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quinta-feira, 11 de janeiro de 2024

Êxodo: Deuses e Reis

Êxodo: Deuses e Reis
Mais uma versão para o cinema da história de Moisés e a saída do povo judeu do Egito Antigo. Ridley Scott fez o filme em homenagem ao irmão que havia se suicidado. Era uma mensagem sentimental, mas acabou que não agradou a quase ninguém. Religiosos torceram o nariz, pessoas que apenas queriam ver um bom épico antigo também não gostaram e a crítica, de maneira em geral, não avaliou bem ao filme. O que deu errado? Antes de qualquer coisa é bom deixar claro que é sim um filme bem produzido. Tem opções de direção de arte bem cuidadosas e acertadas. O elenco também faz o possível, mesmo que alguns atores não estejam muito bem adequados para seus personagens. Enfim, o filme não é, em minha opinião, o desastre todo que pintam por aí. 

O problema desse roteiro é conceitual. A história dos dez mandamentos, de Moisés e tudo o mais desse pacote todo, é de uma mitologia religiosa de fé. Não tem como fazer um filme racional desse enredo. O problema de Ridley Scott foi esse, ele quis fazer um filme racional. Não dá. O Exodus é um desbunde religioso, que pede mesmo exageros irracionais e pensamento mágico. Para funcionar tem que acreditar que tudo aconteceu mesmo, que o mar abriu e o resto todo. O Moisés é uma mistura de mago, profeta e líder messiânico. Não tem com contar essa história com o pé no chão da realidade, tem que afundar o pé na jaca da religião como fez Cecil B. De Mille no passado.

Essa coisa de tentar trazer explicações racionais para o que aconteceu na trama, simplesmente não cola. Não é documentário do canal Discovery ou do History. Não agrada ao fundamentalista religioso e nem ao espectador mais racionalista e progressista que não vai curtir também. Aliás acredito que esse tipo nem foi ao cinema ver ao filme. O simples tema já o deixou fora das salas. Quem não acredita, não vai ver filme de Moisés e Velho Testamento. É demais para eles. 

O fato é que os historiadores nunca acharam uma prova arqueológica da existência de Moisés e nem de uma multidão de judeus atravessando o deserto. Então academicamente o Êxodo é tratado como uma mitologia de fundação do povo de Israel e nada mais, inclusive reutilizando partes de mitologias de outros povos antigos, de mitos estrangeiros praticamente iguais ao de Moisés.

Então ou se mostra tudo sob o ponto de vista religioso ou não se faz filme nenhum, porque para a história, para a Academia, Moisés é meramente um personagem de literatura antiga. Nada mais do que isso. Ele nunca existiu de verdade! De qualquer forma, mesmo com esse erro de conceito, eu gostei do filme. Eu queria ver apenas bom cinema. Já sabia que não era um grande filme, mas esperei por algo ao menos digno de Ridley Scott. E nesse ponto tudo está bem OK. Poderia ser muito melhor, mas não deu. Só não adianta fazer filme de mitologia religiosa como algo racional, porque não vai dar certo, mas fora isso podemos tentar ver ao filme ao menos como mero entretenimento bem produzido. 

Êxodo: Deuses e Reis (Exodus: Gods and Kings, Estados Unidos, 2014) Direção: Ridley Scott / Roteiro: Adam Cooper, Bill Collage, Jeffrey Caine / Elenco: Christian Bale, Joel Edgerton, Ben Kingsley, Sigourney Weaver, John Turturro, Aaron Paul / Sinopse: Filme que entrou recentemente na grade de programação do Netflix contando a história de Moisés, os dez mandamentos e a saída do povo judeu escravizado das mãos do faraó Ramsés II. Baseado no Velho Testamento da Bíblia. 

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 22 de setembro de 2023

Irmãos de Sangue

Título no Brasil: Irmãos de Sangue
Título Original: Clockers
Ano de Lançamento: 1995
País: Estados Unidos
Estúdio: Universal Pictures
Direção: Spike Lee
Roteiro: Richard Price, Spike Lee
Elenco: Harvey Keitel, John Turturro, Delroy Lindo, Isaiah Washington, Regina Taylor, Thomas Jefferson Byrd

Sinopse:
Jovens negros da maior periferia de Nova Iorque são expostos à violência urbana da forma mais cruel e precisam sobreviver em um bairro onde as ruas são dominadas por traficantes de drogas. E um policial branco tenta desvendar um crime de assassinato ocorrido naquela região. 

Comentários:
O projeto inicial desse filme contava com a direção de Martin Scorsese. Quando tudo estava pronto para o começo das filmagens, Scorsese percebeu que não teria tempo para concluir o filme pois tinha compromisso com outra produção, o filme "Cassino" com Robert De Niro. Assim a Universal Pictures acabou optando por levar Spike Lee para a direção. Claro que se tivesse sido feito por Scorsese o filme seria bem diferente, mas é inegável também que Spike Lee fez um bom trabalho (Mais uma vez pois sua filmografia é repleta de obras cinematográficas importantes). O roteiro explora a questão da criminalidade nos bairros mais pobres de Nova Iorque e como a comunidade negra responde a esse tipo de violência. O sempre eficiente Havey Keitel interpreta o policial branco que tenta trabalhar em um bairro negro. Claro que a tensão racial acaba ficando à flor da pele. Enfim, um bom filme que expõe o lado mais violento da maior cidade dos Estados Unidos. 

Pablo Aluísio.

domingo, 12 de fevereiro de 2023

Pinóquio por Guillermo del Toro

Pinóquio por Guillermo del Toro
Do momento em que o diretor Guillermo del Toro decidiu fazer esse filme até o dia em que ele chegou ao público levou-se longos 15 anos de produção. Isso dá uma ideia do trabalho árduo que foi feito para que esse filme fosse finalizado. Fazer mais uma versão de Pinóquio seria banal, por isso del Toro decidiu ir por outro caminho. Ele optou por realizar o filme na antiga técnica de stop motion, uma tradicional linha de animação que estava há muitos anos deixada de lado justamente por causa do grande trabalho a ser realizado. Cenas que duram apenas alguns segundos levavam verdadeiros dias para ficarem prontas. O cineasta teve que importar artistas e animadores especializados nesta técnica de outros países. No total, foram criadas 60 equipes independentes, cada uma com a função de criar uma determinada sequência. O resultado de tanto primor técnico se vê na tela. O filme é realmente tecnicamente perfeito, impecável em todos os aspectos. 

Entretanto esse novo filme do Pinóquio não se resume apenas a um grande feito do aspecto técnico cinematográfico, mas também no roteiro. O diretor Guillermo del Toro resolveu mesclar histórias do livro original com novas ideias que ele introduziu na narrativa. E disso resultou uma história muito boa, inclusive com nuances políticas sobre o fascismo na Itália. Esse é um filme que tem muita alma e coração, falando sobre relações humanas, principalmente entre pai e filho. A perda de um ente querido e a tentativa de reencontrar algum sentido na vida depois disso também são temas tratados. O filme está  concorrendo ao Oscar de melhor animação deste ano e, se vencer, não será uma surpresa pra ninguém. Pelo contrário, será um prêmio mais do que merecido e justo.

Pinóquio por Guillermo del Toro (Guillermo del Toro's Pinocchio, Estados Unidos, México, França, 2022) Direção: Guillermo del Toro, Mark Gustafson / Roteiro: Guillermo del Toro, Patrick McHale / Elenco: Ewan McGregor, Cate Blanchett, Christoph Waltz, John Turturro, Ron Perlman, Tilda Swinton, David Bradley, Gregory Mann / Sinopse: Nova versão da antiga história do boneco de madeira que queria ser um menino de verdade. Baseado no livro original escrito por Carlo Collodi.

Pablo Aluísio.

domingo, 24 de abril de 2022

Batman

Quando o filme começa descobrimos que o milionário Bruce Wayne (Robert Pattinson) está há dois anos atuando como Batman. Ele é mal visto pelos policiais, mas ganha a confiança de Gordon, um tira honesto do departamento. Durante as noites Batman enfrenta a criminalidade pelas ruas de Gotham City. Salva um homem de ser espancado por uma gangue de marginais. Depois captura um criminoso vestido com fantasia de Halloween. Seu maior desafio porém está por vir. Uma série de assassinatos envolvendo figurões da política da cidade começa.

O assassino se auto denomina Charada. É um tipo psicótico que publica seus vídeos nas redes sociais e ganha seguidores com sua mensagem insana de justiça pelas próprias mãos. Nada lhe escapa. Ele mata o prefeito, depois o promotor de Gotham e não parece parar mais. A corrupção parece infiltrada por todos os segmentos de Gotham. E justamente as autoridades que deveriam combater o crime parecem trabalhar por ele. Porém o Charada quer mais. Ele planeja destruir a cidade em um grande evento trágico final.

Esse novo filme do Batman enfrentou diversos problemas durante as filmagens e depois para chegar nos cinemas. O filme teve as filmagens suspensas por um tempo por causa da pandemia e depois seu lançamento foi adiado várias vezes pela mesma causa. A Warner que havia investido milhões de dólares na produção do filme não poderia se arriscar, tinha que lançar o filme no momento certo. Só mais recentemente é que finalmente "The Batman" chegou nas telas de cinema com excelentes resultados. Até o momento o filme já faturou 750 milhões de dólares, ganhando elogios da crítica especializada. Nada mal.

A boa notícia para os fãs é que se trata de um filme muito bom. Eu particularmente acredito que filmes de super-heróis já estão bem saturados no cinema, mas esse aqui funciona muito bem. O roteiro explora o lado mais de detetive do Batman, algo que vem de encontro com suas origens. Nada mais adequado para quem surgiu inicialmente nas páginas de uma revista chamada Detective Comics, Além disso é de se elogiar um filme que optou pela sobriedade. É o filme mais sóbrio do Batman. É um filme tenso, escuro e bem realista se formos pensar bem. O Charada não se parece em nada com o personagem original que foi interpretado por Jim Carrey no passado. Esse aqui é pura insanidade, um tipo mais do que psicótico. Com isso o filme funciona excepcionalmente bem. É desde já a melhor adaptação dos quadrinhos desse ano. Merece todos os elogios.

Batman (The Batman, Estados Unidos, 2022) Direção: Matt Reeves / Roteiro: Matt Reeves, Peter Craig. baseados no universo criado por Bob Kane / Elenco: Robert Pattinson, Jeffrey Wright, Paul Dano, Colin Farrell, Zoë Kravitz, John Turturro, Andy Serkis, Peter Sarsgaard / Sinopse: Milionário traumatizado pela morte dos pais assume a identidade de Batman nas noites escuras de Gotham City. Agora ele vai precisar resolver um caso envolvendo a morte de diversos figurões da cidade. O assassino se autodenomina Charada, mas quem será ele?

Pablo Aluísio. 


quarta-feira, 25 de agosto de 2021

A Janela Secreta

Mort Rainey (Johnny Depp) é um escritor. Ele decide se isolar em uma casa no meio do nada para escrever seu novo livro. Um lugar bonito, com uma vista para o lago. E as coisas começam muito bem. Ele imediatamente começa as escrever as primeiras páginas para sua nova história. Para ele os livros são janelas que são abertas para um outro universo, um outro mundo proveniente de sua própria imaginação. Porém dessa vez ele parece ter aberto uma janela que deveria ficar fechada. Um estranho homem, de chapéu e roupas antigas, bate na sua porta e depois disso nada será como antes. Seria uma pessoa real ou fruto de sua imaginação? O que é pensamento e o que seria realidade?

Esse suspense até que foi bem elogiado pela crítica em seu ano de lançamento. Choveram textos positivos sobre o filme, o que me fez ir até mesmo ao cinema para conferir. Talvez por ter ficado com expectativas altas demais o filme me decepcionou. Filmes de suspense precisam seguir certas regras não escritas para darem certo. Uma delas é desenvolver melhor os acontecimentos. No caso desse filme temos situações que soam previsíveis demais. Além disso o fato do filme se passar no mundo presente o faz perder um pouco de clima. Talvez se fosse um filme passado na década de 1940, por exemplo, sua história soaria muito mais crível.

A Janela Secreta (Secret Window, Estados Unidos, 2004) Direção: David Koepp / Roteiro: David Koepp, baseado no livro "Four Past Midnight: Secret Window, Secret Garden" de Stephen King / Elenco: Johnny Depp, Maria Bello, John Turturro / Sinopse: Jovem escritor, isolado em uma casa de campo, onde pretende escrever seu novo livro, passa a ser atormentado por uma estranha figura que parece ter saído até mesmo de seus próprios escritos. Filme indicado no Fangoria Chainsaw Awards na categoria de melhor ator (Johnny Depp).

Pablo Aluísio.

terça-feira, 20 de julho de 2021

Gloria Bell

A vida de Gloria Bell (Julianne Moore) não é das mais felizes. Ela se divorciou do marido e seus filhos, agora adultos, não dão muita bola para ela. Para aliviar um pouco essa vida de tensão que se resume em ir para o trabalho e voltar para casa, ela decide frequentar uma discoteca meio capenga e cafona, onde só tocam sucessos da era do disco, dos anos 70. E na pista de dança dessa discoteca fora de moda ela conhece Arnold (John Turturro), um homem de sua idade, que também se diz divorciado e infeliz, pai de duas jovens que parecem nunca encontrar o rumo de suas vidas. Arnold é dono de um velho parque de diversões decadente e enferrujado e logo começa um namoro com Gloria.

Bom filme, mostrando a vida de uma mulher comum, cheia de problemas pessoais, como todos nós. Depois do divórcio ela tenta reconstruir os pedaços de sua vida emocional, mas é tudo tão complicado. Para uma mulher que viveu toda a sua existência reprimida é complicado nessa altura, com essa idade, arranjar um namorado e não ser julgada pelos outros. O namorado também fica longe de ser perfeito. É um cara que parece mentir o tempo todo, fazendo com que ela desconfie que ele ainda é casado. Pior, ele está sempre sumindo dos encontros, sem nem se despedir. Um cara estranho. Enfim, apesar de uma certa melancolia, esse filme me passou algo bem verdadeiro e humano em seu roteiro. E sim, Julianne Moore continua sendo uma grande atriz.

Gloria Bell (Gloria Bell, Estados Unidos, 2018) Direção: Sebastián Lelio / Roteiro: Alice Johnson Boher, Sebastián Lelio, Gonzalo Maza / Elenco: Julianne Moore, John Turturro, Michael Cera, Brad Garrett, Rita Wilson, Caren Pistorius / Sinopse: O filme conta a história de uma mulher bem mais velha e madura que tenta reconstruir sua vida emocional e encontra muitos desafios pelo caminho.

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 7 de abril de 2021

Um Sonho Dentro de um Sonho

Título no Brasil: Um Sonho Dentro de um Sonho
Título Original: Slipstream
Ano de Produção: 2007
País: Estados Unidos
Estúdio: Strand Releasing, Destination Films
Direção: Anthony Hopkins
Roteiro: Anthony Hopkins
Elenco: Anthony Hopkins, Stella Hopkins, Christian Slater, John Turturro, Michael Clarke Duncan, Camryn Manheim

Sinopse:
O veterano roteirista Felix Bonhoeffer (Anthony Hopkins) começa a viver estranhas experiências enquanto trabalha em seu novo roteiro para o cinema, um filme de suspense e assassinatos. De repente seus personagens começam a surgir em seu mundo real, causando perplexidade em sua mente. Estaria enlouquecendo?

Comentários:
O que fazer depois de ser considerado um dos melhores atores de sua geração, ou melhor dizendo, o melhor ator ainda vivo atuando no cinema? Para Anthony Hopkins a resposta para esse tipo de questão veio em um desafio novo na sua carreira, dirigir um filme e escrever o seu próprio roteiro. "Um Sonho Dentro de um Sonho" não deixa de ser um filme interessante, só não espere por uma história linear que faça muito sentido. Na realidade o que temos aqui são cenas mais ou menos avulsas que privilegiam a noção de sensações, ao invés de procurar por uma narrativa convencional. Muitas vezes títulos nacionais de filmes estrangeiros são péssimos, mas no caso aqui o nome do filme no Brasil captou perfeitamente o espírito da película, pois o que temos é justamente isso mesmo, sonhos que dão origem a outros sonhos e por aí vai, ao infinito. Não procure por lógica, procure apenas sentir esse exercício de experimentalismo cinematográfico de autoria do grande e talentoso ator Anthony Hopkins.

Pablo Aluísio.

sábado, 14 de novembro de 2020

Febre da Selva

Título no Brasil: Febre da Selva
Título Original: Jungle Fever
Ano de Produção: 1991
País: Estados Unidos
Estúdio: Universal Pictures
Direção: Spike Lee
Roteiro: Spike Lee
Elenco: Wesley Snipes, Annabella Sciorra, Samuel L. Jackson, John Turturro, Anthony Quinn, Spike Lee, Halle Berry, Ossie Davis

Sinopse:
Em Nova Iorque, durante a década de 1990, Flipper Purify (Wesley Snipes) se envolve com Angie Tucci (Annabella Sciorra). O que poderia ser um caso como tantos outros, acaba causando muitas reações negativas nos familiares e amigos do casal. A razão? Ele é negro e ela faz parte da comunidade italiana da cidade, cusando todo tipo de reações preconceituosas das pessoas próximas.

Comentários:
Nesse filme o diretor e roteirista Spike Lee voltou a tratar da questão racial nos Estados Unidos. Para demonstrar como o preconceito também pode afetar os relacionamentos pessoais, ele colocou como protagonistas de seu filme um casal, formado por um homem negro e uma mulher branca, de origem italiana. Eles se conhecem, gostam um do outro e começam a se relacionar. O problema são os amigos, parentes, vizinhos, todos querendo atrapalhar o romance, tudo causado pelo preconceito racial. Embora o tema possa parecer pesado em um primeiro momento, levando o espectador a pensar que vai ver um drama, o diretor optou por algo até bem mais leve. Há humor e ironia envolvendo as situações. Não é um filme trágico, como alguns poderiam pensar. E o mais interessante de tudo é que Spike Lee e Samuel L. Jackson, acabaram sendo premiados em Cannes naquele ano, justamente pelo trabalho que fizeram nesse filme. Quem poderia imaginar? Enfim, bom filme, tratando de um tema relevante, mas sem exagerar nas tintas dramáticas, o que no final se revelou ser uma decisão acertada do diretor.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 8 de setembro de 2020

Medo X

Título no Brasil: Medo X
Título Original: Fear X
Ano de Produção: 2003
País: Inglaterra, Dinamarca
Estúdio: AM Entertainment Investors
Direção: Nicolas Winding Refn
Roteiro: Nicolas Winding Refn, Hubert Selby Jr
Elenco: John Turturro, Deborah Kara Unger, Stephen Eric McIntyre, William Allen Young, Gene Davis

Sinopse:
Quando sua esposa é morta em um incidente aparentemente aleatório, Harry (Turturro), impulsionado por visões misteriosas, viaja para descobrir as verdadeiras circunstâncias em torno de sua morte inexplicável. Filme indicado ao Fangoria Chainsaw Awards na categoria de melhor ator (John Turturro).

Comentários:
Esse é um bom thriller de suspense. Assisti há alguns anos na TV a cabo. Não acredito que tenha sido lançado nos cinemas brasileiros, pelo menos eu não me lembro disso ter acontecido. No geral temos aqui uma jornada pessoal do protagonista tentando entender, aceitar e revelar as circunstâncias da morte da esposa. Como é um filme europeu (uma produção contando com realizadores da Dinamarca e Inglaterra) não espere pelo ritmo alucinado que muitos estão acostumados do cinema dos Estados Unidos. As coisas aqui são mais lentas, as cenas são mais bem exploradas, tudo levando um certo tempo para acontecer. Nada de correrias, nem explosões, nem carros caindo de penhascos, etc. Tudo é mais sutil, cadenciado, em ritmo bem de acordo com a média dos filmes europeus. John Turturro, mais uma vez, está ótimo. Ele interpreta um personagem que mesmo deprimido vai atrás da verdade. Será que finalmente a encontra em algum lugar? Assista ao filme para saber.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 11 de agosto de 2020

Barton Fink

Título no Brasil: Barton Fink - Delírios de Hollywood
Título Original: Barton Fink
Ano de Produção: 1991
País: Estados Unidos, Inglaterra
Estúdio: Circle Films, Working Title Films
Direção: Joel Coen, Ethan Coen
Roteiro: Joel Coen, Ethan Coen
Elenco: John Turturro, John Goodman, Judy Davis, Michael Lerner, John Mahoney, Tony Shalhoub

Sinopse:
Um renomado dramaturgo de Nova York é atraído para a Califórnia para escrever para o cinema e descobre a verdade infernal da indústria cinematográfica de Hollywood. Filme indicado ao Oscar nas categorias de melhor ator coadjuvante (Michael Lerner), melhor direção de arte (Dennis Gassner) e melhor figurino (Richard Hornung).

Comentários:

Nessa altura já podemos dizer que todo e qualquer filme envolvendo os irmãos Coen é um bom motivo para ir ao cinema. Eles realmente se destacaram ao longo desses anos como cineastas e roteiristas de muito talento. E por falar em roteiro, esse filme aqui é uma auto referência ao cinema americano. O protagonista é um sujeito talentoso que decide cruzar o país para tentar uma carreira de roteirista em Hollywood e aí... a lógica, ou a falta de lógica, da indústria do cinema começa a enlouquecer o pobre sujeito. O filme vai numa crescente de perda de contato com a realidade, tudo resultando em um clímax bem ao estilo do que de pior poderia existir em Hollywood. Claro, uma forma dos irmãos Coen levar um passo à frente, na base da fina ironia, as próprias críticas que eles têm de Hollywood. Por fim não poderia deixar de tecer elogios ao ator John Turturro. Ele está perfeito nesse que foi o papel de sua vida. Sua atuação foi tão marcante nessa película que até hoje, mesmo após tantos anos, ainda me lembro desse filme quando vejo o ator em qualquer outra produção. E de fato, devo dizer, ele nunca mais teve tanta oportunidade de mostrar seu talento. De maneira em geral sua carreira passou a ser feita apenas de papéis coadjuvantes a partir daqui. Uma injustiça com seu potencial.

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 17 de junho de 2020

O Siciliano

Título no Brasil: O Siciliano
Título Original: The Sicilian
Ano de Produção: 1987
País: Estados Unidos
Estúdio: Twentieth Century Fox
Direção: Michael Cimino
Roteiro: Steve Shagan, baseado na obra de Mario Puzo
Elenco: Christopher Lambert, Terence Stamp, John Turturro, Joss Ackland, Barbara Sukowa, Giulia Boschi

Sinopse:
O filme conta a história de Salvatore Giuliano (Christopher Lambert). Uma figura histórica real e controversa que fez parte da história italiana. Ele era considerado um criminoso, um bandido, pela elite, pela igreja e pelos donos de terras. Já para o povo ele era visto como  um herói revolucionário, um homem corajoso que se destacou na luta pela independência da Sicília

Comentários:
O roteiro desse filme foi inspirado no livro escrito por Mario Puzo, o mesmo autor de "O Poderoso Chefão". O talentoso cineasta Michael Cimino foi escolhido para dirigir a boa produção, que contou inclusive com um belo orçamento. Além disso o elenco trazia Christopher Lambert, um ator badalado na Europa por causa do sucesso de seus filmes recentes. Então por que com todos esses elementos o filme não deu certo como tantos esperavam? Em meu ponto de vista quem errou foi Michael Cimino. Ao longo de toda a sua carreira ele repetiu um erro em seus filmes. O corte final errado. Sempre Cimino se enrolava quando ia para a sala de edição para comandar o corte final de seus filmes. Geralmente ele deixava cenas desnecessárias e cortava momentos mais importantes do filme. E o pior é que quase sempre seus filmes ficavam longos demais... e muitas vezes bem chatos. O mesmo aconteceu aqui. Ele brigou com o estúdio, tentou lançar sua versão (que durava mais de 3 horas!) e no final acabou tendo que ceder. O que chegou ao público da época foi um filme picotado, para ser comercial. Alguns momentos ficaram sem sentido... a edição se tornou um desatre. Por isso se for assistir agora prefira uma versão mais modesta que o próprio Cimino montou, denominada Director's Cut. Essa, de todas as que asssiti, foi certamente a mais equilibrada.

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 8 de abril de 2020

Mais e Melhores Blues

Título no Brasil: Mais e Melhores Blues
Título Original: Mo' Better Blues
Ano de Produção: 1990
País: Estados Unidos
Estúdio: Universal Pictures
Direção: Spike Lee
Roteiro: Spike Lee
Elenco: Denzel Washington, Spike Lee, Wesley Snipes, Samuel L. Jackson, John Turturro, Giancarlo Esposito,

Sinopse:
O filme conta a história do músico de jazz Bleek Gilliam (Denzel Washington). Enquanto tenta levantar sua carreira no mundo da música, ele precisa lidar com uma vida pessoal conturbada, pois se relaciona ao mesmo tempo com duas mulheres problemáticas. Filme premiado no Venice Film Festival na categoria de melhor direção (Spike Lee).

Comentários:
O pai de Spike Lee foi um músico de jazz. Assim o cineasta decidiu fazer um filme que fosse tanto uma homenagem ao passado de seu pai, como também uma homenagem ao próprio jazz. Muitos podem pensar que por causa do título do filme esse seria algo relacionado ao bom e velho blues, outro estilo musical muito importante na história dos Estados Unidos. Só que esse tipo de pensamento não procede. O foco é mesmo o jazz. Todos os personagens do filme estão envolvidos de uma forma ou outra com esse estilo musical. O enredo é puramente ficcional, criado por Spike Lee, mas há traços de histórias reais que ele tirou do passado de grandes músicos do gênero musical, além de pequenos momentos biográficos da história de seu próprio pai. O personagem interpretado pelo ator Denzel Washington é praticamente um retrato do pai de Spike Lee. Assim é certamente um filme que ele sempre teve como um de seus favoritos na sua filmografia. E de fato o resultado ficou muito bom. Com um bonita direção de fotografia e uma trilha sonora recheada de grandes clássicos do jazz, essa fita é especialmente indicada para quem aprecia conhecer melhor esse estilo musical que merece ser sempre reverenciado.

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 7 de fevereiro de 2020

Transformers - A Vingança dos Derrotados

Título no Brasil: Transformers - A Vingança dos Derrotados
Título Original: Transformers - Revenge of the Fallen
Ano de Produção: 2009
País: Estados Unidos
Estúdio: DreamWorks, Paramount Pictures
Direção: Michael Bay
Roteiro: Ehren Kruger, Roberto Orci
Elenco: Shia LaBeouf, Megan Fox, Josh Duhamel, Tyrese Gibson, John Turturro, Ramon Rodriguez

Sinopse:
Sam Witwicky (Shia LaBeouf) deixa os Autobots para trás para tenter levar uma vida normal. Mas quando sua mente fica cheia de símbolos enigmáticos, os Decepticons o atacam e ele é arrastado de volta à guerra dos Transformers. Filme indicado ao Oscar na categoria de Melhor Mixagem de Som.

Comentários:
Também conhecido como Transformers 2, esse filme colecionou uma série de absurdos que só poderiam acontecer mesmo dentro da indústria americana de cinema. Primeiro de tudo foi o orçamento. O diretor Michael Bay pediu 200 milhões de dólares para rodar esse segundo filme! Isso mesmo, 200 milhões! E os estúdios deram essa grana toda para ele! Como se isso já não fosse louco o bastante, quando o filme começou a ser rodado ele não tinha o roteiro pronto. A produção foi realizada bem no meio da grande greve de roteiristas. Isso comprometeu demais o resultado final. O próprio diretor pediu desculpas e admitiu que o roteiro havia sido escrito às pressas, enquanto as filmagens avançavam. Ele mesmo foi criando as cenas, meio ao acaso, bem no improviso. Por isso não estranhe se a trama tiver mais furos que um queijo suíço. E não para por ai. A atriz Megan Fox brigou feio com Michael Bay e eles deixaram de se falar nas filmagens. E o mais absurdo de tudo aconteceu depois, quando o filme finalmente chegou nas telas de cinema do mundo todo. Mesmo com todo o caos, Transformers 2 virou um mega sucesso de bilheteria, recuperando rapidamente seu investimento no mercado interno e faturando mais de 800 milhões de dólares pelo mundo afora! Nada mal para um filme que nem roteiro tinha...

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 19 de setembro de 2019

Efeito Colateral

Título no Brasil: Efeito Colateral
Título Original: Collateral Damage
Ano de Produção: 2002
País: Estados Unidos
Estúdio: Warner Bros
Direção: Andrew Davis
Roteiro: Ronald Roose, David Griffiths
Elenco: Arnold Schwarzenegger, John Leguizamo, Francesca Neri, John Turturro, Michael Milhoan, Rick Worthy

Sinopse:
Gordy Brewer (Arnold Schwarzenegger) é um bombeiro. Homem honsto, comum. Ele nunca pensou em ser um cara violento, até o dia em que sua família é assassinada. A partir daí ele resolve procurar justiça por si mesmo, usando para isso a força de seus punhos e o poder de fogo de armas pesadas.

Comentários:
Eu sempre gostei, de maneira em geral, dos filmes de ação do  Arnold Schwarzenegger. Esse aqui porém não me agradou em nada. A fórmula já estava mais do que saturada, sem ter para onde ir. O roteiro era o básico do básico, aquela velha coisa de vingança que todos já estamos fartos de ver no cinema americano. Para piorar não havia uma boa produção para manter pelo menos o mínimo interesse no que estava passando na tela. Acontece que o  Arnold Schwarzenegger estava mais interessado em política. Ele tinha planos na época de largar o cinema para se tornar governador da Califórnia (algo que iria conseguir). O problema é que o filme foi feito nessa situação de ressaca. Outro dia inclusive lendo a biografia do ator vi que ele escreveu que já não aguentava mais o set de cinema, ficar pendurado em cordas, etc. Ele queria mesmo era ser um figurão em um escritório, em um gabinete. E afinal do que se trata o filme? O Schwarzenegger é um bombeiro, um cara comum. Tudo vai bem, às mil maravilhas, até que sua família é assassinada por um grupo terrorista. Vendo que o crime ficará impune então ele resolve fazer justiça pelas próprias mãos. Como se pode perceber não há nada de novo no front. O roteiro é outro derivativo de "Desejo de Matar", sem tirar, nem colocar muita coisa. É um filme fraco, bastante esquecível, sem rumo próprio. Hoje em dia poucos lembram. Esquecimento merecido.

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2017

Cartas na Mesa

Título no Brasil: Cartas na Mesa
Título Original: Rounders
Ano de Produção: 1998
País: Estados Unidos
Estúdio: Miramax
Direção: John Dahl
Roteiro: David Levien, Brian Koppelman
Elenco: Matt Damon, Edward Norton, John Malkovich, John Turturro
  
Sinopse:
Mike McDermott (Demon) é um jogador de cartas talentoso. Ele tem um sexto sentido e domina as habilidades do jogo, mas em um dia particularmente ruim acaba perdendo todas as economias que iria pagar sua faculdade. Decepcionado, decide abandonar tudo, até ser encorajado por um amigo que acabou de sair da prisão a retornar para os jogos, indo para o tudo ou nada! Indicado ao Venice Film Festival.

Comentários:
Matt Damon fez muitos filmes bacanas na carreira. Esse aqui foi um deles. Ao lado do fantástico (sem exageros!) ator Edward Norton ele estrelou um dos melhores filmes sobre jogos de cartas de Hollywood. É curioso porque poucos sabem, mas esse tipo de roteiro tem uma grande tradição no cinema americano. Basta lembrar dos antigos filmes de faroeste onde vários jogadores profissionais (entre eles Doc Holliday) se reuniam ao redor de uma mesa de cartas para decidir suas sortes. Geralmente esses encontros terminavam em tiroteios, mas aqui o diretor John Dahl (de "Mate-me Outra Vez", "Morte Por Encomenda" e "O Poder da Sedução") optou pelo confronto puramente psicológico, pela tensão da próxima carta jogada sobre a mesa! Nesse aspecto considero o filme realmente muito bom, valorizando cada olhar, cada mudança de postura dos jogadores. Há sequências tão bem editadas que você vai acabar acreditando mesmo que uma partida de poker pode mesmo mudar ou arruinar a vida de uma pessoa para sempre, tal como se fosse um duelo ao estilo do velho oeste. Das vastas filmografias dos atores Matt Damon e Edward Norton, esse é seguramente um dos melhores filmes deles. Fora a dupla, o elenco ainda traz ótimos atores no elenco de apoio, entre eles John Malkovich e John Turturro! Assista, goste você de um bom baralho ou não!

Pablo Aluísio.

terça-feira, 18 de outubro de 2016

A Voz do Meu Coração

Título no Brasil: A Voz do Meu Coração
Título Original: Grace of My Heart
Ano de Produção: 1996
País: Estados Unidos
Estúdio: Universal Pictures
Direção: Allison Anders
Roteiro: Allison Anders
Elenco: Illeana Douglas, John Turturro, Sissy Boyd, Jennifer Leigh Warren, Richard Schiff, Diane Robin
  
Sinopse:
Uma cantora e compositora aspirante ao sucesso, muito talentosa, abre mão de tudo para escrever músicas para outros artistas. O filme segue mostrando sua vida, desde a dor das rejeições das grandes gravadoras, passando pelo seu desastroso casamento, indo até seu triunfo final quando ela finalmente consegue superar todas as adversidades. Filme indicado ao Chlotrudis Awards e ao prêmio Satellite Awards.

Comentários:
Para quem gosta da combinação entre drama e música esse filme "Grace of My Heart" é certamente uma boa pedida. De modo em geral ele mostra a dura vida de uma jovem talentosa que acaba encontrando muitas portas fechadas em sua cara, durante sua luta para ser bem sucedida ou famosa. É a tal coisa, nem todos vencerão no show business, muito pelo contrário, as histórias de fracasso e frustração são bem mais mais amplas e disseminadas. É o velho sonho de ir para Hollywood ou Los Angeles (Nashville no caso de cantores de country music) para se tornar uma estrela da música e não encontrar nada pela frente a não ser a pura decepção. Esse filme, um projeto bem pessoal da diretora e roteirista Allison Anders tem elementos biográficos pois ela mesma trilhou um caminho parecido com a da sua protagonista. Enfim, um bom drama, mostrando o duro caminho até se chegar ao topo, seja no mundo da música, seja no mundo do cinema. A fama, muitas vezes, pode ser apenas um sonho em vão.

Pablo Aluísio

sábado, 23 de janeiro de 2016

Quiz Show - A Verdade dos Bastidores

Sempre achei muito superestimado. O filme passa longe de ser ruim, mas também não é tudo aquilo que a crítica elogiou na época de seu lançamento. O roteiro é interessante porque mostra o momento em que os executivos da televisão americana começaram a entender que o público poderia ser facilmente manipulado (algo que aliás acontece até hoje!). Valia tudo para aumentar a audiência e se fosse necessário criar uma grande farsa para que esse objetivo fosse atingido então que fosse assim. O enredo mostra os bastidores de um popular programa de TV onde os participantes tinham que responder perguntas dos mais diversos assuntos. Um deles acaba virando ídolo nacional, por causa da grande inteligência em dar respostas para as mais complicadas questões. Depois descobre-se que tudo não passava de uma enorme enganação.

Dirigido por Robert Redford, que tem grande influência dentro da indústria cinematográfica, o filme acabou tendo chances reais de vencer o Oscar de melhor filme naquele ano. Ainda bem que o bom senso prevaleceu. Temos um bom roteiro e uma direção eficiente e muito profissional de Redford, isso porém não transformou "Quiz Show" em uma obra prima. Seu estilo quase documental acabou me desagradando em certos aspectos. Redford foi de certa maneira bem frio em sua forma de contar a história (que é baseada em fatos reais). Provavelmente se tivesse colocado um pouco mais de cor e coração na realização de sua obra as coisas teriam se tornado melhores do que realmente foram.

Quiz Show - A Verdade dos Bastidores (Quiz Show, Estados Unidos, 1994) Direção:/ Roteiro: Paul Attanasio, baseado no livro escrito por Richard N. Goodwin / Elenco: Ralph Fiennes, John Turturro, Rob Morrow / Sinopse: Uma programa de televisão, de perguntas e respostas, toma um caminho totalmente diferente. Filme indicado ao Oscar nas categorias de Melhor Filme, Direção, Roteiro Adaptado e Ator (Paul Scofield). Também indicado ao Globo de Ouro nas categorias de Melhor Filme - Drama, Direção, Roteiro e Ator Coadjuvante (John Turturro).

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 8 de outubro de 2014

O Mistério de God's Pocket

Título no Brasil: O Mistério de God's Pocket
Título Original: God's Pocket
Ano de Produção: 2014
País: Estados Unidos
Estúdio: Park Pictures
Direção: John Slattery
Roteiro: Peter Dexter, Alex Metcalf
Elenco: Philip Seymour Hoffman, Christina Hendricks, Richard Jenkins, John Turturro

Sinopse:
Mickey Scarpato (Philip Seymour Hoffman) vive em "God's Pocket", um bairro conhecido por ser uma comunidade de trabalhadores de baixa renda. Casado com a bela Jeanie (Christina Hendricks), ele vai levando sua vida no mercado de carnes da região e em pequenos golpes dados ao lado de seu amigo Arthur 'Bird' Capezio (John Turturro). Quando seu enteado morre em um suposto acidente no trabalho ele precisa arranjar da noite para o dia o dinheiro necessário para seu funeral, algo que não vai ser nada fácil. Filme indicado ao prêmio de Melhor Filme - Drama no Sundance Film Festival.

Comentários:
Esse foi o primeiro filme a ser lançado após a morte do ator Philip Seymour Hoffman. É uma pequena obra, muito talentosa, com ótimo argumento e personagens bem cativantes. O foco do roteiro é direcionado para a chamada classe trabalhadora, o homem comum que mora em bairros de periferia das grandes cidades. A vizinhança aqui enfocada é a de God's Pocket, onde cada um vai tentando levar sua vida em frente, dentro de suas possibilidades. O interessante é que a maioria dos personagens não são bandidos ou marginais, porém vivem numa tênue linha entre a honestidade e a criminalidade. Como se trata de uma comunidade pobre não há qualquer receio em de vez em quando se envolver em alguma atividade ilícita. Como o próprio texto informa na abertura aquele é um lugar onde algum morador, pelo menos alguma vez em sua vida, bateu em alguém, ou roubou alguma coisa pela vizinhança. Mais uma vez estamos diante de um daqueles filmes onde há um clima de melancolia e completa falta de esperança no ar. Aquelas pessoas acordam pela manhã e tentam sobreviver mais um dia, sem muitas perspectivas de que o futuro lhes reservará algo melhor. 

Há também um leve toque de humor negro, principalmente envolvendo o corpo do enteado morto de Mickey, porém não espere por aquele tipo de situação cômica que fará você rolar no chão de rir, pelo contrário, o sorriso certamente sairá bem nervoso. No elenco temos três destaques. O primeiro é obviamente a presença de Philip Seymour Hoffman que dá vida ao personagem Mickey Scarpato. Um sujeito casado com uma bela mulher, mas que leva uma vida dura, onde a sorte parece nunca lhe sorrir. Ao seu lado Christina Hendricks (de "Mad Men") interpreta uma dona de casa arrasada pela morte de seu filho, que começa a ter dúvidas sobre seu casamento e a vidinha que anda levando. Por fim completando o triângulo amoroso temos Richard Shellburn (Richard Jenkins), um decadente jornalista, que passa seus dias completamente bêbado, cuja inspiração literária há muito o abandonou. Sem grandes arroubos de inspiração acaba escrevendo sobre a vida nada extraordinária dos moradores de God's Pocket, algo que lhe custará bem caro depois. Em suma, temos aqui um pequeno grande filme sobre a vida ordinária e cotidiana desses personagens, tudo realizado com muito bom gosto e talento.

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 29 de abril de 2013

Transformers: O Lado Oculto da Lua

Michael Bay é certamente o cineasta mais destemperado do cinema americano atual. Não há mais limites para seus exageros. Os filmes de Bay foram crescendo em megalomania nos últimos anos até chegar em um ponto em que acredito que ele não saiba mais fazer qualquer outro tipo de filme que não seja desse tipo – onde a metade da terra é destruída numa orgia desenfreada de efeitos digitais. Aqui Bay mistura fatos históricos com pirotecnia elevada à nona potência para criar mais um blockbuster sem muita noção, mas que certamente agrada aos fãs mais jovens, principalmente aqueles viciados em videogames. Para um público que vive conectado 24 horas por dia a receita deve ser muito bem-vinda, familiar até. Na “trama” acompanhamos um rocambole que mistura missão Apollo com espaçonaves caídas na lua, segredos milenares envolvendo os Transformers, um equipamento de grande tecnologia e a luta para se apoderar de todo esse poder. Esqueça todo tipo de lógica, basta dizer que o objetivo final dos Decepticons é trazer seu moribundo planeta para cá, escravizar os bilhões de seres humanos e reviver seus dias de glória quando eram considerados “deuses”! Para frear seus planos a humanidade só conta com o apoio dos Autobots, liderados por Optimus Prime.

O enredo soa maluco demais para você? Pois é, mas no final das contas quem liga para isso? Bay sabe que coisas como roteiro, lógica e argumento inexistem em praticamente toda a sua filmografia. Ao invés disso ele investe pesadamente em efeitos digitais. Olhando sob esse aspecto realmente não há o que criticar pois “Transformers” traz o que há de mais sofisticado nesse quesito. As cenas de ação são tantas e em tal número que não é incomum o espectador perder completamente o fio da meada do que se passa na tela, no meio daquele quebra pau de metais retorcidos e aço voando para todos os lados. Não existe nenhum personagem bem desenvolvido, nem os humanos, o tal de Shia LaBeouf continua muito ruim. A correria é tamanha que nem sabemos direito o nome de seu personagem! O pior é que isso não faz a menor diferença! De bom e engraçado mesmo apenas algumas piadinhas sobre o meio corporativo das grandes empresas e as participações especiais de John Malkovich e do astronauta Buzz Aldrin mas isso é o de menos. Tudo no fundo não passa de mera desculpa para se utilizar de toneladas de efeitos especiais a todo momento. Esqueça todo o resto, o novo Transformers se resume a apenas isso mesmo. Game Over. 

Transformers: O Lado Oculto da Lua (Transformers: Dark of the Moon, Estados Unidos, 2011) Direção: Michael Bay / Roteiro: Ehren Kruger / Elenco: Shia LaBeouf, Rosie Huntington-Whiteley, Josh Duhamel, John Malkovich, Frances McDormand, Patrick Dempsey, Buzz Aldrin, Kevin Dunn, John Turturro / Sinopse: Após uma nave espacial cair na lua a NASA envia uma expedição para descobrir do que se trata a espaçonave. Nesse meio tempo os Decepticons planejam dominar todo o planeta Terra.

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 25 de março de 2013

O Sequestro do Metro 123

Esse foi o penúltimo filme da carreira do diretor inglês Tony Scott. Como se sabe em 2012 ele cometeu suicídio ao pular de uma ponte em San Pedro, Califórnia, aos 68 anos de idade. É também um claro exemplo do cinema de Scott, com muita ação incessante, histeria e correria. Ao contrário de seu irmão Ridley Scott, Tony não estava muito interessado em fazer obras com muito estilo visual mas sim bons entretenimentos para as platéias que lotavam as salas de cinema nos shoppings da vida. Aqui ele resolveu fazer um remake de um filme da década de 70. Ambos os filmes porém foram baseados no mesmo livro escrito pelo autor John Godey. A trama vai direto ao ponto: um seqüestrador identificado como Ryder (John Travolta) resolve liderar um grupo de criminosos no sequestro de um trem de metrô de Nova Iorque. Ele exige 10 milhões de dólares de resgate, caso contrário matará um a um os passageiros feitos reféns. A tarefa de conduzir as negociações acaba ficando a cargo do operador de linha Walter (Denzel Washington).

O filme tem vários problemas em seu argumento e em seu elenco. O clima de tensão se esvai rapidamente porque John Travolta exagera demais em sua caracterização, muito caricata e alucinada. É complicado acreditar que um grupo de criminosos seguiria alguém tão amador e dado a ataques de histerismo. Outro problema é que em tempos atuais um seqüestrador pensaria muito antes de entrar numa situação daquelas, até porque nos Estados Unidos vigora uma lei que impede o pagamento de resgate a seqüestradores. Na época em que o livro original foi escrito essa lei ainda não existia mas Tony Scott resolveu ambientar o filme na atualidade, o que acaba criando uma incompatibilidade com o quadro legal atual. No mais é aquela coisa toda do estilo de Scott, cenas alucinadas, câmeras dando voltas e voltas (o que acaba deixando o espectador tonto) e muita correria para todos os lados para esconder as falhas de roteiro. O único que se sai ileso do meio de tudo isso é o sempre bom Denzel Washington, que parece resistir a (quase) tudo mesmo.

O Seqüestro do Metrô 123 (The Taking of Pelham 1 2 3, Estados Unidos, 2009) Direção: Tony Scott / Roteiro: Brian Helgeland, baseado no livro de John Godey / Elenco: Denzel Washington, John Travolta, Luis Guzmán,  John Turturro / Sinopse: Seqüestrador exige dez milhões de dólares para libertar um grupo de passageiros mantidos reféns em uma linha de metrô de Nova Iorque.

Pablo Aluísio.