sábado, 8 de abril de 2017

Aftermath

Esse filme me deixou com um aperto no peito! Antes de qualquer coisa vale um aviso: se você é um fã do ator Arnold Schwarzenegger do passado, de seus filmes de ação e pancadaria, melhor esquecer! Esse é o filme mais pesadamente dramático da filmografia do ator. Não há nada parecido com o que ele tenha feito antes. É um filme sobre o luto, sobre a perda e sobre a solidão. O clima é pesado, tenso e o roteiro, em nenhum momento, parece disposto a aliviar para o espectador. É de fato um daqueles dramas trágicos, onde nada parece ter salvação e a esperança parece estar definitivamente enterrada. Arnold Schwarzenegger interpreta Roman. Ele é um trabalhador da construção civil que parece bem equilibrado e feliz em sua vida. Quando o filme começa acompanhamos seu dia de rotina no trabalho. A única novidade é que ele precisa ir ao aeroporto para buscar sua esposa e filha que estão chegando de viagem. E aí começa a grande tragédia em sua vida. Ao chegar lá ele percebe que há algo errado. Assim que os funcionários da companhia aérea percebem que ele está em busca de informações sobre o voo eles o levam para um lugar separado.

Roman então é informado que o avião de sua família caiu. Imediatamente ele também percebe que seu mundo acabou! Pior, ele descobre que tudo foi causado por uma falha humana, pelo erro de um controlador de tráfego aéreo. A partir daí sua vida perde a razão de ser. Roman entra em uma crise depressiva que quase se torna suicida. O roteiro também explora o inferno que a vida do operador de voo se torna após o acidente. Roman começa a criar uma obsessão em conhecer pessoalmente aquele que com seu erro causou a morte de sua família e o que já era desastroso começa a ficar trágico de vez. Esse filme é surpreendente porque Arnold Schwarzenegger aceitou interpretar um personagem que foge completamente de seu  habitual, principalmente quando comete uma verdadeira loucura, uma insanidade causada pelo desespero. Tenho percebido que em seus últimos filmes, os realizados após ele retornar ao cinema, Arnold Schwarzenegger tem se preocupado em colocar sempre um elemento comum nos roteiros dos filmes em que atua: a família! O próprio ator viu sua família desmoronar após um caso de infidelidade de sua parte e desde então parece ter adotado uma espécie de calvário nas telas sobre o que aconteceu em sua vida real. Esse "Aftermath" é mais um passo nessa direção. Arnold Schwarzenegger louva a importância da família ao mesmo tempo em que parece gritar por alguma ajuda através de seu personagem. Algo surpreendentemente sincero, humano e atroz!

Aftermath (Estados Unidos, 2017) Direção: Elliott Lester / Roteiro: Javier Gullón / Elenco: Arnold Schwarzenegger, Maggie Grace, Scoot McNairy / Sinopse: Roman (Arnold Schwarzenegger) é um homem comum que se vê em uma grande tragédia pessoal ao ser informado que sua esposa e filha morreram em um trágico acidente aéreo. A partir desse ponto ele começa a criar uma obsessão em encontrar o controlador de voo que acabou causando o acidente por causa de um erro na torre de controle.

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 7 de abril de 2017

Sleepless - Nos Limites da Lei

Título no Brasil: Sleepless - Nos Limites da Lei
Título Original: Sleepless
Ano de Produção: 2017
País: Estados Unidos
Estúdio: Riverstone Pictures
Direção: Baran bo Odar
Roteiro: Andrea Berloff, Frédéric Jardin
Elenco: Jamie Foxx, Michelle Monaghan, Dermot Mulroney, David Harbour, Gabrielle Union, Octavius J. Johnson
  
Sinopse:
Durante uma operação contra traficantes de drogas o policial Vincent (Jamie Foxx) decide roubar para si e seu parceiro 25 kgs de cocaína, algo que no mercado seria vendido por oito milhões de dólares. Os criminosos porém não parecem dispostos a deixar isso barato e sequestram o filho de Vincent. Ou ele devolve a droga ou então eles vão matar o jovem. Vincent agora precisa salvar o filho, ao mesmo tempo em que corre para não ser preso pela corregedoria do departamento de polícia.

Comentários:
Bem decepcionante esse filme. A presença de Jamie Foxx poderia dar a falsa impressão de que viria coisa boa pela frente, até porque esse ator tem uma ótima filmografia. Passados os vinte minutos iniciais do filme as esperanças de que algo bom vai surgir na tela se vão. É muito formulaico e cheio de clichês esse filme policial. Nenhum personagem tem o menor desenvolvimento, tudo se resumindo em uma cena de ação atrás da outra. Nem o cenário mais diferente de Las Vegas importa. Há uma estranha cena de perseguição pelas ruas da cidade onde não se vê uma pessoa viva nas ruas. Certamente a produção teve que gravar de madrugada para economizar nos custos! O roteiro é banal, aquela velha história do tira que parece corrupto, mas que no fundo pode não ser. Uma reviravolta boba atrás da outra. Ok, é um filme de ação de rotina, burocrático, sem problemas. O problema maior é se perguntar se ele funciona apenas nesse quesito? A resposta é não! Veja, além de ser bem fraco essa fita policial não funciona como filme de ação! Com isso tudo se perde. Supostamente o tira interpretado por Jamie Foxx teria tentado roubar um traficante e se dado mal quando os criminosos colocaram as mãos em seu filho. Toda a ação se passa quase que exclusivamente dentro de um cassino de Las Vegas, mas isso pouco importa no final. O filme é curto - meros 90 minutos - mas é tão aborrecido que parece durar uma eternidade (Einstein explica!). Nada se salva no final. Assim meu veredito é o pior possível. Seguramente temos em mãos o pior filme da carreira de Jamie Foxx. Não poderia ser pior. Ignore e poupe seu tempo com esse amontoado de clichês cinematográficos obsoletos e saturados.

Pablo Aluísio.

Gunpowder

Série: Gunpowder
Episódio: Episode #1.1
Ano de Produção: 2017
País: Inglaterra
Estúdio: BBC - British Broadcasting Corporation
Direção: J Blakeson
Roteiro: Ronan Bennett, Kit Harington
Elenco: Liv Tyler, Derek Riddell, Kit Harington, Peter Mullan, Robert Emms, Thom Ashley
  
Sinopse e comentários:
Minissérie em três episódios produzida pela BBC. O enredo se passa durante o reinado de James I, rei escocês que assumiu o trono inglês por causa de uma eventualidade ocorrida na linha de sucessão do Reino Unido. O principal tema da história é a perseguição religiosa que os católicos sofreram dos protestantes anglicanos naquele período histórico. O Rei em si nem estava disposto a dar início a algo assim, porém influenciado por ministros inescrupulosos e fanáticos, começou a promover perseguições e torturas contra os assim chamados papistas. Um absurdo completo!

Claro que esses primeiros acontecimentos iriam culminar na figura revolucionária de Guy Fawkes, que nesse primeiro episódio ainda é apenas sugerido levemente. Isso apesar do próprio Guy surgir na última cena, esfaqueando um inimigo. Em termos de elenco temos dois nomes que se destacam:  Kit Harington, o Jon Snow de "Game of Thrones" e Liv Tyler, beldade dos anos 90 que andava bem sumida. Aqui ela ressurge já como uma jovem senhora. Como se trata de um produto com o selo BBC não precisa se preocupar em termos de produção. Tudo é do mais absoluto bom gosto, com reconstituição de época perfeita. É uma minissérie realmente acima da média, bem recomendada.

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 6 de abril de 2017

Mens@gem Para Você

Título no Brasil: Mens@gem Para Você
Título Original: You've Got Mail
Ano de Produção: 1998
País: Estados Unidos
Estúdio: Touchstone Pictures
Direção: Nora Ephron
Roteiro: Nora Ephron
Elenco: Tom Hanks, Meg Ryan, Greg Kinnear, Steve Zahn, Heather Burns, Dave Chappelle
  
Sinopse:
Remake moderno do clássico "A Pequena Loja da Rua Principal" (1940), estrelado por James Stewart. Na estória uma jovem garota, Kathleen Kelly (Meg Ryan), tenta manter seu pequeno negócio em pé, uma livraria, enquanto a concorrência se torna cada vez mais feroz, com a chegada das grandes lojas de departamentos. Se as coisas não vão muito bem na vida profissional, na vida amorosa ela acaba se apaixonando por um sujeito que conhece pela internet, sem saber que no mundo real ele é um dos seus principais concorrentes de mercado. Filme indicado ao Globo de Ouro na categoria de Melhor Atriz - Comédia ou Musical (Meg Ryan).

Comentários:
Na época em que foi lançado pela primeira vez, lá nos anos 90, parecia ser bem mais interessante. O mundo ainda parecia bem surpreendido com as inovações tecnológicas, com a possibilidade, por exemplo, de mandar um Email para alguém. É preciso compreender que antes do advento da Internet você tinha que mandar uma carta escrita, de papel, para a pessoa que desejava se comunicar. Isso levava dias, até semanas, para que a carta chegasse ao seu destino. Com o Email tudo se tornava instantâneo, de fácil comunicação, dai o nome "informática" (informação automática). Pois bem, nos anos 90, todo mundo ainda estava impactado por esse tipo de tecnologia. Assim surgiu esse romance onde os dois protagonistas trocavam mensagens românticas pela internet. Nada muito profundo, nada muito marcante, mas que certamente ainda funcionava muito bem, mesclando o bom e velho romantismo com a nova forma de se comunicar. O filme é um remake de uma fita romântica antiga da década de 40 e talvez por isso mantenha uma certa dose de inocência em seu roteiro. Tom Hanks e Meg Ryan se deram muito bem nesse tipo de filme, reprisando de certa maneira as duplas românticas de Hollywood (como por exemplo Rock Hudson e Doris Day). Foi a terceira vez que trabalharam juntos. Foi uma fase transitória para Hanks que deixava de lado sua imagem de comediante em filmes de pura galhofa como "A Última Festa de Solteiro" para abraçar outros gêneros cinematográficos. Já para Meg Ryan foi seu auge no papel de "nova namoradinha da América". A década de 90 foi seguramente sua fase de maior sucesso onde ela realmente colecionou um sucesso atrás do outro. Além disso era naturalmente linda. Pena que depois entrou na paranoia do botox e praticamente destruiu sua beleza. De qualquer forma, pelo menos, ainda sobraram esses filmes, onde toda a sua graça se mantinha intacta. Enfim, fica a dica de mais esse filme romântico. Ficou um pouco datado, mas ainda funciona como produto nostálgico do surgimento da internet.

Pablo Aluísio.

Ressurreição - Retalhos de um Crime

Título no Brasil: Ressurreição - Retalhos de um Crime
Título Original: Resurrection
Ano de Produção: 1999
País: Estados Unidos, Canadá
Estúdio: Interlight Pictures
Direção: Russell Mulcahy
Roteiro: Brad Mirman, Christopher Lambert
Elenco: Christopher Lambert, Leland Orser, Robert Joy, David Cronenberg, Peter MacNeill, Jayne Eastwood
  
Sinopse:
Dois detetives do departamento de homicídios da cidade de Chicago, John Prudhomme (Christopher Lambert) e Andrew Hollinsworth (Leland Orser), se unem para investigar e desvendar uma série de crimes violentos que aconteceram em ruelas sujas e abandonadas da periferia. No começo tudo parece de rotina, porém aos poucos as coisas vão ficando mais claras, revelando aos policiais um mundo sórdido de violência e brutalidade.

Comentários:
O ator Christopher Lambert escreveu o roteiro e produziu esse filme. Para a direção chamou o australiano Russell Mulcahy com quem já havia trabalhado nos filmes "Highlander: O Guerreiro Imortal" e "Highlander II: A Ressurreição". Se a parceria havia dado certo antes, muito provavelmente daria de novo. O problema é que o filme foi realizado com um orçamento restrito e uma péssima distribuição. No Brasil, por exemplo, sequer conseguiu espaço no circuito comercial de cinemas, sendo lançado diretamente no mercado de vídeo VHS. Também é importante salientar que a carreira de Christopher Lambert estava em baixa quando o filme foi lançado, o que não ajudou em nada na sua divulgação. Aliás essa é uma produção que segue sendo bem desconhecida nos dias atuais, pois poucos a assistiram. No geral é um filme policial apenas na média, que se apoia bastante no carisma de Lambert. O roteiro é de certa forma banal e nem mesmo a curiosa presença do diretor David Cronenberg no elenco consegue despertar muita atenção. Entre os filmes que exploram serial killers (os assassinos em série), um velho filão do cinema americano, esse é seguramente um dos menos conhecidos. Hoje em dia funciona apenas como mera curiosidade e nada mais.

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 5 de abril de 2017

A Lenda do Cavaleiro Sem Cabeça

Título no Brasil: A Lenda do Cavaleiro Sem Cabeça
Título Original: Sleepy Hollow
Ano de Produção: 1999
País: Estados Unidos, Alemanha
Estúdio: Paramount Pictures
Direção: Tim Burton
Roteiro: Washington Irving, Kevin Yagher
Elenco: Johnny Depp, Christina Ricci, Miranda Richardson, Christopher Walken, Christopher Lee
  
Sinopse:
Em fins do século XVIII, uma série de mortes misteriosas começam a assustar os moradores do pequeno e distante vilarejo de Sleepy Hollow. Quem seria o autor de mortes tão horrendas? Para solucionar o mistério chega um investigador de Nova Iorque chamado Ichabod Crane (Johnny Depp). Ele tem seu próprio estilo de investigação e acaba descobrindo a figura de um sinistro cavaleiro sem cabeça, que cavalga pelas noites escuras da região aterrorizando os pacatos moradores que lá vivem. Filme vencedor do Oscar na categoria de Melhor Direção de Arte (Rick Heinrichs e Peter Young). Também indicado nas categorias de Melhor Fotografia (Emmanuel Lubezki) e Melhor Figurino (Colleen Atwood).

Comentários:
O conto original "The Legend of Sleepy Hollow" faz parte do folclore americano, das tradições que deram origem ao feriado nacional daquele país conhecido como Halloween, o dia das bruxas. É aquele tipo de obra cultural que já deu origem a livros, filmes, desenhos e todos os tipos de produtos que você possa imaginar. Adaptar algo assim sempre envolve controvérsias pelo fato de ser algo muito conhecido pelo público em geral. Nas mãos de Tim Burton, o mais gótico de todos os cineastas americanos, era de se esperar que tivéssemos pelo menos um grande filme para assistir. Na realidade essa produção só é realmente fantástica em termos de direção de arte. Figurinos, cenários, efeitos digitais, tudo é de primeira linha. Fora isso algumas coisas realmente parecem bem fora do lugar. O próprio elenco não foi bem escalado. Johnny Depp, em eterna parceria com Burton, tem certamente o seu valor, mas não se mostra adequado para viver o personagem Ichabod Crane. Depp não tinha idade e nem o visual certo para interpretar Crane, que basicamente era um sujeito na meia idade, nada heroico, que tinha que enfrentar um grande perigo vindo diretamente das trevas. Em termos de roteiro Burton não quis arriscar muito, preferindo rodar uma história que lembra bastante o texto original. Provavelmente teria sido melhor dar pitadas de inovação em certos aspectos. Do jeito que está, não existe grande justificativa para a produção de algo tão elaborado assim. O orçamento do filme foi milionário, algo em torno de cem milhões de dólares, o que aumentou a decepção quando o filme finalmente chegou nas telas de cinema. Foi muito dinheiro investido para pouco resultado artístico. Nas bilheterias o estúdio teve pouco resultado em termos de retorno financeiro. O filme praticamente apenas arrecadou seu custo de produção, sem muito lucro, o que serviu para queimar um pouco Tim Burton dentro da indústria. A única coisa realmente memorável vem das participações de veteranos consagrados como o mito Christopher Lee, recentemente falecido. Sua presença vale por quase todo o filme.

Pablo Aluísio.

Alma de Poeta, Olhos de Sinatra

Título no Brasil: Alma de Poeta, Olhos de Sinatra
Título Original: Dream for an Insomniac
Ano de Produção: 1996
País: Estados Unidos
Estúdio: Columbia TriStar Pictures
Direção: Tiffanie DeBartolo
Roteiro: Tiffanie DeBartolo
Elenco: Jennifer Aniston, Ione Skye, Mackenzie Astin, Michael Landes, Seymour Cassel, Sean Blackman
  
Sinopse:
A vida da garçonete Frankie (Ione Skye) não é fácil. Ela é apaixonada pelo colega de trabalho David Shrader (Mackenzie Astin), mas esse já tem uma namorada. Mesmo assim Frankie não desiste dele e bola um plano para que ela finalmente o conquiste: mudar-se para Los Angeles, para que David a siga, deixando a antiga namorada de lado. Para dar certo Frankie conta com a ajuda da amiga Allison (Jennifer Aniston).

Comentários:
Esse filme é uma comédia romântica bem inofensiva, tipicamente uma produção TriStar Columbia dos anos 90. Por essa época o estúdio estava apostando em filmes com jeitão de cinema independente, com roteiros leves e divertidos, próprios para serem lançados no mercado de vídeo VHS. Também é mais uma tentativa da atriz Jennifer Aniston em colocar um pezinho em Hollywood. Quando o filme foi lançado a série "Friends" estava em sua segunda temporada, batendo recordes de audiência na TV americana. Aniston era considerada uma estrelinha promissora, mas curiosamente, embora seu nome esteja em destaque nesse filme, ela não quis se comprometer muito, preferindo atuar em segundo plano, interpretando uma personagem coadjuvante. Em suma é isso. O filme tem um pouquinho de drama pois a protagonista sofre de insônia e é infeliz em sua vida pessoal, mas nada que comprometa muito. A intenção foi realmente fazer um filme bem leve, soft, romântico e sem pretensões de ser algo maior do que realmente é. Hoje em dia, provavelmente, só vai interessar ao fã clube da atriz Jennifer Aniston mesmo e nada mais.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 4 de abril de 2017

A Vigilante do Amanhã

Título no Brasil: A Vigilante do Amanhã
Título Original: Ghost in the Shell
Ano de Produção: 2017
País: Estados Unidos
Estúdio: DreamWorks Pictures
Direção: Rupert Sanders
Roteiro: Jamie Moss
Elenco: Scarlett Johansson, Juliette Binoche, Michael Pitt, Pilou Asbæk, Takeshi Kitano, Chin Han
  
Sinopse:
O roteiro é baseado nos quadrinhos de Shirow Masamune. A Major Motoko Kusanagi (Scarlett Johansson) é uma andróide utilizada por uma corporação para defender seus interesses. Quando um grupo de cientistas é morto em sequência, tendo todos eles participado do mesmo projeto de construção de seres robóticos, ela precisa descobrir quem estaria por trás dos crimes.

Comentários:
Esse filme é uma adaptação para o cinema de um conhecido mangá dos anos 90. Como não sou consumidor desse tipo de publicação (que tem um público bem específico e especializado nesse tipo de quadrinhos), tudo me foi apresentado pela primeira vez nesse filme. O visual é ao estilo ficção cyberpunk, um tipo de subgênero que foi bem popular entre a segunda metade dos anos 80 e a primeira metade dos anos 90. Sempre considerei filmes, livros e quadrinhos desse tipo como herdeiros tardios de "Blade Runner" e até mesmo "Mad Max". Nesse tipo de universo as ruas das grandes cidades são caóticas, sombrias, infestadas de poluição visual (algo que é bem destacado no design de produção desse filme). A tecnologia, que fora criada para salvar a humanidade, acaba se tornando sua principal inimiga. A protagonista é uma das vítimas. Ela procura por respostas, de onde veio, quais são suas origens, pois tudo o que sabe é que sua composição física é uma simbiose entre a máquina e o ser humano. Até que gostei do filme. Ele não será considerado uma obra prima no futuro, mas tem elementos suficientes para manter o interesse do espectador, principalmente no drama existencial da Major interpretada por Scarlett Johansson. A atriz está bem em cena, porém é impossível ignorar o fato dela ser uma americana interpretando uma personagem japonesa, o que por si só já é um erro. É claro que ela só foi escalada por motivos puramente comerciais. No geral é um bom passatempo, com bons efeitos especiais. Não sei se o público que conhece e consome o mangá original gostará do resultado. Porém para o cinéfilo que estiver em busca apenas de uma boa diversão não haverá o que reclamar.

Pablo Aluísio.

Um Plano Simples

Título no Brasil: Um Plano Simples
Título Original: A Simple Plan
Ano de Produção: 1998
País: Inglaterra, Alemanha
Estúdio:  British Broadcasting Corporation (BBC)
Direção: Sam Raimi
Roteiro: Scott B. Smith
Elenco: Bill Paxton, Billy Bob Thornton, Bridget Fonda, Becky Ann Baker, Gary Cole, Brent Briscoe
  
Sinopse:
Hank Mitchell (Bill Paxton), Jacob Mitchell (Billy Bob Thornton) e Lou (Brent Briscoe) são três caras comuns que por mero acaso descobrem uma mala cheia de dinheiro dentro de um avião acidentado. Sabendo os riscos, afinal são quatro milhões de dólares, eles decidem pegar a grana, mas fazem um pacto de não gastá-la nos próximos meses, justamente para não levantar suspeitas. Inicialmente tudo corre bem, até que um deles começa a gastar sem limites, atraindo atenção para o trio.

Comentários:
No final dos anos 90 o diretor Sam Raimi decidiu aceitar o convite para rodar um filme na Inglaterra. O resultado foi esse "Um Plano Simples" que acabou surpreendendo a todos pelo sucesso de público e crítica. O filme chegou a ser indicado ao Oscar nas categorias de Melhor Ator Coadjuvante (Billy Bob Thornton) e Melhor Roteiro Adaptado (Scott B. Smith). Um filme pequeno como esse, com orçamento modesto, conseguir arrancar duas indicações ao Oscar, realmente pegou muita gente de surpresa. A sua força obviamente vem do bom roteiro, da trama inteligente, que mantém a atenção do espectador. Provavelmente seja o filme mais diferente de Sam Raimi. Acostumado a dirigir filmes de terror (como "Uma Noite Alucinante" e "A Morte do Demônio") ou de super-heróis (como em "Homem-Aranha" e "Darkman - Vingança Sem Rosto"), o diretor optou mesmo por algo sui generis, nada parecido com qualquer outro filme de sua filmografia. Assim deixamos a dica desse bom filme. Roteiro esperto e sagaz, realmente faz valer o tempo da exibição.

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 3 de abril de 2017

Amaldiçoada

Esse novo western não é um filme fácil. Embora tenha uma trama até dentro dos padrões mais convencionais do gênero, a forma como o roteiro a desenvolve é completamente fora do comum. Nada é mostrado em ordem cronológica. O roteiro dividiu a história em capítulos, só que esses capítulos não seguem uma ordem natural. Assim sobra para o espectador montar o quebra-cabeças do que estaria acontecendo, um exercício que nem todo mundo vai ter paciência de fazer. E por falar em paciência achei a duração também excessiva. São duas horas e meia de um enredo que poderia muito bem caber em um hora e meia ou uma hora e quarenta minutos. Em determinados momentos você percebe que está se perdendo tempo com coisas sem muita importância. Assim a atenção do espectador vai ficando cada vez mais dispersa. Penso até que muitos vão abandonar o filme pelo meio do caminho. Um corte mais bem feito cairia muito bem.

Bom, se tem tantos problemas de roteiro, pelo menos o elenco está muito bem. Dakota Fanning passa quase todo o filme muda, porque sua personagem resolve cortar fora a própria língua (em outro momento mal explicado pelo confuso roteiro). O fato dela não ter diálogos a declamar acaba valorizando ainda mais sua atuação. Na maioria das vezes ela passa suas emoções apenas com seus olhares, o que não deixa de ser algo bem impressionante. Já Guy Pearce está bem assustador (algo que era exigido dentro da história). Ele interpreta esse pastor evangélico completamente fanático e violento, em uma de suas melhores interpretações na carreira. No quadro geral "Brimstone" não é ruim, apenas confuso. Muitas vezes um diretor e sua equipe de roteiristas procuram por algum tipo de inovação na arte de se contar uma história. Não há problemas nisso. O problema é quando tudo fica tão truncado que acaba atrapalhando a experiência do espectador. "Brimstone" peca justamente nisso. Tentando ser diferente ele só acabou mesmo torrando a paciência do público. Uma escolha equivocada.

Amaldiçoada (Brimstone, Estados Unidos, 2016) Direção: Martin Koolhoven / Roteiro: Martin Koolhoven / Elenco: Dakota Fanning, Carice van Houten, Guy Pearce / Sinopse: O filme narra a luta de Liz (Dakota Fanning), uma jovem que precisa passar por um verdadeiro calvário pessoal no velho oeste americano ao se tornar alvo de um pastor protestante violento e insano, interpretado pelo ator Guy Pearce.

Pablo Aluísio.

Missão: Marte

Título no Brasil: Missão: Marte
Título Original: Mission to Mars
Ano de Produção: 2000
País: Estados Unidos
Estúdio: Touchstone Pictures
Direção: Brian De Palma
Roteiro: Lowell Cannon, Jim Thomas
Elenco: Tim Robbins, Gary Sinise, Don Cheadle, Connie Nielsen, Jerry O'Connell, Peter Outerbridge
  
Sinopse:
Quando a primeira missão tripulada à Marte encontra algo inesperado, resultando em uma tragédia, um grupo de resgate é enviado para o Planeta Vermelho com a missão de investigar o que de fato teria acontecido. A missão é não apenas desvendar o mistério do que se abateu sobre os tripulantes dessa missão pioneira, mas também resgatar possíveis sobreviventes, para trazê-los de volta à Terra.

Comentários:
O filme custou 100 milhões de dólares, mas acabou fracassando nas bilheterias. É até complicado entender porque um filme como esse fracassou. Na realidade o diretor Brian De Palma já vinha em baixa há muitos anos. Depois dos anos 80 o cineasta entrou em uma decadência incrível, não acertando mais em nada do que dirigiu. A crítica então criou uma aversão natural, instantânea e muitas vezes injusta em relação aos seus filmes. Esse "Missão: Marte" foi severamente massacrado pela crítica americana antes mesmo de chegar nas telas. Quando o filme finalmente foi lançado já havia um clima ruim completo em relação a ele. É certo que "Mission to Mars" não é um filmão, porém ele não é tão ruim como foi escrito nas críticas da época. É uma ficção até bem interessante, com alguns problemas é claro, mas passa longe, bem longe de ser a bomba que pintaram dele. Provavelmente o erro maior tenha sido na escolha do elenco, já que Tim Robbins não convence nunca em seu personagem. Esse estilo definitivamente não é o dele. Melhor se sai Gary Sinise, que não importa o tipo de papel, parece sempre disposto a dar o melhor de si em uma boa interpretação. Então é isso, considerado um lixo por muitos, o pior filme de Brian De Palma, essa ficção não é tão péssima como pintaram em seu lançamento. Vale a pena assistir.

Pablo Aluísio.

domingo, 2 de abril de 2017

Wing Commander - A Batalha Final

Título no Brasil: Wing Commander - A Batalha Final
Título Original: Wing Commander
Ano de Produção: 1999
País: Estados Unidos, Luxemburgo
Estúdio: American Entertainment
Direção: Chris Roberts
Roteiro: Chris Roberts
Elenco: Freddie Prinze Jr, Matthew Lillard, Saffron Burrows, Tchéky Karyo, Jürgen Prochnow, David Suchet
  
Sinopse:
O tenente Christopher Blair (Freddie Prinze Jr) é um piloto espacial que luta em uma quadrilhas de caças espaciais que defendem e protegem os planetas da federação. O grande inimigo é o capitão Kilrathi (Graham Riddell), líder das forças inimigas que desejam escravizar e dominar todo o universo conhecido. Tudo assim se resolverá naquela que está sendo chamada de a "mãe de todas as batalhas"...

Comentários:
Esse filme de ficção é um genérico de "Star Wars". Simplesmente pegaram a parte dos pilotos espaciais e em cima disso criaram todo um enredo, o que deu origem a um roteiro muito, mas muito fraquinho mesmo. O elenco é praticamente todo desconhecido, misturando atores americanos com profissionais do distante e pouco conhecido país de Luxemburgo, onde o filme foi praticamente todo rodado por questões fiscais e orçamentárias. Os efeitos especiais, algo muito importante em fitas como essa, já deixavam a desejar em 1999 quando o filme foi lançado, então imaginem como estão datados hoje em dia. Há várias batalhas com naves do espaço, mas tudo é tão sem graça que você vai esquecer delas assim que a exibição terminar. No Brasil o filme chegou a ser lançado no mercado, mas não nos cinemas, indo parar diretamente nas prateleiras das locadoras de vídeos VHS. Pela pouca qualidade cinematográfica da obra já estava de bom tamanho, vamos convir.

Pablo Aluísio.

Obsessão Fatal

Título no Brasil: Obsessão Fatal
Título Original: Unlawful Entry
Ano de Produção: 1992
País: Estados Unidos
Estúdio: Largo Entertainment
Direção: Jonathan Kaplan
Roteiro: George Putnam, John Katchmer
Elenco: Kurt Russell, Ray Liotta, Madeleine Stowe, Roger E. Mosley, Ken Lerner, Deborah Offner
  
Sinopse:
Após uma invasão em sua casa, Michael Carr (Kurt Russell) resolve chamar a polícia. Quem atende o chamado é o oficial Pete Davis (Ray Liotta). Ele aparenta ser um tira normal, porém logo começa a apresentar um estranho comportamento, ficando obcecado pela esposa de Michael, a bela Karen (Madeleine Stowe). Não demora muito e o policial que devia protegê-los começa a se tornar uma perigosa ameaça ao casal. Filme indicado ao MTV Movie Awards na categoria "Melhor Vilão" (Ray Liotta).

Comentários:
Bom filme policial, na realidade um thriller de suspense, que tem um roteiro muito bem escrito, deixando o espectador sempre apreensivo pelos próximos acontecimentos. Kurt Russell é um dos atores mais bacanas de Hollywood, muito carismático consegue segurar qualquer filme, mesmo os mais fracos. Aqui ele deixa a imagem de um verdadeiro "action hero" que caracterizou muitos de seus filmes, para interpretar um pai de família, meio tiozinho, que precisa enfrentar um policial com delírios de obsessão e psicopatia. E então chegamos no grande atrativo de "Unlawful Entry". Em termos de elenco esse filme não se sobressai por causa do carisma de Kurt Russell ou da sensualidade de Madeleine Stowe, mas sim pela visceral interpretação de Ray Liotta como o tira psicótico, completamente fora de controle. Esse aliás sempre foi o perfil de personagem adequado para ele, um sujeito com um sorriso doentio, pronto e disposto a fazer as maiores barbaridades em nome de uma obsessão que não controla. Uma atitude nada adequada ao lema da polícia americana de "proteger e servir" o cidadão! Ray aliás é de longe a melhor justificativa para assistir a esse bom filme, que ultimamente tem sido pouco lembrado.

Pablo Aluísio.

sábado, 1 de abril de 2017

A Vingança de Bette

Título no Brasil: A Vingança de Bette
Título Original: Cousin Bette
Ano de Produção: 1998
País: Estados Unidos, Inglaterra
Estúdio: Twentieth Century Fox
Direção: Des McAnuff
Roteiro: Lynn Siefert
Elenco: Jessica Lange, Elisabeth Shue, Bob Hoskins, Hugh Laurie, Geraldine Chaplin, Kelly Macdonald
  
Sinopse:
Em Paris, no século XIX, vive Bette Fisher (Jessica Lange). Ela nunca se casou e por isso se tornou alvo de todos os tipos de preconceitos da sociedade da época. Quando a matriarca da família, madame Adeline Hulot (Geraldine Chaplin), falece, cabe a Bette cuidar de todos os demais familiares, mas ridicularizada e humilhada, ela começa a criar planos para arruinar todos aqueles que lhe fizeram mal. Para isso conta com a ajuda de Jenny Cadine (Elisabeth Shue), atriz e prostituta de Paris.

Comentários:
Excelente filme, inspirado no romance de época escrito por Honoré de Balzac. Esse celebrado escritor se notabilizou pelos textos que expunham a hipocrisia da alta sociedade parisiense de seu tempo. As chamadas grandes e tradicionais famílias sempre tinham algo de podre a esconder, revelando instintos mesquinhos, atitudes grotescas, tudo por baixo de uma imagem falsa, tentando passar algum tipo de nobreza humana. Esse filme fez jus ao texto de Balzac. Há um tom de humor negro em cada situação, justamente por expor essa mediocridade das pessoas. Além do excelente roteiro outra coisa chama a atenção nessa produção: seu ótimo elenco, formado basicamente por atrizes extremamente talentosas, com destaque para as duas protagonistas interpretadas respectivamente por Jessica Lange e Elisabeth Shue (em seu primeiro papel realmente importante e interessante na carreira). Até mesmo a grande dama da interpretação Geraldine Chaplin está presente, trazendo muita dignidade para sua personagem, a de uma mulher aristocrata e verdadeiramente digna. Infelizmente mesmo com tantas qualidades o filme acabou sendo ignorado pela Academia, em mais uma de suas grandes injustiças.

Pablo Aluísio.

O Espaço Entre Nós

Título no Brasil: O Espaço Entre Nós
Título Original: The Space Between Us
Ano de Produção: 2017
País: Estados Unidos
Estúdio: Southpaw Entertainment
Direção: Peter Chelsom
Roteiro: Allan Loeb, Stewart Schill
Elenco: Gary Oldman, Asa Butterfield, Carla Gugino, Britt Robertson
  
Sinopse:
Gardner Elliot (Asa Butterfield) é um jovem que vive em uma estação colonizadora em Marte. Ele acaba se apaixonando pela internet por uma garota na Terra, a adolescente Tulsa (Britt Robertson). Ela não faz a menor ideia que ele mora em outro planeta e nem que ele é na verdade o primeiro ser humano nascido no planeta vermelho. Nada disso porém impedirá Gardner de ir até a Terra para conhecê-la pessoalmente e quem sabe viver um grande amor ao seu lado.

Comentários:
"O Espaço Entre Nós" está estreando nesse fim de semana no Brasil. É um filme romântico especialmente indicado para o público adolescente. Basicamente temos aqui uma paixão que nasce entre um garoto que vive em Marte e uma típica adolescente da Terra. Ele é filho de uma astronauta que descobre-se estar grávida bem no meio da viagem de colonização de Marte. Assim acaba sendo o primeiro ser humano nascido naquele distante planeta. Por ter vivido toda a sua vida em Marte, onde a gravidade é bem diferente, ele não consegue se adaptar muito bem em sua passagem pela Terra. Seus ossos são fracos e o peso da gravidade coloca em risco sua vida, mas nada disso parece importar pois ele, como todo adolescente, está apaixonado e quer viver o grande amor de sua vida. Gary Oldman interpreta o idealizador do projeto de colonização de Marte, alguém que não deixará de perseguir Gardner enquanto ele tenta fugir com sua nova namorada. Apesar das boas intenções o filme tem alguns problemas. O romance, embora seja o grande tema do roteiro, nunca convence muito. Gardner, o jovem marciano, é bem frágil, mal consegue caminhar direito e tem uma visão boba da vida, fruto do fato de nunca ter convivido dentro da sociedade da Terra. Em determinado momento o filme se torna meramente um road movie, com ele fugindo ao lado de sua nova namorada e os malvadões da Nasa o perseguindo. Nada de muito interessante. Há cenas bem bobinhas também, que atrapalham muito o filme como um todo. Em um desses momentos o cientista interpretado por Gary Oldman leva o garoto, às pressas, de volta a Marte a bordo de um pequeno ônibus espacial, como se isso fosse a coisa mais simples do mundo. Uma cena bem bobinha mesmo. Enfim, só vai interessar mesmo ao público adolescente. Como ficção não convence muito, principalmente para os que tiverem mais de 16 anos de idade.

Pablo Aluísio.

domingo, 26 de março de 2017

La La Land - Cantando Estações

Título no Brasil: La La Land - Cantando Estações
Título Original: La La Land
Ano de Produção: 2016
País: Estados Unidos
Estúdio: Summit Entertainment
Direção: Damien Chazelle
Roteiro: Damien Chazelle
Elenco: Ryan Gosling, Emma Stone, J.K. Simmons, Rosemarie DeWitt, Terry Walters, Jessica Rothe
  
Sinopse:   
Mia (Emma Stone) é uma aspirante à atriz em Los Angeles. Enquanto ela não consegue trabalho na profissão que sempre sonhou ela vai se virando, trabalhando como garçonete em uma lanchonete dentro dos estúdios Warner. Sua vida não anda nada fácil, porém tudo muda quando ela conhece Sebastian (Ryan Gosling), um músico fracassado, que tem sonhos em abrir um clube de jazz na cidade.

Comentários:
Por dois minutos "La La Land" foi o melhor filme do ano de 2016, até que descobriram que o envelope da premiação havia sido trocado... Um mico histórico do Oscar! Embora não tenha levado o prêmio máximo da noite, o filme acabou vencendo em seis outras categorias (melhor atriz para Emma Stone, direção, música original, fotografia, canção original e design de produção). A intenção do diretor Damien Chazelle se torna clara desde a primeira cena, no tráfego de Los Angeles, quando os motoristas descem de seus carros e começam a cantar! É obviamente um musical à moda antiga, que tenta homenagear os grandes musicais do passado, como àqueles da Metro que se tornaram imortais. Será que algo assim, do passado clássico de Hollywood, poderia ainda funcionar nos dias de hoje? Bom, certamente não funcionará para todos, porém quem tiver um pouco de boa vontade certamente vai gostar bastante. Para isso porém é importante ter dois pré-requisitos: ser romântico e gostar de musicais! Se não for o seu caso é melhor nem entrar no cinema, pois "La La Land" certamente não foi feito para você! De minha parte, como sempre preenchi esses requisitos, acabei gostando bastante. 

Em certos momentos pensei estar assistindo a algum filme com Doris Day ou até mesmo Fred Astaire (embora no quesito dança e coreografia o filme não seja grande coisa!). O roteiro é simples, bem básico, mostrando o romance entre uma atriz que não consegue passar em nenhum teste de audição e um músico de jazz frustrado porque percebe que o ritmo musical que sempre amou está morrendo a cada dia. Como músico porém ele não consegue também ter sucesso tocando aquilo que ama, tendo que participar de bandas baratas que procuram apenas o sucesso comercial. De maneira em geral "La La Land" agrada bastante, principalmente por sua opção em ser um filme radiante, bem colorido, optando pela alegria e diversão, acima de tudo. O roteiro também homenageia os antigos clássicos do cinema, como "Juventude Transviada" com James Dean, em cenas rodadas no mesmo local onde o filme foi originalmente feito. Enfim, um musical com pinceladas dos bons tempos da sétima arte. Especialmente indicado para nostálgicos, românticos e amantes do cinema. Se não for o seu caso, melhor esquecer.

Pablo Aluísio.

sábado, 25 de março de 2017

Lion - Uma Jornada Para Casa

Título no Brasil: Lion - Uma Jornada Para Casa
Título Original: Lion
Ano de Produção: 2016
País: Estados Unidos, Austrália, Inglaterra
Estúdio: The Weinstein Company
Direção: Garth Davis
Roteiro: Luke Davies
Elenco: Dev Patel, Nicole Kidman, Rooney Mara, Sunny Pawar, Abhishek Bharate, David Wenham
  
Sinopse:
Com roteiro baseado no livro de memórias "A Long Way Home" de Saroo Brierley, o filme conta a história real desse autor. Quando ele tinha apenas 6 anos de idade ele se perdeu de seu irmão, em uma estação de trem na Índia. Ao entrar em um vagão ele acabou indo parar em Calcutá, 1600 km de distância da casa de sua mãe. Acabou virando por um tempo um menino de rua, perdido, sem destino. Resgatado por autoridades acabou sendo colocado para adoção, sendo finalmente enviado para a Austrália, onde foi adotado por um casal de australianos. Vinte anos depois ele decide reencontrar o caminho de seu lar original.

Comentários:
Mais um que concorreu ao Oscar de melhor filme nessa última premiação do Oscar. No total foram seis indicações, além de melhor filme concorreu também aos prêmios de melhor ator coadjuvante (Dev Patel), atriz coadjuvante (Nicole Kidman), roteiro adaptado (Luke Davies), fotografia (Greig Fraser) e música (Dustin O'Halloran e Volker Bertelmann). Não ganhou nenhum prêmio na noite. Uma pena porque realmente gostei desse "Lion". No começo fiquei com um pé atrás porque esse ano tivemos uma seleção irregular no Oscar. Inicialmente achei que não seria um grande filme, mas acabei me equivocando. Realmente é uma bela obra cinematográfica que se destaca não apenas por causa de sua história (bem impressionante) como também pelo excelente roteiro, muito bem estruturado. O enredo se baseia na história de um garotinho que se perde de sua família na Índia (um dos países mais populosos do mundo). Tão jovem, sem saber nem direito pronunciar o nome de seu vilarejo, ele acaba indo parar nas ruas, ao lado de outras milhares de crianças que vagueiam sem destino e sem futuro. Depois de quase ir parar nas mãos de uma rede de pedofilia (um aspecto apenas sugerido pelo roteiro), ele é salvo pelas autoridades indianas que logo o colocam no sistema de adoção para casais estrangeiros. 

Assim o garoto Saroo acaba indo parar no outro lado do mundo, na Austrália, sendo adotado por um casal (onde a esposa é interpretada por uma envelhecida e nada glamorosa Nicole Kidman). O tempo passa e vinte anos depois, usando o programa Google Earth, ele acaba descobrindo o nome de sua vila, o lugar e como chegar lá. Já universitário na Austrália faz a viagem de retorno para casa, para tentar encontrar a mãe e o irmão que ficaram para trás há tanto tempo. Um dos aspectos mais interessantes de "Lion - Uma Jornada Para Casa" é o contraste entre a infância pobre e miserável na Índia e as inúmeras possibilidade que se abrem ao garoto após ele ir parar na ensolarada e desenvolvida Austrália. Um choque de realidades realmente de impressionar. Essa experiência única de vida do protagonista Saroo Brierley daria origem a uma organização de ajuda humanitária às crianças desaparecidas (são milhares todos os anos na Índia). Um final bem feliz para uma história pessoal que poderia muito bem terminar em uma grande tragédia.

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 24 de março de 2017

De Amor e Trevas

Título no Brasil: De Amor e Trevas
Título Original: A Tale of Love and Darkness
Ano de Produção: 2015
País: Estados Unidos, Israel
Estúdio: Gesher Fund
Direção: Natalie Portman
Roteiro: Natalie Portman
Elenco: Natalie Portman, Amir Tessler, Gilad Kahana, Tomer Kapon, Shira Haas, Moni Moshonov
  
Sinopse:
O filme é baseado nas memórias de Amos Oz. De origem judaica ele relembra os anos de infância ao lado da mãe Fania Klausner né Mussman (Natalie Portman). Sua família morava em Jerusalém em um momento histórico muito complicado para a comunidade judaica pois o Estado de Israel ainda não havia sido reconhecido pelos organismos internacionais como a ONU. A tensão com os palestinos já estava em alta, o que tornava a vida bem mais complicada do que poderia se imaginar. É o momento em que os judeus construíam sua nação dos escombros da guerra. Filme indicado no Cannes Film Festival na categoria de Melhor Direção (Natalie Portman).

Comentários:
Esse é um projeto bem pessoal da atriz Natalie Portman. Ela produziu, dirigiu, atuou e escreveu o roteiro do filme. Nascida em Jerusalém Portman quis homenagear as lutas de seu povo, o povo judeu. A história gira em torno de uma mãe judia durante a década de 1940, quando os sobreviventes do holocausto voltaram para Israel com o firme propósito de fazer daquela terra sua nação. Embora politicamente o roteiro explore as dificuldades de se viver em Israel naquele momento histórico, com a guerra contra o Egito, o filme procura mesmo mostrar o cotidiano de uma família judia, com o pai escritor, a mãe dona de casa e o filho, ainda garotinho, tentando achar seu lugar no mundo. É uma família de classe média baixa, com o pai tentando se manter com a publicação de seus livros, que vendem pouco. A figura central é a da mãe, interpretada por Natalie Portman. Na juventude ela foi uma mulher cheia de sonhos, cheia de esperanças, que aos poucos vão desaparecendo por causa da pobreza, do casamento fracassado (o marido tem amantes) e do cotidiano massacrante do dia a dia. Assim ela acaba entrando em depressão. O problema é que naquela época essa era uma doença não muito bem conhecida pela medicina. Os médicos não sabiam direito como tratar esse mal. A terça parte final do filme explora justamente essa situação, com a mãe judia, que antes era tão vivaz e cheia de vida, definhando aos poucos. É um enredo baseado na tristeza e na depressão. Não é um filme com final feliz, mas tem uma sensibilidade à toda prova. Portman se sai bem melhor do que todos esperavam nessa sua primeira primeira experiência atrás das câmeras. Será que ela irá seguir por esse caminho em sua carreira? Bom, isso só o tempo poderá dizer.

Pablo Aluísio.

A Casa Amaldiçoada

Título no Brasil: A Casa Amaldiçoada
Título Original: The Haunting
Ano de Produção: 1999
País: Estados Unidos
Estúdio: DreamWorks Pictures
Direção: Jan de Bont
Roteiro: David Self, Shirley Jackson
Elenco: Liam Neeson, Catherine Zeta-Jones, Owen Wilson, Lili Taylor, Bruce Dern, Virginia Madsen
  
Sinopse:
Hill House é uma velha casa vitoriana assombrada que acaba servindo de atração para um grupo de pessoas. Estão lá a perturbada Eleanor Lance (Lili Taylor), que tem muitos problemas emocionais; o pesquisador Dr. David Marrow (Liam Neeson) que ambiciona descobrir os segredos daquele lugar; a sensual Theo (Catherine Zeta-Jones), cuja atração sexual não passa despercebida pelos demais e o jovem Luke (Owen Wilson), que só está lá para tentar atrair Theo. Eles são avisados que não devem entrar na casa durante a noite, mas ignoram o aviso. Pagarão caro por isso. Filme premiado pelo BMI Film & TV Awards na categoria Melhor Trilha Sonora Incidental - Terror (Jerry Goldsmith).

Comentários:
Produção milionária, com orçamento próximo de 100 milhões de dólares, contando com a preciosa mão de Steven Spielberg na produção, ou seja, tudo parecia estar no lugar certo. Era um Menu cinematográfico dos mais atraentes. Só que aquilo que parecia tão promissor acabou não se concretizando nas telas. Certamente os melhores efeitos especiais estão lá, o rico figurino, o elenco com astros conhecidos do público, a ambientação sinistra completamente adequada, só não havia mesmo um bom roteiro por trás de tudo isso. O filme é visualmente muito bonito, mas é fraco, não dá sustos e nem medo no espectador. Ora, o que poderia ser pior para um filme de terror? Nem o carisma da dupla Liam Neeson e Catherine Zeta-Jones consegue superar o fiasco que o filme acabou se tornando. A atriz inclusive desfila uma certa antipatia em cena, o que para um filme que já apresentava problemas de ritmo fez tudo parecer ainda pior. Enfim, temos aqui uma daquelas produções luxuosas que não convencem, que deixam aquela sensação de que é falsa, nada assustadora. Muito dinheiro jogado fora por nada. Para se fazer um bom filme de terror, com clima das antigas fitas do gênero, dinheiro apenas não basta, tem que ter talento.

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 23 de março de 2017

O Desafio da Lei

Título no Brasil: O Desafio da Lei
Título Original: Swing Vote
Ano de Produção: 1999
País: Estados Unidos
Estúdio: Columbia TriStar Pictures
Direção: David Anspaugh
Roteiro: Ronald Bass, Jane Rusconi
Elenco: Andy Garcia, Harry Belafonte, Robert Prosky, James Whitmore, Bob Balaban
  
Sinopse:
Andy Garcia interpreta um jovem juiz chamado Joseph Michael Kirkland. Ele é escolhido para compor a Suprema Corte dos Estados Unidos após a aposentadoria de um magistrado mais velho. Sua entrada no tribunal não poderia ser mais delicada. Ele precisará dar o voto final e decisivo numa questão polêmica, envolvendo aborto. Não demora e o novo juiz começa a ser pressionado por todos os lados, tanto por conservadores, como por liberais a favor da legalização do aborto. Qual afinal será sua decisão?

Comentários:
Um bom filme, produzido por Jerry Bruckheimer, que aqui deixou as explosões de seus filmes no cinema de lado, para investir em um roteiro mais adulto, socialmente importante. O magistrado interpretado por Garcia é um homem de princípios que se vê dando o voto de Minerva em uma causa que simplesmente parou a nação. Estaria ele a favor da legalização do aborto no país ou não? A pergunta fica no ar até praticamente a última cena, uma vez que o roteiro se desenvolve justamente em cima dessa questão. O filme não é tão bem produzido como seria de esperar porque pouco antes do começo das filmagens o produtor Bruckheimer decidiu que iria levar o filme para a TV e não para o cinema. No Brasil o filme não chegou a ser exibido em nossa televisão nos anos 90, sendo lançado diretamente no mercado de vídeo VHS. Como já escrevi é um bom filme, principalmente por causa de seu tema, porém para aqueles que não tenham muito interesse na legalização ou não do aborto ele pode sim se tornar um pouco cansativo. Mesmo assim vale, pela importância do tema, a indicação.

Pablo Aluísio.

A Razão do Meu Afeto

Título no Brasil: A Razão do Meu Afeto
Título Original: The Object of My Affection
Ano de Produção: 1998
País: Estados Unidos
Estúdio: Twentieth Century Fox
Direção: Nicholas Hytner
Roteiro: Wendy Wasserstein
Elenco: Jennifer Aniston, Paul Rudd, Nigel Hawthorne, Kali Rocha, Hayden Panettiere, Alan Alda, Tim Daly
  
Sinopse:
Nina Borowski (Jennifer Aniston) é uma assistente social que acaba se apaixonando por George Hanson (Paul Rudd). Há alguns problemas nessa paixão. O primeiro é que George pensa ser apenas um amigo dela, inclusive a ponto de morar junto ao seu lado. O outro é que George é gay! Comprometida com outro homem, Nina tenta superar seus sentimentos, mas conforme o tempo passa ela vai ficando cada vez mais apaixonada. Pior do que isso, ela fica grávida do namorado de quem não ama! Filme indicado ao London Critics Circle Film Awards na categoria Melhor Ator Coadjuvante (Nigel Hawthorne).

Comentários:
Esse filme é uma das primeiras tentativas de Jennifer Aniston em emplacar no cinema. Ela que vinha estrelando a série de sucesso "Friends" (um dos programas de maior audiência da TV americana), nem precisava de muito esforço para atrair público para seus filmes. "The Object of My Affection" é uma comédia romântica, com pequenas pitadas de drama, mostrando o amor que uma garota acaba sentindo por um homossexual. Amor impossível? Pode ser, só que o roteiro brinca com essa situação até o clímax, que vai surpreender muita gente. Paul Rudd volta para seu tipo habitual, a do "cara legal", papel que quase sempre repete em seus filmes, ano após ano. Até mesmo quando interpreta super-heróis, como aconteceu em "Homem-Formiga" ele não consegue se desligar desse tipo de personagem. Então é isso, um bom filme, até um pouco acima da média dos outros filmes estrelados por  Jennifer Aniston. Simpático e inofensivo vai agradar aos fãs da atriz.

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 22 de março de 2017

Desconhecida

A história do filme se passa toda em apenas uma noite. A bióloga e pesquisadora Alice Manning (Rachel Weisz) é convidada para o jantar de aniversário de Tom (Michael Shannon) por um amigo em comum. Ela então chega na festa, se socializa, conta parte de sua história pessoal em conversas agradáveis com os outros convidados e acaba se dando muito bem com todos os novos amigos que faz. O que ninguém desconfia nesse jantar é que Alice e Tom não estão na verdade se conhecendo naquela noite, pois eles possuem um passado, foram namorados há quinze anos, em um relacionamento complicado. Tom é casado e por isso finge estar conhecendo Alice apenas naquele momento. Ela também mantém a farsa, mas aos poucos tudo vai desmoronando.

"Desconhecida" é um filme bem interessante por causa de sua protagonista. A linha dorsal do roteiro a mostra indo até a festa de aniversário de um amor do passado. Quando eles se reencontram acontece aquela situação típica de "saia justa", pois ficam fingindo que nunca se viram antes. Alice também não é uma mulher comum. Desde que acabou o romance com o ex-namorado ela começou uma vida muito incomum. Assumindo diversas identidades diferentes ao longo dos anos ela foi se reinventando conforme as situações em sua vida foram mudando. Assim Alice foi artista de shows de mágica na China, enfermeira de Detroit, mulher de negócios, pesquisadora, uma série de profissões diferentes. Para seu ex-namorado Tom ela não passaria de uma mentirosa compulsiva, mas no final de tudo nada disso ainda importa pois ele ainda tem uma certa paixão por ela.

Como se trata de um filme de atuações e diálogos, o grande atrativo vem do elenco do filme. Rachel Weisz é uma atriz talentosa, já premiada com o Oscar por sua atuação em "O Jardineiro Fiel" de 2005. Aqui ele assumiu essa responsabilidade de representar uma mulher que na verdade são muitas. A tal "desconhecida" do título original não é apenas uma convidada numa festa de aniversário, mas uma pessoa com múltiplas personalidades, que ela vai trocando conforme lhe convém. Outro destaque do elenco é a presença do ator Michael Shannon. A primeira vez que Shannon me chamou a atenção foi na série "Boardwalk Empire", depois ele fez vários filmes como "Batman Vs Superman", "Animais Noturnos" e "Elvis e Nixon". É um ator muito talentoso, que ainda não teve o destaque que merecia. Em suma é isso. Um filme indicado para quem gosta de personagens diferentes, vivendo vidas singulares.

Desconhecida (Complete Unknown, Estados Unidos, 2016) Direção: Joshua Marston / Roteiro: Joshua Marston, Julian Sheppard / Elenco: Rachel Weisz, Michael Shannon, Erin Darke, Hansel Tan / Sinopse: Bióloga é convidada para um jantar de aniversário por um amigo, sem esse saber que ela na verdade teve um caso amoroso complicado com o aniversariante quinze anos atrás. Filme indicado ao Central Ohio Film Critics Association e ao Deauville Film Festival na categoria de Melhor Ator (Michael Shannon).

Pablo Aluísio.

Intruder A-6

Título no Brasil: Intruder A-6 - Um Vôo Para O Inferno
Título Original: Flight of the Intruder
Ano de Produção: 1991
País: Estados Unidos
Estúdio: Paramount Pictures
Direção: John Milius
Roteiro: Stephen Coonts, Robert Dillon
Elenco: Danny Glover, Willem Dafoe, Brad Johnson, Rosanna Arquette, Tom Sizemore, J. Kenneth Campbell
  
Sinopse:
Em plena guerra do Vietnã, um grupo de pilotos da Marinha americana, usando aviões de combate, bombardeiros A-6 Intruder, são designados para destruir um depósito de armas em Hanoi, atrás das linhas inimigas. A missão, não autorizada oficialmente, se torna uma das mais perigosas e violentas de todo o conflito. Roteiro baseado no romance de guerra escrito por Stephen Coonts.

Comentários:
Na segunda metade dos anos 80 tivemos um ciclo de filmes sobre a Guerra do Vietnã. Esse "Intruder A-6 - Um Vôo Para O Inferno" é um herdeiro, já um pouco tardio, dessa fase do cinema americano. Porém ao contrário de filmes como "Platoon" ou "Nascido Para Matar", essa produção não teve qualquer pretensão de revisitar essa guerra de forma mais dramática ou profunda. Na verdade esse filme foi por outro lado, valorizando a ação e as cenas de combate, acima de tudo. Com uma boa dupla de protagonistas, interpretados por Danny Glover da franquia de sucesso "Máquina Mortífera" e Willem Dafoe, do próprio "Platoon", o filme tinha uma levada bem ao estilo das produções de ação de guerra dos anos 70. Nada de dramas, nada de tentar entender as razões da guerra ou porque ela se tornou um dos maiores fracassos militares da história dos Estados Unidos. Nada disso, apenas bombas, explosões, etc. Nesse ponto o filme até que funciona muito bem e logo se torna uma boa diversão. Por fim uma dica importante: fique de olho na grade de programação do Paramount Channel pois " Flight of the Intruder" tem sido constantemente reprisado por esse canal a cabo. É uma boa opção para quem gosta desse tipo de produção.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 21 de março de 2017

Do Fundo do Mar

Título no Brasil: Do Fundo do Mar
Título Original: Deep Blue Sea
Ano de Produção: 1999
País: Estados Unidos
Estúdio: Warner Bros
Direção: Renny Harlin
Roteiro: Duncan Kennedy, Donna Powers
Elenco: Samuel L. Jackson, Thomas Jane, Stellan Skarsgård, Saffron Burrows, Jacqueline McKenzie, Michael Rapaport
  
Sinopse:
Procurando pela cura do mal de Alzheimer, um grupo de cientistas começa uma pesquisa em um lugar isolado, distante da civilização. Uma vez lá eles se deparam com um novo tipo de tubarão desconhecido pela ciência. Os animais não são apenas predadores ferozes, mas também apresentam uma inteligência fora do comum, o que piora ainda mais a situação de todos eles. Filme indicado ao BMI Film & TV Awards.

Comentários:
Mais um herdeiro tardio de "Tubarão". É a tal coisa, com os anos 90 vieram também as novas tecnologias de efeitos digitais, que eram inexistentes nos anos anteriores. De repente não havia mais limitações para a imaginação dos roteiros. Basta lembrar de como foi complicado dar veracidade ao Tubarão original de Steven Spielberg para perceber como os novos tempos tinham mudado o cinema. Tudo era possível de se reproduzir nas telas. Assim, com tantas comodidades, não era complicado prever o surgimento de fitas como essa, com toneladas de efeitos criados em computação gráfica. Só que os produtores desse filme esqueceram que por trás de todo bom filme é preciso ter um bom roteiro. Nesse quesito esse "Deep Blue Sea" deixa muito a desejar. Ok, temos que admitir que visualmente o filme é muito bem realizado, mas a estorinha por trás de tudo é muito fraca, fraca demais. Para piorar o que já não era muito bom o diretor Renny Harlin (uma espécie de aprendiz fracassado de Michael Bay) resolveu realizar um filme vazio, que mais parece um videogame. O problema é que os fãs de games não podiam jogar e os cinéfilos não queriam pagar uma entrada de cinema para assistir um game. Só sobrou então o fracasso comercial, merecidamente aliás. Enfim, um filme de tubarões que não chega nem perto do clássico de Spielberg. No fundo não passa de uma bomba no fundo do mar. Esqueça!

Pablo Aluísio.

A Filha do General

Título no Brasil: A Filha do General
Título Original: The General's Daughter
Ano de Produção: 1999
País: Estados Unidos
Estúdio: Paramount Pictures
Direção: Simon West
Roteiro: Christopher Bertolini
Elenco: John Travolta, Madeleine Stowe, Timothy Hutton, James Woods, James Cromwell
  
Sinopse:
Após a morte misteriosa de uma capitã, filha de um figurão militar, o tenente Paul Brenner (John Travolta) é designado por seu comandante para descobrir a autoria do crime e as razões do assassinato. Ao lado da advogada Sara Sunhill (Madeleine Stowe), o tenente vai desvendando toda a complexa rede que envolve a morte da jovem militar. O que ele acaba descobrindo é algo muito mais surpreendente do que ele poderia inicialmente supor.

Comentários:
Ao longo da carreira o ator John Travolta participou de alguns filmes marcantes, outros nem tanto, verdadeiras bombas. É um ator irregular. Esse "A Filha do General" fica no meio termo pois até teve um certo sucesso, sendo bem sucedido comercialmente no mercado de vídeo VHS - já que nos cinemas apresentou uma bilheteria modesta. O que vale aqui, o seu principal mérito, vem do roteiro, mais claramente falando, de sua trama. É aquele tipo de história que começa levando o espectador para um lado, depois para outro, tudo para no final surgir aquela grande reviravolta que ninguém esperava! Em alguns momentos esse tipo de maniqueísmo do roteirista fica um pouco cansativo, mas se você conseguir superar isso pode vir a se divertir. O diretor inglês Simon West é especialista nesse tipo de filme pois já dirigiu produções como "Con Air - A Rota da Fuga", "Lara Croft: Tomb Raider" e "Os Mercenários 2". É considerado um cineasta muito bom no gênero ação. Por isso deixamos, mesmo com certas reservas, a dica desse bom filme estrelado por John Travolta. Vale uma espiada.

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 20 de março de 2017

O Terceiro Milagre

Título no Brasil: O Terceiro Milagre
Título Original: The Third Miracle
Ano de Produção: 1999
País: Estados Unidos
Estúdio: American Zoetrope, Franchise Pictures
Direção: Agnieszka Holland
Roteiro: John Romano
Elenco: Ed Harris, Anne Heche, Armin Mueller-Stahl, Charles Haid, Sofia Polanska, Pavol Simon
  
Sinopse:
Baseado no romance escrito por Richard Vetere, o filme "O Terceiro Milagre" conta a história do padre Frank Shore (Ed Harris). Após o surgimento de uma crença popular na santidade de uma mulher, moradora de um pequeno vilarejo, o Vaticano resolve enviar um de seus padres para investigar o que de fato estaria acontecendo por lá. Shore é que quem deverá prosseguir nas investigações para descobrir a verdade. Filme indicado ao prêmio do Mar del Plata Film Festival na categoria de Melhor Filme.

Comentários:
O roteiro desse filme é ótimo. Ele conta a crise de fé que se abate sobre um padre após ele ser enviado para um lugarejo onde pessoas estão acreditando em milagres. Os fenômenos sobrenaturais estão surgindo em torno de uma imagem de Nossa Senhora que chora lágrimas de sangue. As pessoas da região começam a peregrinar até lá e não tardam a surgir curas de doenças graves. Pela medicina todas elas seriam incuráveis e não haveria como explicar o que estaria acontecendo apenas pela ciência. O personagem de Ed Harris tem crises de fé, o que agrava ainda mais a situação. Eu sempre que posso elogio Ed Harris. Em minha opinião ele sempre foi um dos mais completos atores de sua geração. Sua postura de homem comum, mas íntegro, conta muitos pontos a favor. A cineasta Tcheca Agnieszka Holland também criou uma de suas melhores obras cinematográficas, onde tudo é feito com sutileza, sofisticação e acima de tudo respeito para com a fé católica. Um bom filme, produzido pelo mestre Francis Ford Coppola, especialmente recomendado aos interessados em seu tema religioso.

Pablo Aluísio.

Vírus

Título no Brasil: Vírus
Título Original: Virus
Ano de Produção: 1999
País: Estados Unidos
Estúdio: Universal Pictures
Direção: John Bruno
Roteiro: Chuck Pfarrer
Elenco: Jamie Lee Curtis, William Baldwin, Donald Sutherland, Joanna Pacula, Marshall Bell, Sherman Augustus
  
Sinopse:
Durante uma missão em alto-mar a tripulação do navio "Sea Star" acaba encontrando uma embarcação russa abandonada. O capitão Robert Everton (Donald Sutherland) vê nessa descoberta a chance de ganhar alguns milhões de dólares por seu resgate. Já os demais membros do comando, entre eles Kit Foster (Jamie Lee Curtis) e o engenheiro Steve Baker (William Baldwin), acreditam que essa não seria uma boa ideia, pois o velho navio desaparecido parece ter algo sinistro a esconder. Afinal a tripulação daquele navio estava praticamente toda morta.

Comentários:
Esse filme de terror e suspense tem algumas curiosidades interessantes. A primeira delas é que foi uma das primeiras adaptações de quadrinhos para o cinema. O roteiro era baseado na Graphic Novel "Virus" de Chuck Pfarrer (que também assinou o roteiro), publicação da editora Dark Horse Comics. A segunda é que contou com um generoso orçamento, de quase 100 milhões de dólares, algo bem raro em produções desse tipo. Tantos pré-requisitos porém não garantiram a qualidade do filme como um todo. "Virus" tem muitos problemas. Apesar do bom elenco que contava com a presença do veterano Donald Sutherland, da "Rainha do Grito" Jamie Lee Curtis e do esforçado William Baldwin, o fato é que a própria trama não tinha muita qualidade. O enredo é bem previsível e qualquer cinéfilo com um mínimo de experiência matará tudo o que vai acontecer com apenas poucos minutos de filme. Nada de novo no front. Além dos clichês há um problema de ritmo, onde não se valorizou bem os momentos de tensão e suspense. Assim o filme acabou valendo apenas por algumas coisas, que no fundo não tinham muita importância.

Pablo Aluísio.

domingo, 19 de março de 2017

A Bela e a Fera

O grande lançamento nos cinemas mundiais dessa semana é essa nova versão de "A Bela e a Fera". Produzido pelos estúdios Disney,  o conto de fadas agora sai do mundo da animação para o cinema convencional, com atores de verdade. Essa aliás tem sido uma estratégia vitoriosa do estúdio nos últimos anos, eles apenas adaptam animações de sucesso do passado, em novas super produções, faturando mais alguns milhões de dólares nas bilheterias ao redor do mundo. Como em time que se está ganhando não se mexe. Pois bem, esse filme aqui envolveu a atriz Emma Watson em uma polêmica bem desagradável (pelo menos sob o ponto de vista dela). A atriz é conhecida por causa de suas opiniões fortes, embasadas em uma visão de mundo feminista. Quando ele anunciou que iria interpretar basicamente uma princesa Disney o mundo dela caiu! Como se sabe as feministas possuem uma péssima impressão sobre as princesas da Disney porque segundo elas essa é uma imposição estereotipada da sociedade para com as mulheres. Emma ainda tentou se defender dizendo que a Bela era uma princesa diferente, que não aceitava certas coisas, mas a verdade é que pelo menos politicamente foi um passo atrás que ela deu.

Já em termos de carreira ela tem agora um baita sucesso em sua filmografia. O filme vai muito bem nas bilheterias, liderando rankings de vendas de ingressos em todos os mercados. Nada mal. O roteiro segue basicamente o mesmo da animação. É curioso porque o conto de fadas original, escrito pela Madame Gabrielle-Suzanne Barbot em 1740, foi tantas vezes adaptado ao longo de todos esses anos,  que pouca coisa sobrou do texto original. Barbot viveu na França do século XVIII, na época de ouro do absolutismo da Casa de Bourbon. Sua obra era bem mais interessante, sob diversos aspectos, mas seria pouco atrativa para as crianças de hoje. Como se trata de um produto com o selo de qualidade Disney é meio desnecessário elogiar a bonita produção, a direção de arte de bom gosto, os efeitos de computação gráfica, etc. A Disney mantém um padrão de qualidade tão absurdo que todos os seus filmes são impecáveis nesses aspectos. A única crítica que teria a fazer sobre isso seria sobre o design da fera, que ao meu ver, está mais parecida com um werewolf de filmes de terror do que com um personagem cheio de sentimentos de uma produção feita para agradar as crianças. Tirando isso de lado, todo o mais me agradou. A espinha dorsal do enredo é o musical da Broadway, com belas canções por todo o desenrolar do filme. E sim, no final das contas a Emma Watson interpreta mesmo uma típica princesinha Disney. Nem adianta disfarçar.

A Bela e a Fera (Beauty and the Beast, Estados Unidos, 2017) Direção: Bill Condon / Roteiro: Stephen Chbosky, Evan Spiliotopoulos / Elenco: Emma Watson, Kevin Kline, Ewan McGregor, Ian McKellen, Emma Thompson, Stanley Tucci, Dan Stevens, Luke Evans / Sinopse: Após o desaparecimento de seu pai em uma floresta sinistra e sombria, Belle (Watson) vai atrás dele e descobre que ele é prisioneiro de uma fera em seu castelo, um antigo príncipe que fora amaldiçoado por uma bruxa. Apenas o amor poderá salvá-lo de seu trágico destino.

Pablo Aluísio.

Corações Apaixonados

Título no Brasil: Corações Apaixonados
Título Original: Playing by Heart
Ano de Produção: 1998
País: Estados Unidos
Estúdio: Miramax
Direção: Willard Carroll
Roteiro: Willard Carroll
Elenco: Sean Connery, Angelina Jolie, Madeleine Stowe, Gillian Anderson, Ellen Burstyn, Gena Rowlands, Ryan Phillippe, Anthony Edwards
  
Sinopse:
Onze pessoas vivendo e trabalhando em Los Angeles precisam lidar com os problemas profissionais e emocionais de suas vidas. Entre eles há Paul (Sean Connery), um produtor de TV, que precisa vencer suas dificuldades emocionais, enquanto tenta transformar um programa de culinária em sucesso de audiência. Joan (Jolie) é uma mulher apaixonada que tenta seduzir o jovem Keenan (Ryan Phillippe) sem muito sucesso. E por aí vai. O mote é sempre a tentativa de ser bem sucedido na vida de cada um, explorando como isso na realidade é bem complicado de se alcançar. Filme indicado ao Urso de Ouro do Berlin International Film Festival.

Comentários:
A intenção de Sean Connery ao aceitar o convite para esse filme era a de participar de uma pequena produção, mais artística, que tivesse um jeito mais de cinema independente, mais cult. O problema é que ao aceitar fazer o filme ele acabou atraindo a atenção de outros atores que queriam ter a oportunidade de trabalhar ao seu lado. É justamente aí que nasceu o maior problema dessa fita romântica. Com tantos atores e atrizes famosas no elenco o espaço para seus personagens tiveram que ser ampliados, criando mais um daqueles filmes com atores demais e roteiro de menos! É uma multidão de personagens, muitos deles sem a menor importância. Isso estraga a fita que se torna cansativa, com aqueles roteiros ao estilo mosaico, mostrando um monte de gente, fazendo um monte de coisas, que no fundo não significam nada! Enfim, ficou bem chato. O único que escapou do tédio foi o próprio Sean Connery. Dono de uma presença sempre marcante em cena, ele é uma das poucas razões que farão você acompanhar até o fim o desenrolar da história. Provavelmente se o filme não tivesse sua presença na tela, você provavelmente dormiria no sofá, de tão chatinha que é essa produção supostamente produzida para um público mais romântico. O filme como um todo pode até ser bem intencionado. O problema é que de boas intenções o inferno já está cheio. Melhor esquecer e ignorar.

Pablo Aluísio.

sábado, 18 de março de 2017

A Bruxa de Blair

Título no Brasil: A Bruxa de Blair
Título Original: The Blair Witch Project
Ano de Produção: 1999
País: Estados Unidos
Estúdio: Lionsgate Films
Direção: Daniel Myrick, Eduardo Sánchez
Roteiro: Daniel Myrick, Eduardo Sánchez
Elenco: Heather Donahue, Michael C. Williams, Joshua Leonard, Bob Griffin, Jim King, Sandra Sánchez
  
Sinopse:
Um grupo de jovens resolve entrar na floresta para descobrir a verdade por trás de uma antiga lenda da região, que afirmava existir uma maldição em torno de uma bruxa que vivera no lugar há muitos anos. Essa lenda conhecida como "A Bruxa de Blair" teria algum fundo de verdade? Anos depois dessa busca o material de filmagem é encontrado perdido na floresta. O que teria acontecido com os jovens? Filme indicado ao Cannes Film Festival.

Comentários:
Essa produção pode ser considerada a grande pioneira no gênero mockumentary, do inglês mock (falso) + documentary (documentário), ou seja, os conhecidos falsos documentários, que assolam as produções de terror desde então. A ideia foi genial, não se pode negar. Os diretores, um bando de garotos, pegaram suas câmeras de mão e foram para a floresta fazer tomadas bem amadoras. Depois lançaram trechos na internet, como se tudo tivesse acontecido de verdade. Os tais vídeos se tornaram virais, trazendo uma enorme publicidade grátis. Depois de finalizado (com apenas 60 mil dólares), eles procuraram uma distribuidora e lançaram o filme no cinema. Acabou arrecadando nas bilheterias algo em torno de 140 milhões de dólares, se tornando assim um dos filmes mais lucrativos da história do cinema americano. "The Blair Witch Project", falando a verdade, tem uma história de bastidores mais interessante do que o próprio filme. Cinematograficamente falando, deixando de lado como a fita foi lançada, seus lucros absurdos, etc, não podemos negar que tudo é muito fraco. O roteiro praticamente inexiste, pois tudo foi criado ali mesmo, no meio do mato, sem muitos cuidados. O elenco, se é que podemos dizer que há um elenco no filme, é todo formado por jovens inexperientes, que nunca tinham participado de um filme antes. Mesmo com tanta precariedade (ou talvez justamente por causa disso), "A Bruxa de Blair" acabou virando um fenômeno. Como escrevi, o filme é ruim, mas a forma como ele mostrou a força da internet e as novas possibilidades de linguagem, não deixa de ter sua importância.

Pablo Aluísio.

Pela Vida de um Amigo

Título no Brasil: Pela Vida de um Amigo
Título Original: Return to Paradise
Ano de Produção: 1998
País: Estados Unidos
Estúdio: Polygram Filmed Entertainment
Direção: Joseph Ruben
Roteiro: Pierre Jolivet, Olivier Schatzky
Elenco: Vince Vaughn, Anne Heche, Joaquin Phoenix, Vera Farmiga, Jada Pinkett Smith, David Conrad
  
Sinopse:
Lewis McBride (Joaquin Phoenix) é um americano que após passar férias na Malásia, acaba sendo acusado de tráfico de drogas. Preso e julgado, ele é condenado à morte em oito dias. Sua única saída é contar com o apoio de amigos que estavam com ele na ocasião e que poderiam assumir também suas culpas pelas drogas apreendidas, só que isso vai parecendo cada dia mais improvável. Filme indicado ao Csapnivalo Awards nas categorias de Melhor Atriz (Anne Heche) e Melhor Ator (Joaquin Phoenix).

Comentários:
Traficar drogas ou pelo menos levar algum tipo de droga em suas malas para certos países do mundo pode ser uma péssima ideia. É justamente isso que o roteiro desse filme explora, a prisão e condenação à morte de um americano em um país da Ásia, a Malásia. Em lugares como esse não existe escapatória - a morte, caso seja preso, é praticamente certa! Recentemente inclusive tivemos vários casos de jovens brasileiros que foram pegos justamente nessa situação, tentando entrar em países da Ásia - como as Filipinas - carregando drogas em suas bagagens. Há uma brasileira atualmente no corredor da morte por lá e outro brasileiro foi executado há mais ou menos dois anos. Dessa forma o tema do roteiro, apesar dos anos passados, tem se mostrado bem atual. É um filme com uma história triste. Um americano condenado à morte, precisando da ajuda de "amigos" (entre aspas mesmo), para que eles assumam parte da culpa, evitando assim que ele seja morto por enforcamento - um método pouco humanitário de ser executado na pena capital. O filme de uma forma em geral é bom, valorizado por esse interessante elenco, onde todos os atores ainda estavam na fase inicial da carreira. Um bando de gente talentosa que iria trilhar caminhos diferentes na carreira, mas que aqui, unidos, acabaram fazendo um belo trabalho de atuação. Por essas e outros recomendo bastante essa fita bem acima da média, capaz de mostrar o realismo brutal de uma condenação à morte, algo que é raramente mostrado pelo cinema americano.

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 17 de março de 2017

Elle

A atriz Isabelle Huppert concorreu ao Oscar pela sua atuação nesse filme "Elle". Não deixou de ter sido uma surpresa porque o roteiro desse filme é um tanto incomum. Isabelle Huppert interpreta uma mulher madura chamada Michèle Leblanc. Divorciada, morando sozinha, ele é a executiva de uma empresa que produz jogos de videogames. Ao abrir a porta de sua sala para seu gato entrar em casa ela acaba sendo surpreendida pela entrada de um criminoso, um estuprador. Depois de ser violentada ela tenta superar o trauma e descobre, tempos depois, que o estuprador na verdade é alguém bem próximo dela. Michèle Leblanc tem um passado a esconder. Ela é filha de um dos mais infames serial killers da história da França, um homem que está prestes a morrer na cadeia. Mesmo assim ela se recusa a vê-lo pela última vez. Pior acontece em relação ao seu relacionamento com sua mãe, que está pensando em se casar com um rapaz bem mais jovem, um explorador de mulheres mais velhas, um escroque. Como se vê a protagonista tem muitos problemas em sua vida pessoal, mas mesmo assim tenta seguir em frente, levando sua vida.

Devo antecipar que o roteiro de "Elle" tem algumas coisas que fogem completamente do padrão desse tipo de drama francês. A personagem Michèle Leblanc é mais do que uma mulher forte, ela na verdade é uma mulher racional, diria até fria ao extremo. Será que o argumento quis fazer algum tipo de ligação com o fato dela ser filha de um psicopata? É possível. Ao longo da trama Michèle acabará descobrindo a identidade do criminoso que a estuprou, mas ao invés de denunciá-lo para as autoridades policiais acaba desenvolvendo uma doentia relação com ele. Essa parte da estória (que foi baseada no romance escrito por Philippe Djian) certamente deixará muitas feministas de cabelo em pé! Isabelle Huppert tem uma atuação corajosa. Encarnar cenas fortes, de estupro e violência extrema, com cenas de nudez, exige uma postura de coragem de uma atriz como ela, já consagrada em sua carreira. Talvez essa postura tenha lhe valido a indicação ao Oscar (que diga-se de passagem foi bem merecida). Agora, curioso mesmo é reencontrar o diretor holandês Paul Verhoeven (de filmes como "Instinto Selvagem", "Robocop" e "O Vingador do Futuro"), que andava bem sumido, ressurgir com uma obra cinematográfica como essa! Fora dos padrões de sua carreira ele acabou surpreendendo de forma bem positiva.

Elle (Elle, França, Alemanha, Bélgica, 2016) Direção: Paul Verhoeven / Roteiro: David Birke  / Elenco: Isabelle Huppert, Laurent Lafitte, Anne Consigny / Sinopse: Michèle Leblanc (Isabelle Huppert) é uma executiva de uma empresa de games que acaba sendo estuprada em sua própria casa. O crime acaba sendo o estopim de uma série de acontecimentos em sua vida. Filme indicado ao Oscar na categoria de Melhor Atriz (Isabelle Huppert). Vencedor do Globo de Ouro na categoria de Melhor Atriz - Drama (Isabelle Huppert). Filme indicado à Palma de Ouro do Cannes Film Festival.

Pablo Aluísio.