Há muitas histórias diferentes sobre Steven Spielberg em seu começo de carreira no cinema. Algumas dizem que ele simplesmente um dia pegou um crachá do estúdio Universal, entrou lá e fingindo ser um diretor experiente começou a dirigir seus primeiros filmes. Claro que algo assim passa longe da verdade, são mitos divertidos que o próprio Spielberg usou para se divertir. O fato é que por trás desse tipo de anedota se esconde um dos diretores mais importantes da história do cinema americano. Não é exagero. Spielberg é seguramente um dos cineastas mais marcantes das últimas décadas. Em seu nível provavelmente só teremos nomes como Francis Ford Coppola e Martin Scorsese. A diferença básica é que enquanto cineastas como esses procuravam acima de tudo agradar a crítica, Spielberg direcionou praticamente toda a sua carreira para o grande público. Certa vez ele disse que o seu cinema não tinha muitos mistérios, que ele apenas dirigia aqueles filmes que ele próprio, como um fã de cinema, gostaria de assistir. É foi justamente pensando nisso que Spielberg cravou seu nome na história de Hollywood.
Judeu, louco por cinema desde a juventude, Steven decidiu bem cedo que queria dirigir filmes. Ele nunca quis dar uma de intelectual com suas obras. Na verdade Steven Spielberg teve sua infância nos anos 1950, justamente a era de ouro da ficção no cinema americano. Essa influência ficou com ele para sempre. Os filmes do diretor jamais deixaram essa herança de lado, sempre com extraterrestres, fantasia, diversão. Exatamente por ser um fã de cultura pop é que Spielberg se tornou o que é hoje em dia. Seus filmes nunca foram tão eruditos como os de Coppola ou Scorsese. Ao invés disso o diretor direcionou sua filmografia para a diversão do jovem louco por quadrinhos, TV e cinema. E tudo começou lá atrás, quando ele dirigiu um episódio da série de sucesso "O Incrível Hulk". Spielberg ainda era um jovem, mas a emissora, confiante em seu talento, o escalou para dirigir o episódio chamado "Never Give a Trucker an Even Break". Esse foi o ponto zero da carreira de Spielberg na direção. A série era estrelada pelos atores Bill Bixby (que interpretava o cientista Dr. David Banner) e Lou Ferrigno (que dava vida ao monstro verde dos quadrinhos). Como já era tradição dentro da indústria americana, primeiro os jovens diretores ganhavam experiência em séries de TV, para só depois tentar a sorte nas telas de cinema, algo que para Spielberg veio até muito rápido, rápido demais para dizer a verdade.
Steven Spielberg mostrou sua genialidade já no seu primeiro filme pra valer em Hollywood. Encurralado (Duel, Estados Unidos, 1971) tinha um roteiro dos mais simples, para não dizer, simplórios. Era apenas a história de um motorista que passava a ser perseguido por um grande caminhão nas estradas da Califórnia. Nada mais do que isso. Spielberg entendeu que aquela seria uma ótima oportunidade para mostrar seu talento de direção. Usando de enquadramentos inovadores e uma trilha sonora impactantes ele criou um dos melhores filmes daquele ano. O filme acabou sendo exibido na TV, o que não foi algo ruim para o diretor, já que assim ele tinha chances de concorrer em algum prêmio importante que premiasse telefilmes. No Globo de Ouro o talento de Steven Spielberg foi reconhecido e pela primeira vez em sua curta filmografia ele acabou sendo indicado na categoria de Melhor Telefilme do ano, uma indicação que já valia como prêmio por ter sido lembrado.
Nessa primeira fase de sua filmografia os estúdios passaram a prestar mais atenção no jovem diretor. Muitos o apontavam como um novo talento nas produções de terror e suspense, mas esse tipo de rótulo não se enquadrava bem em Spielberg. Ele queria tentar todos os gêneros cinematográficos e pessoalmente preferia os filmes de Sci-Fi (ficção) do que de terror propriamente ditos. Spielberg foi um dos vários garotos de sua geração que cresceram assistindo a séries de ficção como "Além da Imaginação". Por isso essa inspiração jamais seria deixada de lado.
De qualquer forma o estigma de ser um novo talento do suspense levou com que Spielberg dirigisse dois outros telefilmes, nenhum deles com grande destaque. O primeiro foi "A Força do Mal" sobre um casal que se mudava para uma velha casa isolada no meio rural e começava a ter problemas com espíritos malignos. Um filme de terror bem feito, mas ainda sob controle do estúdio, o que cortou de certa forma a criatividade do diretor. Depois dele, já em 1973, veio "Savage" sobre um jornalista investigativo que descobria fotos comprometedoras de um magistrado indicado para a Suprema Corte dos Estados Unidos. Esse filme foi interessante para Spielberg porque ele teve a oportunidade de dirigir um grande ator, Martin Landau. Só que a TV havia ficado pequena demais para ele. Em breve Spielberg queria se dedicar à grande paixão de sua vida: filmes para o cinema.
Pablo Aluísio.
Steven Spielberg
ResponderExcluirPablo Aluísio.