sexta-feira, 22 de dezembro de 2023

Curiosidades sobre o filme Five Nights at Freddy's - O Pesadelo Sem Fim


Curiosidades sobre o filme Five Nights at Freddy's - O Pesadelo Sem Fim

1. Para criar os bonecos assustadores do filme o estúdio contratou a equipe que no passado havia trabalhado com o diretor e especialista em marionetes Jim Henson. Só que obviamente existe uma grande diferença entre esse filme de terror e aquelas produções infantis e de fantasia do Henson como Vila Sésamo e A História Sem Fim. 

2. No começo o estúdio preferia o uso de computação gráfica na produção dos bonecos, mas depois foi finalmente convencido a usar grandes robôs reais para o filme. E não foi fácil pois muitos deles apresentaram problemas técnicos durante as filmagens, atrasando o cronograma do filme como um todo. 

3. Esse terror foi um grande sucesso de bilheteria. Seu custo de produção foi de aproximadamente 20 milhões de dólares. E nas bilheterias o filme alcançou a marca dos 290 milhões de dólares! Um grande sucesso e um ótimo resultado comercial! Assim entrou na lista dos dez filmes mais lucrativos no cinema durante o ano de 2023. 

4. O filme foi uma produção em regime de sociedade entre a Universal Pictures e a companhia cinematográfica Blumhouse Productions, especializada em filmes de terror. O roteiro circulava há anos sem que nenhum estúdio bancasse sua produção. Coube a Blumhouse acreditar inicialmente nessa história. 

5. Após o sucesso do filme o presidente da Universal declarou: "O estúdio precisa urgentemente de mais filmes como esse!" Agora o estúdio planeja a produção e lançamento de mais dois filmes para compor uma trilogia inicial. Já se pensa até mesmo em um universo expandido... O que uma boa bilheteria não faz por um filme não é mesmo?...

Pablo Aluísio. 

quinta-feira, 21 de dezembro de 2023

9 1/2 Semanas de Amor 2

Título no Brasil: 9 1/2 Semanas de Amor 2
Título Original: Another 9 1/2 Weeks - Love in Paris
Ano de Lançamento: 1997
País: Estados Unidos, França, Reino Unido
Estúdio: M6 Films
Direção: Anne Goursaud
Roteiro: Elizabeth McNeill, Mick Davis
Elenco: Mickey Rourke, Agathe de La Fontaine, Angie Everhart, Steven Berkoff, Dougray Scott, Werner Schreyer

Sinopse:
John (Mickey Rourke), um turista norte-americano em Paris, acaba indo atrás de um amor de seu passado. Ele ainda tenta reviver aquele antigo sentimento, mas o coração lhe traz muitas surpresas, pois logo ele se vê atraído e apaixonado pela melhor amiga dela. Como poderá superar essa armadilha emocional?

Comentários:
Depois de um começo de carreira tão promissor, onde chegou a ser até mesmo comparado a Marlon Brando, o ator Mickey Rourke entrou em um círculo vicioso de filmes ruins que fracassaram completamente nos cinemas. Um pior do que o outro, sem reservas. Seu nome passou a ser associado a bombas cinematográficas. Em uma tentativa desesperada de emplacar algum sucesso em sua cambaleante carreira, Mickey Rourke aceitou fazer essa continuação de um de seus maiores sucessos. O projeto soava como oportunismo puro e tirando Rourke nenhum outro membro do filme original estava envolvido, todos queriam distância. Nenhum sinal de Kim Basinger ou Adrian Lyne. Como era de se esperar de um filme assim, tudo deu errado. Foi massacrado pela crítica e um tremendo fracasso de bilheteria. Mesmo que a produção procurasse ser de bom gosto, com finas locações em Paris, nada conseguiu salvá-lo do desastre completo. Rourke continuava sem sorte e com o nome associado a filmes que não conseguiam fazer nenhum sucesso nos cinemas.

Pablo Aluísio.

Jovens Bruxas

Título no Brasil: Jovens Bruxas
Título Original: The Craft
Ano de Lançamento: 1996
País: Estados Unidos
Estúdio: Columbia Pictures
Direção: Andrew Fleming
Roteiro: Peter Filardi, Andrew Fleming
Elenco: Fairuza Balk, Neve Campbell, Robin Tunney

Sinopse:
Uma jovem garota de Los Angeles se muda e vai parar em uma nova escola. Para seu azar é uma daquelas escolas católicas mais rígidas, só que para sua surpresa ela descobre que lá também estudam garotas como ela, que adora uma magia antiga. 

Comentários:
Pois é, nos anos 90 surgiu essa modinha no cinema trazendo filmes de bruxas, mas calma aí que não é bem o que você está pensando. Não era mais aquela figura clássica das bruxas dos velhos filmes com mulheres idosas voando em suas vassouras. Nada disso. As bruxinhas agora eram todas gatas, adolescentes, jovens estudantes do ensino médio. Claro que tudo não passava de uma tremenda bobagem, mas que fazia sucesso a ponto de ter dado origem não apenas a filmes como esse, mas também a séries que também fariam sucesso naqueles anos. Numa era pré-Harry Potter parecia que tudo estava sendo preparado para a chegada dos bruxinho mais famoso da história do cinema, mas claro sem comparar os filmes pois produções como essa eram muito mais modestas! 

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 20 de dezembro de 2023

Elvis Presley - On Stage, February 1970 - Parte 5

Elvis Presley - On Stage, February 1970 - Parte 5
O vinil segue tocando na agulha e vamos chegando ao final do álbum, com suas duas últimas músicas. "Walk a Mile In My Shoes" sempre foi uma das minhas preferidas dessa fase da carreira de Elvis. Certa vez Elvis declarou: "Antes de criticar os outros, meu caro, se coloque no lugar deles!". A essência da letra dessa música é justamente essa. Coloque-se no lugar do outro, lute suas batalhas, vejas as dificuldades que cada um enfrenta na sua própria pele. Criticar é fácil, viver os problemas alheios, não! Elvis foi tão criticado ao longo dos anos 60 que ele sabia muito bem o que essa mensagem significava. "Caminhe uma milha em meus sapatos", ou seja, fique no meu lugar, veja como é difícil andar nessa jornada, como a vida definitivamente não é nada fácil para ninguém. Em um trecho a letra é clara sobre isso ao dizer: "Viva um pouco no meu lugar, antes de abusar, criticar e acusar, viva um pouco no meu lugar". Aliás se formos analisar bem a letra foi a chave, o fator determinante, que fez Elvis gravar essa canção. Elvis estava farto, cansado, exausto de ser tão criticado depois de tantos anos. 

Em termos puramente musicais "Walk A Mile In My Shoes" não havia se destacado antes de Elvis gravar a sua própria versão. A canção foi lançada de forma bem obscura como Lado B de um single do cantor e compositor Joe South. O compacto, um tanto precário, quase uma produção independente, foi lançado como sendo do grupo "Joe South and the Believers". Na realidade não era bem uma banda, um novo conjunto vocal country, mas sim um arranjo envolvendo Joe South, seu irmão Tommy e sua cunhada. Eles se reuniram em Atlanta, juntaram uns trocados, fizeram uma gravação praticamente amadora em um estúdio da cidade e mandaram prensar 500 cópias. Tinham a esperança de vender pelo menos umas 300 cópias para lucrar algum dinheiro, e isso era tudo. Acontece que a música acabou chegando até Elvis (não me perguntem como!) e assim o astro a cantou ao vivo em Las Vegas. Quando o álbum "On Stage" chegou nas lojas Joe South pulou de alegria obviamente. Depois de Elvis colocar sua voz em sua criação finalmente Joe conseguiu lançar um single profissional que, pasmem, acabou fazendo um bom sucesso na parada country do cinturão bíblico do sul dos Estados Unidos. Sua sorte havia finalmente mudado!

O disco fecha as cortinas com a grandiosa e bela "Let It Be Me". A primeira vez que ouvi essa música não foi na voz de Elvis Presley. Na verdade ela já havia feito muito sucesso antes na interpretação do grupo "The Everly Brothers". Essa versão - a primeira em língua inglesa - havia sido lançada pelos irmãos em 1960, alcançando um grande sucesso nas paradas, em especial da Billboard Hot 100. É curioso que esse sucesso chegou talvez tarde demais para eles. Já havia uma grande tensão entre os dois e a canção acabou sendo um de seus últimos sucessos juntos. Curiosamente alguns meses atrás assisti a uma entrevista com Paul McCartney afirmando que o estilo vocal do Everly Brothers havia se tornado a grande influência para os Beatles em seus primeiros discos. De fato, basta ouvir álbuns como "Please Please Me" ou "With The Beatles" para comprovar bem isso. Além da influência vocal havia também os arranjos, baseados principalmente na dobradinha voz e violão, que os Beatles também procuraram seguir, principalmente nas canções mais lentas, ternas, com letras que falavam de amor, romance e paixão. Não há como negar, os Beatles deveram muito em termos de influência musical a essa dupla americana. De qualquer maneira apesar da inegável importância da versão dos irmãos Everly, o fato é que a versão original não era deles. A primeira gravação dessa canção foi lançada na França com o título de "Je t'appartiens" na voz do cantor Gilbert Bécaud. 

Isso abre um fato histórico interessante. Elvis teria conhecido a música através do single dos Everly Brothers ou tinha gostado dela por causa da versão original, quando ainda estava servindo o exército americano na Europa? Como se sabe Elvis adorava música francesa e chegou a visitar Paris em uma viagem de férias enquanto estava em solo europeu. Anos depois, consultando a discografia particular de Elvis em Graceland, descobriu-se que ele tinha tanto o compacto americano dos Everly Brothers como o álbum de Gilbert Bécaud. Na dúvida sobre qual gravação era a sua preferida uma coisa é certa: quando apareceu a oportunidade Elvis não deixou passar em branco e resolveu também gravar sua versão em forma de homenagem para essa grande canção, que em suas mãos ganhou um arranjo rico, com muita orquestra, bem diferente das versões originais que primavam pela suavidade e simplicidade harmônica.

Pablo Aluísio. 

Elvis Presley - Kentucky Rain

Elvis Presley: Kentucky Rain
Pelo figurino da capa já podemos ver que se trata da primeira temporada de Elvis em 1970 na cidade de Las Vegas. Afinal é a mesma roupa de palco que vemos na capa do álbum oficial "On Stage - February 1970". Aqui nesse lançamento temos o concerto realizado no dia 22 de fevereiro de 1970, que para muitos se trata de um concerto inédito na qualidade "Audience Records" (que significa tape gravado direto do meio do público, muitas vezes com equipamento não profissional). E essa temporada sempre foi uma das mais apreciadas pelos fãs de Elvis. Não foi uma das mais registradas, por outro lado, o que traz um sabor de interesse sempre que algo que foi gravado nessa época chega ao mercado. 

O bom desse tipo de registro é que ele acaba captando a reação da plateia, sem efeitos sonoros ou nada que o valha. O curioso é que não havia a gravação da última canção da noite, a romântica Can't Help Falling In Love. Assim os produtores acabaram colocando uma versão gravada dois dias antes, para não soar ao ouvinte como algo incompleto. No mais o CD vale por registrar uma das poucas versões ao vivo de Elvis para a canção Kentucky Rain. Há também um curioso momento da apresentação em que Elvis diz ao público que o cantor Roy Orbison está na plateia, prestigiando seu show. Algo bem legal do ponto de vista histórico.

Elvis Presley: Kentucky Rain
1. Opening Vamp - 02. All Shook Up - 03. I Got A Woman - 04. Long Tall Sally - 05. Don't Cry Daddy - 06. Hound Dog - 07. Monologue - 08. Love Me Tender (with false start) - 09. Kentucky Rain - 10. Let It Be Me - 11. I Can't Stop Loving You - 12. Walk A Mile In My Shoes (false start only) - 13. C. C. Rider - 14. Sweet Caroline - 15. Polk Salad Annie - 16. Introductions of singers, musicians, orchestra - 17. Suspicious Minds - 18. Introduction of Roy Orbison - 19. Can't Help Falling In Love.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 19 de dezembro de 2023

Playboy: Fama e Morte - Star Stowe

Caso Policial: Star Stowe
Ellen Louise Stowe teve um destino trágico. Quando atingiu a maioridade, se mandou de uma pequena cidade no Arkansas para Las Vegas pois queria ganhar a vida como modelo. Beleza não lhe faltava, era uma angelical loira de 18 anos de idade, uma verdadeira beldade. Na cidade do pecado acabou conhecendo o vocalista da banda Kiss, o Gene Simmons. Não demorou e se tornou sua namorada de ocasião, chegando até mesmo a aparecer em ensaios fotográficos com a famosa banda de rock.  E foi o rockstar namorado que decidiu enviar suas fotos para a revista Playboy. Já que ela queria uma carreira de modelo ele poderia dar uma forcinha nisso. 

Não deu outra e o fundador da revista Playboy, o magnata Hugh Heffner, impressionado com a beleza da garota, logo a contratou. Virou playmate estampando o poster da revista em fevereiro de 1977. Também saiu em uma edição japonesa da revista. O sucesso havia chegado! Essa foi a fase de maior fama e sucesso na vida de Star Stowe, nome artístico que adotou. Muitas festas, muita grana e também muita droga e sexo em orgias promovidas na própria mansão da Platboy. Ela caiu fundo nesse mundo, sendo explorada, em todos os sentidos, até mesmo sexualmente, pelo dono da revista. Logo se viu sendo usada por ele. Pior do que isso, percebeu que estava viciada em drogas e bebidas. 

Após uma discussão com Heffner acabou sendo expulsa da mansão da Playboy. Ela perdeu tudo praticamente da noite para o dia. Sem grana, acabou voltando para Vegas onde passou a ganhar a vida como stripper nas casas noturnas locais. Não demorou muito e logo estava também fazendo programas para sobreviver. Foi uma queda dura, mas ela tinha que sobreviver de alguma forma. A grande maioria dessas garotas que posavam para a Playboy também eram vulneráveis de todas as formas. Um roteiro previsível na vida da maioria delas. 

Star Stowe ainda teve tempo de ter um filho que amava, com um homem rude e violento. Mudou-se para a Flórida e para sua tragédia pessoal foi morta e assasinada na cidade de Fort Lauderdale em 1997. Estava trabalhando ainda como prostituta de rua. Não se sabe até hoje quem a matou, é um caso em aberto. Ela foi estrangulada e seu corpo jogado no meio de um matagal deserto, perto da estrada. Provavelmente entrou dentro de um carro para mais um programa e encontrou a morte, como muitas profissionais do sexo. Um triste final de vida para uma garota que quando jovem mais parecia um anjo, por causa de seu rosto angelical. Pena que até mesmo anjos podem ter um fim de vida bem trágico. 

Pablo Aluísio. 

Cartas na Mesa

Título no Brasil: Cartas na Mesa
Título Original: The Gambler Wore a Gun
Ano de Produção: 1961
País: Estados Unidos
Estúdio: United Artists
Direção: Edward L. Cahn
Roteiro: Orville H. Hampton, L.L. Foreman
Elenco: Jim Davis, Merry Anders, Mark Allen, Michael Louis, Richard Richardson, Lisa Heloise Huffner

Sinopse:
Case Silverthorne (Jim Davis) é um jogador veterano no velho oeste que está pensando em mudar seu estilo de vida. Quer se retirar desse mundo para tocar sua própria fazenda. Os problemas porém parecem persegui-lo. Por acaso acaba salvando a vida do xerife numa emboscada, sendo morto o pistoleiro que queria matar o homem da lei. O problema para Case é que o sujeito era justamente o dono do rancho que ele havia comprado. A venda ainda não havia sido formalizada e agora Case precisa provar que o negócio havia sido feito. Os herdeiros do rancho não aceitam a venda e o pior, querem vingar a morte de seu pai. Case agora virou o alvo!

Comentários:
Mais um western enfocando a vida dos chamados jogadores profissionais do velho oeste. Esses eram sujeitos que viviam de saloon em saloon, sempre em busca de algum jogo de cartas para levantar uma grande bolada em apostas que envolviam muito dinheiro. O lance era perigoso, qualquer sinal de trapaça era respondida com o cano fumegante de uma pistola, por isso muitos jogadores também eram pistoleiros bons de mira - fazia parte daquele estilo de vida. No roteiro desse filme temos de tudo um pouco - a emoção dos jogos de poker, os problemas com a lei e os conflitos sangrentos por causa de terra e gado. O diretor Edward L. Cahn já era um veterano quando dirigiu esse "The Gambler Wore a Gun" pois havia estreado no cinema em 1931. No total dirigiu 127 filmes, numa mistura incrível de gêneros, desde faroestes até filmes de terror e ficção. Era um verdadeiro workaholic dos estúdios. "Cartas na Mesa" é certamente um bom faroeste, nada excepcional, mas que mantém o foco da diversão e do entretenimento com eficiência.

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 18 de dezembro de 2023

Quando a Mulher Erra

Título no Brasil: Quando a Mulher Erra
Título Original: Stazione Termini
Ano de Lançamento: 1953
País: Estados Unidos
Estúdio: Columbia Pictures
Direção: Vittorio De Sica
Roteiro: Cesare Zavattini, Luigi Chiarini
Elenco: Jennifer Jones, Montgomery Clift, Gino Cervi, Richard Beymer, Gino Anglani, Oscar Blando

Sinopse:
Nesse drama romântico, a atriz Jennifer Jones interpreta uma mulher norte-americana que viaja para Paris e Roma e nessa última cidade conhece e se apaixona por um jovem italiano. O problema é que ela é casada nos Estados Unidos. Com sentimento de culpa, então resolve se encontrar com o amante em uma estação romana para terminar tudo, mas isso vai ser extremamente doloroso para o casal. 

Comentários:
Mais um bom filme da filmografia de Montgomery Clitf, se bem que se formos pensar bem, o filme pertenceu mesmo à Jennifer Jones no quesito atuação. Ela era uma ótima atriz, bonita e talentosa nas medidas certas e soa perfeitamente convincente no seu papel de mulher casada que, corroída pela culpa de ter traído o marido numa viagem de férias pela Europa, tenta colocar um fim em seu caso romântico extraconjugal. O problema é que realmente está apaixonada pelo amante italiano e isso se torna extremamente doloroso emocionalmente para ela. A velha luta entre moralidade, ética e sentimentos passionais. O filme foi dirigido pelo mestre Vittorio De Sica. Foi filmado na Itália, em Roma, e tem jeito de filme europeu, embora fosse produzido por um estúdio de Hollywood. O produtor americano David O. Selznick não gostou muito da primeira versão do diretor e cortou nove minutos do filme. A versão completa só seria lançada muitas década depois em DVD. Pois é, não é de hoje que os cineastas são tolhidos em seus talentos nos filmes autorais em que trabalham, por meras preocupações comerciais dos produtores envolvidos. 

Pablo Aluísio.

Um Sonho para Dois

Título no Brasil: Um Sonho para Dois
Título Original: It All Came True
Ano de Lançamento: 1940
País: Estados Unidos
Estúdio: Warner Bros
Direção: Lewis Seiler
Roteiro: Louis Bromfield, Michael Fessier
Elenco: Humphrey Bogart, Ann Sheridan, Jeffrey Lynn, Zasu Pitts, Una O'Connor, Jessie Busley

Sinopse:
O gangster Chips Maguire (Humphrey Bogart) acaba assassinando um policial que estaria atrás dele, o investigando, por causa de suas atividades criminosas. Um músico de nightclub acaba sendo a única testemunha desse crime. Para Chips passa a ser uma questão de tempo para eliminá-lo, evitando assim que seja preso por mais esse crime.

Comentários:
Humphrey Bogart construiu sua carreira interpretando criminosos como a desse filme noir da década de 1940. Ele era realmente ótimo nesse personagem porque, vamos convir, tinha jeito mesmo de sujeito durão, com cara de bandido. Aqui nesse filme policial temos tipos bem interessantes, personagens bem construídos. O gangster de Bogart não é um tipo totalmente condenável, embora seja mesmo um criminoso contumaz. Ele tem sua dose de humanidade e charme, chegando a se envolver romanticamente com uma cantora de cabaré. Só que não se engane, esse, no final das contas, não é um filme romântico, apesar de seu título nacional que possa levar a essa interpretação. É um filme passado no submundo, com todos os tipos marginais que tão bem conhecemos nesse tipo de filme antigo. Que pena que não se produzam mais boas histórias como essa. É algo que se perdeu com o tempo em Hollywood. 

Pablo Aluísio.

domingo, 17 de dezembro de 2023

Maria Antonieta de Zweig Stefan

Aqui vai uma dica de leitura para o fim de ano, um livro que li recentemente e de que gostei bastante. Trata-se da biografia da Rainha Maria Antonieta escrita por Zweig Stefan. Não e um livro novo e nem recente. Na verdade a primeira edição foi lançada em 1932. O tempo porém só lhe fez bem. O estilo de escrita de Zweig Stefan é um primor, uma verdadeira aula de como se deve escrever uma biografia de forma interessante, prazerosa, que capture a atenção da primeira à última página. Aqui o autor leva seu leitor para dentro da vida da Rainha, é como se estivéssemos nos aposentos reais do Palácio de Versalhes. Não se trata de um tratado de história, com inúmeras referências a cada página, o que tornaria a leitura pesada e muitas vezes chata. Nada disso. É escrito em estilo de romance, com a diferença de que não se trata de mera ficção, mas de algo que realmente aconteceu.

A protagonista é essa arquiduquesa austríaca, da dinastia dos Habsburgs, que é dada em casamento ao Delfim da França, um garoto que iria no futuro se tornar o Rei Luís XVI. Filha da imperatriz Maria Teresa da Áustria, Maria Antonieta sabia bem que ela e suas irmãs estavam destinadas a terem um casamento arranjado, pois era tradição na casa de Habsburg esse tipo de arranjo. As arquiduquesas eram criadas para se tornarem esposas de monarcas e nobres por toda a Europa, consolidando assim uma política de alianças por todo o continente. Aliás a primeira imperatriz do Brasil, Maria Leopoldina, que era inclusive sobrinha neta de Maria Antonieta, teve o mesmo destino, vindo a se casar com Dom Pedro I. 

Na França Maria Antonieta se deu conta que sua vida não seria muito fácil. Seu casamento demorou a se consumar, por causa da hesitação do príncipe. Com a morte de Luís XV, ela e seu marido subiram ao trono muito jovens, sem experiência para lidar com as transformações que estavam acontecendo dentro da França. A obsessão da Rainha pelo luxo e extravagância, com vestidos e penteados absurdos também não ajudou em nada. Enquanto o povo francês sofria na fome e na miséria, a corte de Versalhes desfilava riqueza, em situações que de certa maneira afrontava o próprio povo que sustentava a monarquia.

O resultado dessa situação todos sabemos. A Revolução Francesa eclodiu e o absolutismo monárquico europeu sofreu o primeiro grande golpe de sua história. Não é um livro de final feliz, ainda mais porque Zweig Stefan cria uma simpatia do leitor com a Rainha, mesmo com todos os erros que ela cometeu. O livro também demonstra que uma campanha de calúnia e difamação se espalhou pelo reino, divulgando mentiras e boatos maldosos sobre o comportamento da Rainha, que não era tão má pessoa como faziam parecer os revolucionários. No final de tudo é um livro tão bom que dá vontade de reler assim que chegamos ao final. E para quem gosta de curiosidades aqui vai uma informação final mais que interessante: o escritor Zweig Stefan, que assim como Maria Antonieta, era austríaco de nascimento, passou seus últimos anos de vida no Brasil. Ele tinha origem judaica e por essa razão precisou ir embora da Europa quando o nazismo começou a tomar de assalto os países europeus. Acabou morrendo em Petrópolis, aos 60 anos de idade.

Pablo Aluísio.