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sexta-feira, 12 de janeiro de 2024

Napoleão

Napoleão
Quem foi Napoleão Bonaparte? Eu tenho muitas reservas em relação a essa figura histórica de Napoleão. Em meu ponto de vista ele foi um hipócrita e um oportunista. O oportunismo veio em um momento de indefinição da Revolução Francesa. Ele se aproveitou desse momento de incerteza para dar um golpe militar na França, usando de sua liderança militar para tomar completamente o poder para si, tudo feito através da força, das armas. Também foi um hipócrita porque resolveu continuar com o discurso da Revolução, embora tenha na prática jogado no lixo todos os seus valores e ideais. Inclusive queria fundar sua própria monarquia, passando o seu poder imperial para seus descendentes. E pensar que a Revolução Francesa lutava justamente contra isso tudo, contra esse sistema e esse regime de governo, de exercício de poder. 

Pois bem, quando esse filme foi anunciado tive a certeza que o projeto estava em boas mãos. Não havia cineasta melhor para dirigir essa história do que Ridley Scott. Considero ele um dos cinco maiores diretores vivos do cinema americano. Quando o filme chegou aos cinemas houve uma série de críticas negativas. E o público não pareceu gostar muito. Bom, eu gostei muito do filme! Não nego que haja imprecisões históricas, algumas até bem grosseiras, mas nada disso desmerece o trabalho de Ridley Scott. 

Na realidade me deparei com um filme que tem ótima fluência em sua narrativa. Conseguiu destacar pontos da vida pessoal de Napoleão enquanto mostrava momentos de algumas de suas grandes conquistas no campo de batalha. Claro que muitos momentos importantes não estão no filme, mas aqui considero uma crítica injusta. Nenhum filme feito até hoje conseguiu capturar tudo na vida dessa figura histórica. É improvável que isso um dia venha a acontecer. A dica que deixo é a literatura. Aí sim você encontrará livros completos sobre a vida do imperador francês, livros com mais de mil páginas. Assim se você quiser a experiência completa, onde não falte nada em sua trajetória, vá até uma biblioteca, pois não será no cinema que encontrará tudo. 

E dentro das limitações de se contar a história de uma vida em pouco mais de duas horas de cinema, o filme se saiu muito bem. Gostei da maneira como Ridley Scott mostrou as batalhas e principalmente em como dirigiu o ator Joaquin Phoenix, afinal ele é conhecido por trazer aspectos de sua própria personalidade ao interpretar seus personagens no cinema. Seria um tipo de "ator autoral". Nesse filme não iria dar certo. Ele até tem momentos em que derrapa nesse aspecto, mas no plano geral está contido, graças à direção firme de Ridley Scott. Ponto positivo na composição do protagonista. Mostrou o bom trabalho na direção do elenco por parte do cineasta. 

Então é isso. Um filme que gostei muito, trazendo a história desse carniceiro que tentou ser aceito pela nobreza que dizia querer destruir em nome de valores de uma Revolução que ele na realidade não seguia. Napoleão era apenas um usurpador sem nobreza que queria ser um tipo de novo nobre europeu. Adorava o requinte das grandes monarquias europeias e de certa maneira queria apenas ser aceito por elas! Nesse jogo de ego supremo acabou levando milhões à morte. O filme assim é preciso em mostrar toda a sua hipocrisia e fome de poder. Um excelente trabalho a mais na rica filmografia de Ridley Scott que merece todos os meus aplausos. 

Napoleão (Napoleon, Estados Unidos, 2023) Direção: Ridley Scott / Roteiro: David Scarpa / Elenco: Joaquin Phoenix, Vanessa Kirby, Tahar Rahim, Rupert Everett / Sinopse: O filme conta a história do imperador francês Napoleão Bonaparte. Após dar um golpe militar em seu país, ele assume todo o poder e joga a França em uma infinidade de batalhas por todo o continente, lutando ferozmente contra praticamente todas as monarquias e coroas da Europa. 

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 8 de abril de 2022

Questão de Lealdade

Título no Brasil: Questão de Lealdade
Título Original: A Different Loyalty
Ano de Produção: 2004
País: Estados Unidos
Estúdio: Lions Gate Films
Direção: Marek Kanievska
Roteiro: Jim Piddock
Elenco: Sharon Stone, Rupert Everett, Julian Wadham, Michael Cochrane, Anne Lambton, Jim Piddock

Sinopse:
Sally Cauffield (Sharon Stone), uma norte-americana vivendo em Londres, fica desesperada quando seu marido Leo (Rupert Everett) desaparece. Ao que tudo indica o jornalista se envolveu com pessoas ligadas à espionagem russa na Inglaterra no passado e agora pode estar pagando um preço alto demais por isso.

Comentários:
Filme com enredo promissor, mas que peca por não ter uma produção à altura da história que tenta contar. Para se produzir um filme como esse, cuja história se desenvolve no passado, com figurinos, carros de época, etc, é necessário ter um orçamento robusto. Não adianta fazer sem muito dinheiro porque as coisas acabam transparecendo para a tela. Ao meu ver o que estragou esse filme foi justamente isso. Tudo parece meio falso, dos figurinos aos cenários. O diretor também optou por um estilo de imagem que até chegou a ser popular ali pelo começo dos anos 80, mas que hoje em dia só faz o filme parecer datado demais. Enfim, não apreciei. Nem a beleza de Sharon Stone, aqui com cabelos pretos e estilo de dona de casa, me convenceu do contrário. É, no final das contas, um filme B que nunca decola.

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2022

Vidas em Alerta

Esse filme traz mais um daqueles roteiros em mosaico. Várias histórias paralelas são mostradas, sem nenhuma ligação aparente entre si. Tudo passado em um futuro próximo. O fio condutor do roteiro é a história do astronauta que fica vagando no espaço após uma tempestade elétrica no espaço. Ele estava consertando um satélite quando é atingido em cheio. Em volta dessa situação limites todos os demais personagens são apresentados. Uma das mais interessantes é uma jovem mulher que usa um aparelho e um aplicativo chamado "Deus". Todos os dias pela manhã ela precisa que "Deus" lhe traga alguma frase motivacional, de auto ajuda. Sem isso ela não consegue ter nem ânimo para sair da cama. Tudo vai bem até o dia que o aparelho quebra. E agora, como ela ficará sem "Deus"? Em outra história interessante um vendedor de robôs usados fica sem saber o que fazer com um velho modelo. Um robô com boa conversação, humor negro, mas algo antigo que ninguém se interessa mais. Provavelmente ele será enviado para o ferro velho.

O filme é uma ficção que se passa em 2028. O curioso é que foi o primeiro filme que assisti que faz referência ao Covid-19. Durante uma viagem de carro um dos personagens liga o rádio, onde está passando as notícias. E uma delas diz que a OMS já está tomando todas as providências para um novo surto de "Covid-28". Sinceramente falando dá um certo arrepio nesse momento já que é uma história ficcional sim, mas com toda a pinta de futuro plausível. Por fim só achei fraco mesmo o final do filme. Me soou sem novidades, apelativo e sem muito sentido. Algo que já foi usado recentemente, de maneira mais talentosa, em filmes como "Não Olhe Para Cima". Com isso o final que deveria ter maior impacto pareceu ser apenas mais do mesmo. Bola fora, realmente.

Vidas em Alerta (Warning, Estados Unidos, 2021) Direção: Agata Alexander / Roteiro: Agata Alexander, Jason Kaye / Elenco: Thomas Jane, Rupert Everett, Alice Eve, James D'Arcy, Patrick Schwarzenegger / Sinopse: Um astronauta fica perdido no espaço enquanto vidas humanas seguem em seu curso natural em um planeta Terra prestes a chegar ao seu final definitivo.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 3 de agosto de 2021

Morte ao Rei

Durante mais de mil anos a monarquia sobrevive na Inglaterra. Historicamente porém houve um breve período em que a nação se tornou uma república. Foi quando o revolucionário Oliver Cromwell venceu as tropas do rei, tomando o poder. Ao lado de um general chamado Thomas Fairfax, ele tencionava encerrar definitivamente a monarquia naquele país. Quando o filme começa o Rei já está derrotado. E a partir daí começam as divergências. Cromwell queria decapitar o monarca. Fairfax, que vinha de uma família da antiga nobreza, resistia a essa ideia. Para ele o Rei deveria ser devidamente julgado, mas não condenado à morte, tudo em nome da tradição.

O filme é muito bem produzido, com boa reconstituição de época. Não há grandes batalhas e nem a guerra entre os revolucionários e a monarquia é mostrada. A dramaticidade nasce mesmo do choque de ideias entre o líder da revolução e seu principal general. Eles tinham visões opostas sobre o que iria determinar o futuro da Inglaterra. Historicamente falando o povo inglês não gostava muito de Cromwell, principalmente depois que ele tomou o poder e se revelou um tirano, matando pessoas sem o devido julgamento legal. Isso talvez explique porque logo após sua morte a monarquia inglesa foi restaurada, estando no trono até os dias de hoje. Aquele que depõe uma monarquia acusando-a de tirana e logo após se torna ele próprio um tirano não merecia mesmo ter o apoio do povo.

Morte ao Rei (To Kill a King, Inglaterra, Alemanha, 2003) Direção: Mike Barker / Roteiro: Jenny Mayhew / Elenco: Tim Roth, Dougray Scott, Rupert Everett, Olivia Williams, / Sinopse: Após derrotar as tropas leais ao Rei Charles I, o revolucionário Oliver Cromwell quer ir além, ele quer a decapitação do monarca, mas encontra resistência vinda de seus próprios aliados na revolução.

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 7 de fevereiro de 2020

Sobrou pra Você

Título no Brasil: Sobrou pra Você
Título Original: The Next Best Thing
Ano de Produção: 2000
País: Estados Unidos
Estúdio: Paramount Pictures
Direção: John Schlesinger
Roteiro: Tom Ropelewski
Elenco: Madonna, Rupert Everett, Benjamin Bratt, Illeana Douglas, Michael Vartan, Josef Sommer

Sinopse:
Abbie Reynolds (Madonna), cansada de relacionamentos fracassados, tem uma noite de amor com seu amigo gay, o simpático Robert Whittaker (Rupert Everett). E desse encontro casual surge um problema. Ela descobre que está grávida! E agora, como ela irá seguir em frente com esse relacionamento?

Comentários:
Madonna convence como atriz? Será que vale a pena ainda hoje ir atrás de um filme com a cantora em que ela apenas atua? Olha, na minha opinião Madonna não é uma grande atriz. Passa longe disso, mas convence, ou melhor dizendo, engana bem nessa função. Acontece que goste-se dela ou não, o fato é que Madonna tem muito carisma. E ela se aproveita disso em seus filmes ditos convencionais, onde ela não canta e nem se utiliza de seus talentos musicais. E esse filme também pode ser visto como um presente da cantora para seu público gay que é enorme. Madonna sabe muito bem disso e decidiu que iria fazer um filme para eles. Um projeto bem pessoal de agradecimento da artista para seus admiradores do grupo LGBT. Aqui ela teve a sorte de lidar com um roteiro bem interessante, que enfoca a questão dos gays de uma maneira mais leve. Algumas mulheres possuem esse aspecto de se apaixonarem por gays. Não é algo incomum. Algumas até se casam com eles. Nesse filme esse tipo de questão não é discutida muito a fundo. Na realidade o filme está mais para uma comédia romântica onde o casal é mais fora do comum, uma mulher e um homossexual. Será que algo assim poderia dar certo? Assista ao filme e descubra seu final.

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 19 de setembro de 2019

O Príncipe Feliz

Título no Brasil: O Príncipe Feliz
Título Original: The Happy Prince
Ano de Produção: 2018
País: Inglaterra, Alemanha, Bélgica
Estúdio: Maze Pictures
Direção: Rupert Everett
Roteiro: Rupert Everett
Elenco: Rupert Everett, Colin Firth, Emily Watson, Colin Morgan, Tom Wilkinson, Tom Colley

Sinopse:
Após cumprir sua pena de trabalhos forçados numa prisão inglesa, o escritor Oscar Wilde finalmente ganha a sua liberdade. Sem pensar duas vezes ele vai embora para Paris onde pretende recomeçar sua vida, só que velhos fantasmas do passado teimam em persegui-lo. Filme indicado no Berlin International Film Festival, British Independent Film Awards e European Film Awards.

Comentários:
Geralmente quando lemos alguma biografia do escritor Oscar Wilde descobrimos que ele foi preso acusado de ser homossexual (era um crime na era vitoriana) e depois de cumprir sua pena (de 2 anos) teria ido para Paris, onde morreu. Mas o que aconteceu nesse período final de sua vida? Esse filme traz todos os detalhes de seus últimos meses de vida. É curioso perceber que a prisão, com trabalhos forçados, destruiu não apenas a reputação de Wilde, mas também o arruinou financeiramente e artisticamente. Psicologicamente ele igualmente ficou muito mal. Quando o encontramos no filme ele está praticamente falido, sem dinheiro nem para pagar uma conta de bar. Frequentando pequenas tavernas de Paris ele tenta viver um dia de cada vez. A decadência absoluta de Wilde desfila pela tela, sem amenizar sua ruína pessoal. Eu tinha poucas informações sobre esse período de sua vida e fiquei bem surpreso em saber que mesmo após passar por tudo ele ainda foi atrás de "Bosie", o filho de um rico nobre inglês, o mesmo que fez de tudo para que Wilde fosse para a prisão. E nesse reencontro ele finalmente percebeu que seu jovem amante era no fundo um sujeito mesquinho, frívolo e decepcionante. Deve ter sido terrível para Wilde saber disso depois de tudo o que passou. Enfim, excelente filme, muito bem feito, com ótima direção e roteiro. Se você gosta de Oscar Wilde e sua obra então é uma peça cinematográfica simplesmente indispensável.

Pablo Aluísio.

sábado, 9 de março de 2019

O Casamento do Meu Melhor Amigo

Título no Brasil: O Casamento do Meu Melhor Amigo
Título Original: My Best Friend's Wedding
Ano de Produção: 1997
País: Estados Unidos
Estúdio: Columbia TriStar Pictures
Direção: P.J. Hogan
Roteiro: Ronald Bass
Elenco: Julia Roberts, Dermot Mulroney, Cameron Diaz, Rupert Everett, M. Emmet Walsh, Philip Bosco
  
Sinopse:
Julianne Potter (Julia Roberts) é uma bem sucedida crítica de culinária. Sua vida vai muito bem, principalmente no aspecto profissional até que um convite a faz desmoronar emocionalmente. Seu melhor amigo quer que ela se torne sua madrinha de casamento. O problema é que Julianne o ama há anos, mesmo sem nunca ter se declarado para ele. E agora, como vai conseguir lidar com essa delicada situação?

Comentários:
Julia Roberts sempre teve muito poder e influência em Hollywood. Uma prova disso aconteceu justamente nesse filme. No geral é uma comédia romântica das mais banais, com roteiro sem novidades que aposta naquele velho problema envolvendo amizades que escondem um grande amor. Pois bem, mesmo tendo em mãos uma fita tão esquecível e descartável, Roberts conseguiu arrancar uma indicação ao Oscar para o filme (na categoria de Melhor Música - James Newton Howard). E o que dizer de uma imerecida indicação ao Globo de Ouro? Claro que algo assim iria impulsionar a bilheteria do filme pois o Oscar não é nada mais do que uma grande vitrine promocional para qualquer filme. Em razão disso Julia Roberts teve com esse romance uma das maiores bilheterias de sua carreira. Na época inclusive muitos esperavam uma indicação de Melhor Ator Coadjuvante para Rupert Everett. Ele realmente está ótimo na pele de um amigo homossexual de Roberts. Pena que não conseguiu. Enfim, temos aqui mais uma comédia romântica sobre casamentos, dirigido por um mestre no assunto, pois o cineasta  P.J. Hogan já havia se destacado antes com um filme bem parecido, "O Casamento de Muriel". Pelo visto em se tratando de vestidos de noivas e buquês ele é praticamente um especialista.

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 3 de novembro de 2016

O Lar das Crianças Peculiares

Título no Brasil: O Lar das Crianças Peculiares
Título Original: Miss Peregrine's Home for Peculiar Children
Ano de Produção: 2016
País: Estados Unidos
Estúdio: Twentieth Century Fox
Direção: Tim Burton
Roteiro: Jane Goldman
Elenco: Eva Green, Asa Butterfield, Samuel L. Jackson, Judi Dench, Rupert Everett, Terence Stamp
  
Sinopse:
Após a morte de seu avô, o jovem Jake (Asa Butterfield) resolve descobrir o que realmente aconteceu. O velho sempre dizia que havia sido criado em um orfanato em Gales onde moravam crianças extraordinárias, peculiares. Durante a II Guerra Mundial ele havia deixado todos para trás, indo servir o exército, mas agora, na velhice, começava a ser perseguido por estranhas criaturas que queriam saber para onde havia ido as crianças peculiares da senhorita Peregrine (Eva Green).

Comentários:
Que Tim Burton há muito tempo anda devendo um bom filme isso todos os cinéfilos sabem. O que eu não sabia era como esse seu novo filme seria tão decepcionante. Não conheço o livro original, porém já vi muitos leitores da obra de Ransom Riggs reclamando muito dessa adaptação de seu livro para o cinema. Segundo eles vários elementos importantes do enredo original ficaram de fora, além de terem alterado o próprio final do livro. Minha visão assim é limitada apenas ao filme em si e posso dizer que esse é bem fraco. Na verdade o filme só funciona mesmo em sua terça parte inicial. Aqui há bons elementos de suspense e mistério que acaba prendendo a atenção do espectador. Depois que tudo é revelado a situação se torna a mais clichê possível, com aquela velha luta dos bonzinhos contra os malvados. Tudo bem que é um filme feito para o público infanto-juvenil, mas sinceramente precisava mesmo Tim Burton ser tão raso? Se o roteiro tem falhas o que mais me irritou mesmo foi o desperdício dos bons atores. Quem conhece Eva Green de outros trabalhos vai ficar totalmente insatisfeito. Sua personagem parece não ter muita personalidade, é fraca e não dá chance para Eva brilhar mais uma vez. Pior é a péssima participação da dama do teatro Judi Dench! Sua atuação e importância dentro do filme é nula, um absurdo! 

E o que dizer do veterano Terence Stamp? Esse ainda tem uma ou outra boa cena, mas é muito pouco! Sobra Samuel L. Jackson como um vilão caricato que solta as famigeradas piadinhas (sem graça, é bom avisar). Já em relação aos principais personagens devo dizer que embora sejam criativos e imaginativos (como convém a uma fábula) nenhum deles me cativou em particular. Alguns são bem esquisitos e estranhos, como dois pequenos gêmeos que se vestem como dois fantasminhas! Outra precisa andar com sapatos de chumbo para não sair voando e uma garotinha tem a força de vários homens. Nenhuma das crianças é muito bem desenvolvida, o que deve ter deixado ainda mais irritado o leitor do livro original. O uso dos recursos das fendas temporais até que é bem interessante, mas presumo que as crianças pequenas não vão entender direito o que se passa. Enfim, se o filme se limitasse apenas ao início de sua trama até que teria alguma qualidade maior a se elogiar. O problema é que ele, apesar de seu visual gótico, é bobo demais para ser levado à sério. Com duas horas de duração facilmente fica cansativo. Enfim, outra bola fora de Tim Burton.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 13 de novembro de 2012

Histeria

Histeria foi uma denominação genérica usada nos séculos XIX e começo do XX que designava o estado em que certas mulheres ficavam por estarem insatisfeitas sexualmente. Nessas condições as mulheres apresentavam certos desvios de comportamento que a ciência médica sem uma definição melhor do que seria simplesmente qualificava como Histeria. Esse é justamente o ponto de partida dessa curiosa produção que tem feito bom desempenho nas bilheterias. Na história (que foi baseada em fatos reais) acompanhamos dois médicos, Robert (Jonathan Pryce) e Mortimer (Hugh Dancy), que tentam encontrar  uma solução ou uma cura para a histeria das mulheres dentro da rígida sociedade britânica. Após vários estudos chegam a um equipamento movido a energia elétrica que promete ser a solução da histeria entre as mulheres. Esse acessório hoje é conhecido popularmente como "vibrador" e é vendido em qualquer sex shop da esquina. O interessante de Histeria é que apesar do tema inusitado (o enredo nada mais é do que a história da invenção do vibrador feminino) consegue mostrar tudo isso com fina discrição e elegância. 

A produção é de classe, os figurinos da época, os costumes da sociedade, os padrões morais reinantes, fruto da era Vitoriana, tudo passeia na tela com o que há de melhor em termos de reconstituição histórica. Talvez toda essa sutileza do filme seja decorrência do fato de ter sido dirigido por uma mulher. A cineasta Tanya Wexler não deixa nunca o filme cair no lugar comum ou na vulgaridade. Até nas cenas mais fortes isso nunca acontece. Apesar do tema ser tão inglês a diretora Tanya é americana, jovem e com poucos filmes no currículo. Mesmo assim em momento algum sentimos qualquer sinal de inexperiência ou falta de rumo na condução da história, pelo contrário, tudo flui com rara sensibilidade. O elenco, pouco conhecido do grande público brasileiro, também não fará diferença. No final o público será presenteado com uma história intrigante, curiosa e até mesmo romântica. O filme está em cartaz em todo o Brasil por isso não perca a chance de conhecer "Histeria", um belo programa que mescla história, curiosidade e romance. 

Histeria (Hysteria, Estados Unidos, Inglaterra, 2012) Direção: Tanya Wexler / Roteiro: Jonah Lisa Dyer, Stephen Dyer / Elenco: Maggie Gyllenhaal, Hugh Dancy, Jonathan Price, Felicity Jones, Rupert Everett, Ashley Jensen, Sheridan Smith / Sinopse: Dois médicos ingleses em busca da cura da chamada Histeria entre as mulheres resolvem criar um aparelho elétrico para combater esse mal e nesse processo acabam inventando o vibrador feminino.

Pablo Aluísio.