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quarta-feira, 7 de junho de 2023

Guerra de Gigantes

Título no Brasil: Guerra de Gigantes 
Título Original: When Lions Roared
Ano de Lançamento: 1994
País: Estados Unidos
Estúdio: Gideon Pictures
Direção: Joseph Sargent
Roteiro: David W. Rintels
Elenco: Michael Caine, Bob Hoskins, John Lithgow

Sinopse:
Filme também conhecido como II Guerra Mundial: Quando os Leões Rugiram. Como o mundo estava à beira do abismo, os três homens mais poderosos da história mundial se encontraram e decidiram seu destino.

Comentários:
Um problema recorrente que aconteceu nos anos 90. Séries americanas eram reeditadas e condensadas para serem lançadas como um filme no Brasil. Assim, quando você ia assistir o DVD ou VHS, tudo que encontrava era um produto altamente editado, muitas vezes truncado, sem fluência. Aconteceu muitas vezes e aconteceu com essa série aqui que foi lançada no Brasil, na época, como Guerra de Gigantes. É a reunião de três Líderes durante a fase final da Segunda Guerra Mundial. Estão em cena Franklin D. Roosevelt, o presidente dos Estados Unidos; Winston Churchill, o primeiro-ministro da Inglaterra e Joseph Stalin, o ditador soviético. O filme não tem lá essa grande produção e com a edição altamente truncada da versão Brasileira tudo ficou mais complicado. Talvez por isso eu não tenha gostado, mesmo adorando a história. 

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2021

Lassiter

Título no Brasil: Lassiter, um Ladrão Quase Perfeito
Título Original: Lassiter
Ano de Produção: 1984
País: Estados Unidos
Estúdio: Golden Harvest Company, Pan Pacific Productions
Direção: Roger Young
Roteiro: Roger Young
Elenco: Tom Selleck, Jane Seymour, Lauren Hutton, Bob Hoskins, Joe Regalbuto, Ed Lauter

Sinopse:
Um ladrão de joias é preso e, para evitar a prisão, deve invadir a fortemente protegida Embaixada da Alemanha para roubar milhões em joias. Seus planos porém se tornam bem complicados de se realizar.

Comentários:
Tom Selleck nunca conseguiu se firmar no mundo do cinema. Ele era um astro da TV americana, principalmente depois do sucesso de Magnum, mas sua transição definitiva para o cinema nunca foi completa. Ele fez filmes esporádicos, nenhum de enorme sucesso de bilheteria e até foi cotado para ser James Bond, mas em termos de sétima arte ele nunca conseguiu se mudar para Hollywood. Esse filme aqui foi uma das tentativas de levar Selleck para as telas de cinema. E por falar em Bond, o filme tem vários elementos nesse estilo, mas sem conseguir atingir seu alvo. É um filme fraco, embora apresente uma direção de arte bonita. O ator Tom Selleck até que está bem no papel de um refinado ladrão de joias, ao estilo "Ladrão de Casaca", mas obviamente ele nunca seria Cary Grant mesmo. Hoje em dia é um filme bem raro de se encontrar. Eu me recordo que foi lançado em fita VHS no Brasil, mas já naqueles tempos seu lançamento também foi bem discreto.

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 6 de novembro de 2020

A Passagem

Título no Brasil: A Passagem
Título Original: Stay
Ano de Produção: 2005
País: Estados Unidos
Estúdio: New Regency Productions
Direção: Marc Forster
Roteiro: David Benioff
Elenco: Ewan McGregor, Ryan Gosling, Naomi Watts, Bob Hoskins, Kate Burton, Elizabeth Reaser,  

Sinopse:
Dr. Sam Foster (Ewan McGregor) é um médico psiquiatra que passa a cuidar dos pacientes de uma colega que precisou sair de licença médica. Entre os pacientes dela está Henry Letham (Ryan Gosling), um jovem estudante de artes que tem muitos problemas de ordem mental. E pior do que isso, ele é um suicida em potencial.

Comentários:
Esse é um thriller psicológico de suspense que bebe bastante de um estilo de filme que foi bem popular nos anos 90. É uma daquelas histórias que ao final revela ao espectador algo completamente diferente do que ele estava pensando. Sim, temos aqui um plot twist daqueles bem radicais. O roteiro é altamente manipulador. Em pelo menos três ocasiões cai nas armadilhas preparadas pelo roteirista. Acontece que você começa a pensar que a trama toda tem um determinado sentido, para logo depois entender que não é nada daquilo que você está assistindo. O enredo é um grande jogo de cartas, onde o que realmente faz sentido e liga todo o filme segue inserido em apenas duas cenas (a primeira e a última). Entre elas há muito jogo de cena, falsas premissas, momentos de insanidade e situações que vão se revelar apenas surreais, sensoriais, sem um pé na realidade concreta. Assim se você gosta de filmes desse naipe, onde tudo pode mudar em questão de segundos, temos aqui uma boa opção. Já para quem não tem paciência para charadas e quebra-cabeças, o filme realmente não soa muito bem recomendado.

Pablo Aluísio.

sábado, 3 de outubro de 2020

Dicionário de Cama

Título no Brasil: Dicionário de Cama
Título Original: The Sleeping Dictionary
Ano de Produção: 2003
País: Inglaterra, Estados Unidos
Estúdio: Fine Line Features
Direção: Guy Jenkin
Roteiro: Guy Jenkin
Elenco: Jessica Alba, Brenda Blethyn, Hugh Dancy, Bob Hoskins, Junix Inocian, Emily Mortimer

Sinopse:
Um jovem inglês é enviado para o sudeste da Ásia, na década de 1930, para atuar como representante colonial do Reino Unido na região. Para se familiarizar com as tradições e a cultura daquele povo ele passa a ser auxiliado por uma nativa local e acaba se apaixonando por ela.

Comentários:
Um colonizador se envolvendo com uma jovem mulher da colônia, sob o ponto de vista atual, pode ser considerado facilmente como uma situação de abuso. Pois é, o roteiro desse filme se baseia em uma mentalidade do passado que já não encontra eco nos dias atuais. Além disso o próprio conceito do que seria um "dicionário de cama" soaria bem ofensivo para as pessoas atualmente. E o que seria esse tal dicionário de cama? Ora, aprender o idioma local se envolvendo sexualmente com alguém da região, indo para a cama com ele ou ela (dependendo de suas preferências sexuais, obviamente). Segundo essa expressão essa seria a forma mais fácil de aprender um idioma. Soa machista e absolutamente incorreto para você? Talvez seja realmente, porém o filme tenta se agarrar no argumento romântico para evitar esse outro ponto de vista mais crítico. O filme em si até que é interessante, um drama romântico ao velho estilo, com pitadas sutis de erotismo. Não agradou muito e foi criticado. A despeito disso ainda se revela até que um bom passatempo, isso se você conseguir passar pelas entrelinhas do colonialismo, essas sim bem ofensivas para quem souber ler melhor o que se passa na tela.

Pablo Aluísio.

domingo, 14 de julho de 2019

O Último Adeus

Título no Brasil: O Último Adeus
Título Original: Last Orders
Ano de Produção: 2001
País: Inglaterra, Alemanha
Estúdio: Sony Classics
Direção: Fred Schepisi
Roteiro: Graham Swift, Fred Schepisi
Elenco: Michael Caine, Bob Hoskins, Helen Mirren, Tom Courtenay, Kelly Reilly, Ray Winstone

Sinopse:
Um grupo de pessoas se reúne para homenagear um velho amigo falecido, para jogar suas cinzas no mar. Assim acabam relembrando do passado, das lutas, das conquistas, decepções e amores de um tempo que não existe mais.

Comentários:
Michael Caine é um ator de que gosto muito. Ele tem uma longa filmografia em várias décadas de carreira e entre esses filmes estão algumas obras primas. Claro, em determinado momento, principalmente nos anos 80, ele foi ridicularizado pela crítica por parecer aceitar qualquer papel, em qualquer filme de segunda categoria. Isso porém é passado. Hoje em dia ele recuperou seu prestígio e respeito. Esse filme aqui, uma produção inglesa muito boa, é uma espécie de homenagem ao veterano. É um roteiro de nostalgia, que olha para o passado. O elenco tem além da sempre interessante presença de Caine, a atuação maravilhosa de Helen Mirren, uma dama da arte da atuação. Outro nome que compensa qualquer sessão de cinema. Então é isso. O filme tem aquele toque de sofisticação e classe que apenas o cinema europeu consegue reproduzir na tela com brilhantismo. Se não chega a ser uma obra-prima cinematográfica inequescível, pelo menos teve o mérito de reunir esse elenco muito acima da média.

Pablo Aluísio.

domingo, 6 de agosto de 2017

Hook: A Volta do Capitão Gancho

O ator Dustin Hoffman está fazendo 80 anos nessa semana! Como uma forma de homenagem vamos lembrar dele nessa produção dirigida por Steven Spielberg. Bom, não é segredo para nenhum cinéfilo que Spielberg era apelidado de Peter Pan durante os anos 80, pois ele nunca queria crescer, sempre explorando assuntos infantojuvenis em seus filmes. Assim, como uma espécie de ironia ou piada interna sobre essa fama ele resolveu fazer um filme sobre, isso mesmo... Peter Pan! Agora, filmar mais uma versão da obra de James Matthew Barrie ao estilo tradicional seria banal demais. Com isso em mente Spielberg mandou escrever um roteiro diferente sobre a hipótese de Peter Pan ter finalmente crescido, se tornando um pai de família entediado, suburbano e comum!

A ideia era muito boa mesmo. Para o papel do Peter Pan adulto, Spielberg escalou o comediante Robin Williams, uma ótima escolha. Porém quem acabou roubando o filme para si foi mesmo Hoffman dando vida ao Capitão Hook (o Capitão Gancho na versão em português). Ele não aceita o fato de Peter Pan ter crescido e vai atrás dele, em sua casa! Claro que Dustin Hoffman optou por uma atuação bem caricata, dirigida ao público infantil. Era algo esperado. A produção, também como era de se esperar, é de encher os olhos. O roteiro também vai bem em cima do sentimentalismo, piegas até (marca registrada do diretor), mas sem deixar de lado as cenas divertidas, de pura aventura. Na época do lançamento do filme (eu cheguei a assistir no cinema) fiquei com um pé atrás pela proposta ousada de seu roteiro, mas com o tempo e depois de inúmeras reprises a coisa toda ficou mais fácil de digerir. É um momento interessante da filmografia de Steven Spielberg, porém passa longe de ser um de seus melhores filmes. Hoje em dia vale como nostalgia de um tempo em que o diretor ainda não havia crescido.

Hook: A Volta do Capitão Gancho (Hook, Estados Unidos, 1991) Direção: Steven Spielberg / Roteiro: James V. Hart, Nick Castle, Malia Scotch Marmo / Elenco: Dustin Hoffman, Robin Williams, Julia Roberts, Bob Hoskins, Maggie Smith, Phil Collins / Sinopse: Peter Pan (Williams) cresceu. Virou pai de família e vive uma vidinha suburbana numa cidade, até que o Capitão Gancho decide trazer ele de volta à Terra do Nunca. Filme indicado ao Oscar nas categorias de Melhor Música ("When You're Alone" de John Williams), Melhores Efeitos Especiais (Eric Brevig, Harley Jessup), Melhor Figurino (Anthony Powell) e Melhor Direção de Arte (Norman Garwood, Garrett Lewis). Também indicado ao Globo de Ouro na categoria de Melhor Ator - Comédia ou Musical (Dustin Hoffman).

Pablo Aluísio.

sábado, 1 de abril de 2017

A Vingança de Bette

Título no Brasil: A Vingança de Bette
Título Original: Cousin Bette
Ano de Produção: 1998
País: Estados Unidos, Inglaterra
Estúdio: Twentieth Century Fox
Direção: Des McAnuff
Roteiro: Lynn Siefert
Elenco: Jessica Lange, Elisabeth Shue, Bob Hoskins, Hugh Laurie, Geraldine Chaplin, Kelly Macdonald
  
Sinopse:
Em Paris, no século XIX, vive Bette Fisher (Jessica Lange). Ela nunca se casou e por isso se tornou alvo de todos os tipos de preconceitos da sociedade da época. Quando a matriarca da família, madame Adeline Hulot (Geraldine Chaplin), falece, cabe a Bette cuidar de todos os demais familiares, mas ridicularizada e humilhada, ela começa a criar planos para arruinar todos aqueles que lhe fizeram mal. Para isso conta com a ajuda de Jenny Cadine (Elisabeth Shue), atriz e prostituta de Paris.

Comentários:
Excelente filme, inspirado no romance de época escrito por Honoré de Balzac. Esse celebrado escritor se notabilizou pelos textos que expunham a hipocrisia da alta sociedade parisiense de seu tempo. As chamadas grandes e tradicionais famílias sempre tinham algo de podre a esconder, revelando instintos mesquinhos, atitudes grotescas, tudo por baixo de uma imagem falsa, tentando passar algum tipo de nobreza humana. Esse filme fez jus ao texto de Balzac. Há um tom de humor negro em cada situação, justamente por expor essa mediocridade das pessoas. Além do excelente roteiro outra coisa chama a atenção nessa produção: seu ótimo elenco, formado basicamente por atrizes extremamente talentosas, com destaque para as duas protagonistas interpretadas respectivamente por Jessica Lange e Elisabeth Shue (em seu primeiro papel realmente importante e interessante na carreira). Até mesmo a grande dama da interpretação Geraldine Chaplin está presente, trazendo muita dignidade para sua personagem, a de uma mulher aristocrata e verdadeiramente digna. Infelizmente mesmo com tantas qualidades o filme acabou sendo ignorado pela Academia, em mais uma de suas grandes injustiças.

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 12 de março de 2015

Encontro de Amor

Não deu muito certo essa nova versão modernizada do conto Cinderela. O enredo todos conhecem: homem rico (um príncipe na estorinha original) se apaixona por humilde garota e após superarem vários preconceitos sociais conseguem finalmente viver felizes para sempre. Como estamos em um mundo globalizado e tecnológico não haveria como trazer a estorinha tradicional de volta, assim criou-se um novo contexto atual para no final contar tudo o que já vimos muitas e muitas vezes antes. Aqui acompanhamos a dura rotina de Marisa (Jennifer Lopez), uma mulher de origem latina que sofre todos aqueles preconceitos bem característicos da sociedade americana. Para sobreviver ela aceita um trabalho como camareira em um hotel de alto luxo de Manhattan. Infelizmente aqui temos uma situação bem comum por lá, pois muitos latinos nos EUA sobrevivem realizando exatamente aqueles serviços que os americanos consideram indignos de sua posição social.  Por um mal-entedido ou força do destino, como queiram, Marisa conhece por acaso o bonitão Christopher Marshall (Ralph Fiennes) que fica perdidamente apaixonado por ela, pensando ser a garota uma hospede no mesmo hotel onde ele se encontra.

Assim começa essa comédia romântica que une esse casal bem improvável, a quente e sensual Jennifer Lopez com seu sangue latino caliente e o elegante, frio e sofisticado Ralph Fiennes, ator premiado que se destacou no filme “O Paciente Inglês” e tanto outros. O problema começa justamente aí. “Encontro de Amor” falha onde uma comédia romântica dessas não pode falhar. Ao unir Lopez e Fiennes acabou acontecendo o inevitável: não houve química nenhuma entre eles. São pessoas muito diferentes, com jeitos de ser completamente diversos. Jennifer Lopez tenta alcançar o nível de sofisticação de Ralph Fiennes e falha completamente, até porque esse nunca foi seu estilo. Jennifer Lopez é aquele tipo de artista (cantora, atriz, etc) que vive da imagem de sua sensualidade, que no caso dela beira a vulgaridade. Ela nunca vai se sair bem em papéis de princesa ou garotas boazinhas simplesmente porque ninguém vai acreditar muito nisso. Jennifer não nega sua origem de mulher latina, forte, de personalidade robusta e gestos espalhafatosos, isso sem contar aquele que é apontado até agora como seu maior “talento” artístico – seu bumbum nada discreto! Heroínas de comédias românticas bobinhas não podem ser tão exuberantes fisicamente como ela! O resultado desse contraste de personalidades até que não fez feio nas bilheterias (pouco mais de 100 milhões de dólares) mas tampouco empolga ou consegue ser marcante. Lopez não é uma atriz de mão cheia, pelo contrário. Melhor ela voltar para as suas músicas onde sempre canta as “qualidades” de ser uma mulher latina popozuda nos EUA. Fica mais convincente. O resto é pura bobagem.

Encontro de Amor (Maid in Manhattan,  Estados Unidos, 2002) Direção: Wayne Wang / Roteiro:  Kevin Wade / Elenco: Jennifer Lopez, Ralph Fiennes, Tyler Posey, Marissa Matrone, Natasha Richardson, Chris Eigeman, Stanley Tucci, Seth William Meier, Bob Hoskins./ Sinopse: Homem rico de família tradicional (Ralph Fiennes) se apaixona por camareira latina (Jennifer Lopez) pensando que ela se trata de uma hóspede rica no hotel onde ele se encontra.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 9 de dezembro de 2014

Uma Cilada Para Roger Rabbit

Título no Brasil: Uma Cilada Para Roger Rabbit
Título Original: Who Framed Roger Rabbit
Ano de Produção: 1988
País: Estados Unidos
Estúdio: Touchstone Pictures, Amblin Entertainment
Direção: Robert Zemeckis
Roteiro: Gary K. Wolf, Jeffrey Price
Elenco: Bob Hoskins, Christopher Lloyd, Kathleen Turner, Charles Fleischer, Joanna Cassidy

Sinopse:
Anos 1940. Embora Roger Rabbit (Charles Fleischer) seja um dos grandes astros de seu estúdio de animação, ele não se sente feliz. Ultimamente anda depressivo e triste por causa de seu conturbado relacionamento com Jessica Rabbit (Kathleen Turner). Para contornar toda essa situação o estúdio resolve contratar os serviços de um detetive particular, Eddie Valiant (Bob Hoskins), o que dará origem a inúmeras confusões. Filme vencedor do Oscar nas categorias de Melhores Efeitos Especiais, Melhores Efeitos Sonoros e Melhor Edição.

Comentários:
Hoje em dia pode até ser visto apenas como uma divertida mistura de animação com atores reais, mas o fato é que esse filme foi um marco e tanto em termos de avanços tecnológicos na época. Nunca, em nenhum período histórico do cinema, havia se conseguido chegar em tamanha perfeição técnica, fruto da entrada da tecnologia digital na produção de filmes. Outro fato que chama bastante a atenção foi a união - pela primeira e única vez na história - de praticamente todos os grandes estúdios de animação de Hollywood para a realização de apenas um filme. Todos eles cederam os direitos de seus personagens e assim o espectador é presenteado com uma vasta galeria de personagens da Disney, da Warner, da MGM clássica e tantos outros que desfilam pela tela. A supervisão foi dada ao genial cartunista Richard Williams, o criador da Pantera cor de rosa. A Academia inclusive lhe concedeu um prêmio especial por esse trabalho e pelo conjunto de sua obra que é realmente maravilhosa. Curiosamente o enredo procura explorar uma estória de detetives numa Hollywood dos anos 1940, onde havia charme e glamour em abundância diante das telas e muita decadência e crime por trás delas. Um exemplo perfeito disso pode ser encontrado na personagem de Jessica Rabbit, tão sensual e perigosa como uma mulher fatal dos filmes noir daquela década. A personagem dublada com sensualidade á flor da pele pela atriz Kathleen Turner acabou fazendo mais sucesso que o próprio coelho protagonista. Inicialmente a animação seria dirigida pelo próprio Steven Spielberg, mas no último momento ele resolveu deixar a direção a cargo de seu pupilo Robert Zemeckis. Com ótimo elenco, primazia técnica e um roteiro saborosamente nostálgico, "Who Framed Roger Rabbit" é realmente uma das melhores animações de todos os tempos.

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 25 de julho de 2013

Círculo de Fogo

Após várias operações de sucesso pela Europa, inclusive a invasão e ocupação da França pelas tropas de Hitler, não parecia haver mais barreiras para o avanço do nazismo. Hitler, completamente alucinado e empolgado pelos sucessos militares de suas forças armadas, então deu inicio ao pior plano de ataque da história: a invasão da Rússia! Foi a maior operação de guerra da história e o maior desastre que se tem noticia. Naquela ocasião a Rússia era governada com mão de ferro por outro ditador sanguinário, Stálin, que não iria permitir que algo assim acontecesse. Inicialmente os alemães enfrentaram a fome, o frio e os retrocessos típicos de uma invasão mal conduzida, mal planejada e impossível de ser bem sucedida. Quando chegaram nos portões de Stalingrado deu-se o grande massacre. Cercados por todos os lados as tropas do exército vermelho lutou bravamente para expulsar o invasor nazista. Lembrado até hoje como uma das maiores batalhas da história esse filme tenta reconstruir aquela resistência heroica.

Esse projeto nasceu inicialmente pelas mãos de Sergio Leone que tencionava realizar aquele que seria o maior filme de guerra produzido na Europa. Infelizmente ele morreu antes de ver o começo das filmagens. Com sua morte o projeto foi arquivado por longos anos sendo resgatado do esquecimento pelo corajoso cineasta Jean-Jacques Annaud. “Círculo de Fogo” foi a produção europeia mais cara da história. O financiamento veio de quatro nações diferentes mas infelizmente o roteiro foi em grande parte fracionado,  focado apenas na disputa psicológica que é travado por Vassili Zaitsev (Jude Law), exímio atirador de elite do exército vermelho e o Major König  (Ed Harris), oficial alemão do Reich. De certa forma esse verdadeiro duelo é uma metáfora do que aconteceu em toda a batalha. Há cenas extremamente bem realizadas – como a luta nos portões da cidade – e momentos de tensão e suspense. Provavelmente seria um filme bem diferente se fosse dirigido pelo grande Sergio Leone mas mesmo assim mantém o interesse e o impacto. No final das contas vale principalmente por relembrar uma das maiores carnificinas da Segunda Guerra Mundial.

Círculo de Fogo (Enemy at the Gates, Estados Unidos, Inglaterra, Irlanda, Alemanha, 2001) Direção: Jean-Jacques Annaud / Roteiro: Jean-Jacques Annaud, Alain Godard / Elenco: Jude Law, Ed Harris, Rachel Weisz, Joseph Fiennes,  Bob Hoskins,  Ron Perlman / Sinopse: O filme recria o cerco e a batalha travado em Stanligrado durante a II Guerra Mundial.

Pablo Aluísio.

domingo, 19 de maio de 2013

Nixon

É bem complicado assistir a um filme como esse que, em uma análise mais profunda, foi realizado por um liberal de carteirinha (Oliver Stone) retratando um líder republicano, conservador (o presidente americano Richard Nixon). Não há a isenção e nem a imparcialidade necessárias para se realizar assim uma obra cinematográfica historicamente correta, livre de manipulações. Stone deveria se concentrar mais em aspectos mais periféricos da sociedade americana, como fez brilhantemente com os feridos em guerras (Nascido em 4 de Julho) ou os combatentes deixados ao acaso no meio da selva do Vietnã (como vimos em Platoon). Ao retratar um presidente que particularmente odeia o cineasta perde a compostura, se deixa dominar pela emoção. Esse é sem sombra de dúvida o ponto mais complicado desse filme “Nixon”. Stone despreza o biografado e não tem o menor pudor de esconder isso. Na pele do excelente e talentoso Anthony Hopkins, o ex-presidente americano virou praticamente uma caricatura de si mesmo, chegando ao ponto de até mesmo parecer um ser repulsivo e grotesco, lambendo os lábios, suando em profusão, quase um monstro shakesperiano.

Na verdade Nixon até que não foi um presidente tão ruim como se pensa. Claro que aconteceram fatos lamentáveis em sua trajetória, sendo o mais conhecido o escândalo Watergate, mas de uma maneira geral ele de certa forma tirou os Estados Unidos da lama do Vietnã e reatou laços diplomáticos com inimigos históricos, entre eles a China. Era um político experiente (muito mais do que JFK) e soube conduzir o país muito bem na política internacional. Infelizmente dentro de casa a coisa não foi tão bem sucedida. Tragado por uma burocracia que mal conseguia compreender, Nixon foi crucificado pela invasão a sede do partido democrata, onde homens de sua filiação política teriam ido em busca de informações sobre a campanha adversária. Em uma democracia como a americana isso certamente era algo inadmissível e assim Nixon perdeu não só sua credibilidade mas também sua presidência. Por fim quero destacar o confuso roteiro do filme. Para quem não é particularmente intimo de história americana a película certamente se mostrará confusa, desconexa, com idas e vindas no tempo, deixando o espectador comum simplesmente perdido. Assim Stone erra duplamente, ao enfocar um personagem histórico que simplesmente detesta e ao fazer um filme por demais fragmentário. Prefira assistir “Frost / Nixon” que sem dúvida é uma produção bem mais consistente.

Nixon (Nixon, Estados Unidos, 1995) Direção: Oliver Stone / Roteiro: Stephen J. Rivele, Christopher Wilkinson, Oliver Stone / Elenco: Anthony Hopkins, Joan Allen, Powers Boothe, Ed Harris, Bob Hoskins, E.G. Marshall, David Paymer, David Hyde Pierce, Paul Sorvino, Mary Steenburgen, J.T. Walsh, James Woods, Brian Bedford, Kevin Dunn, Fyvush Finkel, Annabeth Gish, Tom Bower, Tony Goldwyn, Larry Hagman / Sinopse: Cinebiografia do presidente Americano Richard Nixon. Indicado aos Oscars de Melhor Ator (Anthony Hopkin), Melhor Atriz Coadjuvante (Joan Allen), Melhor Trilha Sonora e Melhor Roteiro.

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 30 de abril de 2012

Prece Para Um Condenado

Um dos melhores filmes da carreira de Mickey Rourke também é um de seus mais subestimados. Nesse excelente filme o ator interpreta um terrorista do IRA (Exército Revolucionário Irlandês) que entra em crise existencial após um atentado mal sucedido aonde pessoas e crianças inocentes morreram. Rourke ficou tão comovido pela luta dos irlandeses contra os ingleses que acabou tatuando a sigla do grupo em seu próprio braço. Nas filmagens deu entrevistas corajosas defendendo a causa do IRA mesmo sabendo que tais declarações iriam mais cedo ou mais tarde se voltarem contra ele. As filmagens não foram simples. Logo no primeiro dia de trabalho Rourke entrou numa séria briga com um dos produtores executivos. Acontece que Mickey aceitou realizar o filme baseado em um roteiro que o estúdio queria mudar de última hora. Com medo de perdas financeiras os produtores queriam deixar a crise existencial do personagem de Rourke de lado para investir em mais ação. O ator ficou possesso. Numa das entrevistas que deu para a agência Reuters atacou o produtor do filme: "Esse cara pousou de pára quedas no primeiro dia de gravação e disse que o roteiro estava muito introspectivo e sem movimento. Então quis mudar tudo, tirando o drama para colocar cenas de tiroteiro e ação. Era atroz! Ele queria um filme de Chuck Norris! Eu falei que se mudassem iria embora naquele mesmo dia. Se você estiver lendo essa entrevista saiba que você não passa de um imbecil!"

A briga de Rourke pareceu surtir algum efeito mas os problemas com o filme continuaram. Pelo tema polêmico a produção enfrentou sérios problemas com o estúdio antes de seu lançamento. Foi proposta uma mudança de edição, numa tentativa de amenizar o tom provocativo do roteiro. Rourke entrou na briga novamente e foi aos jornais denunciar o que estavam fazendo com o filme. No meio da confusão o filme foi mal lançado e distribuído, o que talvez explique o fato de ser tão pouco conhecido. Rourke também ficou revoltado com o corte final dado pelos produtores. Em sua forma de pensar muito do potencial do filme foi simplesmente jogado fora. De qualquer forma a fita chegou ao mercado de vídeo no Brasil na época e alcançou um relativo sucesso em nossas locadoras no encalço de "Coração Satânico". Hoje é um filme complicado de se achar mas merece ser conhecido pelo tema importante e pela ótima atuação de Rourke, em um de seus momentos mais inspirados. Certamente poderia ter sido melhor se não tivesse enfrentado tantos problemas mas pela coragem de Rourke vale muito a pena ser redescoberto.

Prece Para Um Condenado (A Prayer for the Dying, Inglaterra, 1987) Direção: Mike Hodges / Roteiro: Edmund Ward Baseado no livro "A Prayer for the Dying" de Jack Higgins / Elenco: Mickey Rourke, Bob Hoskins, Alan Bates, Sammi Davis / Sinopse: Martin Fallon (Mickey Rourke) é um terrorista do IRA (Exército Revolucionário Irlandês) que entra em crise existencial após participar de um atentado mal sucedido aonde pessoas e crianças inocentes morreram.

Pablo Aluísio.