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domingo, 7 de janeiro de 2024

A Chamada

Título no Brasil: A Chamada 
Título Original: Retribution
Ano de Lançamento: 2023
País: Estados Unidos
Estúdio: StudioCanal
Direção: Nimród Antal
Roteiro: Alberto Marini, Christopher Salmanpour
Elenco: Liam Neeson, Matthew Modine, Noma Dumezweni, Lilly Aspell, Jack Champion, Arian Moayed

Sinopse:
Matt Turner (Liam Neeson), um pai de família, aparentemente dos mais normais, decide levar os filhos adolescentes para a escola, mas no meio do caminho recebe uma perturbadora chamada de celular. O homem, que não se identifica, avisa a ele há uma bomba debaixo de sua cadeira no carro. Se ele tentar sair do veículo tudo voará pelos ares. 

Comentários:
Bom filme, eu gostei. Parte de uma premissa básica, uma situação de tensão e perigo. Nesse aspecto me lembrou até mesmo de antigos filmes dos anos 90 que apresentavam roteiros exatamente nessa linha. O diferencial é que a tensão e o suspense da trama ficam em segundo plano, se valorizando mais a ação nas cenas. Algo de se esperar nessa fase da carreira do ator Liam Neeson que tem mesmo optado por filmes desse gênero cinematográfico. O filme também acertou em não exagerar, não se alongar demais, de forma desnecessária, não ter longa duração, porque caso isso viesse a acontecer as chances de ficar chato seriam bem grandes. A única coisa nesse filme que me decepcionou um pouco foi seu final, nada corajoso ou diferenciado. Aqui se optou por um desfecho mais normal, convencional. Se tivessem levado tudo às últimas consequências teríamos um filme memorável para se assistir. 

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 26 de outubro de 2023

A Ilha da Garganta Cortada

Título no Brasil: A Ilha da Garganta Cortada
Título Original: Cutthroat Island
Ano de Lançamento: 1995
País: Estados Unidos
Estúdio: Carolco Pictures
Direção: Renny Harlin
Roteiro: Michael Frost Beckner
Elenco: Geena Davis, Matthew Modine, Frank Langella

Sinopse:
Nos tempos em que os piratas reinavam nos sete mares, uma jovem e destemida mulher assume o controle de um barco e vai até o Caribe com o firme objetivo de encontrar um tesouro escondido na Ilha da Garganta Cortada. Será uma aventura cheia de perigos e situações de risco. 

Comentários:
Quando eu assisti a esse filme pela primeira vez, eu pude perceber que Hollywood havia perdido a mão para fazer bons filmes de piratas. Na era de ouro dos grandes estúdios filmes sobre piratas formavam um estilo cinematográfico dos mais populares. Só que isso havia acontecido nos anos 30, 40 e 50. Depois disso perderam a fórmula dos bons filmes. Essa aventura assim sempre me pareceu muito artificial, nada convincente. Até que houve uma boa produção, com um orçamento que beirou os 100 milhões de dólares, mas as filmagens tiveram problemas. Marido e mulher dividiam as responsabilidades do filme, ele na direção, ela liderando o elenco. Não deu muito certo. Com um roteiro que era reescrito a cada semana de filmagem, esses problemas apareceram na tela. E tudo isso era uma pena pois o filme tinha tudo para dar certo. Não deu, lançado nos cinemas foi fracasso de bilheteria, levando a produtora Carolco à falência. A crítica malhou muito também. E de certa maneira jogou novamente o estilo de filmes de piratas na geladeira por anos a fio. Pois é, nem sempre Hollywood acertava em sua escolhas. 

Pablo Aluísio.

sábado, 1 de outubro de 2022

Memória de um Crime

Quadrilha assalta um banco e rouba milhões de dólares. Na fuga, eles acabam sob fogo cerrado, não apenas da polícia, mas também de uma quadrilha rival. Um dos criminosos leva um tiro na cabeça, mas não morre. Ele apenas perde a memória completamente dos fatos. E ele justamente foi o responsável por esconder o dinheiro roubado. Assim, um plano de fuga da prisão é orquestrado. Ele consegue sair da cadeia. Só que precisará relembrar onde escondeu o dinheiro, o que trará enormes prejuízos para si e para os outros. Sylvester Stallone interpreta o policial encarregado de resolver o caso. Um caso que ficou em aberto durante 7 anos sem solução. E ele agora parece empenhado mais do que tudo em finalmente chegar no dinheiro roubado e na prisão de todos os envolvidos.

Sylvester Stallone foi um dos atores mais bem pagos do cinema americano durante os anos 80. Só que o tempo passou e as coisas mudaram. Hoje em dia, ele surge no elenco de filmes B como esse. Não existe mais nem a sombra do grande astro que ele foi no passado. Ainda mais agora, quando está enfrentando um divórcio milionário de uma ex-esposa que está na justiça tentando ter direito à metade de sua Fortuna. Então não é de se espantar que ele venha a parecer cada vez mais em filmes B como esse. No geral, este "Memória de um Crime" é bem fraco. É fraco na produção, é fraco na atuação e é fraco no roteiro. Para falar a verdade, o Stallone parece pouco interessado no que acontece. Apenas cumpre seu papel por tabela. Está acima de tudo defendendo o seu cachê e nada mais.

Memória de um Crime (Backtrace, Estados Unidos, 2018) Direção: Brian A. Miller / Roteiro: Mike Maples / Elenco: Sylvester Stallone, Matthew Modine, Ryan Guzman, Meadow Williams / Sinopse: Ao fugir da prisão, criminoso tenta relembrar onde escondeu uma fortuna em dinheiro roubado na sua última empreitada no mundo do crime.

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 8 de outubro de 2021

Nascido Para Matar

Não é uma unanimidade, nem entre os admiradores de Kubrick, um dos grandes mestres do cinema. Entretanto é inegável que foi um dos filmes que captaram com mais exatidão a insanidade e a loucura do militarismo. O roteiro dividiu o filme em dois grandes atos bem separados. Nem é preciso entender de cinema para compreender bem isso. No primeiro ato vemos um grupo de jovens sendo treinados. Como a guerra do Vietnã estava a todo vapor fica bem claro que eles serão levados para o front no sudeste asiático. Um dos recrutas logo vira alvo, saco de pancada, de seu sargento. É um sujeito mais gordinho, desajeitado. Tanto mexem com seu psicológico que ele logo surta e tudo termina em tragédia. 

Depois do impacto da cena que encerra a primeira parte do filme os soldados são finalmente enviados para o Vietnã. E aí o filme ganha uma surpreendente carga emocional e psicológica, se tornando mais cadenciado, mais sensorial. E o momento final acontece quando os americanos enfrentam uma atiradora de elite escondida nos escombros da guerra. Enfim, um grande filme de guerra, o que não quer dizer que seja para todos os tipos de públicos. Tão visceral é que se torna um filme realmente para poucos. Em minha opinião foi mais uma prova da genialidade de Stanley Kubrick e os gênios, como bem sabemos, nem sempre são bem compreendidos.

Nascido Para Matar (Full Metal Jacket, Estados Unidos, 1987) Direção: Stanley Kubrick / Roteiro: Stanley Kubrick, Michael Herr, Gustav Hasford / Elenco: Matthew Modine, R. Lee Ermey, Vincent D'Onofrio / Sinopse: A loucura e a insanidade da guerra do Vietnã impactando a vida de jovens americanos enviados para o campo de batalha. Filme indicado ao Oscar na categoria de melhor roteiro adaptado.

Pablo Aluísio.

sábado, 13 de junho de 2020

Asas da Liberdade

Título no Brasil: Asas da Liberdade
Título Original: Birdy
Ano de Produção: 1984
País: Estados Unidos
Estúdio: A&M Films, TriStar Pictures
Direção: Alan Parker
Roteiro: Sandy Kroopf
Elenco: Matthew Modine, Nicolas Cage, John Harkins, Sandy Baron, Karen Young, Nancy Fish

Sinopse:
Baseado no romance escrito por William Wharton, o filme "Asas da Liberdade" conta a história de um ex-combatente da guerra do Vietnã que volta aos Estados Unidos com problemas mentais. Em determinado momento ele se convence que é um pássaro. Para ajudar em sua recuperação um leal amigo tenta ajudá-lo de alguma forma. Filme premiado com a Palma de Ouro no Cannes Film Festival. 

Comentários:
Tenho uma admiração muito grande pela filmografia do diretor Alan Parker. Se há um cineasta que eu tiro o chapéu sem dúvida é ele. Grande artista da arte de fazer filmes, ele teve seu auge criativo justamente durante a década de 1980. Além do insuperável "Coração Satânico" ele ainda dirigiu esse excelente filme sobre os efeitos nefastos de uma guerra como a do Vietnã. Aqui Parker resolveu sondar o lado melancólico dos veteranos da guerra do Vietnã que voltaram com traumas e problemas mentais. Uma triste realidade que o cinema poucas vezes explorou já que sempre existiu um forte estigma com doentes mentais, principalmente se esses forem militares que foram ao Vietnã lutar naquela guerra insana e perderam completamente a razão no meio do inferno da selva asiática. Dentro do ciclo dos filmes de guerra do Vietnã essa seguramente foi uma das produções mais interessantes, humanas e verdadeiras. As cenas em que o ator Matthew Modine incorpora os modos de uma ave são impressionantes e até mesmo inesquecíveis. É o maior filme de sua carreira, muito superior em termos de atuação até mesmo ao clássico de Kubrick "Nascido Para Matar". Não deixe de conhecer. É uma obra-prima da história do cinema americano.

Pablo Aluísio.

sábado, 1 de fevereiro de 2020

Medo Profundo

Nessa altura da história do cinema é de se perguntar se ainda existe espaço para filmes de ataques de tubarões. Desde que Steven Spielberg dirigiu "Tubarão" nos anos 70 houve uma infinidade de filmes com o mesmo tema. Ainda haveria espaço para algo mais original? Praticamente não, porém ainda há alternativas, como no caso desse "Medo Profundo". Ao invés de apostar em enredos com tubarões sobrenaturais, aqui se busca apenas contar bem uma história. Investindo mais em situações plausíveis e contando com boas situações de suspense esse thriller submarino até que me agradou bastante.

O enredo é simples e eficiente. Duas americanas decidem passar o fim de semana no México. São duas irmãs e uma delas tenta superar o fim de um relacionamento. Elas então vão para a balada. Lá conhecem dois jovens mexicanos que fazem um convite. Que tal uma aventura diferente? Elas poderiam entrar numa daquelas gaiolas de proteção de ataques de tubarões brancos. Seria algo divertido. Uma experiência de vida. Além disso elas poderiam tirar algumas selfies para enviar ao ex-namorado, tudo para passar a imagem que estavam se divertindo muito e que ele no final não fazia qualquer diferença.

Claro que tudo começa errado. O barco que elas vão para o mar é velho. Os equipamentos parecem obsoletos. A gaiola é enferrujada. Os caras não possuem qualquer autorização para fazer aquele tipo de turismo aquático. Só que as meninas, jovens que são, topam enfrentar esse desafio. E a partir daí é uma desgraça atrás da outra. A gaiola afunda, depois que o cabo de aço que a sustenta se rompe. Os tubarões brancos começam a cercar as jovenas apavoradas que agora estão no fundo do oceano, a 47 metros de profundidade. Os donos do barco, ao que tudo indica, foram embora, enfim o caos se instala. O roteiro então investe nas tentativas das garotas em sobreviver e tira grandes cenas dessas situações. O final inclusive dá uma "rasteira" no espectador que espera por uma coisa e ganha outra. Uma boa reviravolta, bem bolada. Enfim, é um sopro de vida nesse nicho de filmes de tubarões. É um filme que ainda consegue ao menos manter a atenção do espectador.

Medo Profundo (47 Meters Down, Estados Unidos, 2017) Direção: Johannes Roberts / Roteiro: Johannes Roberts, Ernest Riera / Elenco: Mandy Moore, Claire Holt, Matthew Modine / Sinopse: Duas jovens americanas afundam dentro de uma gaiola de proteção de ataques de tubarões. No fundo do oceano, presas a 47 metros de profundidade, elas tentam sobreviver de todas as formas.

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 18 de setembro de 2019

Memória de um Crime

Título no Brasil: Memória de um Crime
Título Original: Backtrace
Ano de Produção: 2018
País: Estados Unidos
Estúdio: Lionsgate
Direção: Brian A. Miller
Roteiro: Mike Maples
Elenco: Sylvester Stallone, Matthew Modine, Christopher McDonald, Colin Egglesfield, Ryan Guzman, Meadow Williams

Sinopse:
Sete anos após um assalto a banco um dos antigos membros da quadrilha, que estava com amnésia, tenta recordar onde foi escondido uma parte do dinheiro roubado. Para isso ele toma uma droga experimental que mexe com sua mente de forma destrutiva.

Comentários:
Antes de rodar "Rambo V", Sylvester Stallone arranjou um tempinho para filmar esse filme policial classe B. Ele interpreta um detetive da polícia estadual que tenta resolver um caso em aberto, envolvendo o roubo de um banco na sua cidade. Durante sete anos as investigações não dão em nada, até que um dos suspeitos entra em campo para tentar encontrar parte do dinheiro que havia sido roubado e escondido numa fábrica. Ok, o roteiro até tenta ser um pouco diferenciado, mas a pura verdade é que o filme não agrada e está lotado de clichês por todos os lados. O próprio Stallone é praticamente um coadjuvante de luxo. Com figurino preto, poucos diálogos, ele poderia ser substituído que o público nem notaria. Quem ganha mais espaço no filme é Matthew Modine. Irreconhecível, com cabelos brancos, ele é um dos comparsas da quadrilha que após muitos anos toma uma dose experimental de uma droga para se lembrar onde o dinheiro foi colocado. Nada de muito especial. Suas dores de cabeça, com a câmera tremendo, quase cria um humor involuntário. Ficou forçado demais. Então é isso. Esse "Backtrace" não passa de um policial B, bem descartável e esquecível. Para os fãs de Stallone só resta mesmo esperar pelo novo filme do John Rambo.

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 1 de outubro de 2018

Sicário: Dia do Soldado

Gostei bastante do primeiro filme. Nem sabia que o ator Benicio Del Toro tinha planos de criar e estrelar uma nova franquia de filmes de ação. Foi justamente isso que aconteceu. Nesse segundo filme temos a sequência dos acontecimentos do primeiro filme, só que com uma trama de fundo diferente. Tudo começa quando três terroristas islâmicos entram em um pequeno supermercado numa cidade de fronteira dos Estados Unidos. São homens bombas. Tudo vai pelos ares. A CIA entra na investigação e descobre que eles entraram no país justamente na fronteira com o México. Por trás de tudo estaria os grandes cartéis mexicanos de tráfico de drogas; A solução encontrada pelos agentes é criar uma guerra interna entre eles, para assim desmontar todo o crime organizado, tanto  do lado dos Estados Unidos, como do México. Bom roteiro, que apesar de não estar no mesmo patamar do primeiro filme, não deixa a desejar em nada.

Como destaque do filme temos algumas sequências extremamente bem realizadas. Numa delas três helicópteros militares das forças especiais americanas interceptam carros cheios de traficantes e sicários, onde uma jovem adolescente, chefe de um chefão de um cartel importante, era levada como refém. O estilo é cru e violento, com poucos diálogos (apenas os necessários). O resultado é bem expressivo.  Em outra cena o personagem de Benicio Del Toro é executado bem no meio do deserto, só que o tiro, dado por um garoto, atravessa sua boca, saindo pela lateral. Na hora você pensa que é o fim dele, afinal como alguém poderia sobreviver a algo assim... mas depois de alguns momentos ele se levanta e consegue escapar. Uma cena bem visceral. O roteiro obviamente deixa a porta aberta para novos filmes. Se eles continuarem nesse nível de qualidade serão muito bem-vindos.

Sicário: Dia do Soldado (Sicario: Day of the Soldado, Estados Unidos, México, 2018) Direção:  Stefano Sollima / Roteiro: Taylor Sheridan / Elenco: Benicio Del Toro, Josh Brolin, Isabela Moner, Matthew Modine / Sinopse: Alejandro (Benicio Del Toro) entra em uma nova operação da CIA, sob comando do agente Matt Graver (Josh Brolin). Após a entrada de terroristas pelas fronteiras, eles devem criar uma guerra entre os principais cárteis de drogas do México. Brigando entre si, ficariam mais fáceis de dominar e destruir.

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 1 de julho de 2016

Short Cuts - Cenas da Vida

Título no Brasil: Short Cuts - Cenas da Vida
Título Original: Short Cuts
Ano de Produção: 1993
País: França, Estados Unidos
Estúdio: Fine Line Features, Spelling Films International
Direção: Robert Altman
Roteiro: Raymond Carver, Robert Altman
Elenco: Andie MacDowell, Jennifer Jason Leigh, Tim Robbins, Madaleine Stowe, Matthew Modine, Jack Lemmon

Sinopse:
Vencedor do Leão de Ouro de melhor filme no Festival de Veneza, "Short Cuts" traz um panorama amplo de várias estórias paralelas que convergem para um evento em comum. É um retrato de Los Angeles visto sob a visão desse talentoso diretor onde relacionamentos amorosos, paternais e proibidos entram em ebulição numa cidade que parece nunca parar.

Comentários:
Para muitos Robert Altman é um gênio, já para outros ele sempre foi muito super valorizado pela crítica especializada. Seja você adepto da primeira corrente ou da segunda, o fato é que Altman conseguiu imprimir seu estilo, seu modo muito peculiar de realizar filmes e obras cinematográficas marcantes. Um exemplo vem desse "Short Cuts - Cenas da Vida". O roteiro, como já era bem comum na obra de Altman nos anos 90, é bem fragmentado, ao estilo mosaico, onde estórias aparentemente independentes vão seguindo por um caminho até se encontrarem em algum evento em comum. Aqui o ponto de fusão de tudo o que acontece em cena é o triste atropelamento de uma garotinha na caótica e turbulenta Los Angeles. Por falar na cidade Altman parece querer retratar - de uma forma nada lisonjeira - essa cidade no qual foi morar por questões profissionais, afinal todos os grandes estúdios de Hollywood se encontram por lá. É uma declaração de amor e ódio para a cidade no qual ele vivia mas que nunca se apaixonou, como bem deixou claro em entrevistas. De qualquer maneira fica a recomendação desse "Short Cuts", um bom exemplo da arte de Robert Altman, queira você goste ou não!

Pablo Aluísio.

domingo, 29 de maio de 2016

Nascido Para Matar

Na segunda metade dos anos 80 houve todo um ciclo de filmes tratando sobre a Guerra do Vietnã. Além do premiado Platoon tivemos também outro grande filme sobre o tema: Nascido Para Matar. Dirigido pelo mestre Stanley Kubrick e baseado no livro de Gustav Hasford o filme era na verdade uma denúncia ao militarismo americano. O roteiro tinha dois atos básicos. O primeiro seria focado no treinamento de um grupo de fuzileiros militares (marines). Numa base militar um sargento durão (interpretado pelo ótimo R. Lee Ermey) levava seus homens ao limite, até o momento em que um deles perdia completamente o controle, indo para as raias da loucura e da insanidade. É interessante essa parte inicial do filme pois explorava como os militares procuravam suprimir completamente as individualidades e a personalidade de cada soldado. Uma maneira de transformá-los em máquinas de guerra, sem remorso, consciência ou senso crítico.

Depois daquela tragédia aqueles mesmos jovens eram então levados para o inferno do Vietnã. A linha de ligação entre os dois atos vinha na presença do praça Joker' Davis (Matthew Modine). Ele almeja ser correspondente de guerra, mas precisa também colocar a mão na massa no front, enfrentando todos os tipos de desafios, inclusive uma sniper vietcongue. Nesse segundo ato o diretor Kubrick coloca uma desesperança, um clima sórdido e até mesmo mesmo desesperador, investindo em uma fotografia escura, vermelha, como se estivesse fazendo uma alegoria com o sangue daqueles homens que seguem sendo abatidos como gado no matadouro. De todos os dramas de guerra que foram lançados nesse período, "Nascido Para Matar" foi um dos mais festejados. Um filme cru e áspero que não abria margem a concessões ou meias verdades. A intensidade de Kubrick fez toda a diferença do mundo. Brilhante.

Pablo Aluísio. 

domingo, 12 de abril de 2015

Equinox

Como vocês sabem eu estou aqui fazendo um resgate dos filmes que assisti nos últimos vinte anos. Assim estou publicando breves resenhas usando como guia um velho caderno de anotações onde escrevi os filmes que ia assistindo naquela época. Esse "Equinox" é um deles. Assisti pela primeira vez em 1995, segundo meus escritos. Demorei um certo tempo para me lembrar direito do filme. É um thriller de suspense com toques dramáticos que tem um enredo até bem interessante. Dois irmãos gêmero são separados assim que nascem. Um vira um sujeito honesto e íntegro, o outro se torna um gangster.

O primeiro tem uma personalidade tímida, já o segundo é tão expansivo que muitos pensam que ele tem algum tipo de problema mental. O destino que os separou os une novamente quando um jornalista investigativo e escritor descobre que eles são herdeiros de uma grande fortuna, pertencente a um nobre europeu muito rico que morreu. Aqui não há nem muita dificuldade em apontar o grande trunfo do filme: o ator Matthew Modine! Ele interpreta os dois irmãos e se sai maravilhosamente bem. Modine sempre foi um grande profissional, seu problema talvez tenha sido apenas a falta de maiores oportunidades na carreira. De qualquer maneira vale a lembrança desse esquecido e bom "Equinox".

Equinox (Equinox, Estados Unidos, 1992) Direção: Alan Rudolph / Roteiro: Alan Rudolph / Elenco: Matthew Modine, Lara Flynn Boyle, Fred Ward / Sinopse: Dois gêmeos se envolvem em uma situação surreal. Filme indicado a quatro categorias no Independent Spirit Awards.

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 25 de agosto de 2014

A Ilha da Garganta Cortada

Título no Brasil: A Ilha da Garganta Cortada
Título Original: Cutthroat Island
Ano de Produção: 1995
País: Estados Unidos
Estúdio: Carolco Pictures
Direção: Renny Harlin
Roteiro: Michael Frost Beckner, James Gorman
Elenco: Geena Davis, Matthew Modine, Frank Langella

Sinopse:
Morgan (Geena Davis) é uma aventureira, uma pirata dos mares, que está decidida a encontrar um enorme tesouro enterrado numa ilha do caribe. Para sua missão ser bem sucedida porém ela terá que enfrentar uma fila de rivais mal encarados e dispostos a tudo para colocar suas mãos na fortuna perdida! Filme indicado ao Framboesa de Ouro na categoria pior direção.

Comentários:
Muitos anos antes de Johnny Depp e a Disney ressuscitarem com grande êxito comercial os filmes de capa e espada com "Piratas do Caribe" houve essa tentativa muito mal sucedida de trazer os velhos bucaneiros dos sete mares de volta para as telas de cinema. O filme era dirigido pelo marido da atriz Geena Davis, o diretor especialista em explosões Renny Harlin, e contava com um bom elenco de apoio. A direção de arte também era bonita e bem feita mas... o roteiro, bobo e derivativo, não conseguiu enganar ninguém. Lançado em pleno verão americano - uma das épocas mais concorridas do circuito comercial - "Cutthroat Island" afundou ruidosamente nas bilheterias, tal como uma nau cheia de piratas fugindo dos navios reais de vossa majestade. O público não comprou a ideia de ir ver um filme novo com sabor das antigas fitas estreladas por Errol Flynn. O péssimo resultado comercial foi um duro golpe para a companhia Carolco que praticamente fechou as portas por causa dos custos não recuperados. No final das contas a única garganta cortada foi mesmo a do estúdio.

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 6 de junho de 2014

Nascido Para Matar

Título no Brasil: Nascido Para Matar
Título Original: Full Metal Jacket
Ano de Produção: 1987
País: Estados Unidos
Estúdio: Warner Bros
Direção: Stanley Kubrick
Roteiro: Stanley Kubrick
Elenco: Matthew Modine, R. Lee Ermey, Vincent D'Onofrio

Sinopse:
Jovens americanos se preparam para entrar em combate durante a Guerra do Vietnã. Sob ordens de um sargento linha dura, eles são submetidos a todo tipo de pressão física e mental. Apenas os fortes resistirão a esse desafio. Filme indicado ao Oscar na categoria Melhor Roteiro Adaptado. Também indicado na mesma categoria no Globo de Ouro, onde venceu na categoria Melhor Ator Coadjuvante (R. Lee Ermey). "Full Metal Jacket" foi o penúltimo filme da carreira do cineasta Stanley Kubrick.

Comentários:
Esse foi o último grande filme da carreira do genial Stanley Kubrick. Para muitos também é a melhor produção do chamado ciclo do Vietnã, uma série de filmes feitos sobre o conflito que começaram a surgir nas telas em meados dos anos 80. Não é para menos. Kubrick dividiu a trama de seu roteiro em dois atos bem claros. No primeiro acompanhamos o duro treinamento de um grupo de soldados, levando um deles à beira da insanidade completa. No segundo ato já temos os recrutas em plena guerra, tendo que enfrentar os desafios de uma batalha que nunca parecia ter fim. Em um momento crucial acabam ficando na mira de um atirador de elite das forças vietcongues. Kubrick se mostra genial em todos os momentos da película. Dono de um estilo maravilhoso no que toca ao poder de domínio sobre a narrativa, ele consegue expor a loucura do Vietnã de forma magistral. O enredo foi baseado na novela de Gustav Hasford mas, como sempre acontecia com o genial cineasta, ele usou isso apenas como ponto de partida para seu script, que se mostra extremamente atual e relevante. Em termos de elenco quem acaba se destacando mesmo é R. Lee Ermey que interpreta o sargento durão Hartman. O curioso é que Ermey era de fato um militar, o que trouxe ainda mais veracidade no que vemos na tela. Em suma, uma verdadeira obra prima cinematográfica com a assinatura do gênio Stanley Kubrick! Precisa dizer mais alguma coisa?

Pablo Aluísio.

sábado, 11 de janeiro de 2014

Garota em Progresso

Título no Brasil: Garota em Progresso
Título Original: Girl in Progress
Ano de Produção: 2012
País: Estados Unidos
Estúdio: Anxiety Productions, Latitude Entertainment
Direção: Patricia Riggen
Roteiro: Hiram Martinez
Elenco: Eva Mendes, Cierra Ramirez, Patricia Arquette, Matthew Modine 

Sinopse: 
O filme narra a estória de uma mãe solteira, Grace (Eva Mendes), e sua filha adolescente Ansiedad (Cierra Ramirez). Grace se vira como garçonete para sustentar ela e sua filha. Assim que engravidou foi colocada para fora de sua casa por sua mãe e sem recursos foi vivendo de cidade em cidade, de emprego em emprego, até que chega em Seattle e se envolve com um homem casado, o ginecologista Dr. Harford (Matthew Modine), que apesar das declarações de amor não parece muito disposto a abandonar sua família para viver com ela. Já Ansiedad tem seus próprios problemas pessoais. Após ver em uma aula que todo adolescente tem que passar por certos rituais próprios da idade ela decide colocar em frente um plano para acelerar esse processo que deveria vir naturalmente em sua vida.

Comentários:
Um filme especialmente feito para o público feminino pois o roteiro explora as lutas, ansiedades, sentimentos e medos de uma mãe solteira e sua filha. Poderia facilmente virar uma dramalhão daqueles, cheios de lágrimas por todos os lados mas sabiamente o roteiro evita esse tipo de coisa. O tom é levemente bem humorado embora de uma forma em geral a fita fique bem longe de ser uma comédia. Cierra Ramirez que interpreta a filha adolescente é esperta e bem vívida. Em alguns momentos sua personagem peca por ser até cruel, como nas cenas em que para impressionar um bando de garotas populares na escola humilha sua única amiga verdadeira, que tem problemas com obesidade. Eva Mendes faz o papel da mãe e não foge muito do estereótipo de latina gostosona. Sua personagem é confusa na vida, sem saber que rumo certo tomar, mas tem bom coração. A diretora Patricia Riggen não é muito conhecida, de certa repercussão realizou apenas "Lemonade Mouth", um telefilme também sobre adolescentes em 2011. Mesmo assim realiza aqui um bom trabalho, redondinho, até previsível, mas que não aborrece e nem decepciona. É acima de tudo uma história humana sobre mãe e filha tentando sobreviver na luta diária em busca da felicidade e do amor.

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 11 de outubro de 2013

Memphis Belle - A Fortaleza Voadora

O filme mostra de forma bastante talentosa a história real do bombardeiro americano Memphis Belle e sua equipe durante a Segunda Guerra Mundial. Na ocasião o avião ficou famoso por cumprir uma última missão, após vinte e quatro ataques bem-sucedidos. Para fechar com chave de ouro a tripulação do Memphis Belle precisaria apenas completar mais uma missão sobre o território inimigo para poder voltar para casa. Temos aqui um belo filme - acima da média mesmo. Tem bom roteiro, excelente clima de tensão e suspense e a nostalgia da época usada de forma equilibrada e inteligente. Outro grande destaque é a trilha sonora, inclusive contando com o "novo Sinatra" Harry Connick Jr. Dentre as várias canções memoráveis destaco "Danny Boy", que seria regravada por Elvis Presley nos anos 70 em uma gravação simplesmente perfeita e definitiva. Para quem gosta de história militar o verdadeiro Memphis Belle está em exibição em um museu militar americano. É um dos aviões mais famosos e celebrados da segunda guerra mundial.

Um dos destaques para quem visita o velho e heróico avião são os detalhes em sua lataria mostrando a quantidade de missões realizadas e o número de aviões nazistas derrubados por ele em campanha pelos céus do eixo alemão. O elenco inteiro está bem, até mesmo canastrões conhecidos como o "Fantasma" Billy Zane se sobressaem e não atrapalham o resultado final. As cenas de combate nos céus da Alemanha são extremamente bem realizadas e isso em uma época em que a computação gráfica ainda era bastante rudimentar. Sem medo de errar afirmo que esse é certamente um dos melhores filmes de guerra realizados nos últimos vinte e cinco anos. Um excelente programa para o fim de noite.

Memphis Belle - A Fortaleza Voadora (Memphis Belle, Estados Unidos, 1990) Direção: Michael Caton-Jones / Roteiro: Monte Merrick / Elenco: Matthew Modine, Eric Stoltz, Tate Donovan, D.B. Sweeney, Billy Zane, Sean Astin, Harry Connick Jr. / Sinopse: O filme mostra a história real do bombardeiro americano Memphis Belle e sua equipe durante a Segunda Guerra Mundial. Na ocasião o avião ficou famoso por cumprir uma última missão, após vinte e quatro ataques bem-sucedidos.

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

Batman - O Cavaleiro das Trevas Ressurge

Há um velho estigma dentro do cinema que afirma que a terceira continuação de uma franquia é sempre a pior. Fazendo uma retrospectiva realmente temos muitos exemplos disso. Esse último filme de Batman sob a direção de Christopher Nolan não contradiz essa velha máxima. Realmente é o filme menos brilhante da franquia mas é bom ressalvar que apesar disso ainda consegue ser um filme realmente excepcional. Ainda considero “Batman Begins” o melhor roteiro escrito e “Batman O Cavaleiro das Trevas” como o mais marcante em termos de atuação e direção (basta lembrar do Coringa de Heath Ledger para entender isso). Esse último filme de trilogia se destaca por ser o mais caótico, diria até mesmo anarquista, de todos eles. A figura de Bane surpreende por se revestir de tons revolucionários, pregando o poder para o povo (mesmo que seja mera desculpa para seus atos terroristas). Sua retórica chega a lembrar até mesmo dos líderes populistas e falsos socialistas que proliferam na América Latina atualmente.

A trama é brilhantemente construída. É uma pena que não possa debater aqui todos os detalhes e reviravoltas que surgem em cena pois não daria qualquer tipo de spoiler que estragasse as surpresas do filme mas fica a observação de que, pela primeira vez em muito tempo, Hollywood conseguiu criar um argumento muito sólido que consegue explicar excepcionalmente bem a origem e as motivações de seus personagens. Mesmo com tantos acertos encontramos erros também no timing da película. Embora seja um grande filme temos que reconhecer que há certos momentos que quebram a espinha dorsal da trama. Achei excelente o uso de certos momentos mas também pude perceber nitidamente a presença de cenas desnecessárias que quebraram o ritmo frenético dos acontecimentos. Batman, ou melhor dizendo, Bruce Wayne, surge incrivelmente vulnerável nesse terceiro filme. Quase sempre se recuperando de alguma lesão ou fratura – o que lhe deu uma humanidade muito acentuada, valorizando o lado mais realista do personagem, algo bem típico dos filmes de Christopher Nolan, que sempre procura ficar com os pés no chão. Um exemplo disso vemos também no próprio vilão Bane. Nos quadrinhos e desenhos animados ele é basicamente um brucutu brutal que literalmente “infla” com músculos desproporcionais, virando uma espécie de gigante descomunal. Nolan ignorou tudo isso em favor de um maior realismo (algo que esperava embora no íntimo tenha ficado torcendo para ele virar o monstro que conhecemos dos gibis).

Em termos de elenco nada a acrescentar ou criticar. Certamente a atriz Anne Hathaway como Mulher Gato passa longe do carisma de Michelle Pfeiffer (que continua sendo a melhor personificação do personagem no cinema) mas mesmo assim não compromete no saldo final. Ela na verdade é pouco sensual, mais parecendo uma daquelas modelos sem sal das revistas de moda, mas não faz feio.  Christian Bale continua muito bem como Bruce Wayne / Batman. Ator sem muito carisma conseguiu se sair muito bem na pele do complexo e martirizado milionário. Seu jeito sorumbático caiu como uma luva para o personagem sombrio que vive em eterna crise existencial. O restante do elenco de apoio continua ótimo, todos grandes atores que trazem muito para o resultado final. Já analisar o trabalho do ator Tom Hardy como Bane fica mais complicado. Com uma máscara que lhe tira toda a expressão facial não há como qualificar como bom ou ruim sua performance. Bane é um personagem que não abre muitos espaços para interpretações inspiradas como Coringa ou Pingüim.

Nos quadrinhos ainda é menos expressivo se limitando a ser uma montanha de músculos brutalizada. Aqui pelo menos ainda criaram toda uma estória em torno dele, tentando obviamente lhe passar alguma personalidade. De qualquer maneira as cenas de ação e lutas ficaram muito bem elaboradas e executadas. Impossível não sentir um frio na espinha na hora em que ele dá um golpe quase mortal no herói mascarado, quebrando suas costas. Em suma, reforçando minhas conclusões diria que “Batman – O Cavaleiro das Trevas Ressurge” é certamente o mais fraco da série mas isso não significa em absoluto que seja ruim ou deixe a desejar, pelo contrário. O que acontece é que os filmes anteriores são maravilhosos e esse também é excepcional mas um ponto abaixo dos demais. Parabéns a Christopher Nolan pelo talento, bom gosto e competência na realização dessa extremamente bem sucedida franquia que se encerra aqui. Não sei qual é o futuro do Homem-Morcego nas telas – provavelmente volte em uma nova franquia daqui alguns anos – mas sei de antemão que se igualar ao nível de qualidade dos filmes de Nolan não será nada fácil. De qualquer modo fico realmente feliz em saber que essa trilogia foi fechada com chave de ouro.

Batman - O Cavaleiro das Trevas Ressurge (The Dark Knight Rises,  Estados Unidos, 2012) / Direção: Christopher Nolan / Roteiro: Christopher Nolan, Jonathan Nolan / Elenco: Christian Bale, Gary Oldman, Morgan Freeman, Michael Caine, Anne Hathaway, JosephGordon-Levitt, Liam Neeson, Tom Hardy, Cilliam Murphy, Marion Cotillard, Juno Temple, Daniel Sunjata, Joey King, Matthew Modine / Sinopse Após os acontecimentos do filme anterior Bruce Wayne (Christian Bale) tenta se recuperar fisicamente dos ferimentos sofridos. Nesse meio tempo surge em Gotham City um terrorista mercenário chamado Bane (Tom Hardy) que deseja sob uma falsa retórica populista destruir a cidade. Apenas Batman pode deter seus planos de destruição.

Pablo Aluísio. 

sábado, 11 de agosto de 2012

O Julgamento

Como hoje é o "Dia do Advogado" resolvi homenagear essa nobre classe de profissionais comentando esse "O Julgamento". Esse tipo de filme, conhecido como "cinema de tribunal", tem algumas regras que vira e mexe aparecem em diversos filmes. Algumas dessas regras (ou clichês se você preferir) se podem encontrar nitidamente aqui também: O advogado de defesa geralmente passa por algum problema pessoal, com a vida em frangalhos e se apega a um novo caso para readquirir sua auto estima e vontade de viver. O promotor representando o Estado geralmente é um boçal, arrogante e cheio de si que tenta de todos os modos mandar o réu para a cadeia para cumprir a pior pena possível. Por fim temos o próprio acusado, um tipo que não conseguimos saber de antemão se é inocente ou culpado e como todo bom drama de tribunal o roteiro apresenta uma trama bem intrigada, onde nada é o que aparenta ser.

"O Julgamento" segue bem a cartilha que eu coloquei aqui. O filme é correto, bem realizado mas também nada inovador. Um dos problemas que mais me incomodou foi o fato de que em um filme de 100 minutos de duração o roteirista passou exatos 90 deles tecendo uma trama complicadíssima para resolver tudo depois em apenas 10 minutos - o que convenhamos é uma temeridade. Mesmo assim para quem gosta de direito criminal pode até ser uma boa pedida, muito embora o direito americano tenha poucas coisas semelhantes ao nosso. Nos EUA é seguido o chamado "Commow Law" baseado em jurisprudência e precedentes judiciais. No Brasil seguimos o direito legislado mais de perto, inspirado no milenar direito romano continental. Em conclusão podemos qualificar "O Julgamento" como uma boa diversão, um eficiente passatempo que conta com a presença de Matthew Modine que andava tão desaparecido que cheguei até mesmo a pensar que ele já estava aposentado (como seu personagem no começo do filme). Enfim, vale a pena dar uma espiada em "O Julgamento" se você curte esse estilo cinematográfico.

O Julgamento (The Trial, Estados Unidos, 2010) Direção: Gary Wheeler / Roteiro: Gary Wheeler, Mark Freiburger / Elenco: Matthew Modine, Nikki Deloach, Robert Forster / Sinopse: Mac (Matthew Modine) é um advogado idealista que se vê envolvido em um complexo caso criminal.

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

Um Domingo Qualquer

Velho treinador de futebol americano (Al Pacino) tem que lidar com o desfalque de seu principal quaterback (Dennis Quaid) em um momento crucial do campeonato. O novo dono da posição é um jovem negro e arrogante (Jamie Foxx) que não consegue lidar bem com a fama e o sucesso que acompanham sua repentina escalação ao time principal. Aqui temos uma parceria que há muito tempo se esperava: Al Pacino sendo dirigido por Oliver Stone. O problema é que o tema realmente é norte-americano demais. Stone não esconde em nenhum momento sua paixão pelo esporte, a ponto de transformar seus jogadores em guerreiros, verdadeiros gladiadores modernos. Tudo é focado nesse ponto. As cenas dos jogos são super produzidas, com edição alucinada. Pacino alterna momentos de histerismo completo com introspecção absoluta. Apesar da força de seu nome o filme realmente gira em torno do personagem de Jamie Foxx. Terceiro quaterback da equipe acaba assumindo a posição em um momento crucial do time (Miami Sharks). No começo fica inseguro (a ponto de vomitar em campo) e vacilante mas conforme vão passando os jogos se torna auto confiante a ponto de se tornar totalmente arrogante, desmerecendo os demais colegas de equipe e até mesmo o próprio treinador.

No fundo o roteiro de "Um Domingo Qualquer" foca sobre as características de personalidade que formam o caráter de um verdadeiro líder de equipe. Isso é bem demonstrado na relação do quaterback Foxx com os demais jogadores. A partir do momento em que se torna queridinho da mídia ele passa a se auto vangloriar em demasia e o pior começa a criticar abertamente outros membros do time. Obviamente que em um esporte coletivo isso é literalmente dar um tiro no pé! A direção de Oliver Stone (que faz pequenas aparições como um comentarista esportivo) é centrada muito em uma edição que de certa forma imita as transmissões de jogos de canais como ESPN. Tudo muito rápido, nervoso, tentando captar a paixão e o calor do momento das partidas. Funciona? Sim, em termos. Dramaticamente era de se esperar um melhor aproveitamento de Al Pacino em cena mas isso não acontece. Como eu disse Stone preferiu mesmo glorificar a NFL. Se você gosta de filmes esportivos pode vir certamente a apreciar. Já os que querem ver o talento de Al Pacino podem ficar um pouco decepcionados. No final vale a pena assistir embora não seja dos melhores trabalhos de Oliver Stone.

Um Domingo Qualquer (Any Given Sunday, Estados Unidos, 1999) Direção: Oliver Stone / Elenco: Al Pacino, Cameron Diaz, Dennis Quaid, James Woods, Jamie Foxx, LL Cool J, Matthew Modine, Charlton Heston, Aaron Eckhart e Tom Sizemore / Sinopse: Um íntimo olhar sobre os bastidores do futebol americano, passando desde os jogadores até os treinadores, a mídia e os donos de times, que controlam o jogo como um grande negócio que lucra milhões de dólares todo ano.

Pablo Aluísio.