Muito se fala sobre Napoleão Bonaparte e suas conquistas. A questão histórica importante porém é que Napoleão foi vencido e ao final das intermináveis guerras napoleônicas terminou como um derrotado, tanto no campo de batalha como na política. Os vencedores nem sempre são muito lembrados. É o caso do Czar Alexandre I da Rússia que ajudou a destruir os planos de Napoleão em conquistar todo o mundo ocidental. Alexandre nasceu no berço da luxuosa corte da grande imperatriz Catarina. Desde criança ele se tornou um preferido dela, a ponto de Catarina ter caprichado em sua educação, o enviando para estudar fora da Rússia. Ela queria um sucessor educado, preparado e capaz para após sua morte guiar o Império russo.
Ele, apesar de fazer parte de uma das elites nobres mais absolutistas da história, acabou tendo uma educação liberal, baseada em muitos dos preceitos e filósofos da França revolucionária. Talvez essa formação iluminista explique vários momentos de seu reinado. De qualquer forma Alexandre I subiu ao trono russo em 1801, após a morte de seu pai. O Czar Paulo foi morto com requintes de crueldade, teve seu crânio esmagado por conspiradores. Alexandre ficou chocado com isso. Pior, o povo russo começou a desconfiar que ele próprio teria feito parte da conspiração. De qualquer forma a Rússia precisava de um novo Czar e Alexandre assumiu o trono, ainda bem jovem. Ele inicialmente revelou-se ser um grande administrador, abrindo escolas por toda a Rússia, ampliando o sistema educacional para formar uma geração de pensadores e intelectuais. Nesse aspecto Alexandre inspirou-se em sua própria história pessoal. O acesso que ele teve aos melhores professores e mestres do mundo o levou em frente para que toda criança russa tivesse também uma educação de qualidade.
Antes porém de levar seus planos administrativos internos adiante estourou as diversas guerras napoleônicas por toda a Europa. É interessante notar que no começo Alexandre I manteve uma certa simpatia por Napoleão Bonaparte e seus ideais. Afinal o imperador francês era fruto da revolução francesa e tendo uma formação iluminista, Alexandre logo simpatizou com a sua causa. Isso porém não durou muito. Sob a verniz de liberal e defensor dos valores revolucionários, Napoleão nutria um desejo de conquista sem fim. No fundo ele queria destruir todas as aristocracias da Europa sem exceção. E isso o colocava em rota de colisão contra o Czar russo. O destino foi selado quando Napoleão resolveu invadir a Rússia. Sua campanha porém foi um desastre. Além da corajosa defesa do exército russo, a própria natureza impiedosa tratou de destruir os planos do imperador francês. A neve, a lama e as terras que pareciam não ter fim foram matando as tropas de Napoleão, tanto de fome como de frio. Na verdade a invasão da Rússia significou o fim das guerras de expansão do violento tirano francês. Após a derrota na Rússia, Napoleão nunca mais seria o mesmo. O curioso é que a guerra também mudou a personalidade de Alexandre. Se no começo de seu reinado ele mostrou-se um homem antenado com os ideais iluministas, no fim de sua vida, tornou-se bem mais conservador e religioso, valorizando o passado e as tradições da sociedade russa.
Nos anos finais de sua vida ele enfrentou problemas internos e externos. Em vários momentos pensou em abdicar, principalmente após a morte de sua filha querida a quem era muito próximo. Durante uma estadia no mar de Azov, o Czar Alexandre caiu doente. Ele havia contraído Malária, uma doença muito séria, sem possibilidade de cura na época. Aos poucos foi declinando até morrer em 1825 com apenas 47 anos de idade. O grande legado de Alexandre I foi ter derrotado Napoleão Bonaparte. Suas iniciativas em melhorar a vida do povo russo também depõem em seu favor. De qualquer forma uma coisa parece certa: pelas conquistas e vitórias Alexandre I deveria ser bem mais lembrado nos dias de hoje.
Pablo Aluísio.