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terça-feira, 26 de novembro de 2019

Era Uma Vez em... Hollywood

Quando eu soube que o novo filme de Quentin Tarantino iria ter como tema o assassinato da atriz Sharon Tate naquele trágico crime envolvendo membros da seita de Charles Manson, fiquei completamente desanimado. Não acredito que coisas assim devem ser resgatados do passado pelo cinema. Algumas histórias são tão horríveis que os mortos devem ser deixados em paz. Porém o que não levei em conta é que Tarantino não deve ser subestimado. Ele realmente nunca faria um filme banal sobre aquilo tudo que aconteceu. Ele encontraria uma maneira original de explorar esse tema tão espinhoso. E eis que fui surpreendido completamente por esse filme quando o assisti. De fato é algo muito bem desenvolvido. Em seu roteiro Tarantino misturou pessoas reais, que existiram mesmo, com personagens puramente de ficção. E criativo como ele é, não poderia dar em outra coisa. Os personagens de Leonardo DiCaprio e Brad Pitt são referências da cultura pop. Uma miscelânea de tipos que eram bem comuns na Hollywood dos anos 60. O ator de seriados de faroeste interpretado por DiCaprio é uma ótima criação. Com ecos de Clint Eastwood e outros atores de segundo escalão da época, ele retrata bem aquele tipo de ator que nunca conseguiu se tornar um astro em Hollywood. Vivendo de seriados popularescos, o que lhe sobra em determinado momento é ir para Roma filmar faroestes do tipo Western Spaghetti. Produções B, bem ruins e mal feitas.

Brad Pitt é o dublê desempregado que mora em um trailer. Para sobreviver ele se torna uma espécie de assistente pessoal e "faz-tudo" para o ator decadente de DiCaprio. As melhores cenas do filme inclusive estão com ele. Na visita ao rancho onde a "família Manson" vivia e no clímax final que é puro nonsense criativo. Margot Robbie está um pouco em segundo plano, apesar de interpretar Sharon Tate. Isso foi consequência do próprio roteiro que vai girando ao largo, na periferia dos acontecimentos. E sua Sharon é bem retratada no roteiro. Uma mocinha bonita, mas meio cabeça de vento, que passava o dia ouvindo música. Não tinha mesmo muita coisa na cabeça. Era uma starlet dos anos 60, nada mais.

Por fim tenho que tecer breves comentários sobre o final do filme, mas isso sem entregar nenhuma surpresa, que afinal de contas é o grande trunfo desse novo Tarantino. Conforme o filme foi se desenvolvendo eu fui gostando de praticamente tudo. Dos personagens, da ambientação anos 60, de tudo. Acontece que na meia hora final chega o momento da verdade. Eu não queria ver de novo a matança de Sharon Tate e seus amigos. Aí Tarantino foi mesmo um mestre. Saiu completamente do lugar comum, criou sua própria realidade paralela. Genial. Não é à toa que o filme é quase uma fábula, um faz de conta. A realidade foi tão trágica... por que não ir por outro caminho? Ao fazer isso Tarantino acabou criando uma pequena obra-prima. Palmas para ele.

Era Uma Vez em... Hollywood (Once Upon a Time... in Hollywood, Estados Unidos, Inglaterra, China, 2019) Direção: Quentin Tarantino / Roteiro: Quentin Tarantino / Elenco: Leonardo DiCaprio, Brad Pitt, Margot Robbie, Emile Hirsch, Al Pacino, Dakota Fanning, Timothy Olyphant, Bruce Dern, Luke Perry / Sinopse: Rick Dalton (Leonardo DiCaprio) é um ator de segundo escalão em Hollywood. Decadente, ele aceita ir para Roma filmar filmes de western spaghetti. Cliff Booth (Brad Pitt) é um dublê desempregado que trabalha para Dalton como seu assistente pessoal. Eles não sabem, mas vão fazer parte de um dos eventos mais trágicos da história de Hollywood... ou quase isso!

Pablo Aluísio. 

 

domingo, 19 de agosto de 2018

O Segredo Dos Kennedy

Já conhecia a história desse filme por alto, por cima. Ele conta um mal explicado acidente envolvendo o candidato a presidente dos Estados Unidos Ted Kennedy (Jason Clarke). Ele era o irmão mais jovem da família Kennedy e uma das esperanças do clã em retornar para a Casa Branca, só que deu tudo errado. O filme de certa forma abraça a versão oficial dos acontecimentos, porém segundo muitos livros escritos havia algo maior por trás da morte de uma jovem assessora chamada Mary Jo Kopechne. Depois de uma festa numa casa de praia, o casal saiu de carro à noite. Kennedy havia bebido muito e acabou perdendo a direção do veículo que saiu da estrada e caiu em uma enseada. Com o carro virado de cabeça para baixo, Mary Jo acabou morrendo. Ted, por outro lado, conseguiu escapar.

Assim que saiu da água qual seria a atitude certa a tomar? Ora, chamar a polícia e os bombeiros para tentar salvar a vida da moça. Só que Ted não agiu assim. Ele simplesmente se levantou e foi embora, sem prestar socorro, muito provavelmente com medo do escândalo que seria armado pela imprensa. Acabou assim omitindo socorro, sendo enquadrado até mesmo em homicídio culposo. Só que assim que se soube do ocorrido a máquina de acobertamento dos Kennedy entrou em movimento, abafando o caso, jogando toda a sujeita para debaixo do tapete. Com isso ficou tudo nas sombras. Para se ter uma ideia nem mesmo uma autópsia foi realizada no corpo da jovem. A impressão no final que tive do senador Ted Kennedy após assistir ao filme foi a de que ele era na realidade um pusilânime, um bobão ainda preocupado com a opinião do pai, naquela altura um homem já destruído pelo derrame que sofreu, preso a uma cadeira de rodas, mas ainda capaz de articular coisas bem erradas do ponto de vista ético. No geral é um bom filme, porém com esse claro viés de passar pano em cima do covarde Ted Kennedy, o mais inexpressivo dos irmãos da família. Provavelmente se fosse de outro modo o filme nem teria sido produzido justamente por causa de problemas legais. A família Kennedy nem deixaria o filme sair.

O Segredo Dos Kennedy (Chappaquiddick, Estados Unidos, 2017) Direção: John Curran / Roteiro: Taylor Allen, Andrew Logan / Elenco: Jason Clarke, Kate Mara, Ed Helms, Bruce Dern / Sinopse: Com anseios de um dia se tornar presidente como seu irmão mais velho, John Kennedy, o jovem senador Ted decide se candidatar à presidência dos Estados Unidos, só que tudo dá errado quando um acidente de um carro dirigido por ele custa a vida de uma jovem assessora, Mary Jo Kopechne. Filme baseado em fatos reais.

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 24 de março de 2017

A Casa Amaldiçoada

Título no Brasil: A Casa Amaldiçoada
Título Original: The Haunting
Ano de Produção: 1999
País: Estados Unidos
Estúdio: DreamWorks Pictures
Direção: Jan de Bont
Roteiro: David Self, Shirley Jackson
Elenco: Liam Neeson, Catherine Zeta-Jones, Owen Wilson, Lili Taylor, Bruce Dern, Virginia Madsen
  
Sinopse:
Hill House é uma velha casa vitoriana assombrada que acaba servindo de atração para um grupo de pessoas. Estão lá a perturbada Eleanor Lance (Lili Taylor), que tem muitos problemas emocionais; o pesquisador Dr. David Marrow (Liam Neeson) que ambiciona descobrir os segredos daquele lugar; a sensual Theo (Catherine Zeta-Jones), cuja atração sexual não passa despercebida pelos demais e o jovem Luke (Owen Wilson), que só está lá para tentar atrair Theo. Eles são avisados que não devem entrar na casa durante a noite, mas ignoram o aviso. Pagarão caro por isso. Filme premiado pelo BMI Film & TV Awards na categoria Melhor Trilha Sonora Incidental - Terror (Jerry Goldsmith).

Comentários:
Produção milionária, com orçamento próximo de 100 milhões de dólares, contando com a preciosa mão de Steven Spielberg na produção, ou seja, tudo parecia estar no lugar certo. Era um Menu cinematográfico dos mais atraentes. Só que aquilo que parecia tão promissor acabou não se concretizando nas telas. Certamente os melhores efeitos especiais estão lá, o rico figurino, o elenco com astros conhecidos do público, a ambientação sinistra completamente adequada, só não havia mesmo um bom roteiro por trás de tudo isso. O filme é visualmente muito bonito, mas é fraco, não dá sustos e nem medo no espectador. Ora, o que poderia ser pior para um filme de terror? Nem o carisma da dupla Liam Neeson e Catherine Zeta-Jones consegue superar o fiasco que o filme acabou se tornando. A atriz inclusive desfila uma certa antipatia em cena, o que para um filme que já apresentava problemas de ritmo fez tudo parecer ainda pior. Enfim, temos aqui uma daquelas produções luxuosas que não convencem, que deixam aquela sensação de que é falsa, nada assustadora. Muito dinheiro jogado fora por nada. Para se fazer um bom filme de terror, com clima das antigas fitas do gênero, dinheiro apenas não basta, tem que ter talento.

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 7 de janeiro de 2016

Os Oito Odiados

Aqui vão algumas impressões iniciais sobre o novo filme do diretor Quentin Tarantino "The Hateful Eight" que no Brasil recebeu o título de "Os Oito Odiados". Posteriormente irei escrever uma resenha mais na linha tradicional, sendo que nesse texto irei apenas comentar algumas conclusões tiradas no calor do momento (faz pouco mais de uma hora que terminei de assistir ao filme). Algumas coisas os espectadores precisam saber logo de cara. A primeira delas é que Tarantino realizou um filme extremamente longo, fora dos padrões atuais. São quase três horas de projeção, o que provavelmente vai prejudicar o filme em termos comerciais. Afinal de contas que jovem hoje em dia tem paciência para encarar uma sessão tão demorada? Ainda mais com a overdose tecnológica que o fazem conferir o celular a cada minuto? Bom, azar deles. Ainda bem que Tarantino não resolveu fazer concessões comerciais, preferindo realizar o seu filme ao seu modo, mesmo contra a opinião dos produtores (dizem que foi aconselhado até mesmo a lançar o filme em duas partes, o que seria um disparate desproporcional).

A segunda informação importante é que Tarantino resolveu fazer um faroeste à moda antiga. Não é segredo para ninguém que os dias de glória do western há muito se foram. Os fãs do gênero (no qual também me incluo) precisam muitas vezes rever antigos clássicos ou então encarar filmes atuais sem grande produção, com lançamento restrito, ou em outras palavras: filmes B lançados diretamente no mercado de venda direta ao consumidor. É triste, mas é a realidade. Pois é, o velho e bravo faroeste anda tão fora de moda que muitas vezes sequer consegue espaço no circuito comercial dos cinemas. Mais uma vez Tarantino jogou essa questão para o alto e resolveu fazer uma obra honesta, quase uma homenagem aos antigos filmes que assistia quando era apenas um atendente de videolocadora. Há claramente um estilo que nos remete ao Western Spaghetti, porém em menor escala do que vimos no filme anterior, "Django Livre", esse sim um filme assumidamente paródia ao cinema italiano.

Outro aspecto que merece louvores é que Tarantino continuou fiel ao seu próprio estilo, privilegiando muitas vezes o diálogo ao invés da pura ação. Tudo bem que não existe nenhum texto tão brilhante como os que ele escreveu para obras primas do passado, como por exemplo "Pulp Fiction", mas isso não significa que não sejam muito bons, longe, bem longe, da mediocridade que costumeiramente se anda vendo nos filmes atuais. Isso ficou extremamente realçado no primeiro ato do filme quando os personagens estão em uma diligência no meio da nevasca. Dois caçadores de recompensas (Kurt Russell e Samuel L. Jackson) e uma mulher acusada de assassinato. Aqui eu vou abrir um pequeno parêntese para mais uma vez elogiar o fato de que Tarantino novamente desprezou os conselhos dos produtores. Jogando o politicamente correto para o alto o diretor apostou uma linguagem bem ofensiva em relação aos negros (com farto uso da palavra "Nigger" considerada um insulto nos Estados Unidos) e na violência contra a mulher (o que a personagem interpretada por Jennifer Jason Leigh apanha não está no gibi, com socos que lhes quebram todos os dentes frontais, cotoveladas e chutes em todo o corpo!). A reação veio de determinados protestos de grupos feministas e de combate ao racismo contra Tarantino e seu roteiro. O diretor deu de ombros afirmando que as pessoas daquela época agiam assim - e ele está completamente com a razão! Ao invés de ser polido e politicamente correto, Tarantino optou pela veracidade histórica. Ponto para ele!

Lendo o texto você pode pensar que o filme acabou ficando chato e apelativo, afinal é longo, cheio de diálogos ofensivos e com a maior parte da trama se passando dentro de uma estalagem, um tipo de estabelecimento muito comum no velho oeste onde as diligências em viagem reabasteciam. É um equívoco. O filme tem muita violência - é extremamente violento para ser sincero, um verdadeiro banho de sangue - e não apresenta nada de muito brilhante em seu enredo. A história é extremamente simples, tudo em três atos básicos. A viagem de diligência, a chegada na estalagem e um pequeno flashback para mostrar tudo o que teria acontecido antes dos personagens chegarem naquele local. Isso tudo porém quer dizer pouca coisa. Em sua simplicidade Tarantino acabou realizando um filme muito interessante.

Todos do elenco estão excelentes, porém destaco algumas coisas que me chamaram muito a atenção. Tarantino é seguramente um fã de séries pois ele escalou vários atores de seriados americanos. Walton Goggins, por exemplo, é um profissional brilhante. Quem acompanhou "Justified" sabe muito bem disso. Ele roubou a série para si, embora interpretasse um personagem secundário. Demián Bichir, o mexicano, veio do excelente "The Bridge" onde interpreta um detetive do outro lado da fronteira que precisa lidar com policiais americanos de El Paso. Isso demonstra que Tarantino realmente está por dentro do universo televisivo dos principais canais americanos. Agora em termos de elenco quem mais me agradou foi realmente Kurt Russell. Outro dia comentando seu último filme (também um western) escrevi que ele deveria realizar mais filmes do gênero. Então foi duplamente gratificante vê-lo aqui interpretando esse caçador de recompensas durão e nada simpático. 

Assim "The Hateful Eight" é um filme que no final das contas não decepcionará nenhum admirador da obra de Tarantino. O estilo do cineasta está em cada cena, em cada diálogo e em cada detalhe. Ele obviamente não está tão brilhante como em suas principais obras primas de um passado hoje já distante, isso porém em nada atrapalha o resultado final do filme que me deixou extremamente satisfeito. Algumas coisas ele poderia ter mudado um pouco, como escolher uma duração menos longa, mas isso é um detalhe menor. Em minha visão Tarantino ainda conseguiu manter algo muito importante que é a fidelidade ao seu jeito de fazer filmes. Enquanto ele for assim tão genuíno continuará a ser considerado um dos melhores autores da sétima arte dos tempos atuais.

Os oito odiados (The Hateful Eight, Estados Unidos, 2015) Direção: Quentin Tarantino / Roteiro: Quentin Tarantino / Elenco: Kurt Russell, Samuel L. Jackson, Jennifer Jason Leigh, Tim Roth, Walton Goggins, Demián Bichir, Michael Madsen, Bruce Dern / Sinopse: O caçador de recompensas John Ruth (Kurt Russell) tem um objetivo bem claro em sua mente: levar a assassina Daisy Domergue (Jennifer Jason Leigh) para Red Rock onde será julgada e muito provavelmente enforcada. Ela é procurada viva ou morta e o prêmio por sua captura está estimado em dez mil dólares. Para isso Ruth resolve contratar uma diligência exclusiva, apenas para ele e sua prisioneira. Durante a viagem porém eles encontram no meio do caminho, sob forte nevasca, o veterano de guerra e agora também caçador de recompensas Marquis Warren (Samuel L. Jackson). Como se isso não fosse o bastante mais a frente também esbarram em Chris Mannix (Walton Goggins) que se diz ser o novo xerife de Red Rock. Com todos a bordo eles param em uma estalagem de reabastecimento, mas descobrem que existe algo muito estranho naquele lugar. Filme indicado ao Globo de Ouro nas categorias de Melhor Roteiro (Quentin Tarantino), Melhor Atriz Coadjuvante (Jennifer Jason Leigh) e Melhor Trilha Sonora (Ennio Morricone).  

Pablo Aluísio. 

sexta-feira, 24 de outubro de 2014

Meus Vizinhos São um Terror

Título no Brasil: Meus Vizinhos São um Terror
Título Original: The 'Burbs
Ano de Produção: 1989
País: Estados Unidos
Estúdio: Universal Pictures
Direção: Joe Dante
Roteiro: Dana Olsen
Elenco: Tom Hanks, Bruce Dern, Carrie Fisher, Corey Feldman

Sinopse:
Ray Peterson (Tom Hanks) é um típico paí de família americano que vê algo de estranho em seus novos vizinhos. Acostumado com uma amizade mais próxima de quem mora ao lado ele logo percebe que os novos moradores de sua rua não querem muita conversa com os seus vizinhos. Ray assim começa a colocar na cabeça que há algo de errado com aquela gente. Estaria certo ou tudo seria fruto apenas da falta do que fazer com sua vida?

Comentários:
Simpático e bem humorado filme estrelado por Tom Hanks, ainda em sua fase como comediante. Produzido por Steven Spielberg esse era o tipo de produção que não fazia muito alarde nas bilheterias de cinema, mas que depois encontrava seu lugar ideal no mercado de vídeo (em pleno auge do VHS), se tornando campeão de locações. O roteiro brinca com o chamado americano suburbano típico. É aquele cara que mora em uma boa casa nos subúrbios das grandes cidades e que leva uma vida levemente entediante. Para passar o tempo começa a xeretar a vida dos vizinhos. É curioso ver que em praticamente todos os filmes e séries que enfocam esse tipo de americano médio ele sempre é retratado como um idiota, completamente controlado pela esposa e filhos. Deve ser algum tipo de tradição na terra do Tio Sam, quem sabe. Deixando essas curiosidades sociológicas de lado o fato é que o filme é boa diversão, muito embora vá se perdendo aos poucos durante o desenrolar da trama. Os problemas do roteiro foram causados por uma grande greve de roteiristas em Hollywood na época, por isso o espectador vai claramente notar que embora comece muito bem o enredo vai perdendo qualidade até o seu final, que também não é grande coisa. Mesmo assim, com todos esses pequenos defeitos, o filme ainda diverte e funciona, principalmente se for encarado como um pipocão no fim de noite.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 7 de outubro de 2014

O Último Matador

Título no Brasil: O Último Matador
Título Original: Last Man Standing
Ano de Produção: 1996
País: Estados Unidos
Estúdio: New Line Cinema
Direção: Walter Hill
Roteiro: Walter Hill
Elenco: Bruce Willis, Bruce Dern, William Sanderson, Christopher Walken

Sinopse:
John Smith (Bruce Willis) é um assassino profissional que chega na pequena cidade de Jericho, no Texas, bem no começo dos anos 30. O lugar está sendo disputado com violência entre dois grupos rivais. O ambiente ideal para Smith ganhar muito dinheiro com seus "serviços". O que ele não desconfia é que em breve terá que ele próprio impor justiça naquela terra sem lei, algo que mudará completamente seus planos iniciais.

Comentários:
Poucos sabem, mas "Last Man Standing" é na verdade um remake americano do clássico "Yojimbo" do mestre Akira Kurosawa. Inicialmente a versão Made in USA seria passada no velho oeste, adotando como era de se esperar um tom bem ao estilo do western americano mais clássico. Isso mudou porém quando Bruce Willis resolveu aceitar o convite para realizar o filme. O diretor Walter Hill entendeu que seria melhor mudar o cenário onde o enredo iria se desenvolver, transportando todo o argumento para a década de 1930 onde reinavam os grandes gangsters do período da lei seca. Curiosamente Hill não jogou toda a ambientação western fora, mantendo as filmagens na inóspita e ensolarada região de Galisteo, New Mexico, locação muitas vezes utilizada para filmagens de faroestes. Isso deu ao filme um colorido bem diferenciado onde o background natural parece ser o de um filme de western da velha escola com atores vestindo figurinos de filmes policiais noir. Bruce Willis encontra um personagem bem adequado para seu estilo, com poucas palavras e muita ação. Infelizmente a profundidade e a sutileza psicológica do filme original foram deixadas de lado, até porque não era pretensão de Walter Hill seguir minuciosamente o trabalho de Kurosawa. Mesmo assim é aquele tipo de filme que vale a pena assistir, nem que seja pelo menos uma única vez na vida. Um bom entretenimento.

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 12 de maio de 2014

Nebraska

Título no Brasil: Nebraska
Título Original: Nebraska
Ano de Produção: 2013
País: Estados Unidos
Estúdio: Paramount Vantage
Direção: Alexander Payne
Roteiro: Bob Nelson
Elenco: Bruce Dern, Will Forte, June Squibb

Sinopse:
David Grant (Will Forte) é um vendedor de eletrodomésticos numa cidadezinha de Montana que todos os dias é chamado às pressas em casa para encontrar seu idoso pai pelas ruas da cidade. O velho colocou na cabeça que receberá um prêmio de 1 milhão de dólares em Lincoln, Nebraska, caso vá para lá para receber a bolada. Após resgatar seu pai várias vezes na estrada, David finalmente percebe que a única forma de acabar com a obsessão de Woody (Bruce Dern) é levá-lo para Lincoln, numa viagem, de uma vez por todas.

Comentários:
Outro finalista da categoria de melhor filme na Academia. Dentre os concorrentes foi o representante do cinema independente americano. Se trata de uma produção muito humana e tocante que mostra a viagem de um senhor idoso em busca de um prêmio que jamais existiu. Depois do velho fugir de casa inúmeras vezes e sair andando por ai, seu filho decide que é hora de levá-lo até lá - em Lincoln no Nebraska - para ele finalmente se convencer que tudo não passa de uma mera propaganda de revistas. No meio do caminho acaba encontrando novamente a relação pai e filho que tanto buscava. A linda fotografia em preto e branco mostra toda a imensidão do interior americano com suas fazendas e campos a perder de vista. Também traça um retrato pouco lisonjeiro dos habitantes dessas cidades, pessoas muitas vezes movidas por interesses mesquinhos. O ator Bruce Dern passou anos amargando papéis sem importância e tem aqui a grande chance de mostrar todo o seu talento. O curioso é que seu filho é interpretado pelo ator Will Forte do elenco do SNL, ou seja, um comediante que se sai excepcionalmente bem nesse drama que pode ser classificado como melancólico, embora também poético.

Todo o elenco está acima da média, o que era de se esperar, pois "Nebraska" é um filme fundado em cima de relações humanas e para que algo assim funcione é necessário um grupo de atores inspirados. Bruce Dern como o velho está perfeito. Cabelos despenteados, olhar perdido no horizonte, sem saber o que de fato está acontecendo, é uma daquelas atuações que marcam para sempre a carreira de qualquer ator. June Squibb interpreta sua esposa, uma velhinha com cara simpática, mas língua ferina, que não perdoa ninguém com seus comentários ácidos - nem mesmo os que já morreram (sua cena no cemitério é muito divertida). Assim como Dern ela também foi indicada ao Oscar por sua atuação. Além dessas o filme também foi indicado nas categorias de Melhor Filme e Melhor Roteiro Original. Seu maior destaque vem dos ótimos diálogos de um roteiro extremamente bem escrito que traz um retrato da América que envelheceu e não consegue mais enxergar um propósito de vida para si e seus habitantes. No final fica um gostinho de melancolia no ar, como se ficássemos preparados para os desafios da velhice, afinal envelhecer é um grande desafio, seja em que país for e seja em que sociedade se estiver inserido. Uma aula sobre o crepúsculo da vida que todos nós, um dia, viveremos.

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 26 de novembro de 2012

Monster - Desejo Assassino

O cinema americano já mostrou a vida sinistra de muitos assassinos em série mas esse "Monster" tem um diferencial importante. Mostra a história real de Aileen Wuornos (Charlize Theron), uma das mais famosas Seial Killers americana, acusada de matar vários homens em sua trajetória. O modus operandi de Aileen era relativamente simples: Ela era prostituta de rua e saía geralmente com caminhoneiros ou homens mais velhos. Assim que o programa era acertado eles iam a lugares remotos. Lá Aileen os matava a tiros e depois os roubava, levando consigo tudo o que conseguia encontrar de valor com seus "clientes". Fruto de uma infância terrível onde sofreu abusos de toda ordem, ela se iniciou muito jovem na prostituição, com apenas 13 anos. Todos esses fatos acabaram criando na assassina um transtorno de personalidade conhecido como Borderline. Esse problema mental é causado por histórico de exposição a traumas durante a infância e juventude. As pessoas que desenvolvem essa doença geralmente são impulsivas e não agem de forma racional. Curiosamente mesmo sendo diagnosticada com esse mal ela foi julgada e sentenciada à morte pela justiça americana. Se fosse no Brasil não sofreria pena e nem prisão mas apenas Medida de Segurança. Enviada a uma instituição adequada teria tratamento e acompanhamento médico.

O grande destaque de "Monster", como não poderia deixar de ser, vem da brilhante atuação da atriz Charlize Theron. Vista até  aquele momento como apenas uma beldade nas telas, Charlize aqui surpreende. Com forte maquiagem a atriz fez de tudo para literalmente incorporar a verdadeira assassina. O resultado é excepcional. Theron deixa de existir para dar lugar a Aileen! Ela fez um trabalho primoroso onde reproduz até os mínimos detalhes de ser da verdadeira assassina. Ver uma atuação desse nível e depois ter que encarar essa talentosa profissional fazendo papel de bruxa má em remake de Branca de Neve realmente me deixa perplexo. De qualquer modo Charlize foi reconhecida pelos grandes prêmios pois venceu o Oscar de Melhor Atriz, além de ter sido premiada com o Urso de Prata de Veneza e o Globo de Ouro. Também merece destaque a atuação inspirada de Christina Ricci, que interpreta a namorada lésbica de Charlize no filme. Sem medo de me equivocar digo que é o melhor momento de ambas as atrizes em suas vidas profissionais. Nem antes e nem depois conseguiram desenvolver um trabalho melhor do que esse. Em conclusão afirmo que "Monster" não é uma produção fácil e nem leve. Seu tema é pesado e sua trama não é nenhum conto de fadas. Mesmo assim temos aqui uma obra não menos do que brilhante. Uma ótima crônica que tenta registrar para a posteridade a triste existência de Aileen Wuornos. Não deixe de conferir.

Monster - Desejo Assassino (Monster, Estados Unidos, 2003) Direção: Patty Jenkins / Roteiro: Patty Jenkins / Elenco: Charlize Theron, Christina Ricci, Bruce Dern, Scott Wilson, Lee Tergesen./ Sinopse: O filme conta a história real de Aileen Wuornos (Charlize Theron), assassina em série que se tornou famosa nos Estados Unidos por uma longa série de mortes contra homens que a contratava como prostituta. O filme traz uma visão dura e cruel dessa criminosa.

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 21 de junho de 2012

Twixt

Que Francis Ford Coppola é um dos grandes cineastas de nosso tempo acredito que ninguém tenha dúvidas. Que ele relegou sua carreira ao segundo plano para se tornar um empresário bem sucedido no ramo de vinhos também. O maior exemplo disso é esse estranho e bizarro filme "Twixt". Uma produção de complicada classificação. Não é necessariamente um filme de terror e nem tampouco um drama existencial. Coppola disse em entrevistas ter tido a idéia do filme em sonhos e pesadelos que teve, realmente faz sentido. "Twixt" não tem um roteiro convencional. Ele alterna sonhos, visões, pesadelos e realidade em uma mesma linha temporal. Confuso? Em certo sentido sim. Certa vez Coppola afirmou que após o sucesso de sua vinícola iria realizar apenas os projetos de que gostasse, sem a pressão dos estúdios. Complicado mesmo é entender porque ele escolheu algo assim, um projeto tão sui generis para retornar às telas. O filme não se parece com nada do que ele tenha feito antes, é disperso, sem foco e com ares de existencialismo. Uma produção muito barata (sete milhões de dólares de orçamento) que usa e abusa de cenários digitais, alguns pouco convincentes. 

A trama se resume em acompanharmos um escritor fracassado, Hall Baltimore (Val Kilmer), que vai até uma cidadezinha do interior tentar vender alguns exemplares de seu último livro, um pulp fiction sobre bruxas. Com problemas de alcoolismo o escritor acaba ficando intrigado com a história de um velho hotel da região, aonde teria ocorrido um assassinato em massa de crianças. O local se encontra fechado e abandonado e havia sido ponto de parada do famoso escritor Edgar Allan Poe em tempos passados. Pressionado pelo seu editor para escrever um novo livro, Hall resolve usar as histórias do local como fonte de inspiração mas começa a confundir realidade com visões e sonhos que tem com as crianças que foram mortas no local. Coppola assim desfila na tela uma variedade de subtramas (como a morte acidental da filha do escritor) em um roteiro com pouco foco, confuso e sem direção. O uso excessivo de ambientações digitais também incomoda, embora algumas sequências sejam bonitas do ponto de vista estético. O diretor também não se furta em colocar Edgar Allan Poe como um personagem ativo na trama (tal como aconteceu recentemente com "O Corvo"). Em conclusão "Twixt" é um filme menor e estranho na importante filmografia do diretor. Para quem já fez obras grandiosas como "O Poderoso Chefão", "Twixt" soa muito amador e sem importância. Talvez venha a encontrar seu público, quem sabe. Para o conjunto de sua obra porém o filme não passa de uma simples nota de rodapé.  

Twixt (idem, Estados Unidos, 2011) Direção: Francis Ford Coppola / Roteiro: Francis Ford Coppola / Elenco: Val Kilmer, Bruce Dern, Ben Chaplin / Sinopse: um escritor fracassado, Hall Baltimore (Val Kilmer), que vai até uma cidadezinha do interior tentar vender alguns exemplares de seu último livro, um pulp fiction sobre bruxas. Com problemas de alcoolismo o escritor acaba ficando intrigado com a história de um velho hotel da região, aonde teria ocorrido um assassinato em massa de crianças. O local se encontra fechado e abandonado e havia sido ponto de parada do famoso escritor Edgar Allan Poe em tempos passado. Pressionado pelo seu editor para escrever um novo livro, Hall resolve usar as histórias do local como fonte de inspiração mas começa a confundir realidade com visões e sonhos que tem com as crianças que foram mortas no local.  

Pablo Aluísio.