melhor ator (Kirk Douglas), melhor ator coadjuvante (Arthur Kennedy), melhor roteiro (Carl Foreman), melhor direção de fotografia em preto e branco (Franz Planer) e melhor música (Dimitri Tiomkin). Filme vencedor do Globo de Ouro na categoria de melhor direção de fotografia em preto e branco (Franz Planer).
Pablo Aluísio.
sexta-feira, 18 de setembro de 2020
A Floresta Maldita
Jim Fallon (Kirk Douglas) é um madeireiro astuto e falastrão que após ter vários problemas na costa leste resolve ir até as fronteiras do oeste selvagem em busca de novas florestas para devastar e fazer fortuna. Chegando na Califórnia ele encontra uma rica reserva natural, mas encontra obstáculos para colocar as mãos em toda a matéria prima pois a terra é disputada por madeireiros rivais e um grupo religioso que pretende preservar as milenares árvores do local. Se fazendo passar por um rico milionário que quer apenas preservar a rica floresta ele acaba conseguindo finalmente a posse da mata. Depois ele terá que escolher entre explorar comercialmente a madeira do local ou ouvir sua consciência deixando intacta a floresta e suas árvores suntuosas e majestosas. Esse “A Floresta Maldita” tem um roteiro ecológico, e isso muitas décadas antes da ecologia virar moda. Claro que a consciência de se preservar as florestas não tem a mesma abrangência do que atualmente se vê, mas mesmo assim o roteiro tenta de todas as formas mostrar que também é importante preservar a riqueza natural por sua importância para as futuras gerações. Afinal, se toda aquela floresta for derrubada, não haverá mais nada a se explorar ou ver nos anos futuros.
Embora seja um filme muito bem intencionado nesse aspecto, “A Floresta Maldita” também apresenta problemas. Em vários momentos a estória se torna truncada e mal desenvolvida, há um excesso de detalhes jurídicos envolvendo a trama que só a torna cansativa e arrastada. O roteiro perde muito potencial discutindo quem seria o verdadeiro possuidor da floresta e quem teria o direito de explorar toda aquela madeira. O personagem de Kirk Douglas, por exemplo, passa quase todo o tempo tentando driblar a lei, forjando documentos falsos ou então elaborando novas fraudes para tomar conta de tudo. Isso acaba deixando o ritmo um pouco arrastado e repetitivo.
As coisas de fato só melhoram mesmo quando o filme finalmente vai se aproximando de seu final. A questão jurídica é deixada de lado para apostar em boas cenas de ação. Na melhor delas o personagem de Kirk Douglas, tal como um Indiana Jones do faroeste, pula em cima de um trem em movimento que caminha para o abismo. Sua intenção é salvar a mocinha, separar o vagão onde ela está do restante da locomotiva e parar o mesmo, antes que atravesse uma ponte de madeira sabotada! Ufa! Cenas como essas literalmente salvam o filme da primeira parte mais arrastada. No saldo final poderia realmente ser bem melhor, mas do jeito que está, até que diverte, apesar de alguns erros. Fica então a recomendação para os cinéfilos fãs do bom e velho Kirk Douglas.
A Floresta Maldita (The Big Trees, Estados Unidos, 1952) Direção: Felix E. Feist / Roteiro: John Twist, James R. Webb / Elenco: Kirk Douglas, Eve Miller, Patrice Wymore / Sinopse: Inescrupuloso e ganancioso madeireiro vai até a Califórnia com o objetivo de devastar uma rica floresta local. A tarefa porém não será nada fácil pois ele terá que enfrentar um grupo religioso que luta pela preservação da natureza e comerciantes de madeira rivais.
Pablo Aluísio.
sábado, 21 de março de 2020
Os Heróis de Telemark
Título Original: The Heroes of Talemark
Ano de Produção: 1965
País: Estados Unidos
Estúdio: Benton Film Productions
Direção: Anthony Mann
Roteiro: Ivan Moffat, Ben Barzman
Elenco: Kirk Douglas, Richard Harris, Ulla Jacobsson, Michael Redgrave, David Weston, Alan Howard
Sinopse:
A história do filme é baseada em fatos históricos reais. Tudo se passa na fria e distante Noruega. Membros locais da resistência à ocupação nazista e agentes da inteligência britânica se unem na missão de impedir que o III Reich venha a fabricar sua bomba atômica. Um comando especial é enviado em missão secreta para sabotar todos os planos do exército alemão. A intenção é colocar tudo abaixo, para que os nazistas não consigam ter em mãos essa arma de destruição em massa.
Comentários:
A década de 1960 foi a última dos filmes de guerra ao velho estilo. Esses roteiros bem patrióticos, ufanistas até, seriam substituídos por temas mais tensos, mais críticos. Na década de 1970 filmes como "Apocalypse Now" colocariam um fim a essa antigo forma de retratar os soldados e combatentes nos fronts de batalha. A própria guerra do Vietnã e seus problemas sociais iriam se tornar um muro para a produção de filmes como esses. Dito isso, sobre essa ar meio antigo, um tanto ultrapassado em termos de filmes de guerra, esse "The Heroes of Telemark" tem seus bons momentos. O grande atrativo vem do elenco e da direção. A presença de Kirk Douglas em qualquer filme já vale a sessão, mas quem brilha mesmo é Richard Harris! Que grande ator ele foi. Domina da primeira à última cena em que aparece. Grande talento. Por fim temos também a direção de Anthony Mann. Seus grandes filmes foram os de faroeste que rodou ao lado de James Stewart. Aqui também não perdeu a mão, concluindo um filme de guerra eficiente e bem conduzido. Acima de tudo o filme mantém o interesse porque o roteiro é bom. E é bom justamente porque conta uma história por demais interessante. Havia na guerra uma disputa para saber qual lado iria construir a primeira arma nuclear da história. Claro que esse tipo de bomba jamais poderia ser produzida por Hitler pois o custo humano de milhões de vidas iria ser alto. Por essa razão os militares do filme acabaram se tornando grandes heróis na II Guerra Mundial. O que eles evitaram sem dúvida não pode ser nem ao menos calculado. Nessa missão eles certamente salvaram milhões de vidas de inocentes.
Pablo Aluísio.
quarta-feira, 19 de fevereiro de 2020
Assim Estava Escrito
O roteiro do filme é um primor. Tudo se desenvolve nos bastidores da história do cinema. No filme o astro Kirk Douglas interpreta esse ótimo personagem, cheio de nuances psicológicas, um produtor de Hollywood que no passado deixou marcas negativas em diversas pessoas que trabalharam e se relacionaram com ele. Ele conseguiu construir do nada um estúdio de cinema e aos poucos foi colecionando sucessos de bilheteria. O começo foi modesto. Shields precisou produzir filmes baratos, produções B de terror. Quando conheceu o jovem e promissor diretor Fred Amiel (Barry Sullivan), que desejava adaptar um livro clássico da literatura para as telas, percebeu que sua sorte poderia mudar. Porém sua deslealdade com todos os que trabalharam ao seu lado começou a ficar cada vez mais evidente com o passar dos anos.
Shields tinha um talento natural para descobrir futuros profissionais brilhantes, assim ele também apostou suas fichas numa jovem atriz, com pouca experiência e baixa auto estima, a loira Georgia Lorrison (Turner). Filha de um ex-astro do passado, ela não conseguia superar seus problemas emocionais. Afundada no alcoolismo por causa das frustrações na carreira ela foi finalmente resgatada da sarjeta por Shields. Por fim o mesmo produtor percebeu que o futuro do cinema vinha da contratação de bons escritores para roteirizar os filmes. Por isso também contratou o romancista James Lee Bartlow (Powell) para trabalhar ao seu lado. Só que não demorou muito para que ele também fosse passado para trás pelo produtor, aqui visto como um sujeito bem dúbio, amigo na frente das pessoas, jogando contra elas nas suas costas. Todas essas pessoas deveriam ter laços eternos de gratidão com Shields, mas isso não acontece porque o produtor mais cedo ou mais tarde acabou decepcionando todos ao seu redor com suas atitudes.
O personagem interpretado por Kirk Douglas é um papel maravilhoso para qualquer ator, porque é real, tem sentimentos mesquinhos e não vacila em trair as pessoas caso entenda que isso seja necessário. Ao mesmo tempo possui um inegável talento para convencer a todos, mesmo quando foram magoados por ele no passado. O roteiro desse filme é realmente brilhante porque toda a história de Shields é narrada em flashback enquanto seus antigos desafetos são reunidos na sala de um dono de estúdio que quer convencê-los a trabalharem com o produtor novamente.
Esse filme foi um projeto bem pessoal de Kirk Douglas que conseguiu mostrar os bastidores do mundo do cinema como nunca antes visto. Ele chamou o talentoso cineasta Vincente Minnelli para dirigir e isso trouxe um grande impacto na tela. Fugindo de enquadramentos convencionais, Minnelli criou uma obra imortal. O elenco também está todo em estado de graça. Lana Turner tem uma de suas melhores interpretações: a de uma linda atriz que por baixo de toda a imagem glamorosa escondia uma mulher muito frágil emocionalmente falando. As semelhanças com Marilyn Monroe chegam a ser óbvias. Kirk Douglas dá vida ao produtor Shields, uma verdadeira força da natureza, egoísta e egocêntrico em certos momentos, amigo e fiel em outras situações. Um verdadeiro camaleão.
Curiosamente no meio de tantos talentos quem acabou levando o Oscar foi a atriz Gloria Grahame. Ela interpreta a esposa de um escritor contratado por Shields para ser o novo roteirista de seu estúdio. Uma beldade do sul, ela fica deslumbrada e magnetizada pela vida de luxo e riqueza de Hollywood e acaba sendo manipulada por Shields para seus interesses pessoais, o que acaba resultando em uma grande tragédia. Enfim, "Assim Estava Escrito" é realmente uma obra prima do cinema clássico americano. Um filme fantástico que é principalmente indicado para os cinéfilos em geral, para as pessoas que amam a sétima arte e sua história. É seguramente um dos melhores autorretratos já feitos por uma Hollywood em seus tempos de glória e auge.
Assim Estava Escrito (The Bad and the Beautiful, Estados Unidos, 1952) Estúdio: Metro-Goldwyn-Mayer (MGM) / Direção: Vincente Minnelli / Roteiro: Charles Schnee, George Bradshaw / Elenco: Lana Turner, Kirk Douglas, Walter Pidgeon, Dick Powell, Gloria Grahame, Gilbert Roland / Sinopse: O filme conta a história de um poderoso e desleal produtor de Hollywood. Um homem que não pensava duas vezes antes de passar para trás pessoas que lhe ajudaram no passado. Filme indicado ao Oscar na categoria de Melhor Ator (Kirk Douglas). Vencedor do Oscar nas categorias de Melhor Atriz Coadjuvante (Gloria Grahame), Melhor Roteiro (Charles Schnee), Melhor Fotografia (Robert Surtees), Melhor Direção de Arte (Cedric Gibbons, Edward C. Carfagno) e Melhor Figurino (Helen Rose). Também indicado ao BAFTA Awards na categoria de Melhor Filme.
Pablo Aluísio.
terça-feira, 18 de fevereiro de 2020
Gigantes em Luta
Terceira e última parceria entre os grandes astros do faroeste americano John Wayne e Kirk Douglas. No filme Wayne interpreta Taw Jackson que resolve se unir ao pistoleiro e ladrão Lomax (Kirk Douglas) para colocar em prática um plano mais do que ousado: roubar um carregamento de ouro no valor de 500 mil dólares. O grande desafio deles será, além de enfrentar a forte segurança que acompanha a fortuna, conseguir vencer a própria carroça que transporta o ouro, pois essa é fortemente armada com um potente metralhadora, além de ser blindada, se tornando praticamente inexpugnável. “Gigantes em Luta” é um western de pura ação, com muitas cenas de lutas, batalhas e tiroteios. Durante as filmagens Kirk Douglas teve uma surpresa que o impactou. John Wayne havia perdido o pulmão em uma complicada operação, três anos antes, na sua luta pessoal contra o câncer.
Assim o veterano ator estava bem debilitado fisicamente, precisando recorrer regularmente a uma bolsa de oxigênio para dar conta das complicadas filmagens, que lhe exigiam muito do ponto de vista físico. Mesmo assim ele trabalhou com empenho, sem reclamar. Vendo aquela obstinação do colega, Kirk ficou emocionado, como bem revelou em uma entrevista anos depois. Ele tinha que dar o melhor de si nas filmagens ao mesmo tempo em que se preocupava com John Wayne nas cenas mais exigentes e perigosas.
Além do ótimo elenco o filme também apresentava uma produção muito boa, até acima da média. Uma das “estrelas” do filme era a própria carroça blindada que levava o carregamento de ouro, chamada “War Wagon”. Durante anos ela foi exposta no parque temático da Universal ao lado de vários outros artefatos famosos de filmes clássicos. O curioso é que a “War Wagon” era na realidade feita de madeira pintada para parecer aço e ferro. Um truque de Hollywood. Com o uso de efeitos sonoros para recriar o som característico dos metais, completou-se a ilusão de que se estava na presença de uma carroça realmente blindada. Ninguém na época desconfiou de nada.
O diretor de “Gigantes em Luta” foi Burt Kennedy, que se deu tão bem com o astro John Wayne que esse o trouxe de volta para dirigir “Chacais do Oeste” cinco anos depois. O diferencial é que Kennedy sempre procurava respeitar os limites que a saúde de John Wayne exigia. Assim ele procurava filmar as cenas com o ator de forma concentrada, para evitar deixar John Wayne esperando por longas horas para entrar em cena. Também sempre deixava o ator à vontade, sem aquele clima de tensão no set, algo bem típico de Hollywood. O resultado de tudo é mais um belo western na filmografia de John Wayne, aqui ao lado de outro mito do cinema americano, Kirk Douglas. Simplesmente imperdível para os fãs do gênero.
Gigantes em Luta (The War Wagon, Estados Unidos, 1967) Direção: Burt Kennedy / Roteiro: Clair Huffaker, baseado em sua novela, The War Wagon / Elenco: John Wayne, Kirk Douglas, Howard Keel, Robert Walker Jr, Keenan Wynn / Sinopse: Dois aventureiros se unem no velho oeste para roubar uma carroça blindada que transporta um grande carregamento de ouro no valor de 500 mil dólares. Filme premiado pelo Western Heritage Awards na categoria de Melhor Direção.
Pablo Aluísio.
segunda-feira, 17 de fevereiro de 2020
A Um Passo da Morte
"A Um Passo da Morte" é uma produção de encher os olhos do espectador. O filme foi todo rodado na maravilhosa reserva natural de Bend, no Estado norte-americano do Oregon. Isso trouxe ao filme uma das mais belas fotografias que já vi em um faroeste dos anos 50. Rios de águas límpidas, montanhas e muito verde desfilam pela tela como um verdadeiro brinde aos espectadores. Junte-se a isso um bom roteiro, socialmente consciente, mostrando o profundo respeito dos índios em relação às riquezas naturais da região e você terá um belo western como resultado final.
O filme é curto, menos de 80 minutos, mas muito eficiente. Um dos destaques é a ótima cena de ataque dos guerreiros Sioux contra o forte do exército americano. Usando de cavalos, flechas e lanças de fogo, os indígenas demonstram ter bastante conhecimento de táticas de guerra e combate. Afinal de contas eram povos guerreiros. A cena é excepcionalmente bem filmada e o próprio forte construído na locação impressiona pelo tamanho e realismo. Certamente não foi uma produção barata, o que era bem do feitio do astro Kirk Douglas que sempre procurou o melhor em termos de produção para seus filmes. Aqui obviamente não seria diferente.
Curiosamente o filme foi dirigido pelo húngaro André de Toth, um cineasta versátil que se saía bem dirigindo os mais diversos tipos de filmes, de faroestes a dramas, passando por alguns clássicos do terror (como "Museu de Cera" ao lado do amigo Vincent Price). Dizem que foi escolhido pelo próprio Kirk Douglas, já que ele tinha também a intenção de dirigir algumas partes do filme, sempre dando opinião no roteiro, etc. Isso levou alguns a afirmarem que o filme foi co-dirigido por Douglas, embora ele não tenha sido creditado na direção. Em conclusão recomendo bastante esse excelente western bucólico, com lindas locações naturais, um belo romance ao fundo e muitas cenas de ação e conflitos. Está mais do que recomendado.
A Um Passo da Morte (The Indian Fighter, Estados Unidos, 1955) Direção: André de Toth / Roteiro: Frank Davis, Robert L. Richards / Elenco: Kirk Douglas, Walter Matthau, Elsa Martinelli, Lon Chaney Jr / Sinopse: Johnny Hawks (Kirk Douglas) lidera uma caravana de pioneiros no meio de um território indígena. Assim que a jornada começa um dos integrantes afirma que está particularmente interessado na localização de minas de ouro na região, criando conflitos, despertando a ambição e ganância dos demais viajantes e pioneiros.
Pablo Aluísio.
sábado, 21 de dezembro de 2019
Sem Lei e Sem Alma
Burt Lancaster e Kirk Douglas estão perfeitos em seus papéis. Kirk Douglas em especial encontrou grande afinidade entre sua própria personalidade expansiva e extrovertida e a figura do lendário Doc Holliday. Esse como já tive a oportunidade de escrever é realmente um personagem à prova de falhas. Um dentista corroído pela tuberculose que ocupava todo seu tempo jogando cartas e se envolvendo em confusões pelas cidadezinhas por onde passava. O que fazia de Doc um ótimo pistoleiro é que seu instinto de preservação já não era tão acentuado pois sempre se via no limite, à beira da morte, por isso para ele tanto fazia morrer em um tiroteio ou escapar vivo para mais um duelo à frente. Sua frieza e pontaria certeira o transformaram em uma lenda do velho oeste. Já Wyatt Earp também encontrou um ator ideal em Burt Lancaster. Íntegro, honesto e temido, procurava manter a lei em uma região infestada de facínoras e bandoleiros. O duelo no O.K. Curral foi apenas uma das inúmeras histórias envolvendo esse famoso homem da lei.
Para finalizar é bom salientar que a despeito de sua imensa qualidade cinematográfica, "Sem Lei e Sem Alma" não é completamente fiel aos fatos históricos. O próprio duelo final, razão de existência do filme, não ocorreu da forma mostrada no filme. De fato os eventos reais foram bem mais simples, pois os dois grupos rivais estavam frente a frente, a poucos metros uns dos outros. No filme há toda uma sequência de cenas que não existiram, como a queima da carroça, por exemplo. Johnny Ringo, o famoso pistoleiro, também não estava no confronto do O.K. Ele foi morto tempos depois no meio do deserto. Suspeita-se que foi morto por Doc Holliday pois ambos tinham uma rivalidade antiga que só seria resolvida com armas em punho. De qualquer forma esses detalhes em nada diminuem a extrema qualidade de "Sem Lei e Sem Alma", que hoje é considerado merecidamente um dos melhores filmes clássicos de western já realizados. Uma obra-prima certamente.
Pablo Aluísio.