domingo, 16 de fevereiro de 2020

O Intrépido General Custer

Cinebiografia romanceada do General George Armstrong Custer (Errol Flynn) e sua sétima cavalaria. A tropa ficou muito famosa na história norte-americana por causa de suas lutas contra tribos hostis lideradas pelo chefe Sioux Touro Sentado. O clímax do filme acontece justamente na batalha de Little Big Horn quando os soldados americanos enfrentaram de forma decisiva, em campo aberto, as hordas indígenas. Quando resolvi assistir esse filme fui com o pensamento de que veria uma produção muito bem realizada, historicamente incorreta, mas que no final das contas tinha tudo para ser um bom western de entretenimento estrelado pelo ídolo Errol Flynn. Acertei bem no alvo! 

O título em inglês é uma expressão popular no exército que se refere aos soldados mortos em serviço, no campo de batalha - uniformizados, com suas botas! (They Died with Their Boots On). Pois bem, a primeira parte do filme é um tanto romanceada além do que seria razoável, inclusive com toques de humor em excesso, algo que eu realmente não esperava nesse tipo de produção. Essa parte inicial tem muito mais a ver com o estilo bonachão de Errol Flynn do que com a biografia do general Custer, que era um sujeito sisudo e de poucas palavras na vida real (ao contrário da caracterização de Flynn, sempre sorridente e soltando piadas).

Já dos sessenta minutos em diante o filme cresce muito (são duas horas e meia de duração). Isso acontece porque o lado mais romanceado do filme é deixado de lado para que o roteiro desenvolva os eventos que aconteceram com o General e seus soldados. A partir desse momento do filme Custer se torna um general e vai para o oeste lutar nas chamadas guerras indígenas. O filme aqui se torna mais sério, com roteiro muito bem estruturado e com um final muito bem realizado, inclusive do ponto de vista histórico (os tropeços em termos de história ocorrem quase todos na primeira parte do filme). O elenco de apoio traz a simpática Olivia de Havilland fazendo mais uma vez o interesse romântico de Flynn. Charley Grapewin surge no papel de "California Joe", um dos melhores personagens do filme, aqui na pele de um excepcional ator, ótimo mesmo. De resto o filme faz jus à fama do diretor Raoul Walsh, sempre muito competente. Se não é fiel do ponto de vista histórico, pelo menos serve, ainda nos dias de hoje, como um competente veículo de diversão para o espectador.

O Intrépido General Custer (They Died with Their Boots On, EUA, 1941) Direção: Raoul Walsh / Roteiro: Wally Kline, Eneas MacKenzie / Elenco Errol Flynn, Olivia de Havilland, Arthur Kennedy / Sinopse: Cinebiografia romanceada do General George Armstrong Custer (Errol Flynn) e sua sétima cavalaria. Militar famoso desde os tempos da guerra civil ele liderou uma série de ataques contra índios rebeldes em territórios distantes do velho oeste e acabou tendo um final trágico.

Pablo Aluísio.

sábado, 15 de fevereiro de 2020

Oscar 2020 - Vencedores


Parasita
Acabou se tornando o grande vencedor da noite, para surpresa de muitos. Claro, todo mundo esperava que levasse o Oscar de Melhor Filme Estrangeiro. Era um franco favorito. Porém o filme foi além, venceu também na categoria de Melhor Filme. Dois prêmios importantes. Foi a primeira vez que isso aconteceu na história. Penso que foi um erro. Acabou tornando as categorias redundantes. E foi um exagero, apesar dos méritos cinematográficos dessa obra coreana. E não parou por ai, o filme foi generosamente premiado por Melhor Direção (para Bong Joon Ho) e Melhor Roteiro Original (Bong Joon Ho e Jin Won Han). Enfim levou estatuetas importantes e fez história.

Coringa
Foi o filme que mais levou indicações, porém no final das contas provou-se mais uma vez que a Academia tem dificuldades em premiar nas melhores categorias filmes que sejam baseados em quadrinhos. É um velho preconceito. De qualquer maneira ganhou o Oscar de Melhor Ator para Joaquin Phoenix. Era o mais favorito de todos os favoritos. Ninguém ficou surpreso e foi mais do que merecido. Esnobado nas demais categorias importantes acabou levando ainda o Oscar de Melhor Trilha Sonora Original para Hildur Guðnadóttir. Outro prêmio merecido.

Era Uma Vez em... Hollywood
A viagem de ácido de Tarantino aos anos 60 merecia melhor sorte em minha opinião. Porém levantou uma estatueta importante, a de Melhor Ator Coadjuvante para Brad Pitt. Essa foi uma categoria acirrada, concorrida, apenas com grandes nomes. Pitt acabou vencendo pela simpatia e pelo conjunto de sua filmografia. É um ator que vem tentando melhorar a cada ano. Merece reconhecimento por isso. O outro prêmio dado a esse filme foi bem merecido, o de Melhor Design de Produção (para Barbara Ling e Nancy Haigh). Antigamente essa categoria era chamada de Direção de Arte. Recriar todo aquele clima dos anos 60, com carros, cenários, roupas de época, realmente não era uma tarefa fácil. O filme de Tarantino conseguiu isso, nos levando diretamente para aquela década.

Judy: Muito Além do Arco-Íris
Essa cinebiografia dos últimos anos de vida da atriz e cantora Judy Garland acabou sendo premiada numa categoria bem importante, a de Melhor Atriz para Renée Zellweger. Foi um belo trabalho. Ela captou mesmo a vulnerabilidade daquela mulher em decadência artística e pessoal. A Zellweger tem aquela sensibilidade própria para captar pessoas assim. Seu prêmio é dito como seu renascimento em Hollywood. Mas será mesmo? Mickey Rourke também recebeu um prêmio justamente nessa vibe, mas depois de algum tempo voltou a sumir. Espero que isso não aconteça com a Renée Zellweger.

História de um Casamento

Outro filme que de certa forma ficou no meio do caminho. Mesmo assim levou o honroso Oscar de Melhor Atriz Coadjuvante para a veterana Laura Dern. Ela interpretou a advogada da esposa, no meio daquela guerra que sempre surge após o divórcio. Havia alguma esperança para Scarlett Johansson e Adam Driver que fizeram um grande trabalho de atuação. Porém eles não venceram, o que de certa maneira foi uma injustiça também já que esse filme é um daqueles que valorizam acima de tudo o trabalho dos atores.

1917
O favoritismo que o filme ganhou ao vencer o Globo de Ouro não se concretizou nessa noite. Assim o filme acabou só vencendo em categorias técnicas. Entre elas a mais importante foi a de Melhor Direção de Fotografia, com o veterano Roger Deakins. Fora isso o filme só venceu em Melhor Mixagem de Som e Melhores Efeitos Visuais. A categoria do som foi muito merecido. Os técnicos do filme colocaram microfones nas roupas dos atores para captar tudo, seus passos, o som ambiente, etc. Já de Melhores Efeitos Visuais foi uma surpresa, já que todos os efeitos fazem parte do filme e estão tão centradas na narrativa que pouca gente percebeu sua importância.

Adoráveis Mulheres
Um filme excelente, muito agradável de assistir, que merecia mais no Oscar. Acabou levando um Oscar óbvio de Melhor Figurino (para a estilista Jacqueline Durran). Recriar todos aqueles vestidos antigos, não é algo simples de se fazer. Para ser o mais realista possível ela consultou documentos no Museu de Londres, foi atrás de gravuras e desenhos de moda da época e conseguiu um efeito maravilhoso. Filmes de época precisam se esmerar mesmo nesse tipo de categoria. O Oscar foi mais do que justo.

Jojo Rabbit
O diferente "Jojo Rabbit" foi premiado por Melhor Roteiro Adaptado (Taika Waititi). Fiquei surpreso, apesar das boas ideias dessa adaptação. Realmente algumas vezes é complicado transportar todo um universo imaginário para a tela e ter sucesso nesse processo. Algumas ideias dão certo no papel, mas sua execução acaba se tornando problemática quando vira cinema. O roteirista desse filme conseguiu superar esse tipo de barreira.

Ford vs Ferrari
Mais um excelente filme que também só venceu em categorias técnicas. Levou o Oscar de Melhor Edição (Andrew Buckland e Michael McCusker) e Melhor Edição de Som (Donald Sylvester). Fazer funcionar na tela de cinema uma corrida em alta velocidade exige também uma edição primorosa, para colocar todos os detalhes dos carros e da pista em celuloide. Aqui não houve maiores controvérsias. E no caso do som, segue o mesmo parâmetro. Afinal carros fazem barulho e o som dos motores possantes devem ter um efeito catalisador no público. É gerar emoção através do que se ouve.

Toy Story 4
Venceu o Oscar de Melhor Animação do ano, dado para os produtores do filme, Josh Cooley, Mark Nielsen e Jonas Rivera. Muita gente não gostou. Além de ser um filme número 4 de uma franquia já até bem antiga, a opinião maioritária foi que os demais concorrentes eram bem melhores. Na minha opinião esse filme ganhou porque investiu fundo na emoção, no sentimento familiar das pessoas. Acabou atingindo o coração dos membros da Academia.

Rocketman
Merecia maior reconhecimento por parte da Academia. Porém acabou vencendo um Oscar importante, o de Melhor Música, para "I'm Gonna Love Me Again". Foi uma forma de reconhecer a importância da obra e da carreira de Elton John. Ele que mesmo sendo um superstar tanto trabalhou em trilhas sonoras para filmes ao longo dos anos merecia essa homenagem. Seu parceiro de tantos anos na composição, o ótimo Bernie Taupin, também foi agraciado. Palmas para eles.

O Escândalo
Esnobado nas categorias mais importantes. Acabou levando o Oscar de Melhor Maquiagem e Penteados (para o trio Kazu Hiro, Anne Morgan e Vivian Baker). Na minha opinião aqui aconteceu algo curioso. Claro que a maquiagem do filme foi muito bem feita, mas o resultado ficou esquisito. As atrizes perderam aspectos de suas faces originais, criando no espectador um sentimento estranho, como se elas fossem bonecas de plástico do tipo Barbie. Eu achei que foi algo desnecessário. Preferia lidar com a beleza natural de todas essas mulheres.

Indústria Americana
O filme venceu na categoria de Melhor Documentário. Era o favorito, então a categoria foi sem maiores surpresas. Muita gente falou do documentário brasileiro "Democracia em Vertigem", mas esse não tinha chances. Na bolsa de aposta de Londres ele estava em último lugar. Também não ajudaram as críticas afirmando que o filme era pura propaganda política de um partido brasileiro. A desonestidade intelectual de seu roteiro também foi um ponto negativo. Esse é um ponto de vista que concordo. Propagandas políticas, com roteiros que distorcem a realidade dos fatos históricos, não merecem mesmo vencer prêmios importantes como o Oscar. Deixem isso apenas para obras de arte puramente cinematográficas. O Brasil merece seu Oscar, mas que ele venha por um filme digno.

Pablo Aluísio.

Medo Profundo 2

O primeiro filme custou pouco e faturou muito bem, rompendo a marca dos 100 milhões de dólares nas bilheterias. Para um pequeno filme de terror e suspense com tubarões estava bom demais! Assim o estúdio se apressou para lançar mais um filme. Menos de dois anos depois do primeiro, já chegava aos cinemas essa sequência. A fórmula segue basicamente a mesma. Garotas bonitas que se metem em problemas quando decidem mergulhar em águas perigosas. O diferencial é que no primeiro filme eram duas jovens, agora são quatro (mais comida para os predadores). Outra mudança foi que o mergulho agora é dentro de uma caverna no México. No lugar há ruínas de um antigo templo Maia. As relíquias arqueológicas estão submersas. Mergulho em cavernas é considerado extremamente perigoso, mas as meninas não pensam sobre isso e vão em busca de aventuras. Claro, tudo vai dar muito errado, ainda mais ao descobrirem que o lugar está infestado de tubarões brancos, cegos, das profundezas. Altamente vorazes, eles começam a perseguir as moças com fúria.

Esse diretor inglês chamado Johannes Roberts tem se especializado em filmes como esse. Ele não apenas dirigiu o primeiro "Medo Profundo", como também um bom filme de terror ao velho estilo, o interessante "Do Outro Lado da Porta". Outro filme dele que gostei foi "Os Estranhos: Caçada Noturna". Ele é bom nesse nicho. E pensar que um de seus primeiros filmes foi o trash  "A Fúria de Simuroc", onde uma ave gigante atacava uma pobre família. Pelo visto ele melhorou muito desde então. Enfim, fica aqui a dica desse segundo filme. Assim como o primeiro, esse também me agradou bastante.

Medo Profundo 2: O Segundo Ataque (47 Meters Down: Uncaged, Estados Unidos, 2019) Direção: Johannes Roberts / Roteiro: Ernest Riera, Johannes Roberts / Elenco: Sophie Nélisse, Corinne Foxx, Brianne Tju / Sinopse: Quatro garotas americanas são atacadas por tubarões gigantes dentro de uma caverna no México. No lugar há diversas ruínas de um secular templo da civilização perdida Maia.

Pablo Aluísio. 

sexta-feira, 14 de fevereiro de 2020

Joias Brutas

Adam Sandler assinou com a Netflix para atuar em quatro filmes na plataforma. Os primeiros filmes não fugiram muito do que ele está acostumado a fazer no cinema. Esse "Joias Brutas", por outro lado, se diferencia de tudo o que ele já fez em sua carreira. Passa longe de ser uma comédia e traz a melhor atuação de Sandler em toda a sua longa filmografia. É sintomático que por anos o nome de Adam Sandler tenha sido associado a filmes ruins. E ele de fato abusou muito nesse requisito, atuando em coisas medonhas. Porém temos aqui uma pequena redenção pessoal, mostrando que ele de fato sabe atuar bem. Sandler não apenas dá conta do seu personagem, como surpreende em seu trabalho como ator.

Aqui nesse filme ele interpreta um vendedor de joias em Nova Iorque. Howard Ratner (Adam Sandler) é uma espécie de borrão de um tipo de comerciante judeu muito popular na cidade. O sujeito parece também apresentar todos os defeitos possíveis em um homem de sua idade. É basicamente um enrolão e um enrolado. Enrolão porque vai enrolando seus credores - alguns deles bem perigosos - até os limites da insanidade. Ele deve muito e para muita gente, mas sempre tem uma desculpinha para se safar. E nesse processo ele também se torna um enrolado, tentando fazer um negócio para cobrir outro, enquanto vai se perdendo nas inúmeras confusões em que se enfia. Chega a ser engraçado, mas naquela situação em que se dá um sorriso nervoso.

E essa sucessão de problemas também vai para sua vida pessoal. Ele tem uma amante fixa, que mantém em um apartamento, tudo bancado por ele. E tudo isso feito debaixo do nariz da esposa e filhos. Ele definitivamente tem pouco ou nenhum caráter. Porém de todos os seus pecados o pior é o vício em apostas. Completamente descontrolado, ele aposta valores altos em jogos da NBA. E isso vai fazendo com que todos percam a paciência com ele. Inclusive esse caminho vai levá-lo a um beco sem saída. O filme é tenso, mantém um nervosismo próprio durante toda a história. A ansiedade e o nervosismo do protagonista passa para o roteiro e isso faz um diferencial e tanto. A edição é ágil, indo para um lugar, para o outro, sem parar. É a própria vida do personagem principal. E a explosão de violência na cena final é o clímax que já era esperado após tanta tensão. Eu nunca pensei que iria escrever isso, mas em muitos momentos o Adam Sandler me lembrou o Al Pacino em seus bons momentos. Quem diria que algo assim um dia iria acontecer? Enfim, um filme muito bom. Bem trabalhado, bem roteirizado, com excelentes atuações. Entra no rol das melhores coisas já produzidas pela Netflix.

Joias Brutas (Uncut Gems, Estados Unidos, 2019) Direção: Benny Safdie, Josh Safdie / Roteiro: Ronald Bronstein, Josh Safdie / Elenco: Adam Sandler, Julia Fox, Idina Menzel / Sinopse: O filme conta a história de um vendedor judeu de joias de Nova Iorque. Sua vida e seus negócios são completamente caóticos. Filme premiado pelo Film Independent Spirit Awards, na categoria de Melhor Ator (Adam Sandler) e Melhor Direção.

Pablo Aluísio.

O Segredo da Câmara Escura

Título no Brasil: O Segredo da Câmara Escura
Título Original: Le Secret de la Chambre Noire
Ano de Produção: 2016
País: França, Bélgica
Estúdio: Film-In-Evolution, Balthazar Productions
Direção: Kiyoshi Kurosawa
Roteiro: Kiyoshi Kurosawa, Catherine Paillé
Elenco: Tahar Rahim, Constance Rousseau, Olivier Gourmet, Mathieu Amalric, Valérie Sibilia, Fabrice Adde

Sinopse:
O jovem Jean (Tahar Rahim) é contratado para trabalhar como assistente no estúdio de fotografia de Stéphane (Gourmet). Ele é um especialista em recriar velhas técnicas do século XVIII. Tudo se passa numa velha mansão, com uma atmosfera gótica e sinistra.

Comentários:
Filme francês de suspense psicológico dirigido por um japonês. Essa estranha mistura de elementos até que resultou em um filme bem interessante. Todos sabemos que o cinema europeu (e o francês, em particular) tem seu próprio ritmo. Tudo se desenvolve lentamente, nada de pressa. É um estilo bem diferente do que vemos em filmes americanos. Esse aqui também apresenta essa peculiaridade. A partir do momento em que um jovem começa a trabalhar com um fotografo especializado em recriar técnicas que eram usadas em fotos antigas, coisas estranhas começam a acontecer. Ele é torturado pela morte da esposa e tem um relacionamento de conflito com sua filha, que é também sua principal modelo nas fotos. Essas precisam de uma exposição que dura horas para ficarem boas. E isso é cansativo e torturante. Aos poucos o velho mestre em fotos do passado, passa a ter alucinações com a esposa falecida. De duas uma, ou a morta realmente está rondando as sombras da velha mansão ou ele está intoxicado com o mercúrio que precisa usar nas velhas máquinas de fotografia de séculos passados. Não vá esperando por grandes sustos, etc. O cinema praticado aqui é bem sutil, jogando o tempo todo com a imaginação do espectador, nem sempre tendo a obrigação de explicar nada do que se vê na tela. É algo bem mais sensorial.

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 13 de fevereiro de 2020

Morra, Smoochy, Morra

Título no Brasil: Morra, Smoochy, Morra
Título Original: Death to Smoochy
Ano de Produção: 2002
País: Estados Unidos
Estúdio: Warner Bros
Direção: Danny DeVito
Roteiro: Adam Resnick
Elenco: Robin Williams, Edward Norton, Danny DeVito, Catherine Keener, Jon Stewart, Pam Ferris

Sinopse:
Popular entre as crianças no passado, Rainbow Randolph (Robin Williams) agora está acabado. Ele se envolveu com apostas, gângsters e todo tipo de negócio sujo. E a imprensa descobriu tudo, destruindo sua carreira. Agora as crianças abraçam outro ídolo infantil, o Smoochy (Edward Norton), o que desperta a fúria de Rainbow!

Comentários:
Robin Williams teve excelentes momentos no cinema durante os anos 80. Só que a partir dos anos 90 as coisas foram parando para ele. Robin teve problemas sérios com cocaína e quase parou de fazer filmes. Ele ainda teve uma pequena sobrevida na carreira, mas também colecionou fracassos comerciais nessa fase. Um desses filmes que naufragaram nas bilheterias foi esse "Morra, Smoochy, Morra". A produção que havia consumido 50 milhões de dólares de custo conseguiu nas bilheterias arrecadar apenas 8 milhões. Um prejuízo e tanto para um filme que ninguém se interessou em ver. E o humor do filme é meio estranho realmente. Robin interpreta um animador infantil de TV chamado Rainbow Randolph. É um sujeitinho estranho. Ao mesmo tempo em que anima as crianças, tem uma vida obscura por trás. Quando ele é trocado por um cara vestido com uma roupa de rinoceronte roxo de nome Smoochy, ele tenta matar o novo ídolo das crianças. Enfim, um roteiro que não se decide entre ser uma comédia meio boba ou um filme barra-pesada sobre inveja e assassinato. A direção ficou com Danny De Vito, o baixinho que todos conhecemos de tantas comédias dos anos 80. Seu trabalho até que não ficou de todo ruim, pois o humor negro do filme tem lá seus bons momentos. O problema é que o público simplesmente não comprou a ideia do filme e aí não teve jeito. Foi prejuízo comercial na certa. Só lamento que um ator tão bom como Edward Norton não tenha tido maior êxito nesse gênero. Como sempre ela está muito bem, trazendo uma ingenuidade bem abobada (e adequada) ao seu personagem.

Pablo Aluísio.

O Show Não Pode Parar

Título no Brasil: O Show Não Pode Parar
Título Original: The Kid Stays in the Picture
Ano de Produção: 2002
País: Estados Unidos
Estúdio: Highway Films
Direção: Nanette Burstein, Brett Morgen
Roteiro: Brett Morgen
Elenco: Robert Evans, William Castle, Francis Ford Coppola, Catherine Deneuve, Ava Gardner, Ernest Hemingway

Sinopse:
Esse é um documentário sobre a vida do produtor Robert Evans, um dos mais poderosos e criativos executivos da história do cinema americano, tendo trabalhado como chefe dos estúdios Paramount durante os anos de 1966 a 1974. 

Comentários:
Para quem gosta da história do cinema americano, esse documentário é um item essencial. Ele conta a vida de Robert Evans. E quem foi ele? Começou como ator, mas já aos 34 anos de idade enveredou para a produção, onde se deu muito bem. Acabou como chefe de produçao da Paramount Pictures, reinando na companhia durante anos. Foi dele a ideia de levar para as telas o livro "O Poderoso Chefão", além de ser o homem por trás de filmes como "Chinatown", "O Bebê de Rosemary" e diversos outros clássicos da época. Chegou a ser chamado de o "Golden Boy" da indústria cinematográfica americana, mas viu seu brilho ir embora por causa de problemas com drogas pesadas, inclusive cocaína. Depois enfrentou muitos problemas legais após seu divórcio e foi vendo sua estrela parar de brilhar aos poucos. Esse documentário mostra tudo, desde a sua ascensão, até sua queda. O melhor para quem é cinéfilo é descobrir os bastidores de alguns dos grandes filmes da história, com Evans tendo que lidar com atores problemáticos e diretores egocêntricos. Um bom retrato de uma época do cinema que infelizmente não existe mais.

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 12 de fevereiro de 2020

Parasita

Eu acompanho o Oscar há muitos anos. Poucas vezes vi um vencedor do prêmio de melhor filme do ano ser tão polêmico e controvertido. Para piorar o quadro esse filme venceu duplamente, nas categorias de melhor filme estrangeiro e melhor filme. Isso nunca havia acontecido antes na história da Academia de Hollywood. Fato inédito, que deixou muitas pessoas completamente surpresas. E aí surgem logo duas perguntas na mente daquele que gosta de cinema. A primeira é simples. O filme é bom? Sim, "Parasita" é um bom filme. Sem dúvida é interessante. O filme mereceu mesmo tanta glorificação, será que é mesmo o melhor filme do ano? Não. Nem em sonho. Isso é uma bobagem. Pensar assim chega a ser infantil e tolo.

"Parasita" foi tão premiado por fatos que nada têm a ver com qualidade cinematográfica. Havia pelo menos quatro outros filmes bem melhores do que ele na disputa. "O Irlandês", "1917", "Era uma vez em... Hollywood" e "Jojo Rabbit" são filmes bem melhores. Então por que foi premiado? Por motivos políticos, pelos motivos errados. Os membros da Academia quiseram passar uma mensagem com essa premiação. Além disso a guerra de egos em Hollywood sempre fala mais alto. Assim é melhor premiar alguém de fora do que premiar aquele diretor ou produtor de que não se gosta. "O Parasita" era um filme neutro em Hollywood. E premia-lo iria passar uma imagem de progressismo. Foi só por isso que esse filme venceu.

E tirando tudo isso do caminho, o que sobra? Basicamente um bom filme, mas nada demais, nada maravilhoso. "O Parasita" não é nenhuma obra-prima. Ele passeia por vários gêneros cinematográficos, que vão desde uma comédia de costumes, passando por drama, chegando até uma cena final trágica que me lembrou filmes trash de terror. O roteiro é assim uma mistura, para parecer antenado e cult. No quadro geral até me interessei pelo que iria acontecer no enredo, mas não vou ficar de joelhos para esse filme em absolutamente nada. Para falar a verdade esse "Parasita" soa como uma birra dos votantes. Não é para menos que o Oscar teve uma de suas piores audiências dos últimos anos. A lacração já encheu a paciência do público americano. Essa é a verdade.

Parasita (Gisaengchung, Coréia do Sul, 2019) Direção: Bong Joon Ho / Roteiro: Bong Joon Ho / Elenco: Kang-ho Song, Sun-kyun Lee, Yeo-jeong Jo / Sinopse: O destino de duas famílias, uma rica e uma pobre, se cruzam numa cidade da Coréia do Sul. O filho da família Kim, que vive em condições ruins, vai dar aula para a filha da família de classe alta. Aos poucos ele começa a colocar todos os seus parentes para trabalharem na casa, enganando seus patrões. Filme vencedor do Oscar nas categorias de Melhor Filme, Melhor Direção, Melhor Roteiro Original e Melhor Filme Estrangeiro.

Pablo Aluísio.

Simone

Título no Brasil: Simone
Título Original: S1m0ne
Ano de Produção: 2002
País: Estados Unidos
Estúdio: New Line Cinema
Direção: Andrew Niccol
Roteiro: Andrew Niccol
Elenco: Al Pacino, Catherine Keener, Winona Ryder, Evan Rachel Wood, Rachel Roberts, Jeffrey Pierce

Sinopse:
Nesse filme o ator Al Pacino interpreta o agente Viktor Taransky. Quando a atriz de seu novo filme decide abandonar a produção no meio das filmagens, ele toma uma decisão incomum, fora dos padrões, decidindo radicalizar. Assim é criada uma atriz totalmente digital. Só que isso não é informado ao público, levando todos a pensarem que ela é uma pessoa real.

Comentários:
Al Pacino foi um dos grandes atores da década de 1970, só que ele foi perdendo o rumo no decorrer dos anos. Não que nesse período ele não tenha feito filmes bons. Certamente o fez. Porém ele se empenhou em cada projeto ruim que vou te contar... Esse "S1m0ne" é um de suas filmes mais equivocados. Provavelmente deslumbrados com os avanços da tecnologia, os produtores decidiram fazer esse filme muito fraco e sem graça. Al Pacino passa o enredo inteiro tentando esconder de todos que sua grande estrela de cinema, aquela que despertou paixões e criou uma legião de fãs, não é de carne e osso. É apenas a criação de um programa de computador. E o mais complicado dessa produção é que a tal "Simone" não engana ninguém, pois não era muito convincente. E isso foi percebido e dito na época de lançamento do filme. O curioso é que hoje em dia já se cogita fazer filmes com atores mortos há anos. Um projeto promete trazer James Dean de volta, mesmo que ele esteja  morto desde a década de 1950. Querem recriar o ator, agora totalmente digital, para ele estrelar um filme! Algo próximo do enredo desse filme aqui. Quem poderia imaginar algo assim? Pois é. Pena que Simone não tenha resultado em um filme bom.  Se minha memória não me engana assisti esse filme no cinema e olha, foi uma tremenda decepção. Al Pacino poderia passar sem essa.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 11 de fevereiro de 2020

Jojo Rabbit

De todos os filmes que concorreram ao Oscar de melhor filme do ano, esse era o que eu menos tinha vontade de assistir. A premissa não me parecia conveniente. Fazer uma espécie de comédia sobre o nazismo, com um menino de dez anos que tinha Hitler como seu amiguinho imaginário me soava um pouco demais. Porém depois de assistir ao filme minhas ideias preconcebidas foram deixadas de lado. Eu estava errado. O fato é que "Jojo Rabbit" é muito bom! E isso definitivamente é uma surpresa e tanto para quem for assistir. Não esperava que a tentativa de fazer humor sobre a ideologia do nacional socialismo fosse dar tão certo. E pensando bem, era até muito adequado. Afinal acreditar em ideologias como o nazismo ou o comunismo exige uma certa infantilidade. Então nada mais conveniente que colocar tudo sob os olhares de uma criança.

O protagonista do filme tem apenas 10 anos de idade. Ele vive na Alemanha, durante a II Guerra Mundial. Como toda criança de sua idade ele também vai para a juventude nazista e lá enche a cabeça com toda  aquela ideologia absurda. E o humor nasce justamente quando somos expostos a ideias nazistas tais como elas eram passadas para os jovens da época. No final tudo soa muito nonsense e o segredo desse bom roteiro é que na história real tudo era assim mesmo, beirando a estupidez completa. Ideologias muitas vezes são fincadas em bases estúpidas. Não há como negar. E assim esse menino vai levando sua vida, tendo Hitler como seu ídolo máximo, com fotos e posters em seu quarto, tudo do Führer, tratado como se fosse um rockstar. O fanatismo inclusive é tão grande que ele vê o próprio Hitler ao seu lado, na forma de um amigo imaginário. E isso, acredite, funciona muito bem. Aliás é uma das boas ideias do roteiro. O riso nasce do nervosismo de ver um genocida do porte de Hitler como uma figura patética, mas próxima do menino.

Outro ponto que faz com que "jojo Rabbit" tenha toques geniais vem do fato de que o garoto acabe descobrindo que há uma garota judia escondida em sua casa. A mãe é uma das poucas pessoas alemãs que tentaram de alguma forma lutar contra aquela ideologia maluca. E na convivência com a judia ele descobre que o povo judeu não é diferente em nada dos alemães. Eles não possuem chifres e nem aspectos de ratos, como faziam crer as propagandas nazistas. Mais do que isso, o garoto nazistinha acaba se apaixonando por ela! O roteiro assim assume um clima de leve fantasia, misturando a mentalidade do menino, cheio de deslumbres de imaginação infantil, com a realidade nua e crua de uma Alemanha prestes a ser destruída. Pensando bem, esse filme é um dos mais geniais que foram lançados no ano. Uma pequena obra-prima cinematográfica.

Jojo Rabbit (Jojo Rabbit, Estados Unidos, Nova Zelândia, República Tcheca, 2019) Direção: Taika Waititi / Roteiro: Taika Waititi, baseada na obra de Christine Leunens / Elenco: Roman Griffin Davis, Thomasin McKenzie, Scarlett Johansson, Taika Waititi, Sam Rockwell / Sinopse: Durante a Segunda Guerra, um garotinho de apenas 10 anos vai para a juventude nazista onde sofre toda a doutrinação do regime. Em casa porém sua mãe esconde uma jovem garota judia, por quem ele acaba se apaixonando. Filme vencedor do Oscar na categoria de Melhor Roteiro Adaptado (Taika Waititi). Também indicado nas categorias de Melhor Filme, Melhor Atriz Coadjuvante (Scarlett Johansson), Melhor Figurino, Melhor Design de Produção e Melhor Edição. Indicado ao Globo de Ouro nas categorias de Melhor Filme - Comédia ou Musical e Melhor Ator (Roman Griffin Davis).

Pablo Aluísio. 

Um Dia para Relembrar

Título no Brasil: Um Dia para Relembrar
Título Original: Two Bits
Ano de Produção: 1995
País: Estados Unidos
Estúdio: Miramax
Direção: James Foley
Roteiro: Joseph Stefano
Elenco: Al Pacino, Mary Elizabeth Mastrantonio, Jerry Barone, Andy Romano, Donna Mitchell

Sinopse:
O garotinho Gennaro (Jerry Barone) é muito afeiçoado ao seu avô (interpretado por Al Pacino). Um dia o velho lhe pede um grande favor. Acontece que ele ainda tem assuntos inacabados com o passado e precisa agora da ajuda do neto para resolvê-los.

Comentários:
Essa produção da Miramax foi lançada timidamente no Brasil. Acredito que não chegou nem a entrar em cartaz nos cinemas brasileiros, sendo lançado diretamente no mercado de vídeo. É um drama, com pequenos toques de nostalgia, que mostra o relacionamento entre um avô sonhador e até mesmo romântico e seu pequeno neto, um garotinho bem esperto. Assim essa produção mais requintada do que o habitual é mais indicada para um público que preze por filmes mais familiares, que lidem com os relacionamentos envolvendo todos os parentes, porém em especial nesse tipo de aproximação mais carinhosa entre o avô e seu neto. Curiosamente Al Pacino e Mary Elizabeth já tinham trabalhado juntos antes, no violento "Scarface", porém lá eles eram irmãos. Foi por indicação dele que ela acabou sendo contratada para esse filme. E como tudo estava em casa mesmo, o próprio Al Pacino confessou numa entrevista que só havia feito o filme por causa da consideração que tinha com o diretor James Foley, com quem ele já tinha trabalhado em "O Sucesso a Qualquer Preço" (1992). Conforme ele mesmo explicou: "Quando um grande amigo faz um convite para você, fica impossível simplesmente dizer não!".

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 10 de fevereiro de 2020

Highlander 2 - A Ressurreição

Título no Brasil: Highlander 2 - A Ressurreição
Título Original: Highlander II - The Quickening
Ano de Produção: 1991
País: Inglaterra, França
Estúdio: Columbia Pictures
Direção: Russell Mulcahy
Roteiro: Gregory Widen, Brian Clemens
Elenco: Christopher Lambert, Sean Connery, Virginia Madsen, Michael Ironside, Allan Rich, Phillip Brock

Sinopse:
O ano é 2024. A humanidade vive protegida embaixo de um escudo atmosférico vermelho, necessário após o fim da camada de Ozônio. O Imortal MacLeod (Lambert) vive nesse futuro escuro e sombrio. Até que um dia novos imortais surgem para desafiá-lo em duelos de espadas pelas ruas de sua cidade. Agora ele terá que vencer os combates, ao mesmo tempo em que tentará salvar o que restou do planeta.

Comentários:
Tinha tudo para ser um bom filme. O diretor Russell Mulcahy aceitou o convite para dirigir essa primeira sequência e até Sean Connery embarcou no projeto. O problema é que esqueceram de escrever um bom roteiro. A ideia de colocar o Highlander MacLeod em um futuro distópico foi muito, muito ruim. O roteiro absorveu paranoias ecológicas da época, como o fim da camada de ozônio, o que destruiu completamente seu visual. Aquela camada vermelha na atmosfera hoje em dia soa não apenas datada, como bem ridícula. O roteiro também apresenta coisas completamente forçadas, que não fazem o menor sentido. O personagem de Sean Connery, por exemplo, foi decapitado no filme anterior, ficando 500 anos morto. Aqui ele ressurge, sem maiores explicações. No máximo ele diz rapidamente que está agradecido a "magia". Que magia foi essa? Aliás praticamente todas as cenas com Connery são desperdiçadas. Ele retorna, faz uma ou duas piadinhas, como na cena da viagem de avião e depois na loja de roupas, em cenas de alívio cômico, e depois de poucos momentos marcantes simplesmente desaparece novamente. Sim, Connery deveria voltar, mais em bem elaboradas cenas de flashback, do passado, mas não nessas sequências sem graça e sem propósito. Para não dizer que o filme é todo ruim, pelo menos duas coisas se salvam. A boa direção de fotografia, resultando em belas cenas lembrando "Blade Runner" e o vilão interpretado por Michael Ironside. Fora isso, o filme afunda com suas bobagens, com sua mensagem ecológica chata e com os efeitos especiais, que envelheceram demais nesses anos todos. Enfim, um conceito muito legal com a mitologia dos imortais, personagens bacanas, que acabaram destruídos por um roteiro muito ruim.

Pablo Aluísio.

O Custo da Coragem

Título no Brasil: O Custo da Coragem
Título Original: Veronica Guerin
Ano de Produção: 2003
País: Estados Unidos, Inglaterra
Estúdio: Touchstone Pictures
Direção: Joel Schumacher
Roteiro: Carol Doyle
Elenco: Cate Blanchett, Colin Farrell, Brenda Fricker, Ciarán Hinds, Gerard McSorley, David Murray

Sinopse:
Baseado em uma história verídica, o filme mostra a história da jornalista irlandesa Veronica Guerin (Cate Blanchett). Repórter do The Sunday Independent, ela começa a expor, numa série de reportagens, o mundo do crime na cidade de Dublin, o que a torna alvo de traficantes e poderosos barões do crime.

Comentários:
Muitas pessoas não param para pensar muito nisso, mas a verdade é que a profissão de jornalista é uma das mais perigosas do mundo. Principalmente quando esses profissionais começam a revelar, em suas matérias investigativas, crimes envolvendo pessoas poderosas. Esse filme conta a história de uma dessas jornalistas que acaba tendo sua vida ameaçada. Ela denuncia um grupo de poderosos, todos envolvidos com o mundo do crime em sua cidade, Dublin, na Irlanda. A partir daí ela começa a perceber o cerco se fechando ao seu redor. Como é um drama conceituado, o filme precisava mesmo de um bom elenco. E contando com a excelente Cate Blanchett, tudo ficou perfeitamente recriado na tela. Essa atriz já é considerada uma das melhores de sua geração. E sua filmografia, tirando algumas pequenas derrapadas, é muito boa e relevante. Inclusive ela foi indicada ao Globo de Ouro por sua boa atuação. Em minha opinião deveria ter vencido, não apenas por seu trabalho, que foi realmente excelente, mas também como uma forma de apoio a jornalistas que trabalham ao redor do mundo e são ameaçados como a própria protagonista do filme. A boa mensagem do roteiro chama bastante atenção para justamente isso. Enfim, um filme acima da média, muito indicado a quem gosta de um cinema mais politizado e engajado em causas importantes para a sociedade.

Pablo Aluísio.

domingo, 9 de fevereiro de 2020

Vida que Segue

Título no Brasil: Vida que Segue
Título Original: Moonlight Mile
Ano de Produção: 2002
País: Estados Unidos
Estúdio: Touchstone Pictures
Direção: Brad Silberling
Roteiro: Brad Silberling
Elenco: Jake Gyllenhaal, Dustin Hoffman, Susan Sarandon, Alexia Landeau, Bob Clendenin, Richard Fancy

Sinopse:
Um jovem permanece na casa da família de sua noiva, após sua morte acidental. Todos estão obviamente chocados, entristecidos e de luto. O caso acaba indo parar na justiça, com diversos desdobramentos. Enquanto isso o rapaz acaba se apaixonando novamente, mesmo que ele tente lutar contra esses novos sentimentos.

Comentários:
A Touchstone Pictures era um braço da Disney para filmes voltados para a família. Na maioria das vezes eram comédias, mas daquelas inofensivas, que poderiam ser assistidos em um ambiente familiar. Raramente esse selo lançava algo mais dramático, mais voltado para uma carga de dramaturgia maior. Uma dessas exceções foi justamente esse drama psicológico "Vida que segue". A primeira coisa que chama a atenção é seu ótimo elenco. Aqui o veterano Dustin Hoffman trabalhou pela primeira vez xom o jovem (e elogiado) Jake Gyllenhaal e com a atriz e ativista de esquerda Susan Sarandon. A combinação deu bastante certo. O diretor Brad Silberling vinha do sucesso da série "Felicity" e incorporou muito da linguagem que usava no programa para o filme. Seu estilo mais introspectivo já havia se destacado em "Cidade dos Anjos" e aqui ele procurava repetir a dose. Digo que ficou muito bom. Todos os elementos combinam e no filme ficamos com aquela satisfação de quem acabou de assistir a um bom filme. Nada seria melhor do que isso.

Pablo Aluísio.

Seu Marido e Minha Mulher

Título no Brasil: Seu Marido e Minha Mulher
Título Original: Waking Up in Reno
Ano de Produção: 2002
País: Estados Unidos
Estúdio: Miramax
Direção: Jordan Brady
Roteiro: Brent Briscoe, Mark Fauser
Elenco: Billy Bob Thornton, Charlize Theron, Patrick Swayze, Natasha Richardson, Holmes Osborne, Cleo King

Sinopse:
Dois casais de amigos decidem passar as férias juntos. Tudo muito bem planejado, todos bem animados com essa oportunidade de se divertir e relaxar. Só que as coisas começam a complicar quando o marido de um dos casais acaba se apaixonando pela esposa do outro.

Comentários:
É um tipo de comédia romântica que se leva mais à sério do que o habitual. O roteiro explora esse tipo de situação que é usado por romances e livros há anos, ou melhor dizendo, há séculos. "Não cobiçareis a mulher do próximo" já afirmava um dos mandamentos do velho testamento. Ora, e é justamente nessa cobiça que a história se desenvolve. Esses dois casais saem de férias e o maridão acaba ficando louco para roubar a mulher do próximo, logo ele sendo um de seus amigos. Claro, situação venenosa e explosiva, mas aqui tudo sendo levado numa tomada mais light. O marketing do filme aproveitou para instigar a curiosidade do público ao adotar o slogam: "Eles eram amigos bem próximos! Talvez próximos demais, mais do que os outros". Pois é, meus caros, marido que não dá assistência acaba abrindo concorrência! Mas enfim. O elenco traz um Patrick Swayze, ainda se aproveitando de seu estilo galã, algo que seria deixado para trás por causa de um câncer agressivo que iria ter e uma bela e jovem Charlize Theron. Ela não era uma grande estrela de Hollywood na época, mas apenas uma loira exuberante tentando encontrar seu lugar no mercado. Por fim o triângulo amoroso se completava com Billy Bob Thornton no papel de marido corno (quase) manso. Enfim, bom programa. Envelheceu um pouquinho, mas ainda diverte.

Pablo Aluísio.

sábado, 8 de fevereiro de 2020

Entre Facas e Segredos

Um escritor de livro de mistérios, rico e famoso, é encontrado morto em seu escritório. Supostamente ele teria cometido suicídio com uma faca. Porém a sua morte deixa inúmeras dúvidas. Afinal ele não demonstrava que queria acabar com sua vida. Um detetive particular, Benoit Blanc (Daniel Craig), é contratado por uma pessoa desconhecida para participar das investigações. Com todos os familiares do morto reunidos em sua mansão começam as especulações. Todos ali pareciam ter bons motivos para matar o velho. Mas afinal quem seria o real assassino? E como teria sido cometido esse assassinato? São perguntas que Blanc tentará responder.

Essa é a premissa básica desse "Entre Facas e Segredos". Para quem conhece livros de mistério fica claro que o roteiro aqui bebe de uma fonte bem conhecida. A obra literária de Agatha Christie é uma referência óbvia. Sempre há uma morte misteriosa e todos os personagem que gravitaram em torno de morto são suspeitos. Filhos, filhas e netos são suspeitos.

Com ótimo elenco, esse filme recebeu uma indicação honrosa ao Oscar na categoria de Melhor Roteiro Original. Dito isso, devo confessar que não achei o mistério tão inspirado assim. Qualquer livro de Agatha Christie tem trama muito mais bem elaborado. O filme procura criar um clima pois o enredo se passa praticamente todo dentro de uma velha mansão, mas até nisso penso que o filme ficou um pouco superficial. O grande mérito desse filme em minha opinião vem do elenco, todo muito bom. A começar pelo veterano Christopher Plummer, um ator que não canso de elogiar. Ele interpreta o escritor que é encontrado morto. Porém não se preocupe, ele tem várias cenas no filme, sempre retornando em longos flashbacks. A bonita Ana de Armas interpreta a assistente e enfermeira do velho escritor. Ele é ponto central da história. Com olhos azuis, quase sempre olhando para o vazio, ela ainda consegue ser expressiva. Penso que é um bom filme, mas para quem é leitor dos grandes livros de mistério do passado, sua trama não soará tão excelente como andaram dizendo por aí. É sim algo até bem trivial.

Entre Facas e Segredos (Knives Out, Estados Unidos, 2019) Direção: Rian Johnson / Roteiro: Rian Johnson / Elenco: Daniel Craig, Christopher Plummer, Chris Evans, Ana de Armas, Jamie Lee Curtis, Michael Shannon, Toni Collette / Sinopse: O detetive particular Benoit Blanc (Daniel Craig) vai até uma velha mansão para investigar uma morte misteriosa. O rico e famoso escritor de livros de mistério Harlan Thrombey (Christopher Plummer) foi encontrado morto. Há uma versao oficial de que ele teria se matado, mas será que isso seria a verdade dos fatos? Filme indicado ao Globo de Ouro nas categorias de Melhor Filme, Melhor Atriz (Ana de Armas) e Melhor Ator (Daniel Craig).

Pablo Aluísio. 

Sou Espião

Título no Brasil: Sou Espião
Título Original: I Spy
Ano de Produção: 2002
País: Estados Unidos
Estúdio: Columbia Pictures,
Direção: Betty Thomas
Roteiro: Morton S. Fine, David Friedkin
Elenco: Eddie Murphy, Owen Wilson, Famke Janssen, Malcolm McDowell, Gary Cole, Viv Leacock

Sinopse:
Quando o Switchblade, o mais sofisticado protótipo de caça furtivo criado até agora, é roubado do governo dos EUA, um dos principais espiões da América, Alex Scott (Owen Wilson), é chamado à ação. O que ele nem poderia esperar era ter que lidar com Kelly Robinson (Eddie Murphy), um sujeito que quer ajudar, mas que no final só atrapalha.

Comentários:
Dois comediantes de que gosto muito... em um filme simplesmente ruim demais para se levar em conta. Eu poderia resumir tudo assim, de forma rápida e eficaz. Não é segredo para ninguém que Eddie Murphy é um dos mais talentosos humoristas dos Estados Unidos. Só que ele sempre teve um grave problema. Muitas vezes o bom e velho Eddie não sabe escolher os roteiros certos. Esse "Sou Espião" é um exemplo perfeito disso. Ele iria trabalhar ao lado de Owen Wilson, outro ator de comédias muito bacana. Um cara divertido e engraçado. Só que ao invés de haver uma escolha de um bom material para que a dupla brilhasse em cena, acabou se escolhendo um tipo de humor fora de moda, cafona mesmo. Essa coisa de satirizar filmes de espião já ficou para trás - e há muitos anos. Talvez se Eddie ainda estivesse nos anos 80, ainda vá lá. Com um pouco de boa vontade haveria como gostar disso. Mas agora? Perdeu o timing certo. No final sobra um filme sem graça com dois ótimos comediantes. Como isso é possivel? Ora, pela péssima escolha do roteiro certo. Só isso.  E talvez por isso o filme também tenha se tornado um dos grandes fracassos de bilheteria daquele ano. E olha que foi até muito merecido...

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 7 de fevereiro de 2020

Transformers - A Vingança dos Derrotados

Título no Brasil: Transformers - A Vingança dos Derrotados
Título Original: Transformers - Revenge of the Fallen
Ano de Produção: 2009
País: Estados Unidos
Estúdio: DreamWorks, Paramount Pictures
Direção: Michael Bay
Roteiro: Ehren Kruger, Roberto Orci
Elenco: Shia LaBeouf, Megan Fox, Josh Duhamel, Tyrese Gibson, John Turturro, Ramon Rodriguez

Sinopse:
Sam Witwicky (Shia LaBeouf) deixa os Autobots para trás para tenter levar uma vida normal. Mas quando sua mente fica cheia de símbolos enigmáticos, os Decepticons o atacam e ele é arrastado de volta à guerra dos Transformers. Filme indicado ao Oscar na categoria de Melhor Mixagem de Som.

Comentários:
Também conhecido como Transformers 2, esse filme colecionou uma série de absurdos que só poderiam acontecer mesmo dentro da indústria americana de cinema. Primeiro de tudo foi o orçamento. O diretor Michael Bay pediu 200 milhões de dólares para rodar esse segundo filme! Isso mesmo, 200 milhões! E os estúdios deram essa grana toda para ele! Como se isso já não fosse louco o bastante, quando o filme começou a ser rodado ele não tinha o roteiro pronto. A produção foi realizada bem no meio da grande greve de roteiristas. Isso comprometeu demais o resultado final. O próprio diretor pediu desculpas e admitiu que o roteiro havia sido escrito às pressas, enquanto as filmagens avançavam. Ele mesmo foi criando as cenas, meio ao acaso, bem no improviso. Por isso não estranhe se a trama tiver mais furos que um queijo suíço. E não para por ai. A atriz Megan Fox brigou feio com Michael Bay e eles deixaram de se falar nas filmagens. E o mais absurdo de tudo aconteceu depois, quando o filme finalmente chegou nas telas de cinema do mundo todo. Mesmo com todo o caos, Transformers 2 virou um mega sucesso de bilheteria, recuperando rapidamente seu investimento no mercado interno e faturando mais de 800 milhões de dólares pelo mundo afora! Nada mal para um filme que nem roteiro tinha...

Pablo Aluísio.

Sobrou pra Você

Título no Brasil: Sobrou pra Você
Título Original: The Next Best Thing
Ano de Produção: 2000
País: Estados Unidos
Estúdio: Paramount Pictures
Direção: John Schlesinger
Roteiro: Tom Ropelewski
Elenco: Madonna, Rupert Everett, Benjamin Bratt, Illeana Douglas, Michael Vartan, Josef Sommer

Sinopse:
Abbie Reynolds (Madonna), cansada de relacionamentos fracassados, tem uma noite de amor com seu amigo gay, o simpático Robert Whittaker (Rupert Everett). E desse encontro casual surge um problema. Ela descobre que está grávida! E agora, como ela irá seguir em frente com esse relacionamento?

Comentários:
Madonna convence como atriz? Será que vale a pena ainda hoje ir atrás de um filme com a cantora em que ela apenas atua? Olha, na minha opinião Madonna não é uma grande atriz. Passa longe disso, mas convence, ou melhor dizendo, engana bem nessa função. Acontece que goste-se dela ou não, o fato é que Madonna tem muito carisma. E ela se aproveita disso em seus filmes ditos convencionais, onde ela não canta e nem se utiliza de seus talentos musicais. E esse filme também pode ser visto como um presente da cantora para seu público gay que é enorme. Madonna sabe muito bem disso e decidiu que iria fazer um filme para eles. Um projeto bem pessoal de agradecimento da artista para seus admiradores do grupo LGBT. Aqui ela teve a sorte de lidar com um roteiro bem interessante, que enfoca a questão dos gays de uma maneira mais leve. Algumas mulheres possuem esse aspecto de se apaixonarem por gays. Não é algo incomum. Algumas até se casam com eles. Nesse filme esse tipo de questão não é discutida muito a fundo. Na realidade o filme está mais para uma comédia romântica onde o casal é mais fora do comum, uma mulher e um homossexual. Será que algo assim poderia dar certo? Assista ao filme e descubra seu final.

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 6 de fevereiro de 2020

Os Assassinatos de Amityville

Você já deve ter assistido muitos filmes da franquia cinematográfica Amityville. É uma das mais longas séries de filmes de terror da história. Virou uma espécie de marca registrada. Pois bem, eu também já vi muitos filmes dessa linha, mas esse foi o primeiro que assisti que enfoca na origem de tudo. E tudo começou por causa de um crime terrível. Em novembro de 1974 um rapaz de 23 anos de idade subiu as escadas de sua casa e matou a sangue frio, com um rifle, seus pais, suas duas irmãs adolescente e seus dois irmãos caçulas, na época eles eram apenas garotos. Um crime horroroso que abalou os Estados Unidos e o mundo.

O assassino era Butch DeFeo. Barbudo, viciado em drogas, ele começou a ouvir vozes que diziam que deveria matar toda a sua família. Quando foi preso afirmou que matou por ordem de um demônio. Nos diversos filmes sobre Amityville os roteiros exploravam o fato da casa ser mal-assombrada, algo relatado principalmente pelas famílias que foram morar lá depois do massacre envolvendo o que aconteceu com a família original.

Esse filme aqui não vai por esse caminho. Ele explora justamente os acontecimentos que ocorreram e levaram à morte todas aquelas pessoas. Por isso achei um dos mais interessantes. Não sabia, por exemplo, que o pai DeFeo era um sujeito violento, abusivo, que provavelmente tinha ligações também com criminosos. E o Jovem Ronald DeFeo ganha maiores contornos. Ele provavelmente teve uma crise psicótica por abusar de drogas. Afinal drogas são catalizadoras de doenças mentais. Como ele vivia drogado, não é de se admirar que tenha cometido um crime tão bárbaro.

Só tem um probleminha nesse roteiro. Ele, muitas vezes, abraça a teoria sobrenatural, que havia mesmo um demônio agindo sobre o assassino. Bem, isso é algo impossível de confirmar. Foi apenas o alegado pelo Butch após matar seus familiares. Assim o filme deixa um pouco de lado o retrato real daquelas pessoas para abraçar mais um linha de filmes de terror. Penso que se tivesse tomado outro caminho, abraçando mais o realismo (como sugerem as fotos reais das vítimas na última cena) a coisa teria ficado muito mais relevante. Porém, provavelmente por motivos comerciais, o roteiro abraçou mesmo o sobrenatural. Mesmo assim o filme não se estraga por esse detalhe. Ele vale muito a pena, principalmente para quem curte filmes de terror com o selo Amityville.

Os Assassinatos de Amityville (The Amityville Murders, Estados Unidos, 2018) Direção: Daniel Farrands / Roteiro: Daniel Farrands / Elenco: John Robinson, Chelsea Ricketts, Paul Ben-Victor, Diane Franklin / Sinopse: O filme recria o brutal crime ocorrido em Amityville, interior do Estado de Nova Iorque, quando um jovem com problemas ligados a drogas, matou toda a sua família com um rifle. O caso daria origem a uma série de histórias de terror envolvendo a casa onde tudo aconteceu. Baseado em fatos reais.

Pablo Aluísio.

Percy Jackson e o Mar de Monstros

Título no Brasil: Percy Jackson e o Mar de Monstros
Título Original: Percy Jackson: Sea of Monsters
Ano de Produção: 2013
País: Estados Unidos
Estúdio: Fox 2000 Pictures
Direção: Thor Freudenthal
Roteiro: Marc Guggenheim, Rick Riordan
Elenco: Logan Lerman, Alexandra Daddario, Brandon T. Jackson, Douglas Smith, Stanley Tucci, Jake Abel

Sinopse:
Percy Jackson (Lerman) é o filho do deus Poseidon. Ele vive com outros descendentes de deuses da mitologia grega dentro de uma região protegida por uma árvore mágica. Quando essa é atacada eles precisam ir até o mar dos monstros para recuperar um artefato mágico que vai curá-la.

Comentários:
Esse foi o primeiro filme de Percy Jackson que eu assisti. Foi o segundo da franquia cinematográfica. Vi diversas semelhanças com Harry Potter. Ambos os personagens são adaptações de livros juvenis de sucesso. São jovens em aventuras fantásticas e o universo em que vivem é repleto de seres e criaturas de pura fantasia. A única diferença maior é que Potter e sua turma são bruxinhos, enquanto Percy Jackson e seus amigos são descendentes dos grandes deuses da mitologia grega. Dito tudo isso achei até bem divertido. Obviamente não estou no grupo etário que o filme quer atingir. Essa produção foi feita para adolescentes ali na faixa de 12 a 15 anos. Penso que esses vão gostar bastante. Afinal o filme tem aventura, seres mitológicos como um touro de bronze e ciclopes, além de outros monstros. Só que a despeito de tudo isso o que mais me espantou foi o orçamento desse filme. Gastaram (e não recuperaram nas bilheterias) a bagatela de 90 milhões de dólares! Como o filme não rendeu o esperado e nem fez muito sucesso, além do fato dos atores terem ficado bem mais velhos com o tempo, provavelmente esse será mesmo o último Percy Jackson para o cinema. De qualquer forma foi até divertido de assistir.

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 5 de fevereiro de 2020

A Máfia Volta ao Divã

Título no Brasil: A Máfia Volta ao Divã
Título Original: Analyze That
Ano de Produção: 2002
País: Estados Unidos
Estúdio: Warner Bros., Village Roadshow Pictures
Direção: Harold Ramis
Roteiro: Kenneth Lonergan, Peter Tolan
Elenco: Robert De Niro, Billy Crystal, Lisa Kudrow, Joe Viterelli, Cathy Moriarty, Jerome Le Page

Sinopse:
Depois de passar anos fazendo análise com o Dr. Ben Sobel (Billy Crystal) em Nova Iorque, o mafioso Paul Vitti (Robert De Niro) finalmente recebe alta de seu médico. Mas quem disse que ele estaria realmente curado? O caos que vem logo a seguir surge para provar que não, absolutamente nada está curado!

Comentários:
É a tal coisa. Se formos analisar bem, chegaremos facilmente na conclusão que só havia material para um filme. E o humor já havia se esgotado no primeiro filme, lançado em 1999, chamado "Máfia no Divã". Só que o diretor Harold Ramis cometeu a falha de tentar novamente, fazer uma sequência. A graça vinha do choque de personalidades, entre um mafioso italiano ignorante e casca grossa e um psicanalista judeu de Nova Iorque. Assim o primeiro filme se salvou, muito por causa do carisma da dupla central de atores. Só que como fez sucesso, aquela comédia acabou gerando essa sequência totalmente desnecessária.. que nem deveria existir. O resultado é pra lá de morno e o pior de tudo, acabou ficando também sem graça. O personagem de Robert De Niro perdeu totalmente a linha, se transformando simplesmente em um tolo, um bobalhão! Acredito até mesmo que a comunidade ítalo-americana que vive nos Estados Unidos ficou com os cabelos em pé, tamanha a quantidade de estereótipos caricatos utilizados pelo roteiro. Parece que desenterraram todas as piadas sobre "carcamanos" da história para ser utilizado em um só filme! No final de tudo a melhor definição é aquela que compara o filme a uma pizza fria que sobrou da noite anterior. Ficou sem sabor,  sem graça. Nem como prato requentado serviria mais. Enfim, muito talento jogado fora em troca de nada.

Pablo Aluísio.

Sem Pistas

Título no Brasil: Sem Pistas
Título Original: Abandon
Ano de Produção: 2002
País: Estados Unidos
Estúdio: Paramount Pictures
Direção: Stephen Gaghan
Roteiro: Stephen Gaghan
Elenco: Katie Holmes, Benjamin Bratt, Charlie Hunnam, Zooey Deschanel, Fred Ward, Mark Feuerstein

Sinopse:
Uma investigação sobre o namorado desaparecido de uma estudante universitária, chamada Katie Burke (Katie Holmes), se torna bastante estranha quando ela começa a vê-lo periodicamente, em praticamente todos os lugares por onde passa. Seria tudo uma mera ilusão de seu mente? Filme indicado ao Sitges - Catalonian International Film Festival.

Comentários:
O tempo passa rápido mesmo. Não parece que faz muito tempo que a atriz Katie Holmes era uma adolescente fazendo sucesso nos Estados Unidos na série teen "Dawson's Creek". O programa durou de 1998 a 2003 e foi um grande sucesso de audiência. Ela interpretava a personagem Joey Potter e logo se tornou uma das mais populares da série. E como Hollywood sempre está em busca de rostos novos logo a levou para estrelar esse filme, um dos primeiros que ela fez. Aqui no Brasil passou praticamente em brancas nuvens, não sendo lançado nos cinemas, chegando diretamente no mercado de vídeo. Eu me recordo que até gostei do filme, mas sem grandes exageros. Foi um filme feito mesmo para o público da Katie Holmes, jovens como ela. Supostamente era para ser um thriller de suspense, mas tudo foi feito de forma tão inócua e inofensiva (provavelmente para não assustar os fãs adolescentes da moça) que acabou virando vinagre puro. Para um veterano cinéfilo apreciador de bons filmes desse gênero não conseguia causar mesmo nenhum efeito. Hoje a fita está completamente esquecida. Justiça temporal?

Pablo Aluísio.

terça-feira, 4 de fevereiro de 2020

O Escândalo

Esse filme foi baseado em uma história real. Algo que aconteceu até mesmo muito recentemente, durante as eleições presidenciais americanas que elegeram Donald Trump. Tudo se passa nos bastidores do canal conservador Fox News. Depois de anos abusando sexualmente de suas jornalistas, o CEO da empresa, o poderoso Roger Ailes (John Lithgow), acaba vendo sua carreira afundar depois que a apresentadora Gretchen Carlson (Nicole Kidman) decide contar tudo. E a partir dai foi mesmo um castelo de cartas que ruiu completamente. A coragem da jornalista incentivou outras a denunciarem o assédio sexual que também sofriam. Com tantas denúncias aparecendo em toda a mídia, o dono da empresa Rupert Murdoch (Malcolm McDowell) precisou tomar medidas mais drásticas.

O filme foi até mesmo muito cotado para o Oscar, mas no final não conseguiu nenhuma premiação mais importante. O Oscar veio na categoria de melhor maquiagem. E aqui cabem algumas considerações. Certamente o trabalho foi muito bem realizado, tentando fazer com que as atrizes se parecessem ao máximo com as jornalistas da história real. Só que isso também trouxe um efeito indesejado de estranheza no espectador. Charlize Theron e Nicole Kidman ficaram bem estranhas sob o meu ponto de vista. Fico pensando que ideia ruim foi essa. Elas são conhecidas mundialmente, enquanto as jornalistas da Fox News só são conhecidas dentro dos Estados Unidos. Então toda essa mudança em suas faces foi algo feito apenas para o público americano. Para o resto do mundo, todo o trabalho só surtiu efeito em deixar as atrizes estranhas. E logo elas, que sempre foram conhecidas por suas belezas naturais.

Outro ponto complicado do filme é seu viés em prol do Partido Democrata. Como se sabe os Estados Unidos vivem uma polarização política extrema entre conservadores (Partido Republicano) e progressistas (Partido Democrata). Os realizadores desse filme não esconderam suas preferências políticas. O canal Fox News, um símbolo do jornalismo conservador americano, vira alvo certeiro. As jornalistas trabalham lá, mas como no caso da personagem de Margot Robbie e sua amiga, são lésbicas, escondem sua vida pessoal e chegam a ter posters de Hillary Clinton em seu apartamento. Olha que bobagem desse roteiro! Dá para levar a sério uma forçada de barra dessas? Quem tem poster de Hillary Clinton na sala de estar de seu apartamento? Ninguém! Não mesmo. Assim o filme tem o ponto positivo de divulgar casos de assédio sexual no mundo corporativo, porém falha em levantar a bandeira do Partido Democrata de forma tão escancarada e até mesmo infantil.

O Escândalo (Bombshell, Estados Unidos, 2019) Direção: Jay Roach / Roteiro: Charles Randolph / Elenco: Charlize Theron, Nicole Kidman, Margot Robbie, John Lithgow, Malcolm McDowell / Sinopse: Depois que a jornalista Gretchen Carlson (Nicole Kidman) denuncia um caso de assédio sexual que sofreu de Roger Ailes (John Lithgow), CEO da Fox News, duas outras colegas, Megyn Kelly (Charlize Theron) e Kayla Pospisil (Margot Robbie), decidem também contar suas histórias de abusos sofridos pelo executivo da emissora. Filme premiado pelo Oscar na categoria de Melhor Maquiagem.

Pablo Aluísio.

Terror a Bordo

Título no Brasil: Terror a Bordo
Título Original: Dead Calm
Ano de Produção: 1989
País: Austrália
Estúdio: Kennedy Miller Productions
Direção: Phillip Noyce
Roteiro: Terry Hayes, Charles Williams
Elenco: Nicole Kidman, Sam Neill, Billy Zane, Rod Mullinar, Joshua Tilden, George Shevtsov

Sinopse:
Um casal faz uma viagem de veleiro pelo oceano. Eles desejam esquecer acima de tudo um grande trauma do passado. Durante a viagem acabam socorrendo um homem encontrado à deriva. O problema é que eles não poderiam imaginar o terror que iria tomar conta de suas vidas depois disso. Filme premiado pelo Australian Film Institute.

Comentários:
Estamos acostumados com a imagem de glamour de Nicole Kidman. Ainda mais depois de tantos anos em Hollywood. Agora imagine encontrar uma Nicole Kidman bem diferente, ainda nos primeiros anos de sua carreira. Alíás o primeiro filme que assisti dela foi justamente esse aqui, ainda nos tempos do VHS. Obviamente eu nunca tinha ouvido falar daquela atriz australiana ruiva (sim, ruiva!) com longos cabelos cacheados. O filme estava sendo muito recomendado pela crítica da época e virou uma espécie de modinha nas locadoras de vídeo. Confesso que mesmo com bom roteiro o filme não me deixou muito surpreendido. Diante dos poucos recursos eles até fizeram um bom filme, mas nada demais e bem abaixo das expectativas criadas pelos críticos brasileiros. È aquele tipo de fita que você levava para casa em um grande pacote de filmes no fim de semana, mas que no final das contas não conseguia se destacar muito. E quem poderia dizer que a Nicole Kidman iria se tornar uma das maiores celebridades de Hollywood nos anos que viriam? Absolutamente ninguém, nem o mais otimista admirador daquela jovem naqueles anos. Eu, naquela época, certamente jamais poderia pensar em nada parecido com isso.

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 3 de fevereiro de 2020

Brooklyn

O ator Edward Norton fez praticamente tudo nesse filme. Ele não apenas interpretou o protagonista, como também dirigiu, escreveu o roteiro e produziu o filme! Desnecessário dizer que foi mesmo um projeto mais do que pessoal para ele. E como tem boas relações com todos em Hollywood conseguiu reunir um ótimo elenco, contando com, entre outros, Bruce Willis, Alec Baldwin e Willem Dafoe. E tudo isso para contar uma história de detetive ao velho estilo, como se fosse uma releitura de filmes do passado como "Chinatown", que é obviamente a maior referência cinematográfica dessa produção.

O enredo gira em torno da morte do detetive particular Frank Minna (Bruce Willis). Ele estava envolvido em algo grande, mexendo com gente graúda da administração da cidade de Nova Iorque. Tentando ganhar algum dinheiro com informações confidenciais acabou caindo numa cilada. Frank tinha uma pequena agência onde também trabalhava um de seus protegidos, Lionel Essrog (Edward Norton). Quando Frank morre, Lionel decide ir atrás da verdade.

Como era de esperar o filme tem inúmeras reviravoltas e revelações. No centro de tudo parece haver um sujeito chave, o secretário de obras de Nova Iorque, Moses Randolph (Alec Baldwin). Ele é um sujeito brilhante, muito ambicioso e que tem a visão de transformar a cidade em algo nunca visto no mundo, porém para colocar seus planos em ação ele não mede esforços, passando por cima de todas as pessoas, inclusive do próprio irmão e da filha. O roteiro assim vai desenvolvendo sua trama. O filme é interessante, mas se perde quando tenta seguir os passos dos antigos clássicos do passado, inclusive do tão cultuado cinema noir. Norton falha em não criar o clima adequado. Há uma boa trilha sonora, com muito jazz, mas no final de tudo achei um filme sem o devido charme nostálgico, que aliás deveria ter sido o seu maior triunfo.

Brooklyn: Sem Pai Nem Mãe (Motherless Brooklyn, Estados Unidos, 2019) Direção: Edward Norton / Roteiro: Edward Norton, baseado no livro escrito por Jonathan Lethem / Elenco: Edward Norton, Bruce Willis, Alec Baldwin, Willem Dafoe, Gugu Mbatha-Raw / Sinopse: O detetive Frank Minna (Bruce Willis) é morto misteriosamente. Seu mais fiel amigo, o também detetive Lionel Essrog (Edward Norton), começa a também investigar o caso e acaba descobrindo que um figurão da política de Nova Iorque, o secretário de obras Moses Randolph (Alec Baldwin) pode estar envolvido. Filme indicado ao Globo de Ouro na categoria de Melhor Trilha Sonora Original (Daniel Pemberton).

Pablo Aluísio. 

Uma Loira em Minha Vida

Título no Brasil: Uma Loira em Minha Vida
Título Original: The Marrying Man
Ano de Produção: 1991
País: Estados Unidos
Estúdio: Hollywood Pictures
Direção: Jerry Rees
Roteiro: Neil Simon
Elenco: Kim Basinger, Alec Baldwin, Robert Loggia, Elisabeth Shue, Armand Assante, Paul Reiser

Sinopse:
O playboy milionário Charley Pearl (Alec Baldwin) acaba conhecendo a cantora e corista de Las Vegas Vicki Anderson (Kim Basinger). Claro, ele fica caidinho pela loira, mas há um problema e tanto a superar. Ela é uma das garotas do gângster Bugsy Siegel, famoso mafioso da época.

Comentários:
Esse filme ficou mais conhecido por causa das histórias de bastidores do que por qualquer outra coisa. E de fato o filme em si não se destaca pelas suas qualidades cinematográficas, mas sim pelas fofocas que aconteceram no set de filmagens. Na época muito se divulgou que o ator Alec Baldwin ficou perdidamente apaixonado pela atriz Kim Basinger. E desse romance não surgiu uma bela história de amor, mas sim um relacionamento explosivo, com muitas brigas e vexames, inclusive na frente de toda a equipe técnica que trabalhava no filme. Assim a imprensa marrom, sensacionalista, fez a festa. Todas as semanas surgiam notícias escandalosas sobre o casal. E o que sobrou em termos de cinema? Basicamente apenas um filme levemente divertido, mediano, em outras palavras uma comédia romântica como tantas outras que chegavam nas telas de cinema da época. Sem maiores surpresas acabou não fazendo sucesso de bilheteria. Nem a presença do sempre ótimo Neil Simon, aqui escrevendo o roteiro, ajudou a melhorar a situação. Já para o Baldwin, bem, o filme mudou a vida dele para sempre. Pena que pelos motivos errados, é bom salientar.

Pablo Aluísio.

domingo, 2 de fevereiro de 2020

As Discípulas de Charles Manson

Charles Manson morreu em 2017. Ele foi o mais infame guru psicótico da história criminal dos Estados Unidos. Aproveitando a repercussão na mídia com seu falecimento, os produtores decidiram financiar esse "Charlie Says" baseado no livro "The Family", escrito por Ed Sanders. O que levou jovens saudáveis, de classe média, a cometerem assassinatos terríveis em prol da causa de um lunático como Manson ainda hoje desperta dúvidas. Seria o seu enorme poder de manipulação? Como esse pequeno homem (tinha 1.50 de altura) conseguiu levar um grupo de homens e mulheres, alguns deles com escolaridade e boa formação, a participarem de crimes horripilantes? Como todos sabemos foi a "família" de Charles Manson quem matou a atriz Sharon Tate e várias outras pessoas em 1969, nas colinas de Hollywood. Crimes que chocaram todo um país.

Eu gostei desse filme porque ele deixa um pouco a figura de Manson de lado para focar nas jovens Leslie 'Lulu' Van Houten, Patricia 'Katie' Krenwinkel e Susan 'Sadie' Atkins. Elas eram jovens, bonitas e seguidoras de Charles Manson. As três participaram dos crimes de Sharon Tate e depois do assassinato de um casal de prósperos comerciantes, o casal La Bianca. Os crimes tiveram requintes de crueldade, com mutilações e atos de pura bárbarie. Depois Manson mandou seus jovens assassinos escreverem palavras com o sangue das vítimas nas paredes. Ele queria dar início a uma guerra racial. Cheio de LSD na cabeça, Charles acreditava que um apocalipse Helter Skelter estava para começar no mundo. Inspirado nas músicas do álbum branco dos Beatles, ele pensava que seria o novo messias para reconduzir a humanidade de volta para a harmonia depois de todas as mortes. Como se pode perceber era completamente doido o tal sujeito.

No filme ha duas linhas narrativas. Na primeira já encontramos as discípulas de Manson no presídio, no corredor da morte. Elas são ajudadas por uma assistente social que precisa trazer as garotas de volta à sanidade. A conclusão é que Manson havia feito uma lavagem cerebral em todas elas. As seguidoras de Manson então vão recordando os tempos em que andavam ao lado de Charlie. Primeiro em um rancho abandonado onde eram filmados velhos filmes de faroeste, depois na noite dos crimes quando elas foram capazes de atos criminosos inimagináveis. Assim temos a segunda linha narrativa, em flashback. E não foi fácil trazer essas mulheres de volta ao mudo real. Elas ainda passaram vários anos cultuando Manson dentro da cadeia. Só depois de muito tempo é que a ficha finalmente caiu e elas conseguiram compreender que tinham destruído suas vidas em prol das insanidades de um louco. Sadie, por exemplo, morreu na cadeia, de um câncer cerebral. As outras duas ainda amargam seus dias de velhice por trás das grades. Vidas desperdiçadas em troca de absolutamente nada! Assim deixo a indicação desse bom filme. É mais um tentando decifrar esse enigma sangrento e violento da história dos Estados Unidos.

As Discípulas de Charles Manson (Charlie Says, Estados Unidos, 2018) Direção: Mary Harron / Roteiro: Guinevere Turner, Ed Sanders / Elenco: Hannah Murray, Matt Smith, Sosie Bacon, Marianne Rendón, Merritt Wever, Chace Crawford / Sinopse: De dentro de uma prisão de segurança máxima, uma assistente social bem intencionada tenta trazer três seguidoras da "família" Manson de volta à realidade. Seguidoras de um guru lunático, elas cometeram terríveis assassinatos em seu nome e em prol de sua causa insana. Filme indicado no Venice Film Festival na categoria de Melhor Filme.

Pablo Aluísio.

Asher

Eu gosto muito do trabalho do ator Ron Perlman, E essa simpatia não vem apenas do fato dele ter sido o melhor Hellboy do cinema, mas também por seu trabalho em séries como "Sons of Anarchy". Durante anos ele foi apenas um coadjuvante de respeito em Hollywood. Aos poucos ele vem estrelando seus próprios filmes como esse "Asher" ou como alguns estão chamado "Agente Asher". Nesse filme ele interpreta um assassino profissional. Veterano, já sentindo o peso da idade chegar, ele segue cumprindo seus "contratos profissionais". É considerado um assassino eficiente. Trabalho dado é trabalho executado, sem deixar pistas para a polícia. Uma noite ele conhece uma bela mulher e acaba se interessando por ela. Pode ser um motivo para mudar de vida, só que antes ele precisa ficar vivo. Sem entender exatamente a razão o fato é que o jogo vira. Ele passa a ser alvo de seus antigos clientes. Muito provavelmente alguém quer matá-lo numa operação de queima de arquivo. Com sua cabeça a prêmio Asher então parte para eliminar seus assassinos, ao mesmo tempo em que sobe a hierarquia do crime para pegar o mandante de tudo.

Esse filme tem um bom ritmo, onde se procura valorizar mais os personagens principais (coisa bem rara em se tratando de novos filmes de ação). Também investe em um pouco de profundidade dramática. A mulher pela qual Asher mostra interesse tem uma mãe sofrendo de demência e ele procura ajudar de algum jeito. Outro ponto interessante é a volta de veteranos ao cinema. Jacqueline Bisset interpreta a mãe idosa e senil da namorada do Asher. Richard Dreyfuss é o chefão que manda seus assassinos atrás dele enquanto prepara o jantar em casa. Então é isso, um bom filme. Em um filão que parecia esgotado - a dos filmes de assassinos profissionais - esse aqui mostra que ainda dá para contar esse tipo de história e manter o interesse do espectador.

Asher / Agente Asher (Asher, Estados Unidos, 2018) Direção: Michael Caton-Jones / Roteiro: Jay Zaretsky / Elenco: Ron Perlman, Famke Janssen, Jacqueline Bisset, Richard Dreyfuss, Peter Facinelli / Sinopse: Depois de décadas trabalhando como assassino profissional, o veterano Asher (Perlman) precisa lidar com o fato de que agora ele é o alvo! Quem estaria querendo sua morte? E por que ele agora estaria sendo perseguido por uma série de assassinos como ele?

Pablo Aluísio.

sábado, 1 de fevereiro de 2020

Medo Profundo

Nessa altura da história do cinema é de se perguntar se ainda existe espaço para filmes de ataques de tubarões. Desde que Steven Spielberg dirigiu "Tubarão" nos anos 70 houve uma infinidade de filmes com o mesmo tema. Ainda haveria espaço para algo mais original? Praticamente não, porém ainda há alternativas, como no caso desse "Medo Profundo". Ao invés de apostar em enredos com tubarões sobrenaturais, aqui se busca apenas contar bem uma história. Investindo mais em situações plausíveis e contando com boas situações de suspense esse thriller submarino até que me agradou bastante.

O enredo é simples e eficiente. Duas americanas decidem passar o fim de semana no México. São duas irmãs e uma delas tenta superar o fim de um relacionamento. Elas então vão para a balada. Lá conhecem dois jovens mexicanos que fazem um convite. Que tal uma aventura diferente? Elas poderiam entrar numa daquelas gaiolas de proteção de ataques de tubarões brancos. Seria algo divertido. Uma experiência de vida. Além disso elas poderiam tirar algumas selfies para enviar ao ex-namorado, tudo para passar a imagem que estavam se divertindo muito e que ele no final não fazia qualquer diferença.

Claro que tudo começa errado. O barco que elas vão para o mar é velho. Os equipamentos parecem obsoletos. A gaiola é enferrujada. Os caras não possuem qualquer autorização para fazer aquele tipo de turismo aquático. Só que as meninas, jovens que são, topam enfrentar esse desafio. E a partir daí é uma desgraça atrás da outra. A gaiola afunda, depois que o cabo de aço que a sustenta se rompe. Os tubarões brancos começam a cercar as jovenas apavoradas que agora estão no fundo do oceano, a 47 metros de profundidade. Os donos do barco, ao que tudo indica, foram embora, enfim o caos se instala. O roteiro então investe nas tentativas das garotas em sobreviver e tira grandes cenas dessas situações. O final inclusive dá uma "rasteira" no espectador que espera por uma coisa e ganha outra. Uma boa reviravolta, bem bolada. Enfim, é um sopro de vida nesse nicho de filmes de tubarões. É um filme que ainda consegue ao menos manter a atenção do espectador.

Medo Profundo (47 Meters Down, Estados Unidos, 2017) Direção: Johannes Roberts / Roteiro: Johannes Roberts, Ernest Riera / Elenco: Mandy Moore, Claire Holt, Matthew Modine / Sinopse: Duas jovens americanas afundam dentro de uma gaiola de proteção de ataques de tubarões. No fundo do oceano, presas a 47 metros de profundidade, elas tentam sobreviver de todas as formas.

Pablo Aluísio.

1917

Esse filme começou a chamar muito a atenção depois que ganhou o Globo de Ouro de melhor filme - drama do ano. Venceu grandes outros filmes como "O Irlandês" e "Era uma Vez em... Hollywood". Essa premiação pegou muita gente de surpresa. Agora ele é considerado um dos favoritos do Oscar. Sinceramente falando é um bom filme de guerra, mas passa longe de ser o melhor filme do ano. Parece que Sam Mendes contou com um agente de relações públicas melhor do que os de Tarantino e Scorsese. Ou os dois diretores colecionam desafetos em Hollywood. Só isso poderia explicar o fato desse "1917" surgir como favorito do principal prêmio da indústria cinemagráfica americana.

De qualquer forma, deixando de lado todas essas comparações e disputas, o filme tem seus méritos. Um dos mais comentados é o fato de ter sido filmado em grandes planos sequências. Ao contrário do que muita gente está dizendo por aí, não é apenas um plano sequência (o que seria uma loucura!), mas na verdade cinco deles. Mesmo assim não é de se deixar de admirar a coragem do diretor em ir por esse caminho. Afinal é necessário muito planejamento e muita disciplina para algo assim dar certo. Além, é claro, da precisão de todos os membros da equipe técnica, dos atores, figurantes, etc. É de certa maneira até uma velha técnica de filmagem que agora é resgatada por Sam Mendes. Todos os aplausos para ele, sem dúvida.

Já em termos de roteiro tudo é mais convencional. A história é simples. Dois jovens militares são enviados em uma missão importante. Eles precisam alcançar uma companhia que está na linha de frente do front. O objetivo é entregar uma mensagem, uma ordem do alto comando, para cancelar o ataque que eles estão prestes a começar. Na verdade se trata de uma armadilha do exército inimigo. Assim eles partem em direção a muitos perigos, inclusive precisando atravessar a terra de ninguém, onde estão soldados mortos, tanques destruídos, cavalos em avançado estado de decomposição, etc. Um dos poucos aspectos que me surpreendeu nesse roteiro foi o destino de um dos personagens principais. Foi algo que me pegou de surpresa. Muita gente vai também ficar meio sem acreditar. Nesse ponto o roteiro deu um de seus poucos "pulos do gato". No mais o filme é um grande "passeio" por um front típico da Primeira Guerra Mundial, com suas trincheiras lamacentas e infectas, cheias de rato, morte e destruição por todas as partes. Só faltou mesmo uma cena com ataques químicos, com bombas de gás, que eram comuns nesse grande conflito. Então é isso.  no final das contas temos aqui um bom filme de guerra, mas nada que pudesse ser considerado como o melhor filme do ano.

1917 (Estados Unidos, Inglaterra, 2019) Direção: Sam Mendes / Roteiro: Sam Mendes, Krysty Wilson-Cairns / Elenco: Dean-Charles Chapman, George MacKay, Daniel Mays, Colin Firth, Pip Carter / Sinopse: Dois jovens militares de baixa patente precisam atravessar a terra de ninguém na primeira guerra mundial para entregar uma mensagem importante a um batalhão inglês que está prestes a sofrer uma armadilho dos alemães na linha de frente do front. Filme vencedor do Globo de Ouro nas categorias de Melhor Filme - Drama e Melhor Direção (Sam Mendes). Também indicado ao Oscar em onze categorias, entre elas Melhor Filme, Melhor Direção, Melhor Roteiro e Melhor Fotografia.

Pablo Aluísio.