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segunda-feira, 7 de março de 2022

O Beco do Pesadelo

Excelente filme! Esse é um dos candidatos ao Oscar de melhor filme desse ano. Mereceu essa e todas as demais indicações. A história começa em 1938. Stanton Carlisle (Bradley Cooper) é um homem que literalmente coloca fogo em seu passado. Quando pega a estrada, sua casa (e um corpo não identificado) são consumidos pelas chamas. Ele sai sem rumo, sem direção. Acaba indo parar em um velho parque de diversões decadente. Começa a trabalhar ali como trabalhador braçal, mas não demora muito e começa a aprender alguns truques com um velho mágico que está sendo corroído pelo alcoolismo. O veterano também lhe ensina algumas técnicas de leitura fria e leitura quente, artimanhas usadas em jogos de suposta "espiritualidade". O velho não dura muito e deixa para ele apenas um conselho para nunca usar aquelas técnicas se passando por médium. Afinal isso seria puro charlatanismo, nada condizente com a tradição dos grandes mágicos do passado.

Só que vigarista é vigarista e Carlisle vai para a grande cidade, se vender como alguém que consegue conversar com os mortos. Se aliando a uma analista desonesta chamada Dra. Lilith Ritter (Cate Blanchett) ele passa a ter acesso a informações privilegiadas que usa para enganar homens ricos e poderosos, entre eles um juiz que perdeu seu jovem filho e um chefe mafioso corroído pela morte da mulher que mais amou na vida. E de golpe em golpe, ele começa a escalar mais e mais nos seus jogos de enganação, chegando até mesmo a promover supostas aparições (materializações) de pessoas mortas, algo que vai colocar sua vida em risco. Ser vigarista também tem seus limites! Grande filme, adorei. O elenco, a direção de arte, a produção, tudo surge na tela para engrandecer uma produção realmente classe A. Esse é um daqueles filmes atuais especialmente indicados para quem aprecia o cinema clássico do passado de Hollywood. Um dos melhores do ano, certamente.

O Beco do Pesadelo (Nightmare Alley, Estados Unidos, 2021) Direção: Guillermo del Toro / Roteiro: Guillermo del Toro, Kim Morgan, baseados no romance escrito por William Lindsay Gresham / Elenco: Bradley Cooper, Cate Blanchett, Toni Collette, Willem Dafoe, Richard Jenkins, Rooney Mara, Ron Perlman, Mary Steenburgen / Sinopse: Um andarilho acaba indo trabalhar em um velho parque de diversões onde aprende técnicas com um mágico no fim de sua vida. A partir daí ele parte para a cidade grande onde passa a enganar pessoas ricas, dizendo ter acesso a seus parentes falecidos. Filme indicado ao Oscar nas categorias de melhor filme, melhor design de produção, melhor figurino e melhor direção de fotografia (Dan Laustsen).

Pablo Aluísio.

sábado, 15 de janeiro de 2022

Jantar com Amigos

Título no Brasil: Jantar com Amigos
Título Original: Dinner with Friends
Ano de Produção: 2001
País: Estados Unidos
Estúdio: Home Box Office (HBO)
Direção: Norman Jewison
Roteiro: Donald Margulies
Elenco: Dennis Quaid, Andie MacDowell, Greg Kinnear, Toni Collette, Taylor Emerson, Holliston Coleman

Sinopse:
Com roteiro baseado na peça teatral escrita por Donald Margulies, o filme narra a história de um casal que decide reavaliar o casamento após saber da separação de um casal de amigos, que estavam casados há 12 anos.

Comentários:
Manter um casamento por longos anos não é uma tarefa fácil. Que o diga o próprio ator Dennis Quaid que estrela esse filme da HBO cujo tema é justamente esse. Qual é o momento certo para descobrir que um casamento acabou? Como se divorciar sem traumas? Como contar ao outro que o casamento chegou ao fim? Que o relacionamento que deveria ser para toda a vida fracassou? Essas e outras perguntas são usadas dentro do enredo do filme. O diretor Norman Jewison certamente não iria se envolver em um projeto banal, por isso se o tema lhe interessa de alguma forma, não deixe de assistir. Além da boa direção e do roteiro que investe em bem escritos diálogos, vale a pena prestar atenção no elenco formado de bons atores. Até porque como tudo é baseado numa peça de teatro é necessário mesmo ter gente talentosa em cena. O filme também é recomendado para quem está pensando em se casar. Será que vale a pena? O filme pode servir como uma boa ferramenta para repensar bem sua decisão.

Pablo Aluísio.

sábado, 1 de maio de 2021

Passageiro Acidental

O filme mostra uma missão rumo a Marte. A nave tem apenas três tripulantes. Uma comandante, uma médica e um especialista em reino vegetal. Eles serão os primeiros a chegarem em Marte. Só que logo no começo da jornada surge um problema inesperado. Um engenheiro de lançamento é encontrado dentro da nave. Ele não sabe como foi parar ali. Ninguém sabe. Só que agora serão quatro pessoas na nave e não apenas três. E tudo o que diz respeito ao planejamento da missão foi organizado para dar suporte de vida a três tripulantes apenas. E para piorar o equipamento de produção de oxigênio se quebra.

Assim surge o principal conflito dentro da nave. Não há oxigênio para todos. Uma pessoa precisa ser eliminada, mas como isso seria eticamente possível? No desespero de causa dois astronautas são lançados ao exterior com o objetivo de alcançar uma das partes da nave, no espaço, para tentar captar mais oxigênio. Sò que são surpreendidos por uma tempestade solar, o que certamente causaria suas mortes instantaneamente, por causa da radiação, caso estivessem fora da nave.

A premissa inicial desse filme "Passageiro Acidental" é até interessante, mas falando sinceramente o roteiro tem pontas soltas nunca explicadas de forma satisfatória. Por exemplo, e só para ficar no básico, como esse quarto tripulante realmente foi aparecer na nave? O que aconteceu de verdade no lançamento? Isso nunca é explicado pelo roteiro. Ele simplesmente surge ali, caindo de dentro de uma das paredes da nave. Como uma missão enviada para Marte iria deixar passar um absurdo desses? Esqueceram de explicar. Enfim, de qualquer forma não chega a ser um filme ruim. Até tem bons efeitos especiais do lado de fora da nave, com os astronautas. Só não leve muito à sério tudo que assistir.

Passageiro Acidental (Stowaway, Alemanha, Estados Unidos, 2021) Direção: Joe Penna / Roteiro: Joe Penna, Ryan Morrison / Elenco: Toni Collette, Anna Kendrick, Daniel Dae Kim, Shamier Anderson / Sinopse: Missão espacial rumo ao planeta Marte entra em dificuldades após surgir, de forma inesperada, um quarto tripulante dentro da nave. A viagem, que deverá durar 2 anos terrestres, se torna impossível pela falta de oxigênio para todos os que estão dentro na nave espacial.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 10 de novembro de 2020

Já Estou Com Saudades

Título no Brasil: Já Estou Com Saudades
Título Original: Miss You Already
Ano de Produção: 2015
País: Inglaterra
Estúdio: S Films, New Sparta Film
Direção: Catherine Hardwicke
Roteiro: Morwenna Banks
Elenco: Drew Barrymore, Toni Collette, Jacqueline Bisset, Dominic Cooper, Grace Schneider, Sophie Holland

Sinopse:
O filme conta a história de duas amigas, interpretadas pelas atrizes Drew Barrymore e Toni Collette. São proximas desde a infância e juntas passam por momentos crucais em suas vidas. Enquanto uma descobre que está com câncer de mama, a outra se vê grávida pela primeira vez, após anos tentando ter um filho.

Comentários:
Bom drama sobre as adversidades da vida. O roteiro celebra a vida, a amizade, ao mesmo tempo em que procura mostrar também a fragilidade da vida humana, onde tudo pode mudar em questão de dias. A personagem de Toni Collette está morrendo de câncer. Ela sofre bastante com o tratamento, com a quimioterapia que a faz perder peso e seus cabelos. O filme se foca bastante em seu sofrimento pessoal, mas não fica apenas nisso. Ele também traz a alegria da personagem interpretada pela atriz Drew Barrymore, que consegue ficar grávida após anos de tentativas ao lado de seu marido. Mulheres bem comuns, ligadas pelos traços de amizade que as une por décadas. Pelo tema tratado eu indicaria esse filme especialmente para pessoas que estejam passando por esse tipo de drama, com pessoas e familiares sofrendo com essa terrível doença. A forma como o roteiro explora esse tema é bem respeitosa e ao mesmo tempo até didática. A personagem de Toni Collette tem filhos menores, crianças, que precisam entender o conceito da morte, algo sempre complicado de se fazer nessa dura realidade. Assim deixo a recomendação de um bom drama, valorizado pelo trabalho da dupla central de atrizes, ambas em momento de puro talento na tela.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 8 de setembro de 2020

Estou Pensando em Acabar com Tudo

Qual é o significado desse filme "Estou Pensando em Acabar com Tudo"? Antes de mais nada, devo dizer que esse foi um dos filmes mais diferenciados e inteligentes que assisti nesse ano. É aquele tipo de roteiro que não foi escrito para facilitar a vida do espectador. Nada é simplificado, tudo tem sua razão de ser. Baseado no livro escrito pelo autor Iain Reid, esse enredo tem uma linha narrativa completamente fora dos padrões, apesar de sua inicial simplicidade. No começo do filme somos apresentados a um casal formado por Jake (Jesse Plemons) e uma jovem garota cujo nome nunca é citado, em boa interpretação da atriz irlandesa Jessie Buckley. Eles estão em um carro, indo em direção à fazenda dos pais de Jake. Será a primeira vez que ela, sua nova namorada, vai conhecer os sogros. Tudo parece muito bem entre o casal, mas ela tem pensamentos diferentes, sempre recorrendo a uma frase "Estou Pensando em Acabar com Tudo". Acabar com o namoro? Acabar com a vida? Acabar com o quê exatamente?

Pois bem, no carro eles desenvolvem ótimas conversas, bem cultas e inteligentes. Parecem bem felizes, porém quando chegam na fazenda as coisas começam a ficar esquisitas. Os pais de Jake são dois caipirões que tentam agradar sua namorada, parecendo simpáticos, mas tem algo errado ali. As situações também começam a fugir da normalidade, gerando situações bizarras mesmo. Ora os pais de Jake parecem idosos à beira da morte, bem envelhecidos, ora se tornam mais joviais. Há erros de cronologia, lapsos de tempo... o que diabos está acontecendo naquela fazenda? E então chegamos na pergunta inicial desse texto. Qual é o significado de tudo o que vemos na tela? Resolvi explicar bem o filme porque muita gente anda reclamando que não entendeu nada do que viu nesse roteiro, para muitos confuso e sem sentido. Vamos explicar então. Aqui vai um grande spoiler, por isso se ainda não assistiu ao filme, pare de ler por aqui. Dito isso... Preste atenção na figura do zelador na escola. Ele parece ser um personagem bem secundário. Um velho senhor, já com idade bem avançada, mas ainda trabalhando nos corredores da escola onde trabalha. É noite de nevasca... e ele começa a ter alucinações e delírios.

Pois tudo o que se passou antes no filme ocorreu justamente na mente desse zelador solitário. A jovem garota do filme não passa de uma idealização de sua mente que está perdendo a sanidade. Ela seria o tipo ideal de mulher que ele gostaria de ter conhecido e se relacionado em sua vida... mas que na verdade nunca existiu. Ele nunca se casou, passando a vida sozinho, solitário. O velho zelador é o verdadeiro Jake. Naquela noite ele começa a perder sua sanidade... e seus pais, mortos há muito tempo, ressurgem em suas lembranças. Porém como ele está sofrendo com problemas mentais as lembranças não seguem uma cronologia lógica, indo e vindo entre as épocas em que viveu. Ele gostaria de ter conhecida uma garota ideal para se casar, apresentar aos seus pais, mas isso nunca aconteceu, não passou de um sonho. O final da vida dos pais foi sofrida. Como filho único ele teve que aguentar toda a carga emocional de presenciar a morte de seus pais sozinho. O final do filme é bem triste, mas coerente com a história mostrada. É um dos melhores roteiros com visão subjetiva que já assisti. E traz como toque final uma enorme surpresa para quem chegar ao seu final. Em minha opinião é um filme excepcionalmente brilhante!

Estou Pensando em Acabar com Tudo (I'm Thinking of Ending Things, Estados Unidos, 2020) Direção: Charlie Kaufman / Roteiro: Charlie Kaufman, baseado na obra de Iain Reid / Elenco: Jesse Plemons, Jessie Buckley, Toni Collette, David Thewlis, Guy Boyd / Sinopse: Jake (Jesse Plemons) leva sua namorada para ser apresentada aos seus pais. A viagem é feita sob pesada nevasca. Ao chegarem na fazenda onde eles moram, a garota começa a perceber que as coisas não fazem muito sentido. Uma realidade um tanto bizarra começa a surgir ao seu redor. O que estaria acontecendo ali?

Pablo Aluísio.

sábado, 8 de fevereiro de 2020

Entre Facas e Segredos

Um escritor de livro de mistérios, rico e famoso, é encontrado morto em seu escritório. Supostamente ele teria cometido suicídio com uma faca. Porém a sua morte deixa inúmeras dúvidas. Afinal ele não demonstrava que queria acabar com sua vida. Um detetive particular, Benoit Blanc (Daniel Craig), é contratado por uma pessoa desconhecida para participar das investigações. Com todos os familiares do morto reunidos em sua mansão começam as especulações. Todos ali pareciam ter bons motivos para matar o velho. Mas afinal quem seria o real assassino? E como teria sido cometido esse assassinato? São perguntas que Blanc tentará responder.

Essa é a premissa básica desse "Entre Facas e Segredos". Para quem conhece livros de mistério fica claro que o roteiro aqui bebe de uma fonte bem conhecida. A obra literária de Agatha Christie é uma referência óbvia. Sempre há uma morte misteriosa e todos os personagem que gravitaram em torno de morto são suspeitos. Filhos, filhas e netos são suspeitos.

Com ótimo elenco, esse filme recebeu uma indicação honrosa ao Oscar na categoria de Melhor Roteiro Original. Dito isso, devo confessar que não achei o mistério tão inspirado assim. Qualquer livro de Agatha Christie tem trama muito mais bem elaborado. O filme procura criar um clima pois o enredo se passa praticamente todo dentro de uma velha mansão, mas até nisso penso que o filme ficou um pouco superficial. O grande mérito desse filme em minha opinião vem do elenco, todo muito bom. A começar pelo veterano Christopher Plummer, um ator que não canso de elogiar. Ele interpreta o escritor que é encontrado morto. Porém não se preocupe, ele tem várias cenas no filme, sempre retornando em longos flashbacks. A bonita Ana de Armas interpreta a assistente e enfermeira do velho escritor. Ele é ponto central da história. Com olhos azuis, quase sempre olhando para o vazio, ela ainda consegue ser expressiva. Penso que é um bom filme, mas para quem é leitor dos grandes livros de mistério do passado, sua trama não soará tão excelente como andaram dizendo por aí. É sim algo até bem trivial.

Entre Facas e Segredos (Knives Out, Estados Unidos, 2019) Direção: Rian Johnson / Roteiro: Rian Johnson / Elenco: Daniel Craig, Christopher Plummer, Chris Evans, Ana de Armas, Jamie Lee Curtis, Michael Shannon, Toni Collette / Sinopse: O detetive particular Benoit Blanc (Daniel Craig) vai até uma velha mansão para investigar uma morte misteriosa. O rico e famoso escritor de livros de mistério Harlan Thrombey (Christopher Plummer) foi encontrado morto. Há uma versao oficial de que ele teria se matado, mas será que isso seria a verdade dos fatos? Filme indicado ao Globo de Ouro nas categorias de Melhor Filme, Melhor Atriz (Ana de Armas) e Melhor Ator (Daniel Craig).

Pablo Aluísio. 

segunda-feira, 28 de outubro de 2019

Pássaros Amarelos

O cinema ainda deve uma obra prima sobre a intervenção americana no Iraque. No ciclo dos filmes sobre o Vietnã tivemos inúmeros clássicos modernos do cinema, mas em relação à presença das tropas americanas no Oriente Médio isso ainda não aconteceu. Esse drama de guerra chamado "Pássaros Amarelos" é apenas mais um filme meramente mediano sobre o tema. Nada espetacular, apenas cumpre modestamente seus objetivos, gerando uma hora e meia de entretenimento para o espectador, nada além disso.

O curioso é que o filme foi produzido pela atriz Jennifer Aniston. Ela também está no elenco interpretando a mãe de um jovem soldado americano chamado Murphy (Tye Sheridan) que desaparece durante uma missão numa cidade do Iraque. Ninguém sabe ao certo o que aconteceu com ele. Os relatórios militares são inconclusivos. Ele simplesmente saiu da formação da tropa durante uma operação e nunca mais foi visto. Pelo menos essa é a versão oficial.

Quando seu mais próximo companheiro de armas volta para casa, as coisas começam a ficar mais claras. O soldado Brandon Bartle (Alden Ehrenreich) parece estar sofrendo de algum trauma após o combate. Mesmo de volta aos Estados Unidos ele não consegue mais ter interesse por nada. Passa os dias na cama, em estado depressivo. Quando sai começa a ter atitudes nada normais, como atravessar um rio sujo com roupa e tudo. O pior é que o exército vai atrás dele, justamente para dar seu depoimento sobre o desaparecimento do recruta Murphy.

E o filme se desenvolve assim, com farto uso de flashback, mostrando passado e presente, tudo para desvendar o mistério do sumiço do jovem soldado. Digo que a solução para tudo me soou bem pouco convincente. Em minha opinião um militar americano jamais tomaria a decisão que o sargento da tropa toma no filme durante uma operação padrão no Iraque. O final realmente deixou a desejar. No começo pensei que se tratava de uma história baseada em fatos reais, mas não. É mesmo tudo baseado em uma novela escrita. Não me admira. Algo assim raramente teria ocorrido na vida real, ainda mais entre o exército dos Estados Unidos, dado o seu grau de profissionalismo dos dias atuais.

Pássaros Amarelos (The Yellow Birds, Estados Unidos, 2017) Direção: Alexandre Moors / Roteiro: David Lowery, R.F.I. Porto, baseados na novela escrita por Kevin Powers / Elenco: Alden Ehrenreich, Tye Sheridan, Jennifer Aniston, Toni Collette / Sinopse: Brandon Bartle, um jovem soldado americano, volta para seu país após servir ao exército no Iraque. Ele retorna com trauma de guerra e trazendo um segredo do campo de batalha, envolvendo o desaparecimento do soldado Murphy, seu amigo de armas mais próximo.

Pablo Aluísio.

sábado, 1 de setembro de 2018

Hereditário

Esse filme de terror, lançado recentemente nos cinemas brasileiros, tem colecionado críticas positivas. De fato é um filme muito bom, diria até mesmo acima da média do que se anda produzindo nesses últimos anos. O roteiro não tem pressa em desenvolver sua história mostrando inicialmente uma família comum, em luto, pela morte da avó. Senhora idosa, morreu já sofrendo de problemas de senilidade. É feito o funeral, a filha fica muito triste com sua morte, mas a vida segue. A família tem histórico de problemas mentais, um típico caso genético envolvendo alguns familiares no passado.

A coisa começa a mudar de foco quando a presença da avó falecida passa a ser sentida. Depois a tragédia volta a abater a família, quando a pequena Charlie, a caçula, tem uma morte horrível, quando retornava de volta para a casa de uma festinha com o irmão mais velho. Duas mortes, bem próximas. Claro que a morte da criança arrasa com a mãe (em boa interpretação da atriz Toni Collette). Destruída emocionalmente ela procura ajuda em um grupo de apoio e lá conhece uma senhora que lhe diz que conheceu um médium que tem o poder de entrar em contato com os mortos.

Bom, se você conhece filmes de terror sabe muito bem que invocações de pessoas falecidas sempre acabam mal. É uma premissa da religião cristã tradicional. A invocação de mortos vai contra as escrituras, é considerada uma abominação perante os olhos de Deus. Claro que a entidade espiritual que atende ao chamado não é a da criança morta, mas sim o puro mal... bem, ir além seria estragar as surpresas do filme. Basta dizer que gostei bastante do resultado final. Apenas uma coisa me incomodou: não gosto de finais onde o mal impera. Ainda sou um tradicionalista que aprecia finais felizes onde o mal é derrotado e o universo reencontra seu equilíbrio. Não foi o caso aqui. Provavelmente os produtores estão de olho em futuras continuações. Nasce uma nova franquia de terror? Bom, só o tempo dirá... Enquanto isso não deixe de assistir a esse "Hereditário", um filme de terror com o estilo dos filmes do passado.

Hereditário (Hereditary, Estados Unidos, 2018) Direção: Ari Aster / Roteiro: Ari Aster / Elenco: Toni Collette, Milly Shapiro, Gabriel Byrne / Sinopse: Uma família americana sofre duas tragédias. Primeiro morre a avó, uma senhora que já sofria de problemas de demência. Depois morre a sua pequena neta Charlie (Milly Shapiro), a caçula de apenas 13 anos. Desesperada e arrasada pelas mortes, Annie (Collette) decide invocar seus espíritos. Péssima, péssima ideia.

Pablo Aluísio.

sábado, 7 de julho de 2018

Madame

Esse é um filme francês que a despeito de trazer um enredo simples, procura mostrar todo o preconceito social que existe dentro da sociedade francesa. O casal de protagonista é formado por ricaços americanos que vivem em Paris. A madame Anne Fredericks (Toni Collette) decide dar um belo jantar em seu apartamento. Entre os convidados estão figurões da política inglesa e membros da classe alta parisiense. Seu marido Bob (Harvey Keitel) procura esconder que sua empresa financeira de Nova Iorque está indo a falência, tudo para manter a pose. Falsidade completa. Pois bem, durante os preparativos do jantar, Madame descobre que a mesa foi montada para 13 pessoas, só que apenas 12 convidados estarão presentes. Para compensar ela resolve dar um de seus melhores vestidos para a empregada doméstica Maria (Rossy de Palma) fingir que é uma das convidadas ao elegante jantar.

Ela não deve interagir com ninguém, nem falar com os demais convidados. Deve apenas ser uma figurante, como um abajur da sala, nada mais. Só que Maria após alguns drinks começa a falar e conversar com os demais convidados, encantando particularmente David Morgan (Michael Smiley) que fica pensando que ela é uma milionária, prima do Rei da Espanha. Apaixonados, criam um problema e tanto para madame, que precisa acabar com esse romance, para contar toda a verdade. O roteiro, tipicamente uma comédia de costumes, procura mostrar que nem as maiores paixões resiste quando há um abismo social, sendo Maria uma empregada doméstica e seu namorado, David Morgan, um milionário. O filme apesar disso se desenvolve de forma leve, com duração adequada aos seus propósitos. Gostei do resultado. Livre daquelas amarras dramáticas que muitas vezes estragam os filmes franceses, esse aqui tem uma leveza muito bem-vinda.  Mostra um lado condenável da sociedade francesa, mas com um sorriso no rosto. Um ponto inegavelmente positivo para esse "Madame".

Madame (França, 2017) Direção: Amanda Sthers / Roteiro: Amanda Sthers / Elenco: Toni Collette, Harvey Keitel, Rossy de Palma, Michael Smiley, Tom Hughes / Sinopse: Durante um jantar a empregada doméstica de madame acaba encantando um rico político inglês. Eles começam a namorar, mas ele pensa que ela na verdade é uma nobre da casa real da Espanha. Apenas madame poderá desfazer todos esses enganos, contando toda a verdade sem magoar ninguém.

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 4 de maio de 2018

Tudo que Quero

Se o tema do autismo lhe interessa de alguma forma esse filme pode ser uma boa opção. Ele acompanha a vida de Wendy (Dakota Fanning), uma garota autista que passa por um tratamento com uma especialista, a Dra. Scottie (Toni Collette); Cada passo de normalidade é uma vitória, por mais banal que ela pareça ser. A ida a um trabalho, numa lanchonete, o cotidiano do dia a dia, as roupas que vai vestir, com cores determinadas. Os autistas possuem mentes complexas. Eles podem praticar determinadas coisas que se exige um alto QI para pessoas normais. Ao mesmo tempo sofrem com coisas banais, como atravessar uma rua ou fazer os laços do sapato. Também possuem a tendência de desenvolver um ultra foco em determinados assuntos. No filme a protagonista direciona suas atenções para a série "Star Trek". Ele chega inclusive a escrever um script para a Paramount Pictures e fica obcecada em ir entregá-lo no estúdio.

E aí começam os problemas. Ela mora em uma cidade próxima de San Francisco e precisa ir até Los Angeles, algo que sua terapeuta proíbe, mas mesmo assim ela resolve fugir sem autorização. Uma pessoas com necessidades especiais como ela, sozinha numa viagem como essa, acaba criando as principais situações que o roteiro explora. Inclusive ela encontra pessoas que vão tentar aproveitar de seu autismo, inclusive a roubando, deixando sem nenhum tostão para seguir em frente em sua jornada. Atrás, tentando encontrá-la, vão sua médica e sua irmã, com claros receios do que lhe pode acontecer. Apesar do tema sobre autismo o filme procurou não tingir sua história de tintas pesadas, melodramáticas. O tom é mesmo bem mais leve, até com uma certa graça e simpatia em cada cena. Dakota Fanning convence plenamente como uma autista, o que ajuda ainda mais ao filme como um todo. Ele não consegue encarar as pessoas e tem ataques em momentos de contrariedade. Um retrato bem feito dos portadores dessa síndrome. No final gostei bastante e recomendo o filme. Especialmente indicado para familiares de pessoas com autismo.

Tudo que Quero (Please Stand By, Estados Unidos, 2017) Direção: Ben Lewin / Roteiro: Michael Golamco, baseado na peça teatral escrita por Michael Golamco / Elenco: Dakota Fanning, Toni Collette, Alice Eve / Sinopse: Wendy (Dakota Fanning) é uma garota autista que está em fase de tratamento com uma especialista, a a Dra. Scottie (Toni Collette). Hiper focada na série "Star Trek" ela decide escrever um script para um concurso promovido pela Paramount Pictures. Tudo vai bem até o dia em que ela decide fugir do centro onde está para ir pessoalmente entregar seu texto, algo que deixa em desespero sua médica e sua irmã, que não sabem para onde ele foi parar.

Pablo Aluísio. 

segunda-feira, 5 de março de 2018

Um Grande Garoto

Assisti a esse filme no cinema, em agosto de 2002. Onde estava com a cabeça?! Não é um filme para tanto, para ver no cinema. Assistindo em vídeo (na época era ainda o VHS, já chegando o Blu ray no mercado) já estava bom demais. Bem, sempre gostei do Hugh Grant. Ele é o que se pode chamar de "refinado canastrão" (usando uma expressão do meu amigo Telmo). Filme após filme ele geralmente interpreta o mesmo tipo: o do inglês meio atrapalhado, mas com um charme especial que sempre atraiu a atenção do público feminino. Foi assim que ele construiu toda a sua carreira. Nesse "Um Grande Garoto" ele interpreta um sujeito trintão (quase quarentão) que se recusa a entrar na vida adulta. Ele é bem o tipo do tio solteirão que não está nem aí para as pressões da sociedade em se casar, se tornar pai de família e todo aquele script que já conhecemos bem.

Levando a vida na brisa ele acaba conhecendo um garoto que acaba se afeiçoando a ele, criando assim uma amizade bacana entre eles. O roteiro é basicamente isso. Não acontece nada de muito dramático e nada de muito especial surge na tela. Fica uma sensação de zero a zero no espectador, como se ele tivesse assistido um pedaço da vida de uma pessoa comum e nada mais. E quando o filme termina a pergunta "Ok, mas e daí?" vem direto na mente. A crítica porém gostou mais do que o normal, fazendo com que esse filme levemente banal ganhasse uma incrível indicação ao Oscar na categoria de Melhor Roteiro Adaptado. Também foi lembrado pelo Globo de Ouro nas categorias de Melhor Filme - Comédia ou Musical (um exagero!) e Melhor Ator (para Hugh Grant, mostrando que até os refinados canastrões merecem reconhecimento!). Enfim, mais um filme meramente assistível de Hugh Grant.

Um Grande Garoto (About a Boy, Estados Unidos, 2002) Direção: Chris Weitz, Paul Weitz / Roteiro: Peter Hedges / Elenco: Hugh Grant, Nicholas Hoult, Toni Collette / Sinopse: Will Freeman (Grant) é um cara comum, relax, que não quer saber das responsabilidades da vida adulta. Ele leva sua vida numa boa. Tudo caminha bem até ele conhecer um garoto que acaba criando uma amizade com ele. Filme indicado ao Oscar na categoria de Melhor Roteiro Adaptado. Baseado no livro escrito por Nick Hornby.

Pablo Aluísio.

sábado, 10 de setembro de 2016

Imperium

Foi meio enervante assistir a essa filme porque seu roteiro foi baseado em fatos reais! Quando tudo acaba você acaba sentindo um frio na espinha ao se dar conta de que vivemos em um mundo cheio de lunáticos, malucos e fanáticos perigosos. Na história do filme o ator Daniel Radcliffe interpreta um agente do FBI chamado Nate Foster. Ele é um sujeito meio tímido e por fora que acaba sendo escolhido para se infiltrar em um grupo de supremacia branca em Washington DC. Como se sabe há muitos grupos como esse, de tendências neonazistas, em praticamente todos os estados americanos.

Com o avanço do terrorismo islâmico eles foram deixados um pouco de lado pelo FBI, o que o bureau logo descobriu ter sido um erro e tanto já que eles também poderiam ser tão perigosos e letais como os violentos seguidores do Jihad muçulmano. Pois bem, determinada sua missão Nate recebe nova identidade (a de um veterano da marinha descontente com os rumos do governo) e começa a frequentar locais e manifestações desses seguidores do lema "White Power". Suas suspeitas maiores recaem sobre um locutor de rádio que mantém um programa de mensagens radicais e racistas. O tempo porém provará a Nate que o perigo não estava nesse sujeito, mas sim em alguém que parecia ser a pessoa mais sensata no meio de todo aquele fanatismo.

Essa história é bem preocupante porque demonstra como essas organizações são bem estruturadas, organizadas e o pior de tudo: possuem todos os meios para causar grandes danos aos seus inimigos, sejam eles reais ou imaginários. Sempre pregando uma mensagem de ódio racial contra negros, judeus e imigrantes, esses movimentos de tempos em tempos se degeneram para ações terroristas violentas. No caso do enredo do filme um pequeno, mas atuante grupo, decide fazer um atentado usando Césio 137 (o mesmo que causou uma tragédia no Brasil alguns anos atrás). Seu objetivo é causar o maior número de mortes em prol de uma suposta mensagem Hitleriana de dominação ariana - uma coisa de deixar qualquer um de cabelos em pé!

Além do tema importante o filme também se destaca pela boa direção do jovem cineasta Daniel Ragussis. Amigo pessoal do ator Daniel Radcliffe, ele soube aproveitar a oportunidade de dirigir esse seu primeiro longa-metragem e conseguiu realizar um filme bem redondinho, sem exageros ou erros, contando corretamente sua história. Entre o elenco eu destacaria a boa atuação de Sam Trammell. O fã de séries certamente o reconhecerá de "True Blood". Ele interpreta um sujeito que parece ser extremamente normal e equilibrado, com família e filhos, admirador de música clássica e tudo mais. Um verdadeiro pilar da comunidade. Mal se sabe que por debaixo de toda aquela fachada se esconde um insano e feroz seguidor das ideias racistas mais absurdas e enlouquecidas. Enfim, deixo aqui a dica desse muito bom "Imperium". Um filme para ver e refletir sobre os caminhos tortuosos pelas quais anda a humanidade ultimamente.

Imperium (Estados Unidos, 2016) Direção: Daniel Ragussis / Roteiro: Michael German, Daniel Ragussis / Elenco: Daniel Radcliffe, Toni Collette, Tracy Letts, Sam Trammell / Sinopse: Agente do FBI disfarçado se infiltra no meio de organizações de supremacia branca nos Estados Unidos para descobrir quem estaria por trás dos planos de um grande atentado terrorista na capital da nação. Roteiro baseado em fatos reais.

Pablo Aluísio.

sábado, 23 de abril de 2016

Krampus - O Terror do Natal

Título no Brasil: Krampus - O Terror do Natal
Título Original: Krampus
Ano de Produção: 2015
País: Estados Unidos, Nova Zelândia
Estúdio: Legendary Pictures, Universal Pictures
Direção: Michael Dougherty
Roteiro: Todd Casey, Michael Dougherty
Elenco: Adam Scott, Toni Collette, Emjay Anthony, David Koechner
  
Sinopse:
Max (Emjay Anthony) é um garoto que ainda acredita no espírito de natal. Quando vários familiares chegam em sua casa para a noite de natal ele começa a ser zoado pelos primos por justamente ainda acreditar em Papai Noel, renas e todo o universo mágico natalino. Frustrado por ser o alvo de brincadeiras ele resolve rasgar uma carta que havia escrito para o Santa Claus. Ao jogá-la pela janela algo inesperado acontece. Uma grande nevasca se abate sobre sua cidade, antevendo a chegada do assustador Krampus! Ele vem para punir todos aqueles que esqueceram o verdadeiro espírito de natal. Filme indicado ao prêmio da Academy of Science Fiction, Fantasy & Horror Films na categoria de Melhor Filme de Terror.

Comentários:
Essa criatura, o Krampus, é bem popular no folclore da Alemanha e demais países vizinhos. Ela seria uma espécie de antítese do Santa Claus (o Papai Noel). Enquanto o bom velhinho surge no natal para dar presentes às crianças que se comportaram bem no ano, o Krampus viria para punir as que criaram problemas. Em estados brasileiros, principalmente de forte influência da imigração alemã, ele ainda é bem conhecido das crianças. Para o resto dos brasileiros é um ilustre desconhecido. Idem para os americanos. Mesmo assim os produtores acharam uma boa ideia realizar um filme de terror tendo como principal personagem o tal Krampus. Para isso criaram um monstro que se parece com um tipo de demônio, vindo diretamente das trevas. Chifres e patas de carneiro, vários símbolos de natal pendurados por todo o corpo e uma aparência bem assustadora. O filme nesse aspecto é bem realizado. Temos aqui uma excelente produção, tanto em termos de efeitos digitais como maquiagem, figurino, etc. Como fez uma boa carreira nos cinemas da Europa é bem provável que venha a se tornar uma nova franquia da Universal. O curioso é que o elenco é liderado por um garotinho, o Emjay Anthony. Do resto do elenco apenas a Toni Collette é mais conhecida do público em geral, principalmente por causa da série "United States of Tara". O jovem diretor Michael Dougherty já havia lidado com um tema levemente semelhante em "Contos do Dia das Bruxas", porém aqui realizou um filme bem melhor. Não chega a ser um grande filme em nenhum aspecto, porém como diversão está valendo. Aliás a escolha por realizar algo mais assustador o fez ganhar muitos pontos em seu favor. O humor, quando surge, é bem minimizado. Por essa razão não vá passar o filme para seus filhos pequenos pois corrre-se o risco de deixá-los traumatizados com o que verão. Praticamente nenhum símbolo do natal passa incólume, nem inocentes cookies da vovó. Enfim, esse é aquele tipo de produção que gosto de chamar de "bom filme ruim". Se faz a sua cabeça, aproveite também.

Pablo Aluísio.

sábado, 28 de novembro de 2015

O Casamento de Muriel

Foi muito badalado em seu lançamento original, mas nunca consegui gostar muito do filme. Pessoalmente acho seu roteiro bem cruel com as mulheres que não se enquadram nos modelos de beleza tradicional que são impostos pela sociedade. A personagem principal muitas vezes parece uma pessoa louca, sem noção, simplesmente porque ainda não se casou como a maioria de suas amigas de sua idade. Que tremenda bobagem! O preconceito já começa daí, depois vai piorando conforme a trama vai avançando. A mensagem, apesar de todas as camuflagens do roteiro, não é a melhor. Renova e fortifica uma visão ultrapassada do papel da mulher na sociedade, mostrando um argumento cheio de estereótipos ruins, que não levam a nada e nem somam na vida de ninguém.

De bom mesmo apenas a forte presença de Toni Collette que aqui provavelmente teve o papel de sua vida. A direção do australiano P.J. Hogan até apresenta algumas soluções interessantes, principalmente no uso bem bolado de uma trilha sonora cheia de canções nostálgicas, mas também fica por aí. Isso obviamente é muito pouco. Assim não consegui gostar e nem achei nada particularmente engraçado. É só uma comédia boba, cheio de falsas boas intenções. Pode-se dispensar sem maiores problemas.   

O Casamento de Muriel (Muriel's Wedding, França, Austália, 1995) Direção: P.J. Hogan / Roteiro: P.J. Hogan / Elenco: Toni Collette, Rachel Griffiths, Bill Hunter / Sinopse: Uma solteirone com problemas emocionais finalmente encontra o homem de sua vida e decide se casar com ele. Filme indicado ao Globo de Ouro na categoria de Melhor Atriz - Comédia ou Musical (Toni Collette). Vencedor de quatro prêmios (inclusive melhor filme e atriz) no Australian Film Institute.

Pablo Aluísio

quarta-feira, 11 de março de 2015

Hitchcock

Quem gosta de cinema certamente vai gostar de “Hitchcock”. No filme acompanhamos as filmagens do maior clássico da carreira do diretor, “Psicose”. Após filmar “Intriga Internacional” Hitchcock (Anthony Hopkins) acaba lendo em uma crítica que ele precisava se renovar, trazer coisas realmente novas. Assim o cineasta acaba saindo em busca de algo que surpreendesse seu público para seu novo filme. Acaba se interessando pelo livro “Psicose”, uma obra de ficção baseada livremente nos terríveis crimes do psicopata Ed Gein. Famoso pelas barbaridades que cometeu e pela obsessão psicótica em relação à mãe, Ed era o protótipo perfeito de Norman Bates, o principal personagem do livro. Na literatura havia um desfecho completamente perturbador e surpreendente que logo fisgou o mestre do suspense. Além disso existia toda uma coleção de momentos que ficariam perfeitos nas telas, como a famosa cena do chuveiro. Hitchcock via ali um grande material mas a Paramount pensava diferente. Achava o livro violento e apelativo demais e recusou bancar o projeto. Acreditando cegamente no sucesso do filme o velho Hitch resolveu então bancar do próprio bolso a realização do filme, apostando nesse processo o sucesso absoluto ou a mais terrível bancarrota. O roteiro de “Hitchcock” passeia deliciosamente por esse período da vida do diretor. Além da natural tensão de investir tudo o que tinha em “Psicose” o cineasta ainda tinha que lidar com aspectos complicados de sua vida pessoal, como o envolvimento da esposa com um aspirante a escritor.

Impossível não gostar de uma produção como essa que mostra o grande mestre do cinema sob uma perspectiva íntima e pessoal. O Hitchcock que surge é uma pessoa absolutamente genial em seus filmes mas ao mesmo tempo complexo e contraditório em sua vida particular. Suas constantes paixões platônicas em relação às suas atrizes loiras também são mostradas com a devida elegância. Como se sabe Hitch sempre se apaixonava platonicamente por praticamente todas as suas atrizes que acabavam representando o seu tipo ideal de mulher, a loira perfeita de seus sonhos. Ao mesmo tempo em que as destacava nas telas exigia completa dedicação, se metendo inclusive nas vidas pessoais delas. O caso mais famoso ocorreu justamente com Grace Kelly, que era a musa perfeita dentro da mente do diretor. Quando ela se foi para se tornar princesa de Mônaco ele se sentiu profundamente traído e abandonado. Anthony Hopkins, sob pesada maquiagem, realiza um trabalho muito bom, embora em certos momentos abra espaço apenas para o aspecto mais caricatural da imagem do diretor. É um pecado menor. Mesmo assim seu trabalho merece aplausos. Já Helen Mirren está muito adequada como a esposa de Hitch, uma mulher que abre mão de sua própria vida para viver a do marido, o acompanhando nos êxitos e nos fracassos de sua carreira. Não é por menos que ela foi indicada a todos os principais prêmios (Oscar, Globo de Ouro, SAG e Bafta). Assim se você se interessa pela história do cinema “Hitchcock” se torna item obrigatório. Um filme saborosamente nostálgico e docemente irônico sobre um dos maiores diretores de todos os tempos.

Hitchcock (Hitchcock, Estados Unidos, 2013) Direção: Sacha Gervasi / Roteiro: John J. McLaughlin, Stephen Rebello / Elenco: Anthony Hopkins, Helen Mirren, Scarlett Johansson, Danny Huston, Toni Collette, Michael Stuhlbarg, Michael Wincott, Jessica Biel, James D'Arcy, Richard Portnow, Kurtwood Smith, Ralph Macchio / Sinopse: Após seu novo projeto, “Psicose”, ser recusado pela Paramount, o diretor Alfred Hitchcock (Anthony Hopkins) resolve fazer o filme com seu próprio dinheiro. Hipoteca sua casa e parte para o tudo ou nada. Tamanho esforço para contar a estranha estória de Norman Bates e sua obsessão psicótica pela mãe.

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 12 de novembro de 2014

À Procura do Amor

Título no Brasil: À Procura do Amor
Título Original: Enough Said
Ano de Produção: 2013
País: Estados Unidos
Estúdio: Fox Searchlight Pictures
Direção: Nicole Holofcener
Roteiro: Nicole Holofcener
Elenco: Julia Louis-Dreyfus, James Gandolfini, Catherine Keener, Toni Collette

Sinopse:
Eva (Julia Louis-Dreyfus) está divorciada há mais de dez anos. Ela tem uma filha adolescente e ganha a vida fazendo massagens terapêuticas. Sua vida passa longe de ser fácil, já que ela passa o dia todo atendendo clientes, levando sua pesada mesa de massagem para cima e para baixo. Um certo dia conhece casualmente Albert (James Gandolfini), um sujeito também divorciado como ela, já cinquentão, que deseja reconstruir sua vida amorosa. Mesmo sendo aparentemente tão diferentes começam a ter um relacionamento que não será isento de problemas. Filme indicado ao Globo de Ouro na categoria de Melhor Atriz (Julia Louis-Dreyfus). Também indicado ao Screen Actors Guild Awards na categoria de Melhor Ator (James Gandolfini).

Comentários:
Esse foi um dos últimos trabalhos da carreira do ator James Gandolfini, falecido em 2013. É um filme romântico que explora um tipo diferente de relacionamento envolvendo duas pessoas já cinquentonas, divorciadas, com filhos adolescentes prestes a irem embora fazer faculdade. Com a síndrome do ninho vazio batendo às portas elas resolvem então se dar uma segunda chance, para quem sabe superar os traumas do passado revivendo um novo amor em suas vidas. Julia Louis-Dreyfus (a Elaine Benes da série "Seinfeld") interpreta essa mãe divorciada, mas bastante trabalhadora, que vai vivendo um dia de cada vez na criação de sua filha. As coisas não são fáceis, mas ela vai superando os desafios. Curiosamente acaba tendo como cliente justamente a ex-esposa de seu atual namorado, Albert. Em conversas amigáveis vai descobrindo os podres dele com a antiga esposa, criando uma situação constrangedora, mas também divertida e reveladora da alma humana. O roteiro apresenta ótimos diálogos, em um enredo que nunca chega a cansar o espectador, pelo contrário, apesar de ser despretensioso em si, o filme acaba prendendo a atenção do começo ao fim. Depois dessa produção James Gandolfini realizou apenas mais um filme, "The Drop", que permanece inédito no Brasil. Uma pena que tenha partido tão cedo sendo dono de um grande talento. Aqui mostra mais uma vez que conseguia se sair tão bem em filmes românticos como em séries mais viscerais como "Os Sopranos". Um bela amostra de seu excelente timing dramático.

Pablo Aluísio.

sábado, 9 de agosto de 2014

Uma Longa Queda

Título no Brasil: Uma Longa Queda
Título Original: A Long Way Down
Ano de Produção: 2014
País: Inglaterra, Alemanha
Estúdio: BBC Films
Direção: Pascal Chaumeil
Roteiro: Nick Hornby, Jack Thorne
Elenco: Pierce Brosnan, Toni Collette, Aaron Paul, Sam Neill, Imogen Poots

Sinopse:
Martin (Pierce Brosnan) é um ex-apresentador de TV que viu tudo desmoronar após se envolver com uma garota menor de idade. Com a vida pessoal e profissional despedaçada resolve acabar com sua vida, subindo em um dos maiores prédios da cidade para se suicidar. Para sua surpresa porém acaba encontrando com três outros potenciais suicidas no mesmo lugar. O encontro incomum acabará mudando os rumos de sua própria vida.

Comentários:
Convenhamos que um filme sobre um quarteto suicida não vai animar muita gente. Mesmo assim, com um pé atrás, vale até a pena encarar esse drama inglês sobre pessoas que perderam as esperanças na vida e decidiram tomar a mais radical de todas as decisões. Cada um deles tem um motivo para pular do prédio, Martin (Brosnan) não consegue mais encarar o vexame público após se envolver em um escândalo sexual. Maureen (Toni Collette) é uma mãe solteira que cuida de um filho com problemas mentais sérios. J.J. (Aaron Paul, o Jesse Pinkman de "Breaking Bad") é um músico fracassado que alega estar sofrendo de um câncer cerebral e por fim temos Jess (Imogen Poots), uma jovem garota com muitos problemas emocionais, filha de um político influente que se sente completamente vazia e perdida em sua vida. De antemão é importante salientar que não se trata de um drama pesadão, apesar do tema. O roteiro tenta amenizar um pouco a situação, criando situações ora divertidas, ora mais animadoras, até porque o texto teria que optar mesmo por apostar na esperança recuperadora de todos aqueles personagens. Não é um grande filme, talvez por se render a clichês desse tipo, mas que até satisfaz o espectador, caso ele não esteja em busca de alguma obra prima. No final das contas vela principalmente pelo bom elenco e pelas boas intenções.

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 9 de maio de 2013

As Horas

Três linhas narrativas. Três excelentes atrizes. Um grande filme. Assim poderia resumir esse maravilhoso “As Horas”. Na trama acompanhamos três estórias envolvendo três mulheres em épocas diferentes mas com algo em comum: a impossibilidade de alcançar a verdadeira felicidade. Na primeira estória surge a figura da consagrada autora Virginia Woolf (interpretada com maestria por Nicole Kidman, perfeita, no papel que lhe valeu o Oscar e o Globo de Ouro de melhor atriz). Grande talento nas letras ela vive um drama em sua vida pessoal. Sofrendo de uma forte depressão e outros problemas mentais não consegue mais ter o controle sobre sua própria vida. Ela é casada com um homem que parece estar disposto a fazer tudo por sua felicidade mas essa parece cada vez mais distante e inatingível. A vida perdeu o próprio sentido de ser. Enquanto escreve seu grande livro, “Mrs Dalloway” (publicado em 1925), ela vai afundando em seus próprios dramas pessoais até que resolve tomar uma atitude extrema. Na segunda estória, passada na década de 50, conhecemos Laura Brown (Julianne Moore), uma dona de casa infeliz com a rotina de um casamento frustrante e banalizado. O marido a ama e tenta agradar mas ela, muito tímida e sempre melancólica, não consegue encontrar mais motivações para seguir em frente. Lendo “Mrs Dalloway” ela acaba se identificando com a forma de ver o mundo da protagonista do famoso romance.
   
A terceira e última linha narrativa de “As Horas” traz o espectador para a Nova Iorque dos dias atuais. É lá que vive a bem sucedida editora de livros Clarissa Vaughan (Meryl Streep). Ela tem um relacionamento estável com outra mulher há longos dez anos mas parece incapaz de esquecer o grande amor de sua vida, o escritor Richard (Ed Harris) que está morrendo de AIDS lentamente. Embora tenha uma vida complicada com agenda cheia ela não perde a oportunidade de visitá-lo, afinal ele é o amor platônico, idealizado, nunca superado de sua vida sentimental. Ela almeja organizar uma grande festa para trazer o prazer de viver novamente a Richard, mas esse, vendo o final se aproximando, tem outros planos. “As Horas” é um filme sensível mas também doloroso, pesado, não recomendado para pessoas que tenham algum tipo de depressão. O seu texto não procura amenizar o espectador nem trazer algum tipo de falsa esperança para as vidas frustrantes de seus personagens. No fundo todos parecem estar mergulhados na mesma melancolia de viver da personagem principal do livro de Virginia Woolf. São mulheres vivendo em tempos diferentes mas que compartilham o mesmo sentimento de frustração, infelicidade e falta de perspectivas em suas vidas. A falta da realização pessoal, a impossibilidade de alcançar uma existência plena são os temas centrais desse filme realmente marcante. Uma obra prima do cinema que merece todos os elogios e prêmios que recebeu em seu lançamento.

As Horas (The Hours, Estados Unidos, Inglaterra, 2002) Direção: Stephen Daldry / Roteiro: David Hare, baseado no livro de Michael Cunningham / Elenco:  Meryl Streep, Julianne Moore, Nicole Kidman, Ed Harris, Toni Collette, Claire Danes, Jeff Daniels / Sinopse: Três mulheres vivendo em épocas diferentes passam pelo drama de não conseguir alcançar a verdadeira felicidade.  Vencedor do Oscar na categoria de Melhor Atriz (Nicole Kidman). Indicado nas categorias de Melhor Filme, Melhor Diretor, Melhor Ator Coadjuvante (Ed Harris), Melhor Atriz Coadjuvante (Julianne Moore), Melhor Figurino, Melhor Edição, Melhor Roteiro Adaptado e Melhor Trilha Sonora. Vencedor do Globo de Ouro nas categorias de Melhor Filme Drama e Melhor Atriz Drama (Nicole Kidman).

Pablo Aluísio

domingo, 26 de agosto de 2012

A Garota Morta

Tive uma grata surpresa com esse "A Garota Morta". É a tal coisa, por mais que a pessoa assista muitos filmes ao longo do ano sempre escapam uma ou outra preciosidade. É o caso desse aqui. Assisti sem maiores expectativas. Isso porque a falecida Brittany Murphy fez muitos filmes tolinhos ao longo da carreira e nunca coloquei muita fé em seu talento como atriz. Que pena, logo quando ela começava a despontar aconteceu aquela tragédia em sua vida. Interpretando a jovem prostituta Krista, Brittany dá um show de interpretação. O filme obviamente gira em torno de sua estória - a Garota Morta do título - e seu segmento, o último, joga por terra a impressão negativa que tinha dela. Em um papel muito forte Murphy mostra muito talento e controle em cena. Surpresa completa. 

O enredo mostra uma jovem tendo que lidar com vários problemas em sua vida. Além da destruição de seus laços familiares ela ainda tem que sobreviver na dureza das ruas onde prevalece realmente a chamada Lei da Selva, onde apenas os mais fortes sobrevivem. Como já foi dito o roteiro segue aquele esquema que tanto conhecemos: várias estórias são contadas de forma independente para no final entendermos que todas elas estão interligadas. O argumento, ótimo por sinal, não poupa o espectador das misérias humanas, das condições de dor e sofrimento que certas pessoas passam em sua vidas. A direção é da atriz e cineasta Karen Moncrieff, o que é muito bem-vindo por causa do tema do filme. Na realidade o tema central dessa produção é a vida de mulheres que vivem em situação de risco, prostitutas, adolescentes grávidas e outras situações que as deixam à mercê de sofrerem todo tipo de violência física, mental ou sexual. É um retrato cru da vida de jovens que se colocam numa posição que as deixam extremamente vulneráveis. Assim nada melhor do que uma mulher para dar sua visão feminina aos aspectos mostrados no filme. Com um elenco de apoio todo bom (Toni Collete, Rosie Byrne e até James Franco) "A Garota Morta" é uma bela obra que deve ser redescoberta pelos cinéfilos que gostam de temas fortes com interpretações edificantes. Está mais do que recomendado.  

A Garota Morta (The Dead Girl, Estados Unidos, 2006) Direção: Karen Moncrieff / Roteiro: Karen Moncrieff / Elenco: Toni Collette, Brittany Murphy, Marcia Gay Harden, Piper Laurie, Rose Byrne, Mary Steenburgen, Bruce Davison, James Franco, Giovanni Ribisi / Sinopse: O filme mostra um mosaico de momentos de várias vidas de mulheres que se encontram em situações de risco.  

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 9 de julho de 2012

Mary e Max - Uma Amizade Diferente

Existem filmes que são tão pequeninos mas com uma alma tão grande! Um dos grandes exemplos disso é esse lírico "Mary and Max" que me foi indicado com tanta convicção por uma amiga que resolvi conferir. Ela estava mais do que certa. O que posso dizer? Simplesmente genial. Fazia muito tempo que não assistia uma animação tão inspirada (e inspiradora) como essa. A forma como a história (que o filme esclarece ser real) é contada é sublime e maravilhosa. A trama é das mais simples: Max Jerry Horovitz (Philip Seymour Hoffman) é um senhor judeu e nova iorquino que certo dia recebe uma carta de Mary Daisy Dinkle (Toni Collette), uma garotinha de apenas oito anos que mora do outro lado do mundo, na Austrália. Eles se tornam amigos por correspondência durante anos. Max sofre da síndrome de Asperger que o isola do mundo ao redor, se tornando solitário e sem amigos. Finalmente com Mary ele consegue criar um genuíno laço de amizade com outra pessoa. Parece triste mas não é. O humor é ótimo, embora em muitas cenas seja entrelaçado com um gostinho amargo de melancolia. De qualquer forma além de tratar de um assunto sério (a síndrome de Asperger que atinge Max) o filme apresenta um roteiro tão bem escrito que coloca muito longa convencional no chinelo. 

O fato de ser uma animação pode afastar algumas pessoas da produção, principalmente os que acham que animação é apenas coisa de criança mas mesmo para esses recomendo "Mary and Max" pois tudo é tão tocante e sincero que faz valer a pena cada minuto de exibição. Aliás é bom esclarecer que a animação usada no filme é algo que acrescenta muito ao resultado final. A técnica de "massinhas" (Stop Motion onde cada movimento é capturado lentamente em estúdio) ajuda ainda mais no jeito charmoso do filme pois cria um clima de ternura e sensibilidade que casa muito bem com o enredo. Muito provavelmente esse tipo de roteiro perderia muito de seu charme se fosse rodado de outra forma. É seguramente uma das animações mais ternas e sensíveis que já assisti na minha vida. Simplesmente imperdível (e emocionante). Minhas palmas para Mary e Max. Nota 10.

Mary e Max - Uma Amizade Diferente (Mary and Max, Estados Unidos, 2009) Direção: Adam Elliot / Roteiro: Adam Elliot / Elenco (vozes): Toni Collette, Philip Seymour Hoffman, Eric Bana / Sinopse: Max Jerry Horovitz (Philip Seymour Hoffman) é um senhor judeu e nova iorquino que certo dia recebe uma carta de Mary Daisy Dinkle (Toni Collette), uma garotinha de apenas oito anos que mora do outro lado do mundo, na Austrália. Eles se tornam amigos por correspondência durante anos. Max sofre da síndrome de Asperger que o isola do mundo ao redor, se tornando solitário e sem amigos. Finalmente com Mary ele consegue criar um genuíno laço de amizade com outra pessoa.  
 
Pablo Aluísio.