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quinta-feira, 19 de janeiro de 2023

Sorria

Esse filme de terror e suspense se revelou bem melhor do que eu esperava. Sua premissa é por demais interessante. Conta a história de uma psiquiatra que começa a tratar de uma jovem com muitos problemas mentais. Ela tem um comportamento de alguém que está sempre em pânico. Entra numa sala, fica nos cantos com medo de tudo, de todos. Afirma haver uma entidade que troca de rosto, que muda de imagem. E isso a deixa sempre com a sensação de estar sendo perseguida. A psiquiatra começa a tratar a questão como sendo de saúde mental, provavelmente esquizofrenia. Só que após o suicídio da garota, ela vê que há algo além. Ela começa a perceber que existe mesmo um tipo de entidade sobrenatural que, para seu azar, passou para a sua esfera pessoal. É claro que os demais médicos não acreditam em algo assim. Em um pensamento pautado pela ciência, não existe espaço para doenças ditas de origem espiritual. Tudo tem uma explicação no mundo racional. 

Conforme seu comportamento vai se tomando cada vez mais errático, as pessoas ao redor, inclusive sua irmã, começam a pensar que ela está tendo sinais de doença mental. Algo genético em sua família, pois sua própria mãe se matou anos antes. O estigma da doença mental ronda aquela mulher ao mesmo tempo em que ela precisa combater um ser que pode ser tanto imaginário como real em um nível absolutamente patológico. O suspense do filme se mantém bem. Há um capricho no elenco em termos de atuação. E mesmo a tal criatura não quebra o clima do filme, afinal, ela pode ser também puramente mental. É um roteiro que me surpreendeu e talvez explique por que esse filme de terror tenha sido tão relevante. Obteve boas notas da crítica e uma bilheteria muito acima da média de filmes de terror. Deixo certamente meu carimbo de filme recomendado.

Sorria (Smile, Estados Unidos, 2022) Direção: Parker Finn / Roteiro: Parker Finn / Elenco: Sosie Bacon, Jessie T. Usher, Kyle Gallner / Sinopse: Após o suicídio de uma paciente, uma psiquiatra começa a desenvolver o mesmo comportamento estranho e fora do normal. Seria algo de sua mente, uma doença mental ou um evento sobrenatural real?

Pablo Aluísio.

domingo, 2 de fevereiro de 2020

As Discípulas de Charles Manson

Charles Manson morreu em 2017. Ele foi o mais infame guru psicótico da história criminal dos Estados Unidos. Aproveitando a repercussão na mídia com seu falecimento, os produtores decidiram financiar esse "Charlie Says" baseado no livro "The Family", escrito por Ed Sanders. O que levou jovens saudáveis, de classe média, a cometerem assassinatos terríveis em prol da causa de um lunático como Manson ainda hoje desperta dúvidas. Seria o seu enorme poder de manipulação? Como esse pequeno homem (tinha 1.50 de altura) conseguiu levar um grupo de homens e mulheres, alguns deles com escolaridade e boa formação, a participarem de crimes horripilantes? Como todos sabemos foi a "família" de Charles Manson quem matou a atriz Sharon Tate e várias outras pessoas em 1969, nas colinas de Hollywood. Crimes que chocaram todo um país.

Eu gostei desse filme porque ele deixa um pouco a figura de Manson de lado para focar nas jovens Leslie 'Lulu' Van Houten, Patricia 'Katie' Krenwinkel e Susan 'Sadie' Atkins. Elas eram jovens, bonitas e seguidoras de Charles Manson. As três participaram dos crimes de Sharon Tate e depois do assassinato de um casal de prósperos comerciantes, o casal La Bianca. Os crimes tiveram requintes de crueldade, com mutilações e atos de pura bárbarie. Depois Manson mandou seus jovens assassinos escreverem palavras com o sangue das vítimas nas paredes. Ele queria dar início a uma guerra racial. Cheio de LSD na cabeça, Charles acreditava que um apocalipse Helter Skelter estava para começar no mundo. Inspirado nas músicas do álbum branco dos Beatles, ele pensava que seria o novo messias para reconduzir a humanidade de volta para a harmonia depois de todas as mortes. Como se pode perceber era completamente doido o tal sujeito.

No filme ha duas linhas narrativas. Na primeira já encontramos as discípulas de Manson no presídio, no corredor da morte. Elas são ajudadas por uma assistente social que precisa trazer as garotas de volta à sanidade. A conclusão é que Manson havia feito uma lavagem cerebral em todas elas. As seguidoras de Manson então vão recordando os tempos em que andavam ao lado de Charlie. Primeiro em um rancho abandonado onde eram filmados velhos filmes de faroeste, depois na noite dos crimes quando elas foram capazes de atos criminosos inimagináveis. Assim temos a segunda linha narrativa, em flashback. E não foi fácil trazer essas mulheres de volta ao mudo real. Elas ainda passaram vários anos cultuando Manson dentro da cadeia. Só depois de muito tempo é que a ficha finalmente caiu e elas conseguiram compreender que tinham destruído suas vidas em prol das insanidades de um louco. Sadie, por exemplo, morreu na cadeia, de um câncer cerebral. As outras duas ainda amargam seus dias de velhice por trás das grades. Vidas desperdiçadas em troca de absolutamente nada! Assim deixo a indicação desse bom filme. É mais um tentando decifrar esse enigma sangrento e violento da história dos Estados Unidos.

As Discípulas de Charles Manson (Charlie Says, Estados Unidos, 2018) Direção: Mary Harron / Roteiro: Guinevere Turner, Ed Sanders / Elenco: Hannah Murray, Matt Smith, Sosie Bacon, Marianne Rendón, Merritt Wever, Chace Crawford / Sinopse: De dentro de uma prisão de segurança máxima, uma assistente social bem intencionada tenta trazer três seguidoras da "família" Manson de volta à realidade. Seguidoras de um guru lunático, elas cometeram terríveis assassinatos em seu nome e em prol de sua causa insana. Filme indicado no Venice Film Festival na categoria de Melhor Filme.

Pablo Aluísio.