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domingo, 20 de novembro de 2022

Os Caras Malvados

Essa animação fez muito sucesso. Algo que surpreendeu muita gente. Chegou ao primeiro lugar entre os filmes mais assistidos na semana de estreia. Na segunda semana repetiu o mesmo sucesso. O que poderia explicar isso? Depois da pandemia, os estúdios ficaram meio desorganizados tanto na produção de filmes como na distribuição dos mesmos. Assim, as salas de exibição nos Estados Unidos e no mundo ficaram com certo vácuo de novos filmes. Em certas semanas, não havia nenhum grande filme para estrear. O estúdio de Steven Spielberg produziu esse filme e viu que havia uma oportunidade ali. E lançou essa animação em uma semana em que não havia nenhum grande filme de nenhum outro grande estúdio estreando. E deu no que deu. O filme chegou ao primeiro lugar entre os mais assistidos. Claro que foi uma boa notícia para a companhia cinematográfica de Spielberg. Há tempos que eles investem no ramo da animação. E um sucesso sempre é bem-vindo. 

Um aspecto curioso é que não se trata de uma franquia de forte apelo popular. É um filme novo, com personagens novos que o público não conhecia. E tem um roteiro esperto, bem desenvolvido. Foge de certa maneira dos clichês de gênero. Quem gosta de animações também não terá do que reclamar. Os personagens são bacanas e o ritmo ágil da história não deixa a peteca cair. Além de tudo, tem um vilão caricato que se faz de bonzinho, mas que se revela vil. Um porquinho da Índia, quem diria. Enfim, o filme tem o pacote completo.

Os Caras Malvados (The Bad Guys, Estados Unidos, 2022) Direção: Pierre Perifel / Roteiro: Aaron Blabey / Elenco: Sam Rockwell, Marc Maron, Awkwafina / Sinopse: Wolf e seu bando vivem de golpes e crimes na grande cidade onde vivem. Depois de mais um roubo bem-sucedido ao banco, eles decidem colocar as mãos em um prêmio valioso para a cidade. Não vai ser fácil, mas eles topam o desafio.

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 24 de abril de 2020

O Caso Richard Jewell

Título no Brasil: O Caso Richard Jewell
Título Original: Richard Jewell
Ano de Produção: 2019
País: Estados Unidos
Estúdio: Warner Bros
Direção: Clint Eastwood
Roteiro: Billy Ray, Marie Brenner
Elenco: Paul Walter Hauser, Sam Rockwell, Kathy Bates, Brandon Stanley, Ryan Boz, Charles Green, Olivia Wilde

Sinopse:
Richard Jewell (Paul Walter Hauser) é um bom homem. Ele trabalha como segurança em um show, quando uma bomba caseira é encontrada. O artefato explode e pessoas morrem. O FBI então abre uma investigação para descobrir a identidade do terrorista, mas erra ao colocar o próprio Jewell como um dos acusados. A partir daí ele passa a ser alvo da imprensa que o massacra diariamtente, destruindo sua reputação. Filme indicado ao Oscar e ao Globo de Ouro na categoria de Melhor Atriz Coadjuvante (Kathy Bates).

Comentários:
Clint Eastwood surpreende mais uma vez e surge com mais um excelente filme. Aqui, se o espectador interpretar bem o roteiro, há dois aspectos bem importantes a se colocar em evidência. A primeira surge quando uma pessoa inocente é acusada de um crime que não cometeu. Richard Jewell é uma boa pessoa, chegando a ser mesmo até meio bobão. Tem um excelente coração, ser bonzinho demais no mundo de hoje, pode ser bem perigoso. Ele tem seus valores, entre eles a valorização da autoridade policial, e de repente se vê entrando numa armadilha armada por um agente do FBI. O tipo de pessoa que ele mais admirava em sua vida agora luta por sua ruína pessoal. É o Estado massacrando o cidadão, até mesmo sem provas. A existência de direitos individuais se justifica justamente por esse tipo de situação. A outra grande relevância dessa história é mostrar como a imprensa também pode se tornar um problema, principalmente quando toma partido e começa a levar a opinião pública para um lado que no fundo naõ tem raízes sólidas. Por causa da imprensa - aqui corporificada numa personagem, a jornalista sem ética - o pobre e bem intencionado Richard Jewell se vê massacrado dia a dia pelos jornais e pelos noticiários de TV. São duas lições importantes a se aprender nesse filme. A primeira é que o poder de punição do Estado pode facilmente se tornar um instrumento de injustiça sem limites e que a imprensa, quando surge sem ética, é uma das coisas mais perigosas do mundo moderno. Assim Clint Eastwood acerta mais uma vez, expondo as veias abertas de uma América que ainda precisa melhorar muito para ser uma sociedade realmente admirável.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 11 de fevereiro de 2020

Jojo Rabbit

De todos os filmes que concorreram ao Oscar de melhor filme do ano, esse era o que eu menos tinha vontade de assistir. A premissa não me parecia conveniente. Fazer uma espécie de comédia sobre o nazismo, com um menino de dez anos que tinha Hitler como seu amiguinho imaginário me soava um pouco demais. Porém depois de assistir ao filme minhas ideias preconcebidas foram deixadas de lado. Eu estava errado. O fato é que "Jojo Rabbit" é muito bom! E isso definitivamente é uma surpresa e tanto para quem for assistir. Não esperava que a tentativa de fazer humor sobre a ideologia do nacional socialismo fosse dar tão certo. E pensando bem, era até muito adequado. Afinal acreditar em ideologias como o nazismo ou o comunismo exige uma certa infantilidade. Então nada mais conveniente que colocar tudo sob os olhares de uma criança.

O protagonista do filme tem apenas 10 anos de idade. Ele vive na Alemanha, durante a II Guerra Mundial. Como toda criança de sua idade ele também vai para a juventude nazista e lá enche a cabeça com toda  aquela ideologia absurda. E o humor nasce justamente quando somos expostos a ideias nazistas tais como elas eram passadas para os jovens da época. No final tudo soa muito nonsense e o segredo desse bom roteiro é que na história real tudo era assim mesmo, beirando a estupidez completa. Ideologias muitas vezes são fincadas em bases estúpidas. Não há como negar. E assim esse menino vai levando sua vida, tendo Hitler como seu ídolo máximo, com fotos e posters em seu quarto, tudo do Führer, tratado como se fosse um rockstar. O fanatismo inclusive é tão grande que ele vê o próprio Hitler ao seu lado, na forma de um amigo imaginário. E isso, acredite, funciona muito bem. Aliás é uma das boas ideias do roteiro. O riso nasce do nervosismo de ver um genocida do porte de Hitler como uma figura patética, mas próxima do menino.

Outro ponto que faz com que "jojo Rabbit" tenha toques geniais vem do fato de que o garoto acabe descobrindo que há uma garota judia escondida em sua casa. A mãe é uma das poucas pessoas alemãs que tentaram de alguma forma lutar contra aquela ideologia maluca. E na convivência com a judia ele descobre que o povo judeu não é diferente em nada dos alemães. Eles não possuem chifres e nem aspectos de ratos, como faziam crer as propagandas nazistas. Mais do que isso, o garoto nazistinha acaba se apaixonando por ela! O roteiro assim assume um clima de leve fantasia, misturando a mentalidade do menino, cheio de deslumbres de imaginação infantil, com a realidade nua e crua de uma Alemanha prestes a ser destruída. Pensando bem, esse filme é um dos mais geniais que foram lançados no ano. Uma pequena obra-prima cinematográfica.

Jojo Rabbit (Jojo Rabbit, Estados Unidos, Nova Zelândia, República Tcheca, 2019) Direção: Taika Waititi / Roteiro: Taika Waititi, baseada na obra de Christine Leunens / Elenco: Roman Griffin Davis, Thomasin McKenzie, Scarlett Johansson, Taika Waititi, Sam Rockwell / Sinopse: Durante a Segunda Guerra, um garotinho de apenas 10 anos vai para a juventude nazista onde sofre toda a doutrinação do regime. Em casa porém sua mãe esconde uma jovem garota judia, por quem ele acaba se apaixonando. Filme vencedor do Oscar na categoria de Melhor Roteiro Adaptado (Taika Waititi). Também indicado nas categorias de Melhor Filme, Melhor Atriz Coadjuvante (Scarlett Johansson), Melhor Figurino, Melhor Design de Produção e Melhor Edição. Indicado ao Globo de Ouro nas categorias de Melhor Filme - Comédia ou Musical e Melhor Ator (Roman Griffin Davis).

Pablo Aluísio. 

segunda-feira, 30 de setembro de 2019

O Assassinato de Jesse James pelo Covarde Robert Ford

Título no Brasil: O Assassinato de Jesse James pelo Covarde Robert Ford
Título Original: The Assassination of Jesse James by the Coward Robert Ford
Ano de Produção: 2007
País: Estados Unidos, Inglaterra
Estúdio: Warner Bros
Direção: Andrew Dominik
Roteiro: Andrew Dominik, Ron Hansen
Elenco: Brad Pitt, Casey Affleck, Sam Shepard, Mary-Louise Parker, Sam Rockwell, Jeremy Renner

Sinopse:
Após uma vida dedicada ao crime, roubando bancos e ferrovias, o pistoleiro Jesse James (Brad Pitt) procura por algum tipo de redenção, mesmo sabendo que poderá ser morto a qualquer momento, uma vez que sua cabeça se encontra à prêmio por todo o Oeste. O que ele nem desconfia é que seu assassino pode estar mais próximo do que ele poderia imaginar. Filme indicado ao Oscar nas categorias de Melhor Ator Coadjuvante (Casey Affleck) e Melhor Fotografia (Roger Deakins).

Comentários:
Essa produção parte de uma nova safra de filmes de western que procuram pela objetividade da verdade histórica. Os roteiros são de certa maneira despidos do romantismo que imperou no gênero durante os anos 50 e 60 e parte para uma abordagem mais fiel aos fatos históricos. É aquele tipo de filme que conta inclusive com uma equipe de historiadores e especialistas para que nada do que se vê na tela esteja em desacordo com o que de fato aconteceu no passado. Por isso nem sempre será uma unanimidade entre os fãs de faroeste, principalmente os que preferem os filmes mais antigos que abraçavam a mitologia do velho oeste de uma forma mais romanceada. De minha parte gostei muito dessa nova visão. O Jesse James já foi tema de dezenas e dezenas de filmes antes, porém nunca havia se debruçado sobre sua história com tanta fidelidade. Há um clima de melancolia e falta de esperança no ar, porém tudo resultando em um belo espetáculo cinematográfico. Gosto muito do produto final. É bem realizado e muito honesto em suas propostas. Tem uma excelente reconstituição de época e um roteiro que investe bastante nas nuances psicológicas entre Jesse James e Robert Ford, o homem que iria passar para a história como o assassino de James. Curiosamente ele foi saudado como um valente, um herói, mas depois com o passar dos anos ficou evidenciado que ele agiu mesmo como um covarde. Assista ao filme e entenda os motivos.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 27 de agosto de 2019

O Assalto

Título no Brasil: O Assalto
Título Original: Heist
Ano de Produção: 2001
País: Estados Unidos
Estúdio: Morgan Creek Entertainment
Direção: David Mamet
Roteiro: David Mamet
Elenco: Gene Hackman, Rebecca Pidgeon, Danny DeVito, Sam Rockwell, Rebecca Pidgeon, Patti LuPone

Sinopse:
Ladrão de Joias profissional, veterano e experiente, acaba entrando em conflito com seu antigo parceiro de crimes por causa de um pequeno erro que cometeu durante um dos roubos. Ele se deixou filmar por acidente por uma câmera de segurança. Ele então decide compensar o erro, trabalhando em um novo e bem elaborado roubo.

Comentários:
Esse foi um dos últimos filmes do ator Gene Hackman. Depois de uma longa carreira, onde ele trabalhou em alguns clássicos do cinema, decidiu finalmente se aposentar. E como faz falta um Gene Hackman no cinema hoje em dia. Pois é, o ator se aposentou e não deixou herdeiros. Claro, esse "Heist" não pode ser comparado aos seus grandes filmes do passado, principalmente com os que fez nos anos 70, porém é bem acima da média do que era produzido em sua época de lançamento. É um filme com um roteiro bem elaborado, apostando mais uma vez nesse verdadeiro nicho dos filmes policiais, a dos grandes assaltos. Na trama temos um ladrão de joias (lembrou de "Ladrão de Casaca" de Hitchcock?) que acaba entrando em atrito com alguns comparsas. Parece simples, mas não é. O roteiro foi escrito por David Mamet, que também dirigiu o filme. Quem conhece o trabalho dele sabe que pode ser tudo, menos banal. Gostei bastante quando vi pela primeira vez e ainda hoje recomendo. É um tipo de filme que, assim como Hackman, também faz falta nos dias atuais.

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 4 de março de 2019

Vice

Esse foi mais um a concorrer ao Oscar de melhor filme nesse ano. Dos concorrentes é talvez o menos pretensioso, mais irônico e com um claro viés progressista. Sua intenção é bem clara desde o começo. Não se trata de um cinebiografia comum, que vai contar a história do vice presidente republicano Dick Cheney de maneira convencional. Não, não se trata disso. É uma produção com clara linha política que satirizando seu protagonista, acaba tencionando destrui-lo também no processo. É bem o contrário do filme sobre o Queen. Ali o vocalista Freddie Mercury é glorificado em sua lenda. Aqui Dick Chaney é pisoteado sem dó e nem piedade.

O curioso é que apesar de tudo isso se trata de um bom filme. Veja, não é fácil tornar interessante um filme sobre um político burocrata que no final das contas sempre teve zero de carisma pessoal. Como manter a atenção do espectador nesse tipo de filme? Ora, tirando sarro e satirizando o vice presidente de George W. Bush. E o fizeram muito bem. Cheney sempre foi aquele tipo de homem que subiu os degraus do poder apenas por relações pessoais. Basicamente ele apertou as mãos certas dos políticos poderosos que depois o ajudaram a subir. Sem mérito pessoal, sem ter passado por nenhum tipo de prova que colocasse em perspectiva sua capacidade real de ocupar os cargos que ocupou ao longo da vida.

O filme começa a contar a história dele desde os tempos da universidade quando jogou uma carreira estudantil promissora para se entregar a bebedeiras sem fim. Valentão, gostava de puxar brigas em bares. Acabou sendo ajudado da esposa, que era influente e inteligente, deixando empregos menores (como eletricista de postes) para ir aos poucos servindo como assessor político de figurões. Claro que os republicanos são retratados todos como sujeitos indigestos, nada éticos. Como eu disse o roteiro tem um viés bem forte, alinhado ao partido democrata. No meio de tanta propaganda política se sobressai mesmo o ator Christian Bale. Aliás a pergunta que surge quando o filme acaba é: Onde está Bale? Sim, debaixo de uma pesada maquiagem ele simplesmente desaparece na pele de sua personagem, algo que apenas grandes atores conseguem fazer. Merecia o Oscar, certamente.

Vice (Estados Unidos, 2018) Direçao: Adam McKay / Roteiro: Adam McKay / Elenco: Christian Bale, Amy Adams, Steve Carell, Sam Rockwell, Alison Pill  / Sinopse: O filme conta, de forma irônica, a história do vice presidente Dick Cheney. Político sem brilho ou carisma, acabou subindo na carreira por causa das relações pessoais com homens poderosos. Filme vencedor do Oscar na categoria de Melhor Maquiagem (Greg Cannom, Kate Biscoe e Patricia Dehaney). Vencedor do Globo de Ouro nas categorias de Melhor Ator (Christian Bale), Roteiro e Direção (Adam McKay).

Pablo Aluísio.

domingo, 2 de dezembro de 2018

Uma Mulher Exemplar

Filme baseado em fatos reais, na história da pintora Catherine Weldon. Após ficar viúva, ela decide pegar o primeiro trem rumo ao oeste. Seu objetivo é pintar um retrato do famoso líder tribal Touro Sentado, o mesmo chefe nativo que comandou o ataque contra a sétima cavalaria, levando a morte o general Custer e todos os homens de sua companhia. Obviamente sua presença não é bem recebida. Os únicos brancos que vivem naquela região distante são militares, membros da cavalaria, que obviamente odeiam Touro Sentado e a sua nação Sioux. É um bom filme que procura contar essa história que nem é muito conhecida hoje em dia, embora os quadros pintados por Catherine Weldon sejam bem valorizados no meio cultural. O roteiro, embora pensado em termos históricos, também apresenta momentos de pura ficção, romance, principalmente ao colocar a pintora no centro das decisões políticas que eram tomadas naquela ocasião com a criação de reservas indígenas, etc.

Porém o que mais em incomodou foi a falta de uma caracterização melhor em relação aos dois personagens principais. Quando Catherine decidiu ir para o oeste, ela já era uma senhora idosa, bem mais velha do que a atriz Jessica Chastain. O mesmo acontecia com Touro Sentado, que naquela época também já era um ancião, uma pessoa de idade avançada, vivendo seus últimos dias. No filme porém os dois são retratados como pessoas jovens. A pior caracterização é a do chefe indígena, aqui interpretado pelo ator Michael Greyeyes. Ele é alto, forte, esbanjando saúde. Ora Touro Sentado era um senhor já debilitado pela saúde quando encontrou Catherine. Era de baixa estatura e estava morrendo. Assim assista ao filme, aprenda sobre seu enredo histórico, mas não deixe o senso crítico de lado. Nem tudo que acontece na tela, aconteceu de fato na história real.

Uma Mulher Exemplar (Woman Walks Ahead, Estados Unidos, 2017) Direção: Susanna White / Roteiro: Steven Knight / Elenco: Jessica Chastain, Michael Greyeyes, Ciarán Hinds, Sam Rockwell, Louisa Krause, Boots Southerland / Sinopse: Após ficar viúva, a pintora Catherine Weldon decide viver uma verdadeira aventura, indo até o velho oeste para encontrar e pintar um retrato do lendário cacique Sioux Touro Sentado.

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 12 de outubro de 2018

Os Vigaristas

Esse filme é do tempo em que Nicolas Cage escolhia melhor o roteiro dos projetos em que iria atuar. Cheguei a assistir no cinema também, até porque os críticos gostaram do filme, do seu estilo cool e marginal. Aqui Cage interpreta um vigarista, como o próprio título nacional deixa claro. São pequenos e médios golpes que ele aplica, sempre evitando a todo custo usar de violência. Um tipo de criminoso pé de chinelo sempre disposto a enganar o próximo inocente que cruza seu caminho. As coisa vão indo bem até que um dia ele tem uma enorme surpresa...

Sua filha, que ele não vê há anos, aparece. Agora precisa morar com ele. Mas como viver ao lado de um trambiqueiro que sempre precisa estar fugindo de uma cidade para outra? Pior, como conciliar sua parceria com outro vigarista experiente, tendo a tiracolo uma garota, menor de idade? Até que Roy (Cage) percebe que pode usar a menina para "sofisticar" seus futuros golpes, afinal quem desconfiaria de uma jovem como aquela? O filme tem um cinismo ímpar e se desenvolve bem. Não é um roteiro maldoso, que vanglorie criminosos, não, apenas diverte com seus personagens cinicamente calhordas. Enfim, mais um bom filme dirigido pelo sempre interessante Ridley Scott, que aqui saiu um pouco de seu estilo habitual de fazer cinema.

Os Vigaristas (Matchstick Men, Estados Unidos, 2003) Direção: Ridley Scott / Roteiro: Nicholas Griffin, baseado no romance escrito por Eric Garcia / Elenco: Nicolas Cage, Alison Lohman, Sam Rockwell, Bruce Altman / Sinopse: Roy Waller (Cage) é um vigarista que é surpreendido com a chegada de sua filha. Como conciliar sua vida bandida com uma garota como aquela? Bom, isso vai complicar tudo, até o dia em que ele chega na conclusão que ela pode sim lhe ajudar em seus golpes.

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 9 de maio de 2018

As Panteras

Título no Brasil: As Panteras
Título Original: Charlie's Angels
Ano de Produção: 2000
País: Estados Unidos
Estúdio: Columbia Pictures
Direção: McG
Roteiro: Ryan Rowe, Ed Solomon
Elenco: Cameron Diaz, Drew Barrymore, Lucy Liu, Bill Murray, Sam Rockwell, Kelly Lynch

Sinopse:
Três agentes, belas e boas de briga, sob o comando do misterioso Charile, entram em um caso envolvendo um perigoso software que se cair em mãos erradas poderá trazer caos e violência para uma grande cidade americana. Filme indicado ao Grammy Awards na categoria Melhor Música - Trilha Sonora ("Independent Women" de Beyoncé).

Comentários:
Eu me lembro vagamente da série original "As Panteras" nos anos 70. Ainda era muito jovem, mas me recordo bem que era uma das atrações da grade de programação da Rede Globo. isso mostra como a série foi popular naquela época. Pois bem, o tempo passou e sempre se especulou se "Charlie's Angels" iria ganhar uma versão no cinema. Até que em 2000 a espera chegou ao fim. Infelizmente para os fãs da série, tudo mudou. Tirando o fato de ter três garotas em missões impossíveis, pouca coisa se preservou. O diretor McG (que nem nome de gente tem) é uma espécie de seguidor do estilo Michael Bay de fazer cinema, ou seja, roteiro mínimo e explosões máximas. Isso estragou o conceito das panteras originais que primavam mais pelo desenvolvimento das personalidades de cada personagem. Havia além da beleza bastante charme envolvido. Aqui só tem carros, aviões e barcos explodindo, indo pelos ares. Nada sofisticado, é um filme para se assistir e se esquecer rapidamente.

Pablo Aluísio.

sábado, 13 de janeiro de 2018

Três Anúncios Para um Crime

Esse filme está sendo apontado por alguns críticos nos Estados Unidos como um dos mais fortes concorrentes a vencer o Oscar na categoria de melhor filme do ano. É a história de uma mãe, Mildred (Frances McDormand), que após a morte brutal da filha (ela foi estuprada, assassinada e seu corpo queimado), resolve constranger os policiais da pequena cidade onde mora porque eles não conseguiram descobrir o autor do crime. Assim ela aluga três outdoors na estrada e coloca lá frases de indignação e ironia com o fato da polícia nunca ter pego o assassino de sua filha. Claro que algo assim logo se torna o principal tema de conversas da cidade, até porque o xerife local, Willoughby (Woody Harrelson), é querido dentro da comunidade e as pessoas em geral acabam ficando do seu lado.

O roteiro assim se desenvolve em cima desse clima de constrangimento e tensão com as placas provocativas contra a polícia, sua inércia e incompetência de colocar atrás das grades o criminoso que matou a jovem garota. Um dos policiais da equipe do xerife é um sujeitinho desprezível (interpretado com maestria por Sam Rockwell), conhecido na cidade por prender e torturar negros sem motivos, tudo fruto apenas de seu racismo. Mexer com pessoas assim não parece ser uma boa ideia, mas Mildred segue em frente, mesmo sofrendo todos os tipos de intimidações. Ela quer a solução do crime, quer o assassino atrás das grades e não mede esforços para isso, nem que tenha que passar por cima de toda aquela caipirada que mora naquele lugar esquecido por Deus.

Olha, sendo bem sincero, a trama desse filme não me pareceu grande coisa. De fato o roteiro não avança muito. Você fica esperando alguma coisa acontecer ou se resolver, mas tudo vai ficando na mesma situação, batendo na mesma tecla. Passa longe, em minha opinião, de ser considerado o melhor filme do ano! Acho essa consideração até um pouco absurda. Talvez isso seja o retrato da queda de qualidade dos filmes nos últimos anos. Até fitas medianas como essa acabam ganhando um status fora de propósito. A única qualidade mais louvável vem do elenco, esse sim muito bom, acima da média. Tanto Frances McDormand, como Woody Harrelson, estão muito bem. Eles são grandes atores e isso era até de se esperar. Até o pequeno grande ator Peter Dinklage, que não tem muito espaço dentro da história, está bem. Assim a grande força dessa produção vem do elenco realmente. Já o roteiro e a trama em si me pareceram bem convencionais, com nada de extraordinário para ganhar tanta atenção.

Três Anúncios Para um Crime (Three Billboards Outside Ebbing, Missouri, Estados Unidos, 2017) Direção: Martin McDonagh / Roteiro: Martin McDonagh / Elenco: Frances McDormand, Woody Harrelson, Sam Rockwell, Peter Dinklage / Sinopse: Após a morte horrível de sua filha, uma mãe resolve partir pra cima dos policiais que não resolveram e solucionaram o caso. Ela aluga três outdoors com mensagens irônicas e provocativas contra os tiras. Isso acaba causando uma grande repercussão na cidadezinha onde mora. Filme vencedor do Globo de Ouro nas categorias de Melhor Filme - Drama, Melhor Roteiro, Melhor Atriz (Frances McDormand) e Melhor Ator Coadjuvante (Sam Rockwell). Filme indicado ao Oscar nas categorias de Melhor Filme, Melhor Atriz (Frances McDormand), Melhor Ator Coadjuvante (Sam Rockwell), Melhor Ator Coadjuvante (Woody Harrelson), Melhor Roteiro, Edição e Trilha Sonora incidental.

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 18 de julho de 2016

O Guia do Mochileiro das Galáxias

Título no Brasil: O Guia do Mochileiro das Galáxias
Título Original: Hitchhiker's Guide to The Galaxy
Ano de Produção: 2005
País: Estados Unidos, Inglaterra
Estúdio: Touchstone Pictures
Direção: Garth Jennings
Roteiro: Douglas Adams
Elenco: Bill Nighy, Alan Rickman, Mos Def, Zooey Deschanel, Sam Rockwell, John Malkovich, Stephen Fry

Sinopse:
A Terra está prestes a ser destruída e varrida  do universo quando dois amigos chamados Arthur Dent e Ford Prefect, resolvem viajar pelo universo de carona. A odisséia será uma surpresa e tanto para todos.
                                                                   
Comentários:
A proposta é diferente e nem todos vão embarcar no humor singular do filme. No fundo o que temos aqui é uma crítica ao próprio sistema governamental inglês, com sua burocracia ineficiente e sem sentido. O livro que deu origem ao filme é muito popular na Europa, tendo ganho várias edições por causa de seu sucesso de vendas. A opinião dos leitores é a de que a literatura é de fato muito superior ao que se vê nas telas, até porque nem sempre é possível fazer uma adaptação eficiente do que está escrito no texto. Em relação aos espectadores brasileiros a situação é ainda mais complicada pois várias das gags ou trocadilhos só fazem sentido em língua inglesa e quando traduzidos perdem muito de seu fino humor. Não recomendo a todo mundo mas apenas aos que gostaram e leram o livro original. Para o resto do público a sensação vai ser estranha e até mesmo bizarra demais, Chegou tão badalado aos cinemas que até me empolguei para assistir. Chegando na sessão a decepção... não conhecia a obra que deu origem ao filme, achei tudo uma bobagem tão grande... tão chatinho. As piadas me fizeram dar os risinhos mais amarelos de toda a minha vida! Com meia hora de exibição pensei comigo mesmo: O que diabos estou fazendo aqui? Enfim, o filme é bem feito, tem boa produção, mas é uma bobageira sem fim. Bola fora.

Pablo Aluísio.

domingo, 5 de julho de 2015

Poltergeist - O Fenômeno

Título no Brasil: Poltergeist - O Fenômeno
Título Original: Poltergeist
Ano de Produção: 2015
País: Estados Unidos
Estúdio: Metro-Goldwyn-Mayer (MGM)
Direção: Gil Kenan
Roteiro: David Lindsay-Abaire, Steven Spielberg
Elenco: Sam Rockwell, Rosemarie DeWitt, Jared Harris, Kennedi Clements
  
Sinopse:
Após o marido perder seu emprego, uma típica família americana resolve se mudar, indo morar em uma casa mais modesta nos subúrbios da cidade. Embora velha e nem sempre apresentando um bom estado, eles resolvem alugar o imóvel, ignorando completamente que a residência foi construída sobre um velho cemitério. Assim que se instalam no novo lar começam a notar que há algo de estranho acontecendo. A pequena filha começa a ter conversas com seres imaginários na TV e o filho percebe ruídos e barulhos estranhos vindos do sótão. Não demora muito e o pavor se instala quando todos percebem que o lugar na realidade parece ser assombrado por uma multidão de fantasmas violentos.

Comentários:
O primeiro filme "Poltergeist" de 1982 é hoje considerado um clássico do terror. Produzido por Steven Spielberg, com direção de Tobe Hooper, a produção marcou toda uma geração e foi um enorme sucesso de bilheteria. Esse remake que tenta trazer aquela história para as novas gerações sofre de um problema recorrente em remakes modernos: a falta de uma maior sofisticação em sua realização. Não se trata de esnobismo, mas sim de saber que filmes de terror funcionam melhor quando o enredo é mais bem trabalhado, desenvolvido sem pressa, com momentos de tensão e suspense sendo colocados na tela aos poucos, tudo preparando o espectador para o grande clímax final. Nenhum filme de horror que se propõe a ser direto demais consegue colher bons frutos. Nesse filme encontramos isso de forma bem clara. A duração é pequena, pouco mais 80 minutos de duração, o que faz com que a história seja apresentada de forma apressada, corrida mesmo. Não há tempo para se insinuar nada, nem criar mistérios. Tudo é literalmente jogado na cara dos espectadores em questão de minutos. Sem o clima adequado o horror não consegue criar medo suficiente, frustrando completamente o público. Afinal de contas as pessoas pagam uma entrada de cinema para assistir a um filme de terror para sentir medo e ter sustos. Aqui, na maioria das cenas, o que vai se sentir mesmo é muito tédio e desapontamento. O que no roteiro original era bem trabalhado, sendo desvendado aos poucos, aqui soa direto demais. Isso me surpreendeu já que "Poltergeist" é uma franquia de sucesso, o que nos levaria a esperar por algo mais bem realizado, mais bem escrito. Tudo em vão. O filme em momento algum me deixou satisfeito.

O pior é que sendo um fã dos filmes originais logo a decepção tomou conta. Há várias modificações na trama original, com a inserção inclusive de novos personagens e novas soluções, mas nada disso consegue soar melhor do que vimos na década de 80. O personagem de Jared Harris, por exemplo, que inexistia no filme de Hooper, não diz a que veio e lembra demais do Peter Vincent de "A Hora dos Espanto" original. Ao invés da médium carismática da trama original inseriram um bando de acadêmicos de paranormalidade que não ajudam em nada no filme. São chatos e inúteis em tudo o que acontece. Não há religiosidade nenhuma no argumento, só um ateísmo disfarçado e tolo que incomoda bastante. Os personagens não parecem acreditar em absolutamente nada, para nossa decepção. Isso tira grande parte da graça que uma história como essa poderia ter. É tudo muito asséptico e chato mesmo. O resultado de todos esses erros é que a fita acabou não indo bem nas bilheterias, sendo que o mercado internacional amenizou um pouco o tremendo fracasso comercial que o filme foi nos Estados Unidos. Esse mal resultado é apenas um aspecto ruim de um remake que deixa muito a desejar em vários pontos (roteiro, efeitos visuais, elenco, etc). É a tal coisa, se não vai fazer algo melhor do que foi feito no passado é melhor não se mexer em nada, deixar tudo como está. A busca pelo lucro fácil muitas vezes acaba prejudicando ou destruindo o prestígio de filmes que são cultuados até hoje.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 9 de setembro de 2014

Tudo Por Um Segredo

Título no Brasil: Tudo Por Um Segredo
Título Original: Welcome to Collinwood
Ano de Produção: 2002
País: Estados Unidos
Estúdio: Pandora Cinema
Direção: Anthony Russo, Joe Russo
Roteiro: Anthony Russo, Joe Russo
Elenco: George Clooney, Sam Rockwell, William H. Macy, Michael Jeter, Luis Guzmán, Patricia Clarkson

Sinopse:
Uma grande confusão envolvendo várias pessoas, um roubo, 5 mil dólares, roubos, fraudes e todo tipo de encrencas. Um filme divertido e cheio de cenas de ação.

Comentários:
George Clooney conseguiu fazer a complicada transição entre a TV e o cinema, só que uma vez chegando lá, se tornando um astro da sétima arte, o que ele fez? Pois é, atuou em vários filmes bobocas como esse. O filme é um daqueles que você assiste, quem sabe de relance na TV a cabo e depois esquece para sempre. Nada fica na sua mente, nada. O que isso significa? Ora, óbvio, se trata de um filme altamente esquecível, que não marca a vida de ninguém, não muda na história do cinema. Enfim, esse filme é isso, um grande e redondo... Nada!

Pablo Aluísio.

terça-feira, 20 de novembro de 2012

À Espera De Um Milagre

A recente morte do ator Michael Clarke Duncan trouxe novamente á tona essa pequena obra prima da década de 1990. O filme tem uma estória muito lírica e bonita que certamente agradou a muitos, tanto na época de seu lançamento como agora. É curioso porque eu me recordo que a recepção foi um tanto fria por parte da crítica, embora o público tenha adorado. O tempo porém lhe fez justiça e mostrou quem realmente tinha razão. Um dos seus grandes méritos é o argumento espiritualista que consegue uma grande proeza, não se tornando panfletário em nenhum momento. Credito isso a essa bem sucedida parceria entre dois grandes talentos:  Frank Darabont e Stephen King. O cineasta Frank Darabont já havia chamada bastante a atenção em seu filme anterior, Um Sonho de Liberdade, outra crônica extremamente inspirada sobre um homem comum numa situação limite. Aqui ele retorna ao sistema penitenciário para contar a estória de John Coffey (Michael Clarke Duncan), um prisioneiro afro-americano de mais de dois metros de altura condenado à morte pelo assassinato de duas garotas brancas no sul racista dos Estados Unidos. O título original, The Green Mile, se refere justamente ao chamado "corredor da morte", onde criminosos perigosos que cometeram crimes bárbaros esperam pela hora de sua execução.

O comportamento de Coffey logo chama a atenção do guarda Paul Edgecomb (Tom Hanks) que percebe que ele na realidade é uma pessoa muito espiritual. Assim vamos acompanhando os acontecimentos, inclusive em flashbacks, onde os eventos que levaram Coffey à prisão são mostrados, demonstrando que nada é o que realmente aparenta ser. Além da produção primorosa e elegante, "À Espera de um Milagre" conta com elenco inspirado, a começar pelo próprio Michael Clarke Duncan que concorreu o Oscar de Melhor Ator Coadjuvante mas não foi premiado, de forma bem injusta aliás. Embora tenha sido também indicado a praticamente todas as categorias principais da Academia saiu de mãos abanando na noite de entrega. Como afirmei antes atribuo isso ao fato da crítica especializada ter torcido o nariz para o filme em seu lançamento. Não faz mal, o tempo fez jus a Green Mile e hoje a obra é considerada uma produção cult por excelência, vencendo o desafio do tempo. Maior prêmio do que esse não há.

À Espera De Um Milagre (The Green Mile, Estados Unidos, 1999) Direção: Frank Darabont / Roteiro: Frank Darabont baseado na obra de Stephen King / Elenco: Tom Hanks, David Morse, Bonnie Hunt, Michael Clarke Duncan, James Cromwell, Michael Jeter, Graham Greene, Doug Hutchison, Gary Sinise, Sam Rockwell / Sinopse: Prisioneiro no corredor da morte acaba demonstrando a um guarda seus grandes poderes espirituais.

Pablo Aluísio.

domingo, 4 de novembro de 2012

Frost / Nixon

Nem sempre a história é tão interessante do ponto de vista dramático que justifique sua transposição de forma fiel para os palcos ou para as telas. Um exemplo é esse "Frost / Nixon". O filme enfoca a polêmica sessão de entrevistas que o ex-presidente norte americano Richard Nixon concedeu ao jornalista inglês David Frost em 1977. Como se sabe Nixon havia renunciado ao seu cargo após o escândalo de Watergate. O que todos queriam saber era se Nixon confessaria ou não sua participação nos eventos que o levaram à renúncia do cargo mais poderoso do planeta. Na realidade dos fatos Nixon jamais confessou publicamente que teria participado de todos aqueles atos ilegais, nem na entrevista com David Frost e nem em lugar nenhum. Porém como isso tiraria grande carga de dramaticidade para a peça original em que o filme foi baseado, optou-se por alguns desvirtuamentos dos fatos reais. Com isso a peça e consequentemente o filme se tornaram bem mais interessantes do ponto de vista da pura dramaturgia, embora nesse processo tenham também perdido sua veracidade histórica. Mesmo com todas essas observações o filme não conseguiu escapar de um verdadeiro bombardeamento por parte da imprensa americana que o acusou de ser uma mera peça de ficção, sem qualquer laço com a entrevista real. Fred Schwarz, jornalista do prestigiado National Review sedimentou sua opinião da seguinte forma: "Frost / Nixon é uma tentativa de usar a história, transformar em retrospectiva uma derrota em uma vitória."

É curioso como Richard Nixon ganhou status de grande estadista perto de sua morte. Quando renunciou ele teve sua imagem pública destruída mas ao longo dos anos foi recuperando sua reputação e morreu sendo ovacionado pela grande imprensa americana, a mesma que tanto contribuiu para sua queda monumental. Para interpretar um personagem com tantas nuances e detalhes psicológicos e de personalidade, apenas um ator como Frank Langella poderia se sair bem sucedido. Ele passa longe de ser fisicamente parecido com Nixon e dispensou uso de maquiagem para fazer o papel, algo que Anthony Hopkins usou em excesso no filme de Oliver Stone e que acabou lhe tirando parte importante de sua expressão facial. Aqui Langella preferiu surgir em cena de cara limpa. O resultado é realmente maravilhoso pois em grande parte do filme esquecemos completamente da face do verdadeiro Nixon e nos concentramos na caracterização de Langella que é realmente soberba. Injustamente não venceu o Oscar de melhor ator, perdendo o prêmio mais esperado. Aliás o filme apesar de indicado para todos os principais prêmios da Academia (filme, ator, direção, roteiro adaptado e edição) saiu de mãos vazias da premiação. Fruto talvez da má vontade de certos articulistas que centraram fogo contra o filme. Não faz mal, "Frost / Nixon" está acima disso. Um filme inteligente com roteiro marcante que vai certamente agradar os espectadores que prezam por um bom filme embasado em grandes atuações.

Frost / Nixon (Estados Unidos, 2009) Direção:  Ron Howard / Roteiro: Peter Morgan / Elenco: Frank Langella,  Michael Sheen, Michael Sheen, Sam Rockwell, Kevin Bacon, Matthew MacFadyen, Oliver Platt, Rebecca Hall / Sinopse: Frost / Nixon mostra os bastidores, os acertos e finalmente a entrevista que o ex-presidente Richard Nixon concedeu ao jornalista inglês David Frost na década de 70.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 3 de janeiro de 2012

Lunar

Astronauta operário (Sam Rockwell) se encontra em uma base lunar de mineração. No futuro grande parte da energia consumida pelo planeta terra tem origem em nosso satélite natural e por essa razão uma empresa privada mantém esse posto avançado na lua. O curioso é que apesar do grande aparato técnico existe apenas um único membro que fica in loco durante 3 longos anos sendo que após esse período ele é substituído por outro astronauta. Na base ele conta apenas com a companhia de um computador de última geração denominado Gerty (cuja voz pertence ao grande Kevin Spacey). Essa relação máquina / homem no espaço obviamente nos leva à lembrança de "2001 - Uma Odisseia no Espaço". Não é para menos, até mesmo no timbre de voz de Gerty nos lembramos imediatamente de Hal 9000 do filme de Kubrick. A única diferença é que Gerty se mostra mais amigo e companheiro do colega humano da base (mas será mesmo?)

O filme é bem escrito e se aproxima do tipo de ficção mais cerebral e intelectual (nada de monstros comendo a cabeça do tripulante). Também consegue levantar o tema da clonagem humana de forma muito inteligente e coesa. Apesar disso também não esquece o entretenimento pois o filme apesar de contar com apenas um único ator em cena consegue prender a atenção do espectador. Acredito que para não cair na monotonia o diretor Duncan Jones optou por uma produção de pequena duração justamente para evitar que tudo fique meio tedioso. Recentemente ele conseguiu desenvolver melhor suas ideias em "Source Code". Destaque para o bom trabalho dos dois atores. Sam Rockwell está muito bem em um papel muito complicado (o filme se apoia nele praticamente o tempo todo) e Kevin Spacey, mesmo não estando de corpo presente, arrasa na voz do computador (que curiosamente tem quase sempre o mesmo tom de voz, só mudando os emoticons que existem em seu painel para mostrar o que supostamente estaria sentindo). Enfim, "Lunar" vale a pena por sua concepção e por seu argumento inteligente.


Lunar (Moon, Estados Unidos, 2009) Direção de Duncan Jones / Roteiro: Duncan Jones e Nathan Parker / Elenco: Sam Rockwell, Kevin Spacey, Dominique McElligott / Sinopse: Astronauta operário (Sam Rockwell) se encontra em uma base lunar de mineração. No futuro grande parte da energia consumida pelo planeta terra tem origem em nosso satélite natural e por essa razão uma empresa privada mantém esse posto avançado na lua.

Pablo Aluísio.