sábado, 17 de fevereiro de 2007

A Trágica Farsa

Foi o último filme da carreira do ator Humphrey Bogart. O interessante aqui é que em seu último papel, Bogart interpretava um sujeito que após várias táticas desonestas se arrependia e procurava por redenção – algo um tanto quanto distante de todos os seus famosos papéis de personagens cínicos do passado, que viraram sua marca registrada ao longo da carreira. Afinal essa coisa de redenção pessoal era para os fracos, pelo menos do ponto de vista de sua vasta galeria de personagens interpretados ao longo de décadas de carreira em Hollywood. Não é desnecessário relembrar que nos primeiros filmes Bogart geralmente interpretava gângsters da pesada, sujeitos forjados na criminalidade, sem essa de remorso ou culpa. Eram caras durões, acima de tudo.

Em “A Trágica Farsa” Bogart interpreta o jornalista esportivo Eddie Willis que após 17 anos trabalhando em jornais da cidade se vê subitamente desempregado. Tentando sobreviver, ele procura contato dentro do mundo dos esportes e acaba se envolvendo com o promotor de lutas de boxe Nick Benko (Rod Steiger). Inicialmente Benko escala Willis como relações públicas de um jovem boxeador chamado Toro Moreno (Mike Leno) mas esse não confirma seu potencial. Visando recuperar seu dinheiro investido Benko propõe a Willis uma parceria em uma série de lutas forjadas com o único objetivo de enganar e ganhar o dinheiro de apostadores desavisados. Além de ganhar dinheiro das apostas a dupla pretende trilhar o caminho do pouco talentoso boxeador para uma luta com o atual campeão de pesos pesados em Nova Iorque o que lhes trará uma soma considerável, uma verdadeira fortuna.

O roteiro de “A Trágica Farsa” é muito bem desenvolvido e mostra sem paliativos o podre universo das lutas arranjadas dentro da liga de boxe dos Estados Unidos durante a década de 1950. No começo de tudo o personagem de Bogart se sente completamente à vontade enganando e tapeando os apostadores de lutas por onde passa, mas após a morte de um lutador ele começa a se arrepender do que está fazendo. E é justamente nesse período de crise de consciência que o filme cresce e Bogart mostra todo o seu talento. Em seu último papel o ator Humphrey Bogart explora bem sua própria decadência fisica em prol de seu papel. Ele encaminha-se para o lado do crime por não ter mais nenhum outro caminho a seguir. Velho e aparentemente ultrapassado, ele é logo jogado de lado pelo mercado de trabalho,  o que de certa forma justifica seus atos ao longo do filme (embora não totalmente). ]

Foi certamente um típico caso onde a vida imitava a arte. Tão vulnerável estava Bogart durante as filmagens que o estúdio lhe pediu que voltasse para “dublar” certas passagens do filme pois sua voz estava inaudível (por pura falta de energia ao dizer suas falas). A fotografia em preto e branco e o fato da estória ser baseada na vida do promotor Harold Conrad ajudam ainda mais em seu resultado final. O filme foi lançado no Festival de Cannes de 1956 e dividiu opiniões. Para o New York Times o filme era "uma história brutal e desagradável, com toques de melancolia". De uma maneira ou outra fica a recomendação desse “A Trágica Farsa”, o último filme de um dos maiores mitos da história da sétima arte, Humphrey Bogart.

A Trágica Farsa (The Harder They Fall, Estados Unidos, 1956) Direção: Mark Robson / Roteiro: Philip Yordan baseado no livro de Budd Schulberg / Elenco: Humphrey Bogart, Rod Steiger, Jan Sterling / Sinopse: Jornalista desempregado (Humphrey Bogart) resolve entrar no submundo das lutas forjadas no mundo do boxe Americano da década de 1950. Filme indicado ao Oscar na categoria de Melhor Fotografia em Preto e Branco (Burnett Guffey). Indicado à Palma de Ouro no Cannes Film Festival.

Pablo Aluísio.

 

Vampiros de Almas

Ao retornar para a pequena cidadezinha onde mora na Califórnia, o Dr. Miles J. Bennell (Kevin McCarthy) começa a receber reclamações estranhas de seus pacientes. Para esses haveria algo muito anormal acontecendo, pois seus parentes não seriam mais quem diziam ser. Eles se pareceriam com seus maridos, tios, pais, mas definitivamente não seriam eles na verdade. Intrigado o Dr. Milles começa a investigar o que estaria acontecendo. Seria algum tipo de delírio coletivo? No mínimo tudo soaria muito estranho... Aos poucos ele vai descobrindo a terrível verdade. O problema é convencer alguém do que estaria acontecendo de fato. Plantas alienígenas estariam trocando os seres humanos por cópias perfeitas? Quem acreditaria em algo tão absurdo?

Esse filme é considerado um dos grandes clássicos de Ficção dos anos 50. O enredo foi baseado em um conto escrito por Jack Finney para a revista de literatura fantástica "Collier's magazine serial". Imaginem uma invasão bem sutil de uma raça de aliens que ao invés de enfrentar os seres humanos em uma grande guerra de mundos estaria aos poucos substituindo todos os humanos por cópias de si mesmos. As estranhas criaturas seriam uma simbiose entre o mundo animal e vegetal e estariam determinadas a conquistar o planeta, se livrando da humanidade que para eles seria completamente descartável por serem seres emocionais e propensos a atos de violência irracional.

O roteiro assim joga com o suspense da situação, sem nunca apelar para os efeitos especiais ou monstros, como era de praxe na época. O curioso dessa produção é que ela joga mais com o lado intelectual da situação do que com qualquer outra coisa. Há certamente cenas de ação e tudo mais (como quando os protagonistas fogem colina acima, perseguidos por uma multidão de abduzidos), mas nada disso é o foco principal da fita. Na verdade o criador do conto original fez uma analogia em cima do clima de paranoia em que vivia a sociedade americana. Havia um temor que o comunismo invadisse e destruísse os valores americanos. Isso fica bem claro quando o médico é informado por um dos seres que o objetivo dos aliens seria a construção de uma sociedade sem individualidade, onde todos seriam iguais, subordinados, sem diferenças entre si (e sem emoções também!).

Ora, basta entender o contexto histórico do lançamento de "Invasion of the Body Snatchers" para entender bem onde o argumento queria chegar. Claro que passados tantos anos a ideia já não soa tão original como nos anos 50, afinal de contas o filme foi extremamente imitado por décadas! Mesmo assim não há como negar que é realmente um marco na história do universo Sci-Fi americano. Depois de filmes como esse não haveria mais limites para a imaginação dos roteiristas. Sob esse ponto de vista "Vampiros de Almas" realmente fez escola e pode ser considerado uma das ficções mais influentes da história do cinema americano. Pequena obra prima.

Vampiros de Almas (Invasion of the Body Snatchers, Estados Unidos, 1956) Estúdio: Allied Artists Pictures / Direção: Don Siegel / Roteiro: Daniel Mainwaring, Jack Finney / Elenco: Kevin McCarthy, Dana Wynter, Larry Gates / Sinopse: Numa pequena cidade da Califórnia um pesquisador começa a investigar um estranho fenômeno envolvendo diversas pessoas. Para alguns eles não seriam mais as mesmas pessoas, embora tivessem a mesma aparência de antes.
  
Pablo Aluísio.

 

quinta-feira, 15 de fevereiro de 2007

Cinema Clássico - Marlon Brando, Marilyn Monroe


...E O Vento Levou

Depois de quatro horas de filme, a sensação é de puro êxtase. Não há um mortal sequer que consiga ficar indiferente ao filme mais famoso e popular de Hollywood. Baseado no romance homônimo de Margareth Mitchel e vencedor do Prêmio Pulitzer de 1937,  "... E o Vento Levou" (Gone With The Wind - 1939) é daqueles filmes onde tudo funciona, tudo se encaixa perfeitamente e o time de atores, juntamente com os diretores, produtor e roteirista, forma uma espécie de mosaico que beira à perfeição. O longa é ambientado no início da Guerra da Secessão (1861-1865) e conta a vida de Gerald O'Hara um imigrante irlandês que fez fortuna e vive em sua mansão,Tara, na Georgia, sul dos EUA, junto com sua filha adolescente, Scarlett O'Hara (Vivien Leight).

A jovem Scarlett nutre uma paixão crônica e doentia por Ashley Wilkes. Porém o que ela não sabe é que Wilkes está de casamento marcado com a sua própria prima. Em meio a um verdadeiro redemoinho de paixões, mágoas e ressentimentos que coincidem com o início da guerra, surge o indefectível Rhett Buttler (Clark Gable), um espertalhão que diante do conflito, não toma partido para nenhum lado. Na verdade Rhett é um misto de mulherengo, cínico e mau-caráter que mantém sem muito esforço, correndo em suas veias, muito humor, além de doses generosas de testosterona.

O clássico tem cenas inesquecíveis como o grandioso incêndio que torra a cidade de Atlanta, facilitando a invasão dos Ianques do norte e levando os Confederados e escravocratas sulistas ao desespero. Destaque também para a trilha sonora de acordes celestiais assinada por Max Steiner. A música, derrete, como fogo de maçarico, os corações humanos mais duros. Mas a estrela do grande épico é a espevitada Scarlett O'Hara, papel que caiu no colo de  uma inglesinha, nascida na Índia, chamada Vivian Leigh. A excepcional atriz - que doze anos mais tarde brilharia junto com Marlon Brando no clássico "Uma Rua Chamada Pecado" (1951) - disputou de forma incansável a concorrida vaga para o papel de Scarlett O'Hara com gente não menos ilustre como: Katharine Hepburn, Bette Davis e Lana Turner. A disputa foi tão acirrada que Vivien só conseguiu a vaga quando as filmagens já haviam começado. Vivien foi uma escolha pessoal do todo poderoso produtor David Selznick e brilhou intensamente na pele de uma Scarlett O' Hara  histriônica e mimada.

Outro destaque fica por conta de Clark Gable, que aqui vive seu personagem mais famoso (Rhett Butler). Na verdade a primeira escolha para viver Rhett recaiu sobre Errol Flynn que era um desejo pessoal do produtor David O' Selznick. Mas diante da negativa da Warner em liberar Flynn e de um pedido pessoal de Carole Lombard - que era esposa de Gable e amiga pessoal de Selznick - Clark , finalmente foi o escolhido. Reza a lenda que Clark relutou muito em aceitar o famoso papel, já que estava com 38 anos e não queria encarnar nas telas um sujeito malandro e conquistador de uma adolescente. Outra maravilha fica por conta da fotografia em Technicolor da dupla Ernest Haller e Ray Rennahan que além de representar uma revolução para a época, hipnotizou as plateias de todo o mundo. O clássico teve treze indicações ao Oscar, mas levou "apenas" dez. Um filme realmente extraordinário.

... E O Vento Levou (Gone with the Wind, EUA, 1939) Direção: Victor Fleming / Roteiro: Sidney Howard baseado na novela de Margaret Mitchell / Elenco: Clark Gable, Vivien Leigh, Olivia de Havilland, Thomas Mitchell, George Reeves / Sinopse: As paixões, lutas e glórias de uma família americana durante os terríveis anos da Guerra Civil.

Telmo Vilela Jr.

Cinema Clássico: Elizabeth Taylor, Carmen Miranda

Robin Hood

Título no Brasil: Robin Hood
Título Original: Robin Hood
Ano de Produção: 1973
País: Estados Unidos
Estúdio: Walt Disney Studios
Direção: Wolfgang Reitherman, David Hand
Roteiro: Larry Clemmons, Ken Anderson
Elenco: Brian Bedford, Phil Harris, Roger Miller, Brian Bedford, Monica Evans, Phil Harris

Sinopse:
Robin Hood é uma esperta raposa que luta contra as injustiças da floresta. Ele forma um grupo de alegres salteadores como ele e começa a viver de acordo com o lema "Roubar dos ricos para dar aos pobres", o que obviamente vai lhe trazer muitos problemas, inclusive com o Xerife de Nottingham, um lobo perigoso.  

Comentários:
Com a morte de Walt Disney seu amado estúdio entrou em uma longa crise artística. Era algo esperado porque não se podia mais contar com a genialidade de seu fundador. Assim foram anos e anos sem um grande sucesso de animação nos cinemas. Esse período iria ficar conhecido como a "Era de Bronze" dos estúdios Disney. Agora algo que se teve louvar é que mesmo sem o comando de Disney, que olhava todos os mínimos detalhes das animações, os animadores veteranos do estúdio seguiram em frente em seus sonhos de lançar pelo menos uma animação por ano nos cinemas. Esse "Robin Hood" faz parte dessa fase complicada da companhia. Os filmes já não faziam muito sucesso de bilheteria e nem chamavam a atenção, mas todos estavam empenhados em levar em frente os planos originais de Disney. Esse aqui não é tão bom e nem tão criativo, mas mantém o interesse e a qualidade que sempre foi a marca registrada do selo Disney. Hoje meio esquecido, esse longe merece ser redescoberto. Uma animação bem tradicional que tentava manter Disney vivo através da arte de seus criadores.

Pablo Aluísio. 


quarta-feira, 14 de fevereiro de 2007

Ben-Hur

Com a morte do chefão Louis B. Mayer em 1957, a toda poderosa MGM (Metro Goldwyn Mayer) encontrava-se com graves problemas financeiros. Depois de uma sucessão de reuniões na tentativa de salvar o famoso estúdio da falência, os executivos, quase em uníssono, decidiram que só havia um caminho para a salvação: a realização de um drama, épico, religioso e grandioso que entrasse para sempre para a história do cinema e de quebra alavancasse financeiramente o famoso estúdio. O nome deste épico: Ben-Hur. Ou seja, a refilmagem do clássico que a própria MGM havia produzido em 1925. Início de 1958. Depois de escolhido o filme, restava ao produtor Sam Zimbalist a escolha da equipe técnica. Para a direção, o alemão William Wyler foi o escolhido, pois, além de já pertencer à MGM, Wyler era amigo pessoal de Zimbalist e dirigiria seu primeiro épico na carreira. Para o papel principal de Judah Ben-Hur, a primeira escolha de Zimbalist recaiu sobre Burt Lancaster, mas o famoso astro recusou o papel por ser ateu e não concordar em divulgar textos sagrados dos quais ele não acreditava. Marlon Brando também o recusou.

Coube então ao diretor WilliamWyler escolher pessoalmente aquele que encarnaria o famoso príncipe judeu; a escolha foi direta no nome de Charlton Heston. Wyler que havia acabado de dirigir Heston no Western, "Da Terra Nascem os Homens", disse ter ficado impressionado, dois anos antes, com a performance do astro no histórico papel de Moisés em Os Dez Mandamentos. Para viver o tribuno romano, Messala, Rock Hudson foi convidado, mas também recusou. O papel então foi parar nas mãos do ator irlandês e de pouca expressão: Stephen Boyd. Para compor toda a trilha sonora, a MGM resolveu utilizar seu próprio compositor que estava sob contrato desde 1948: o húngaro, "oscarizado", Miklos Rozsa, o mesmo que oito anos antes havia composto a trilha sonora para "Quo Vadis". Pouco antes de começar as filmagens e para ganhar inspiração especial, Rozsa ficou em Roma durante trinta dias meditando em meio às ruínas históricas e dentro do Coliseu. O resultado foi arrebatador: Rozsa construiu uma trilha sonora exuberante que vai de acordes celestiais e angelicais, até os retumbantes compassos marciais das Legiões Romanas.

Baseado no livro "Ben-Hur - A Tale Of The Christ" - escrito em 1880 pelo General (ateu) Lew Wallace, o longa foi rodado nos gigantescos Estúdios Cinecittà em Roma, no período de nove meses. A história tem início em 26 do Anno Domini ou Ano do Senhor e conta a saga de Judah Ben-Hur (Charlton Heston) um rico comerciante judeu, chefe da Casa de Hur, que vive uma vida abastada dentro de uma relativa paz, junto de sua mãe e de sua irmã, na região de Jerusalém ocupada há mais de um século pelo Império Romano. O destino de Ben-Hur e sua pequena família começa a mudar quando chega à cidade o novo tribuno romano de nome Messala (Stephen Boyd). Ben-Hur e Messala são velhos amigos de infância e após muitos anos de separação os dois se reencontram. O início do encontro é amigável e cheio de saudosismo. Tanto Ben-Hur quanto Messala se divertem lembrando dos velhos tempos de infância. Mas com o tempo a conversa animada toma outro rumo e as enormes diferenças entre um tribuno romano e um judeu começam a aparecer, colocando cada um em seu devido lugar. Ben-Hur, fiel a seu povo, recusa-se veementemente a entregar para Messala os judeus que conspiram contra as Legiões Romanas. O tribuno, sentindo-se traído e ofendido, declara guerra ao velho amigo e grita a plenos pulmões que agora estão de lados opostos. Algum tempo depois, Jerusalém recebe um novo governador, Gratus. O novo governador é rebido na entrada da cidade por Messala e seus soldados romanos. Com a garantia de Messala, Gratus cavalga lentamente escoltado pela tropa romana de Messala rumo ao palácio. Ao mesmo tempo, Ben-Hur e sua irmã Tirzah (Cathy O’Donnell) se posicionam na cobertura de casa para apreciar melhor a entrada do novo mandatário romano.

No entanto, por uma extrema infelicidade, Tirzah apoia-se numa telha solta, fazendo com que a mesma despenque e caia em cima do governador. Messala fica possesso e junto com sua guarda romana invade a casa de Ben-Hur para punir os culpados. Ben-Hur assume toda a culpa, mas afirma que foi apenas um acidente e que não houve a intenção de um atentado contra o governador, mas Messala não quer saber e manda prender Ben-Hur, sua irmã Tirzah e sua mãe Miriam. Finalmente o dia da vingança de Messala havia chegado; mesmo sabendo que Ben-Hur e sua família são inocentes e que o governador está bem. Depois de prender Ben-Hur e sua família, o tribuno romano condena o judeu ao trabalho perpétuo como remador nas galés romanas, além de condenar Miriam e Tirzah às masmorras dos leprosos. Enquanto caminha pelo deserto com outros escravos rumo às Galés, Ben-Hur cai no chão implorando por água, que é negada pelo centurião. Neste momento, Jesus, no primeiro momento de epifania do clássico, aparece diante de Ben-Hur, dá-lhe bastante água, além de lavar o seu rosto. O judeu, quase não acreditando no pequeno milagre, agradece ao mestre e jura nunca mais esquecer aquele gesto. Depois de dois anos sofrendo nas galés romanas, o vento do destino finalmente passa a soprar a favor de Ben-Hur e, por obra de um verdadeiro milagre, o príncipe judeu consegue escapar da escravidão romana nas galés e retornar à sua terra natal para uma vingança espetacular contra o tribuno déspota, Messala.
 
Ben-Hur foi consagrado por público e crítica logo em seu lançamento. Vencedor de onze prêmios da Academia entre eles melhor filme, Direção (William Wyler), Ator (Charlton Heston), Ator Coadjuvante (Hugh Griffith), Fotografia, Efeitos Especiais e Trilha Sonora. Curiosamente não levou o prêmio de melhor roteiro adaptado (a única indicação que não se confirmou em prêmio). Já no Globo de Ouro levou mais três premiações de melhor filme, direção e ator (só que dessa vez o premiado foi Stephen Boyd). O filme é certamente um espetáculo aos olhos, mostrando o melhor do cinema na época, merecendo todos os prêmios recebidos. Algumas de suas seqüências até hoje se mostram marcantes e impecáveis como a corrida de bigas e os conflitos envolvendo as tropas romanas. Como o filme entrou definitivamente na história da arte cinematográfica acabou gerando várias outras versões, que foram realizadas anos após seu arrebatador sucesso. Em 2003 virou animação com participação de Charlton Heston, cuja voz do filme original foi reaproveitada em seu personagem. Em 2010 virou série de TV e agora em 2013 surge na Broadway em peça musical de sucesso. Pelo visto a saga segue em frente, dominando outras mídias e linguagens. Sem dúvida uma prova definitiva da imortalidade dessa estória muito cativante e marcante que até hoje impressiona por sua beleza e grandiosidade. Ben-Hur é definitivamente um marco único na história do cinema mundial. Simplesmente essencial. 

Ben-Hur (Ben-Hur, Estados Unidos, 1959) Direção: William Wyler / Roteiro: Karl Tunberg baseado no romance escrito por Lew Wallace / Elenco: Charlton Heston, Jack Hawkins, Stephen Boyd, Haya Harareet / Sinopse: O filme narra a vida de Judah Ben-Hur (Charlton Heston), judeu que vive os horrores da dominação do Império Romano.

Telmo Vilela Jr e Pablo Aluísio.

terça-feira, 13 de fevereiro de 2007

O Pagador de Promessas

Título no Brasil: O Pagador de Promessas
Título Original: O Pagador de Promessas
Ano de Produção: 1962
País: Brasil
Estúdio: Cinedistri
Direção: Anselmo Duarte
Roteiro: Anselmo Duarte, Dias Gomes
Elenco: Leonardo Villar, Glória Menezes, Dionísio Azevedo, Norma Bengell, Othon Bastos, Roberto Ferreira

Sinopse:
Após ter uma graça alcançada, o humilde e sincero Zé do Burro (Leonardo Villar) parte para cumprir sua promessa. Ela havia prometido levar uma grande cruz pesada de madeira para o altar da Igreja, mas seus planos são interrompidos por um padre insensível que o impede de cumprir sua promessa religiosa. Filme indicado ao Oscar na categoria de melhor filme estrangeiro. Vencedor da Palma de Ouro no Cannes Film Festival.

Comentários:
Ontem tivemos a triste notícia da morte do ator Leonardo Villar. Ele protagonizou esse que muito provavelmente foi o filme mais importante da história do cinema brasileiro. Estou me referindo obviamente ao clássico "O Pagador de Promessas". Foi o único filme da história do nosso cinema nacional que venceu a Palma de Ouro em Cannes. Um feito extraordinário. E a força dessa obra de arte veio não apenas de seu maravilhoso texto original, escrito pelo talentoso e genial Dias Gomes, como também pelo ótima direção do subestimado Anselmo Duarte e do elenco, com especial reverência ao próprio Leonardo Villar que teve aqui o papel de sua vida, o personagem que definiu toda a sua carreira artística. Ser consagrado em Cannes foi mera consequência de um trabalho brilhante por parte de todos os envolvidos. Além disso trouxe de volta para o centro da discussão a delicada questão sobre a dualidade entre um catolicismo popular, sincero, de muita fé, em contraponto a um catolicismo oficial, burocrático e muitas vezes insensível. Enfim, uma obra de arte cinematográfica pela qual todos os brasileiros devem ter o maior orgulho. Um momento ímpar da história de nossa arte visual. O auge da cinematografia brasileira.

Pablo Aluísio.

Na Noite do Passado

O filme, Na Noite do Passado (Random Harvest - 1942) conta a triste história do oficial inglês Charles Rainier (Ronald Colman - 1891-1958) que foi achado desacordado dentro de uma trincheira durante a Primeira Guerra Mundial. Charles é internado como um indigente e sofrendo de amnésia num sanatório numa pequena cidade da Inglaterra. Sem lembrar sequer do próprio nome, e de mais nada, Charles vive sozinho, afastado da família e dos amigos. Porém, a sua vida começa a mudar quando numa determinada noite de bruma espessa, o oficial foge do sanatório e vaga sem rumo pelas ruas, alheio aos festejos sobre o fim da guerra. Após andar por muito tempo, sem rumo e sem entender o que está acontecendo, Charles entra numa tabacaria e conhece a bela dançarina Paula Ridgeway (Greer Garson 1904 -1996). A partir desse encontro, e por essas coincidências da vida, Paula apaixona-se por Charles e larga a carreira de dançarina. Os dois se casam e resolvem levar uma vida simples num lugarejo no interior da Inglaterra.

Dirigido por Mervin LeRoy (Quo Vadis) o longa tem um roteiro fundado no drama, no saudosismo e nas consequências devastadoras que a amnésia pode causar ao ser humano. O véu que deixa transparecer o preto enevoado e o branco lúgubre da fotografia parece tornar ainda mais difícil e tortuoso o caminho de Charles em busca de sua verdadeira história pessoal. No discorrer da história, as bruscas mudanças no destino do oficial, aumentam a tristeza, a saudade e a melancolia de Paula. O final é instigante e emocionante. Destaque para a dupla dos astros ingleses Ronald Colman (que na vida real, lutou na Primeira Guerra pelo exército inglês) e a linda atriz Greer Garson, que roubam o filme, transformando em coadjuvante o restante de um bom elenco. Um ótimo filme. Nota 9

Na Noite do Passado (Random Harvest, EUA, 1942) Direção: Mervyn LeRoy / Roteiro: Claudine West, George Froeschel / Elenco: Ronald Colman, Greer Garson, Philip Dorn / Sinopse: O filme narra a triste história do oficial inglês Charles Rainier (Ronald Colman - 1891-1958) que foi achado desacordado dentro de uma trincheira durante a Primeira Guerra Mundial. Charles é internado como um indigente e sofrendo de amnésia num sanatório numa pequena cidade da Inglaterra. Sem lembrar sequer do próprio nome, e de mais nada, Charles vive sozinho, afastado da família e dos amigos.

Telmo Vilela Jr.