Mostrando postagens com marcador Damien Chazelle. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Damien Chazelle. Mostrar todas as postagens

quarta-feira, 14 de junho de 2023

Babilônia

Babilônia
Esse filme se propôs a ser uma crônica de Hollywood na virada dos anos 1920 a 1930, justamente naquela fase em que morria o cinema mudo e surgia o cinema falado com o sucesso do filme "O Cantor de Jazz". Nesse processo muitas carreiras desapareceram. O ator Brad Pitt interpreta um galã da era muda que vê sua carreira afundar no cinema falado. Ele era apenas um homem bonito e não tinha nenhum talento para atuar. Quando falou seus primeiros diálogos no cinema o público riu de sua falta de talento. Já Margot Robbie dá vida a uma típica starlet. Bonita, sensual e dançarina, ela também se dá muito bem nos filmes mudos. Só que era vulgar e tinha péssima dicção. Outra que viu sua carreira afundar quando abriu a boca em um filme sonoro. É a mesma história que foi contada no clássico musical "Cantando na Chuva" e o roteiro não ignora isso. Pelo contrário, nas cenas finais faz um excelente elo entre esses dois filmes. 

Eu gostei de "Babilônia" de modo geral, mas devo deixar algumas ressalvas. É um filme bem longo com mais de 3 horas de duração. Então o espectador deve reservar um tempo com calma e paciência para assisti-lo. Também se revela bem histérico em certos momentos como a grande festa e orgia das cenas iniciais e a festa com esnobes da Califórnia lá pela terça parte final do filme. Essa última cena aliás passa dos limites, caindo em um aspecto grotesco que deveria ter sido evitado. De qualquer forma o personagem de Brad Pitt vale muito a pena. Há uma cena em que ele se encontra com uma jornalista que havia escrito uma reportagem ofensiva a ele. O que ela diz ao Pitt é de certa forma a essência da imortalidade do cinema. Ótimo diálogo. Então é isso. Um filme com seus altos e baixos, mas que no conjunto da obra me agradou bastante.

Babilônia (Babylon, Estados Unidos, 2022) Direção: Damien Chazelle / Roteiro: Damien Chazelle / Elenco: Brad Pitt, Margot Robbie, Jean Smart, Olivia Wilde / Sinopse: O filme conta a história de um ator e uma atriz de sucesso do cinema mudo que acabam presenciando o fim de suas carreiras com a chegada do cinema sonoro. Filme indicado ao Oscar nas categorias de melhor design de produção, melhor figurino e melhor música original. 

Pablo Aluísio.

terça-feira, 1 de janeiro de 2019

O Primeiro Homem

Gostei do filme. Aliás ao assisti-lo me lembrei que sempre tive uma curiosidade em saber por que Hollywood nunca havia feito antes um filme sobre a missão Apolo 11. Até porque essa foi uma das mais históricas missões espaciais de todos os tempos. Até a malfadada Apolo 13 havia ganho um belo filme, mas sobre a chegada do primeiro homem à Lua... nada! Pois bem, esse filme então chega um pouco atrasado, mas é obviamente bem-vindo. O roteiro procura explorar alguns aspectos da missão em si, mas também foca no lado pessoal do astronauta Neil Armstrong, comandante da missão lunar. Ok, Ryan Gosling nunca foi muito parecido com o Armstrong, mas cumpriu bem seu papel, trazendo para a tela a personalidade introvertida dele. Muitos chegaram a dizer inclusive que ele tinha um autismo em leve escala, justamente por algumas atitudes que tomava. Como está morto, nunca saberemos a verdade dos fatos.

De maneira em geral gostei de tudo, inclusive do tom sóbrio que o filme tem. Esse roteiro poderia cair no ufanismo e na patriotada americana de forma muito rápida, mas felizmente não tomou esse caminho. Ao invés disso há sempre uma certa tensão que vai se espalhando entre os momentos mais vitais do filme. Diria que o roteiro só falhou um pouquinho na questão de passar ao espectador a grandeza do impacto que esse fato histórico teve em todo o mundo. Para representar esse choque há apenas uma sutil referência, quando são mostradas diversas revistas e jornais do mundo todo no alojamento de quarentena dos astronautas. O filme poderia ter explorado mais esse impacto, porém como adotou uma sobriedade bem característica isso também acabou sendo mostrado de forma sutil. Então é isso. Um bom filme, certamente válido e digno da história que conta.

O Primeiro Homem (First Man, Estados Unidos, 2018) Direção: Damien Chazelle / Roteiro: Josh Singer, James R. Hansen / Elenco: Ryan Gosling, Claire Foy, Kyle Chandler, Pablo Schreiber / Sinopse: O filme conta a história do astronauta americano Neil Armstrong, desde os primeiros testes até o momento em que ele comandou a missão espacial Apolo 11, a primeira a levar um homem até a Lua.

Pablo Aluísio.

domingo, 26 de março de 2017

La La Land - Cantando Estações

Título no Brasil: La La Land - Cantando Estações
Título Original: La La Land
Ano de Produção: 2016
País: Estados Unidos
Estúdio: Summit Entertainment
Direção: Damien Chazelle
Roteiro: Damien Chazelle
Elenco: Ryan Gosling, Emma Stone, J.K. Simmons, Rosemarie DeWitt, Terry Walters, Jessica Rothe
  
Sinopse:   
Mia (Emma Stone) é uma aspirante à atriz em Los Angeles. Enquanto ela não consegue trabalho na profissão que sempre sonhou ela vai se virando, trabalhando como garçonete em uma lanchonete dentro dos estúdios Warner. Sua vida não anda nada fácil, porém tudo muda quando ela conhece Sebastian (Ryan Gosling), um músico fracassado, que tem sonhos em abrir um clube de jazz na cidade.

Comentários:
Por dois minutos "La La Land" foi o melhor filme do ano de 2016, até que descobriram que o envelope da premiação havia sido trocado... Um mico histórico do Oscar! Embora não tenha levado o prêmio máximo da noite, o filme acabou vencendo em seis outras categorias (melhor atriz para Emma Stone, direção, música original, fotografia, canção original e design de produção). A intenção do diretor Damien Chazelle se torna clara desde a primeira cena, no tráfego de Los Angeles, quando os motoristas descem de seus carros e começam a cantar! É obviamente um musical à moda antiga, que tenta homenagear os grandes musicais do passado, como àqueles da Metro que se tornaram imortais. Será que algo assim, do passado clássico de Hollywood, poderia ainda funcionar nos dias de hoje? Bom, certamente não funcionará para todos, porém quem tiver um pouco de boa vontade certamente vai gostar bastante. Para isso porém é importante ter dois pré-requisitos: ser romântico e gostar de musicais! Se não for o seu caso é melhor nem entrar no cinema, pois "La La Land" certamente não foi feito para você! De minha parte, como sempre preenchi esses requisitos, acabei gostando bastante. 

Em certos momentos pensei estar assistindo a algum filme com Doris Day ou até mesmo Fred Astaire (embora no quesito dança e coreografia o filme não seja grande coisa!). O roteiro é simples, bem básico, mostrando o romance entre uma atriz que não consegue passar em nenhum teste de audição e um músico de jazz frustrado porque percebe que o ritmo musical que sempre amou está morrendo a cada dia. Como músico porém ele não consegue também ter sucesso tocando aquilo que ama, tendo que participar de bandas baratas que procuram apenas o sucesso comercial. De maneira em geral "La La Land" agrada bastante, principalmente por sua opção em ser um filme radiante, bem colorido, optando pela alegria e diversão, acima de tudo. O roteiro também homenageia os antigos clássicos do cinema, como "Juventude Transviada" com James Dean, em cenas rodadas no mesmo local onde o filme foi originalmente feito. Enfim, um musical com pinceladas dos bons tempos da sétima arte. Especialmente indicado para nostálgicos, românticos e amantes do cinema. Se não for o seu caso, melhor esquecer.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 9 de junho de 2015

Whiplash: Em Busca da Perfeição

Tudo o que o jovem Andrew (Miles Teller) sonhou na vida foi se tornar um grande baterista. Em busca desse objetivo ele acabou sendo admitido numa das mais prestigiadas escolas de música dos Estados Unidos. Lá acaba tendo que lidar com o professor Fletcher (J.K. Simmons), um mestre rígido, extremamente disciplinador e irascível. Tentando conciliar seus estudos musicais com uma vida privada quase inexistente, Andrew acaba se interessando por uma garota que trabalha no cinema onde costuma frequentar. Assim tentará vencer tanto no mundo da música como em seu complicado relacionamento com a nova namorada. "Whiplash" foi bastante elogiado pela crítica americana em seu lançamento, ao ponto inclusive de ter faturado uma improvável indicação ao Oscar de Melhor Filme desse ano. Sinceramente achei um pouco superestimado. 

Não há dúvida que é um bom filme, muito bem conduzido pelo (ainda inexperiente) diretor Damien Chazelle. O resultado agrada, mas não chegaria ao ponto de o qualificar como um dos dez melhores filmes do ano. Talvez um dos problemas seja a incômoda sensação de que o ainda praticamente novato cineasta não conseguiu resistir a certos clichês. A luta pelo protagonista em se tornar um grande músico, ao ponto de se mirar em seu ídolos do passado transformando tudo numa verdadeira obsessão, muitas vezes assume um tom exageradamente épico, principalmente quando ele surta em seu instrumento, tendo ataques, com as mãos ensanguentadas, finalizando tudo com socos e chutes em sua própria bateria! O que ele estaria pensando? Que seria um Rocky, um Lutador, das baquetas? Tudo aquilo tem apenas a finalidade de impressionar o espectador, ou em outras palavras, são cacoetes narrativos... clichês! Há uma cena que resume bem isso quando Andrew passa por uma verdadeira odisséia para chegar a tempo em uma apresentação. Além de seu ônibus furar o pneu e ele ter que alugar um carro, no caminho ainda sofre um sério acidente ao colidir com uma carreta! Cheio de sangue escorrendo pela face, bastante ferido, ele (pasmem!) acaba chegando a tempo para o concerto! Um pouco exagerado demais não é mesmo?

Bom, mesmo com tanto exagero narrativo duas coisas salvaram "Whiplash" do lugar comum. A primeira fica clara desde as cenas iniciais: a música! Não é nada mal ouvir um belo e sofisticado jazz tradicional desde os caracteres de abertura. O filme, como não poderia deixar de ser, tem uma trilha sonora sofisticada e de alto nível, diria até maravilhosa. Embora em parte a beleza sonora seja muitas vezes ofuscada pelo duelo de egos que se trava entre Andrew e seu mestre, a verdade é que ela acaba se sobressaindo, uma forma ou outra. O outro ponto forte vem da atuação brilhante do veterano J.K. Simmons. Relegado por anos a papéis secundários em filmes meramente medianos, ele aqui encontrou o personagem de sua vida. O professor e maestro que interpreta é um sujeito arrogante ao extremo, petulante, ofensivo e rude e o mais supreendente de tudo é que ao final do filme você acabará gostando dele, de suas ideias e de seu mau-caratismo! 

A cena final inclusive, quando Andrew sem saber acaba caindo em uma ardilosa armadilha para que seja destruído no meio musical, é extremamente bem bolada! Apesar das lágrimas de crocodilo derramadas em estúdio a verdadeira face de Fletcher se revela justamente ali! Isso foi particularmente interessante porque o roteiro não se rendeu a uma solução fácil, previsível, fugindo (finalmente) dos clichês que vinham pontuando o enredo. Nem é necessário dizer que mesmo em um papel meramente coadjuvante o ator J.K. Simmons domina o filme da primeira à última cena. Seu trabalho foi devidamente reconhecido e ele levou para casa todos os mais importantes prêmios do cinema na categoria. Tudo devidamente merecido é bom frisar. Assim, no saldo final, temos um belo filme, muito bom em seus resultados, com ótimas atuações, mas que tampouco pode ser considerada uma obra prima cinematográfica perfeita como alguns quiseram fazer crer. Por fim recomendo ativamente sua trilha sonora que aliás não sai do meu player já há um bom tempo. Assista o filme, mas não esqueça de também curtir a trilha, pois sem dúvida ela é um complemento essencial para compreender "Whiplash" inteiramente.

Whiplash: Em Busca da Perfeição (Whiplash, Estados Unidos, 2014) Direção: Damien Chazelle / Roteiro: Damien Chazelle / Elenco: Miles Teller, J.K. Simmons, Melissa Benoist. / Sinopse: Um professor absurdamente rígido de música encara o desafio de testar todos os limites psicológicos e musicais de um jovem aluno na prestigiada escola de música onde leciona. Filme vencedor do Oscar nas categorias de Melhor Ator Coadjuvante (J.K. Simmons), Melhor Edição (Tom Cross) e Melhor Mixagem de Som. Também indicado nas categorias de Melhor Filme e Melhor Roteiro Adaptado (Damien Chazelle). Vencedor do Globo de Ouro, BAFTA Awards e Screen Actors Guild Awards na categoria de Melhor Melhor Ator Coadjuvante (J.K. Simmons).

Pablo Aluísio.