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domingo, 6 de outubro de 2024

Jesus e o Império Romano

Jesus e o Império Romano
Interessante tecer algumas linhas sobre esse título de "Filho de Deus". O que realmente ele significa? Para milhões de cristãos ao redor do mundo não resta dúvidas de que esse título dado a Jesus significaria que ele era exatamente isso, o filho de Deus, enviado para o mundo para morrer pelos pecados do homem. Esse fato demonstraria todo o amor que Deus sente por cada um de nós. Algo poético e muito bonito até, uma construção feita principalmente pela teologia. 

Entretanto os historiadores discordam desse ponto de vista. Filho de Deus era o título dado aos reis na antiguidade. Assim Jesus seria filho de Deus porque no final das contas ele seria o Rei dos Judeus. E isso nada tinha a ver com religião, mas sim com política. Jesus iria expulsar os romanos da Judéia e iria reinar como Rei dos Judeus. Ele, nesse aspecto, seria um revolucionário, não um homem espiritual. 

Por essa razão foi morto pelos romanos e pelas autoridades judias de seu tempo. Um camponês como Jesus jamais seria aceito como rei daquelas pessoas que em última análise estavam escravizando e explorando o povo judeu no século I. Por essa razão quando as autoridades romanas souberam que um pregador popular, um milagreiro, também estava sendo chamado de "Filho de Deus", um título exclusivo para os reis, eles selaram o destino daquele homem chamado Jesus. 

O curioso é que muitas vezes Jesus também se chamava de "Filho do Homem". Essa expressão significa "Homem comum", "Pessoa comum". Basta ler a palavra original em Aramaico, a língua que Jesus falava em sua existência. Filho do Homem era diferente de Filho de Deus. Esse último era o monarca, o Rei. Era algo que as autoridades romanas não iriam aceitar de jeito nenhum. Ao usar esse título Jesus estava desafiando o poder não apenas do Império Romano, mas também das autoridades de Jerusalém. 

E o título de Messias era ainda mais perigoso. O Messias era aquele que iria libertar o povo judeu das garras da dominação romana. Nada mais do que isso. Uma vez expulso o romano invasor ele subiria ao trono, se tornaria Rei dos Judeus, o Filho de Deus, assim escolhido para reinar durante sua vida. Nada de cordeiro de Deus, nada de título espiritual, apenas um homem que iria restaurar a independência do povo judeu. Por essa razão Jesus seria executado pelo governador romano Pilatos. Ele era considerado um Lestat, um criminoso de Estado que planejava um Golpe no Império. 

Pablo Aluísio. 

domingo, 11 de agosto de 2024

Pilatos

Pilatos
Pilatos teria desaparecido da história se nao tivesse sido citado nos textos do Novo Testamento. O máximo de sua carreira política em Roma se deu justamente quando se tornou governador da Judéia e isso definitivamente não era um prêmio para nenhum homem público de Roma. Na realidade era praticamente uma punição. A Judéia era considerada uma província problemática pelos romanos. Situada geograficamente muito longe da capital do império, era vista pelos romanos como uma região de desertos, com povo rebelde, fanático por suas convicções religiosas e por essa razão complicado de dominar. 

Além disso Pilatos nunca se deu bem com o Imperador Tibério. Pilatos era da chamada baixa nobreza romana. Para essa classe de famílias realmente não haveria nada de muito promissor para eles em termos políticos. Ao que tudo indica Tibério o nomeou como governador da Judéia praticamente como uma punição. E definitivamente Pilatos não ficou nada feliz com essa indicação. Ainda assim foi para a Judéia onde se envolveu em inúmeros problemas. 

Logo ao chegar Pilatos mandou pintar a imagem de uma divindade romana nos escudos dos legionários. Isso foi visto pelos judeus como uma provocação pois eles não admitiam imagens de divindades pagãs. O velho problema do fanatismo religioso surgia novamente naquela província distante. Logo estourou uma violenta rebelião que Pilatos esmagou com mão de ferro. Centenas de revoltosos foram executados, das mais diferentes formas, sendo que os líderes foram pendurados em cruzes. Uma mensagem do império para todos os que desejavam seguir pelo mesmo caminho da revolta contra o poder de Roma. 

Pilatos era visto pelo povo como um homem cruel e sanguinário, por essa razão historiadores não acreditam naquela imagem dele que surge dos evangelhos. Ali ele foi retratado como um homem que lavou as mãos em relação à morte de Yeshua (o nome verdadeiro de Jesus). Para historiadores isso seria pura ficção. Pilatos não teria nenhum pudor de mandar Jesus para a cruz, uma vez que ele havia se envolvido numa confusão no templo em plena Páscoa judaica. E o fato de seus seguidores o chamarem de Messias definitivamente não ajudou em nada. O termo Messias era usado para designar os judeus que iriam expulsar o invasor romano de suas terras. Inclusive os historiadores duvidam muito que Pilatos tenha julgado Jesus ou algo do tipo. Jesus era um camponês e Pilatos nem sequer teria perdido tempo ao mandar executá-lo. Ele foi considerado um terrorista político por Roma e por essa razão foi morto na cruz, tal como aconteceu com centenas de outros homens de sua época. 

O que parece ter acontecido é que os escritores do novo testamento, que eram escribas gregos que viviam no Império Romano, tiveram receios de colocar uma péssima imagem de uma autoridade romana em seus escritos. Afinal eles também poderiam ser mortos por isso. Então criaram um Pilatos cheio de compaixão, lavando as mãos sobre a morte daquele judeu.  Nessa caso o medo deles falseou a realidade histórica, algo que muitas vezes aconteceu ao longo da história. 

Pablo Aluísio. 

domingo, 7 de abril de 2024

Henrique VIII e o rompimento com a Igreja

A mensagem reformista de Lutero chegaria às igrejas inglesas? Essa era uma dúvida recorrente na Inglaterra do século XVI. O monarca inglês, que viria a se tornar símbolo do absolutismo real, se considerava um bom católico, um fiel seguidor do Papado romano. Ele inclusive havia escrito textos de teologia reafirmando a autoridade do Papa em Roma em todas as terras e colônias de seu reino. Em 1521 o Rei Henrique VIII escreveu um ambicioso tratado em defesa da fé católica. O texto foi tão veemente que ele inclusive foi homenageado pelo Papa Leão X com o título de defensor da fé verdadeira.

Porém Henrique também tinha um outro lado. Ao mesmo tempo em que aparecia como monarca conservador e tradicional, ele mantinha uma vida persoal devassa, com muitas concubinas e mulheres. Ele era casado com a católica fervorosa Catarina de Aragão. O problema é que ela não lhe dava o tão aguardado herdeiro masculino ao trono. E ele não poderia se separar dela por causa do dogma católico da impossibilidade da dissolução matrimonial do casamento. Baseado no texto do novo evangelho em que Jesus dizia que não cabia aos homens separar aquilo que Deus uniu, o divórcio era inaceitável para a Igreja Católica.

Henrique então partiu para uma ofensiva diplomática feroz para que seu casamento fosse anulado. O Papa Clemente VII avaliou os argumentos do rei inglês e depois de algum tempo negou seu pedido. Henrique VIII ficou furioso. Afinal ele era um monarca absolutista, que tudo podia. Ninguém, nem o Papa, poderia lhe dizer não! Foi então dentro dessa crise pessoal que ele decidiu romper completamente com a Igreja. O Papa contra atacou, declarando que ele era a partir daquele momento um excomungado. A crise se espalhou por toda a Inglaterra. Como um rei que havia defendido a fé católica iria voltar atrás de seus próprios escritos? Na época havia um ditado muito popular que afirmava que "palavra de rei não volta atrás".

Só que nesse caso ela voltou. Henrique confiscou todos os bens e propriedades da Igreja Católica na Inglaterra. Ele mandou prender e matar padres e bispos que se recusavam a seguir sua autoridade. Na crise religiosa sem precedentes decidiu que iria formar uma nova igreja, não baseada nas ideias de Lutero, mas sim nas suas próprias ideias. Deu o nome dessa nova igreja de Anglicana. Os bens e igrejas que tinham sido confiscadas seriam agora dessa nova religião. Ele também proclamou que a partir daquele momento ele seria a autoridade máxima da igreja que estava criando, situação que até hoje prevalece. Ordenou que membros do clero recém nomeados iriam criar a doutrina da nova religião. E depois de todo esse caos se auto proclamou como Líder máximo de sua própria fé. Ele seria o seu próprio Papa. Seu primeiro ato como tal foi declarar nulo seu primeiro casamento. O interessante de tudo é que apesar de todo o rompimento, de todos os casamentos que viriam (seis no total) ele jamais conseguiria seu tão sonhado herdeiro masculino. A coroa iria ser passada para sua filha Elizabeth I, filha de Ana Bolena, que inclusive seria executada por ordens do Rei. Enfim, Henrique VIII rompeu com tudo e com todos, mas jamais conseguiu aquilo que mais queria.

Pablo Aluísio. 

domingo, 28 de janeiro de 2024

Imperador Romano Titus

O imperador romano Titus (ou Tito, como é conhecido na língua portuguesa) reinou por pouco tempo em Roma, mas o seu período foi tão marcante na história do império romano que até hoje historiadores se debruçam sobre sua biografia. Tito era filho do imperador Vespasiano e quando esse morreu sua sucessão foi considerada natural pelo senado. Isso demonstrava que embora formalmente Roma fosse ainda considerada uma República, na prática já se tinha contornos de uma monarquia de sangue. Tanto que Tito e seu irmão Domiciano se tornariam imperadores, simplesmente pelo fato de serem filhos de Vespasiano.

O nome de Tito jamais será esquecido pelo povo judeu. Foi ele que destruiu o templo de Jerusalém. Esse foi o primeiro momento histórico realmente marcante da vida desse imperador. A província da Judeia era considerada uma das mais problemáticas para Roma. Havia rebeliões, conflitos e os judeus nunca aceitaram de fato a dominação romana. Para piorar o quadro político havia a esperança de que um Messias iria libertar o povo judeu da escravidão dos romanos. Esse Messias era uma figura religiosa, fazia parte das escrituras sagradas dos judeus e isso havia se tornado um tormento para os governadores enviados por Roma.

Tito então enfrentou o problema de frente. Se a religião dos judeus era um problema, então os romanos iriam destruir seu maior símbolo, o Templo de Jerusalém. Quando os legionários entraram no templo isso foi considerado o maior dos sacrilégios. Tito mandou confiscar todo o ouro que havia ali, além de destruir tudo, colocar o templo literalmente abaixo. Dizem cronistas da época que os sacerdotes se jogaram nas espadas dos legionários romanos, tamanho era o desespero. Muitos morreram. Um desses em seu último momento encontrou Tito cara a cara e lhe disse que ele seria amaldiçoado pelo que havia feito, que não iria durar como imperador e que seu povo iria pagar por tudo o que havia feito aos judeus. Tito lhe virou as costas e mandou que a destruição continuasse, que tudo fosse queimado e demolido. Dizem que entrou a cavalo em um lugar extremamente santo do templo, onde o povo judeu acreditava que o próprio Deus ali habitava. Aquilo era o desrespeito máximo do romano para com a fé do povo judeu.

De volta a Roma Tito enfrentou o maior desafio de seu governo. O vulcão Vesúvio entrou em erupção. Milhares de pessoas morreram. Cidades como Pompeia e Herculano literalmente desapareceram do mapa, soterradas pelas cinzas do vulcão. Os cidadãos romanos que ali viviam morreram sufocados ou queimados vivos pelas chamas do Vesúvio. Pedras de fogo caiam do céu, era um cenário de apocalipse. Poucos escaparam. Os gritos podiam ser ouvidos a distância. Homens, mulheres, idosos, crianças, todos morreram de forma quase instantânea. Tito ficou desesperado. Ele enviou legiões para ajudar, mas os seus soldados morreram asfixiados por gases expelidos pelo Vesúvio. Foi uma enorme tragédia para o povo romano. Seu tão poderoso exército se revelava inútil naquele momento. E não foi apenas isso. Durante três dias e três noites Roma ardeu em chamas, em um incêndio tão grande como aquele que havia destruído a cidade nos tempos de Nero! E como havia profetizado o sacerdote judeu o reinado de Tito foi breve. Ele ficou como imperador por apenas dois anos. Inesperadamente morreu em 81 da era cristã, mesmo sendo ainda jovem. Dizia-se que havia sido envenenado pelo próprio irmão, Domiciano, que agora era o novo imperador após sua morte misteriosa. Tito assim acabou se tornando um imperador de rápida passagem pelo poder máximo do mundo antigo, em um dos momentos mais terríveis da história do império romano.

Pablo Aluísio.

domingo, 24 de dezembro de 2023

O Cavaleiro Medieval

O cavaleiro medieval era altamente motivado. Embaixo de sua armadura havia um ser humano que acreditava piamente nas palavras da escritura sagrada, na Bíblia. Por isso ele deixava praticamente tudo para trás para se juntar às fileiras das cruzadas. Muitas foram as motivações que moveram os cruzados ao longo dos séculos, porém todas elas sempre tinham praticamente o mesmo motivo principal: livrar a terra santa dos infiés muçulmanos que aquelas paisagens distantes ocupavam.

O típico cavaleiro medieval que conhecemos é muito parecido com essa gravura ao lado. Montado em seu cavalo, com um grande espada e uma armadura complexa que o protegia da cabeça aos pés. Essas armaduras eram caras, pesadas e nada confortáveis. Apenas os nobres ricos e os Reis tinham condições econômicas de ostentar algo assim.

Talvez a única exceção tenha sido os cavaleiros templários, porém seus elmos e armaduras eram fornecidos pela Igreja Católica, a mais rica e influente instituição da era medieval. Depois com o passar dos séculos os templários foram ficando imensamente ricos e eles próprios compravam suas armaduras. Os templários não eram apenas guerreiros como os demais cavaleiros das cruzadas. Eles eram também monges e faziam parte da hierarquia da Igreja. Os Templários faziam parte de uma ordem religiosa, tal como os Jesuítas, Franciscanos, etc. A diferença básica é que essa era uma ordem guerreira, feita para ir para a guerra. Eles eram guerreiros em essência, prontos para tudo, para defender suas crenças, mesmo em territórios estrangeiros. Deles provavelmente nasceu  o lema de se ter a cruz em uma das mãos e uma espada em outra.

As mulheres medievais idolatravam os cavaleiros. Por onde eles passavam havia dezenas de mulheres dispostas a tudo para conquistá-los. Por isso logo se criou toda uma arte em volta dessas figuras metálicas. Os trovadores criavam canções e poemas, sempre mostrando o errante cavaleiro conquistando o coração das donzelas. Isso criou toda uma literatura também. Vem daí a figura do "Príncipe encantado" que iria aparecer em muitos contos infantis, chegando até nós pelas adaptações desses contos em filmes da Dinsey, por exemplo. E de fato o cavaleiro medieval era um nobre, seja um prínicipe, um rei ou um membro da chamada nobreza menor. Casar com um deles na Idade Média era tirar a sorte grande entre as mulheres, principalmente as camponesas, que viviam em uma escala social bem menor do que a dos guerreiros medievais.

Pablo Aluísio. 

sábado, 23 de dezembro de 2023

Clóvis I - O Primeiro Rei da França

Esse Rei dos Francos é considerado o primeiro Rei da França. Isso porque seu território correspondeu quase que exatamente o que depois iria se tornar o país da França. Mesmo assim não podemos nos esquecer que Clóvis I reinou em um passado bem distante, há mais de 1500 anos. Seu reinado durou de 481 a 511. Nessa época o Império Romano do Ocidente entrava em colapso. Considerado um Rei Bárbaro pelos Romanos, Clóvis I logo impôs seu poder na região conhecida pelos romanos como Gália. Ali ele uniu sob um mesmo reino diversas tribos dos Francos. Por isso é considerado pelos historiadores o primeiro Rei francês.

Ele também é considerado o fundador da Dinastia merovíngia que iria reinar por dois séculos na França. Foi também o primeiro líder dos francos a se converter ao catolicismo. Isso se deu em razão da influência de sua esposa, Clotilde da Borgonha. Ela era uma devota cristã. Até esse momento Clóvis seguia a religião pagã, com seus diversos deuses e crenças. Tinha adoração por Júpiter e Mercúrio. Ele renegou todos eles adotando a cruz como símbolo de seu reinado. Essa conversão ao cristianismo também trouxe o apoio da Igreja cristã que crescia entre os francos convertidos.

Outro ponto marcante no reinado de Clóvis e que fez com que ele se tornasse o criador do que seria conhecido como França, é o fato de que ele escolheu Paris para ser sua capital. Até então o Reino dos Francos não tinha uma cidade como sua capital. Povo bárbaro e guerreiro, eles tinham capitais itinerantes, usando o lema de que a capital de seu reino era onde o Rei estava. Em Paris ele fundou uma abadia, chamada de São Paulo e São Pedro, nas margens do Rio Sena.

Clóvis I morreu com apenas 46 anos de idade, em 511 e foi sepultado na Basílica de Saint-Denis. Isso deu origem a outra tradição entre os reis franceses, pois praticamente todos eles seriam enterrados nessa mesma igreja, que se tornaria um símbolo da monarquia francesa. Por todas essas razões a indicação de historiadores de que ele foi o primeiro Rei da França, é plenamente justificável.

Pablo Aluísio.

domingo, 17 de dezembro de 2023

Lilith

Lilith
O que é Lilith? Quem foi Lilith? Segundo pesquisas históricas e arqueológicas, a figura de Lilith surgiu na antiga civilização Mesopotâmia. Curioso notar que em suas origens não era ela uma criatura única, um ser do mal chamado Lilith. Na verdade era uma categoria de ser mitológico. Uma estranha e sombria figura que surgia nas madrugadas para levar recém nascidos. Importante frisar que na antiguidade era enorme o número de mortos recém-nascidos, pois a mortalidade infantil era elevadíssima, então os povos daquela época explicavam esses tristes eventos como atos de Liliths, seres alados femininos, com pés de águia, que surgiam na noite para infernizar a vida de jovens casais, levando seus filhos como forma de punir a felicidade alheia. 

Como se trata de uma figura da mitologia antiga logo sua origem foi modificada e adaptada por outros povos. Os judeus, por exemplo, colocaram Lilith na posição de demônio. Não era apenas uma categoria de seres, mas apenas uma única mulher que teria sido a primeira mulher de Adão. Se recusando a servir ao marido como convinha a uma mulher da antiguidade, ela se rebelava, era dona de si, não aceitava ordens e era rebelde. Vendo essa situação logo o Deus Jeová a expulsou do paraíso, a jogou no inferno e arranjou uma nova mulher para Adão que seria Eva. 

Interessante que essa nova versão de Lilith a tornaria muito popular nos dias de hoje, a ponto dela ser um símbolo para o movimento feminista atual, pois seria a mulher dona de seu próprio destino, que não aceitaria mais a opressão do patriarcado. E como a religião judaico-cristã a pintava com tintas de ser das trevas, tudo se encaixaria ainda mais para o símbolo de feminismo desde os tempos da antiguidade, algo bem simbólico que o movimento feminista tanto buscava. Tão popular ela segue sendo que até mesmo em fóruns de internet muitas das jovens feministas e progressistas usam o nickname de Lilith para se comunicar entre si nos fóruns ligados a esse movimento de luta social. 

O mais interessante na história dessa personagem da mitologia antiga é perceber como ao longo dos séculos ela foi mudando de simbologia, sendo atualmente a figura mitológica antiga mais popular. Como produto puramente cultural, pois obviamente não existe demônio nenhum, ela segue sendo usada como símbolo de diversos movimentos ou aspirações, principalmente pelas mulheres mundo afora. Por essa os antigos religiosos não esperavam. 

Pablo Aluísio. 

sábado, 16 de dezembro de 2023

Os Escribas do Velho Testamento

Os Escribas do Velho Testamento
Quem escreveu a Bíblia? Quem são seus autores? A história, a arqueologia e a exegese dos velhos textos já encontraram a resposta. A Bíblia foi escrita por escribas que trabalhavam ora para o sacerdote de Jerusalém, ora para os antigos reis judeus. Dizer que a Bíblia foi escrita pelo Deus Jeová ou foi escrita sob a estrita inspiração de Deus é um conceito puramente teológico. Historicamente, nós temos que ir atrás dos verdadeiros autores desses vários livros que séculos depois foram reunidos em um só, dando origem a Bíblia, tal como a conhecemos atualmente. No mundo antigo, pouquíssimas pessoas sabiam ler e escrever. Estudos afirmam que os primeiros livros bíblicos foram escritos entre 600 a 400 anos antes de Cristo. Saber ler e escrever colocava um trabalhador no topo da elite intelectual de seu tempo. Esses eram os escribas. 

Esses escribas muitas vezes usaram como inspiração para elaboração de seus textos outras tradições religiosas de outros povos da época, como os persas e os babilônicos. É grande a influência da religião de Zaratustra sobre essas histórias mais antigas da Bíblia. Os personagens bíblicos também são de origens diversas. Alguns podem ter tido como base pessoas reais que realmente existiram, pessoas históricas. Mas de modo em geral afirma-se também que a maioria são de pura literatura. 

Moisés seria um dos mais cotados a ser meramente de ficção. Há indícios de um Moisés que criava imagens religiosas, mas esse provavelmente nada tinha a ver com o Moisés dos textos do velho testamento. Ele seria, basicamente, uma criação literária. O povo hebreu, tal como todos os outros povos da antiguidade, precisava também de sua própria mitologia de fundação, de origens daquele povo em questão. E não se pode negar que os escribas fizeram muito bem seu trabalho nesse sentido.

Outro aspecto importante a se considerar é que esses escribas muitas vezes apenas seguiam ordens de seus superiores. E muitas dessas antigas mitologias serviam para pacificar algum conflito social que acontecia naquele momento dentro daquela civilização. Por exemplo, a figura de Abraão. Ele seria apenas um símbolo, um grande patriarca que garantiria a propriedade e posse de terras para um determinado grupo social, deixando de fora os demais. Os filhos legítimos de Abraão teriam direito àquelas terras. Esses eram os judeus. Os descendentes dos filhos bastardos de Abraão não teriam direito de propriedade sobre aquelas terras. Esses formavam o povo árabe. Aliás esse conflito permanece vivo e violento até os dias de hoje, basta lembrar da atual guerra que se trava na Palestina. 

Dessa maneira a mitologia em si, baseada muitas vezes em política do calor do momento e antigas tradições orais, servia para apaziguar um determinado conflito que acontecia naquele momento histórico. Seria essa a origem, a fonte de todos esses textos do velho testamento. Infelizmente nenhum escriba assinou sua obra. Isso não era normal na antiguidade e nem era de interesse de reis e sacerdotes judeus. Com isso se perdeu para sempre o nome desses escritores antigos que eram inegavelmente talentosos em sua arte de escrever. 

Pablo Aluísio.

domingo, 26 de novembro de 2023

Papa Linus

Papa Linus
No decorrer dos séculos muito foi perdido em termos de precisão histórica da Igreja. O Papa Lino foi o segundo Papa da história da Igreja Católica. Foi o sucessor de Sâo Pedro, considerado o primeiro Papa por ter sido o fundador da Igreja de Jesus Cristo. Como grande parte dos escritos originais se perderam nesses séculos pouca coisa segura há para se desvendar sobre esse segundo Bispo de Roma, Lino. Sabe-se que nasceu na Toscana, filho de um homem chamado Herculano. Foi um dos primeiros a se converter ao cristianismo. Na época a nova crença era considerada uma religião perigosa e subversiva pelos imperadores romanos. Há controvérsias se Lino teria conhecido ou andado ao lado de Pedro, mas pode-se afirmar com certeza que ambos viveram no mesmo tempo e na mesma cidade, foram contemporâneos. Como a igreja ainda era uma instituição perseguida não se sabe com precisão quando começou seu pontificado. Não havia documentos escritos para evitar execuções dos líderes do movimento.

Para alguns historiadores porém Lino não seria o único a ostentar o título de Bispo de Roma em sua época. Ao que tudo indica o poder de se levar adiante a palavra de Cristo em um império que a oprimia pertencia a três homens diferentes, Lino,  Anacleto e Clemente. Segundo ainda tradições antigas Pedro teria passado a missão de levar em frente a igreja de Roma diretamente a Clemente, só que esse tinha pouca ambição de ostentar esse título (não se sabe se sua atitude partia de um certo temor de ser morto por autoridades imperiais ou por pura modéstia pessoal). Assim Clemente por ser muito modesto retirou-se logo dessa função. Anacleto por sua vez desapareceu subitamente dos poucos registros que sobreviveram, ficando claro que a partir de determinado momento coube a Lino a condução da Igreja logo após as mortes de Pedro e Paulo.

Não se sabe também com precisão por quanto tempo Lino foi Papa. Há um certo consenso de que ele teria ficado no trono de Pedro por onze anos e oito meses. Apesar da perseguição das autoridades seu pontificado foi considerado pacífico e administrativamente organizado. Ele escreveu um dos primeiros documentos da Igreja, um regulamento que proibia as mulheres cristãs de irem aos cultos sem o véu. Depois que Nero descobriu que Lino era o suposto líder da nova Igreja que nascia, resolveu que ele deveria ser martirizado. Segundo algumas fontes Lino foi morto no ano 78, sob as ordens do cônsul Saturnino. Existe uma lenda que Lino teria feito um exorcismo em sua filha, expulsando um demônio evocando o poder de Jesus.

De qualquer maneira, mesmo sem confirmação histórica precisa, o fato é que o Papa Lino teria deixado uma obra escrita em grego sobre os martírios de São Pedro e de São Paulo, contando também parte de suas histórias. Tal obra teria sido de imensa importância histórica hoje em dia, mas certos estudiosos acreditam que eles sofreram adulterações ao longo da história, sendo os escritos originais perdidos para sempre. A tradicional história do conflito entre São Pedro e Simão, o Mago, teria sido tirado do livro original de Lino. Outra suposição é que os textos teriam sido queimados por autoridades romanas que estavam decididas a destruir o movimento cristão em Roma. Em termos históricos o pontificado de Lino coincide com a invasão e destruição do templo de Jerusálem pelo imperador romano Tito, um fato que causou grande comoção entre os cristãos de Roma. A luta de Lino nos primórdios do cristianismo lhe valeu a canonização. Hoje o Papa é reconhecido pela Igreja Católica como São Lino.

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 18 de setembro de 2020

São Francisco de Assis

"Vês a minha Igreja, Francisco? Está em ruínas! Vá e a reconstrói" - foram essas as palavras que Giovanni di Pietro di Bernardone (1182 - 1226) teria ouvido em uma de suas visões. Jovem, filho de um rico comerciante de Assis, que até aquele momento levava uma vida mundana, Francisco (um nome carinhoso dado a ele por sua própria família por causa de sua admiração pela cultura francesa) resolveu abandonar tudo, riqueza, dinheiro e poder para se dedicar a uma missão que marcaria não apenas sua própria vida, mas a do mundo em geral. Hoje ele é conhecido como São Francisco de Assis, um dos mais populares santos da rica tradição da Igreja Católica, mas naqueles tempos obscuros ele era apenas um jovem que resolveu seguir à risca o exemplo de Jesus Cristo. Adotou a pobreza, a caridade e a castidade como ideais de vida e resolveu transformar sua própria vida em uma demonstração viva do próprio evangelho. Sua pequena ordem foi considerada revolucionária em todos os aspectos. Enquanto os monges da época se enclausuravam em mosteiros de díficil acesso, alienados do mundo, Francisco e seus seguidores adotaram a pregação peregrina, indo a cidades e vilas distantes, levando a palavra e os ensinamentos de Jesus a todos, vivendo da caridade, sem ter qualquer bem material. Também foi pioneiro no carinho pelos animais e demais criaturas terrenas. A pequena ordem que fundou, os Franciscanos, até hoje é um das mais importantes ordens religiosas do mundo. Sua mensagem de paz e simplicidade tocou fundo o coração dos homens e Francisco é nos dias atuais tão importante e atual quanto era no século XIII.

De fato é impossível relatar uma vida tão rica em apenas um filme. Por isso esse "São Francisco de Assis", deve ser analisado com extrema cautela. É de se louvar o esforço do excelente diretor Michael Curtiz (o mesmo de "Casablanca") em dirigir esse épico religioso dessa magnitude no final de sua vida. Foi o último filme inteiramente dirigido por ele (já que no seguinte seu trabalho foi concluído por John Wayne, por causa de seu precário estado de saúde). Não há como negar que o resultado ficou muito bonito e principalmente respeitoso com o eterno legado de Francisco. Michael Curtiz merece todo o reconhecimento por mais um filme muito bom.

Mesmo assim não se poder negar que trechos importantes da vida do santo também foram ignorados ou mudados para se adequar melhor no pequeno espaço de tempo disponível. É um problema sem solução. Como escrevi, é simplesmente impossível captar uma alma tão grandiosa como a desse homem apenas em uma produção. Mas a despeito disso certamente a película merece aplausos. Em termos de elenco eu destaco a participação da atriz Dolores Hart que interpretou Santa Clara. Ao que tudo indica ela foi iluminada pelo doce exemplo de vida de Francisco e abandonou uma carreira promissora em Hollywood para se tornar freira beneditina algum tempo depois. Um exemplo maravilhoso em que a vida imita a arte. No saldo geral "São Francisco de Assis" é um belo épico que se não é completo ou definitivo, pelo menos abre as portas para quem sentir curiosidade em conhecer a fundo a história desse Francesco medieval que ainda hoje inspira milhares de pessoas mundo afora.

São Francisco de Assis (Francis of Assisi, Estados Unidos, 1961) Estúdio: Twentieth Century Fox / Direção: Michael Curtiz / Roteiro: Eugene Vale, baseado na obra de Ludwig von Wohl / Elenco: Bradford Dillman, Dolores Hart, Stuart Whitman, Cecil Kellaway, Finlay Currie / Sinopse: Cinebiografia de São Francisco de Assis, santo católico que nascido em família rica e influente, resolveu abandonar todos os bens materiais para cuidar dos pobres e desamparados. Levando uma vida simples, de extrema pobreza e devoção ao cristianismo acabou fundando uma das maiores ordens religiosas da história, a dos Franciscanos.

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 7 de abril de 2017

Gunpowder

Série: Gunpowder
Episódio: Episode #1.1
Ano de Produção: 2017
País: Inglaterra
Estúdio: BBC - British Broadcasting Corporation
Direção: J Blakeson
Roteiro: Ronan Bennett, Kit Harington
Elenco: Liv Tyler, Derek Riddell, Kit Harington, Peter Mullan, Robert Emms, Thom Ashley
  
Sinopse e comentários:
Minissérie em três episódios produzida pela BBC. O enredo se passa durante o reinado de James I, rei escocês que assumiu o trono inglês por causa de uma eventualidade ocorrida na linha de sucessão do Reino Unido. O principal tema da história é a perseguição religiosa que os católicos sofreram dos protestantes anglicanos naquele período histórico. O Rei em si nem estava disposto a dar início a algo assim, porém influenciado por ministros inescrupulosos e fanáticos, começou a promover perseguições e torturas contra os assim chamados papistas. Um absurdo completo!

Claro que esses primeiros acontecimentos iriam culminar na figura revolucionária de Guy Fawkes, que nesse primeiro episódio ainda é apenas sugerido levemente. Isso apesar do próprio Guy surgir na última cena, esfaqueando um inimigo. Em termos de elenco temos dois nomes que se destacam:  Kit Harington, o Jon Snow de "Game of Thrones" e Liv Tyler, beldade dos anos 90 que andava bem sumida. Aqui ela ressurge já como uma jovem senhora. Como se trata de um produto com o selo BBC não precisa se preocupar em termos de produção. Tudo é do mais absoluto bom gosto, com reconstituição de época perfeita. É uma minissérie realmente acima da média, bem recomendada.

Pablo Aluísio.

domingo, 2 de outubro de 2011

História & Literatura - Edição II

O Barqueiro do Inferno
Esse personagem, segundo historiadores, tem entre 7 a 6 mil anos, desde sua criação original. Ele já era citado no Livro dos Mortos do Egito Antigo. Seria o barqueiro que iria ajudar os falecidos a atravessarem o rio das almas perdidas que ficava entre o mundo dos vivos e o mundo dos mortos. Para realizar essa travessia ele cobrava o valor de duas moedas de prata. Por isso, durante séculos, as pessoas eram enterradas com duas moedas sobre os olhos ou então uma moeda dentro da boca. Era para pagar o barqueiro do inferno.

A mitologia grega deu novos contornos a esse personagem da literatura. Ele ganhou um nome, Caronte, e uma origem. Ele seria na verdade filho de dois deuses, sua mãe era a deusa do caos e seu pai era o deus da escuridão. Ao cair em desgraça com Zeus ele teria sido amaldiçoado. De jovem grego belo e vigoroso, seria transformado em um esqueleto ambulante que passaria a eternidade atravessando os mortos para seu destino final. Ganhou um capuz negro que esconderia sua verdadeira face horrivelmente macabra. Caronte na mitologia grega também ganhou um irmão, chamado Corante, a quem mataria, jogando nas águas vermelhas do rio que atravessava. Por isso se tornaria duplamente amaldiçoado, para todo o sempre.

Séculos depois de sua criação essa estranha figura ainda iria ganhar mais uma releitura, no clássico escrito por Dante Alighieri, A Divina Comédia. Ele seria um dos primeiros personagens a surgir na história do homem que iria até o inferno. Esse barqueiro do inferno, como descrito por Dante, iria entrar definitivamente no inconsciente coletivo da humanidade. E a visão do inferno por Dante também jamais seria esquecida,  a tal ponto que é quase impossível pensar no inferno hoje e não vir à mente as imagens de um lugar em chamas, povoado por demônios e almas em eterno sofrimento. Dante criou o inferno tal como pensamos hoje. E é curioso também perceber que o barqueiro atravessou três grandes religiões, a do Egito antigo, a da Grécia e finalmente a do mundo judaico cristão, sendo também uma das figuras de literatura mais conhecidas do mundo. De certa maneira, Caronte ganhou mesmo a imortalidade, tal como quis Zeus na mitologia grega.

O Faraó Akhenaton e o Deus único
O Faraó Akhenaton está presente, mesmo que de forma indireta, nas maiores religiões monoteístas do mundo em que vivemos. E poucos percebem isso. Ele foi o primeiro grande líder religioso da história - na época o Faraó era não apenas um líder político, mas igualmente um líder religioso - a sustentar a crença em apenas um único Deus. De certa maneira Akhenaton criou o monoteísmo, tal como conhecemos. Nesse aspecto concordam todos os historiadores e arqueólogos modernos. Ele foi, ao seu modo, um Faraó bastante revolucionário em seu tempo.

A religião antiga era povoada de muitos deuses e deusas. Dezenas deles, cada um com sua próprias características divinas. Algo que as religiões da Grécia e da Roma antiga iria herdar. Só que o Faraó Akhenaton pensava diferente. Ele acreditava que havia apenas um único Deus que havia criado todas as coisas e todo o universo. Em um tempo primitivo como aquele ele associou essa entidade divina única ao Sol. Sim, sem o Sol não haveria vida. As plantas não cresceriam, o Rio Nilo não teria suas temporadas de cheia, tornando fértil os campos ao seu redor. Assim se havia um deus apenas, esse seria o Deus Sol. Todos os demais deuses não existiam. Eram apenas criações humanas.

Claro que essas ideias escandalizaram a classe sacerdotal que basicamente vivia das ofertas aos muitos templos que existiam no Egito. Cada um templo era dedicado a um deus do Egito antigo. Com as novas crenças do novo Faraó todo esse sistema era colocado em dúvida. Não tardou para que o clero da época considerasse Akhenaton um maldito, um Faraó herege e amaldiçoado. Esse duelo de teologias levaria o Faraó e seu deus Sol ao banimento no Egito, porém as sementes estavam lançadas, para sempre na história da humanidade. O povo judeu, que vivia como escravo no Egito, adotou essa forma de pensar. E eles também passaram a acreditar na existência de apenas um Deus, claro o seu Deus e não o Deus Sol de Akhenaton. As bases da crença monoteísta, que faz parte da colunas das maiores religiões do mundo atual, foram erguidas por esse singular Faraó do mundo antigo. Quem diria...

Os Arquivos Secretos Russos sobre Hitler
Recentemente os russos admitiram que possuem dois fragmentos que são os últimos resquícios dos restos mortais do ditador nazista Adolf Hitler. Se trata de parte da mandíbula, com dentes preservados e um pequeno fragmento de seu crânio. Os russos investigaram a fundo os últimos momentos do ditador nazista e traçaram um quadro de seus últimos momentos de vida. Como se sabe Hitler se matou quando os Soviéticos invadiram Berlim.

Nos arquivos os agentes russos da época não chegaram a uma conclusão definitiva. Eles não souberam precisar como o líder nazista alemão havia morrido. Havia duas hipóteses. A primeira é que ele teria tomado uma cápsula de cianureto. A segunda dizia que ele teria dado um tiro na cabeça. Depois de morto seu corpo foi levado para fora do bunker onde ele se escondia. Alguns oficiais do exército jogaram gasolina em cima e tocaram fogo. Nesse mesmo lugar uma bomba cairia depois. Quando os russos chegaram havia pouco de seu corpo a recuperar.

Hitler não queria que seu corpo fosse exibido como um trófeu pelos russos. Por isso decidiu que não deveria sobrar nada. Porém sobrou pequenos vestígios de seus restos mortais. Esses foram levados para Moscou e ficaram anos classificados como "arquivo secreto", sem acesso por outras pessoas que não fossem autorizadas pelas autoridades soviéticas. Só em 2008 esses restos mortais foram disponibilizados a cientistas e pesquisadores internacionais. Os testes foram conclusivos. Eles pertenciam mesmo ao ditador nazista. Foi tudo o que sobrou de seu III Reich, que deveria, na visão dos seus seguidores, durar mil anos. 

Lilith, primeira esposa de Adão ou demônio?
Alguns textos antigos trazem a lenda de Lilith. E quem seria essa mulher? Para uma linha do judaísmo mais antigo e envolvido no misticismo, Lilith era na verdade a primeira mulher de Adão, anterior até mesmo ao surgimento de Eva. Lilith nasceu tal como Adão, foi criada da mesma forma que Adão. Já Eva teria nascido de sua costela. Por essa razão Adão teria usado a expressão "Essa sim é carne da minha carne e ossos dos meus ossos". Se Eva era carne de sua carne, então Lilith teria surgida de outra maneira. Criada tal como Adão no começo da humanidade, em seus primórdios.

Em textos judaicos surgidos por volta do século VII, Lilith tem sua história completa contada. Ela teria sido sim a mulher de Adão, a sua primeira mulher. Porém ela tinha uma personalidade rebelde. Quando ia fazer sexo com Adão só aceitava ficar por cima. Era desobediente e dona de si. Por essa razão Adão a baniu do paraíso. Lilith então teria se transformado em um demônio. Perceba que a história dessa personagem corrobora e muito com a visão de que Lilith teria sido a primeira feminista da história.

Já em sua segunda encarnação como demônio, Lilith passaria a matar crianças no berço, como uma forma de vingança, de ira com o que teria lhe acontecido no passado. Artefatos antigos encontrados em Israel, datando de séculos no passado confirma que o povo judeu antigo tinha essa crença. Eram objetos de natureza religiosa e mística, contra a presença de Lilith nos quartos das crianças de berço.

Hoje em dia historiadores da religião antiga acreditam que Lilith foi uma deusa antiga, provavelmente adorada por povos que viviam na Mesopotâmia. Sua tradição teria chegado ao povo hebreu e aí recebeu uma nova conotação, inclusive com novas origens, etc. E de fato antigos deuses geralmente acabavam virando demônios dentro da literatura produzida na religião judaica. Era uma forma de impedir que fossem adorados como deuses dentro seio do povo judeu. 

A batalha de Stalingrado
Recentemente assisti, pelo Youtube mesmo, um documentário sobre a sangrenta Batalha de Stalingrado. É um documentário em 3 partes, cuja oportunidade só tive de ver 2, logo a primeira e a última parte. Na parte 1 acompanhamos as ordens de Hitler para que o sexto exército alemão tomasse de todas as formas a cidade de Stalingrado. Qual seria a razão? Pelo simples motivo da cidade trazer o nome de Stálin. Sim, um mero capricho de Hitler. Ele acreditava que ao tomar a cidade a moral de suas tropas iriam elevar-se. Bobagem.

Os alemães chegaram com 300 mil militares nas portas da cidade soviética. Inicialmente acharam que seria uma vitória fácil. Em 1 semana tomariam a cidade. Erraram feio. Não apenas os soldados do exército vermelho que estavam na cidade lutaram bravamente, como também os civis. Foi uma batalha de muitas baixas de ambas as partes. Uma daquelas batalhas de se lutar porta a porta, casa a casa, ruela por ruela. Os russos colocaram franco atiradores nos altos dos prédios. Esses miravam nas cabeças dos militares do III Reich. Foi um massacre.

Os soldados nazistas tiveram uma péssima surpresa. Primeiro pela morte de 200 mil homens na luta de guerrilha violenta de Stalingrado. Depois quando os 100 mil sobreviventes do exército de Hitler descobriram que havia 1 milhão de soldados russos os cercando. Eles tinham chegado da Sibéria com gosto de gás. O resultado? Os alemães ficaram presos em um lugar que chamaram de "o caldeirão". Os russos vieram por trás e os dizimaram, sem dó e nem piedade. No final da batalha de Stalingrado, dos 300 mil homens da Alemanha, apenas seis mil retornaram para casa. 294 mil soldados e oficiais do III Reich foram mortos e jamais voltaram dessa sangrenta e inesquecível batalha que foi considerada a primeira grande derrota de Hitler na II Grande Guerra Mundial.

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Zelota - A Vida e a Época de Jesus de Nazaré

Nesse fim de semana terminei a leitura do livro "Zelota - A Vida e a Época de Jesus de Nazaré" do autor iraniano Reza Aslan. Apesar de sua origem, de formação muçulmana, o escritor foi logo cedo morar nos Estados Unidos onde se tornou cristão. Na verdade, como ele próprio confessa no livro, jamais sua família foi muito religiosa, apesar de terem nascido no Irã, um dos berços do radicalismo fundamentalista islâmico. Como cristão ele se apaixonou pela história de Jesus Cristo e quando entrou para a universidade resolveu ir atrás do Jesus histórico e não apenas do Jesus dos evangelhos. Durante anos pesquisou fontes históricas imparciais sobre Jesus e desse estudo nasceu o livro.

Para Aslan o Jesus histórico foi de certa maneira muito diferente do Jesus que chegou até nós. Segundo sua teoria o Jesus da Bíblia é de certa maneira uma criação de Paulo, um judeu de formação helenista que não chegou a conhecer Jesus pessoalmente. Para reforçar sua tese Aslan disseca o mundo político e social em que Jesus viveu e as influências do meio em sua vida. Para o escritor o Jesus real da história tem muito mais a ver com o Messias tradicional pelo qual os judeus há tanto esperavam. E qual era esse Messias? Certamente não era aquele que vinha para divulgar a paz e o amor de Deus entre os homens, mas sim o revolucionário que almejava a expulsão dos romanos da Judeia. E foi por essa razão que o escritor resolveu chamar o livro de Zelota, pois esse foi um movimento religioso político muito importante naqueles tempos. O próprio Jesus seria assim, ele mesmo, uma espécie de  Zelota, alguém que primava pelo Zelo da fé judaica, pelas tradições religiosas de seu povo judeu e pelo Templo. Nada muito além disso.

Aslan assim enxerga o surgimento desse outro Jesus, o do pacifista e do Deus encarnado. Para ele essa foi uma criação dos escritos de Paulo, algo que entrou em choque frontalmente com os primeiros cristãos liderados por Tiago, o Justo, que seria supostamente o irmão de Jesus, também filho de Maria. O autor defende a tese que após a morte de Jesus a chamada igreja primitiva ficou em Jerusalém, comandada e chefiada por Tiago e os demais apóstolos que ainda estavam vivos (entre eles, Pedro). Essa era chamada de assembleia mãe, por ser formada basicamente pelas pessoas que andaram ao lado de Jesus. Quando Paulo começou a pregar e escrever sobre Jesus, criando assim a figura do Cristo, a igreja primitiva de Jerusalém logo entrou em conflito com ele. Havia muitas discordâncias entre os primeiros cristãos, principalmente sobre a real importância de Jesus e a essência de sua mensagem. Paulo tinha uma visão helenista pois escrevia para o mundo grego e romano, para os gentios, enquanto Tiago, Pedro e os primeiros seguidores de Jesus (chamados de hebreus), queriam que a mensagem de Jesus se enquadrasse completamente dentro dos princípios do judaísmo tradicional.

Com a destruição do templo de Jerusalém e a morte de milhares de judeus (entre eles praticamente toda a igreja primitiva dos que andaram ao lado de Jesus) a visão de Paulo enfim se tornou vitoriosa sob o ponto de vista histórico. A pergunta que o autor Aslan então debate é: essa visão teve realmente algo a ver com o verdadeiro Jesus histórico? Citando documentos antigos, trechos da bíblia e estudos acadêmicos, o escritor quer deixar claro em seu livro que há sim uma grande diferença entre o galileu que andou e pregou na Judeia dominada pelos romanos e o Messias que emerge do Novo Testamento. O primeiro teria sido um revolucionário de fato, que queria a expulsão do invasor romano da terra santa enquanto o segundo seria uma adaptação Paulina onde seu fervor nacionalista teria sido amenizado para surgir no lugar um pregador de um mundo mais abstrato, o chamado Reino de Deus, que nada teria a ver de fato com o Império Romano.

O leitor católico deve ler esse livro com uma certa reserva. Sua tese histórica é bem elaborada, porém não me convenceu plenamente. O escritor força a barra muitas vezes, tentando manter sua tese de pé baseada muitas vezes apenas em suposições ou argumentações que nunca foram comprovadas sob o ponto de vista da história. Embora haja referências da antiguidade sobre Jesus, como Josefo que se refere a "Tiago, irmão de Jesus, a quem chamam de Messias" (a mais antiga citação histórica sobre Jesus de Nazaré), o fato é que o evangelho ainda segue sendo a principal fonte sobre a vida e a obra de Jesus. Não adianta ficar discutindo se houve ou não julgamento de Jesus perante Pilatos ou se Jesus era na verdade um mágico que enganava as pessoas. Isso jamais será provado historicamente. A vida de Jesus Cristo está tão intimamente associada a uma convicção religiosa que sempre será uma questão de fé! Como um historiador moderno poderá discutir de forma histórica o advento da ressurreição de Jesus? É simplesmente impossível. Por isso eu até recomendaria o livro para aquele que deseja saber mais sobre o quadro político histórico e social do mundo em que Jesus viveu, mas certamente não indicaria para quem está atrás do Jesus da fé, do coração de cada cristão devoto.

Pablo Aluísio. 

domingo, 28 de agosto de 2011

10 Curiosidades da Guarda Suíça

A Guarda Suíça - Um dos símbolos do Vaticano é a Guarda Suíca, o grupo militar que protege o Papa quando ele está dentro dos portões do Vaticano. A Guarda Suíca está ao lado do Papa desde o ano de 1503. Aqui vão algumas curiosidades sobre ela:

1. Os membros da Guarda Suíça são celibatários? Para os oficiais da Guarda Suíça essa não é uma exigência, porém para ser escolhido a fazer parte como soldado da Guarda Suíça é necessário que se seja solteiro e não comprometido.

2. Qual é o contingente da Guarda Suíça?
A Guarda Suíça é considerado o menor exército do mundo com apenas trinta e um oficiais e setenta e oito soldados. Todos eles precisam fazer juramentos de que defenderão o Papa e os cardeais com suas próprias vidas, até a morte.

3. Quem criou o uniforme da Guarda Suíça?
Foi o próprio Michelangelo, seguindo ordens estritas do Papa da época. O artista assim procurou por uma bela harmonia de cores, tal como se fosse um quadro ou uma pintura. O resultado final ficou extremamente belo. A tradição de manter o mesmo uniforme mesmo após séculos de sua criação remete ao que ocorre com a Guarda Britânica da realeza que também preferiu manter a mesma vestimenta, sem mudanças.

4. Qual é a origem da Guarda Suíça?
No século XV eles formavam um grupo mercenário que vendia suas habilidades militares para os nobres europeus que pagassem melhor. Depois resolveram defender o papado pois todos eram católicos e tinham afinidades com a liga católica. Em 1503 a Guarda chegou ao Vaticano pela primeira vez. Três anos depois foram oficializados como guardas pessoais do Papa em Roma, ligação que dura até os dias de hoje.

5. Qual é a língua falada pelos membros da Guarda Suíça?
Embora o Latim seja a língua oficial do Vaticano, os oficiais e guardas falam o alemão. Ordens e documentos da Guarda Suíça são escritos nessa língua, uma tradição que também foi mantida.

6. Desde sua chegada no Vaticano a Guarda Suíça foi dissolvida em algum momento?
Sim, durante as guerras napoleônicas a Guarda Suíça foi oficialmente dissolvida pelo Papa Pio VI. Acontece que ele estava feito refém do imperador Napoleão Bonaparte. Sabendo que não havia como lutar contra o numeroso exército do imperador francês a Guarda Suíça foi dissolvida para evitar a morte de todos os seus membros. Quando Napoleão foi derrotado pelos ingleses eles voltaram a se unir em defesa do Papado.

7. O Que determinou o Papa Pio XII à Guarda Suíça quando Roma foi ocupada pelos nazistas?
Durante a II Guerra Mundial os nazistas entraram em Roma. Os membros da guarda suíça estavam preparados para defendê-lo até a morte, mas o Papa preferiu agir com bom senso determinando que eles não derramassem sangue dentro dos muros do Vaticano.

8. Quais são os requisitos para se fazer parte da Guarda Suíça?
Os aspirantes a entrar na Guarda Suíça precisam ser do sexo masculino, estarem com boa saúde física e mental, terem no mínimo 1.74 de altura, católicos, com curso completo de ensino médio (no mínimo). Além disso precisam ser solteiros, terem boa reputação social e nenhuma condenação criminal (ficha limpa). Por fim precisam estar na faixa etária entre 18 a 30 anos. Um requisito muito importante é também terem tido algum tipo de treinamento militar, de preferência no exército suíço.

9. A Guarda Suíça tem alguma ligação histórica com os Cavaleiros Templários?
Uma velha lenda dizia que a Guarda Suíça teria sido formada por remanescentes dos cavaleiros templários, mas essa lenda não tem bases históricas sólidas. Na verdade a única ligação entre os dois grupos vem da Suíça, pois foi para lá que os sobreviventes dos Templários fugiram quando sua ordem foi dissolvida pelo Papa. Essa porém é apenas uma coincidência histórica e nada mais.

10. A Guarda Suíça já lutou fora do território do Vaticano?
Sim, no século XVI o Papa Pio V enviou a Guarda Suíça para lutar contra os turcos muçulmanos que ameaçavam os reinos cristãos. Os bravos soldados da Guarda Suíça venceram a batalha, mesmo estando em um número menor em termos de soldados.

Pablo Aluísio. 

sábado, 27 de agosto de 2011

Davi: a vida real de um herói bíblico

A onda de revisionismo histórico tem acertado em cheio muitos personagens bíblicos. Recentemente tivemos "Zelota", um livro que coloca em dúvida a verdadeira natureza de Jesus de Nazaré. Nas páginas de sua tese o Jesus da história nada teria a ver com o Jesus do Novo Testamento. Ele teria sido um Messias revolucionário que almejava a libertação de Israel da dominação romana. Nada a ver com o Messias do Amor, o verdadeiro Deus Cristo encarnado na Terra. Polêmico o livro, não conseguiu me convencer em suas teorias revisionistas.

Agora temos um outro título que segue nessa mesma linha. "Davi: a vida real de um herói bíblico" de Joel Baden, tenta provar que o Davi histórico, o Rei dos Judeus em sua era de glórias, não foi o mesmo personagem que é mostrado nos livros do Velho Testamento. O autor chega ao ponto de defender a tese de que todos aqueles livros teriam sido escritos com o único objetivo de servir de propaganda política de um Rei que na verdade era sanguinário, despótico, violento e egocêntrico. Um verdadeiro monstro psicopata e assassino, bem longe do Davi aclamado e amado dos livros bíblicos.

Para isso Baden deixa pouca pedra sobre pedra sobre o mito de Davi. Isso vem inclusive das próprias origens do Rei Davi. Por exemplo, esqueça a lendária mitologia que o pequeno e frágil Davi teria matado o gigante Golias. Para o autor dessa obra isso jamais existiu historicamente. Tampouco devemos acreditar na ascensão do Rei Davi como um ato de Deus. Para Baden o Davi real, da história, conspirou para a morte do Rei Saul. Ele teria tido participação direta em seu assassinato. Isso soa extremamente desconfortável não apenas para judeus, mas para cristãos também, uma vez que o texto bíblico afirma que o próprio Jesus teria descendência familiar com o Rei Davi. Como suportar a ideia então de que Jesus e Maria teriam descendido de um assassino louco e ganancioso, que não se importava em matar todos os que estivessem em seu caminho rumo à riqueza, poder e venerações quase divinas?

As mesmas críticas que escrevi sobre "Zelota" também podem ser repetidas sobre esse livro. O fato é que apesar dos títulos do professor Joel Baden, ele pouco pôde contar em termos de material de estudo, já que as fontes históricas mais antigas sobre o Rei Davi vieram das páginas da própria Bíblia. Praticamente inexistem outras fontes históricas do reinado de Davi. Sem outra fontes tão antigas, ele simplesmente caiu no vale da pura especulação e achismo. O fato é que assim como aconteceu com Jesus não existem muitas fontes históricas independentes sobre o Rei Davi. Isso é tão óbvio que algumas décadas atrás surgiram até mesmo historiadores duvidando de sua própria existência histórica real. Com isso Baden presume muita coisa, levanta teorias de pura especulação, baseadas em nada palpável ou objetivo. Assim o professor de Yale acabou caindo numa armadilha perigosa - a da pura e simples especulação em torno de um personagem histórico, real. Isso definitivamente também não é ciência, apenas muita conversa fiada jogada fora.

Pablo Aluísio.

Maria Madalena

Maria Madalena é uma das figuras mais emblemáticas dos evangelhos. Ela está nas narrativas sempre ao lado de Jesus, mesmo nos momentos mais terríveis. Ela é uma das mulheres identificadas ao pé da cruz enquanto Jesus era morto e torturado pelos soldados romanos. Certamente foi um conforto para o próprio Jesus saber que Maria Madalena não o havia abandonado, pois estava presente, trazendo conforto e exemplo para Jesus no momento mais dramático de sua vida. Ele não estava sozinho pois Maria e outras mulheres estavam ao seu lado nos últimos momentos. E talvez também por ter tido essa coragem ela tenha sido uma das primeiras pessoas a verem Jesus ressuscitado, glorioso, além da morte.

Mesmo sendo uma figura tão central muitas dúvidas ainda existem sobre a Maria Madalena da história. Poucos detalhes de sua vida, origem ou história pessoal são revelados pelos evangelhos. Uma das pistas vem justamente de seu nome. A palavra Madalena determinava sua origem. Era comum na antiguidade, onde a maioria das pessoas não tinham sobrenome, o uso de uma palavra que indicava sua origem para diferenciá-la de outros nomes iguais. Assim Maria Madalena significa Maria, que vinha da cidade de Magdala. Mas quem era ela? O que fazia para viver? O que aconteceu com ela após a morte de Jesus? E uma questão que tem sido muito levantada nos últimos anos: Maria Madalena foi realmente a esposa de Jesus?

O Papa Gregório, o Grande, não tinha também muitas respostas para essas perguntas, mas a associou a uma mulher que surge nos evangelhos, a de uma prostituta a quem Jesus teria prometido salvação eterna caso ela deixasse os pecados para trás. A questão é que essa foi uma interpretação bem pessoal do Papa uma vez que os quatro evangelhos ao contarem esse mesmo evento, jamais dão um nome a tal mulher e nem tampouco a associam a Maria Madalena. Sobre ela tudo o que sabemos é que estaria possuída por sete demônios que foram expulsos por Jesus. Após isso ela teria seguido os passos de Jesus Cristo em sua missão de evangelizar e pregar a palavra de Deus a todos os homens.

Maria parece estar sempre presente ao lado de Jesus nos momentos mais importantes da Bíblia. Sua influência e importância era tamanha que chegou a despertar os ciúmes de Pedro. Após a crucificação de Jesus ela foi até a tumba de seu senhor para os preparativos de seu luto. Ao chegar lá encontrou a pedra de sua tumba deslocada. O corpo havia sumido. Inicialmente Maria pensou que o corpo de Jesus havia sido roubado. Ela se lamentou profundamente por isso, pois havia levado todos os elementos necessários para as últimas homenagens ao seu mestre. Onde estavam os demais apóstolos? Tinham se dispersados.

Ela acabou olhando para fora de tumba e encontrou um homem misterioso, parcialmente escondido sob um capuz, a quem pensou inicialmente ser o jardineiro. O homem então olhou para ela e a chamou pelo nome: "Maria!" E então ela finalmente o reconheceu. Era Jesus! O seu mestre havia ressuscitado. Ela tentou abraçá-lo, mas Jesus disse: "Não estou pronto ainda para ser abraçado!". Assim Maria foi a primeira pessoa a ver Jesus ressuscitado, algo incrível e maravilhoso que demonstrava como Maria Madalena era importante para o próprio Jesus de Nazaré.

Um dos mistérios que a cercam porém é que depois da ressurreição e de ter presenciado esse momento maravilhoso ela simplesmente sumiu dos registros históricos, inclusive da própria igreja recém fundada. Nesse ponto o destaque começa a se desviar para Pedro, o primeiro Papa. O que aconteceu com Maria? Até hoje é um grande mistério. Em 1896 um antigo livro que estava perdido há séculos na biblioteca de Berlim se revelou como o "Evangelho de Maria". Para estudiosos esse livro do século II era atribuído não a Maria, mãe de Jesus, mas sim a Maria Madalena. Era mais um novo evangelho apócrifo que surgia das areias do tempo.

O livro original ainda existe em parte e está na Alemanha. Nesse Evangelho Maria conta tudo o que aconteceu após a ressurreição de Jesus. Ela escreve que foi até Pedro e os demais apóstolos para contar que viu Jesus e que encontrou até mesmo certa resistência por parte de Pedro. Ela deixa claro que era uma das líderes da igreja primitiva e que teria sido a primeira seguidora. Seu papel de mulher porém teria encontrado uma forte oposição entre os primeiros cristãos. Verdade ou pura ficção?

Estudiosos acreditam que o Evangelho de Maria não pode ser creditado a ela. O estilo e a forma de escrita era própria do século II, quando Maria já havia falecido. Mesmo assim o texto é bem revelador pois traz uma luz sobre Maria após a morte e ressurreição de Jesus. Embora seja algo especulativo alguns afirmam que Maria Madalena teria sido uma mulher bem mais velha que Jesus e os discípulos, que teria bens materiais e que por essa razão teria sustentado os primeiros cristãos com sua riqueza. Por essa razão ela também não teria vivido muito mais anos do que Jesus.

Por fim vale a pena também citar uma outra lenda antiga sobre Maria Madalena. Essa lenda inclusive acabou servindo de fonte para o best seller "O Código Da Vinci". Essa lenda medieval afirmava que Maria Madalena teria ido embora de Jerusalém após a crucificação e ressurreição do Messias. Queria proteger uma pessoa muito especial, o próprio filho natural de Jesus. Assim ela zarpou rumo à costa da França. Essa criança teria dado origem à dinastia dos Reis Carolíngios. Essa segunda lenda foi desmentida em parte. Isso porque segundo o conto original Maria Madalena teria levado seu filho para a França e lá ele teria dado origem a uma geração de reis que reinaram pela França por séculos. O problema é que para testar a verdade dessa lenda vários exames de DNA foram feitos nos restos mortais de alguns desses monarcas e nenhum traço de DNA do Oriente Médio foi encontrado em seus códigos genéticos. Assim a velha estória de que os Reis Carolíngios tinham sangue sagrado de Jesus correndo em suas veias era simplesmente uma lenda medieval e nada mais.

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 26 de agosto de 2011

A Oração Noturna

Vejo muitas pessoas tomando pílulas para conseguir dormir. Realmente deitar a cabeça no travesseiro para desfrutar de uma tranquila noite de sono parece ser um terrível momento para os que não conseguem relaxar, descansar a mente. Pior acontece com os que estão com a consciência pesada por algo ruim ou negativo que fizeram ao longo do dia. Na minha opinião não é necessário se encher de receitas médicas, tomar várias drogas pesadas, para fechar os olhos e ter uma noite de paz e repouso.

Uma solução para esse problema de insônia? Ore! Claro que muitos vão achar isso tão simplista como bobo! Respeito a opinião de quem pensa assim, embora obviamente não concordo em nada com ela. A oração tem um poder muito grande sobre a nossa mente. Relaxa, tranquiliza, traz paz. A oração noturna então é essencial para termos uma noite de encontro verdadeiro com Deus. Para os que não acreditam nisso recomendo que leiam alguns estudos realizados por universidades americanas que demonstram que a mente de pessoas que acreditam, que possuem e exercitam algum tipo de fé, são mais tranquilas, menos ansiosas e desesperadas do que as dos céticos e ateus convictos. A crença religiosa traz paz ao coração daquele que verdadeiramente acredita nela.

E como se deve orar? Acredito que a regra de ouro venha da sinceridade de coração. Você deve orar com o coração aberto, acreditando, tendo fé e pedindo desculpas a Deus pelos erros cometidos. Arrependimento sincero conta muito nessa linha de comunicação que você vai abrir ao divino. Muitas pessoas gostam de rezar o terço antes de dormir, e isso é muito bom. Caso não seja o seu caso, aconselho que reze uma Ave Maria e um Pai Nosso com respeito e devoção. Peça que Maria abençoe sua noite, que lhe traga paz durante seu sono e que afaste todo e qualquer entidade negativa de sua vida e de seu leito.

Peça também a Maria que abençoe sua família, seus entes queridos que já faleceram e que dedique uma Ave Maria em nome das almas que estão no purgatório e que sofrem por não terem mais quem reze por elas - essa aliás foi uma recomendação direta de Nossa Senhora em sua aparição de Fátima. Depois deite-se e sinta-se em comunhão com Deus e os santos. Isso traz um conforto tão imenso para seu leito que, tenho certeza, o sono tranquilo e de paz chegará com a graça de nossa mãe, Maria! 

Pablo Aluísio.

A Queda dos Cavaleiros Templários

A Ordem Católica dos Cavaleiros Templários foi uma das mais poderosas e influentes da Idade Média. Seus membros eram respeitados e admirados por toda a Europa e Oriente Médio. Cabia aos cavaleiros proporcionar segurança e proteção a todos os cristãos que desejassem viajar até a Terra Santa, uma região dominada até então pelos islâmicos. Com o tempo os Templários se tornaram extremamente ricos e poderosos, a ponto de seu poder rivalizar até mesmo com o Papa e a Nobreza da Europa. Isso explica em grande parte porque caíram em desgraça.

Havia um jovem herdeiro ao reino francês chamado Felipe, o Belo. Embora ele fosse o futuro rei de uma das monarquias mais poderosas da Europa Medieval ele tinha um sonho desde que era criança: se tornar ele próprio um cavaleiro templário. Isso era até fácil de entender já que os membros da ordem eram vistos como verdadeiros heróis pelos mais jovens. A chegada de um regimento templário numa cidade era motivo de grande excitação e festa. Além de serem guerreiros eles eram também monges católicos. Poucos naquela época tinham a primazia de aliar a força da espada com a religiosidade cristã. Eram verdadeiros super heróis dos tempos medievais.

Felipe então se empenhou muito por anos para ser aceito na ordem. Ele treinou táticas de guerra e sobrevivência. Se tornou muito hábil no manejo de armas de guerra, ao mesmo tempo em que estudou afinco as escrituras sagradas. No dia de seu teste para entrar na ordem porém tudo deu errado. Os Templários eram extremamente éticos e honestos e o rejeitaram. Não importava que fosse um Rei. Ele simplesmente não passou nos testes e por isso foi reprovado nos testes físicos e de combate. Isso devastou o jovem monarca. Um sentimento de raiva tomou conta de sua alma e ele prometeu se vingar da humilhação que havia passado.

Alguns anos depois o agora Rei Felipe IV encontrou a chance de se vingar. Ele percebeu que o quadro político se mostrava cada vez mais desfavorável aos cavaleiros templários. Eles tinha um código de ética próprio, secreto e isso atiçou Felipe a usar uma intensa campanha contra a Ordem. Ele ficou extremamente irritado quando sua sugestão de que os Templários fossem unidos a outra ordem foi rejeitado pelo grupo. Assim começou uma campanha de difamação e calúnia contra todos os cavaleiros. Espalhou mentiras que afirmavam que os membros da Ordem faziam estranhos rituais, cuspindo na cruz e em objetos sagrados. O depoimento comprado de uma testemunha que havia sido expulsa da Ordem piorou ainda mais o quadro. Felipe espalhou aos quatro cantos do Reino da França que eles eram hereges e amaldiçoados. Aconselhado por seu Grão-Vizir, Felipe via nas acusações a oportunidade de também colocar as mãos na imensa riqueza da Ordem Templária. O Estado francês estava quebrado e ele precisava de dinheiro. Ele já havia promovido uma perseguição brutal contra judeus, ficando com suas fortunas e agora repetia a tática contra os Templários.

Numa Sexta-feira 13 de outubro, Felipe IV mandou prender todos os cavaleiros templários que estivessem em solo francês. Eles foram imediatamente presos, cercados, torturados e mortos. A principal acusação (falsa) era a de bruxaria. Sob torturas alguns confessaram crimes que jamais tinham cometidos. Espancados, foram soltos para fugirem imediatamente. Os que se recusaram a admitir culpa, mesmo sob forte tortura, foram queimados vivos em praça pública sob ordens diretas de Felipe. O Papa Clemente V nada pode fazer. Ele devia favores ao Rei, estava encurralado politicamente e por isso resolveu lavar as mãos para tudo o que estava acontecendo. Em 22 de março de 1312 o Papa declarou oficialmente extinta a Ordem dos Cavaleiros Templários, encerrando um dos capítulos mais interessantes da história da Igreja Católica.

Pablo Aluísio. 

quinta-feira, 25 de agosto de 2011

A Importância da Idade Média Cristã

Muitos historiadores gostam de qualificar a Idade Média como a Era das Trevas, um período obscuro e mal visto por muitos atualmente. Essa visão é um equívoco. Lendo o livro "Ascensão e Queda das Grandes Potências" de Paul Kennedy podemos perceber o quão simplista e vazia é essa ideia. O autor demonstra que foi justamente na Idade Média que começou a se esboçar o sucesso da Europa como potência militar e econômica tal como conhecemos hoje.

Para muitos a Idade Média seria apenas uma época de transição, com muita descentralização política, relações servis de trabalho e fanatismo religioso. O grande erro é não entender que isso acabou gerando também avanços incríveis para o continente europeu fazendo com que a Europa superasse o Oriente Médio e a China em termos de desenvolvimento social e econômico. Quando a Idade Média chegou ao fim a Europa estava pronta para literalmente dominar todo o mundo.

Quer um exemplo? A descentralização política entre os povos europeus levou a uma acirrada competição entre os reinos e feudos. Cada um deles procurava se sobrepor aos demais, criando armas melhores, táticas de guerra mais sofisticadas. Isso obviamente levou ao desenvolvimento da ciência e conhecimento que era usado para melhorar as invenções. Se o poder político fosse monolítico, centralizado, esse tipo de avanço não teria acontecido. Tudo ficaria estagnado como acabou ocorrendo com o império chinês, por exemplo. Em pouco mais de dois séculos os europeus tinham os melhores exércitos, os mais bem armados e com as melhores táticas de guerra, além das descobertas científicas que foram usadas para essas melhorias. A competição levou ao desenvolvimento.

A religião que muitas vezes é usada como aspecto negativo da Idade Média também teve função extremamente importante. O senso de pertencer a uma só crença (o cristianismo com a Igreja Católica) levou os europeus a criarem um senso cultural extremamente forte e coeso. Os mosteiros também tiveram grande importância em preservar as obras clássicas. Os monges, letrados e cultos, copiavam tratados jurídicos e obras da literatura por séculos afim, pois ainda não existia as técnicas de impressão em massa. Isso preservou a cultura da Europa que seria usada para organizar a sociedade e criar técnicas de combate e organização social. Assim criticar a Idade Média baseada apenas em puro achismo é um erro primário. Deve-se também ver que foi justamente nesse período histórico que começou a surgir as grandes nações da Europa que em pouco tempo iriam dominar praticamente todo o mundo conhecido.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 23 de agosto de 2011

Abraão, o Grande Patriarca

No Velho Testamento alguns nomes se destacam nas narrações bíblicas. Um deles é justamente o do grande patriarca, Abraão. Historicamente é muito complicado determinar a época exata em que viveu, mas estudiosos acreditam que provavelmente Abraão tenha vivido entre oito a até dez séculos antes de Cristo na região da atual Turquia, seguindo depois para as terras que hoje pertencem a Israel, onde veio a morrer. Seu nome é muito associado ao fato de ter sido o patriarca dos dois maiores povos do Oriente Médio, o povo judeu e o povo árabe. Também é o pilar das três grandes religiões monoteístas da história, o judaísmo, o cristianismo e o islamismo. Mesmo com tanto importância a ciência da arqueologia ainda não conseguiu encontrar traços de sua existência histórica. Grande parte de sua vida nos chegou através das escrituras. Dentro da Bíblia a existência de Abraão é das mais antigas. Ele seria descendente direto do primeiro homem, Adão, e também de Noé, o mesmo que teria salvo a humanidade da extinção completa por ordens de Deus ao construir sua grande arca. Por ser historicamente tão remoto não é de se estranhar que seja completamente difícil achar traços arqueológicos de sua vida.

Abraão começou a vida de forma humilde, tentando sobreviver em um tempo muito primitivo ainda - para ser ter uma ideia da antiguidade de Abraão é bom saber que nem sequer existia em sua época a cidade milenar de Jerusalém. Ele é anterior inclusive a Moisés que para Jesus parecia tão antigo e distante como os faraós do Egito são para nós atualmente. Pois bem, na época de Abraão uma das únicas maneiras de se prosperar era através do comércio das enormes caravanas que atravessavam os grandes desertos do Oriente Médio, geralmente rotas de comércio que iam e vinham do Egito antigo (o profeta Maomé do Islã também foi um mercador de caravanas pelas areias do deserto). Por essa razão a maioria dos povos dos tempos de Abraão eram nômades que não se fixavam em um lugar determinado. Esse aspecto também parece ter sido muito importante na história do grande patriarca pois ele começou a procurar por uma terra onde pudesse fundar uma nação para nela viver de forma fixa e sedentária. Ele teria sido então guiado por Deus para ir para terras distantes para construir uma grande nação para si e seus descendentes, na chamada terra de Canaã, onde Deus prometia fartura e bonança para os que lá chegassem. Essa luta para chegar nessa região move praticamente toda a existência de Abraão, a ponto dele ser considerado o grande pai da pátria judaica.

Outro aspecto muito relevante dentro da história de Abraão vem do fato dele ter sido um homem que lutou e viveu sua fé. Homem extremamente devoto e religioso teria renunciado até mesmo ao amor que sentia pelo próprio filho para cumprir a ordem de Deus que o havia ordenado que matasse o jovem em seu nome, como sacrifício. Só no último momento, quando teve seu braço segurado por um anjo, parou a execução. Esse ato de Abraão é visto dentro da religião judaica como o grande exemplo de fé inabalável em Deus, capaz de tudo para cumprir sua palavra. As escrituras afirmam que Abraão teria vivido por quase 300 anos, porém o leitor da atualidade precisa entender que na antiguidade havia outros modos de contagem do tempo e que o calendário que seguimos nos dias atuais foi elaborado por Roma e depois aperfeiçoado pela Igreja Católica. É certo porém que Abraão teve vida longa, provavelmente chegando aos 70 anos de idade, algo que na antiguidade era algo assombroso pois a expectativa de vida eram bem pequena, na faixa dos 40 anos, quando o homem já era considerado velho demais para trabalhar e viver de forma produtiva.

Outro aspecto relevante na vida de Abraão vem do fato dele ter sido um peregrino, tendo viajado e habitado por inúmeras regiões do Oriente Médio e África. Isso criou de certa maneira o contexto histórico do surgimento de Moisés. Em relação a Jesus há também um fato em comum. A esposa de Abraão era estéril, mas Deus a encheu de graças e ela deu a luz um filho, Isaque, considerado o primeiro judeu ou hebreu da história. Também foi o pai de Ismael, considerado o primeiro árabe, vindo daí sua alcunha de "O Grande Patriarca" ou o pai de muitos. Isaque teria sido filho de sua esposa Sara (a estéril que teria sido abençoada por Deus) e Ismael teria sido filho de uma concubina egípcia chamada Hagar. No fim da sua conturbada vida Abraão finalmente teria encontrado a paz e a felicidade, não apenas em relação à sua longa linhagem de filhos (a escritura nomeia oito deles, porém estudiosos acreditam que ele teria tido mais de 30 filhos com concubinas e escravas) como também nos negócios pois ele se tornou um rico e próspero dono de caravanas comerciais. Seu lugar de repouso eterno segue sendo desconhecido, sendo sua localização um dos grandes objetivos da arqueologia moderna. Afinal de contas descobrir a tumba de Abraão seria realmente um achado histórico simplesmente monumental.

Pablo Aluísio.