domingo, 2 de janeiro de 2005

Elvis Presley - Love Me Tender (1956)

Elvis Presley - Love Me Tender (1956)
Toda a trilha sonora do filme "Ama-me com Ternura" (Love Me Tender, EUA, 1956) foi lançada originalmente em compacto duplo. Todas as faixas foram providenciadas pelos estúdios Fox e depois repassadas para a RCA Victor, a gravadora que tinha contrato de exclusividade com Elvis na época. O interessante é que praticamente todo o material foi composto pelo diretor musical do estúdio Fox, o maestro e arranjador Ken Darby (que não aparecia nos créditos).

Como o filme era um faroeste ao velho estilo, todas as canções tiveram de uma maneira ou outra um sabor Country and Western. Claro, esse tipo de sonoridade não soava estranha a Elvis. Afinal ele vinha de Memphis, cidade próxima a Nashville, considerada a capital da country music nos Estados Unidos. Ele estava mais à vontade do que nunca com as canções, embora soubesse também que aquele tipo de música era no fundo apenas a visão de Hollywood sobre o estilo musical que tanto conhecia. Elvis porém era um cantor profissional e resolveu dar o melhor de si para o material previamente produzido pelos estúdios da Fox.

Praticamente tudo foi gravado em apenas uma sessão de gravação realizada no dia 24 de agosto de 1956. As músicas não foram produzidas por Steve Sholes, o produtor de Elvis na RCA, mas sim por Lionel Newman, outro contratado da Fox. Esse dispensou a banda de Elvis e ele teve que gravar pela primeira vez sem estar ao lado de seus músicos habituais. Scotty Moore, Bill Black e cia, ficaram de fora. Ele não gostou dessa mudança, porém não quis criar problemas. Mais tarde Elvis iria impor sua vontade, determinando que sua banda o acompanhasse nas trilhas sonoras, mesmo em Hollywood.

Outro aspecto digno de nota é que havia uma seleção de poucas músicas. No máximo Elvis teria que gravar apenas cinco canções para o filme. E isso descartava a edição de um LP por parte da RCA Victor. Um álbum teria que ter no mínimo dez canções, o que não era o caso aqui. No filme seguinte de Elvis, intitulado "Loving You", a RCA iria misturar as músicas do filme original com outras canções gravadas por Elvis em estúdio, mas sem ligação com a trilha sonora do filme que daria título ao novo disco. Só que para "Love Me Tender" isso não foi penado a tempo e as músicas chegaram aos fãs no formato de compacto duplo (conhecido como EP, nos Estados Unidos). 

A música mais importante do filme foi justamente daquela que lhe deu título. Claro que estamos falando do clássico "Love Me Tender", até hoje uma das músicas mais conhecidas da carreira de Elvis. No Brasil o filme recebeu o nome de "Ama-me com Ternura". O titulo original do filme era "The Reno Brothers", faroeste sem grande importância, estilo B da Fox, que nunca teria entrado na história se não fosse pela primeira participação de Elvis Presley no cinema. A história se passava durante o final da guerra civil norte-americana e tratava da delicada disputa de uma mulher por dois irmãos. Vance Reno (Richard Egan) voltava do campo de batalha e descobria, estarrecido, que sua antiga namorada Cathy (Debra Paget) estava agora casada com seu irmão mais novo Clint Reno (Elvis). E isso só havia acontecido porque todos estavam convencidos que ele havia morrido no campos de algodão do sul, lutando contra os exércitos da União. Já imaginou a confusão? O roteiro girava em torno desse triângulo amoroso familiar. Elvis, muito novo e com os cabelos ainda bem próximos de sua tonalidade natural, não comprometeu em nenhum momento, mesmo sendo sua estreia como ator. Quando lançado em 1956, "Love Me Tender" se tornou um tremendo sucesso de bilheteria.

Elvis mostrou que era um nome quente não só no mundo musical, como também na tela grande. Muitos fãs inclusive foram em peso na semana anterior ao lançamento oficial do filme apenas para assistir ao trailer que mostrava pequenos trechos de Elvis cantando! O disco acompanhou o sucesso do filme. A trilha foi lançada em um compacto duplo com "We're Gonna Move", "Let Me" e "Poor Boy" todas de autoria de Elvis Presley e Vera Matson. Era o inicio de uma carreira cinematográfica que iria contar com mais de trinta filmes. 

A canção "Love Me Tender", por sua vez, foi gravada em agosto de 1956 nos estúdios I da 20th Century Fox em Hollywood e lançada um mês depois em single com "Any Way You Want Me" no lado B, chegando ao primeiro lugar da Billboard na primeira semana. Elvis não contou com sua banda tradicional, os Blue Moon Boys, pois o estúdio não tinha contrato com eles e sim com músicos determinados pelo estúdio cinematográfico da Fox. Músicos profissionais do cast fixo da companhia. Mesmo um pouco fora do ambiente que lhe era familiar, Elvis, ao lado de Darby, produziu "Love me Tender" e lhe deu um arranjo bastante simples, porém muito eficiente, sentimental e belo.

Depois de registrar sua participação no estúdio Elvis aproveitou a oportunidade de se apresentar no The Ed Sullivan Show em 9 de setembro para promover a música e o filme. O sucesso foi imediato e Elvis foi assistido por mais de 50 milhões de americanos. 82,6% dos televisores dos EUA estavam sintonizados nele naquela noite. A nação parou para assistir Elvis interpretar "Love Me Tender", um recorde que só foi quebrado depois pelo assassinato do presidente Kennedy e pela apresentação em 1964 dos Beatles no mesmo programa. Tamanha repercussão levou rapidamente o disco a se tornar o primeiro da história a ter 1 milhão de cópias pré-vendidas, graças à expectativa gerada em torno de seu lançamento. Um marco na carreira de Elvis e uma das canções mais identificadas com sua imagem. Um ícone romântico da cultura musical dos Estados Unidos, baseada na velha música "Aura Lee" em inspirada adaptação do maestro Ken Darby.

Um aspecto curioso sobre esse filme é que o personagem que foi interpretado por Elvis, chamado Clint Reno, foi escrito originalmente no roteiro como sendo um adolescente, na faixa entre 16 a 17 anos de idade. E quando Elvis o interpretou ele já era um adulto, com 21 anos! Algumas mudanças pontuais no roteiro foram feitas, durante as filmagens, mas nem tudo foi mudado. Muitas atitudes e sentimentos de Clint Reno continuaram a ser de um jovem adolescente. E isso também se refletia em algumas músicas que tinham mesmo uma sonoridade bem juvenil. Afinal Elvis era o ídolo jovem mais amado da América naquele momento histórico. 

A música "Poor Boy" ia justamente por esse caminho. Embora haja muitos que não gostem da faixa, eu aprecio ela por sua singeleza. Também poderia ser encarada como uma espécie de canção-tema do personagem Clint Reno, afinal o que era ele a não ser um pobre rapaz do campo, pego de surpresa em sua própria adolescência por uma das mais sangrentas guerras da história dos Estados Unidos, a guerra civil. Um conflito que havia destruído sua família, afinal seu irmão mais velho era dado como morto no campo de batalha. 

Para muitos "Poor Boy" era apenas uma música bobinha e sem conteúdo, um country fabricado em Hollywood e sem o selo de qualidade Nashville. Mas tirando toda a diversidade de opiniões, "Poor Boy" é apenas uma canção que cumpre sua função de forma eficiente durante o filme. Dá uma chance a Elvis para mostrar uma boa apresentação e cantar de forma descontraída. 

Essa canção, assim como todas as outras dessa trilha sonora, embora tenham sidos creditadas à autoria da dupla Elvis Presley / Vera Matson, não foram compostas por eles. Elvis praticamente nunca escrevia as músicas que cantava e seu nome foi incluído apenas para que ele participasse nos royalties da canção (Essa aliás era uma atitude bastante comum durante os anos 50). Já Vera Matson que aparece nos créditos das canções ao lado de Elvis era a esposa de Ken Darby, diretor musical da Fox. Por problemas autorais ele resolveu colocar o nome de sua mulher para dividir os créditos da canção, que inclusive foi inteiramente composta por ele dentro do departamento de música do estúdio.

Elvis se decepcionou durante as filmagens desse filme porque ele havia se apaixonado pela atriz Debra Paget e ela acabou dando um fora nele. O fato é que Elvis estava vivendo um sonho de ser um ator de cinema. Para um rapaz pobre que havia sido lanterninha alguns anos atrás e que era apaixonado pela sétima arte, realmente era algo de outro mundo. Já sua parceira no filme era uma pessoa mais pé no chão, realista. Ela sabia que como atriz para subir na carreira ela tinha que se relacionar com os homens certos, os figurões da indústria. Assim Elvis que não era nada disso acabou dançando sozinho. 

De qualquer forma Elvis iria logo encontrar sua namorada ideal para aqueles anos. Era uma loirinha baixinha, mas muito bonita e bem feita de corpo chamada Anita Wood. Elvis a conheceu bem depois do fim das filmagens de Love Me Tender e ficou anos ao seu lado. Anita começou como locutora de rádio em um programa feito para adolescentes de Memphis na estação local. Depois se destacou em outro programa, só que na TV, onde organizava um grande salão de dança com os jovens de sua cidade. Foi ali que Elvis a conheceu e como sempre acontecia, foi amor á primeira vista. 

Todo esse romantismo chegaria em suas novas gravações, se bem que no meio da country music made in Hollywood da trilha sonora do filme também podíamos encontrar esse tipo de sentimento. "Let Me" pode ser citada como exemplo. Das músicas que vieram para coadjuvar "Love Me Tender" no compacto duplo essa é a que melhor se saiu bem. 

Vagamente lembrando "Poor Boy", "Let Me" é divertida, bem executada e dançante. Mas o melhor mesmo é a cena de Elvis no filme, numa performance memorável (mesmo que mal captada pelo diretor do filme, talvez propositadamente!). Um prazer ouvir e ver Elvis cantando essa canção, na flor da idade, com o futuro promissor pela frente. Impossível ficar indiferente ao seu ritmo alegre e de bom astral. Além disso o vocal de Elvis está simplesmente impagável. A cena do filme é ótima, quando ele a canta em um pequeno palco, durante uma feira de gado. Registro nota 10 de um Elvis Presley que ainda estava apenas começando a ganhar o mundo.

Então chegamos na última musica dessa curta trilha sonora da carreira de Elvis, a primeira de sua discografia. Trata-se da faixa intitulada "We're Gonna Move". Essa canção foi baseada numa marchinha muito popular entre os soldados confederados durante a guerra civil americana. Outra interessante adaptação de Ken Darby. De fato ele foi chamado às pressas e teve que se virar para compor uma trilha sonora em cima da hora. Como não havia muito tempo mesmo para escrever material inédito, ele resolveu adaptar algumas canções folclóricas da época da guerra como "Aura Lee" (Love Me Tender) e essa que era conhecida pelos confederados como "There's a Leak in this Old Building".

Até que se encaixou muito bem na trilha sonora. O ritmo bem marcante trouxe uma boa oportunidade para Elvis mostrar seu rebolado numa cena do filme. Além disso todos associavam Elvis a esse estilo vibrante, de puro movimento, que era o Rock em seus primórdios. Só que o sabor dessa faixa, como de muitas outras da trilha, era de country music. E também por essa razão essa música nunca se tornou um sucesso. Se formos pensar bem apenas "Love Me Tender" virou um hit, um sucesso. As demais canções não saíram do contexto do próprio filme. 

Quando a Fox trouxe Elvis para os sets de filmagens em 1956 houve até um certo debate sobre os rumos que o filme iria seguir a partir de sua entrada. Para o diretor Richard D. Webb o filme deveria seguir o roteiro original, ou seja, nada de músicas e nem destaque especial para Elvis, que no fundo iria apenas interpretar um mero papel coadjuvante. O filme de certa maneira iria servir mesmo como um teste para que o estúdio tomasse conhecimento se Elvis iria ou não funcionar no cinema. 

Mas sua opinião foi atropelada pela repercussão que Elvis estava tendo na mídia da época. Era praticamente impossível ignorar a presença de Presley no filme. Além do mais os fãs não iriam aceitar que o filme não tivessem músicas. Por ordens vindas da direção da Fox tudo mudou. O roteiro, antes melodramático e soturno, foi jogado para o alto e em seu lugar foi acrescentado várias cenas com Elvis cantando e exercendo seu direito óbvio de se destacar no elenco! O resultado então foi essa trilha sonora que apesar de não ser muito conhecida (tirando a música tema, claro!) também tem seu espaço dentro da vasta discografia de trilhas sonoras da carreira do cantor. 

Pablo Aluísio.

sábado, 1 de janeiro de 2005

Elvis Presley - Elvis (1956)

O segundo disco de Elvis na RCA Victor foi bem mais produzido do que o primeiro. A gravadora ganhou confiança com o trabalho do cantor que já naquela altura havia se tornado o artista mais vendido do selo. Para alguém com vinte e poucos anos era um feito e tanto! Assim o produtor Steve Sholes trouxe para o estúdio mais músicos, mais instrumentos, tudo para melhorar o som do novo álbum. Em 1956 o principal veículo de promoção de Elvis não foi o cinema (seu primeiro filme ainda nem tinha sido filmado), mas sim a televisão e seus programas de variedades. Bastaram as primeiras apresentações de Elvis na TV para que a polêmica tomasse conta da imprensa.

Falem mal de mim, mas falem de mim - diria o Coronel Parker. Claro, grande parte dos artigos eram críticas ferozes a forma como Elvis cantava e dançava. Para muitos aquilo era sexualizado demais, impróprio para as adolescentes que começavam a curtir Elvis. Hoje em dia a dança de Elvis nesses primeiros programas de televisão aparentam ser apenas giros bem originais de um artista que tentava de alguma forma chamar a atenção para sua música. A cabeça das pessoas dos anos 50 era mesmo bem diferente da nossa. Ecos de um mundo mais conservador e tradicional.

De qualquer forma para Elvis e seu grupo de músicos o importante era fazer um bom trabalho de estúdio. As primeiras músicas do novo disco foram gravadas nos estúdios da RCA na costa oeste. Era o Radio Recorders, localizado em West Hollywood, Califórnia. A primeiro canção não poderia ser mais simbólica, a bela balada "Love Me" de Leiber e Stoller. Nesse mesmo dia Elvis já havia gravado "Playing for Keeps" que seria lançada em single. Para "Love Me" foram necessários 9 takes para que Elvis se desse por satisfeito. O curioso é que anos depois Jerry Leiber explicaria que havia composto a música quase como uma sátira ao estilo country de Nashville. Elvis ignorou essa intenção original do compositor e fez uma grande gravação, uma das melhores e mais memoráveis faixas dessa fase de sua carreira.

Esse segundo álbum de Elvis Presley na RCA Victor foi muito bem gravado. Havia todo um cuidado técnico, até porque Elvis já era naquela altura o maior vendedor de discos da gravadora multinacional. Com isso Elvis também se firmava como o roqueiro número 1 do mundo, um fenômeno de popularidade sem precedentes. Nesse mesmo ano ele começava a ser conhecido pelo mundo afora. Deixava de ser um artista de Memphis e do sul, para ser um artista internacional. Também foi o primeiro disco oficial de Elvis a ser lançado no Brasil, numa edição completamente fiel ao disco americano original.

O apuro técnico dentro do estúdio se refletiu principalmente em faixas como "Rip It Up". Hoje em dia essa composição da excelente dupla formada por Robert Blackwell e John Marascalco é considerada um dos maiores clássicos da história do rock. Uma canção vibrante, que contou com uma performance irretocável por parte de Elvis, que é importante frisar, não passava de um jovem cantor de 21 anos de idade na época. Tão jovem e já tão revolucionário em termos musicais.

O country também não poderia ficar de fora. Afinal Elvis não negava suas origens sulistas. "When My Blue Moon Turns to Gold Again" era uma típica representante do estilo mais rural dentro do álbum. Essa música havia sido composta pelo cantor cowboy Gene Sullivan. Elvis que não queria perder sua público mais fiel, aquele que o acompanhava desde os primeiros shows em Memphis, a escolheu como uma espécie de homenagem a esse tipo de fã. Sim, Elvis abraçava o rock, mas não estava disposto a virar o rosto para o country and western de seus primeiros anos. Assim temos uma boa faixa, bem gravada, com Elvis evocando o antigo estilo de cantar do country de Nashville.

De Arthur Crudup, Elvis trouxe para o álbum a balada blues "So Glad, You're Mine". Para a turma de Nova Iorque, da equipe da RCA Victor na cidade, aquele tipo de sonoridade soava como algo diferente, até mesmo novo. Só que na verdade era uma velha canção, muito popular em bares e espeluncas de Memphis. Não que Elvis a conhecesse desses lugares do tipo barra pesada, mais voltada para o público negro da cidade, mas sim do rádio. Esse aparelho era o principal meio de entretenimento da família Presley, sempre ligado ao fundo. Assim Elvis a conhecia muito bem, por isso também resolveu gravar sua própria versão que ficou excelente, melhor do que qualquer outra já feita, antes ou depois desse disco.

Uma das músicas preferidas de Elvis nesse disco era a balada sentimental "Old Shep" de Red Foley. Elvis a cantava desde quando era um garotinho em Memphis. Inclusive essa foi a primeira música que Elvis cantou em um palco na sua vida, quando ainda era bem jovem e participava de um programa de calouros numa feira de gado, típico evento popular em sua cidade.

Outro fato que chama a atenção nessa faixa é que ele tem mais de 4 minutos de duração, o que fugia do padrão da época. As músicas geralmente tinha apenas dois minutos ou um pouco acima disso. Era uma duração ideal para tocar nas rádios. Além do mais a gravação ficou com uma sonoridade que lembrava em muito seus anos na Sun Records. Teria sido algo proposital? Não sabemos ao certo.

"First In Line" era outra balada romântica. Essa, ao contrário de "Old Shep", não tinha ligação com o passado de Elvis. Na realidade era uma boa criação da "fábrica" de criação da RCA Victor. A companhia, como se sabe, mantinha equipes de compositores prontos para criarem qualquer música, sempre que a gravadora solicitasse. Essa faixa foi composta pela dupla Aaron Schroeder e Ben Weisman. Eles se tornariam bem presentes nas trilhas sonoras de Elvis nos anos 60. Weisman, por exemplo, compôs muitas das canções dos filmes de Elvis em Hollywood. Segundo alguns dados chegou a escrever mais de 50 músicas para Presley! Um número bastante significativo.

O produtor e guitarrista Chet Atkins também trouxe sua contribuição para o disco. No estúdio ele apresentou a Elvis a canção "How's The World Treating You". Ele tinha composto a faixa ao lado do parceiro e amigo de Nashville Boudleaux Bryant. Elvis ouviu a música e não demorou muito a se convencer a gravá-la. Foi até curiosa essa escolha, pois nesse momento de sua carreira Elvis se firmava com a imagem de um roqueiro rebelde, um "James Dean de guitarra" como chegou a escrever um jornalista influente de Nova Iorque. Então mais uma balada chorosa contrastava com essa imagem. Porém para quem o conhecia mais de perto não havia surpresa alguma. Elvis era mesmo esse artista com coração, que sempre apreciava esse tipo de som mais sentimental.

Elvis não colocava muita fé em sua carreira em seus anos iniciais. Quando um repórter perguntou a ele o que estaria fazendo dali a dez anos, Elvis pensou um pouco e respondei: "Não sei! Acho que vou abrir uma loja de carros usados ou algo assim". Diante da resposta incomum o jornalista quis saber se Elvis não se via cantando no futuro ao que ele deixou a entender que não pois "cantores surgem e somem com rapidez".

De qualquer maneira naquele distante ano de 1956 Elvis vivia um dos melhores momentos de sua vida pessoal e artística. Sua mãe Gladys estava viva, ele curtia a onda de sucesso de seus discos e tinha assinado como uma grande gravadora, a RCA Victor. O que poderia estar faltando? Basicamente nada. Era só questão de gravar bons discos e seguir em frente com o mesmo sucesso.

Nesse momento ele também recebeu o título de "Rei do Rock". O curioso é que Elvis não gostava de ser chamado de Rei. Para ele apenas Jesus Cristo poderia ser chamado de Rei, no caso de "Rei dos Reis", conforme o título de um filme épico de sucesso da época. Aproveitando de toda a onda dessa nova música a RCA por sua vez queria que Elvis gravasse cada vez mais rocks, um atrás do outro, pois era esse tipo de gravação que andava vendendo muito por todo o país. Elvis cedeu e gravou "Ready Teddy", um rock visceral composto pela dupla Robert Blackwell e John Marascalco. A música era dinamite pura e Elvis foi encorajado para apresentá-la ao vivo em sua apresentação na TV. A performance do jovem roqueiro com cabelo cheio de brilhantina causou grande comoção em todo o país. Os mais velhos odiaram. Os mais jovens amaram. No meio de toda a polêmica que se seguiu Elvis ficou ainda mais famoso.

"Long Tall Sally" foi outro rock de raiz gravado por Elvis nesse LP.  Era uma original de Little Richard, que anos depois disse estar honrado de ter ouvido uma de suas músicas gravadas pelo garoto de Memphis. Era algo especial. Isso também colocava por terra aquela velha narrativa de que Elvis seria um ladrão da cultura negra. Um branco bonitão que colocou as mãos nas músicas compostas pelos primeiros roqueiros negros e depois ficou rico e famoso com elas. Na verdade o próprio Richard desmentiria isso, dizendo que o fato de Elvis ter gravado sua música o teria lhe ajudado muito naqueles tempos pioneiros. Era um ato de colaboração, ajuda e amizade e não de exploração como muitos quiseram fazer crer anos depois.

Na primeira vez que escrevi sobre "How Do You Think I Feel" eu afirmei que essa música tinha claros contornos latinos em sua harmonia. Há algum tempo li que seu autor, Webb Pierce, estava em férias no México quando a compôs. Assim tudo fica devidamente explicado. Quando o disco foi lançado originalmente em 1956 ninguém deu muita atenção para essa faixa. Nenhum crítico perdeu seu tempo em analisá-la devidamente, até porque o álbum já tinha tantos clássicos do rock para chamar a atenção.

Ficar na sombra foi uma vocação natural para essa gravação. De minha parte gosto de sua sonoridade. O arranjo é simples, nada parecido com o que se ouviria anos depois em trilhas sonoras como "Fun in Acapulco" (O Seresteiro de Acapulco de 1963), mas mantinha um arranjo agradável aos ouvidos. Também acabou se tornando uma música exclusiva de estúdio, nunca cantada por Elvis nos palcos.

O compositor Joe Thomas criou a ótima "Anyplace is Paradise". Essa faixa poderia ter sido melhor trabalhada pela RCA Victor pois em minha visão tinha muito potencial para se tornar um hit nos anos 50. Só que a gravadora de Elvis não pensou dessa forma e a música foi relegada a ser um autêntico "Lado B" da discografia do cantor. Isso porém não a desmereceu em nada. O grupo de Elvis aqui se destaca, em especial o guitarrista Scotty Moore, que teve uma excelente oportunidade para desfilar seu repertório de solos. Outro destaque é o piano de Marvin Hughes. Nos tempos da Sun Records não havia piano nas gravações. Quando Elvis foi para a RCA Victor o produtor Steve Sholes determinou que uma banda completa iria ficar à disposição de Elvis. Isso trouxe um conjunto de belos arranjos para seus discos. Ficou muito bom, mais encorpado, mais bem trabalhado.

Certa vez, durante uma entrevista, Raul Seixas citou "Paralyzed" como uma de suas músicas preferidas de Elvis. O roqueiro brasileiro entendia mesmo da discografia de seu ídolo, pois só quem era familiarizado muito bem com seus discos dos anos 50 poderia citar essa faixa com tamanha convicção. O que podemos ainda dizer sobre essa canção? È uma das letras mais maliciosas de Elvis, isso numa época em que estavam pegando em seu pé por causa de seus rebolados na TV. Ela foi gravada nos estúdios logo depois da baladona "Old Shep". Depois de todo aquele drama nostálgico Elvis procurou por algo mais relaxante, para deixar o stress de lado. E a música serviu perfeitamente aos seus propósitos. O Elvis que ouvimos aqui parece completamente à vontade para cantá-la.

Pablo Aluísio.

Elvis Presley - Elvis Presley (1956)

Eu gosto muito desse disco. Afinal é um álbum histórico, o primeiro gravado por Elvis Presley em sua nova gravadora, a RCA Victor. Porém devo dizer que dessa fase inicial, em 1956, ainda prefiro muito mais o segundo álbum de Elvis na RCA, intitulado simplesmente de "Elvis". Ali já havia um melhor tratamento nas canções, com mais primor em termos de arranjo e gravação. Esse primeiro disco ainda tem aquela sensação de que algumas faixas (em especial as trazidas da Sun Records) ainda estavam muito cruas. São gravações quase amadoras, afinal quando estava na Sun, Elvis ainda era em certos termos um cantor iniciante, procurando por uma carreira musical. Mesmo assim negar a importância desse LP é impossível. Por isso vamos tecer alguns comentários sobre cada faixa do disco.

1. Blue Suede Shoes (Carl Perkins) - O álbum abre com a canção "Blue Suede Shoes", um clássico absoluto do rock americano escrito por Carl Perkins. Até hoje se fala muito que Perkins poderia ter sido maior que Elvis, que ele teve azar de sofrer um acidente de carro muito sério e outras coisas. Olha, com todo o respeito ao Carl Perkins e seu talento, eu vejo esse tipo de observação como uma grande bobagem. Todo tipo de comparação é condenável. Cada um tem seus próprios defeitos e qualidades. Não penso que Perkins poderia ser maior do que Elvis, até porque depois de um tempo ele se recuperou e continuou na carreira, sem chegar nem perto do sucesso de Elvis Presley. Isso não o desmerece em nada, mas prova que dizer que ele poderia ter sido o grande nome do rock é especulação e uma tremenda bobeira

2. I´m Counting On You (Don Robertson) - "I'm Counting on You" havia sido composta por Don Robertson. Compositor de classe, excelente pianista, esse californiano iria cair nas graças de Elvis que por anos iria gravar inúmeras músicas criadas por ele. Basta lembrar das excelentes baladas românticas "Anything That's Part Of You", "I Met Her Today", "There's Always Me", "No More" e tantas outras lindas canções que trouxeram muita qualidade musical para diversos discos de Elvis ao longo dos anos. Coisa fina. É importante chamar a atenção que quando Elvis a gravou ainda não tinha à disposição uma banda maior, com mais instrumentistas, algo que iria enriquecer muito suas gravações no futuro. Em minha opinião a gravação de Elvis é de certo modo ofuscada um pouco por causa dessa falta de diversidade de arranjos. Provavelmente se Elvis a tivesse gravada em 1960 teríamos uma grande faixa, com orquestra ao fundo, mais qualidade em termos de grupo de apoio. De qualquer forma mesmo contando com uma pequena banda de apoio Elvis ainda conseguiu realizar um bom trabalho. Sua performance vocal era o grande diferencial, algo que conseguia se sobressair a todas as limitações técnicas da época.

3. I Got a Woman (Ray Charles) - Bom, se você gosta de Elvis Presley e Ray Charles e ao mesmo tempo diz que não gosta de "I Got A Woman", sugiro que procure logo um analista. São coisas indissociáveis. Concordo que em certos aspectos essa primeira versão de Elvis é muito singela. Porém ela apresenta aquela sonoridade dos anos 50 - ao sabor Sun Records - que literalmente salva todas as canções desse primeiro álbum do cantor na RCA Victor. Inclusive já virou lenda a forma como essa canção foi composta. Ray Charles resolveu fazer uma espécie de brincadeira, unindo a linha de melodia típica de uma canção gospel, religiosa, com uma letra profana, das mais profanas possíveis, é bom salientar. Obviamente a canção, lançada em single, virou um grande sucesso popular que Elvis não deixou que lhe escapasse entre as teclas do piano. Claro que The Pelvis tinha essa coisa de revirar pelo avesso qualquer composição de outro artista ao seu próprio estilo, porém em relação ao maravilhoso Ray Charles ele até que foi bem respeitoso. Sim, imprimiu seu estilo pessoal na gravação, mas sempre procurando respeitar o legado do pianista. Uma troca de favores entre dois gênios da música.

4. One-Sided Love Affair (Campbell) - Outra que vai na mesma linha é  "One-Sided Love Affair". Perceba que em seus primeiros discos Elvis desenvolveu uma técnica muito pessoal de cantar, que chegou a ser dita por alguns críticos dos anos 50 como um "mastigar de sílabas". Outro escreveu que Elvis cantava como se mastigava chicletes! Apesar da rabugice desses jornalistas, o fato é que a coisa toda até faz algum sentido. Elvis parecia um cantorzinho jovem brincando com o estilo de cantar daqueles tempos. Basta lembrar de Frank Sinatra e Dean Martin para uma comparação rápida. Elvis não  entoava sua voz com soberba, apenas cantava a letra da música de uma maneira mais relaxada, quase casual. Acabou criando uma nova linguagem musical nesse processo...

5. I Love You Because (Leon Payne) - Quando o assovio surge nas caixas de som você imediatamente sabe que "I Love You Because" de Leon Payne está começando. Essa baladinha country com uma guitarra chorosa de Scotty Moore sempre solando em lágrimas ao fundo, não chega a ser um destaque dentro do álbum. Porém mostra bem o estilo baladeiro de Elvis em seus anos iniciais. Lembra até mesmo de "My Happiness", a primeira gravação dele na Sun Records - o tal disquinho que gravou para dar de presente para sua mãe Gladys. Naquele primeiro acetato Elvis era apenas um amador tentando chamar a atenção. Porém aqui nessa faixa ele já poderia se considerar um cantor profissional. Inclusive já tinha deixado seu emprego de motorista de caminhão da empresa de energia elétrica de Memphis. Um futuro e tanto iria surgir para aquele jovem rapaz de 19 anos de idade.

6. Just Because (BJ Snelton / S.Robin) - "Just Because" também é bem subestimada. Já houve quem dissesse que era um skiffle bem disposto, porém a verdade é que esse estilo musical nada mais era do que uma variação inglesa para o country (genuíno) dos Estados Unidos. Uma simples releitura sem profundidade. Ingleses branquelos querendo soar como cowboys do sul norte-americano. Definitivamente eles não eram homens de Marlboro! Não colava muito bem. De qualquer forma o estilo mais rapidinho faz dessa uma boa faixa para Elvis e seu trio de caipiras - os Blue Moon Boys. É a tal coisa, se o tal rock ´n´ roll fosse uma coisa passageira Elvis e sua banda poderia muito bem viver tocando e cantando a música rural sulista nas feiras de gado nos arredores de Memphis e região. Valia tudo para sobreviver como artista naqueles tempos pioneiros, meus caros!

7. Tutti Frutti (Joe Lubin / Richard Penniman / Dorothy LaBostrie) - Outro hino da geração rocker é "Tutti Frutti". Essa é do Little Richard. Elvis nunca levou essa canção muito à sério, verdade seja dita. Ele inclusive poderia se referir a esse rock como uma música chiclete como ele gostava de dizer. O que significava exatamente isso? Ora, significava que Elvis a via como uma canção de rock sem muita substância, feita apenas para agitar, embalar seus fãs durante seus shows e apresentações na TV. Tanto isso parece ser verdade que ele logo a deixou de lado, não a usando mais depois desse disco. De qualquer forma Little Richard não cansou de agradecer a Elvis por ter gravado sua música. Em um documentário sobre esse álbum ele afirmou com todas as letras que só tinha mesmo a agradecer ao Rei do Rock, pois se Elvis não tivesse gravado suas músicas ele provavelmente ainda seria cozinheiro de uma espelunca em Atlanta. A gratidão sempre é muito bem-vinda meu caro Richard. Falou pouco, mas falou bonito!

8. Trying To Get To You (Charles Singleton / Rose Marie McCoy) - Uma das faixas desse álbum, o country "Trying to Get to You", seria utilizada por Elvis nos palcos até o fim de sua vida. Isso provava o quanto ele gostava da música, até porque ela nunca foi exatamente um sucesso em sua discografia, havia muitas outras músicas bem mais populares. Porém Elvis tinha um apreço especial por ela, como bem demonstra as centenas de versões ao vivo que cantou. Essa música também foi uma das que a RCA Victor aproveitou do período em que Elvis gravava na Sun Records, um ano antes. O produtor Steve Sholes ouviu todo o material que Sam Phillips enviou para Nova Iorque e escolheu entre as gravações aquelas que poderiam ser aproveitadas no disco de estreia de Elvis na RCA. Foi uma boa escolha do produtor. A gravação é realmente muito bem realizada por Elvis e banda.

9. I'm Gonna Sit Right Down and Cry (Joe Thomas/Howard Biggs) - Caso típico de se ouvir uma música pela primeira vez e adorar logo de cara! Foi esse o meu caso ao ouvir a canção " "I'm Gonna Sit Right Down and Cry (Over You)". Passados tantos anos desde que comprei esse álbum e o ouvi pela primeira vez não mudei em nada a minha percepção dessa excelente faixa do álbum de estreia de Elvis Presley. Esse é seguramente um dos melhores momentos do álbum. Veja, todas as faixas desse disco se ressentem, em minha opinião, de um melhor trabalho em termos de arranjos.Porém no que diz respeito a essa música não teria nada a criticar. Ela é perfeita! Anos depois, nos tempos de seu programa semanal na BBC, os Beatles decidiram apresentar uma versão desse clássico rockabilly. Nem preciso dizer que a gravação dos ingleses ficou excepcional, resultando em uma gravação muito alto astral, alegre, para cima! Que conclusão diria sobre tudo isso? A música foi gravada por Beatles e Elvis Presley. Em ambos os discos o resultado ficou excepcional. Por tudo isso credito essa como uma das melhores da época de ouro do rock. E isso, meus caros leitores, definitivamente não é pouca coisa!

10. I'll Never Let You Go (Little Darlin') (Jimmy Wakely) - Outra canção que foi resgatada dos anos na Sun Records foi a balada "I'll Never Let You Go (Lil' Darlin')" de autoria de Jimmy Wakely. Esse foi um cantor e compositor popular no sul dos Estados Unidos durante as décadas de 1930 e 1940. Vestido de cowboy ele ganhou fama se apresentando no palco do Grand Ole Opry. Seguindo os passos de artistas como Gene Autry ele foi abrindo seu caminho, chegando até mesmo a compor para trilhas sonoras de filmes B de faroeste. Como Elvis sempre foi louco por cinema não era surpresa ele ter escolhido músicas do repertório de Wakely para gravar. A intenção era ter uma boa seleção musical country para tocar nos pequenos festivais que contratavam Elvis nessa fase de sua vida. Afinal cantar em feiras de gado e eventos desse tipo exigia mesmo um repertório bem popular, country, de acordo com o gosto das pessoas que frequentavam esses festivais.

11. Blue Moon (Richards Rodgers / Lorenz Hart) - "Blue Moon" é maravilhosa. Quando Elvis a gravou, em 1954, na Sun Records, ela já era uma balada consagrada dentro do universo musical americano. Gravada inicialmente nos anos 1930, bem no auge da depressão que assolava a economia daquele país, tinha se tornado um símbolo sentimental em uma época muito dura na vida das pessoas. Fica óbvio que Elvis a conhecia desde a infância. O diferencial de sua versão foi a performance claramente emocional que imprimiu na gravação. Embora tivesse alguns pequenos problemas, como o fato de Elvis ter esquecido a letra bem no meio da gravação, ainda assim a RCA Victor resolveu resgatá-la para fazer parte do primeiro disco do cantor na nova gravadora. O produtor Steve Sholes viu ouro puro ali. Era uma bela obra prima musical.

12. Money Honey (Jesse Stone) - "Money Honey" teve sua gravação original feita em 1953 por Clyde McPhatter que estava tentando emplacar uma carreira solo longe de seu grupo The Drifters. Essa primeira versão não teve muito sucesso. Depois ela foi regravada por Billy Ward and the Dominoes, onde finalmente se tornou um hit nas paradas, chegando a vender a incrível marca de um milhão de cópias. A versão de Elvis ficou muito bem executada, com aceleração de seu ritmo original, até porque agora a música era puro rock ´n´ roll na voz de Presley. O curioso é que a versão de Elvis acabou inspirando outro roqueiro famoso da época, Eddie Cochran, que também registrou sua própria interpretação na música pelo selo London em 1959, justamente quando Elvis estava bem distante, servindo o exército americano na Alemanha.

Elvis Presley - Elvis Presley (1956): Músicas da Sun Records - Elvis Presley (vocal e violão) / Scotty Moore (guitarra) / Bill Black (baixo) / Produzido Por Sam Phillips / Arranjado por Elvis Presley, Scotty Moore, Bill Black e Sam Phillips / Gravado no Sun Studios, Memphis / Data de gravação: 5 de julho de 1954, 19 de agosto de 1954, 10 de setembro de 1954 e 11 de julho de 1955. Músicas da RCA Victor - Elvis Presley (vocal, violão e piano) / Scotty Moore (guitarra) / Chet Atkins (guitarra) / Bill Black (baixo) / D.J. Fontana (bateria) / Floyd Cramer (piano) / Short Long (piano) / Gordon Stocker, Ben e Brock Speer (acompanhamento vocal) / Produzido por Steve Sholes / Arranjado por Elvis Presley e Steve Sholes / Gravado nos RCA Studios - Nova Iorque e Nashville / Data de Gravação: 10,11,30 e 31 de janeiro e 3 de fevereiro de 1956 / Data de Lançamento: março de 1956 / Melhor posição nas charts: #1 (EUA) e #1 (UK).

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 2 de dezembro de 2004

Terra dos Faraós

Título no Brasil: Terra dos Faraós 
Título Original: Land of the Pharaohs
Ano de Lançamento: 1955
País: Estados Unidos
Estúdio: Warner Bros
Direção: Howard Hawks
Roteiro: William Faulkner, Harry Kurnitz
Elenco: Jack Hawkins, Joan Collins, Dewey Martin

Sinopse:
O poderoso e tirano faraó Quéops deseja construir a maior pirâmide jamais feita no Egito antigo. Para isso ele precisa de homens inteligentes. Feito prisioneiro de guerra, um brilhante arquiteto é levado até o monarca com o objetivo de também trabalhar nessa obra monumental. 

Comentários:
Outro filme muito bom sobre o Egito antigo. Aqui o espectador é transportado para os tempos do reinado do Faraó Quéops. Pouco se sabe sobre sua história, mas as informações que existem foram muito bem utilizadas pelo roteiro dessa grande produção. Por exemplo, os historiadores sabem que ele era um tirano sanguinário e que foi o construtor da grande pirâmide, a maior delas, localizada no vale de Gizé. O bom é ver que o estúdio não economizou nas cenas espetaculares, como as que mostram a própria construção da pirâmide. São cenas que ainda hoje impressionam. E tudo foi feito em um tempo em que não existia efeitos digitais, por computador. Aquela multidão de trabalhadores era real, com milhares de figurantes em cena. Além da boa produção, o filme também contou com um bom roteiro. Não decepciona e nem faz feio se formos comparar com os épicos romanos produzidos por Hollywood. Deixo assim minha recomendação para esse filme realmente muito bom! Não deixe de assistir! 

Pablo Aluísio.

O Egípcio

Título no Brasil: O Egípcio
Título Original: The Egyptian
Ano de Lançamento: 1954
País: Estados Unidos
Estúdio: Twentieth Century Fox
Direção: Michael Curtiz
Roteiro: Philip Dunne, Casey Robinson
Elenco: Jean Simmons, Victor Mature, Gene Tierney

Sinopse:
Um jovem médico cai nas graças do Faraó, o salvando da morte certa. Levado até a corte, ele passa a testemunhar as intrigas e traições da monarquia do Egito antigo. Ao mesmo tempo se apaixona perdidamente por uma mulher que vai se tornar sua ruína. Filme indicado ao Oscar na categoria de Melhor Direção de Fotografia (Leon Shamroy). 

Comentários:
Eu já tinha ouvido falar muito desse filme, muitos anos antes de assistir pela primeira vez. Esse foi o filme que Marlon Brando se recusou a fazer. Ele dizia na época que o roteiro era uma porcaria. O estúdio então o pressionou, sem sucesso, para estrelar essa produção. Por essa razão fiquei com a impressão que o filme iria ser uma porcaria. Ledo engano! O filme é bom sim! Diria que me surpreendeu! A história me prendeu a atenção desde as primeiras cenas. Eu gosto muito da história do Egito Antigo e pude perceber que os roteiristas foram bem respeitosos para com a história milenar dessa civilização. Também vejo como ponto positivo a própria história do protagonista. É uma daquelas histórias universais, que poderiam muito bem se passar nos dias de hoje. O resultado de tudo isso é um filme que merece ser redescoberto e reavaliado pelos cinéfilos que gostam de cinema clássico. 

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 1 de dezembro de 2004

Demônios Submarinos

Título no Brasil: Demônios Submarinos
Título Original: Hellcats of the Navy
Ano de Lançamento: 1957
País: Estados Unidos
Estúdio: Columbia Pictures
Direção: Nathan Juran
Roteiro: Charles A. Lockwood, Hans Christian 
Elenco: Ronald Reagan, Nancy Davis, Arthur Franz

Sinopse:
As ousadas façanhas de um comandante de submarino cuja missão é mapear os campos minados nas águas do Japão durante a Segunda Guerra Mundial.

Comentários:
Ronald Reagan foi o presidente dos Estados Unidos na década de 1980. Muitas décadas antes, ele estava em Hollywood tentando a sorte como ator, tentando virar um astro. Ele nunca foi, mas conseguiu fazer bons filmes. Esse aqui é um deles. É um filme chapa branca da Marinha americana, inclusive contando com a ajuda técnica do Almirante Nimitz, um herói da Segunda Guerra Mundial. Também é bem ufanista, mostrando todos os militares como heróis acima do bem e do mal. Apesar disso, de ser até mesmo uma coisa meio antiquada, o filme funciona. Até mesmo as cenas submarinas são bem realizadas. Muita gente fala mal do filme, por questões políticas. Eu penso de forma diferente. É uma boa diversão em termos de filmes de guerra. Por fim, um detalhe curioso: a atriz Nancy Davis iria se casar com Reagan. se tornando nos anos 80 a primeira dama do país. 

Pablo Aluísio.

Véspera de Natal

Título no Brasil: Véspera de Natal
Título Original: Christmas Eve
Ano de Lançamento: 1947
País: Estados Unidos
Estúdio: United Artists
Direção: Edwin L. Marin
Roteiro: Laurence Stallings, Richard H. Landau
Elenco: George Raft, Randolph Scott, George Brent

Sinopse:
Para salvar a fortuna de um sobrinho designer, Matilda Reed deve localizar seus três filhos adotivos há muito perdidos a tempo de uma reunião na véspera de Natal.

Comentários:
O ator George Raft foi muito popular em seu tempo. Hoje ninguém mais lembra dele, coitado, anda completamente esquecido. Do Randolph Scott ainda se fala, principalmente para quem é fã de filmes de western. E é justamente pela presença do Scott, um astro cowboy de que sempre gostei, que vejo valer a pena ver esse filme. É uma produção bem antiga e de certa forma foi marcante naquela época em que o Scott passou a pensar em abandonar todos os demais gêneros cinematográficos para só fazer filmes de faroeste. E por ser, de certa maneira, um filme meio fraco e bem mediano, parece que após filmar aqui essa produção, ele finalmente tomou sua decisão, para alegria de seus fãs de filmes de western ao velho estilo. 

Pablo Aluísio.

terça-feira, 2 de novembro de 2004

O Último Dia dos Nazis

Título no Brasil: O Último Dia dos Nazis 
Título Original: Last Days of the Nazis
Ano de Lançamento: 2015
País: Estados Unidos
Estúdio: Every Hill Films
Direção: Nicole Rittenmeyer
Roteiro: Nicole Rittenmeyer
Elenco: Rudolf Hoess, Albert Speer, Mathias Schenk

Sinopse:
Série documental em seis episódios que recria os últimos dias de nazistas infames. Capturados pelas forças aliadas após o fim da segunda guerra, esses criminosos foram levados para longos interrogatórios. Os episódios são baseados justamente nesses depoimentos, recriando o horror da Alemanha Nazista. 

Comentários:
Muito bom esse programa! É daqueles que você assiste o primeiro episódio por mera curiosidade e não para mais! Muitos dos nazistas aqui enfocados eram de segundo ou terceiro escalão. Isso obviamente não os eximem dos crimes de guerra que cometeram, muito pelo contrário. Ficamos conhecendo, por exemplo, um oficial SS que cometeu várias atrocidades na Polônia. Seu grupamento era formado por prisioneiros, homens insanos, assassinos, ladrões, etc. E o chefe deles era o pior de todos, um genocida convicto que matava com o maior prazer idosos, mulheres e crianças! Tão violento e psicopata era, que chocou até mesmo os demais oficiais da SS, que eram conhecidos justamente pelo comportamento insano! O horror nazista realmente parece nunca ter chegado ao fim. Nunca saberemos todos os crimes que eles cometeram. É importante resgatar esse tipo de história para que nunca mais venha a ocorrer novamente. Nazismo, nunca mais! 

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 1 de novembro de 2004

Os Mistérios do Palhaço Assassino

Título no Brasil: Os Mistérios do Palhaço Assassino 
Título Original: John Wayne Gacy
Ano de Lançamento: 2022
País: Estados Unidos
Estúdio: Discovery Plus
Direção: Arthur Conner
Roteiro: Arthur Conner
Elenco: Jason Moran (policial investigador), John Wayne Gacy (em imagens de arquivos). 

Sinopse:
Usando a moderna tecnologia de identificação de restos mortais, o departamento de polícia de Illinois tenta descobrir a identidade de várias vítimas do serial killer John Wayne Gacy, conhecido como O Palhaço Assassino. 

Comentários:
Assassinos em série como John Wayne Gacy deixam um rastro de mortes e sangue por onde passam. E nem sempre todas as suas vítimas são identificadas. Como esses crimes ocorreram há muitos anos, em um tempo onde não havia a devida tecnologia para esse tipo de identificação, tudo ficou nas sombras. Atualmente, com o avanço da tecnologia genética, já se torna possível identificar as pessoas que foram assassinadas pelo Palhaço Assassino. É justamente esse o mote principal dessa boa série documental do Discovery. Em minha opinião esse não é apenas um resgate histórico, mas também um aspecto muito importante da dignidade dessas vítimas. As famílias possuem todos os direitos inerentes a identificação de seus parentes mortos. E nesse caso eram todos jovens, na melhor fase da vida. Uma tragédia que tenham cruzado caminho com esse demente insano! Enfim, um documentário que une tecnologia e emoção nas medidas certas. Que agora, plenamente identificadas, essas pessoas possam descansar em paz! 

Pablo Aluísio.

Aqui Quem Fala é o Zodíaco

Título no Brasil: Aqui Quem Fala é o Zodíaco
Título Original: This Is the Zodiac Speaking
Ano de Lançamento: 2024
País: Estados Unidos
Estúdio: Nerflix
Direção: Phil Lott, Ari Mark
Roteiro: Phil Lott, Ari Mark
Elenco: David Seawater, Connie Seawater, Don Seawater

Sinopse:
Nos anos 60 um pacato professor de ensino fundamental, chamado  Arthur Leigh Allen, acabou se envolvendo com uma mulher solteira que tinha vários filhos. O tempo passou e essas crianças, hoje adultas, relembram essa estranha figura. Para elas, não restam dúvidas: ele era o infame assassino do Zodíaco. 

Comentários:
A verdadeira identidade do assassino que matou diversas pessoas em San Francisco durante os anos 60 jamais foi descoberta. Esse serial killler conhecido como Zodíaco trouxe terror e morte na Califórnia naqueles tempos, mas jamais foi identificado e preso. Agora, passadas décadas dos crimes, uma família decidiu contar seu lado da história. Para eles o verdadeiro Zodíaco era o pacato professor Arthur Leigh que se envolveu com sua mãe quando eles eram crianças. De fato esse sujeito foi mesmo um dos suspeitos, mas nunca se conseguiu provar nada contra ele. Então essa boa série, apesar de defender sua tese, acaba, no final, indo para um decepcionante zero a zero no placar. Nada consegue se provar com certeza, ficando tudo apenas nas especulações. E em algumas situações, onde se tenta colocar o tal professor nos locais dos crimes, tudo me pareceu bem forçado. Até que o documentário é bom, mas não me convenceu sobre a real identidade desse assassino, um dos mais infames serial killers da história. O mistério continua...

Pablo Aluísio.