Título no Brasil: Doutor Jivago
Título Original: Doctor Zhivago
Ano de Produção: 1965
País: Estados Unidos
Estúdio: Metro-Goldwyn-Mayer (MGM)
Direção: David Lean
Roteiro: Robert Bolt
Elenco: Omar Sharif, Julie Christie, Geraldine Chaplin, Rod Steiger, Alec Guinness, Tom Courtenay
Sinopse:
Baseado no famoso romance escrito por Boris Pasternak, o filme "Dr. Jivago" conta a história de um jovem médico russo, membro da burguesia, que vê seu mundo mudar completamente com a chegada da Revolução Russa. Depois que os Bolcheviques tomam o poder nada mais seria como no passado.
Comentários:
O cineasta David Lean foi um dos grandes mestres da sétima arte em seu tempo. Nesse filme ele aceitou o convite da MGM para transformar em cinema um best-seller maravilhoso que contava a história da revolução russa sob a perspectiva de um homem, um médico, que via as antigas estruturas da nação em que vivia serem modificadas praticamente da noite para o dia. O Dr. Jivago (em ótima interpretação do talentoso ator Omar Sharif) era um bom homem, que inclusive acreditava em certos valores dos novos tempos revolucionários, mas que com o tempo iria também presenciando os absurdos cometidos pelos comunistas que, ávidos de poder, cometiam todo tipo de atrocidades contra o seu próprio povo. Esse é um filme grandioso, épico, como era de praxe na obra do grande Lean. A reconstituição histórica é perfeita, tudo em harmonia com um roteiro primoroso e uma produção classe A. Sem dúvida esse filme é uma das grandes obras primas da história do cinema norte-americano. Simplesmente imperdível.
Pablo Aluísio.
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segunda-feira, 20 de setembro de 2021
quinta-feira, 20 de maio de 2021
Jesus de Nazaré
Franco Zeffirelli nunca foi um diretor de moderação. Ao contrário disso ele sempre foi um cineasta que ia ao limite. Assim quando foi contratado para dirigir uma versão da história de Jesus Cristo para as telas, não quis saber de economias. Ele queria mesmo, como afirmou em entrevistas na época, dirigir o filme definitivo sobre a história de Jesus. Para tanto contou com um orçamento milionário, uma produção envolvendo produtores britânicos e italianos e um elenco numeroso e fenomenal, com vários astros do cinema em papéis coadjuvantes. Muito dinheiro foi investido e o primeiro corte do diretor resultou em um filme com mais de quatro horas de duração. Inviável lançar algo tão longo nos cinemas da época.
Diante disso o estúdio decidiu fazer duas versões do filme. Uma editada com pouco mais de 2 horas de duração para o cinema e uma versão bem longa que seria exibida na TV em formato de minissérie. Franco Zeffirelli não gostou muito, entretanto ele não tinha mais controle sobre sua própria criação. O resultado é um filme muito bom, com ótimas cenas e uma fidelidade tão grande com a imagem do Jesus das pinturas e quadros da renascença que o ator escolhido para viver Jesus era uma réplica fiel daquele Jesus mais conhecido, com olhos azuis e nariz alongado, algo que é discutido por historiadores de maneira em geral. De qualquer forma essa é uma questão secundária, pois "Jesus de Nazaré" segue sendo um dos filmes mais amados por cristãos de todo o mundo. Sinal de que o trabalho foi realmente extremamente bem feito.
Jesus de Nazaré (Jesus of Nazareth, Inglaterra, Itália, 1977) Direção: Franco Zeffirelli / Roteiro: Franco Zeffirelli, Anthony Burgess, Suso Cecchi D'Amico, baseados nos evangelhos do novo testamento / Elenco: Robert Powell, Olivia Hussey, Laurence Olivier, Ernest Borgnine, Claudia Cardinale, James Earl Jones, James Mason, Donald Pleasence, Christopher Plummer, Anthony Quinn, Rod Steiger, Peter Ustinov, Michael York / Sinopse: O filme conta a história de Jesus, judeu nascido na Galiléia que passou a difundir uma mensagem de paz e amor entre os homens durante o século I.
Pablo Aluísio.
Diante disso o estúdio decidiu fazer duas versões do filme. Uma editada com pouco mais de 2 horas de duração para o cinema e uma versão bem longa que seria exibida na TV em formato de minissérie. Franco Zeffirelli não gostou muito, entretanto ele não tinha mais controle sobre sua própria criação. O resultado é um filme muito bom, com ótimas cenas e uma fidelidade tão grande com a imagem do Jesus das pinturas e quadros da renascença que o ator escolhido para viver Jesus era uma réplica fiel daquele Jesus mais conhecido, com olhos azuis e nariz alongado, algo que é discutido por historiadores de maneira em geral. De qualquer forma essa é uma questão secundária, pois "Jesus de Nazaré" segue sendo um dos filmes mais amados por cristãos de todo o mundo. Sinal de que o trabalho foi realmente extremamente bem feito.
Jesus de Nazaré (Jesus of Nazareth, Inglaterra, Itália, 1977) Direção: Franco Zeffirelli / Roteiro: Franco Zeffirelli, Anthony Burgess, Suso Cecchi D'Amico, baseados nos evangelhos do novo testamento / Elenco: Robert Powell, Olivia Hussey, Laurence Olivier, Ernest Borgnine, Claudia Cardinale, James Earl Jones, James Mason, Donald Pleasence, Christopher Plummer, Anthony Quinn, Rod Steiger, Peter Ustinov, Michael York / Sinopse: O filme conta a história de Jesus, judeu nascido na Galiléia que passou a difundir uma mensagem de paz e amor entre os homens durante o século I.
Pablo Aluísio.
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quarta-feira, 28 de abril de 2021
O Leão do Deserto
Filme que apresenta em seu elenco um formidável grupo de atores de excepcional talento dramático. Vários deles com sólida formação teatral em Shakespeare, como por exemplo, John Gielgud. Curiosamente o astro principal Anthony Quinn seria o menos qualificado em termos de currículo e formação em arte dramática nesse sentido. Ele sempre foi um ator de cinema e não de teatro. Sua escola, sendo realista, foram os filmes e não uma série de peças teatrais de literatura clássica. Porém dentro do contexto de seu personagem dentro desse filme, até que está bem adequado, pois ele interpreta um líder tribal chamado Omar Mukhtar, um homem que resiste no campo de batalha ao domínio do imperialismo italiano, representado na figura do líder fascista Benito Mussolini. Homem rude, violento, forjado na guerra contra os colonizadores europeus.
A história do filme se desenvolve nas areias escaldantes do deserto da Líbia, naquela ocasião histórica (estamos nos referindo ao ano de 1929) sendo dominada pelos imperialistas da Itália. É a velha política de colonização de nações africanas por países europeus. A velha luta entre metropóle e colônia, que tantos males, mortes e destruição trouxeram à história da humanidade. O filme, como não poderia deixar de ser, foi todo rodado no deserto do Norte da África, uma região inóspita. Por isso a equipe de filmagem encontrou todos os tipos de problemas para terminar o filme. O resultado ficou muito bom no meu ponto de vista. Não pode ser considerado um filme à altura de grandes épicos do passado nesse estilo como "Lawrence da Arábia", mas certamente estava acima da média das produções realizadas no começo da década de 1980.
O Leão do Deserto (Lion of the Desert, Estados Unidos, 1980) Direção: Moustapha Akkad / Roteiro: David Butler, H.A.L. Craig / Elenco: Anthony Quinn, Oliver Reed, Rod Steiger, John Gielgud / Sinopse: A história do filme se passa em 1929, no norte da África, na região que hoje é conhecida como Líbia. Nesse posto colonial da Itália fascista de Mussolini, um novo general é designado para conter uma série de rebeliões do povo local liderado pelo líder rebelde tribal Omar Mukhtar (Quinn).
Pablo Aluísio.
A história do filme se desenvolve nas areias escaldantes do deserto da Líbia, naquela ocasião histórica (estamos nos referindo ao ano de 1929) sendo dominada pelos imperialistas da Itália. É a velha política de colonização de nações africanas por países europeus. A velha luta entre metropóle e colônia, que tantos males, mortes e destruição trouxeram à história da humanidade. O filme, como não poderia deixar de ser, foi todo rodado no deserto do Norte da África, uma região inóspita. Por isso a equipe de filmagem encontrou todos os tipos de problemas para terminar o filme. O resultado ficou muito bom no meu ponto de vista. Não pode ser considerado um filme à altura de grandes épicos do passado nesse estilo como "Lawrence da Arábia", mas certamente estava acima da média das produções realizadas no começo da década de 1980.
O Leão do Deserto (Lion of the Desert, Estados Unidos, 1980) Direção: Moustapha Akkad / Roteiro: David Butler, H.A.L. Craig / Elenco: Anthony Quinn, Oliver Reed, Rod Steiger, John Gielgud / Sinopse: A história do filme se passa em 1929, no norte da África, na região que hoje é conhecida como Líbia. Nesse posto colonial da Itália fascista de Mussolini, um novo general é designado para conter uma série de rebeliões do povo local liderado pelo líder rebelde tribal Omar Mukhtar (Quinn).
Pablo Aluísio.
quinta-feira, 19 de novembro de 2020
Al Capone
Filme clássico que conta a história de Al Capone, o mais famoso criminoso da grande era dos gangsters. Seu "reinado" se deu justamente durante os tempos da lei seca. E o roteiro é muito interessante. Na trama encontramos as origens de sua subida ao topo do mundo do crime. Após passar vários anos como capanga do mafioso Johnny Torrio, o gangster Al Capone (Rod Steiger) decide assumir ele próprio os rumos de seu "negócio". Forma um grupo de criminosos leais a ele e começa uma série de mortes, eliminando todos aqueles que não aceitam sua liderança. Depois começa a corromper políticos e autoridades policiais, para que garantam passe livre para suas atividades ilegais. Com a lei seca, consegue fazer fortuna ao comercializar bebidas aos principais bares clandestinos de Chicago. Investindo também em prostituição e jogos, Capone logo se torna um homem rico e poderoso. Tudo parecia caminhar muito bem para ele até o massacre de St. Valentine's Day que acaba chocando a população da cidade pela brutalidade e violência envolvidas na chacina. A partir daí sua queda se torna inevitável.
Esse clássico do cinema é mais uma produção que foca suas lentes para a vida do mais famoso gangster de todos os tempos, Alphonse Gabriel "Al" Capone (1899 - 1947). O roteiro tem uma interessante visão sobre o criminoso, mostrando seus dias de glória ao mesmo tempo que o mostra senil e corroído pelas sífilis em seus últimos anos. Rod Steiger brilha na composição de seu personagem. Ele não era apenas parecido fisicamente com Capone, mas também adotou todos os trejeitos do famoso bandido. Como era um grande ator leva o filme todo praticamente nas costas já que a produtora Allied Artists Pictures não tinha recursos para bancar uma grande produção.
A parte mais interessante vem da subida de Capone dentro da hierarquia da máfia de Chicago. Sujeito de origem humilde, com pouco estudo, rude e violento, ele se mostra muito astuto ao entender a verdadeira natureza humana a ser corrompida. Assim em sua escalada, Capone dava duas opções aos que cruzavam seu caminho: ou se corrompiam junto a ele através de subornos e corrupções ou então viravam alvos de sua quadrilha. Embora não seja historicamente tão preciso, o roteiro mostra algo bem vital na subida de Capone ao poder, o uso de políticos corruptos em prol de seus interesses. O criminoso inclusive elegeu em seu auge vários prefeitos de Chicago que depois que chegavam ao cargo tinham que garantir caminho livre para as atividades de seu bando. Assim fica a recomendação desse muito bom filme. "Al Capone" mostra muito bem a subida de um criminoso a uma posição jamais imaginada por um sujeito como ele antes. Talvez por isso seja lembrado até hoje.
Al Capone (Al Capone, Estados Unidos, 1959) Estúdio: Allied Artists Pictures / Direção: Richard Wilson / Roteiro: Malvin Wald, Henry F. Greenberg / Elenco: Rod Steiger, Martin Balsam, Fay Spain / Sinopse: O filme conta a biografia do famoso criminoso Al Capone. Após subir dentro da hierarquia do mundo do crime ele começa um amplo jogo de poder e dominação, corrompendo políticos e policiais da cidade de Chicago.
Pablo Aluísio.
Esse clássico do cinema é mais uma produção que foca suas lentes para a vida do mais famoso gangster de todos os tempos, Alphonse Gabriel "Al" Capone (1899 - 1947). O roteiro tem uma interessante visão sobre o criminoso, mostrando seus dias de glória ao mesmo tempo que o mostra senil e corroído pelas sífilis em seus últimos anos. Rod Steiger brilha na composição de seu personagem. Ele não era apenas parecido fisicamente com Capone, mas também adotou todos os trejeitos do famoso bandido. Como era um grande ator leva o filme todo praticamente nas costas já que a produtora Allied Artists Pictures não tinha recursos para bancar uma grande produção.
A parte mais interessante vem da subida de Capone dentro da hierarquia da máfia de Chicago. Sujeito de origem humilde, com pouco estudo, rude e violento, ele se mostra muito astuto ao entender a verdadeira natureza humana a ser corrompida. Assim em sua escalada, Capone dava duas opções aos que cruzavam seu caminho: ou se corrompiam junto a ele através de subornos e corrupções ou então viravam alvos de sua quadrilha. Embora não seja historicamente tão preciso, o roteiro mostra algo bem vital na subida de Capone ao poder, o uso de políticos corruptos em prol de seus interesses. O criminoso inclusive elegeu em seu auge vários prefeitos de Chicago que depois que chegavam ao cargo tinham que garantir caminho livre para as atividades de seu bando. Assim fica a recomendação desse muito bom filme. "Al Capone" mostra muito bem a subida de um criminoso a uma posição jamais imaginada por um sujeito como ele antes. Talvez por isso seja lembrado até hoje.
Al Capone (Al Capone, Estados Unidos, 1959) Estúdio: Allied Artists Pictures / Direção: Richard Wilson / Roteiro: Malvin Wald, Henry F. Greenberg / Elenco: Rod Steiger, Martin Balsam, Fay Spain / Sinopse: O filme conta a biografia do famoso criminoso Al Capone. Após subir dentro da hierarquia do mundo do crime ele começa um amplo jogo de poder e dominação, corrompendo políticos e policiais da cidade de Chicago.
Pablo Aluísio.
terça-feira, 26 de maio de 2020
F.I.S.T.
Título no Brasil: F.I.S.T.
Título Original: F.I.S.T.
Ano de Produção: 1978
País: Estados Unidos
Estúdio: United Artists
Direção: Norman Jewison
Roteiro: Joe Eszterhas, Sylvester Stallone
Elenco: Sylvester Stallone, Rod Steiger, Peter Boyle, Melinda Dillon, David Huffman, Kevin Conway
Sinopse:
Nesse filme Stallone interpreta Johnny Kovak, um trabalhador braçal que acaba sendo demitido por reivindicar melhores condições de trabalho. Após entrar no sindicato dos caminhoneiros ele acaba subindo na carreira sindical, se tornando um dos principais líderes de sua classe nos Estados Unidos.
Comentários:
Um dos melhores filmes da carreira de Stallone também é um dos menos conhecidos. O roteiro de "F.I.S.T." foi claramente inspirado na vida do líder sindical Jimmy Hoffa que havia desaparecido três anos antes da produção desse filme. E a trajetória do personagem interpretado pelo ator ia bem nessa direção, se tornando quase uma obra didática ao explicar porque homens de sindicatos como Hoffa acabavam caindo nas mãos da máfia. Isso fica bem claro na história de Johnny Kovak (Stallone). No começo ele age por senso de justiça, procurando melhorar mesmo as condições de trabalho dos caminhoneiros. Porém os patrões logo partem para a pura violência física, contratando valentões para espancar os trabalhadores com grandes porretes. Nessa urgência em busca de proteção Kovak acaba aceitando a proteção de chefões mafiosos e uma vez que se tenha feito acordo com esse tipo de criminoso não há mais volta. O roteiro assim procurava justificar pessoas como Hoffa? Em certos aspectos sim. Porém o filme vai muito além disso e se torna uma excelente obra cinematográfica. E olhando para o passado se fica com aquela sensação de que Stallone não deveria ter abandonado esse tipo de cinema para se concentrar apenas em filmes de ação. Ele deveria ter optado por investir mais nesse tipo de filme com mais conteúdo e mensagem. Teria sido muito melhor para sua carreira com o passar dos anos.
Pablo Aluísio.
Título Original: F.I.S.T.
Ano de Produção: 1978
País: Estados Unidos
Estúdio: United Artists
Direção: Norman Jewison
Roteiro: Joe Eszterhas, Sylvester Stallone
Elenco: Sylvester Stallone, Rod Steiger, Peter Boyle, Melinda Dillon, David Huffman, Kevin Conway
Sinopse:
Nesse filme Stallone interpreta Johnny Kovak, um trabalhador braçal que acaba sendo demitido por reivindicar melhores condições de trabalho. Após entrar no sindicato dos caminhoneiros ele acaba subindo na carreira sindical, se tornando um dos principais líderes de sua classe nos Estados Unidos.
Comentários:
Um dos melhores filmes da carreira de Stallone também é um dos menos conhecidos. O roteiro de "F.I.S.T." foi claramente inspirado na vida do líder sindical Jimmy Hoffa que havia desaparecido três anos antes da produção desse filme. E a trajetória do personagem interpretado pelo ator ia bem nessa direção, se tornando quase uma obra didática ao explicar porque homens de sindicatos como Hoffa acabavam caindo nas mãos da máfia. Isso fica bem claro na história de Johnny Kovak (Stallone). No começo ele age por senso de justiça, procurando melhorar mesmo as condições de trabalho dos caminhoneiros. Porém os patrões logo partem para a pura violência física, contratando valentões para espancar os trabalhadores com grandes porretes. Nessa urgência em busca de proteção Kovak acaba aceitando a proteção de chefões mafiosos e uma vez que se tenha feito acordo com esse tipo de criminoso não há mais volta. O roteiro assim procurava justificar pessoas como Hoffa? Em certos aspectos sim. Porém o filme vai muito além disso e se torna uma excelente obra cinematográfica. E olhando para o passado se fica com aquela sensação de que Stallone não deveria ter abandonado esse tipo de cinema para se concentrar apenas em filmes de ação. Ele deveria ter optado por investir mais nesse tipo de filme com mais conteúdo e mensagem. Teria sido muito melhor para sua carreira com o passar dos anos.
Pablo Aluísio.
sexta-feira, 13 de dezembro de 2019
Waterloo - A Batalha de Napoleão
Depois de praticamente conquistar toda a Europa com seu formidável exército o imperador Napoleão Bonaparte (Rod Steiger) se vê encurralado em sua própria capital, Paris. Com os ingleses e prussianos chegando ele acaba renunciando ao seu poder imperial. Preso, é enviado para a distante ilha de Elba. Após conspirar para fugir de sua prisão consegue finalmente chegar no continente com apenas mil homens. Em pouco tempo cai novamente nas graças do povo de seu país e consegue reassumir o trono. Agora Napoleão deseja vingança contra todos os seus inimigos, algo que se dará de forma definitiva na batalha de Waterloo onde enfrentará mais uma vez o hábil general britânico Duque de Wellington (Christopher Plummer) que se encontra pronto para destruir de uma vez por todas com as ambições militares do imperador francês.
Em minha opinião essa produção segue sendo, ainda nos dias de hoje, o melhor filme já realizado sobre os últimos dias do Imperador Napoleão Bonaparte (1769 - 1821). Produzido por Dino de Laurentiis é um daqueles filmes grandiosos, com milhares de extras, figurinos deslumbrantes e cenas do campo de batalha praticamente impecáveis. O roteiro é muito bem escrito e tenta mostrar em detalhes os dois lados desse conflito que decidiu os rumos da Europa de forma definitiva. O Imperador Napoleão é interpretado por Rod Steiger. Que grande ator! Ele tem aqui um dos grandes trabalhos de atuação de sua carreira. Seu Napoleão é um sujeito envelhecido, doente e completamente alucinado em se agarrar nos últimos fiapos de suas glórias passadas. Após retornar da ilha prisão de Elba ele consegue voltar ao poder, mas agora está cercado de inimigos por todos os lados, em especial os ingleses e os prussianos. Egomaníaco e convencido de sua própria lenda, o velho Napoleão decide ousar, indo diretamente para o ataque contra os exércitos inimigos, para surpresa de todos os seus generais. Nada de ficar na defensiva.
Embora tenha há muito tempo perdido no front a possibilidade de conquistar toda a Europa (ainda mais depois da desastrosa campanha na Rússia), o envelhecido general resolve dar a cartada final de sua vida ao encontrar no campo lamacento de Waterloo o poderoso exército comandado pelo comandante inglês Wellington (Christopher Plummer). O que se segue é uma das batalhas mais sangrentas da história, algo que só se repetiria em solo europeu com a eclosão da II Guerra Mundial mais de um século depois. O filme se apoia basicamente em dois atos. No primeiro conta o contexto histórico que antecedeu a grande batalha (a prisão e fuga de Elba e o retorno triunfante de Napoleão pelas mãos do povo ao poder).
No segundo ato (que dura mais do que 60 minutos de filme) a própria batalha é desvendada em detalhes, mostrando as estratégias usadas pelas duas forças inimigas. Para quem gosta de história militar é certamente um prato cheio, tudo muito bem realizado, com centenas de milhares de figurantes em cena (todos pertencentes ao exército russo que colaborou na época com as filmagens). Um dos momentos mais significativos do filme acontece justamente após a carnificina. Montado em seu cavalo, Wellington fita o campo cheio de soldados mortos, alguns bem jovens, ainda na flor da idade. O cenário é de completa desolação. Então ele diz uma de suas frases mais famosas, que entrou inclusive para a história: "Não existe nada mais desolador em um campo de batalha do que a vitória, exceto, é claro, a própria derrota".
Waterloo - A Batalha de Napoleão (Waterloo, Inglaterra, Rússia, Itália, 1970) Estúdio: Dino de Laurentiis Cinematografica / Direção: Sergey Bondarchuk / Roteiro: Sergey Bondarchuk, H.A.L. Craig / Elenco: Rod Steiger, Christopher Plummer, Orson Welles / Sinopse: O filme recria a famosa batalha de Waterloo onde finalmente o Imperador Napoleão Bonaparte foi vencido pelos exércitos da Inglaterra. Filme vencedor do BAFTA Awards nas categorias de Melhor Figurino e Melhor Direção de Arte. Também indicado na categoria de Melhor Fotografia.
Pablo Aluísio.
Em minha opinião essa produção segue sendo, ainda nos dias de hoje, o melhor filme já realizado sobre os últimos dias do Imperador Napoleão Bonaparte (1769 - 1821). Produzido por Dino de Laurentiis é um daqueles filmes grandiosos, com milhares de extras, figurinos deslumbrantes e cenas do campo de batalha praticamente impecáveis. O roteiro é muito bem escrito e tenta mostrar em detalhes os dois lados desse conflito que decidiu os rumos da Europa de forma definitiva. O Imperador Napoleão é interpretado por Rod Steiger. Que grande ator! Ele tem aqui um dos grandes trabalhos de atuação de sua carreira. Seu Napoleão é um sujeito envelhecido, doente e completamente alucinado em se agarrar nos últimos fiapos de suas glórias passadas. Após retornar da ilha prisão de Elba ele consegue voltar ao poder, mas agora está cercado de inimigos por todos os lados, em especial os ingleses e os prussianos. Egomaníaco e convencido de sua própria lenda, o velho Napoleão decide ousar, indo diretamente para o ataque contra os exércitos inimigos, para surpresa de todos os seus generais. Nada de ficar na defensiva.
Embora tenha há muito tempo perdido no front a possibilidade de conquistar toda a Europa (ainda mais depois da desastrosa campanha na Rússia), o envelhecido general resolve dar a cartada final de sua vida ao encontrar no campo lamacento de Waterloo o poderoso exército comandado pelo comandante inglês Wellington (Christopher Plummer). O que se segue é uma das batalhas mais sangrentas da história, algo que só se repetiria em solo europeu com a eclosão da II Guerra Mundial mais de um século depois. O filme se apoia basicamente em dois atos. No primeiro conta o contexto histórico que antecedeu a grande batalha (a prisão e fuga de Elba e o retorno triunfante de Napoleão pelas mãos do povo ao poder).
No segundo ato (que dura mais do que 60 minutos de filme) a própria batalha é desvendada em detalhes, mostrando as estratégias usadas pelas duas forças inimigas. Para quem gosta de história militar é certamente um prato cheio, tudo muito bem realizado, com centenas de milhares de figurantes em cena (todos pertencentes ao exército russo que colaborou na época com as filmagens). Um dos momentos mais significativos do filme acontece justamente após a carnificina. Montado em seu cavalo, Wellington fita o campo cheio de soldados mortos, alguns bem jovens, ainda na flor da idade. O cenário é de completa desolação. Então ele diz uma de suas frases mais famosas, que entrou inclusive para a história: "Não existe nada mais desolador em um campo de batalha do que a vitória, exceto, é claro, a própria derrota".
Waterloo - A Batalha de Napoleão (Waterloo, Inglaterra, Rússia, Itália, 1970) Estúdio: Dino de Laurentiis Cinematografica / Direção: Sergey Bondarchuk / Roteiro: Sergey Bondarchuk, H.A.L. Craig / Elenco: Rod Steiger, Christopher Plummer, Orson Welles / Sinopse: O filme recria a famosa batalha de Waterloo onde finalmente o Imperador Napoleão Bonaparte foi vencido pelos exércitos da Inglaterra. Filme vencedor do BAFTA Awards nas categorias de Melhor Figurino e Melhor Direção de Arte. Também indicado na categoria de Melhor Fotografia.
Pablo Aluísio.
sábado, 30 de novembro de 2019
O Homem do Prego
Filme intenso. Se eu fosse definir esse filme clássico dos anos 60 eu diria que ele é um soco no estômago. Um forte, concentrado e bem dado soco no estômago. O título nacional ficou estranho, mas tem sua razão de ser. Antigamente se dizia que aquele que deixava uma conta a pagar ou então que desse em garantia algum objeto estava na verdade colocando sua conta "no prego". É uma expressão antiga mesmo, mas que ainda se usa em certos lugares do Brasil. O termo jurídico certo seria colocar algo em penhor. E por falar em penhor o principal personagem do filme é um velho dono de uma loja de penhores em Nova Iorque.
Ele sobreviveu ao campo de concentração de Auschwitz. Sua tragédia pessoal é que foi o único de sua família que conseguiu escapar do inferno. Sua esposa e seus dois filhos, ainda crianças, foram executados pelos nazistas. Como ele próprio resume em um diálogo: "A minha desgraça foi que consegui viver. Tudo o que amava nesse mundo morreu, mas eu não! Eu sobrevivi... para minha tragédia!". Assim, como era de esperar, ele volta arrasado psicologicamente do holocausto. Para tentar sobreviver ele se torna uma pessoa fria, sem emoções, beirando a psicopatia. É uma forma de se defender do mundo. Judeu, não acredita em Deus! (suprema contradição). Revoltado, diz ao seu empregado que a única coisa que vale a pena no mundo é o dinheiro. "O dinheiro é tudo!" - resume, mostrando sua visão da vida.
Só que tanta amargura acaba pesando demais. Ele começa a ter recaídas psicológicas. Qualquer frase, palavra ou imagem, traz as lembranças terríveis de Auschwitz. Sua vida perde sentido e ele simplesmente rasteja em sua existência. O cotidiano vira um inferno a mais. Esse personagem é bem complexo e apenas um grande ator poderia lhe dar vida com convicção. Rod Steiger está particularmente brilhante nesse papel. Ele não consegue esconder mais seu estado depressivo, sua tortura na alma. Numa cena muito simbólica ele abre a boca em desespero, mas não consegue sequer gritar. É um grito surdo, que vem de dentro da alma. O espectador não fica menos do que boquiaberto com sua atuação. É coisa de mestre mesmo. Acabou sendo indicado ao Oscar, mas não venceu. Mais um injustiça histórica da Academia. De qualquer forma não vá perder esse filme. Ele não é fácil, não é entretenimento de rápida digestão e não se enquadra no gosto de quem vê cinema apenas como diversão Muito pelo contrário. É um filme pesado, melancólico e em certos aspectos bem triste. E tudo embalado com uma ótima trilha sonora de puro jazz organizada por Quincy Jones. Ninguém em busca de grande cinema poderia esperar por algo melhor do que isso.
O Homem do Prego (The Pawnbroker, Estados Unidos, 1964) Direção: Sidney Lumet / Roteiro: Morton S. Fine, David Friedkin / Elenco: Rod Steiger, Geraldine Fitzgerald, Brock Peters / Sinopse: Sobrevivente do campo de concentração de Auschwitz, um velho judeu solitário e amargurado, tenta viver um dia de cada vez na sua loja de penhores. Só que conforme o tempo vai passando ele vai sucumbindo aos traumas que adquiriu durante o terrível holocausto nazista. A vida vai se tornando pesada demais para ele suportar tudo sozinho.
Pablo Aluísio.
Ele sobreviveu ao campo de concentração de Auschwitz. Sua tragédia pessoal é que foi o único de sua família que conseguiu escapar do inferno. Sua esposa e seus dois filhos, ainda crianças, foram executados pelos nazistas. Como ele próprio resume em um diálogo: "A minha desgraça foi que consegui viver. Tudo o que amava nesse mundo morreu, mas eu não! Eu sobrevivi... para minha tragédia!". Assim, como era de esperar, ele volta arrasado psicologicamente do holocausto. Para tentar sobreviver ele se torna uma pessoa fria, sem emoções, beirando a psicopatia. É uma forma de se defender do mundo. Judeu, não acredita em Deus! (suprema contradição). Revoltado, diz ao seu empregado que a única coisa que vale a pena no mundo é o dinheiro. "O dinheiro é tudo!" - resume, mostrando sua visão da vida.
Só que tanta amargura acaba pesando demais. Ele começa a ter recaídas psicológicas. Qualquer frase, palavra ou imagem, traz as lembranças terríveis de Auschwitz. Sua vida perde sentido e ele simplesmente rasteja em sua existência. O cotidiano vira um inferno a mais. Esse personagem é bem complexo e apenas um grande ator poderia lhe dar vida com convicção. Rod Steiger está particularmente brilhante nesse papel. Ele não consegue esconder mais seu estado depressivo, sua tortura na alma. Numa cena muito simbólica ele abre a boca em desespero, mas não consegue sequer gritar. É um grito surdo, que vem de dentro da alma. O espectador não fica menos do que boquiaberto com sua atuação. É coisa de mestre mesmo. Acabou sendo indicado ao Oscar, mas não venceu. Mais um injustiça histórica da Academia. De qualquer forma não vá perder esse filme. Ele não é fácil, não é entretenimento de rápida digestão e não se enquadra no gosto de quem vê cinema apenas como diversão Muito pelo contrário. É um filme pesado, melancólico e em certos aspectos bem triste. E tudo embalado com uma ótima trilha sonora de puro jazz organizada por Quincy Jones. Ninguém em busca de grande cinema poderia esperar por algo melhor do que isso.
O Homem do Prego (The Pawnbroker, Estados Unidos, 1964) Direção: Sidney Lumet / Roteiro: Morton S. Fine, David Friedkin / Elenco: Rod Steiger, Geraldine Fitzgerald, Brock Peters / Sinopse: Sobrevivente do campo de concentração de Auschwitz, um velho judeu solitário e amargurado, tenta viver um dia de cada vez na sua loja de penhores. Só que conforme o tempo vai passando ele vai sucumbindo aos traumas que adquiriu durante o terrível holocausto nazista. A vida vai se tornando pesada demais para ele suportar tudo sozinho.
Pablo Aluísio.
sexta-feira, 1 de novembro de 2019
Sindicato de Ladrões
Durante anos o diretor Elia Kazan foi considerado um traidor em Hollywood. Ele havia entregado para o Macarthismo um grande número de profissionais do cinema. Cineastas, roteiristas, atores, atrizes, muitos viram suas carreiras destruídas por causa de Kazan. Essas pessoas faziam parte do Partido Comunista, do qual Kazan também era membro. Quando a coisa apertou, ele entregou todo mundo. Alguns foram presos, outros banidos de Hollywood e alguns até mesmo cometeram suicídio. Com isso Kazan ficou marcado para sempre. Uma maneira dele procurar por uma redenção aconteceu com esse clássico chamado "Sindicato de Ladrões".
Para Marlon Brando esse filme era o retrato de todos os fracassados da América. Todos os derrotados pelo sistema. Aquelas pessoas que não conseguiam o sucesso, a fama e a fortuna. Ele interpretava um boxeador com uma carreira cheia de fracassos que entregava as lutas para que a máfia ganhasse dinheiro fácil no mundo das apostas esportivas. Algum tempo depois essa mesma quadrilha acabava cometendo um crime, colocando um peso a mais na consciência do personagem de Brando. Era aqui que Kazan tentava justificar seus atos no passado, tentando criar uma justificativa baseada em grandes valores para todos aqueles que entregavam seus antigos comparsas ou como no caso dele, dos antigos companheiros de causa.
O filme traz um retrato cru e realista. As cenas foram rodadas nas ruas e nas docas, no meio de pessoas comuns, sem excessos de produção e nem nada do tipo. Marlon Brando, com seu jeito da classe trabalhadora, simplesmente atuava ao lado das pessoas do dia a dia, sempre procurando pelo realismo. Seu talento lhe valeu o primeiro Oscar de sua carreira. Curiosamente Brando compareceu à cerimônia onde recebeu a estatueta de uma linda Grace Kelly. Depois tirou fotos e seguiu todo o protocolo da Academia. Algo que iria renegar anos depois quando seria premiado por "O Poderoso Chefão", ao recusar a premiação. No caso do Oscar vencido por "Sindicato de Ladrões" ele decidiu dar a estatueta para um amigo. Era uma forma dele demonstrar que não dava valor ao Oscar e nem à Academia. Também era uma maneira rebelde de se dissociar da futilidade de uma Hollywood que em sua opinião era vazia e sem sentido. De uma forma ou outra o filme foi aclamado por público e crítica, vencendo os principais prêmios de cinema naquele ano. Foi a forma de Hollywood dizer que finalmente Kazan estava perdoado.
Sindicato de Ladrões (On the Waterfront, Estados Unidos, 1954) Direção: Elia Kazan / Roteiro: Budd Schulberg, Elia Kazan, Malcolm Johnson / Elenco: Marlon Brando, Karl Malden, Rod Steiger, Lee J. Cobb, Eva Marie Saint / Sinopse: Terry Malloy (Brando) é um boxeador fracassado que entrega lutas para que a máfia fature no mundo das apostas esportivas. Após um crime ele começa a ter crises de consciência. Filme vencedor do Oscar nas categorias de Melhor Filme, Melhor Ator (Marlon Brando), Melhor Atriz Coadjuvante (Eva Marie Saint), Melhor Direção (Elia Kazan), Melhor Roteiro, Melhor Direção de Fotografia (Boris Kaufman), Melhor Direção de Arte (Richard Day) e Melhor Edição (Gene Milford). Também vencedor do Globo de Ouro nas categorias de Melhor Filme, Melhor Ator (Marlon Brando), Melhor Direção e Melhor direção de fotografia.
Pablo Aluísio.
Para Marlon Brando esse filme era o retrato de todos os fracassados da América. Todos os derrotados pelo sistema. Aquelas pessoas que não conseguiam o sucesso, a fama e a fortuna. Ele interpretava um boxeador com uma carreira cheia de fracassos que entregava as lutas para que a máfia ganhasse dinheiro fácil no mundo das apostas esportivas. Algum tempo depois essa mesma quadrilha acabava cometendo um crime, colocando um peso a mais na consciência do personagem de Brando. Era aqui que Kazan tentava justificar seus atos no passado, tentando criar uma justificativa baseada em grandes valores para todos aqueles que entregavam seus antigos comparsas ou como no caso dele, dos antigos companheiros de causa.
O filme traz um retrato cru e realista. As cenas foram rodadas nas ruas e nas docas, no meio de pessoas comuns, sem excessos de produção e nem nada do tipo. Marlon Brando, com seu jeito da classe trabalhadora, simplesmente atuava ao lado das pessoas do dia a dia, sempre procurando pelo realismo. Seu talento lhe valeu o primeiro Oscar de sua carreira. Curiosamente Brando compareceu à cerimônia onde recebeu a estatueta de uma linda Grace Kelly. Depois tirou fotos e seguiu todo o protocolo da Academia. Algo que iria renegar anos depois quando seria premiado por "O Poderoso Chefão", ao recusar a premiação. No caso do Oscar vencido por "Sindicato de Ladrões" ele decidiu dar a estatueta para um amigo. Era uma forma dele demonstrar que não dava valor ao Oscar e nem à Academia. Também era uma maneira rebelde de se dissociar da futilidade de uma Hollywood que em sua opinião era vazia e sem sentido. De uma forma ou outra o filme foi aclamado por público e crítica, vencendo os principais prêmios de cinema naquele ano. Foi a forma de Hollywood dizer que finalmente Kazan estava perdoado.
Pablo Aluísio.
domingo, 20 de outubro de 2019
No Calor da Noite
Vencedor de cinco Oscars (entre eles o de melhor filme e ator para Rod Steiger) e três Globos de Ouro, o extraordinário "No Calor da Noite" (1967), que foi produzido com base na obra homônima de John Ball, conta a incrível história do detetive negro Virgil Tibbs (Sidney Poitier) integrante do Departamento de Homicídios da Philadelphia que ao chegar à pequena cidade de Sparta no estado do Mississipi para visitar sua mãe é preso sob a acusação de assassinato de um empresário que fora encontrado morto no mesmo dia em que ele havia chegado à cidade. A partir daí a vida do detetive vira um pequeno inferno, já que Tibbs, além de ser detido, fica sob a desconfiança do xerife racista Bill Gillespie (Rod Steiger) e seu braço direito e também racista, o oficial Sam Wood (Warren Oates) um sujeito de personalidade fraca e caráter duvidoso.
O diretor Norman Jewison não só transforma o "tour de force" entre Tibbs e Gillespie no eixo central do filme como também surpreende ao não abordar apenas o crime que vitimou o empresário. Na verdade ele cria duas vertentes dentro da mesma obra sem deixar porém que o roteiro fique descaracterizado. A primeira (e principal) diz respeito ao crime propriamente dito e a busca pelo culpado. E a segunda aborda a situação humilhante do racismo pela qual o detetive experimenta, já que é negro e encontra-se numa cidadezinha americana do sul. Jewison aproveitou um jóia de roteiro que tinha em mãos e assinado por Stirling Siliphant para utilizá-lo como um poderoso libelo diante de uma onda racista avassaladora que varria o sul dos Estados Unidos na década de 60. Destaque para os excepcionais Rod Steiger (Oscar de melhor ator) em uma de suas maiores interpretações na carreira e Sidney Poitier sempre excelente e carismático. Destaque também para a trilha sonora toda revestida pelo Blues, além das belas paisagens do estado do Mississippi. Nota 10
No Calor da Noite (In the Heat of the Night, EUA, 1967) Direção: Norman Jewison / Roteiro: Stirling Silliphant baseado na novela de John Ball / Elenco: Sidney Poitier, Rod Steiger, Warren Oates / Sinopse: Detetive negro (Sidney Poitier) é acusado de assassinato numa pequena cidade dp Mississipi. Após ser preso fica sob a custódia de dois policiiais racistas que transformarm sua vida em um inferno.
Telmo Vilela Jr.
O diretor Norman Jewison não só transforma o "tour de force" entre Tibbs e Gillespie no eixo central do filme como também surpreende ao não abordar apenas o crime que vitimou o empresário. Na verdade ele cria duas vertentes dentro da mesma obra sem deixar porém que o roteiro fique descaracterizado. A primeira (e principal) diz respeito ao crime propriamente dito e a busca pelo culpado. E a segunda aborda a situação humilhante do racismo pela qual o detetive experimenta, já que é negro e encontra-se numa cidadezinha americana do sul. Jewison aproveitou um jóia de roteiro que tinha em mãos e assinado por Stirling Siliphant para utilizá-lo como um poderoso libelo diante de uma onda racista avassaladora que varria o sul dos Estados Unidos na década de 60. Destaque para os excepcionais Rod Steiger (Oscar de melhor ator) em uma de suas maiores interpretações na carreira e Sidney Poitier sempre excelente e carismático. Destaque também para a trilha sonora toda revestida pelo Blues, além das belas paisagens do estado do Mississippi. Nota 10
No Calor da Noite (In the Heat of the Night, EUA, 1967) Direção: Norman Jewison / Roteiro: Stirling Silliphant baseado na novela de John Ball / Elenco: Sidney Poitier, Rod Steiger, Warren Oates / Sinopse: Detetive negro (Sidney Poitier) é acusado de assassinato numa pequena cidade dp Mississipi. Após ser preso fica sob a custódia de dois policiiais racistas que transformarm sua vida em um inferno.
Telmo Vilela Jr.
sábado, 20 de abril de 2019
Doutor Jivago
Na Rússia czarista às vésperas da Revolução Comunista um jovem médico recém formado e poeta, Yuri Jivago (Omar Sharif), começa a entender as terríveis mudanças pelas quais a sociedade de seu país está prestes a passar. Naquele ambiente de revolta duas classes sociais estão vivendo um choque violento de ideologias. A nobreza e a alta burguesia preenchem seu tempo em festas e salões luxuosos enquanto a classe trabalhadora clama por justiça e direitos. Enquanto isso Lara (Julie Christie), uma linda garota de apenas 17 anos, começa a se tornar o objeto de desejo de um burocrata do sistema, o infame Komarovsky (Rod Steiger), mal sabendo ela que no futuro o seu destino e o do jovem Jivago se encontrarão, dando origem a um romance que tentará sobreviver a implantação de um dos regimes políticos mais brutais da história do século XX. Assim começa o grande clássico do cinema "Doutor Jivago", uma das maiores obras primas do cineasta David Lean. Com roteiro baseado no best-seller de Boris Pasternak o filme trouxe para as telas o trágico e comovente amor entre Jivago e sua eterna musa Lara. Com reconstituição histórica simplesmente perfeita e brilhante domínio técnico, o mestre David Lean deu à sétima arte mais um marco de sua carreira.
Um dos grandes méritos do texto de "Doutor Jivago" é que ele procura captar as terríveis mudanças nas vidas das pessoas comuns quando houve aquela grande ruptura dentro da sociedade russa. O que era para ser um novo regime, baseado na liberdade e distribuição de riquezas logo se tornou tão brutal e infame quanto o próprio sistema czarista que derrubou. Usando de força militar o governo dito comunista destruiu direitos individuais, violou inúmeras vezes os direitos humanos e impôs sua visão de Estado máximo com uma brutalidade poucas vezes vista na história da humanidade. Ao mostrar um jovem médico tentando sobreviver ao lado de sua família no meio daquele caos revolucionário a mensagem de Boris Pasternak se mostra cristalina. Nenhum sistema sobrevive sem respeitar o ser humano como tal. Como exposto várias vezes no filme, a ideologia comunista não admitia mais qualquer traço de individualidade, onde o homem se tornava apenas instrumento estatal sem qualquer vontade própria. Assim o personagem Jivago é tirado de sua família, de forma forçada e arbitrária, para seguir com os fanáticos partidários vermelhos ao front, onde homens morriam ao relento, no gelo do inverno russo, em combates sem sentidos ou objetivos contra o chamado exército branco.
Como havia feito em "Lawrence da Arábia" o genial David Lean usa a natureza indomável da Rússia como componente de narração criando um efeito de raro brilhantismo. Os personagens tentam de todas as formas sobreviver naquela ambiente hostil mas acabam percebendo que são apenas peças menores de um jogo de xadrez do qual não conseguem escapar. Há várias cenas grandiosas em "Dr. Jivago" que retratam justamente isso, como por exemplo, a fuga da família de Jivago rumo aos montes Urais em um trem lotado de refugiados sem quaisquer condições mínimas de assegurar a dignidade humana daquelas pessoas. A fotografia maravilhosa da região que Lean disponibiliza ao espectador realmente é de encher os olhos. Outro destaque é a forma muito terna e ao mesmo tempo realista que o diretor explora o amor impossível entre Jivago e Lara. Essa aliás é quase sempre associada a lindos campos de girassóis amarelos, onde fica clara mais uma vez o uso da beleza da natureza como componente de narração do genial Lean. A cena final de Lara, caminhando solitária rumo ao desconhecido, com um enorme e opressivo poster do ditador sanguinário Stálin ao fundo também é outro exemplo do talento do diretor em dizer muito apenas com imagens marcantes. Ali ele simboliza toda a insignificância da pessoa humana frente ao onipresente e sufocante Estado Soviético. Um toque de gênio. "Doutor Jivago" é uma obra magnífica digna de todos os elogios. Em pouco mais de três horas e meia David Lean consegue levar seu espectador para o centro da revolução comunista, mostrando todos os dramas e pesadelos pelos quais o povo russo passou naquele período histórico. Época aliás que os russos sabiamente querem mesmo é esquecer e com toda a razão do mundo.
Doutor Jivago (Doctor Zhivago, EUA, Itália, Espanha, 1965) Direção: David Lean / Roteiro: Robert Bolt, baseado na obra de Boris Pasternak / Elenco: Omar Sharif, Julie Christie, Geraldine Chaplin, Rod Steiger, Alec Guinness, Tom Courtenay, Siobhan McKenna, Ralph Richardson / Sinopse: O filme narra os dramas de um jovem casal que tanta levar em frente seu amor em meio ao caos da Revolução Russa. Vencedor do Oscar nas categorias de Melhor Roteiro Adaptado, Melhor Direção de Arte, Melhor Fotografia, Melhor Figurino e Melhor Trilha Sonora. Indicado nas categorias de Melhor Filme, Melhor Diretor, Melhor Ator Coadjuvante (Tom Courtenay), Melhor Edição e Melhor Som. Vencedor do Globo de Ouro nas categorias de Melhor Filme - Drama, Melhor Diretor (David Lean), Melhor Ator - Drama (Omar Sharif), Melhor Roteiro e Melhor Trilha Sonora. Vencedor do Grammy de Melhor Trilha Sonora. Indicado a Palma de Ouro em Cannes.
Pablo Aluísio.
Um dos grandes méritos do texto de "Doutor Jivago" é que ele procura captar as terríveis mudanças nas vidas das pessoas comuns quando houve aquela grande ruptura dentro da sociedade russa. O que era para ser um novo regime, baseado na liberdade e distribuição de riquezas logo se tornou tão brutal e infame quanto o próprio sistema czarista que derrubou. Usando de força militar o governo dito comunista destruiu direitos individuais, violou inúmeras vezes os direitos humanos e impôs sua visão de Estado máximo com uma brutalidade poucas vezes vista na história da humanidade. Ao mostrar um jovem médico tentando sobreviver ao lado de sua família no meio daquele caos revolucionário a mensagem de Boris Pasternak se mostra cristalina. Nenhum sistema sobrevive sem respeitar o ser humano como tal. Como exposto várias vezes no filme, a ideologia comunista não admitia mais qualquer traço de individualidade, onde o homem se tornava apenas instrumento estatal sem qualquer vontade própria. Assim o personagem Jivago é tirado de sua família, de forma forçada e arbitrária, para seguir com os fanáticos partidários vermelhos ao front, onde homens morriam ao relento, no gelo do inverno russo, em combates sem sentidos ou objetivos contra o chamado exército branco.
Doutor Jivago (Doctor Zhivago, EUA, Itália, Espanha, 1965) Direção: David Lean / Roteiro: Robert Bolt, baseado na obra de Boris Pasternak / Elenco: Omar Sharif, Julie Christie, Geraldine Chaplin, Rod Steiger, Alec Guinness, Tom Courtenay, Siobhan McKenna, Ralph Richardson / Sinopse: O filme narra os dramas de um jovem casal que tanta levar em frente seu amor em meio ao caos da Revolução Russa. Vencedor do Oscar nas categorias de Melhor Roteiro Adaptado, Melhor Direção de Arte, Melhor Fotografia, Melhor Figurino e Melhor Trilha Sonora. Indicado nas categorias de Melhor Filme, Melhor Diretor, Melhor Ator Coadjuvante (Tom Courtenay), Melhor Edição e Melhor Som. Vencedor do Globo de Ouro nas categorias de Melhor Filme - Drama, Melhor Diretor (David Lean), Melhor Ator - Drama (Omar Sharif), Melhor Roteiro e Melhor Trilha Sonora. Vencedor do Grammy de Melhor Trilha Sonora. Indicado a Palma de Ouro em Cannes.
Pablo Aluísio.
sexta-feira, 16 de março de 2018
Quando Explode a Vingança
Título no Brasil: Quando Explode a Vingança
Título Original: Giù la testa
Ano de Produção: 1971
País: Estados Unidos
Estúdio: Euro International Film (EIA)
Direção: Sergio Leone
Roteiro: Sergio Leone, Sergio Donati
Elenco: Rod Steiger, James Coburn, Romolo Valli, Maria Monti, Franco Graziosi, Antoine Saint-John
Sinopse:
No México, na época da Revolução, Juan Miranda (Rod Steiger), o líder de uma família de bandidos, conhece John Mallory (James Coburn), um especialista em explosivos do IRA que fugiu dos britânicos. Vendo a habilidade de John com explosivos, Juan decide convencê-lo a se juntar aos bandidos em um plano ousado. John, entretanto, faz contato com outros interessados em seus "serviços", pretendendo usar sua dinamite apenas a quem pagar mais.
Comentários:
Rod Steiger fazendo western spaghetti? Pois é, nos anos 60 e 70 isso não foi incomum. Muitos atores americanos foram para a Europa para aproveitar o momento do cinema italiano que estava no auge do sucesso comercial. Nada mal faturar um dinheiro fácil. No caso desse filme havia ainda um outro atrativo de peso, a presença do grande diretor Sergio Leone. Esse cineasta tinha muito prestígio, inclusive nos Estados Unidos, graças a grande qualidade de seus faroestes italianos. O resultado aqui não é tão bom como de seus clássicos, suas obras primas ao lado de Clint Eastwood, mas não pense que se trata de um filme fraco, nada disso. Há ótimos momentos, todos seguindo na linha do estilo do spaghetti, com toda aquela violência estilizada e trilha sonora forte marcando cada cena, cada momento de tensão. Há também uma boa dose de humor que contribuiu ainda mais para seu sucesso de bilheteria nos cinemas da época.
Pablo Aluísio.
Título Original: Giù la testa
Ano de Produção: 1971
País: Estados Unidos
Estúdio: Euro International Film (EIA)
Direção: Sergio Leone
Roteiro: Sergio Leone, Sergio Donati
Elenco: Rod Steiger, James Coburn, Romolo Valli, Maria Monti, Franco Graziosi, Antoine Saint-John
Sinopse:
No México, na época da Revolução, Juan Miranda (Rod Steiger), o líder de uma família de bandidos, conhece John Mallory (James Coburn), um especialista em explosivos do IRA que fugiu dos britânicos. Vendo a habilidade de John com explosivos, Juan decide convencê-lo a se juntar aos bandidos em um plano ousado. John, entretanto, faz contato com outros interessados em seus "serviços", pretendendo usar sua dinamite apenas a quem pagar mais.
Comentários:
Rod Steiger fazendo western spaghetti? Pois é, nos anos 60 e 70 isso não foi incomum. Muitos atores americanos foram para a Europa para aproveitar o momento do cinema italiano que estava no auge do sucesso comercial. Nada mal faturar um dinheiro fácil. No caso desse filme havia ainda um outro atrativo de peso, a presença do grande diretor Sergio Leone. Esse cineasta tinha muito prestígio, inclusive nos Estados Unidos, graças a grande qualidade de seus faroestes italianos. O resultado aqui não é tão bom como de seus clássicos, suas obras primas ao lado de Clint Eastwood, mas não pense que se trata de um filme fraco, nada disso. Há ótimos momentos, todos seguindo na linha do estilo do spaghetti, com toda aquela violência estilizada e trilha sonora forte marcando cada cena, cada momento de tensão. Há também uma boa dose de humor que contribuiu ainda mais para seu sucesso de bilheteria nos cinemas da época.
Pablo Aluísio.
segunda-feira, 21 de abril de 2014
Hurricane - O Furacão
Título no Brasil: Hurricane - O Furacão
Título Original: The Hurricane
Ano de Produção: 1999
País: Estados Unidos
Estúdio: Universal Pictures
Direção: Norman Jewison
Roteiro: Sam Chaiton
Elenco: Denzel Washington, Rod Steiger, Vicellous Reon Shannon, Deborah Kara Unger
Sinopse:
Rubin Carter (Denzel Washington) é um jovem negro americano que sonha em se tornar um campeão do boxe em seu país. Quando as coisas começam a dar certo em sua carreira ele é injustamente acusado pela morte de homens brancos em sua cidade natal. Levado a julgamento é condenado a uma dura e cruel pena de prisão. Baseado em fatos reais, com roteiro escrito a partir das memórias de Carter. Indicado ao Oscar de Melhor Ator (Denzel Washington). Vencedor do Globo de Ouro na categoria Melhor Ator (Denzel Washington) e indicado a Melhor Direção (Norman Jewison).
Comentários:
Ontem comentei aqui sobre o filme "Em Nome do Pai", uma produção baseada em fatos reais que contava a história de um homem que ficou por longos anos encarcerado sem ter qualquer culpa nos crimes que lhe imputavam. Pois bem, por uma dessas coincidências do destino ontem faleceu Rubin "Hurricane" Carter, outro personagem que sofreu na pele a injustiça de ser acusado e condenado por um crime que não cometeu. No caso de Carter a situação foi ainda pior pois há como um ingrediente fundamental em sua condenação o racismo, tão forte e presente ainda nos dias de hoje nos Estados Unidos, apesar de todos os esforços para mudar a mentalidade de certos setores daquela sociedade. Esse é um daqueles roteiros viscerais que todo grande ator sonha um dia cair em seu colo. Para Denzel Washington foi uma graça receber o convite para interpretar Hurricane. Afinal sua vida, repleta de momentos dramáticos e terríveis, era de fato um prato cheio para abocanhar uma grande quantidade de prêmios. De fato Denzel incorpora de forma brilhante o personagem, mudando seu modo de ser e até mesmo seu visual - ele fez um tratamento especial para mudar a textura de seu próprio cabelo. Obviamente a crítica se derreteu em elogios e Denzel foi merecidamente premiado no Globo de Ouro, chegando no Oscar como franco favorito ao prêmio mas... por uma dessas ironias dos deuses do cinema ele não conseguiu vencer! Bom, se o argumento de "Hurricane - O Furacão" era sobre injustiça então o fato de não ter levado seu Oscar acabou sendo mais do que conveniente à história que contava. A vida imitando a arte! De uma forma ou outra não deixe de assistir esse drama maravilhoso que mostra como pode ser cruel os mecanismos e meandros do sistema judiciário quando se perde os mais preciosos valores em seus julgamentos.
Pablo Aluísio.
Título Original: The Hurricane
Ano de Produção: 1999
País: Estados Unidos
Estúdio: Universal Pictures
Direção: Norman Jewison
Roteiro: Sam Chaiton
Elenco: Denzel Washington, Rod Steiger, Vicellous Reon Shannon, Deborah Kara Unger
Sinopse:
Rubin Carter (Denzel Washington) é um jovem negro americano que sonha em se tornar um campeão do boxe em seu país. Quando as coisas começam a dar certo em sua carreira ele é injustamente acusado pela morte de homens brancos em sua cidade natal. Levado a julgamento é condenado a uma dura e cruel pena de prisão. Baseado em fatos reais, com roteiro escrito a partir das memórias de Carter. Indicado ao Oscar de Melhor Ator (Denzel Washington). Vencedor do Globo de Ouro na categoria Melhor Ator (Denzel Washington) e indicado a Melhor Direção (Norman Jewison).
Comentários:
Ontem comentei aqui sobre o filme "Em Nome do Pai", uma produção baseada em fatos reais que contava a história de um homem que ficou por longos anos encarcerado sem ter qualquer culpa nos crimes que lhe imputavam. Pois bem, por uma dessas coincidências do destino ontem faleceu Rubin "Hurricane" Carter, outro personagem que sofreu na pele a injustiça de ser acusado e condenado por um crime que não cometeu. No caso de Carter a situação foi ainda pior pois há como um ingrediente fundamental em sua condenação o racismo, tão forte e presente ainda nos dias de hoje nos Estados Unidos, apesar de todos os esforços para mudar a mentalidade de certos setores daquela sociedade. Esse é um daqueles roteiros viscerais que todo grande ator sonha um dia cair em seu colo. Para Denzel Washington foi uma graça receber o convite para interpretar Hurricane. Afinal sua vida, repleta de momentos dramáticos e terríveis, era de fato um prato cheio para abocanhar uma grande quantidade de prêmios. De fato Denzel incorpora de forma brilhante o personagem, mudando seu modo de ser e até mesmo seu visual - ele fez um tratamento especial para mudar a textura de seu próprio cabelo. Obviamente a crítica se derreteu em elogios e Denzel foi merecidamente premiado no Globo de Ouro, chegando no Oscar como franco favorito ao prêmio mas... por uma dessas ironias dos deuses do cinema ele não conseguiu vencer! Bom, se o argumento de "Hurricane - O Furacão" era sobre injustiça então o fato de não ter levado seu Oscar acabou sendo mais do que conveniente à história que contava. A vida imitando a arte! De uma forma ou outra não deixe de assistir esse drama maravilhoso que mostra como pode ser cruel os mecanismos e meandros do sistema judiciário quando se perde os mais preciosos valores em seus julgamentos.
Pablo Aluísio.
quinta-feira, 10 de abril de 2014
Marte Ataca!
Título no Brasil: Marte Ataca!
Título Original: Mars Attacks!
Ano de Produção: 1996
País: Estados Unidos
Estúdio: Warner Bros
Direção: Tim Burton
Roteiro: Len Brown, Woody Gelman
Elenco: Jack Nicholson, Pierce Brosnan, Sarah Jessica Parker, Glenn Close, Annette Bening, Danny DeVito, Martin Short, Michael J. Fox, Rod Steiger, Natalie Portman
Sinopse:
É um dia normal para todos, até que o presidente dos Estados Unidos anuncia que marcianos foram vistos circulando a Terra. O país se prepara então para receber os marcianos da melhor forma possível e um encontro é organizado, mas nem tudo sai como planejado, pois os visitantes parecem ter outros planos para a Terra. Eles são apenas seres mal interpretados em suas intenções ou será que eles realmente querem destruir toda a humanidade?
Comentários:
Outra bizarrice assinada por Tim Burton. Curiosamente nunca consegui gostar desse filme. Também pudera, é um produto muito específico, baseado em uma série de figurinhas dos anos 50 que contava a história da invasão da Terra por marcianos (velho conceito que apesar dos anos continua tão presente em nossa cultura pop). Bom, costumam dizer que um dos problemas de filmes baseados em histórias em quadrinhos é a dificuldade dos roteiristas em criar bons roteiros, até porque o material original provém de outro tipo de linguagem, bem mais simples do que o cinema. Agora imagine construir todo um filme em cima de meras figurinhas de álbum! Coisa de louco não é mesmo? Tim Burton tinha uma ligação sentimental com essas figurinhas pois as colecionou quando era um garoto. Ok, tudo bem você ter uma nostalgia dessas, algo até poético, mas adaptar todo um filme em cima disso?! Me soa meio exagerado e fora de propósito. O mais curioso é ver quanta gente de alto nível resolveu aderir ao projeto. Atores conceituados como Jack Nicholson entraram na brincadeira, só para mostrar a força do cacife que Burton tinha na época - fruto, é claro, do enorme sucesso comercial de "Batman". O resultado é bem irregular. Tecnicamente é um show, com efeitos de encher os olhos mas como cinema em si o que se vê é algo bem decepcionante. Nem as piadas funcionam e nem o clima de trash forçado dá certo. Uma bobagem sem tamanho criada para satisfazer única e exclusivamente o ego de Burton, que pelo visto não tem limites.
Pablo Aluísio.
Título Original: Mars Attacks!
Ano de Produção: 1996
País: Estados Unidos
Estúdio: Warner Bros
Direção: Tim Burton
Roteiro: Len Brown, Woody Gelman
Elenco: Jack Nicholson, Pierce Brosnan, Sarah Jessica Parker, Glenn Close, Annette Bening, Danny DeVito, Martin Short, Michael J. Fox, Rod Steiger, Natalie Portman
Sinopse:
É um dia normal para todos, até que o presidente dos Estados Unidos anuncia que marcianos foram vistos circulando a Terra. O país se prepara então para receber os marcianos da melhor forma possível e um encontro é organizado, mas nem tudo sai como planejado, pois os visitantes parecem ter outros planos para a Terra. Eles são apenas seres mal interpretados em suas intenções ou será que eles realmente querem destruir toda a humanidade?
Comentários:
Outra bizarrice assinada por Tim Burton. Curiosamente nunca consegui gostar desse filme. Também pudera, é um produto muito específico, baseado em uma série de figurinhas dos anos 50 que contava a história da invasão da Terra por marcianos (velho conceito que apesar dos anos continua tão presente em nossa cultura pop). Bom, costumam dizer que um dos problemas de filmes baseados em histórias em quadrinhos é a dificuldade dos roteiristas em criar bons roteiros, até porque o material original provém de outro tipo de linguagem, bem mais simples do que o cinema. Agora imagine construir todo um filme em cima de meras figurinhas de álbum! Coisa de louco não é mesmo? Tim Burton tinha uma ligação sentimental com essas figurinhas pois as colecionou quando era um garoto. Ok, tudo bem você ter uma nostalgia dessas, algo até poético, mas adaptar todo um filme em cima disso?! Me soa meio exagerado e fora de propósito. O mais curioso é ver quanta gente de alto nível resolveu aderir ao projeto. Atores conceituados como Jack Nicholson entraram na brincadeira, só para mostrar a força do cacife que Burton tinha na época - fruto, é claro, do enorme sucesso comercial de "Batman". O resultado é bem irregular. Tecnicamente é um show, com efeitos de encher os olhos mas como cinema em si o que se vê é algo bem decepcionante. Nem as piadas funcionam e nem o clima de trash forçado dá certo. Uma bobagem sem tamanho criada para satisfazer única e exclusivamente o ego de Burton, que pelo visto não tem limites.
Pablo Aluísio.
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quinta-feira, 6 de junho de 2013
O Especialista
A idéia era boa, reunir Sylvester Stallone e Sharon Stone em um filme de ação que não deixasse também a sensualidade de lado. Stallone estava desesperado por um grande sucesso de bilheteria afinal causar impacto nos cinemas com seus filmes já não era algo tão fácil como nos anos 80. Alguns projetos equivocados, outros mal sucedidos, acabaram nublando o status de grande astro do ator. Infelizmente o roteiro não trazia grandes novidades. Aqui o ator interpretava o personagem Ray Quick, um ex-perito em explosivos da agência de inteligência americana. Após uma operação mal sucedida ele resolvera abandonar tudo, se aposentando precocemente nas areias das praias de Miami. Sua vida sossegada chega ao fim quando May Munro (Sharon Stone) vem lhe pedir ajuda numa missão de captura e vingança contra uma poderosa família do crime organizado comandada por Joe Leon (Rod Steiger) e seu filho Tomas (Eric Roberts).
Eles tinham sido responsáveis pela morte dos pais de May e ela agora sente que tem a oportunidade ideal para saciar sua sede de justiça. Outro personagem interessante na trama é Ned Trent (James Woods), também egresso das fileiras da CIA (onde trabalhou ao lado do personagem de Stallone) mas que agora se tornou membro da quadrilha da poderosa máfia local. “O Especialista” desperdiça bons atores como James Woods e Rod Steiger em papéis convencionais demais. A direção é burocrática, jamais ousando, nunca saindo do feijão com arroz dos filmes de ação da época, tudo obviamente seguindo a fórmula dos action movies da década de 80 por causa da presença de Stallone, o que de certa forma prejudicou o resultado. No final o interesse é todo desviado para o casal Stallone / Stone. Eles fazem tudo para elevar o nível de sensualidade do enredo mas o resultado se mostra bem morno. Sharon Stone estava lindíssima mas seu trabalho como atriz nesse filme é abaixo da média. Hoje em dia vale como curiosidade muito embora tenha envelhecido bastante em sua proposta.
O Especialista (The Specialist, Estados Unidos, 1994) Direção: Luis Llosa / Roteiro: John Shirley, Alexandra Seros / Elenco: Sylvester Stallone, Sharon Stone, James Woods, Rod Steiger, Eric Roberts / Sinopse: May Munro (Sharon Stone) tenta se vingar da morte de seus pais e para isso conta com a ajuda de um especialista em explosivos que havia trabalhado para a CIA, Ray Quick (Sylvester Stallone).
Pablo Aluísio.
Eles tinham sido responsáveis pela morte dos pais de May e ela agora sente que tem a oportunidade ideal para saciar sua sede de justiça. Outro personagem interessante na trama é Ned Trent (James Woods), também egresso das fileiras da CIA (onde trabalhou ao lado do personagem de Stallone) mas que agora se tornou membro da quadrilha da poderosa máfia local. “O Especialista” desperdiça bons atores como James Woods e Rod Steiger em papéis convencionais demais. A direção é burocrática, jamais ousando, nunca saindo do feijão com arroz dos filmes de ação da época, tudo obviamente seguindo a fórmula dos action movies da década de 80 por causa da presença de Stallone, o que de certa forma prejudicou o resultado. No final o interesse é todo desviado para o casal Stallone / Stone. Eles fazem tudo para elevar o nível de sensualidade do enredo mas o resultado se mostra bem morno. Sharon Stone estava lindíssima mas seu trabalho como atriz nesse filme é abaixo da média. Hoje em dia vale como curiosidade muito embora tenha envelhecido bastante em sua proposta.
O Especialista (The Specialist, Estados Unidos, 1994) Direção: Luis Llosa / Roteiro: John Shirley, Alexandra Seros / Elenco: Sylvester Stallone, Sharon Stone, James Woods, Rod Steiger, Eric Roberts / Sinopse: May Munro (Sharon Stone) tenta se vingar da morte de seus pais e para isso conta com a ajuda de um especialista em explosivos que havia trabalhado para a CIA, Ray Quick (Sylvester Stallone).
Pablo Aluísio.
segunda-feira, 29 de outubro de 2007
Terror em Amityville
Roteiro e Argumento: O roteiro do filme segue o livro no qual foi baseado. Esse livro foi escrito pela primeira família que foi morar na casa após o massacre ocorrido lá. Como se sabe sem motivo aparente Ronald "Butch" Júnior matou toda sua família a tiros de espingarda. Depois desse crime horrível a casa ganhou fama de ser mal assombrada. Os primeiros moradores a comprarem a casa foram os Lutz, que relataram vários acontecimentos estranhos quando se mudaram para lá. Claro que o filme carrega nas tintas mas de maneira em geral o roteiro consegue ser menos sensacionalista do que era de se esperar.
Produção: O filme investe bastante naquele que parece ser o principal personagem aqui: a própria casa. Assim usando jogos de luzes e sombras a produção tenta criar toda uma atmosfera pesada no local. Não há muitos efeitos especiais como era de se esperar numa produção da década de 70. O grande destaque no final das contas fica com a trilha sonora incidental de Lalo Schifrin. Aquele coro infantil seria copiado a exaustão nos anos seguintes e é certamente assustador. A música sozinha é responsável pela metade do clima de terror do filme. Muito boa.
Direção: Depois de uma boa parceria ao lado de atores como Paul Newman e Robert Redford o diretor Stuart Rosenberg resolveu voltar ao terror e suspense, gênero que ele trabalhou bastante quando era diretor de tv. Seu trabalho aqui pode ser definido como correto. Ele investe bastante na chamada "climatização", embora na minha opinião o filme perca parte de seu charme nas cenas finais (bem exageradas e apelativas). Teria sido bem melhor se tudo continuasse apenas na expectativa e no suspense.
Produção: O filme investe bastante naquele que parece ser o principal personagem aqui: a própria casa. Assim usando jogos de luzes e sombras a produção tenta criar toda uma atmosfera pesada no local. Não há muitos efeitos especiais como era de se esperar numa produção da década de 70. O grande destaque no final das contas fica com a trilha sonora incidental de Lalo Schifrin. Aquele coro infantil seria copiado a exaustão nos anos seguintes e é certamente assustador. A música sozinha é responsável pela metade do clima de terror do filme. Muito boa.
Direção: Depois de uma boa parceria ao lado de atores como Paul Newman e Robert Redford o diretor Stuart Rosenberg resolveu voltar ao terror e suspense, gênero que ele trabalhou bastante quando era diretor de tv. Seu trabalho aqui pode ser definido como correto. Ele investe bastante na chamada "climatização", embora na minha opinião o filme perca parte de seu charme nas cenas finais (bem exageradas e apelativas). Teria sido bem melhor se tudo continuasse apenas na expectativa e no suspense.
Elenco: O grande destaque vai para Rod Steiger no papel de padre Delaney. Infelizmente o personagem se mantém coadjuvante até o final. Eu esperava que ele tomasse as rédeas da situação mas isso não acontece. De qualquer forma sua interpretação ainda é a melhor coisa do filme. Margot Kidder, recém saída do sucesso de Superman aparece em cena com muitas caras e bocas mas apesar disso não compromete, já o ator James Brolin (pai do Josh Brolin) está muito bem. Com aquela estética bem anos 70 (barbudo e pouco chegado num banho) o ator consegue criar uma boa atmosfera em torno do seu personagem.
Terror em Amityville (The Amityville Horror, Estados Unidos, 1979) Direção Stuart Rosenberg / Roteiro Sandor Stern / Elenco: James Brolin, Brad Davis, Margot Kidder, Rod Steiger, Don Stroud e Murray Hamilton / Sinopse: Família se muda para uma casa onde ocorreu um terrível crime em que o filho matou seus pais e seus irmãos a tiros. Após alguns dias na nova moradia eles começam a perceber a presença de estranhos eventos no local.
Pablo Aluísio.
Terror em Amityville (The Amityville Horror, Estados Unidos, 1979) Direção Stuart Rosenberg / Roteiro Sandor Stern / Elenco: James Brolin, Brad Davis, Margot Kidder, Rod Steiger, Don Stroud e Murray Hamilton / Sinopse: Família se muda para uma casa onde ocorreu um terrível crime em que o filho matou seus pais e seus irmãos a tiros. Após alguns dias na nova moradia eles começam a perceber a presença de estranhos eventos no local.
Pablo Aluísio.
sábado, 17 de fevereiro de 2007
A Trágica Farsa
Foi o último filme da carreira do ator Humphrey Bogart. O interessante aqui é que em seu último papel, Bogart interpretava um sujeito que após várias táticas desonestas se arrependia e procurava por redenção – algo um tanto quanto distante de todos os seus famosos papéis de personagens cínicos do passado, que viraram sua marca registrada ao longo da carreira. Afinal essa coisa de redenção pessoal era para os fracos, pelo menos do ponto de vista de sua vasta galeria de personagens interpretados ao longo de décadas de carreira em Hollywood. Não é desnecessário relembrar que nos primeiros filmes Bogart geralmente interpretava gângsters da pesada, sujeitos forjados na criminalidade, sem essa de remorso ou culpa. Eram caras durões, acima de tudo.
Em “A Trágica Farsa” Bogart interpreta o jornalista esportivo Eddie Willis que após 17 anos trabalhando em jornais da cidade se vê subitamente desempregado. Tentando sobreviver, ele procura contato dentro do mundo dos esportes e acaba se envolvendo com o promotor de lutas de boxe Nick Benko (Rod Steiger). Inicialmente Benko escala Willis como relações públicas de um jovem boxeador chamado Toro Moreno (Mike Leno) mas esse não confirma seu potencial. Visando recuperar seu dinheiro investido Benko propõe a Willis uma parceria em uma série de lutas forjadas com o único objetivo de enganar e ganhar o dinheiro de apostadores desavisados. Além de ganhar dinheiro das apostas a dupla pretende trilhar o caminho do pouco talentoso boxeador para uma luta com o atual campeão de pesos pesados em Nova Iorque o que lhes trará uma soma considerável, uma verdadeira fortuna.
O roteiro de “A Trágica Farsa” é muito bem desenvolvido e mostra sem paliativos o podre universo das lutas arranjadas dentro da liga de boxe dos Estados Unidos durante a década de 1950. No começo de tudo o personagem de Bogart se sente completamente à vontade enganando e tapeando os apostadores de lutas por onde passa, mas após a morte de um lutador ele começa a se arrepender do que está fazendo. E é justamente nesse período de crise de consciência que o filme cresce e Bogart mostra todo o seu talento. Em seu último papel o ator Humphrey Bogart explora bem sua própria decadência fisica em prol de seu papel. Ele encaminha-se para o lado do crime por não ter mais nenhum outro caminho a seguir. Velho e aparentemente ultrapassado, ele é logo jogado de lado pelo mercado de trabalho, o que de certa forma justifica seus atos ao longo do filme (embora não totalmente). ]
Foi certamente um típico caso onde a vida imitava a arte. Tão vulnerável estava Bogart durante as filmagens que o estúdio lhe pediu que voltasse para “dublar” certas passagens do filme pois sua voz estava inaudível (por pura falta de energia ao dizer suas falas). A fotografia em preto e branco e o fato da estória ser baseada na vida do promotor Harold Conrad ajudam ainda mais em seu resultado final. O filme foi lançado no Festival de Cannes de 1956 e dividiu opiniões. Para o New York Times o filme era "uma história brutal e desagradável, com toques de melancolia". De uma maneira ou outra fica a recomendação desse “A Trágica Farsa”, o último filme de um dos maiores mitos da história da sétima arte, Humphrey Bogart.
A Trágica Farsa (The Harder They Fall, Estados Unidos, 1956) Direção: Mark Robson / Roteiro: Philip Yordan baseado no livro de Budd Schulberg / Elenco: Humphrey Bogart, Rod Steiger, Jan Sterling / Sinopse: Jornalista desempregado (Humphrey Bogart) resolve entrar no submundo das lutas forjadas no mundo do boxe Americano da década de 1950. Filme indicado ao Oscar na categoria de Melhor Fotografia em Preto e Branco (Burnett Guffey). Indicado à Palma de Ouro no Cannes Film Festival.
Pablo Aluísio.
Em “A Trágica Farsa” Bogart interpreta o jornalista esportivo Eddie Willis que após 17 anos trabalhando em jornais da cidade se vê subitamente desempregado. Tentando sobreviver, ele procura contato dentro do mundo dos esportes e acaba se envolvendo com o promotor de lutas de boxe Nick Benko (Rod Steiger). Inicialmente Benko escala Willis como relações públicas de um jovem boxeador chamado Toro Moreno (Mike Leno) mas esse não confirma seu potencial. Visando recuperar seu dinheiro investido Benko propõe a Willis uma parceria em uma série de lutas forjadas com o único objetivo de enganar e ganhar o dinheiro de apostadores desavisados. Além de ganhar dinheiro das apostas a dupla pretende trilhar o caminho do pouco talentoso boxeador para uma luta com o atual campeão de pesos pesados em Nova Iorque o que lhes trará uma soma considerável, uma verdadeira fortuna.
O roteiro de “A Trágica Farsa” é muito bem desenvolvido e mostra sem paliativos o podre universo das lutas arranjadas dentro da liga de boxe dos Estados Unidos durante a década de 1950. No começo de tudo o personagem de Bogart se sente completamente à vontade enganando e tapeando os apostadores de lutas por onde passa, mas após a morte de um lutador ele começa a se arrepender do que está fazendo. E é justamente nesse período de crise de consciência que o filme cresce e Bogart mostra todo o seu talento. Em seu último papel o ator Humphrey Bogart explora bem sua própria decadência fisica em prol de seu papel. Ele encaminha-se para o lado do crime por não ter mais nenhum outro caminho a seguir. Velho e aparentemente ultrapassado, ele é logo jogado de lado pelo mercado de trabalho, o que de certa forma justifica seus atos ao longo do filme (embora não totalmente). ]
Foi certamente um típico caso onde a vida imitava a arte. Tão vulnerável estava Bogart durante as filmagens que o estúdio lhe pediu que voltasse para “dublar” certas passagens do filme pois sua voz estava inaudível (por pura falta de energia ao dizer suas falas). A fotografia em preto e branco e o fato da estória ser baseada na vida do promotor Harold Conrad ajudam ainda mais em seu resultado final. O filme foi lançado no Festival de Cannes de 1956 e dividiu opiniões. Para o New York Times o filme era "uma história brutal e desagradável, com toques de melancolia". De uma maneira ou outra fica a recomendação desse “A Trágica Farsa”, o último filme de um dos maiores mitos da história da sétima arte, Humphrey Bogart.
A Trágica Farsa (The Harder They Fall, Estados Unidos, 1956) Direção: Mark Robson / Roteiro: Philip Yordan baseado no livro de Budd Schulberg / Elenco: Humphrey Bogart, Rod Steiger, Jan Sterling / Sinopse: Jornalista desempregado (Humphrey Bogart) resolve entrar no submundo das lutas forjadas no mundo do boxe Americano da década de 1950. Filme indicado ao Oscar na categoria de Melhor Fotografia em Preto e Branco (Burnett Guffey). Indicado à Palma de Ouro no Cannes Film Festival.
Pablo Aluísio.
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