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quinta-feira, 30 de novembro de 2023

Fuga de Los Angeles

Título no Brasil: Fuga de Los Angeles 
Título Original: Escape from L.A.
Ano de Lançamento: 1996
País: Estados Unidos
Estúdio: Paramount Pictures
Direção: John Carpenter
Roteiro: John Carpenter, Nick Castle
Elenco: Kurt Russell, Steve Buscemi, Stacy Keach, Georges Corraface, Pam Grier, Michelle Forbes

Sinopse:
Após o desaparecimento de um artefato nuclear, o governo dos Estados Unidos volta a procurar pelos serviços do mercenário Snake Plissken (Kurt Russell). Ele precisará localizar e recuperar o tal objeto atômico em uma Los Angeles dominada pelo crime, com uma população formada por ladrões, assassinos e criminosos de todos os tipos. 

Comentários:
Que filme ruim! Veja, não me entenda mal. Eu considero o personagem do Snake Plissken um dos mais lembrados dos anos 80. O primeiro filme "Fuga de Nova York" é bem legal, desperta muita nostalgia ainda hoje, mas essa sequência dos anos 90 é ruim de doer! Eu me recordo que a reação nos Estados Unidos foi tão negativa que o filme veio parar diretamente no mercado VHS no Brasil. Sinal inequívoco na época que se tratava de uma bomba! Pior do que isso, os efeitos digitais, ainda primários, dando os primeiros passos no cinema, eram bem ruins, já naqueles tempos. Eu me lembro de rir da ruindade dos efeitos visuais que tentavam imitar um onda gigante atingindo Los Angeles. Pura podreira trash! Concluindo, nada se salva mesmo. O roteiro que poderia ser um ponto positivo, se tentasse seguir os passos do primeiro filme, poderia ser definido tranquilamente como uma piada de mau gosto. John Carpenter, que sempre considerei muito, errou e errou feio nesse segundo filme! Enfim, melhor esquecer. Afundou nas bilheterias e acabou com uma franquia que até poderia ser bem promissora, se não tivessem feito um filme tão ruim como esse! 

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 19 de junho de 2023

Um Salto para a Felicidade

Título no Brasil: Um Salto para a Felicidade
Título Original: Overboard
Ano de Lançamento: 1987
País: Estados Unidos
Estúdio: Metro-Goldwyn-Mayer (MGM)
Direção: Garry Marshall
Roteiro: Leslie Dixon
Elenco: Goldie Hawn, Kurt Russell, Edward Herrmann, Katherine Helmond, Roddy McDowall, Jared Rushton

Sinopse:
Marceneiro viúvo e pai de 4 filhos, é demitido por uma herdeira rica e pernóstica de seu barco. Só que quando ela cai em alto mar, é salva justamente por ele. E assim nasce um sentimento de romance d paixão entre os dois. Para ela, não vai ser fácil, pois os filhos do sujeito são verdadeiros diabinhos.

Comentários:
É a tal coisa... Se você foi adolescente nos anos 80, você muito provavelmente assistiu a algum filme da atriz Goldie Hawn na sessão da tarde. Os filmes dela, na maioria das vezes, eram comédias românticas, bem bobinhas, mas que funcionavam muito bem. Ela se tornou assim figurinha fácil na telinha da Rede Globo naqueles anos. Esse aqui, como vários outros, contava com o marido dela no elenco, o ator Kurt Russell. Filme divertido, leve com a história, até que muito bem interessante para o nicho cinematográfico a que pertencia. E como a jovem Goldie Hawn era bonita! Tinha muito talento para o humor! Um detalhe curioso é que o filme acabou sendo lançado em DVD no Brasil, mesmo após muitos anos. A razão é simples de explicar... Pura nostalgia dos anos 80!

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 19 de maio de 2022

Django Livre

Em “Bastardos Inglórios” Quentin Tarantino tentou revisitar, com muito bom humor, um dos mais populares gêneros do cinema da era de ouro, o dos filmes de guerra. Exagerado, over, beirando a paródia completa, “Bastardos Inglórios” dividiu opiniões, sendo odiado por uns e amado por outros. Embora seu desfecho fosse absurdo pelo menos era surpreendente, não há como negar. Agora é a vez do Western servir de alvo para as lentes de Tarantino. “Django Livre” se propõe a ser uma paródia do chamado Western Spaguetti, gênero que se tornou muito popular (inclusive no Brasil) na época de seu auge. A tônica dessas produções era o exagero das cenas de violência e o uso abusivo de trilhas marcantes e onipresentes em cada cena. Os roteiros passavam longe de ser grande coisa mas eram eficientes. Agora o cineasta Tarantino tenta trazer o espírito daquelas produções de volta às telas, tudo mesclado com seu inconfundível toque pessoal.

É curioso porque assim que o projeto foi anunciado esperei por um verdadeiro delírio por parte do diretor pois se o Spaguetti era uma paródia do western americano, o que esperar de uma paródia da paródia? Obviamente um exagero completo, um delírio absoluto! Mas não é isso o que acontece. “Django Livre” pode até mesmo ser considerado conservador em certos aspectos. Não há dúvidas que existem produções Spaguetti que são bem mais violentas ou ousadas que “Django Livre”. Nesse ponto Tarantino foi passado para trás. Assim sobra pouca coisa para se surpreender. Quem é fã do gênero, que acompanha filmes de faroeste com freqüência, simplesmente não vai se impressionar com nada no filme de Tarantino. Nem é ousado e nem surpreendente. Mesmo assim não é um produto ruim, longe disso, só é menos revolucionário do que se esperava (ou melhor dizendo, não é revolucionário em nada).

Um bom western? Sim, não há como negar. O melhor vem dos talentosos atores em cena. O elenco está muito bem, em especial Christopher Waltz e Leonardo DiCaprio. Jamie Foxx como Django não chega a empolgar e nem está tão intenso quanto era de se esperar. Spike Lee reclamou do retrato que foi feito da escravidão negra nos EUA mas sua posição é obviamente um exagero. Os negros aliás estão no centro da trama e o próprio Django é um bom protagonista para o público afrodescendente se identificar. Recentemente “Django Livre” venceu o Globo de Ouro de Melhor Roteiro mas depois de assistir ao filme achei o prêmio um pouco desmerecido. A trama é até banal, sem surpresas, e o filme tem inclusive um problema no último ato que se tornar desnecessário e constrangedor, para não dizer bobo! Os diálogos, que sempre foram a marca registrada do diretor, aqui estão bem escritos mas muito abaixo das outras obras da filmografia de Tarantino. São um pouco acima da média mas nada excepcionais. Além disso o desenrolar da estória é comum, ordinário. Tarantino parece que tremeu nas bases ao se envolver com a mitologia do western.

Ao invés de jogar as bases do gênero para o alto, como fez em “Bastardos Inglórios”, ele aqui não consegue em momento algum se desvincular das regras dos faroestes mais tradicionais. Até a divisão em três atos está de acordo com os dogmas do estilo. Tarantino não alça vôo em momento algum, prefere ficar no chão, ao lado das regras mais caras ao velho e bom western. Não se aproxima de sua tão falada desmistificação, pelo contrário, louva ao seu modo todos os fundamentos desse tipo de filme e se rende à tradição. Assim não vejo motivo algum para toda a badalação que está sendo feita em torno de “Django Livre” pois em essência ele se apresenta como um western dos mais tradicionais, sem qualquer marca mais relevante que o torne uma obra prima ou algo do gênero. Definitivamente não foi dessa vez que o cineasta maravilhou ou deixou surpreendidos os fãs de faroestes. Em conclusão temos aqui um bom western que sobressai pelo elenco inspirado. A trama é sem surpresas e o roteiro bem abaixo do esperado. Não é um filme ofensivo contra os negros, longe disso, e pode ser visto como bom passatempo, muito embora um corte mais bem cuidadoso em sua duração cairia bem. Deve ser conferido mas sem esperar nada grandioso.

Django Livre (Django Unchained, Estados Unidos, 2012) Direção: Quentin Tarantino / Roteiro: Quentin Tarantino / Elenco: Jamie Foxx, Christopher Waltz, Leonardo DiCaprio, Samuel L. Jackson, Sacha Baron Cohen, Joseph Gordon-Levitt, Kurt Russell, Kerry Washington, Walton Goggins, James Remar, Don Johnson, Anthony LaPaglia, Tom Savini, James Russo. / Sinopse: King Schultz (Christoph Waltz) é um caçador de recompensas que se une a um escravo chamado Django (Jamie Foxx) para sair na caça de três irmãos que estão com a cabeça a prêmio. Depois do serviço concluído eles resolvem ir atrás da esposa de Django que agora se tornou propriedade de um cruel fazendeiro do sul chamado Calvin Candie (Leonardo DiCaprio). Se fazendo passar por traficantes de escravos eles tentarão resgatar a amada de Django.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 14 de dezembro de 2021

Velozes & Furiosos 8

Título no Brasil: Velozes & Furiosos 8
Título Original: The Fate of the Furious
Ano de Produção: 2017
País: Estados Unidos
Estúdio: Universal Pictures
Direção: F. Gary Gray
Roteiro: Gary Scott Thompson, Chris Morgan
Elenco: Vin Diesel, Jason Statham, Dwayne Johnson, Michelle Rodriguez, Charlize Theron, Kurt Russell, Scott Eastwood

Sinopse:
O grupo que se notabilizou nos sete filmes anteriores vai se dispersando aos poucos. Alguns decidem viajar para lugares exóticos, outros se casam. Porém tudo muda quando surge em cena uma perigosa mulher, uma vilã que vai tornar imperativo a reunião novamente dos membros que atuaram juntos no passado.

Comentários:
Paul Walker morreu em um grave acidente de carro. Foi um grande choque mundial, ainda mais para seus colegas de profissão. Seu último filme nessa franquia foi "Velozes & Furiosos 7". Por essa razão muitos acreditavam que era o fim da franquia nos cinemas. Só que em Hollywood o valor das bilheterias sempre fala mais alto. Demorou um pouco a convencer parte do elenco original a voltar, mas depois de muita negociação eles retornaram. O resultado foi esse oitavo filme. Em termos de roteiro não há muita mudanças em relação aos filmes anteriores. Praticamente tudo do mesmo. O diferencial veio mesmo na contratação de um elenco coadjuvante de peso que contava com gente como Charlize Theron e Kurt Russell, além do filho de Clint, Scott Eastwood. Nem preciso dizer que ele realmente não chega nem nos pés do grande pai em termos de carisma e presença de cena. Já a Theron, bem, não esperava ver ela atuando em filmes como esse. É uma surpresa e tanto no final das contas. As cenas continuam muito bem elaboradas e as viagens internacionais ao redor do mundo, passando inclusive por Cuba, ajuda a manter o interesse. Fora isso, é realmente uma continuação produzida bem na linha dos filmes anteriores, sem maiores novidades.

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 15 de novembro de 2021

Backdraft - Cortina de Fogo

Backdraft é um termo técnico em inglês que retrata um evento físico que ocorre quando se abre uma porta de um ambiente que esteja pegando fogo. Ao entrar em contato com o oxigênio do exterior o fogo ganha uma dimensão ainda maior, se avolumando em imensas labaredas, resultando tudo em uma grande explosão. É algo até comum de acontecer e nem precisa esclarecer que também é uma situação de extremo perigo para os bombeiros. O roteiro desse filme aliás explora justamente o universo desses bombeiros, ao mostrar a vida de dois irmãos de Chicago que entram na corporação da cidade. Eles também possuem suas diferenças, mas precisam superá-las ao trabalharem juntos no mesmo esquadrão. Considero um dos melhores filmes já realizados sobre bombeiros até hoje. Além da boa trama em si, o filme ainda apresenta ótimas sequências de ação, principalmente no combate a incêndios por toda a cidade. 

É curioso que tenha anos depois inspirado a realização de uma série popular nos EUA chamada "Chicago Fire" que também vai pelo mesmo caminho. Por fim "Backdraft" ainda traz Robert De Niro no elenco, fazendo um tipo de papel que ele acabou se acostumando bem, a de coadjuvante de luxo. È interessante perceber que De Niro em determinado momento de sua carreira preferiu deixar de lado a responsabilidade de estrelar grandes produções, com alto risco, para se acomodar em personagens coadjuvantes de produções menores, onde o risco de sair arranhado caso o filme não fizesse o devido sucesso, era bem menor. De uma maneira ou outra esse filme merece a recomendação por ser bem realizado e por ter uma trama interessante. Além disso, por incrível que pareça, não ficou datado, servindo ainda hoje como uma boa diversão. Filme indicado ao Oscar nas categorias de Melhores Efeitos Especiais, Melhores Efeitos Sonoros e Melhor Som. Indicado ao BAFTA Awards na categoria de Melhores Efeitos Visuais. Também indicado ao MTV Movie Awards nas categorias de Melhor Filme e Melhor Sequência de Ação. 

Backdraft - Cortina de Fogo (Backdraft, Estados Unidos, 1991) Direção: Ron Howard / Roteiro: Gregory Widen / Elenco: Kurt Russell, William Baldwin, Robert De Niro / Sinopse: O filme conta a história de um grupo de bombeiros que precisa sobreviver a cada chamada de emergência, com destaque para os novatos que precisam aprender os segredos da profissão com os bombeiros mais velhos e mais experientes no combate ao fogo. 

 Pablo Aluísio.

sexta-feira, 27 de agosto de 2021

Velozes & Furiosos 9

O irmão de Dominic Toretto (Vin Diesel) está de volta e isso definitivamente não é algo bom. Rivais e competitivos desde que o pai morreu em uma pista de corrida, eles agora estão em lados opostos. Enquanto Dominic tenta evitar que um artefato tecnológico perigoso caia em mãos erradas, seu irmão Jakob (John Cena) quer exatamente o contrário disso. Ele está trabalhando para um grupo de criminosos internacionais. Quem conseguir colocar as mãos no tal objeto terá um poder supremo sobre praticamente todos os satélites ao redor do globo e em consequência terá também todas as armas militares sob o seu comando. É uma questão de segurança internacional.

Esse nono filme da franquia "Velozes & Furiosos" demonstra que essa série cinematográfica já virou outro coisa bem distinta do primeiro filme. Existe uma escalada em filmes de ação de Hollywood. Cada filme produzido precisa ter cenas mais espetaculares de ação, mais exageradas, impossíveis. E esse filme aqui já bem demonstra que o limite do absurdo já foi rompido. Há sequências absurdas de um carro equipado com um foguete espacial atrás e, pasmem, o tal carro vai para o espaço e entra em órbita. OK, já temos o pastiche do ano em termos de cenas ridículas. E o efeito que isso causa no espectador é bem diverso do que queriam os produtores. Tudo acaba causando apenas tédio e o bocejo chega sem cerimônias. De minha parte deixei de me importar com o que estava acontecendo no filme lá pela metade. Absurdos demais levam ao desinteresse quase que completo.

Velozes & Furiosos 9 (F9, Estados Unidos, 2021) Direção: Justin Lin / Roteiro: Daniel Casey, Justin Lin / Elenco: Vin Diesel, John Cena, Michelle Rodriguez, Charlize Theron, Kurt Russell, Helen Mirren, Jordana Brewster / Sinopse: Dois irmãos, com muitas mágoas e problemas a resolver de seus passados, se reencontram na luta por um artefato tecnológico de última geração que dará ao seu possuidor o poder de controlar todas as armas do mundo.

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 9 de novembro de 2020

A Face Oculta da Lei

Título no Brasil: A Face Oculta da Lei
Título Original: Dark Blue
Ano de Produção: 2002
País: Estados Unidos
Estúdio: Alphaville Films, Cosmic Pictures
Direção: Ron Shelton
Roteiro: James Ellroy, David Ayer
Elenco: Kurt Russell, Ving Rhames, Scott Speedman, Brendan Gleeson, Michael Michele, Dash Mihok

Sinopse:
Em uma Los Angeles tumultuada pela morte de um negro chamado Rodney King, um policial linha dura interpretado pelo ator Kurt Russell não tem vida fácil. A corregedoria está em seu encalço, por causa das denúncias de abuso policial. Além disso ele precisa preparar um grupo de jovens policiais para a realidade das ruas violentas da cidade.

Comentários:
Um filme como esse seria complicado de ser produzido nos dias atuais. A questão da brutalidade policial envolvendo afrodescendentes continua na ordem do dia. Então ter como protagonista um tira que nem sempre respeitasse a lei, seria no mínimo algo explosivo. Não é para menos que esse filme sumiu do mapa, não sendo exibido mais em lugar nenhum. Seu roteiro pode ser interpretado de forma equivocada. E, pelo visto, mesmo após tantos anos (a história do filme se passa nos anos 90) os problemas raciais envolvendo os policiais americanos só pioraram com o passar dos anos. Parece mesmo algo sem solução. De qualquer forma, visto apenas como uma fita policial, esse filme até que é bem interessante. Tem boas cenas de ação e um roteiro que procura explorar a diferença entre o que manda a lei e o que acontece nas ruas de uma grande cidade americana. O tira de Kurt Russell é um sujeito forjado justamente nessas ruas, onde apenas o mais forte consegue sobreviver ao final de mais um dia de brutalidade, insanidade e violência.

Pablo Aluísio.

domingo, 7 de junho de 2020

O Cão e a Raposa

Título no Brasil: O Cão e a Raposa
Título Original: The Fox and the Hound
Ano de Produção: 1981
País: Estados Unidos
Estúdio: Walt Disney
Direção: Ted Berman, Richard Rich
Roteiro: Daniel P. Mannix, Larry Clemmons
Elenco: Kurt Russell, Mickey Rooney, Pearl Bailey, Jack Albertson, Sandy Duncan, Jeanette Nolan

Sinopse:
Após a morte da mãe na floresta, uma pequena raposinha é adotada por uma bondosa velhinha viúva que vive em uma pequena fazenda. Essa raposa filhote acaba se tornando amigo do cão do vizinho, um filhote também. Os anos passam e eles acabam se vendo em lados opostos. O amigo do passado vira um cão de caça e a raposa, claro, acaba se tornando a caça dele.

Comentários:
É uma animação Disney, então não há muito o que se criticar. Roteiro, aspectos técnicos, dublagem, tudo perfeito. Só que esse "O Cão e a Raposa" também é conhecido por outros pontos importantes. Durante a produção do filme houve inúmeros problemas que acabaram adiando a estreia do filme nos cinemas por mais de um ano. A pior situação enfrentada pela Disney foi a saída do animador Don Bluth que decidiu deixar o estúdio para fundar sua própria companhia de desenhos animados. Com ele foi embora um grupo de desenhistas e animadores, bem no meio da produção dessa animação. Claro que isso atrapalhou, trouxe impacto. Mesmo assim não há como negar que a nova equipe que os substituiu trabalhou muito bem. E aqui há um aspecto interessante. Entre os novos contratados da Disney havia um jovem chamado Tim Burton. Isso aí, o mesmo que iria se tornar um conhecido diretor nos anos que viriam. Ele cuidou da animação da jovem raposa da floresta pela qual o protagonista se apaixona. Quem diria, o "Dark" Tim Burton animando uma personagem que era pura fofura e delicadeza. No mais é mais uma animação acima da média com a marca Walt Disney de qualidade. Tudo muito bem feito e realizado, com destaque ainda para a trilha sonora incidental "Hillibilly" com muita banjo e música das montanhas do sul caipira dos Estados Unidos.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 8 de janeiro de 2019

Django Livre

Em “Bastardos Inglórios” Quentin Tarantino tentou revisitar, com muito bom humor, um dos mais populares gêneros do cinema da era de ouro, o dos filmes de guerra. Exagerado, over, beirando a paródia completa, “Bastardos Inglórios” dividiu opiniões, sendo odiado por uns e amado por outros. Embora seu desfecho fosse absurdo pelo menos era surpreendente, não há como negar. Agora é a vez do Western servir de alvo para as lentes de Tarantino. “Django Livre” se propõe a ser uma paródia do chamado Western Spaguetti, gênero que se tornou muito popular (inclusive no Brasil) na época de seu auge. A tônica dessas produções era o exagero das cenas de violência e o uso abusivo de trilhas marcantes e onipresentes em cada cena. Os roteiros passavam longe de ser grande coisa mas eram eficientes. Agora o cineasta Tarantino tenta trazer o espírito daquelas produções de volta às telas, tudo mesclado com seu inconfundível toque pessoal.

É curioso porque assim que o projeto foi anunciado esperei por um verdadeiro delírio por parte do diretor pois se o Spaguetti era uma paródia do western americano, o que esperar de uma paródia da paródia? Obviamente um exagero completo, um delírio absoluto! Mas não é isso o que acontece. “Django Livre” pode até mesmo ser considerado conservador em certos aspectos. Não há dúvidas que existem produções Spaguetti que são bem mais violentas ou ousadas que “Django Livre”. Nesse ponto Tarantino foi passado para trás. Assim sobra pouca coisa para se surpreender. Quem é fã do gênero, que acompanha filmes de faroeste com freqüência, simplesmente não vai se impressionar com nada no filme de Tarantino. Nem é ousado e nem surpreendente. Mesmo assim não é um produto ruim, longe disso, só é menos revolucionário do que se esperava (ou melhor dizendo, não é revolucionário em nada).

Um bom western? Sim, não há como negar. O melhor vem dos talentosos atores em cena. O elenco está muito bem, em especial Christopher Waltz e Leonardo DiCaprio. Jamie Foxx como Django não chega a empolgar e nem está tão intenso quanto era de se esperar. Spike Lee reclamou do retrato que foi feito da escravidão negra nos EUA mas sua posição é obviamente um exagero. Os negros aliás estão no centro da trama e o próprio Django é um bom protagonista para o público afrodescendente se identificar. Recentemente “Django Livre” venceu o Globo de Ouro de Melhor Roteiro mas depois de assistir ao filme achei o prêmio um pouco desmerecido. A trama é até banal, sem surpresas, e o filme tem inclusive um problema no último ato que se tornar desnecessário e constrangedor, para não dizer bobo! Os diálogos, que sempre foram a marca registrada do diretor, aqui estão bem escritos mas muito abaixo das outras obras da filmografia de Tarantino. São um pouco acima da média mas nada excepcionais. Além disso o desenrolar da estória é comum, ordinário. Tarantino parece que tremeu nas bases ao se envolver com a mitologia do western.

Ao invés de jogar as bases do gênero para o alto, como fez em “Bastardos Inglórios”, ele aqui não consegue em momento algum se desvincular das regras dos faroestes mais tradicionais. Até a divisão em três atos está de acordo com os dogmas do estilo. Tarantino não alça vôo em momento algum, prefere ficar no chão, ao lado das regras mais caras ao velho e bom western. Não se aproxima de sua tão falada desmistificação, pelo contrário, louva ao seu modo todos os fundamentos desse tipo de filme e se rende à tradição. Assim não vejo motivo algum para toda a badalação que está sendo feita em torno de “Django Livre” pois em essência ele se apresenta como um western dos mais tradicionais, sem qualquer marca mais relevante que o torne uma obra prima ou algo do gênero. Definitivamente não foi dessa vez que o cineasta maravilhou ou deixou surpreendidos os fãs de faroestes. Em conclusão temos aqui um bom western que sobressai pelo elenco inspirado. A trama é sem surpresas e o roteiro bem abaixo do esperado. Não é um filme ofensivo contra os negros, longe disso, e pode ser visto como bom passatempo, muito embora um corte mais bem cuidadoso em sua duração cairia bem. Deve ser conferido mas sem esperar nada grandioso.

Django Livre (Django Unchained, EUA, 2012) Direção: Quentin Tarantino / Roteiro: Quentin Tarantino / Elenco: Jamie Foxx, Christopher Waltz, Leonardo DiCaprio, Samuel L. Jackson, Sacha Baron Cohen, Joseph Gordon-Levitt, Kurt Russell, Kerry Washington, Walton Goggins, James Remar, Don Johnson, Anthony LaPaglia, Tom Savini, James Russo. / Sinopse: King Schultz (Christoph Waltz) é um caçador de recompensas que se une a um escravo chamado Django (Jamie Foxx) para sair na caça de três irmãos que estão com a cabeça a prêmio. Depois do serviço concluído eles resolvem ir atrás da esposa de Django que agora se tornou propriedade de um cruel fazendeiro do sul chamado Calvin Candie (Leonardo DiCaprio). Se fazendo passar por traficantes de escravos eles tentarão resgatar a amada de Django.

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 18 de julho de 2018

Tombstone

A história do OK Curral segue dando manga para muitos filmes, desde "Sem Lei e Sem Alma" com Kirk Douglas (como Doc) e Burt Lancaster (como Earp) até o mais recente "Wyatt Earp" dirigido pelo Kevin Costner. Essa versão "Tombstone" sempre foi considerada a mais "pop" de todas pois o roteiro é agil, movimentado e não perde tempo com tantos detalhes como outros filmes. Aqui também existem algumas diferenças que achei significativas. Por exemplo, nessa versão Wyatt Earp é mais contido e precavido. Ele procura acima de tudo não se meter em confusão. Está sempre receoso de entrar em algum conflito com os bandidos locais. Só quando a coisa fica insuportável é que ele parte para o tudo ou nada ao lado de seus irmãos e Doc Holliday. Achei Val Kilmer muito bem como Doc, muito embora a melhor interpretação do pistoleiro seja mesmo a de Dennis Quaid no filme de Costner. Kurt Russell está apenas ok para falar a verdade. Seu bigode postiço não convence mas como o filme em si é bom e movimentado não paramos muito para pensar sobre isso.

Para falar a verdade o que sempre me chamou atenção nos filmes dos Earps é a figura de Doc Holiday mesmo. Doutor, beberrão, pistoleiro e vivendo eternamente no fio da navalha. Esse sujeito se não tivesse existido de verdade teria que ser inventado por algum roteirista talentoso, porque ele sempre rouba os filmes de seu amigo Earp. É um personagem com muita carga dramática, quase Shakesperiano. Ele sabe que não tem muitos anos de vida pela frente por ser tuberculoso e por isso vive como se não houvesse amanhã. E pensar que ainda hoje o acusam de ser apenas um ladrão beberrão e assaltante barato... Depois de ver tantos filmes cheguei na conclusão que ele era realmente um ladrão... um ladrão do filme alheio.

Tombstone - A Justiça Está Chegando (Tombstone, EUA, 1993) Direção: George P. Cosmatos / Roteiro: Kevin Jarre / Elenco: Kurt Russell, Val Kilmer, Sam Elliott, Bill Paxton, Jason Priestley / Sinopse: Wyatt Earp (Kurt Russell) , seus irmãos e Doc Holliday (Val Kilmer) enfrentam um grupo de bandidos em Tombstone Arizona no O.K. Curral. O duelo entrou para a mitologia do velho oeste.

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 13 de dezembro de 2017

Bone Tomahawk

Dois ladrões e assassinos invadem um cemitério sagrado de uma desconhecida tribo de homens selvagens que vivem nas montanhas. Pela ofensa os nativos imediatamente matam um dos criminosos, porém o outro consegue escapar, indo parar em uma cidadezinha do velho oeste. Lá a lei e a ordem é mantida pelo honesto xerife Franklin Hunt (Kurt Russell). Como é um forasteiro, o tal criminoso, ainda sem identidade definida, logo chama a atenção do xerife. Hunt o interroga no saloon, porém esse se mostra pouco colaborativo. Depois de uma discussão o ladrão é baleado e levado para a cadeia local. O que Hunt não desconfia é que os selvagens estão na caça do sujeito. Durante a madrugada conseguem entrar na delegacia e terminam sequestrando não apenas o desconhecido, mas também o auxiliar de Hunt e Samantha O'Dwyer (Lili Simmons) que estava cuidando dos ferimentos do prisioneiro. O xerife, sem outra alternativa, resolve então ir atrás dos selvagens e para isso forma um grupo de quatro homens corajosos que deverão enfrentar todas as dificuldades para libertarem os cativos daquele bando de nativos sanguinários. Mal sabem o terror que os aguarda.

Quando "Bone Tomahawk" começa você pensa estar prestes a assistir um bom filme de faroeste contemporâneo, com um claro respeito por parte de seu roteiro em relação às mitologias do western dos filmes do passado. Isso porém é verdade apenas em termos. Embora a estrutura da narrativa siga um estilo mais tradicional, mostrando a jornada dos homens em tentar localizar o paradeiro dos sequestrados para salvar suas vidas, há também também nuances que fogem dessa linha tradicionalista. Os grandes vilões do filme são os próprios selvagens, chamados pelos moradores locais de "trogloditas". Eles vivem nas cavernas montanhosas do deserto, não possuem qualquer tipo de civilidade e são canibais. Nem os próprios indígenas que lutam contra a presença do homem branco na região desejam qualquer tipo de contato com aqueles verdadeiros animais. Vivem como verdadeiros bichos irracionais. Também apreciam muito a carne humana como alimento. O fato de canibalizarem suas vítimas acaba abrindo margem para cenas extremamente violentas, como quando abrem ao meio (literalmente falando) um homem para comerem suas vísceras. Esse tipo de cena certamente vai desagradar bastante aos fãs mais tradicionais de filmes de western pois são mais presentes e costumeiras em filmes de terror do estilo Gore. Isso porém deve ser deixado de lado. Mesmo com pequenos deslizes ao velho estilo trash, com muito sangue e carnificina, "Bone Tomahawk" ainda pode ser considerado um dos melhores faroestes de 2015. Certamente há uma certa apelação no quesito sangue e tripas, mas vamos convir que isso definitivamente não tira seus méritos como um bom filme que é. Além disso é sempre um prazer renovado encontrar novamente Kurt Russell como xerife do velho oeste. Sua presença praticamente vale pelo filme inteiro.

Bone Tomahawk (Bone Tomahawk, EUA, 2015) Direção: S. Craig Zahler / Roteiro: S. Craig Zahler / Elenco: Kurt Russell, Patrick Wilson, Matthew Fox, David Arquette, Lili Simmons, Sean Young, Richard Jenkins / Sinopse: Um grupo de quatro homens fortemente armados partem rumo ao deserto para salvar a vida de três pessoas sequestradas por uma tribo de selvagens canibais que vivem em cavernas nas montanhas. Filme indicado ao Independent Spirit Awards nas categorias de Melhor Roteiro e Melhor Ator Coadjuvante (Richard Jenkins). Vencedor do Sitges - Catalonian International Film Festival nas categorias de Melhor Direção e Melhor Roteiro (S. Craig Zahler).

Pablo Aluísio.

domingo, 10 de dezembro de 2017

Bone Tomahawk

Obviamente que o maior atrativo para assistir a esse filme vem justamente da presença de Kurt Russell no elenco. O ator não fazia um faroeste desde 1993 quando interpretou o lendário xerife Wyatt Earp em "Tombstone - A Justiça Está Chegando", ou seja, fazia mais de vinte anos que ele não estrelava um filme de velho oeste. Kurt nunca foi uma presença constante em filmes do gênero, o que sempre me deixou surpreso, já que definitivamente ele tem os atributos para estar em filmes como esses. Talvez o fato dele ter tido o auge de sua carreira no boom de filmes de ação tenha contribuído para que ele nunca se tornasse uma figurinha fácil em filmes de western. Ao invés disso Kurt colecionou atuações em filmes de pancadaria ao estilo anos 80.

Não há nada de errado nisso. Apenas podemos lamentar ele não ter realizado mais incursões no velho oeste. Dito isso temos que dar os devidos créditos para essa nova produção. Ela foi escrita e dirigida por S. Craig Zahler, um novato, que apenas agora assina sua primeira direção. Mais ligado ao cinema independente ele foi de tudo um pouco, desde roteirista até diretor de fotografia de alguns filmes menores. Aqui ele pretendeu em parte realizar um filme ao velho estilo, mas que fosse também atraente para o público mais jovem. A receita que encontrou para unir essas duas coisas foi escrever um enredo que embora fosse um western tradicional, também explorasse elementos de filmes de terror.

O resultado é bom. Há uma tensão constante, muita aridez (inclusive em termos técnicos com quase completa ausência de trilha sonora incidental, por exemplo), além de uma trama que me remeteu imediatamente a velhos clássicos com o mito John Wayne. Todo filme de western que explore a jornada de busca de um grupo de homens em salvar inocentes raptados me faz lembrar de produções como "Rastros de Ódio". Claro que digo isso levando em conta todas as devidas proporções, afinal de contas não é qualquer obra cinematográfica que pode sequer ser comparado a essa obra prima imortal. As semelhanças se restringem a parte do enredo e não ao filme em si, como um todo. Outro destaque que faz valer a pena assitir ao filme vem do elenco.

Além de Kurt Russell temos o retorno de outra estrela dos anos 80. Poucos vão perceber sua presença, mas lá no meio dos atores surge discretamente a atriz Sean Young vivendo a personagem Mrs. Porter. Sean Young foi uma das atrizes mais badaladas da década de 80. Ela trabalhou em clássicos daquela era como "Wall Street - Poder e Cobiça", "Duna", "Sem Saída" e principalmente "Blade Runner, o Caçador de Androides" onde interpretou a icônica Rachael. Sua imagem assustadora e sensual ao mesmo tempo ficou na mente dos fãs de cinema daquela época. Sua carreira entrou em decadência por causa de problemas sérios de saúde que enfrentou por longos anos. Sua presença no elenco foi uma sugestão do próprio Kurt Russell que resolveu lhe ajudar nesse retorno. Em suma, não deixe de conferir. Um western moderno, dos dias atuais, com um sabor nostálgico de um passado glorioso e distante.

Pablo Aluísio.

sábado, 2 de setembro de 2017

Os Oito Odiados

Como o próprio material promocional do filme deixa claro temos aqui o oitavo filme de Quentin Tarantino, o segundo no gênero western. O enredo é dos mais simples: O caçador de recompensas John Ruth (Kurt Russell) aluga uma diligência para levar sua prisioneira Daisy (Leigh) até Red Rock. A viagem é dura pois é realizada no meio de uma forte nevasca. No caminho eis que surge o Major Marquis (Jackson). Seu cavalo morreu por causa do clima hostil e ele está com dois corpos de foragidos. Pretende também levá-los a Red Rock para embolsar o prêmio de suas capturas. No começo Ruth reluta em lhe dar uma carona, mas depois de um diálogo dos mais interessantes (marca registrada de Tarantino) resolve lhe ajudar. A viagem segue. Mais a frente outra surpresa. Eles encontram Chris Mannix (Goggins) no meio da estrada coberta de neve. Ele se diz o novo xerife de Red Rock. Abrindo mais uma exceção Ruth resolve lhe ajudar também. Juntos acabam parando em uma estalagem, usualmente usada como posto de paradas em longas viagens. Ela pertence a uma velha conhecida de Ruth, mas para sua surpresa ela não está lá. Também não está seu fiel companheiro. No lugar deles há um grupo de homens. Não demora muito para que Marquis desconfie que algo muito estranho está prestes a acontecer naquele lugar esquecido por Deus.

"Os Oito Odiados" é mais uma tentativa de Tarantino em levar seu estilo único para o velho oeste. A boa notícia é que ele realizou realmente um bom filme. Não diria porém que está isento de críticas. Há uma duração excessiva (quase três horas de duração para um enredo tão simples é certamente um exagero), violência insana e gratuita (nada que irá decepcionar os fãs do diretor), atos de vulgaridade desnecessários (como a cena de sexo oral com o personagem de Samuel L. Jackson) e uma quebra de ritmo no terceiro ato do filme. Mesmo assim diverte e agrada. O que salva esse filme é a mesma característica que salvou em último análise todos os filmes anteriores do diretor, ou seja, uma profusão de ótimos diálogos, o desenvolvimento psicológico de praticamente todos os personagens, além do sempre presente clima surreal de contar suas histórias. Tarantino parece ter uma mente dual, pelo menos em relação aos seus personagens e isso volta a se refletir por aqui. No geral é certamente muito interessante, longe da banalidade do que anda se vendo nas telas. Não é o melhor em termos de Quentin Tarantino, mas certamente é muito melhor do que noventa por cento do que se vê hoje em dia nas telas. Vale a pena assistir, não tenha dúvidas disso.

Os oito odiados (The Hateful Eight, EUA, 2015) Direção: Quentin Tarantino / Roteiro: Quentin Tarantino / Elenco: Kurt Russell, Samuel L. Jackson, Jennifer Jason Leigh, Tim Roth, Walton Goggins, Demián Bichir, Michael Madsen, Bruce Dern / Sinopse: O caçador de recompensas John Ruth (Kurt Russell) acaba levando de carona em sua diligência dois homens que encontrou por acaso no meio da estrada, durante uma forte tempestade. Eles acabam parando numa velha estalagem que mais se parece com um armadilha mortal. Filme vencedor do Globo de Ouro na categoria de Melhor Trilha Sonora (Ennio Morricone).

Pablo Aluísio.

terça-feira, 8 de agosto de 2017

Guardiões da Galáxia Vol. 2

A Marvel voltou a acertar no cinema com esse segundo filme da franquia "Guardians of the Galaxy". Não deixa de ser irônico o fato da empresa estar acertando tanto no cinema e errando também tanto na mesma proporção em seu próprio universo, a dos quadrinhos. Como se sabe a Marvel fez uma remodelação radical de seus personagens nesse ano e conseguiu desagradar a todo mundo. Com vendas baixas, está mais uma vez tentando consertar seus erros. Isso, claro, nos quadrinhos, porque no cinema o estúdio tem acertado cada vez mais. Esse é mais um bom filme para provar isso. Mesmo que você não tenha a menor ideia do que seja esse grupo chamado Guardiões da Galáxia, vai acabar no mínimo se divertindo no final. Outro ponto positivo: não é necessário ter visto o primeiro filme, pois esse aqui funciona perfeitamente bem sozinho.

A trama gira em torno do fato de que Peter Quill (Chris Pratt) finalmente encontrou seu pai! E ele é nada mais, nada menos, do que Kurt Russell! Brincadeiras à parte, é isso mesmo. Russell interpreta um sujeito chamado Ego. No começo parece ser mais um viajante espacial, um cara boa praça, muito amigável. Só que no fundo ele é uma espécie de deus antigo que tem ambições nada sutis sobre o universo. Colocar Kurt Russell no elenco foi certamente uma das melhores decisões dos produtores, porque esse veterano das telas, de tantos filmes de ação, acaba sendo um chamariz a mais para um público mais velho se interessar em assistir a esse filme. E por falar em filmes de ação dos anos 80, os fãs desse estilo terão outra surpresa com a participação especial de Sylvester Stallone. Tudo bem, ele só tem duas cenas no filme inteiro, mas que não deixam de agradar aos cinéfilos que cresceram vendo seus filmes. Em termos de produção também não há o que reclamar. A direção de arte optou por um universo muito colorido, com uso de toneladas de efeitos especiais de bom gosto (o que era previsível). O roteiro também está bem OK, com trama interessante, se fechando muito bem no final. Então é isso, mais um acerto da Marvel nos cinemas. Um filme divertido, que vai agradar tanto aos leitores de quadrinhos, como aos espectadores que só gostam de cinema.

Guardiões da Galáxia Vol. 2 (Guardians of the Galaxy Vol. 2, Estados Unidos, 2017) Direção: James Gunn / Roteiro: James Gunn, Dan Abnett / Elenco: Chris Pratt, Kurt Russell, Sylvester Stallone, Zoe Saldana, Dave Bautista, Vin Diesel, Bradley Cooper, Michael Rooker / Sinopse: Peter Quill (Chris Pratt) nunca conheceu seu pai. Durante mais uma viagem pela galáxia acaba encontrando com Ego (Kurt Russell) que se apresenta como seu pai perdido. Ele teve um romance com a mãe de Peter na Terra e desse relacionamento Quinn nasceu. Só que Ego não é uma pessoa comum, ele é uma antiga entidade, com poderes realmente divinos. Filme vencedor do Golden Trailer Awards, indicado ao Teen Choice Awards.

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 4 de maio de 2017

Horizonte Profundo - Desastre no Golfo

Título no Brasil: Horizonte Profundo - Desastre no Golfo
Título Original: Deepwater Horizon
Ano de Produção: 2016
País: Estados Unidos
Estúdio: Summit Entertainment
Direção: Peter Berg
Roteiro: Matthew Michael Carnahan, Matthew Sand
Elenco: Mark Wahlberg, Kurt Russell, John Malkovich, Kate Hudson, Douglas M. Griffin, Ethan Suplee

Sinopse:
Com roteiro baseado em fatos reais, o filme mostra um momento decisivo na vida de Mike Williams (Mark Wahlberg), um homem feliz, bem casado, que adora sua pequena filha de 10 anos. Ele tem um emprego numa estação de extração de petróleo no golfo da Louisiana. Durante um teste padrão algo sai errado e tudo termina em um grande desastre, quando a estação sofre um enorme incêndio.

Comentários:
Esse estilo de filme, chamado pelos americanos de "Disaster Movies" e de "Cinema catástrofe" por nós, brasileiros, é um velho conhecido dos cinéfilos. Muitos deles são baseados em fatos reais, grandes tragédias que marcaram época. Esse é o caso aqui. O filme foi baseado no enorme incêndio que atingiu a estação "Deepwater Horizon". Nessa trama três personagens são bem centrais. O protagonista é um técnico de manutenção, interpretado por  Mark Wahlberg. Esse é o único personagem que é mais bem desenvolvido pelo roteiro, mostrando sua vida familiar, aspectos de sua vida pessoal. O outro é o chefe de segurança Jimmy Harrell (Kurt Russell). Ele é um profissional respeitado, premiado, por ser linha dura na segurança dos lugares onde trabalhou. É o único que bate de frente com a companhia, cujos interesses são defendidos por Mark Vidrine (John Malkovich), um supervisor que quer a estação funcionando à toda, para evitar custos e perda de dinheiro. O problema é que ainda não há certeza sobre a segurança dos equipamentos. Durante um teste de pressão da broca de exploração profunda tudo sai do controle. Depois que o fogo se alastra tudo se resume na busca pela sobrevivência naquele inferno de chamas, que para piorar tudo é localizado em alto-mar. Os efeitos especiais são bons, a produção idem, porém não consegui me empolgar em nenhum momento. Acredito que em termos de dramaticidade e emoção o filme deixe a desejar. Não empolga mesmo. Em muitos momentos soa burocrático. De interessante mesmo apenas as cenas finais quando somos apresentados às pessoas reais, aos sobreviventes. Vale por registrar essa história, mas como puro cinema não chega a emocionar. Falta mesmo emoção nessa obra. Uma pena.

Pablo Aluísio.

domingo, 2 de abril de 2017

Obsessão Fatal

Título no Brasil: Obsessão Fatal
Título Original: Unlawful Entry
Ano de Produção: 1992
País: Estados Unidos
Estúdio: Largo Entertainment
Direção: Jonathan Kaplan
Roteiro: George Putnam, John Katchmer
Elenco: Kurt Russell, Ray Liotta, Madeleine Stowe, Roger E. Mosley, Ken Lerner, Deborah Offner
  
Sinopse:
Após uma invasão em sua casa, Michael Carr (Kurt Russell) resolve chamar a polícia. Quem atende o chamado é o oficial Pete Davis (Ray Liotta). Ele aparenta ser um tira normal, porém logo começa a apresentar um estranho comportamento, ficando obcecado pela esposa de Michael, a bela Karen (Madeleine Stowe). Não demora muito e o policial que devia protegê-los começa a se tornar uma perigosa ameaça ao casal. Filme indicado ao MTV Movie Awards na categoria "Melhor Vilão" (Ray Liotta).

Comentários:
Bom filme policial, na realidade um thriller de suspense, que tem um roteiro muito bem escrito, deixando o espectador sempre apreensivo pelos próximos acontecimentos. Kurt Russell é um dos atores mais bacanas de Hollywood, muito carismático consegue segurar qualquer filme, mesmo os mais fracos. Aqui ele deixa a imagem de um verdadeiro "action hero" que caracterizou muitos de seus filmes, para interpretar um pai de família, meio tiozinho, que precisa enfrentar um policial com delírios de obsessão e psicopatia. E então chegamos no grande atrativo de "Unlawful Entry". Em termos de elenco esse filme não se sobressai por causa do carisma de Kurt Russell ou da sensualidade de Madeleine Stowe, mas sim pela visceral interpretação de Ray Liotta como o tira psicótico, completamente fora de controle. Esse aliás sempre foi o perfil de personagem adequado para ele, um sujeito com um sorriso doentio, pronto e disposto a fazer as maiores barbaridades em nome de uma obsessão que não controla. Uma atitude nada adequada ao lema da polícia americana de "proteger e servir" o cidadão! Ray aliás é de longe a melhor justificativa para assistir a esse bom filme, que ultimamente tem sido pouco lembrado.

Pablo Aluísio.

sábado, 26 de março de 2016

Velozes & Furiosos 7

Título no Brasil: Velozes & Furiosos 7
Título Original: Furious 7
Ano de Produção: 2015
País: Estados Unidos
Estúdio: Universal Pictures
Direção: James Wan
Roteiro: Chris Morgan, Gary Scott Thompson
Elenco: Vin Diesel, Paul Walker, Dwayne Johnson, Jason Statham, Michelle Rodriguez, Kurt Russell
  
Sinopse:
Dominic Torretto (Vin Diesel) e sua gangue decidem deixar o mundo do crime. Na realidade após sua última incursão criminosa percebem que chegou mesmo a hora de parar com suas atividades mercenárias. Cada um membro de sua antiga equipe precisa seguir em frente, trilhando caminhos próprios. O problema é que o passado muitas vezes deixa rastros e deles surgem pessoas e organizações do mundo do crime empenhadas em acertar contas com algo que ficou para trás. Um lição que Torretto entenderá muito bem em breve.

Comentários:
Eu acredito que nem o mais otimista produtor de cinema poderia imaginar que essa franquia ainda poderia render tanto. " Velozes & Furiosos 7" chegou nos cinemas americanos nesse fim de semana de forma arrasadora, faturando quase 150 milhões de dólares, se tornando a nona melhor estreia de um filme na indústria. Qual é o grande segredo nessa equação de sucesso comercial? Em minha opinião tudo isso foi gerado pelo morte trágica do ator Paul Walker em 2013. Ele morreu em um terrível acidente bem no meio das filmagens. Muitas de suas cenas ficaram assim no meio do caminho, inacabadas ou não realizadas. Muitos pensaram que o projeto seria arquivado definitivamente, deixado de lado, até como uma homenagem a Walker. Ledo engano. O estúdio não iria perder milhões de dólares em investimentos assim, da noite para o dia. Dessa maneira e usando da tecnologia atual, Walker foi parcialmente recriado digitalmente, inserido em sequências e reaproveitado usando-se da magia do cinema. Claro que algo nesse estilo chamaria a atenção do público. Dito isso, devo confessar que essas serão algumas das poucas qualidades de "Velozes   & Furiosos 7" que você conseguirá encontrar ao assistir o filme. O roteiro é básico, muito básico mesmo, e o filme só se sustenta pelas excelentes tomadas de ação desenfreadas. Com o sucesso espetacular não tenho a menor dúvida que a fórmula será levada em frente nos anos que virão, até seu completo esgotamento. É cinema fast food, descartável, sem profundidade e derivativo, mas se o público adora, o que se pode fazer? Nada, os executivos dos estúdios agradecem.

Pablo Aluísio.

sábado, 13 de fevereiro de 2016

O Soldado do Futuro

Em um futuro sombrio o combatente Todd 3465 (Kurt Russell), desenvolvido geneticamente para ser o soldado perfeito, é tirado de serviço. Depois de participar em inúmeras guerras pelo universo ele é finalmente considerado obsoleto e descartado para dar lugar a uma nova geração de guerreiros. Assim ele é jogado como lixo biológico em um planeta distante. Lá encontra um grupo de refugiados, pessoas vivendo como verdadeiras párias do universo. Quando o lugar é invadido por essa nova geração de soldados com ordens para destruir toda a vida no planeta ele se une aos que lá vivem para lutar contra essa nova ameaça. O filme "O Soldado do Futuro", quem diria, foi um dos primeiros filmes da carreira de Paul W.S. Anderson a chamar a atenção da crítica. Quem conhece a obra do cineasta hoje vai ver poucos pontos em comum com o que ele viria a realizar depois.

Antes ele já havia dirigido o bom "O Enigma do Horizonte". Se aquela era uma ficção mais intelectual, em "Soldier" ele apostou na pura ação. O personagem de Kurt Russell, por exemplo, só fala 59 palavras durante o filme inteiro! O resto é pura porrada! O interessante é que Kurt ganhou 15 milhões de dólares para falar essas poucas palavras, o que virou piada entre a crítica na época de lançamento do filme. Um ponto de vista bem contestável já que a proposta do filme nunca foi apostar em diálogos, mas sim em ação futurista (e nisso, vamos convir, se saiu muito bem). O roteirista David Webb Peoples escreveu também o roteiro de "Blade Runner, o Caçador de Andróides". Naquele clássico moderno da ficção havia um diálogo em que se citava uma guerra acontecida em um passado remoto e é justamente esse conflito que "O Soldado do Futuro" explora! Se não chega a ser tão marcante como o filme original pelo menos se destaca pela originalidade da ideia de Peoples. Vale conferir.

O Soldado do Futuro (Soldier, EUA, 1998) Direção: Paul W.S. Anderson / Roteiro: David Webb Peoples / Elenco: Kurt Russell, Jason Scott Lee, Jason Isaacs / Sinopse: Um soldado geneticamente criado, Todd 3465 (Kurt Russell), é descartado como modelo obsoleto em um mundo distante do universo. Uma vez lá ele se alia a refugiados contra uma invasão em massa do planeta por novos soldados modelos, modernos e com ordens para destruir todo ser vivo que encontrar pela frente.

Pablo Aluísio. 

terça-feira, 12 de janeiro de 2016

Os Oito Odiados

Como o próprio material promocional do filme deixa claro temos aqui o oitavo filme de Quentin Tarantino, o segundo no gênero western. O enredo é dos mais simples: O caçador de recompensas John Ruth (Kurt Russell) aluga uma diligência para levar sua prisioneira Daisy (Leigh) até Red Rock. A viagem é dura pois é realizada no meio de uma forte nevasca. No caminho eis que surge o Major Marquis (Jackson). Seu cavalo morreu por causa do clima hostil e ele está com dois corpos de foragidos. Pretende também levá-los a Red Rock para embolsar o prêmio de suas capturas. No começo Ruth reluta em lhe dar uma carona, mas depois de um diálogo dos mais interessantes (marca registrada de Tarantino) resolve lhe ajudar. A viagem segue. Mais a frente outra surpresa. Eles encontram Chris Mannix (Goggins) no meio da estrada coberta de neve. Ele se diz o novo xerife de Red Rock. Abrindo mais uma exceção Ruth resolve lhe ajudar também. Juntos acabam parando em uma estalagem, usualmente usada como posto de paradas em longas viagens. Ela pertence a uma velha conhecida de Ruth, mas para sua surpresa ela não está lá. Também não está seu fiel companheiro. No lugar deles há um grupo de homens. Não demora muito para que Marquis desconfie que algo muito estranho está prestes a acontecer naquele lugar esquecido por Deus.

"Os Oito Odiados" é mais uma tentativa de Tarantino em levar seu estilo único para o velho oeste. A boa notícia é que ele realizou realmente um bom filme. Não diria porém que está isento de críticas. Há uma duração excessiva (quase três horas de duração para um enredo tão simples é certamente um exagero), violência insana e gratuita (nada que irá decepcionar os fãs do diretor), atos de vulgaridade desnecessários (como a cena de sexo oral com o personagem de Samuel L. Jackson) e uma quebra de ritmo no terceiro ato do filme. Mesmo assim diverte e agrada. O que salva esse filme é a mesma característica que salvou em último análise todos os filmes anteriores do diretor, ou seja, uma profusão de ótimos diálogos, o desenvolvimento psicológico de praticamente todos os personagens, além do sempre presente clima surreal de contar suas histórias. Tarantino parece ter uma mente dual, pelo menos em relação aos seus personagens e isso volta a se refletir por aqui. No geral é certamente muito interessante, longe da banalidade do que anda se vendo nas telas. Não é o melhor em termos de Quentin Tarantino, mas certamente é muito melhor do que noventa por cento do que se vê hoje em dia nas telas. Vale a pena assistir, não tenha dúvidas disso.

Os oito odiados (The Hateful Eight, EUA, 2015) Direção: Quentin Tarantino / Roteiro: Quentin Tarantino / Elenco: Kurt Russell, Samuel L. Jackson, Jennifer Jason Leigh, Tim Roth, Walton Goggins, Demián Bichir, Michael Madsen, Bruce Dern / Sinopse: O caçador de recompensas John Ruth (Kurt Russell) acaba levando de carona em sua diligência dois homens que encontrou por acaso no meio da estrada, durante uma forte tempestade. Eles acabam parando numa velha estalagem que mais se parece com um armadilha mortal. Filme vencedor do Globo de Ouro na categoria de Melhor Trilha Sonora (Ennio Morricone).

Pablo Aluísio. 

quinta-feira, 7 de janeiro de 2016

Os Oito Odiados

Aqui vão algumas impressões iniciais sobre o novo filme do diretor Quentin Tarantino "The Hateful Eight" que no Brasil recebeu o título de "Os Oito Odiados". Posteriormente irei escrever uma resenha mais na linha tradicional, sendo que nesse texto irei apenas comentar algumas conclusões tiradas no calor do momento (faz pouco mais de uma hora que terminei de assistir ao filme). Algumas coisas os espectadores precisam saber logo de cara. A primeira delas é que Tarantino realizou um filme extremamente longo, fora dos padrões atuais. São quase três horas de projeção, o que provavelmente vai prejudicar o filme em termos comerciais. Afinal de contas que jovem hoje em dia tem paciência para encarar uma sessão tão demorada? Ainda mais com a overdose tecnológica que o fazem conferir o celular a cada minuto? Bom, azar deles. Ainda bem que Tarantino não resolveu fazer concessões comerciais, preferindo realizar o seu filme ao seu modo, mesmo contra a opinião dos produtores (dizem que foi aconselhado até mesmo a lançar o filme em duas partes, o que seria um disparate desproporcional).

A segunda informação importante é que Tarantino resolveu fazer um faroeste à moda antiga. Não é segredo para ninguém que os dias de glória do western há muito se foram. Os fãs do gênero (no qual também me incluo) precisam muitas vezes rever antigos clássicos ou então encarar filmes atuais sem grande produção, com lançamento restrito, ou em outras palavras: filmes B lançados diretamente no mercado de venda direta ao consumidor. É triste, mas é a realidade. Pois é, o velho e bravo faroeste anda tão fora de moda que muitas vezes sequer consegue espaço no circuito comercial dos cinemas. Mais uma vez Tarantino jogou essa questão para o alto e resolveu fazer uma obra honesta, quase uma homenagem aos antigos filmes que assistia quando era apenas um atendente de videolocadora. Há claramente um estilo que nos remete ao Western Spaghetti, porém em menor escala do que vimos no filme anterior, "Django Livre", esse sim um filme assumidamente paródia ao cinema italiano.

Outro aspecto que merece louvores é que Tarantino continuou fiel ao seu próprio estilo, privilegiando muitas vezes o diálogo ao invés da pura ação. Tudo bem que não existe nenhum texto tão brilhante como os que ele escreveu para obras primas do passado, como por exemplo "Pulp Fiction", mas isso não significa que não sejam muito bons, longe, bem longe, da mediocridade que costumeiramente se anda vendo nos filmes atuais. Isso ficou extremamente realçado no primeiro ato do filme quando os personagens estão em uma diligência no meio da nevasca. Dois caçadores de recompensas (Kurt Russell e Samuel L. Jackson) e uma mulher acusada de assassinato. Aqui eu vou abrir um pequeno parêntese para mais uma vez elogiar o fato de que Tarantino novamente desprezou os conselhos dos produtores. Jogando o politicamente correto para o alto o diretor apostou uma linguagem bem ofensiva em relação aos negros (com farto uso da palavra "Nigger" considerada um insulto nos Estados Unidos) e na violência contra a mulher (o que a personagem interpretada por Jennifer Jason Leigh apanha não está no gibi, com socos que lhes quebram todos os dentes frontais, cotoveladas e chutes em todo o corpo!). A reação veio de determinados protestos de grupos feministas e de combate ao racismo contra Tarantino e seu roteiro. O diretor deu de ombros afirmando que as pessoas daquela época agiam assim - e ele está completamente com a razão! Ao invés de ser polido e politicamente correto, Tarantino optou pela veracidade histórica. Ponto para ele!

Lendo o texto você pode pensar que o filme acabou ficando chato e apelativo, afinal é longo, cheio de diálogos ofensivos e com a maior parte da trama se passando dentro de uma estalagem, um tipo de estabelecimento muito comum no velho oeste onde as diligências em viagem reabasteciam. É um equívoco. O filme tem muita violência - é extremamente violento para ser sincero, um verdadeiro banho de sangue - e não apresenta nada de muito brilhante em seu enredo. A história é extremamente simples, tudo em três atos básicos. A viagem de diligência, a chegada na estalagem e um pequeno flashback para mostrar tudo o que teria acontecido antes dos personagens chegarem naquele local. Isso tudo porém quer dizer pouca coisa. Em sua simplicidade Tarantino acabou realizando um filme muito interessante.

Todos do elenco estão excelentes, porém destaco algumas coisas que me chamaram muito a atenção. Tarantino é seguramente um fã de séries pois ele escalou vários atores de seriados americanos. Walton Goggins, por exemplo, é um profissional brilhante. Quem acompanhou "Justified" sabe muito bem disso. Ele roubou a série para si, embora interpretasse um personagem secundário. Demián Bichir, o mexicano, veio do excelente "The Bridge" onde interpreta um detetive do outro lado da fronteira que precisa lidar com policiais americanos de El Paso. Isso demonstra que Tarantino realmente está por dentro do universo televisivo dos principais canais americanos. Agora em termos de elenco quem mais me agradou foi realmente Kurt Russell. Outro dia comentando seu último filme (também um western) escrevi que ele deveria realizar mais filmes do gênero. Então foi duplamente gratificante vê-lo aqui interpretando esse caçador de recompensas durão e nada simpático. 

Assim "The Hateful Eight" é um filme que no final das contas não decepcionará nenhum admirador da obra de Tarantino. O estilo do cineasta está em cada cena, em cada diálogo e em cada detalhe. Ele obviamente não está tão brilhante como em suas principais obras primas de um passado hoje já distante, isso porém em nada atrapalha o resultado final do filme que me deixou extremamente satisfeito. Algumas coisas ele poderia ter mudado um pouco, como escolher uma duração menos longa, mas isso é um detalhe menor. Em minha visão Tarantino ainda conseguiu manter algo muito importante que é a fidelidade ao seu jeito de fazer filmes. Enquanto ele for assim tão genuíno continuará a ser considerado um dos melhores autores da sétima arte dos tempos atuais.

Os oito odiados (The Hateful Eight, Estados Unidos, 2015) Direção: Quentin Tarantino / Roteiro: Quentin Tarantino / Elenco: Kurt Russell, Samuel L. Jackson, Jennifer Jason Leigh, Tim Roth, Walton Goggins, Demián Bichir, Michael Madsen, Bruce Dern / Sinopse: O caçador de recompensas John Ruth (Kurt Russell) tem um objetivo bem claro em sua mente: levar a assassina Daisy Domergue (Jennifer Jason Leigh) para Red Rock onde será julgada e muito provavelmente enforcada. Ela é procurada viva ou morta e o prêmio por sua captura está estimado em dez mil dólares. Para isso Ruth resolve contratar uma diligência exclusiva, apenas para ele e sua prisioneira. Durante a viagem porém eles encontram no meio do caminho, sob forte nevasca, o veterano de guerra e agora também caçador de recompensas Marquis Warren (Samuel L. Jackson). Como se isso não fosse o bastante mais a frente também esbarram em Chris Mannix (Walton Goggins) que se diz ser o novo xerife de Red Rock. Com todos a bordo eles param em uma estalagem de reabastecimento, mas descobrem que existe algo muito estranho naquele lugar. Filme indicado ao Globo de Ouro nas categorias de Melhor Roteiro (Quentin Tarantino), Melhor Atriz Coadjuvante (Jennifer Jason Leigh) e Melhor Trilha Sonora (Ennio Morricone).  

Pablo Aluísio.