Rory Devaney (Brad Pitt) é um jovem irlandês ligado ao grupo terrorista IRA (Exército Republicano Irlandês, muito ativo na época) que vai até Nova Iorque com o objetivo de comprar armamento pesado para a luta de sua organização dentro da Irlanda. Uma vez lá acaba se hospedando com uma falsa identidade na casa de um policial, Tom O'Meara (Harrison Ford), que em pouco tempo começa a desconfiar das suas atividades em solo americano. Bom, como é de esperar em Hollywood a intenção dos produtores ao realizar esse filme foi unir dois astros do cinema, campeões de bilheteria na época, o jovem Pitt e o veterano Ford. Claro que era uma boa ideia do ponto de vista comercial. Além disso seria bem interessante unir duas gerações de atores em apenas um filme. A questão é que se você é um cinéfilo experiente sabe logo de antemão que nem sempre um elenco famoso garante um excelente filme. É bem o caso desse "Inimigo Íntimo".
Apesar do argumento interessante o resultado é bem morno e mediano, nada memorável. Provavelmente a indefinição sobre qual rumo a seguir tenha prejudicado o resultado final. O roteiro ora valoriza o lado mais dramático de sua história, com ênfase nas relações humanas, ora tenta ser um filme de ação com baixo teor de adrenalina. Sem saber direito para onde ir, acaba aborrecendo ambos os públicos. Os fãs de filmes de ação acharam tudo sem sal e o público acostumado com dramas acabou achando tudo mal desenvolvido. Some-se a isso a atuação preguiçosa de Harrison Ford e os ataques de estrelismo de Brat Pitt e você entenderá porque uma boa iniciativa acabou mesmo ficando pelo meio do caminho.
Inimigo Íntimo (The Devil's Own, Estados Unidos, 1997) Direção: Alan J. Pakula / Roteiro: Kevin Jarre, David Aaron Cohen / Elenco: Harrison Ford, Brad Pitt, Margaret Colin / Sinopse: Dois homens, com origens em comum, acabam descobrindo que estão em lados opostos da lei. Enquanto um é um policial dedicado, o outro está envolvido em atividades terroristas.
Sete Anos no Tibet
O filme "Sete Anos no Tibet" foi baseado no livro autobiográfico de Heinrich Harrer, um alpinista austríaco que a serviço do Terceiro Reich tentou escalar um dos maiores picos do mundo mas que foi preso por tropas inglesas no começo da II Guerra Mundial. Após um período como prisioneiro de guerra na Índia, Heinrich (interpretado no filme por Brad Pitt) consegue escapar, indo parar no distante e isolado Tibet (ou Tibete), um país teocrático liderado por uma criança que na crença religiosa local seria a reencarnação de uma alma iluminada conhecida como Dalai Lama. O ocidental então acaba se tornando próximo do líder tibetano justamente durante a truculenta ocupação chinesa na região após o líder comunista chinês Mao Tsé Tung decretar o Tibet como parte da República Popular da China. "Sete Anos no Tibet" é um sensível drama que mostra um choque de civilizações terrível. De um lado a cultura religiosa milenar do povo Tibetano. Do outro o pulso forte do socialismo ateu de Mao. Pacífico por natureza e convicção a população daquele país teve que lidar com o regime linha dura socialista da China, em um novo governo brutal e sanguinário que considerava toda e qualquer religião um veneno para o desenvolvimento do Estado.
Uma das questões mais interessantes que me lembrei ao rever "Sete Anos no Tibet" foi que na época de seu lançamento vários filmes trataram da ocupação chinesa no Tibete mas de uns anos para cá o tema sumiu de pauta do cinema americano, isso apesar de estarmos longe de uma solução para a situação internacional daquela região. O que aparenta ter acontecido foi que Hollywood parece ter descoberto o mercado chinês para seus filmes atualmente. Impossível ignorar um mercado consumidor de um bilhão de pagantes de entradas de cinema. Assim o tema do Tibete acabou sendo varrido discretamente para debaixo do tapete pela indústria americana de entretenimento o que é uma pena pois violações de direitos internacionais nunca deveriam sair de cena. Tirando as questões políticas de lado "Sete Anos no Tibet" é sem dúvida uma ótima película, com tudo o que o cinéfilo mais consciente tem direito: um bom roteiro, um tema relevante, excelentes interpretações de todo o elenco e ótima reconstituição de época. Alem disso como ignorar a maravilhosa fotografia? Enfim, todos os requisitos para um grande filme estão aqui, por isso se ainda não assistiu não deixe de conferir.
Sete Anos no Tibet (Seven Years in Tibet, Estados Unidos, 1997) Direção: Jean-Jacques Annaud / Roteiro: Becky Johnston baseado no livro de Heinrich Harrer / Elenco: Brad Pitt, David Thewlis, BD Wong, Mako / Sinopse: Heinrich Harrer (Brad Pitt) é um alpinista austríaco que tenta escalar um dos maiores picos do mundo mas acaba sendo preso por tropas inglesas no começo da II Guerra Mundial. Após um período preso na Índia, Heinrich (interpretado no filme por Brad Pitt) consegue escapar, indo parar no distante e isolado Tibet (ou Tibete) onde acaba se tornando próximo do líder tibetano, o Dalai Lama.
Encontro Marcado
A morte sempre foi um mistério para o homem. Assim não é de se admirar que aqui ela (ou ele) ganhe carne e osso e vire um personagem de ficção. "Meet Joe Black" é justamente isso. Quando assisti ao filme pela primeira vez (no cinema) eu realmente achei o argumento muito sombrio, de complicado desenvolvimento e entendimento para o grande público. É um texto com muito simbolismo e poucas pessoas realmente perceberam as nuances do roteiro na época.
Anthony Hopkins representa a futilidade e a frivolidade da vida. Dinheiro, poder, sucesso financeiro, será que isso tudo leva alguém a algum lugar? Será que traz mesmo felicidade? Brad Pitt, por outro lado, representa o grande mistério, o vácuo, o abismo. Verdade seja dita, um ator como ele, que na época estava desfrutando do auge de sua popularidade, estrelando um sucesso de bilheteria atrás do outro, ter a coragem de aceitar o papel de Joe Black é realmente algo digno de admiração. Ele não se importou com sua imagem ou nem mesmo com suas fãs adolescentes (que muito provavelmente não captaram a verdadeira mensagem do filme) e resolveu arriscar, ser ousado. Isso de certa forma já provava que ele não era apenas um galã como tantos outros. Era de fato um ator talentoso - algo que provaria nos anos seguintes.
Confesso que na primeira vez que assisti a essa produção não consegui gostar muito. Certamente entendi o texto subliminar mas para um jovem aquilo não tinha tanta importância. Revendo agora pude perceber que esse é um daqueles casos em que apenas a maturidade e a experiência de vida conseguem fazer o espectador enxergar além do que é visto na tela. Em meu caso pude perceber isso muito bem. Os anos vividos fizeram com que a mensagem do roteiro ganhasse uma outra dimensão agora. Se é o seu caso reveja, certamente o filme mostrará detalhes que passaram despercebidos anteriormente.
Encontro Marcado (Meet Joe Black, Estados Unidos, 1998) Direção: Martin Brest / Roteiro: Ron Osborn, Jeff Reno / Elenco: Brad Pitt, Anthony Hopkins, Claire Forlani / Sinopse: William Parrish (Anthony Hopkins) é um homem extremamente bem sucedido no mundo dos negócios. Magnata das comunicações ele acaba conhecendo um estranho sujeito chamado simplesmente de Joe Black. É uma figura estranha, que causa terror e curiosidade em Parrish. O tal estranho está particularmente interessado em entender a natureza humana e por isso propõe um estranho e inusitado pacto com seu anfitrião.
Clube da Luta
"Fight Club" foi muito badalado em seu lançamento. Não era para menos, pois de fato o filme unia uma proposta nova e inteligente com um roteiro cheio de boas sacadas. Os personagens retratam de certa maneira o vazio existencial que impera entre os mais jovens ou entre adultos que descobrem que o jogo finalmente acabou, que não há mais nenhuma esperança no fim do túnel. Para escapar do sufocante tédio do dia a dia e preencher esse vácuo em suas almas, eles partem em busca de emoções mais viscerais, animais mesmo, trazendo-os de volta a um estado mais natural e selvagem.
A briga assim funciona não apenas como uma brilhante válvula de escape do massacrante cotidiano, mas também como um retorno às origens animalescas dos seres humanos. Para muitos especialistas estamos assim diante da maior obra prima assinada pelo criativo cineasta David Fincher. Não há como negar que Fincher é seguramente um dos cinco diretores mais brilhantes que surgiram em meados dos anos 1990. Seus filmes nunca se rendem ao lugar comum cinematográfico, especialmente aqueles que tinham tudo para se tornarem fitas descartáveis como "Seven" ou "O Curioso Caso de Benjamin Button", mas que numa verdadeira tacada de mestre se tornaram pequenos clássicos contemporâneos.
O elenco também está em momento particularmente inspirado. Edward Norton, o narrador e também protagonista de tudo o que acontece, transparece em sua voz toda a melancolia e falta de ânimo de seguir em frente com sua vida enfadonha. Brad Pitt dá vida a um personagem completamente amoral, que não liga mais para qualquer tipo de valor humano que um dia tenha sido importante para a vida civilizada em sociedade. Infelizmente no Brasil o filme ficou também tristemente marcado por uma tragédia ocorrida em um cinema, quando um jovem estudante de medicina com problemas mentais abriu fogo contra o público em um cinema de São Paulo. Melhor esquecer esse tipo de coisa e louvar sempre o excelente nível desse "Clube da Luta", um dos melhores filmes do cinema americano surgidos dos últimos anos.
Clube da Luta (Fight Club, Estados Unidos, 1999) Estúdio: Twentieth Century Fox / Direção: David Fincher / Roteiro: Jim Uhls, baseado na obra de Chuck Palahniuk / Elenco: Brad Pitt, Edward Norton, Helena Bonham Carter, Meat Loaf / Sinopse: Tyler Durden (Brad Pitt) se junta a outros homens como ele, para violentos combates pelos subterrâneos das grandes cidades com o desesperado objetivo de escapar de alguma forma do marasmo e do tédio da vida moderna. Nesse mundo de extremos, um narrador (Edward Norton) conta suas experiências nesse submundo que muitos ignoram existir. Filme indicado ao Oscar nas categorias de melhores efeitos sonoros, melhores efeitos especiais e melhor edição. Indicado ainda a 19 outros prêmios, entre eles Brit Awards, MTV Movie Awards e Las Vegas Film Critics Society.
Snatch: Porcos e Diamantes
Guy Ritchie pode ser um diretor bem pedante. Um exemplo disso você encontra nesse "Snatch: Porcos e Diamantes" (2000). A intenção do cineasta era realizar um filme bem estilizado, com muita violência e longos diálogos, ao estilo Tarantino, só que tudo passado em uma Londres escura, chuvosa e cheia de criminalidade. Nos becos escuros da cidade convivia toda uma fauna de escroques de todos os tipos: promotores desonestos de lutas de boxes, cobradores violentos de apostas ilegais, membros da máfia russa, ladrões de bancos incompetentes, etc. Só a escória, sem mocinhos e heróis, só bandidos e vilões. Ritchie tinha mesmo uma pequena obsessão por esses tipos. Só que no meio de tantos personagens, usando e abusando de um roteiro ao estilo mosaico, tudo acabou se perdendo, ficando diluído demais.
Claro que a crítica adorou e elevou o filme a um dos melhores da década, mas isso foi obviamente um exagero da imprensa. Embora o filme tenha alguns bons momentos, no geral ele se torna estilizado demais, caindo para a caricatura pura e simples (o que não foi nada bom para o resultado final). Quando os personagens começam a agir como se estivessem em um desenho animado ultra violento, a sensação é mesmo de que há algo de errado no filme. No final das contas o que salva "Snatch" de ser uma pura perda de tempo é o seu elenco. Brad Pitt, Benicio Del Toro e até Jason Statham estão muito bem em cena. Eles demonstram foco, querendo dar mesmo o melhor de si. Pena que a direção pesada demais de Guy Ritchie acabou prejudicando mais do que ajudando o elenco. Então é isso. Esse é um exemplo perfeito de um filme superestimado pela crítica da época, que acabou prejudicado por seus próprios exageros. Revisto hoje em dia suas falhas se tornam bem mais óbvias.
Snatch: Porcos e Diamantes (Snatch, Inglaterra, França, 2000) Direção: Guy Ritchie / Roteiro: Guy Ritchie / Elenco: Jason Statham, Brad Pitt, Benicio Del Toro, Vinnie Jones / Sinopse: Um grupo de criminosos tenta, rivais entre si, tenta colocar as mãos em um lote de diamantes roubados. Filme premiado pelo Empire Awards na categoria de melhor direção - filme britânico (Guy Ritchie). Também indicado na categoria de melhor filme britânico do ano de 2000.
Pablo Aluísio.
Filmografia Brad Pitt - Parte 3
ResponderExcluirPablo Aluísio.