segunda-feira, 21 de janeiro de 2019

A Estranha Passageira

O filme mostra, acima de tudo, como uma mãe dominadora e opressora pode influenciar negativamente na personalidade de uma filha. Charlotte Vale (Bette Davis) é a filha da matriarca de uma das famílias mais aristocratas e milionárias de Boston. A mãe a reprime de todas as formas, seja na forma de se vestir, seja na forma de se comportar. Com isso Charlotte acaba desenvolvendo uma personalidade tímida, medrosa em excesso. Depois de um colapso nervoso ele é internada em uma instituição psiquiátrica. Aos poucos ela vai melhorando. O psiquiatra então sugere que ela faça um grande cruzeiro em direção ao Rio de Janeiro. País tropical, cheio de belezas naturais, certamente a mudança de clima iria melhorar sua saúde mental. E assim Charlotte embarca em um belo navio transatlântico. Na viagem acaba se apaixonando por um homem chamado Jerry Durrance (Paul Henreid). Tudo seria maravilhoso, uma grande história de amor se não fosse por um detalhe crucial: ele já era casado, pai de um casal de filhos.

De volta aos Estados Unidos Charlotte então precisa defender suas novas posições diante da vida. Ela está bem vestida, com roupas modernas, dona de si, interagindo muito bem com as pessoas e apaixonada. Mudanças que sua mãe não encara com bons olhos, claro! Será que ela resistirá novamente aos atos de opressão de sua própria mãe? Esse filme é muito bem escrito e atuado. Valeu uma indicação ao Oscar para Bette Davis. Mais do que merecido. Afinal ela interpreta sua personagem em dois momentos bem diferentes da vida. No primeiro surge oprimida e triste, no segundo finalmente se liberta, sendo uma mulher de verdade, vivendo a vida, amando e sendo feliz. Só uma grande atriz como Davis poderia tornar crível esse tipo de mudança comportamental. Em termos gerais é um bom drama romântico com nuances psicológicas. Algo cada vez mais raro de encontrar nos dias de hoje.

A Estranha Passageira (Now, Voyager, Estados Unidos, 1942) Direção: Irving Rapper / Roteiro: Casey Robinson, baseado na peça escrita por Olive Higgins Prouty / Elenco: Bette Davis, Paul Henreid, Claude Rains, Gladys Cooper / Sinopse: Charlotte Vale (Bette Davis) é uma mulher com muitos problemas psicológicos e emocionais. Por recomendação médica acaba embarcando em um cruzeiro rumo ao Rio de Janeiro. Durante a viagem acaba se apaixonado por Jerry Durrance (Paul Henreid), um homem casado. Filme vencedor do Oscar na categoria de Melhor Música (Max Steiner). Também indicado nas categorias de Melhor Atriz (Bette Davis) e Melhor Atriz Coadjuvante (Gladys Cooper).

Pablo Aluísio.

domingo, 20 de janeiro de 2019

Região do Ódio

Temos aqui um clássico filme de western com a dupla James Stewart e Anthony Mann. No enredo Jeff Webster (James Stewart) é um cowboy contratado para levar um grande rebanho de gado para a distante Seattle, quase na fronteira com o Canadá. Chegando lá acaba involuntariamente atrapalhando uma execução na forca de alguns bandidos locais. O fato acaba levando o juiz Gannon (John McIntire) a tomar de posse todo o rebanho sob o título de multa contra seu ato. Webster obviamente entende a verdadeira razão de Gannon, pois ele é um magistrado corrupto que usa a lei em seu proveito próprio, sempre roubando do povo da cidade onde vive. Com medo. todos recuam em relação aos seus atos arbitrários. Mas para Webster as coisas serão diferentes pois ele não vai admitir que seu gado seja roubado dessa forma.

Mais um ótimo western dirigido por Anthony Mann e estrelado pelo ator James Stewart. A parceria cinematográfica entre eles foi responsável por grandes filmes do gênero nas décadas de 1950 e 1960. "Região do Ódio" logo chama a atenção por algumas particularidades. A primeira e mais visível é a bonita fotografia, fruto da linda região onde o filme foi realizado, nas montanhas nevadas da fronteira entre Estados Unidos e Canadá. A beleza natural do local realmente chama a atenção e proporciona ótimas tomadas de cena. Em uma delas a equipe do filme teve a sorte de capturar uma grande avalanche de neve. Imagine a dificuldade que a produção teve em filmar naquele local remoto. Além disso grande parte do enredo se passa numa pequena comunidade de mineradores no pé da montanha, o que faz com que a natureza esteja sempre presente em praticamente todas as cenas.

Outro aspecto muito interessante vem da própria construção psicológica do personagem de James Stewart. Por anos ele interpretou grandes homens de uma integridade acima de qualquer suspeita. Aqui na pele do cowboy Jeff Webster temos uma outra perspectiva. Ele é individualista, até mesmo egoísta, e ciente de que não se deve confiar muito nas pessoas ao redor. Talvez seu único contato mais próximo venha da amizade que tem com o seu pobre amigo de viagem. Mesmo quando parece se importar com mulheres, ele não abaixa a guarda. Só no final, em ótimo clímax, finalmente Stewart recupera, mesmo que indiretamente, a grandeza que sempre foi característica de seus principais personagens no cinema. O grau de injustiça na localidade se torna tão alto que mesmo ele em seu individualismo extremo resolve agir, mostrando aos moradores que apenas a omissão garante a opressão.

"Região do Ódio" também expõe a corrupção generalizada das autoridades e a certeza da impunidade. O grande vilão do filme é o juiz Gannon (John McIntire) que usa a lei e seu poder para tomar os bens de todos na comunidade. Primeiro ele avança no rebanho do personagem de James Stewart e depois, não satisfeito, começa a tomar posse de todas as minas da região. Um verdadeiro ladrão que usa a lei em proveito próprio. No filme pelo menos a população da cidade se revolta contra as várias injustiças. Afinal tudo tem um limite e até os poderosos devem pagar por seus crimes. Enfim, temos aqui um faroeste classe A, uma produção da era de ouro de Hollywood que até hoje se mostra atual e relevante. Um show de cinema com a assinatura de Anthony Mann.

Região do Ódio (The Far Country, Estados Unidos, 1954) Direção: Anthony Mann / Roteiro: Borden Chase / Elenco: James Stewart, Ruth Roman, Corinne Calvet / Sinopse: O cowboy Jeff Webster (James Stewart) cai em uma armadilha ao levar seu gado para uma região distante. Um juiz corrupto tenciona roubar todo o carregamento, em um absurdo ato de corrupção.

Pablo Aluísio.

sábado, 19 de janeiro de 2019

Cavaleiro Elétrico

“Cavaleiro Elétrico” conta a estória do cowboy de rodeios Sonny Steele (Robert Redford). Envelhecido e entregue ao alcoolismo o velho campeão vive agora uma rotina de desilusão e falta de esperanças. Contratado por uma agência de publicidade ele se limita a fazer aparições em eventos e shows apenas para promover a marca que lhe paga seu salário. De Cowboy e campeão passa a condição de um mero garoto-propaganda! Obviamente que tudo isso acaba mexendo com sua cabeça. Longe das competições e da glória só lhe resta agora viver do passado em um presente inglório e sem perspectivas. Seu destino porém muda quando ele fica indignado pelo tratamento dado a um cavalo puro sangue de 12 milhões de dólares. O animal é sistematicamente drogado e espancado para agir de acordo com o que exige o show. Procurando por redenção decide então jogar tudo para o alto com o objetivo de libertar o cavalo e o devolver para a natureza selvagem. Seu plano é levar o cavalo para os campos sem fim do estado americano de Utah! E não é complicado entender a razão. O animal de certa forma acaba se tornando seu próprio espelho, pois o velho cowboy também não suporta mais aquela rotina massacrante dos rodeios falsos de Las Vegas, da roupas espalhafatosas e ridículas e do circo que se cria ao seu redor.

Como se pode perceber o filme é uma homenagem ao espírito e estilo de vida dos cowboys americanos (os verdadeiros, não os falsos do mundo do entretenimento). O personagem interpretado por Robert Redford demonstra muito bem isso. Ele simplesmente não agüenta mais viver em um mundo completamente falso que tenta imitar de forma patética a figura mitológica do cowboy real. Vestindo um figurino absurdo e desconfortável (uma das roupas chega a ser toda enfeitada com luzinhas de natal), ele chega ao seu limite. Após dar um basta em tudo ganha o campo aberto, a natureza, ao lado do cavalo que ele deseja devolver para a liberdade em seu meio natural.

Obviamente por se tratar de um animal tão valioso ele logo se torna um procurado da justiça e da lei. Robert Redford encarna com perfeição o chamado “homem de Marlboro”. Ao seu lado também em estado de graça surge Jane Fonda, que vive uma jornalista que fica completamente intrigada pela estória toda de Sonny e o cavalo Rising Star. No fundo “Cavaleiro Elétrico” trata sobre o valor da liberdade e da impossibilidade de sermos o que não somos. Um argumento muito sensível e verdadeiro que merece ser redescoberto pelas novas gerações de cinéfilos.

Cavaleiro Elétrico (The Electric Horseman, EUA, 1979) Direção: Sydney Pollack / Roteiro: Robert Garland, Paul Gaer / Elenco: Robert Redford, Jane Fonda, Valerie Perrine, Willie Nelson, John Saxon / Sinopse: Velho cowboy (Robert Redford) sobrevive como garoto-propaganda em eventos de Las Vegas até decidir libertar um cavalo puro sangue. Perseguido pela polícia e autoridades ele ganha o campo aberto ao lado de uma jornalista (Jane Fonda) para libertar o animal.

Pablo Aluísio.

A Conquista do Oeste

Tinha tudo para ser um grande filme, mas acabou sendo prejudicado por suas próprias pretensões absurdas. Quando a Metro decidiu produzir esse faroeste resolveu que iria realizar "o filme definitivo" sobre o velho oeste. Para isso contratou três grandes diretores do gênero e um elenco milionário que contava com, entre outros astros, James Stewart, John Wayne e Gregory Peck. A promessa era de que haveria mesmo uma super produção vindo. Além disso contava com um novo sistema de exibição chamado Cinerama, que tinha como objetivo dar uma visão completa da cena para o público, com três enormes telas. 

Infelizmente as coisas não foram bem. O excesso de atores, diretores e roteiristas só resultou em um filme longo, arrastado e superficial. Nenhum personagem tinha tempo de se desenvolver bem. Dizia-se na época que a Metro havia juntado três roteiros de três filmes diferentes em um só! Não poderia dar certo mesmo. Além disso o tal sistema de tela tripla cansava o espectador que em determinado momento não sabia nem em que direção deveria olhar. Mais uma experiência para atrair público que não havia dado muito certo. Revisto hoje em dia o filme não se sustenta muito. Todos os elementos estão lá, porém isso não resultou em um grande filme, mas apenas em um filme grande, longo demais, que acaba causando simples tédio.

A Conquista do Oeste (How the West Was Won, Estados Unidos, 1962) Direção: John Ford, Henry Hathaway, George Marshall, Richard Thorpe / Roteiro: James R. Webb, John Gay / Elenco: James Stewart, John Wayne, Gregory Peck, Henry Fonda, Debbie Reynolds, Karl Malden, George Peppard, Eli Wallach, Richard Widmark / Sinopse: São três histórias que se interligam e que contam a história da colonização do velho oeste americano, com seus pioneiros, cowboys, militares e fazendeiros. Todos em busca de uma vida melhor.

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 18 de janeiro de 2019

A Sétima Cavalaria

"A Sétima Cavalaria" começa onde praticamente todos os filmes sobre o General Custer terminam. Aqui acompanhamos a volta do Capitão Tom Benson (Randolph Scott) ao Forte Lincoln após ir buscar sua noiva, a bela Martha (Barbara Hale). Ele era o braço direito de Custer na tropa e saiu de licença por motivos pessoais. O que Benson não sabe é que ao retornar não encontrará mais ninguém no forte! Toda a Sétima Cavalaria da qual fez parte acabara de ser massacrada pelos guerreiros Sioux e Cheyennes comandados por Cavalo Louco e Touro Sentado. "A Sétima Cavalaria" é seguramente um dos melhores filmes de western estrelados por Randolph Scott. O roteiro é muito bem escrito e se concentra nos eventos que ocorreram após a morte de Custer e a Sétima Cavalaria. O inquérito aberto pelo exército americano, as dúvidas sobre as reais intenções de Benson ao pedir licença, a necessidade de resgatar todos os restos mortais dos militares em Little Big Horn, tudo é extremamente bem exposto em grande momento de Scott no cinema. Há cenas impactantes como a volta do cavalo do general ao campo de batalha e a questão sobre a quem pertenceria os despojos da grande batalha - aos vencedores ou aos soldados da cavalaria?

Uma das coisas que mais chamam atenção nesse filme é a questão sobre quem teria sido responsável pelo massacre das tropas americanas. Durante muitos anos após o desastre em Little Big Horn houve uma glorificação do General Custer. Considerado herói pois morreu lutando, seu legado foi incontestável por anos. Depois descobriu-se que Custer cometeu muitos erros no campo de batalha. Extremamente vaidoso e egocêntrico, Custer queria alcançar os picos da glória ao acreditar que venceria toda uma nação Sioux apenas com poucos homens extremamente bem treinados. Se equivocou feio o que acabaria custando a vida de centenas de soldados e oficiais americanos. O filme não tem medo de tocar nessa ferida e o faz de forma brilhante. Para quem gosta da história do velho oeste "A Sétima Cavalaria" é essencial.

A Sétima Cavalaria (7th Cavalry, EUA, 1956) Direção: Joseph H. Lewis / Roteiro: Peter Packer baseado no livro de Glendon Swarthout / Elenco: Randolph Scott, Barbara Hale, Jay C. Flippen / Sinopse: Aqui acompanhamos a volta do Capitão Tom Benson (Randolph Scott) ao Forte Lincoln após ir buscar sua noiva, a bela Martha (Barbara Hale). Ele era o braço direito de Custer na tropa e saiu de licença por motivos pessoais. O que Benson não sabe é que ao retornar não encontrará mais ninguém no forte! Toda a Sétima Cavalaria da qual fez parte acabara de ser massacrada pelos guerreiros Sioux e Cheyennes comandados por Cavalo Louco e Touro Sentado.

Pablo Aluísio.

Jake Grandão

John Wayne morreu em 1979. Esse filme foi produzido em 1971, ou seja, no começo da última década de vida do veterano ator. Com os filmes de faroeste em baixa, já que o gênero teve mesmo seu auge durante os anos 40, 50 e 60, o velho astro procurava se manter em cartaz. Esse "Jake Grandão" contou com o dinheiro do próprio ator que praticamente foi o produtor executivo da fita. Para compor elenco e equipe técnica, Wayne reuniu velhos companheiros do cinema (como a atriz Maureen O'Hara) com uma geração jovem, muitos deles filhos de grandes astros do passado que agora tentavam uma chance dentro da indústria cinematográfica. Isso demonstrou acima de tudo o bom caráter de John Wayne, procurando dar oportunidades para todos que o conheciam.

A direção foi creditada a George Sherman, diretor dos bons e velhos tempos dos grandes filmes de western do passado. Só que ele passou por problemas de saúde durante as filmagens e assim o próprio John Wayne acabou dirigindo metade do filme, embora seu nome não constasse nos créditos oficiais da fita. No enredo ele interpretava um velho xerife aposentado, um homem da lei do passado, que agora procurava por paz, além de tentar uma reconciliação com um dos seus amores de um tempo distante. Sua tranquilidade porém seria rompida com o sequestro de seu neto. A partir daí caberia a ele pegar o velho rifle, montar seu cavalo e ir atrás dos criminosos. Bom filme, digno, da fase final da filmografia de um dos grandes mitos da história do cinema americano.

Jake Grandão (Big Jake, Estados Unidos, 1971) Direção: George Sherman, John Wayne / Roteiro: Harry Julian Fink, Rita M. Fink / Elenco: John Wayne, Richard Boone, Maureen O'Hara, Virginia Capers / Sinopse: Jacob McCandles (John Wayne) é um velho xerife aposentado que precisa voltar à ativa, após ter seu neto sequestrado por um bando de criminosos perigosos.

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 17 de janeiro de 2019

Ben McKenzie

Quem é Ben McKenzie? Nesse mundo de séries geralmente nos esbarramos com aqueles atores que já conhecemos, mas que não sabemos o nome. É aquele tipo de ator que você encontra em várias séries, gosta do trabalho dele, mas geralmente no final pergunta: como é mesmo o nome dele? Ben já esteve em várias séries que acompanhei. Não sou particularmente um fã de seu trabalho, mas devo dizer que ele é sem dúvida um sujeito talentoso, que segura uma série como protagonista sem problemas.

A primeira vez que vi algo com Ben foi na série adolescente "OC". Não cheguei a acompanhar direito essa série porque quando ela era exibida não me interessou muito. Séries sobre jovens riquinhos já tinha saturado em minha opinião. Mesmo assim cheguei a ver vários episódios, sem maiores compromissos. Se me recordo bem ele interpretava um cara modesto que ia morar em Los Angeles, em um bairro de jovens ricos. Era só. Tinha boa trilha sonora, mas nada além disso.

Só voltei a reencontrar o Ben em "Southland: Cidade do Crime". Sempre fui fã de séries policiais e essa era muito especial. Toda rodada em uma Los Angeles cheia de crimes, o Ben interpretava um jovem policial que ia ganhando a manha das ruas a cada dia de trabalho. Série excepcionalmente acima da média, muito boa, filmada quase como se estivéssemos assistindo a um documentário sobre a vida real. Também serviu para mostrar que a vida nas grandes cidades americanas não era o país das mil e uma maravilhas como muitos brasileiros inocentemente pensavam. Era barra pesada, selvagem, crua e violenta. Essa série recomendo a todos.

A terceira série que cheguei a acompanhar do Ben foi "Gotham". Ele interpreta o jovem comissário Gordon numa era antes do Batman, que ainda é uma criança. Porém muitos dos vilões do universo do homem morcega desfilam pela tela. É uma série extremamente bem produzida, com o melhor que a Warner Bros tem a oferecer. Mesmo acompanhando grande parte da primeira temporada não consegui curtir. É aquele tipo de série que tudo parece estar no lugar, com bons roteiros, elenco muito bom, direção de fotografia bonita, mas que ao mesmo tempo não cria empatia e nem parece ter carisma. Por isso após alguns episódios larguei a série. Não foi do meu gosto pessoal. Talvez um dia volte a acompanhar, quem sabe...

Pablo Aluísio.

Christopher Plummer

Christopher Plummer só melhorou com o passar dos anos. Pelo menos essa é a impressão de muitos cinéfilos e críticos de cinema ao redor do mundo. Hoje em dia podemos dizer inclusive que ele está no melhor momento de sua carreira e isso após quase 70 anos de carreira e mais de 200 filmes no currículo! Não é pouca coisa, meus caros. Há dois dias ele completou 89 anos de idade e nem pensa em se aposentar!

O interessante é que ele só veio mesmo a ser considerado um grande ator, de primeira grandeza, há relativamente pouco tempo. Para quem está há tantos anos na estrada não deixa de ser uma grande injustiça. Finalmente Plummer está tendo o reconhecimento que sempre mereceu, mesmo quando atuava em papéis menores, de personagens secundários, algo que ele fez com muita dignidade quando sua carreira começava a entrar numa fase morna, sem sucessos de bilheteria.

Durante muitas décadas ele foi considerado apenas um galâ elegante, ideal para interpretar personagens aristocráticos, sofisticados, da alta classe. O Oscar só veio em 2017, por sua atuação em "Toda Forma de Amor". Tarde demais? Não, diria que antes tarde do que nunca! Pessoalmente confesso que de certa maneira também nunca havia prestado muito atenção nele até meados dos anos 80. Uma das minhas referências mais óbvias quando ouvia falar em Christopher Plummer era seu bom desempenho como Sherlock Holmes em "Assassinato por Decreto". Ele interpretou um Sherlock bem fiel aos livros originais, bem clássico, bem de acordo com as páginas da literatura. E isso me causou uma excelente impressão.

Dizem que os galãs geralmente possuem prazo de validade. Quando a idade chega eles tendem a ser esquecidos. No caso de Plummer isso não aconteceu. Ele passou a ter um outro momento em sua vida artística. Penso que nem foi algo planejado pelo ator. Ele simplesmente aceitou bons papéis que iam surgindo, geralmente de pessoas na terceira idade. Eram bons roteiros e isso o elevou de novo ao primeiro time de Hollywood. "O Mundo Imaginário do Doutor Parnassus", "A Última Estação", "Elsa e Fred - Um Amor de Paixão", "O Homem Que Inventou o Natal", "Todo o Dinheiro do Mundo", "A Exceção" "Limites" e "Não Olhe Para Trás" são filmes representativos desse seu novo momento na sua filmografia, que é sempre bom lembrar, é cheia de clássicos do passado.

Pablo Aluísio. 

quarta-feira, 16 de janeiro de 2019

Primeiros Filmes - Steven Spielberg

Há muitas histórias diferentes sobre Steven Spielberg em seu começo de carreira no cinema. Algumas dizem que ele simplesmente um dia pegou um crachá do estúdio Universal, entrou lá e fingindo ser um diretor experiente começou a dirigir seus primeiros filmes. Claro que algo assim passa longe da verdade, são mitos divertidos que o próprio Spielberg usou para se divertir. O fato é que por trás desse tipo de anedota se esconde um dos diretores mais importantes da história do cinema americano. Não é exagero. Spielberg é seguramente um dos cineastas mais marcantes das últimas décadas. Em seu nível provavelmente só teremos nomes como Francis Ford Coppola e Martin Scorsese. A diferença básica é que enquanto cineastas como esses procuravam acima de tudo agradar a crítica, Spielberg direcionou praticamente toda a sua carreira para o grande público. Certa vez ele disse que o seu cinema não tinha muitos mistérios, que ele apenas dirigia aqueles filmes que ele próprio, como um fã de cinema, gostaria de assistir. É foi justamente pensando nisso que Spielberg cravou seu nome na história de Hollywood.

Judeu, louco por cinema desde a juventude, Steven decidiu bem cedo que queria dirigir filmes. Ele nunca quis dar uma de intelectual com suas obras. Na verdade Steven Spielberg teve sua infância nos anos 1950, justamente a era de ouro da ficção no cinema americano. Essa influência ficou com ele para sempre. Os filmes do diretor jamais deixaram essa herança de lado, sempre com extraterrestres, fantasia, diversão. Exatamente por ser um fã de cultura pop é que Spielberg se tornou o que é hoje em dia. Seus filmes nunca foram tão eruditos como os de Coppola ou Scorsese. Ao invés disso o diretor direcionou sua filmografia para a diversão do jovem louco por quadrinhos, TV e cinema. E tudo começou lá atrás, quando ele dirigiu um episódio da série de sucesso "O Incrível Hulk". Spielberg ainda era um jovem, mas a emissora, confiante em seu talento, o escalou para dirigir o episódio chamado "Never Give a Trucker an Even Break". Esse foi o ponto zero da carreira de Spielberg na direção. A série era estrelada pelos atores Bill Bixby (que interpretava o cientista  Dr. David Banner) e Lou Ferrigno (que dava vida ao monstro verde dos quadrinhos). Como já era tradição dentro da indústria americana, primeiro os jovens diretores ganhavam experiência em séries de TV, para só depois tentar a sorte nas telas de cinema, algo que para Spielberg veio até muito rápido, rápido demais para dizer a verdade.

Steven Spielberg mostrou sua genialidade já no seu primeiro filme pra valer em Hollywood. Encurralado (Duel, Estados Unidos, 1971) tinha um roteiro dos mais simples, para não dizer, simplórios. Era apenas a história de um motorista que passava a ser perseguido por um grande caminhão nas estradas da Califórnia. Nada mais do que isso. Spielberg entendeu que aquela seria uma ótima oportunidade para mostrar seu talento de direção. Usando de enquadramentos inovadores e uma trilha sonora impactantes ele criou um dos melhores filmes daquele ano. O filme acabou sendo exibido na TV, o que não foi algo ruim para o diretor, já que assim ele tinha chances de concorrer em algum prêmio importante que premiasse telefilmes. No Globo de Ouro o talento de Steven Spielberg foi reconhecido e pela primeira vez em sua curta filmografia ele acabou sendo indicado na categoria de Melhor Telefilme do ano, uma indicação que já valia como prêmio por ter sido lembrado.

Nessa primeira fase de sua filmografia os estúdios passaram a prestar mais atenção no jovem diretor. Muitos o apontavam como um novo talento nas produções de terror e suspense, mas esse tipo de rótulo não se enquadrava bem em Spielberg. Ele queria tentar todos os gêneros cinematográficos e pessoalmente preferia os filmes de Sci-Fi (ficção) do que de terror propriamente ditos. Spielberg foi um dos vários garotos de sua geração que cresceram assistindo a séries de ficção como "Além da Imaginação". Por isso essa inspiração jamais seria deixada de lado.

De qualquer forma o estigma de ser um novo talento do suspense levou com que Spielberg dirigisse dois outros telefilmes, nenhum deles com grande destaque. O primeiro foi "A Força do Mal" sobre um casal que se mudava para uma velha casa isolada no meio rural e começava a ter problemas com espíritos malignos. Um filme de terror bem feito, mas ainda sob controle do estúdio, o que cortou de certa forma a criatividade do diretor. Depois dele, já em 1973, veio "Savage" sobre um jornalista investigativo que descobria fotos comprometedoras de um magistrado indicado para a Suprema Corte dos Estados Unidos. Esse filme foi interessante para Spielberg porque ele teve a oportunidade de dirigir um grande ator,  Martin Landau. Só que a TV havia ficado pequena demais para ele. Em breve Spielberg queria se dedicar à grande paixão de sua vida: filmes para o cinema.

Pablo Aluísio.

Primeiros Filmes - Amy Adams

A atriz Amy Adams nasceu na Itália... quem diria que ela fosse italiana, não é mesmo? Bem, é quase isso. Filha de um militar americano servindo no velho continente, ela acabou nascendo por lá em uma cidade chamada Vicenza. Era agosto de 1974. Pois bem, o tempo passou e ela abraçou a carreira artística. Primeiramente no teatro - o berço de todos os grandes atores e atrizes - e depois o cinema.

Hoje a filmografia da Amy já conta com 59 filmes! Um número de respeito, ainda mais se formos levar em conta que ela começou a atuar para valer em cinema só a partir de 1999, ou seja, ela nem completou ainda 20 anos de carreira. Como toda jovem tentando encontrar um espaço nesse mercado mais do que competitivo, a ruiva precisou ralar bastante e também fazer algumas bobagens ao longo dos anos. Normal em casos assim, de atrizes em começo de carreira. Como processo natural ela acabou atuando, logo no seu primeiro filme, numa besteira intitulada "Lindas de Morrer". O elenco pelo menos era muito bom, com atrizes que realmente faziam jus ao título do filme. Ao lado dela nessa produção estavam Kirsten Dunst, Denise Richards e Ellen Barkin; Essa última loira aliás sempre considerei uma das mulheres mais sensuais do cinema americano.

Bom, se você é jovem e bonita e anda precisando trabalhar em Hollywood no comecinho da carreira um caminho simples de arranjar papéis é descolar alguma produção de terror para participar . A Amy Adams não escapou desse caminho. Seu segundo filme foi o inacreditável (no mal sentido mesmo) "Horror na Praia Psicodélica". Depois de cinco indicações ao Oscar gostaria de saber como a Amy olha para trás e encara produções como essa em que ela atuou! Deve ser um misto de arrependimento com humor. Por falar nisso os produtores dessa fitinha a anunciavam como um "Encontro entre os filmes slasher e os psicodélicos anos 60, tudo se passando numa praia paradisíaca!" Deve ser literalmente um horror!

Pablo Aluísio.