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domingo, 21 de janeiro de 2024

Napoleão Bonaparte e o Antigo Regime

Napoleão Bonaparte, conquistador de nações, quem diria, tinha vários complexos que ele foi adquirindo ao longo dos anos. O primeiro deles e mais enraizado vinha justamente de suas origens. O fato é que Napoleão havia nascido na ilha da Córsega, território que historicamente tinha laços com a Itália e não com a França. Isso o tornava um estrangeiro em solo francês? Não, porque em sua época a região estava sob domínio do Reino da França, porém culturalmente havia um fosso entre aquele que seria o futuro imperador e a nação que comandaria.

Na academia militar onde foi estudar era tratado pelos demais estudantes como "o corso", o que era de certa maneira uma maneira de rebaixa-lo dentro da hierarquia dos cadetes e uma barreira inequívoca para subir na carreira. Aliás em relação à sua terra natal o jovem Napoleão tinha sentimentos conflitantes. Seu pai era considerado um oportunista político por muitos. Se fosse interessante apoiar a libertação de sua terra natal ele o faria. Seria o líder pela independência. Porém o outro lado também era bem-vindo pois se fosse preciso abraçar o poder francês imperial  ele o faria também, sem remorsos ou culpas. Seria contra os republicanos sem nem piscar o olho. Mudava de lado quando era conveniente. Ele não tinha lados ideológicos, ele tinha apenas ambição pessoal. O que lhe fosse melhor, seria escolhido, independente de bandeiras ou nações. O importante era ele se dar bem de algum modo. Napoleão Bonaparte herdou muito da personalidade do velho, de seu pai.

Napoleão Bonaparte não foi um revolucionário de primeira ordem. Ele apenas surfou a onda revolucionária pois essa lhe era favorável. Como não tinha origens nobres e nem títulos importantes dentro da corte era conveniente a ele que o antigo regime viesse abaixo. Quando os principais líderes da revolução francesa foram executados na guilhotina, alvos de sua própria loucura ideológica, houve um vácuo de poder. Napoleão via tudo com interesse. Cada novo líder revolucionário que era jogado sem cabeça dentro de uma cova rasa lhe interessava. Era um concorrente a menos.. Foi nesse vácuo de poder absoluto que o jovem militar Napoleão Bonaparte tomou o destino em suas mãos. Aproveitou o momento, soube perceber que havia chegado sua oportunidade.

Porém pessoalmente ele nunca foi um fanático dos ideais da revolução francesa. Tanto isso é verdade que ao tomar outras nações procurou até mesmo formar alianças com antigas linhagens de nobreza, como a própria dinastia da casa de Habsburgo. Dentro da Europa poucas famílias representavam mais o antigo regime do que eles, mas Napoleão nem quis saber disso. Desposou uma das duquesas e teve um filho com ela. Agindo assim Napoleão procurava uma espécie de validação das linhagens nobres da antiga Europa. Nada poderia ser tão antirrevolucionário do que isso. Assim o que temos é realmente uma figura histórica contraditória, um misto de restos da revolução e busca por uma linhagem que nunca teve. O herói francês estava mesmo de calças curtas nesse aspecto pois os nobres da época o consideravam apenas um "vira-lata" vulgar, violento e obcecado pelo mesmo poder absoluto que um dia havia prometido combater.

Pablo Aluísio. 

domingo, 3 de dezembro de 2023

Napoleão Bonaparte - Destruição e Morte no Campo de Batalha

Como quase todos os tiranos, o imperador francês Napoleão Bonaparte também tinha acessos de plena loucura. Além de ser um megalomaníaco clássico, daqueles que não admitiam qualquer oposição aos seus lunáticos planos de dominação do mundo ocidental (sim, tal como Hitler, ele também desejava dominar todo o mundo), Napoleão nutria pouco ou nenhum respeito para com a vida humana. Seus soldados sentiram isso na pele. Ao decidir invadir a Rússia Czarista, Napoleão enviou milhões de homens para terras desconhecidas, geladas, inóspitas, ao mesmo tempo em que não disponibilizou o que era necessário para ganhar um conflito daquelas proporções. Historiadores modernos concordam que as tropas de Napoleão ficaram perdidas, a esmo, no meio do deserto gelado, sem apoio em termos de mantimentos e provisões. Muitos morreram de fome e frio. Cem mil morreram nessas batalhas.

E qual era a posição do louco Napoleão sobre isso? Ele na verdade só lamentava a derrota militar e não as vidas perdidas. Os soldados eram apenas peões em sua estratégia de aniquilar todos os que se colocavam em sua frente. O mais curioso é que sendo um imperador tirano absolutista, o próprio Napoleão era fruto da Revolução Francesa que tinha como principal objetivo justamente acabar com esse tipo de liderança. Era obviamente uma contradição enorme. A Revolução que foi instaurada para depor todos os tiranos acabou levando ao poder um dos mais sanguinários e tirânicos líderes da Europa daquela época.

Com ares de psicopata, Napoleão tinha um carisma fora do comum, fazendo com que o povo francês abraçasse suas loucuras militares. O saldo foi terrível. Milhões de mortos por toda a Europa, fome, peste, caos e desordem em uma proporção poucas vezes vista. Quando o Papa da época morreu Napoleão decretou: "Morreu o último Papa!". Ele odiava o catolicismo e a religião. Na verdade ele queria destruir a religião, Para bancar suas campanhas militares mandou saquear os tesouros do Vaticano. Também houve muita destruição nos arquivos da Igreja Católica. Documentos históricos preciosos que faziam parte do acervo da Igreja simplesmente foram destruídos por militares comandados por Napoleão. 

Durante suas campanhas militares Napoleão Bonaparte enfrentou muitos inimigos. Praticamente todas as coroas da Europa se uniram para destrui-lo nos campos de batalha. Porém duas monarquias trariam sua ruína. Rússia e Inglaterra, que poucas vezes na História tinham se aliado, agora lutavam contra um inimigo comum, o próprio Napoleão. Em solo russo Napoleão enfrentaria seu maior desastre. Suas tropas morreram de fome e frio na imensidão sem fim da Mãe Rússia. O Imperador russo Alexandre I adotou a tática da terra arrasada. O povo russo deveria recuar para o interior, destruindo tudo o que ficava para trás. Sem ter onde alimentar seu exército Napoleão se viu cercado em uma armadilha mortal. E quando o severo inverno russo chegou não sobrou mais nada para sobreviver tão longe da França.

Com os ingleses a situação foi ainda pior. Napoleão Bonaparte não tinha como invadir a Inglaterra já que essa era uma ilha, com poderosa marinha de guerra defendendo sua território. Os ingleses não ficaram por aí. Desembarcaram no continente europeu para enfrentar Napoleão diretamente e o venceram na batalha de Waterloo onde o imperador francês foi definitivamente derrotado. Depois, conforme a ciência provou com análises de seu cabelo, começou um plano de envenenamento por arsênico que fez com que o imperador francês fosse morrendo aos poucos. Os ingleses não queriam construir a história de um mártir. Por isso Napoleão Bonaparte foi definhando até seu final trágico, isolado e esquecido numa ilha distante da Europa. 

Pablo Aluísio.

sábado, 2 de dezembro de 2023

Napoleão Bonaparte e Alexandre I

Napoleão Bonaparte não tinha muito respeito pela vida humana. Basta estudar suas guerras para bem entender isso. Também era um sujeito contraditório. Fruto da revolução francesa queria no fundo se tornar um monarca, um imperador, como os do passado, do velho regime. Por isso tinha uma certa atração doentia pelos representantes do absolutismo do passado, como o Czar da Rússia Alexandre I.

Após literalmente levar uma primeira derrota no campo de batalha, Alexandre entrou em contato diplomático com Napoleão. Queria encontrá-lo pessoalmente. Bonaparte prontamente aceitou e eles se encontraram em território neutro. O mais estranho dessa reunião é que Napoleão ficou encantando com o jovem imperador russo. Chegou a dizer que se ele fosse uma mulher teria se tornado sua amante! Ficou impressionado com o porte nobre do líder russo. 

Alexandre era alto, jovem e muito inteligente. O encontro entre os dois resultou em uma aliança contra a Inglaterra, mas o Czar russo sabia que mais cedo ou mais tarde teria que enfrentar o imperador francês no campo de batalha, algo que efetivamente aconteceu porque Napoleão decidiu invadir a Rússia, o que causou sua ruína, já que a campanha foi um desastre. Corroídos pela fome e frio muitos soldados franceses (milhares deles na verdade) morreram na longa e penosa marcha de retirada durante o rigoroso inverno russo.

Pois é, o jovem (e para Napoleão) inexperiente Czar destruiu os exércitos do general francês que era considerado imbatível no campo de batalha. Um feito histórico único! Depois de perder nos campos congelados sem fim da Mãe Rússia, Napoleão perdeu a fama de ser imbatível, de ser perfeito no caminho de suas conquistas. Ele não era fenomenal, era apenas um homem e como tal poderia ser mesmo derrotado, como bem provou Alexandre I e seu bravo exército.

Em determinado momento desse encontro ate gentil entre os dois imperadores, Alexandre teria comentado com Napoleão que não queria entrar em uma guerra com ele, pois teria que destrui-lo e que caso isso acontecesse iria marchar sobre Paris com suas tropas. Napoleão riu, bebeu um pouco de vinho e disse que isso jamais aconteceria. Ele estava errado e Alexandre estava sendo profético pois foi algo que realmente aconteceria. Após vencer Bonaparte e seu exército, Alexandre realmente rumou para Paris e entrou na cidade por uma ponte que até hoje leva seu nome. Para deixar claro que os russos não estavam ali para massacrar a elite francesa ele desceu de seu cavalo e mandou anunciar que iria dar um baile para os franceses. E nessa noite ele conquistou grande parte dos ricos da França. Na ocasião Alexandre deixou claro que jamais destruiria Paris pois a considerava uma das mais belas cidades do mundo! Promessa que cumpriu. 

Napoleão e Alexandre não viveriam muito. O Czar russo morreria no retorno de um campo de batalha. Após uma longa cavalgada ele sentiu-se mal. Imediatamente seus médicos decidiram levar ele de volta a São Petersburgo, mas Alexandre não resistiu. Morreu dentro de uma carruagem em uma estrada cheia de lama. Napoleão, por sua vez, foi exilado para uma distante ilha controlada pelos ingleses. Ele foi sendo envenenado aos poucos com arsênico. Passou suas últimas semanas muito doente, por causa do veneno. Falecendo pouco depois. 

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 3 de outubro de 2011

A Derrota de Napoleão Bonaparte

O marco final da derrota de Napoleão Bonaparte é colocada como sendo a Batalha de Waterloo. Uma visão de historiadores, não completamente equivocada. Porém se formos pensar bem, analisar de forma mais sensata os capítulos históricos, veremos que a verdadeira derrota de Napoleão Bonaparte se deu na Rússia, em solo russo, onde ele realmente, de fato, foi humilhado, derrotado e teve seu exército destroçado. Desse ponto em diante a Europa entendeu que Napoleão Bonaparte não era invencível. Longe disso, ele era tocável e podia ser derrotado.

Muito já foi escrito sobre a derrota de Napoleão Bonaparte na Rússia imperial do Tsar Alexandre I. Livros e mais livros foram elaborados, contando em suas páginas a derrota fulminante que os exércitos de Napoleão sofreram naquela ocasião. Porém dois fatos se sobressaem nesse campo. O primeiro é que o "General Inverno", como foi apelido o frio polar russo, foi deciisivo para que Napoleão saboreasse o gosto da derrota total. Seus homens não tinham uniformes adequados para aquele inverno - ou poderíamos dizer inferno? Sem comida, roupas adequadas, o soldado napoleônico simplesmente morreu de fome e frio nas terras sem fim da mãe Rússia. Foi, lamento dizer isso, uma morte justa. Os franceses eram invasores, não tinham que estar naquelas terras.

Outro fato histórico inegável que contribuiu para a destruição das tropas de Napoleão Bonaparte foi a estratégia de "Terra Arrasada", ou seja, os russos, antes da chegada dos franceses, queimaram tudo. Queimaram as casas, os prédios e o mais importante, as provisões. Sem ter o que comer, os soldados franceses sentiram fome como nunca tinham sentido antes. E aqui podemos notar que Napoleão Bonaparte não era o gênio militar que se dizia dele. Um fato que não pode faltar a tropas em guerra é justamente os provimentos, a comida para manter os homens lutando. Sem isso só há fome, morte e destruição. Uma guerra se perde por puro e simples despreparo do seu comando. 

Outro aspecto a se considerar sobre os erros de Napoleão Bonaparte é que ele fazia campanhas militares sem objetivos. Qual era o objetivo de invadir a Rússia? O que ele queria fazer em Moscou, por exemplo? Apenas encher seu próprio ego pessoal? Se foi isso se deu muito mal, pois a derrota no solo russo destruiu sua imagem como militar genial. Ele não era genial, vamos falar a verdade. O mesmo aconteceu no Egito. Sem planos de permanência as tropas franceses não suportaram ficar muito tempo na terra dos faraós. Napoleão Bonaparte também não tinha planos para a Rússia. Nada planejado para o dia após a invasão. Não havia plano político, nem nada. Era apenas invadir por invadiir, para mostrar ao resto da Europa que ele podia fazer isso. Só que não podia e foi solenemente derrotado por esse erro estratégico sem nenhum sentido concreto.

Outro fato é que Napoleão Bonaparte dava pouco ou nenhum valor para a vida humana. Quando ele fugiu da Rússia, dentro de um pequeno veículo puxado por cavalos, ele viu com os próprios olhos a desgraça que se abatia sobre os homens de seu exército. E segundo relatos da época, Napoleão não expressou qualquer sentimento de compaixão por aqueles soldados que estavam morrendo de fome e frio. Ao contrário disso mandava seu cocheiro bater mais e mais nos cavalos para ele sair o mais rapidamente possível da Rússia, alcançar a fronteira. E enquanto passava à toda velocidade, os homens ficavam caídos, mortos na neve.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 19 de abril de 2011

Napoleão Bonaparte - Verdades e Mentiras

Ele foi um dos principais líderes políticos e militares da história. Isso é um fato. O que poucos sabem é que Napoleão Bonaparte também tinha seu lado ridículo. Como era um ser humano e não um Deus, Napoleão também tinha defeitos - e muitos! Aqui vão algumas perguntas sobre o homem Napoleão Bonaparte.

1. Qual era a altura de Napoleão Bonaparte?
O imperador francês era extremamente baixinho. Embora muitos autores afirmem que ele tinha 1.69 de altura, a verdade é que o general não chegava nem a 1.63. A diferença se deve às botas do militar. Ele tinha complexo de sua falta de estatura e por isso mandava confeccionar enormes saltos que lhe desse alguns centímetros a mais. Afinal um general baixinho corria o risco de virar uma piada entre seus subordinados.

2. Napoleão Bonaparte era impotente?
Sim. Embora posasse de conquistador de mulheres, principalmente depois que se tornou imperador, o fato é que Napoleão tinha problemas sexuais. A explicação sobre sua impotência passa por vários motivos, desde a estafa natural de quem vivia em campos de batalha, passando pelo stress constante que o atormentava 24 horas por dia. O imperador era nervoso, dado a ataques de raiva e fúria. No meio de tanta tensão não sobrava muito para se dedicar aos prazeres da carne e do sexo.

3. Napoleão Bonaparte era racista?
O imperador era completamente racista. Ele considerava os negros uma sub-raça, algo que os deixavam mais próximos a animais do que a seres humanos. Seus atos racistas ficaram notórios, principalmente quando proibiu a entrada de negros em Paris. O general não queria que eles "sujassem" as belas ruas da capital francesa. Ele também tinha extremo desprezo por eslavos e russos, mas isso não o poupou de ser derrotado pelos mesmos povos que desprezava no campo de batalha.

4. Napoleão Bonaparte tinha hemorroidas?
Sim. A vida toda Napoleão passou montado em cima de um cavalo, nas inúmeras campanhas que participou ao longo da vida. Isso acabou lhe valendo doloridas hemorroidas. Na última grande batalha de sua vida, a de Waterloo, Napoleão se atrasou para ir ao campo de batalha pois estava com uma séria crise de hemorroidas que deixaram suas calças brancas completamente vermelhas de sangue. A alimentação e a obesidade também não ajudavam. Napoleão comia comidas extremamente apimentadas, gordurosas e nada sadias. Isso piorava ainda mais sua situação de saúde.

5. Por que Napoleão Bonaparte colocava sua mão dentro de seu uniforme?
A posição mais famosa de Napoleão Bonaparte em quadros e desenhos de época é aquela em que o imperador aparecia com as mãos dentro de seu casaco militar. Há duas explicações para essa pose. Alguns historiadores dizem que o imperador sofria de úlcera. As fortes dores estomacais o fazia pressionar o local da dor. Por isso ele estaria sempre com a mão sobre a dor. Outra explicação seria que Napoleão sofria de Mal de Parkinson e para esconder isso de seus soldados colocava a mão que apresentava tremores dentro de seu casaco militar.

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 15 de abril de 2011

Napoleão Bonaparte

Napoleão Bonaparte
Ontem assisti novamente ao grande clássico "Waterloo - A Batalha de Napoleão", cuja resenha completa você pode acessar clicando aqui. Fazia seguramente uns vinte anos que o tinha visto pela última vez. Por essa razão já não me lembrava mais de todos os detalhes. O que havia ficado bem marcante em minha lembrança mesmo durante todos esses anos era realmente a grande atuação do ator Rod Steiger como Napoleão. Ele era bem parecido fisicamente com o imperador francês e aliado a essa semelhança ainda conseguiu realizar um trabalho brilhante de atuação. Seu Napoleão é um sujeito já decadente, tentando se agarrar a um passado distante, dos tempos áureos em que teve em suas mãos praticamente toda a Europa. Sempre suando, com expressão de dor, ele vai ficando consciente que seu tempo passou, que ele não é mais aquele jovem destemido dos campos de batalha do passado, ainda mais agora que segue sofrendo terríveis dores de estômago, algo que até hoje é discutido por historiadores, sobre qual seria o mal exato que tanto atormentava o general e que curiosamente ficou incorporado em sua imagem, a do general com as mãos dentro de seu uniforme militar. No meio desse caos em que sua vida havia se transformado ele ainda tentava de todas as maneiras juntar os pedaços de seu império destroçado.

O Napoleão da história é seguramente uma das figuras mais emblemáticas da humanidade. Ele foi em essência um grande ceifador de vidas, estando no mesmo nível que um Júlio César ou Hitler. Era um ditador sanguinário que queria passar o poder para seus parentes, tal como as monarquias que dizia combater. Não admitia oposição e aniquilava a todos que ousassem contestar seus loucos sonhos de dominação continental. Isso porém não inibiu os franceses de o terem alçado ao posto de herói nacional, algo que sinceramente nunca consegui compreender completamente. Ora, vejo muitas contradições em Napoleão e sua trajetória. Ele foi fruto da revolução francesa, que pregava a soberania da vontade popular em oposição ao regime da nobreza hereditária, mas ao mesmo tempo acabou trazendo os velhos valores absolutistas da monarquia deposta para seu governo e isso da pior maneira possível. Megalomaníaco e ambicioso, tentou conquistar todos os países europeus, destronando dinastias e colocando em seus tronos parentes e amigos completamente incapacitados para exercer o poder nessas nações. Tampouco se importava com a vontade dos povos desses países conquistados a ferro e fogo. Dizia ser um representante do poder do povo, mas ao mesmo tempo ignorava a vontade popular e qualquer sinal de democracia nas terras onde impunha sua dominação através de guerras de conquista. Falava que amava suas origens humildes e a sabedoria popular do povo mais pobre, mas ao mesmo tempo adorava mesmo era o luxo e a pompa das mais tradicionais monarquias europeias, se vestindo tal como os reis do passado, o que o fazia ser basicamente um grande hipócrita.

Também tal como Hitler era um tanto quanto louco. Ao tentar invadir o imenso e congelado território russo se viu massacrado pelo famoso "General Inverno" que aniquilou suas tropas que morreram congeladas e famintas nas estepes russas sem fim. Não satisfeito tentou destruir a Inglaterra e seus ideais de liberdade e direitos fundamentais (algo que ignorava completamente na prática, embora se mostrasse publicamente como um liberal constitucional). E assim como Hitler se deu muito mal ao tentar destruir "a Ilha", como os ingleses carinhosamente chamavam seu país. Pior do que tudo foi a devastação que causou em termos de vidas humanas e bens materiais. As chamadas Guerras Napoleônicas custaram as vidas de mais de oito milhões de pessoas - algo absurdo para o tamanho da população naqueles tempos. Cidades inteiras, algumas delas milenares, foram queimadas por seus soldados. No final, quando praticamente toda a população francesa masculina havia morrido nos campos de batalha, Napoleão começou a recrutar adolescentes e até crianças para as fileiras de seu exército. Uma das coisas que mais chocou o general Arthur Wellesley, o 1.º Duque de Wellington, que o venceu na batalha decisiva de Waterloo, foi contemplar os corpos de crianças mortas no campo de batalha com o uniforme do exército de Napoleão. Enterradas na lama da guerra elas perderam suas vidas com 12 e até 11 anos de idade! E depois de tantas mortes, massacres e guerras sem sentido esse megalomaníaco chamado Napoleão ainda é considerado nos dias de hoje um herói nacional pelos franceses?! Quem pode realmente entender os caminhos sombrios da mente humana...

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 12 de março de 2008

As Sangrentas Guerras Napoleônicas

As guerras promovidas por Napoleão Bonaparte foram extremamente sangrentas, alguns historiadores afirmam que nunca havia antes se morrido tanto nos campos de batalhas da Europa continental. Os números falam por si. Estima-se que três milhões morreram nas diversas batalhas envolvendo Napoleão. Só na campanha da invasão da Rússia o exército francês perdeu meio milhão de soldados. Um desastre monumental. A explicação para a extensão de tantas mortes, além de soldados feridos, aleijados e lesionados, se deu em razão da grande extensão territorial da própria guerra sem fim promovida por Napoleão. Ele representava os ideais da revolução francesa, que eram um perigo para todas as monarquias da Europa. Por isso Napoleão entrou em conflito com praticamente todas as nações europeias, levando seu grito de guerra para os mais distantes rincões do continente. Foi uma guerra em larga escala e como se poderia prever também foi elevado o número de mortes, tanto em relação aos civis como também aos militares.

Napoleão Bonaparte também incentivou as leis de recrutamento obrigatório, aumentando em muito o número de soldados em seus exércitos. Napoleão igualmente determinou o recrutamento forçado de homens das regiões conquistadas. Ampliou a idade de serviço militar e com isso tudo se tornou inevitável. Mais homens no campo de batalha, mais mortes. Muitos desses soldados também não tinham o devido preparo, por causa do número insuficiente de oficiais para treiná-los adequadamente. Muitos só aprendiam a puxar o gatilho, mas não técnicas de sobrevivência ou de luta no campo de batalha. Napoleão também não era o tão brilhante general que muitos pensavam. Ele tomou decisões equivocadas, mal pensadas, incentivado apenas por seu ego monumental. Por isso Napoleão colocou muitas de suas tropas em operações que eram verdadeiras missões suicidas, sem chance de êxito. O número de baixas só poderia ser muito elevado. Some-se a isso o despreparo das tropas, a falta de provisões e retaguarda e você entenderá porque em certos aspectos muitas das campanhas de Napoleão foram enormes desastres militares e humanos.

Napoleão Bonaparte não tinha muito respeito pela vida humana. Basta estudar suas guerras para bem entender isso. Também era um sujeito contraditório. Fruto da revolução francesa queria no fundo se tornar um monarca, um imperador, como os do passado, do velho regime. Por isso tinha uma certa atração doentia pelos representantes do absolutismo do passado, como o Czar da Rússia Alexandre I. Após literalmente levar uma surra no campo de batalha, Alexandre entrou em contato diplomático com Napoleão. Queria encontrá-lo pessoalmente. Bonaparte prontamente aceitou e eles se encontraram em território neutro. O mais estranho dessa reunião é que Napoleão ficou encantando com o jovem imperador russo. Chegou a dizer que se ele fosse uma mulher teria se tornado seu amante!

Alexrandre era alto, jovem e muito inteligente. O encontro entre os dois resultou em uma aliança contra a Inglaterra, mas o Czar russo sabia que mais cedo ou mais tarde teria que enfrentar o imperador francês no campo de batalha, algo que efetivamente aconteceu porque Napoleão decidiu invadir a Rússia, o que causou sua ruína, já que a campanha foi um desastre. Corroídos pela fome e frio muitos soldados franceses (milhares deles na verdade) morreram na longa e penosa marcha de retirada durante o rigoroso inverno russo. Pois é, o jovem (e para Napoleão) inexperiente Czar destruiu os exércitos do general francês que era considerado imbatível no campo de batalha. Um feito histórico único! Depois de perder nos campos congelados sem fim da Mãe Rússia, Napoleão perdeu a fama de ser imbatível, de ser perfeito no caminho de suas conquistas. Ele não era fenomenal, era apenas um homem e como tal poderia ser mesmo derrotado, como bem provou Alexandre I e seu forte e armado exército. O fim das guerras napoleônicas teve um marco bem preciso. O povo francês já sabia que Napoleão havia sido feito prisioneiro, enviado para um exílio numa ilha distante, porém apenas quando Alexandre I desfilou em seu cavalo pelas ruas de Paris é que os franceses finalmente entenderam que seu amado general havia sido derrotado para sempre.

Pablo Aluísio.