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domingo, 9 de abril de 2023

Entre Mulheres

Título no Brasil: Entre Mulheres 
Título Original: Women Talking
Ano de Lançamento: 2022
País: Estados Unidos
Estúdio: Plan B Entertainment
Direção: Sarah Polley
Roteiro: Sarah Polley, Miriam Toews
Elenco: Frances McDormand, Rooney Mara, Claire Foy, Jessie Buckley, Judith Ivey, Emily Mitchell

Sinopse:
Um grupo de mulheres que vive em uma comunidade religiosa fundamentalista e isolada, se reúne para decidir se vão continuar vivendo ali ou se vão embora para sempre. Elas optaram por fazer isso depois que casos de abuso e violência explodiram contra algumas delas. Filme vencedor do Oscar na categoria de melhor roteiro adaptado. Também indicado ao Oscar na categoria de melhor filme.

Comentários:
Um filme muito bom, baseado em diálogos primorosamente escritos e em excelentes atuações do elenco majoritariamente feminino. Quando o filme começou eu cheguei a pensar que ele se passava no século XIX ou algo assim, tamanho era o isolamento daquela comunidade. Só que para minha total surpresa a história se passa em 2010! Pessoas que vivem como se ainda estivessem no velho oeste, mas que vivem em nosso mundo atual. Realmente o pensamento religioso fundamentalista aprisiona a mente humana de uma maneira até mesmo perversa. E muitas das mulheres dessa comunidade religiosa sequer tiveram acesso a um ensino fundamental. E isso nos Estados Unidos, a nação mais tecnológica e avançada do mundo! Que Deus seria esse que aprisiona as pessoas na ignorância, no atraso e no obscurantismo? São questões como essa que temos quando assistimos a esse filme. E fora isso, tem todo aquele machismo violento e tóxico contra as mulheres, muitas vezes justificado até mesmo pela própria religião que seguem. Uma situação realmente no limite desse filme que, apesar de sua suposta simplicidade, lida com temas extremamente importantes como liberdade, dignidade pessoal e controle da própria vida. Merece meus aplausos. 

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 7 de março de 2022

O Beco do Pesadelo

Excelente filme! Esse é um dos candidatos ao Oscar de melhor filme desse ano. Mereceu essa e todas as demais indicações. A história começa em 1938. Stanton Carlisle (Bradley Cooper) é um homem que literalmente coloca fogo em seu passado. Quando pega a estrada, sua casa (e um corpo não identificado) são consumidos pelas chamas. Ele sai sem rumo, sem direção. Acaba indo parar em um velho parque de diversões decadente. Começa a trabalhar ali como trabalhador braçal, mas não demora muito e começa a aprender alguns truques com um velho mágico que está sendo corroído pelo alcoolismo. O veterano também lhe ensina algumas técnicas de leitura fria e leitura quente, artimanhas usadas em jogos de suposta "espiritualidade". O velho não dura muito e deixa para ele apenas um conselho para nunca usar aquelas técnicas se passando por médium. Afinal isso seria puro charlatanismo, nada condizente com a tradição dos grandes mágicos do passado.

Só que vigarista é vigarista e Carlisle vai para a grande cidade, se vender como alguém que consegue conversar com os mortos. Se aliando a uma analista desonesta chamada Dra. Lilith Ritter (Cate Blanchett) ele passa a ter acesso a informações privilegiadas que usa para enganar homens ricos e poderosos, entre eles um juiz que perdeu seu jovem filho e um chefe mafioso corroído pela morte da mulher que mais amou na vida. E de golpe em golpe, ele começa a escalar mais e mais nos seus jogos de enganação, chegando até mesmo a promover supostas aparições (materializações) de pessoas mortas, algo que vai colocar sua vida em risco. Ser vigarista também tem seus limites! Grande filme, adorei. O elenco, a direção de arte, a produção, tudo surge na tela para engrandecer uma produção realmente classe A. Esse é um daqueles filmes atuais especialmente indicados para quem aprecia o cinema clássico do passado de Hollywood. Um dos melhores do ano, certamente.

O Beco do Pesadelo (Nightmare Alley, Estados Unidos, 2021) Direção: Guillermo del Toro / Roteiro: Guillermo del Toro, Kim Morgan, baseados no romance escrito por William Lindsay Gresham / Elenco: Bradley Cooper, Cate Blanchett, Toni Collette, Willem Dafoe, Richard Jenkins, Rooney Mara, Ron Perlman, Mary Steenburgen / Sinopse: Um andarilho acaba indo trabalhar em um velho parque de diversões onde aprende técnicas com um mágico no fim de sua vida. A partir daí ele parte para a cidade grande onde passa a enganar pessoas ricas, dizendo ter acesso a seus parentes falecidos. Filme indicado ao Oscar nas categorias de melhor filme, melhor design de produção, melhor figurino e melhor direção de fotografia (Dan Laustsen).

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 13 de novembro de 2017

Sombras da Vida

Se eu fosse resumir bem a sinopse desse filme diria que se trata de um roteiro que conta a história de um cara comum, casado e feliz, que morre em um acidente de carro. No mesmo dia em que morre ele retoma a sua consciência no hospital onde se encontra seu corpo. Um portal de luz lhe é aberto, para que ele siga seu destino, mas ele recusa deixar esse mundo. Assim vira uma alma penada, vagando pelo mundo. Acaba parando na sua antiga casa, onde reencontra sua viúva em luto. Preso naquele lugar, ele vê o tempo passando, enquanto sofre por não mais pertencer a esse plano terreno.

O ator Casey Affleck passa quase todo o filme coberto com um enorme lençol, numa caracterização de fantasma bem tradicional, diria até caricatural. O que mais surpreende é que depois de um tempo o espectador acaba se acostumando com aquela estranha presença. É uma produção modesta, o filme custou apenas 100 mil dólares, feito para um público específico. O roteiro explora o quadro triste e melancólico que se arrasta por anos e anos, diante daquela alma perdida e sem rumo. Há longas tomadas e muitas cenas sem nenhum diálogo. Não recomendaria o filme para todos os tipos de espectador.

Outra coisa que se deve ter em mente é que não se trata de um filme de terror, longe disso. Na verdade está mais para um drama melancólico, já que o espírito do personagem de Casey Affleck vive a tormenta de existir em um mundo que não é mais o dele. Quando ele vira um fantasma não mais fala, se comunicando com outros espíritos apenas pelo pensamento. Enfim, é um tipo de filme que precisa de bastante cumplicidade de quem assiste. No meu caso gostei do resultado, muito por causa de sua proposta diferente e bem única.

Sombras da Vida (A Ghost Story, Estados Unidos, 2017) Direção: David Lowery / Roteiro: David Lowery / Elenco:  Casey Affleck, Rooney Mara, McColm Cephas Jr / Sinopse: O ator Casey Affleck interpreta um homem que morre em um acidente automobilístico. Retomando sua consciência ele descobre que não mais pertence a esse mundo, se tornando literalmente um fantasma que vaga pelo mundo. Filme indicado ao Sundance Film Festival e ao Film Independent Spirit Awards.

Pablo Aluísio. 

sábado, 25 de março de 2017

Lion - Uma Jornada Para Casa

Título no Brasil: Lion - Uma Jornada Para Casa
Título Original: Lion
Ano de Produção: 2016
País: Estados Unidos, Austrália, Inglaterra
Estúdio: The Weinstein Company
Direção: Garth Davis
Roteiro: Luke Davies
Elenco: Dev Patel, Nicole Kidman, Rooney Mara, Sunny Pawar, Abhishek Bharate, David Wenham
  
Sinopse:
Com roteiro baseado no livro de memórias "A Long Way Home" de Saroo Brierley, o filme conta a história real desse autor. Quando ele tinha apenas 6 anos de idade ele se perdeu de seu irmão, em uma estação de trem na Índia. Ao entrar em um vagão ele acabou indo parar em Calcutá, 1600 km de distância da casa de sua mãe. Acabou virando por um tempo um menino de rua, perdido, sem destino. Resgatado por autoridades acabou sendo colocado para adoção, sendo finalmente enviado para a Austrália, onde foi adotado por um casal de australianos. Vinte anos depois ele decide reencontrar o caminho de seu lar original.

Comentários:
Mais um que concorreu ao Oscar de melhor filme nessa última premiação do Oscar. No total foram seis indicações, além de melhor filme concorreu também aos prêmios de melhor ator coadjuvante (Dev Patel), atriz coadjuvante (Nicole Kidman), roteiro adaptado (Luke Davies), fotografia (Greig Fraser) e música (Dustin O'Halloran e Volker Bertelmann). Não ganhou nenhum prêmio na noite. Uma pena porque realmente gostei desse "Lion". No começo fiquei com um pé atrás porque esse ano tivemos uma seleção irregular no Oscar. Inicialmente achei que não seria um grande filme, mas acabei me equivocando. Realmente é uma bela obra cinematográfica que se destaca não apenas por causa de sua história (bem impressionante) como também pelo excelente roteiro, muito bem estruturado. O enredo se baseia na história de um garotinho que se perde de sua família na Índia (um dos países mais populosos do mundo). Tão jovem, sem saber nem direito pronunciar o nome de seu vilarejo, ele acaba indo parar nas ruas, ao lado de outras milhares de crianças que vagueiam sem destino e sem futuro. Depois de quase ir parar nas mãos de uma rede de pedofilia (um aspecto apenas sugerido pelo roteiro), ele é salvo pelas autoridades indianas que logo o colocam no sistema de adoção para casais estrangeiros. 

Assim o garoto Saroo acaba indo parar no outro lado do mundo, na Austrália, sendo adotado por um casal (onde a esposa é interpretada por uma envelhecida e nada glamorosa Nicole Kidman). O tempo passa e vinte anos depois, usando o programa Google Earth, ele acaba descobrindo o nome de sua vila, o lugar e como chegar lá. Já universitário na Austrália faz a viagem de retorno para casa, para tentar encontrar a mãe e o irmão que ficaram para trás há tanto tempo. Um dos aspectos mais interessantes de "Lion - Uma Jornada Para Casa" é o contraste entre a infância pobre e miserável na Índia e as inúmeras possibilidade que se abrem ao garoto após ele ir parar na ensolarada e desenvolvida Austrália. Um choque de realidades realmente de impressionar. Essa experiência única de vida do protagonista Saroo Brierley daria origem a uma organização de ajuda humanitária às crianças desaparecidas (são milhares todos os anos na Índia). Um final bem feliz para uma história pessoal que poderia muito bem terminar em uma grande tragédia.

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2016

Carol

Ao ir até uma loja de departamentos para comprar uma boneca para sua filha, a bela e elegante Carol (Cate Blanchett) acaba se encantando com a vendedora de brinquedos Therese Belivet (Rooney Mara). Quando vai embora deixa suas luvas sob o balcão. No dia seguinte Therese as envia para Carol que lhe retorna agradecendo por telefone. Aos poucos o que parecia ser apenas um flerte casual ganha contornos mais sérios quando Carol convida Therese para almoçar fora. Elas estão inegavelmente atraídas uma pela outra, mas há vários problemas nesse relacionamento, entre eles o fato de Carol ser casada e estar enfrentando uma série crise em seu casamento, o que ocasionará um divórcio complicado e doloroso com seu marido. Em disputa, a guarda de pequenina filha de Carol. Oscar Wilde costumava dizer que o amor homossexual era o amor que não ousava dizer seu nome. Pensei exatamente nessa frase durante o transcorrer de todo o filme. As duas protagonistas parecem saber desde o começo que há algo maior e mais profundo entre elas, mas nenhuma parece disposta a cruzar a linha que as mantém separadas. Em determinado momento, ao telefone, Carol (Blanchett) implora para que Belivet (Mara) diga o que está pensando ou sentindo, mas ela recua. Realmente é um tipo de amor que não pode muitas vezes se revelar, dizer o seu nome. 

"Carol" é um filme de momentos. Se você prestar bem a atenção perceberá que o roteiro nem está muito preocupado em contar uma história linear, mas sim em captar o sentimento envolvido no encontro dessas duas pessoas apaixonadas que, por acaso, são duas mulheres. Esse aspecto aliás é certamente um dos grandes méritos desse texto. Ele não se torna chato ou cansativo justamente por não levantar bandeiras, por não se transformar em algo planfletário da causa gay ou qualquer outra  coisa parecida. Na realidade o mais importante é mostrar como elas se conhecem, como surge desde o começo um lapso de atração, logo no primeiro olhar, e como aos poucos vão se aproximando. Tudo é muito sutil, elegante e com classe. Por isso não existe espaço para o vulgar e nem para o grotesco. Há detalhes que fazem toda a diferença. Só para citar um, aquele momento em que as mãos finalmente se encontram sobre a mesa de um restaurante. Não é necessário palavras, apenas olhares. Toda a sutileza do roteiro se revela ali. Por essa razão também nem é tão significativo que estejamos na presença de um casal de lésbicas, afinal de contas as mesmas cenas que vamos acompanhando poderiam também se referir a um casal hétero, sem problemas. Sentimentos são sentimentos. Como eu disse, o grande valor de "Carol" vem de sua profundidade emocional, de seu jogo de pequenos momentos que vão formando algo maior. Nesse aspecto realmente não há como negar que se trata de um belo filme, feito de, como frisei, pequenos detalhes que vão revelando o despertar da paixão entre as protagonistas. Deixe-se levar e entenda que o amor não tem barreiras, limites ou fronteiras.

Carol (Carol, EUA, 2015) Direção: Todd Haynes / Roteiro: Phyllis Nagy, baseado no livro escrito por Patricia Highsmith / Elenco: Cate Blanchett, Rooney Mara, Kyle Chandler, Sarah Paulson / Sinopse: O filme mostra o relacionamento homossexual entre uma mulher casada que enfrenta problemas em seu casamento e divórcio e uma tímida e bela vendedora de uma loja de departamentos. Filme indicado ao Oscar nas categorias de Melhor Atriz (Cate Blanchett), Melhor Atriz Coadjuvante (Rooney Mara), Melhor Roteiro Adaptado, Fotografia, Figurino e Música original (Carter Burwell). Também indicado ao Globo de Ouro nas categorias de Melhor Filme - Drama, Melhor Atriz (Cate Blanchett), Melhor Atriz (Rooney Mara), Melhor Direção e Melhor Trilha sonora original.

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 14 de janeiro de 2016

Carol

Baseado na obra literária homônima da escritora americana Patricia Highsmith de 1952, o thriller-romance-homoerótico, "Carol", Dirigido pelo californiano Todd Haynes, conta a bela história de amor entre Carol Aird (Cate Blanchett) e Therese Belivet (Rooney Mara). Carol, uma rica, charmosa e classuda mulher novaiorquina e mãe de uma garotinha, vive uma vida infeliz atrelada a um casamento de fachada. Certo dia, vai até a uma loja de departamento para comprar uma boneca para a sua filhinha. A bela ninfeta Therese, balconista da seção de brinquedos, ajuda a loura charmosa a escolher o melhor presente para a menina, dando início assim aos primeiros olhares de ternura. Na saída, Carol esquece o par de luvas de couro no balcão, pronto! é a senha para as duas voltarem a se encontrar. Sufocada por um marido rico, ciumento e desinteressante e absolutamente atraída por Therese, a louraça pede o inexorável divórcio, despertando assim a ira de seu marido. Livre das algemas de um casamento fracassado, Carol convida Therese a viajarem juntas pelas estradas americanas, sem destino e sem data para voltar. Therese, que além de vendedora sonha em ser fotógrafa, aceita sem pestanejar o convite. Faz as malas, separa do noivo chato e preconceituoso e mergulha de cabeça num verdadeiro conto de fadas com Carol.

O roteiro, transformado pelas lentes de Haynes numa ode ao mais puro e singelo amor, faz de "Carol" uma celebração poética do amor contido, dos gestos contidos, do medo e da incrível, não paixão. Isso mesmo, "não paixão", pois paixão é para os fracos e Carol e Therese foram direto ao amor. O amor e o desejo são prospectados num cruzamento constante, e quase ininterruptos, de olhares, toques e finalmente o sexo. Aliás, sejamos honestos: o filme é sobre o amor e não sobre sexo. Haynes foi brilhante na criação de uma estética puramente retrô, mostrando uma América dos anos 50, com suas cores pastéis, vermelhos e mostardas, predominando sobre o cinza escuro dos prédios de Nova York. Têm ainda os estilosos carrões arredondados americanos da época, com sua pompa, seu charmes, seus vidros ovais, além de suas arestas e vincos insuspeitados. Nas cenas de viagem das duas amigas pelas estradas, a leveza, a pureza, uma paz incontida e desejos reprimidos, esboçam um verdadeira celebração, não só do amor, mas de uma paz e liberdade que quase faz as duas mulheres levitarem de tanta felicidade. A visão de Haynes sobre a nobreza, a pureza e o brilho iridescente do amor entre Carol e Therese é tão honesta e tão marcante que o termo "amor lésbico" acaba ficando em segundo (ou terceiro) plano. Realmente, um belíssimo e singelo filme.

Carol (Carol, Inglaterra, Estados Unidos, 2015) Direção: Todd Haynes / Roteiro: Phyllis Nagy, Patricia Highsmith / Elenco: Cate Blanchett, Rooney Mara, Sarah Paulson. / Sinopse: O filme narra o romance entre duas mulheres diante das pressões e preconceitos da sociedade. Filme indicado ao Oscar nas categorias de Melhor Atriz (Cate Blanchett), Melhor Atriz Coadjuvante (Rooney Mara), Melhor Roteiro Adaptado (Phyllis Nagy), Melhor Fotografia (Edward Lachman), Melhor Figurino (Sandy Powell) e Melhor Música original (Carter Burwell).

Telmo Vilela Jr.

sexta-feira, 20 de julho de 2012

A Rede Social

Ok, vamos aos fatos: O filme "A Rede Social" é bom? Sim. É excelente a ponto de merecer um Oscar de melhor filme? Não, absolutamente não. Depois de assistir ao filme fiquei me perguntando o porquê de todo esse oba oba em relação e ele. O filme é bem interessante, traz uma história que prende a atenção mas cinematograficamente falando não traz nenhuma inovação, nenhuma tomada mais ousada, nenhum mérito a mais em termos de roteiro, nada disso. A direção é correta mas nunca ousada. Não é em absoluto toda a maravilha que andam dizendo por aí. A narrativa, por exemplo, é a mais convencional possível, não existem grandes sacadas ou surpresas, tudo é tão "quadradinho" e "certinho" que em certos momentos pensei estar vendo um filme da Disney!

O personagem principal também é pouco carismático, aliás não tive nenhum tipo de empatia com ele, pelo contrário, achei seu comportamento pouco ético já que não pensou duas vezes em passar a perna em diversas pessoas ao longo do filme. Um sujeito sem nenhum bom exemplo a passar, meio maluco e bastante anti social. Claro que vale como um retrato da geração que fez e aconteceu na net mas pelo exposto tirei a conclusão (nada impulsiva) de que todos esses jovens que ficaram milionários com o mundo virtual ainda não possuem bom preparo ético, emocional e de valores para estar aonde estão. Todos são egocêntricos, imaturos e vingativos. Não se salva nenhum, passando pelo Mark, indo pelas pessoas mais próximas a ele e finalmente chegando no criador do Napster (cujo personagem foi muito bem interpretado pelo cantor Justin Timberlake). Como filme e apenas como filme, "A Rede Social" é um bom produto mas é muito convencional. Ele não é a oitava maravilha do mundo e nem vai mudar sua vida. Como retrato dessas pessoas mostra muito bem a lei da selva que impera entre eles. É um mundo onde não existem verdadeiros heróis.

A Rede Social (The Social Network, Estados Unidos, 2010) Direção: David Fincher / Roteiro: Aaron Sorkin, Ben Mezrich / Elenco: Jesse Eisenberg, Andrew Garfield, Justin Timberlake,  Rooney Mara / Sinopse: Cinebiografia de  Mark Zuckerberg  (Jesse Eisenberg), o criador da rede social Facebook. Após ficar milionário com seu site ele começa a entrar em atrito com todas as pessoas que lhe ajudaram de alguma forma no começo de sua carreira.  

Pablo Aluísio.

terça-feira, 20 de março de 2012

A Hora do Pesadelo (2010)

Freddy Krueger (Jackie Earle Haley) é um assassino de crianças que retorna para atormentar um grupo de adolescentes em seus sonhos. Baseado no famoso filme da década de 80 dirigido por Wes Craven. Quem foi jovem na década de 80 certamente assistiu algum filme da série original no cinema. Freddy Krueger ao lado de Jason de "Sexta Feira 13" foi um dos personagens mais recorrentes do terror oitentista. Claro que após um certo tempo o personagem perdeu todo o aspecto macabro que um dia possuiu, virando apenas um ícone pop como qualquer outro, o que significa que virou mercadoria e produto comercial como bonequinhos, figurinhas, revistas, camisetas etc. Depois de ser saturado por isso o velho Freddy finalmente virou coisa do passado e sumiu definitivamente... até agora! Eu odeio remakes. E remakes de franquias mortas são especialmente um horror (não no bom sentido da palavra, mas no ruim mesmo). Esse A Hora do Pesadelo é um pesadelo realmente. Péssimos atores, roteiro requentando e sem atrativos e efeitos especiais banais e de rotina. Não gostei de quase nada do filme, que não tem personalidade, brilho ou carisma. Não passa de uma tentativa caça níquel de usar o nome de Freddy Krueger para levantar uma grana fácil nas bilheterias. É tão grotesco quanto a razão de sua existência.

Certas franquias já deram o que tinha que dar. Se não estou enganado foram seis ou sete filmes da saga original, mas uma série de TV que explorava os pesadelos criados por Wes Craven. O último filme trazia um encontro com Jason de Sexta Feira 13, em suma, o personagem e o tema já estavam esgotados. Deveriam ter encerrado por aí. Esse Remake é totalmente desnecessário e gratuito. Nem o ator que interpreta Freddy, Jackie Earle Haley, se salva do abacaxi. Sua maquiagem é mal feita e pouco convincente. O elenco jovem também é feio e esquisito e não sabe atuar. Enfim esse Remake não deveria nunca ter sequer existido, nem nos piores pesadelos dos produtores de Hollywood. Tomare que agora em diante deixem o velho Krueger em paz definitivamente.

A Hora do Pesadelo (A Nightmare on Elm Street, Estados Unidos, 2010) Direção: Samuel Bayer / Roteiro: Wesley Strick, Eric Heisserer / Elenco: Jackie Earle Haley, Rooney Mara, Kyle Gallner / Sinopse: Freddy Krueger (Jackie Earle Haley) é um assassino de crianças que retorna para atormentar um grupo de adolescentes em seus sonhos. Baseado no famoso filme da décade de 80 dirigido por Wes Craven.

Pablo Aluísio.

sábado, 21 de janeiro de 2012

Os Homens que Não Amavam as Mulheres

O filme é um remake do original sueco. Esse é o tipo de trama que quanto menos se contar melhor. Basicamente se trata de uma investigação feita pelo jornalista Mikael (Daniel Craig) a mando de um rico empresário, Henrik Vanger (Christopher Plummer) que deseja saber o que aconteceu com uma parente de apenas 16 anos que certo dia simplesmente sumiu de vista. Obviamente que esse ponto de partida vai ser apenas a ponta do iceberg pois logo Mikael descobrirá que há algo podre no reino da Dinamarca (ou da Suécia, rs). O filme americano manteve o nome original dos personagens e a ambientação no país escandinavo, o que me surpreendeu pois geralmente remakes americanos acabam levando a estória do filme para dentro dos EUA e "americanizam" todos os personagens. Aqui pelo menos tiveram bom senso de não fazer isso. O filme é longo, duas horas e meia, com muitas investigações, pistas falsas e reviravoltas Basicamente é aquele tipo de situação do tipo "Nada é o que aparenta ser". É o estilo de enredo que vai cair no gosto de quem gosta de tramas à la Agatha Christie, só que aqui, é claro, tudo foi modernizado aos dias atuais, inclusive a assistente de Mikael, a estranha Lisbeth (Rooney Mara) representa bem isso.

Gostei do elenco de uma forma em geral. Daniel Craig continua sem carisma nenhum mas aqui pelo menos se esforça para dar maior credibilidade ao seu personagem jornalista. Curiosamente ao contrário de James Bond ele aqui teve que compor um investigador mais intelectual, sem aquelas correrias do famoso agente britânico. A atriz Rooney Mara também é competente em cena. Interpretando uma personagem andrógina a atriz consegue bons resultados. Christopher Plummer também está bem. Esse é um ator que sempre admirei e ele se mostra mais talentoso do que nunca. Já Stellan Skarsgard não me convenceu muito, principalmente em seu momento mais importante no filme. David Fincher continua com sua regularidade. Um diretor que oscila entre a ousadia ou a burocracia mas sempre mantendo um nível bom. Aqui ele não ousa muito, segue a cartilha sem maiores licenças autorais. De qualquer forma não atrapalha e conta a estória com eficiência (embora poderia ter caprichado um pouco no corte final pois a duração é realmente excessiva). Enfim, no saldo final recomendo a fita. O roteiro envolve, ficamos interessados em saber aonde tudo vai dar e diverte, acima de tudo.

Millennium - Os Homens que Não Amavam as Mulheres (The Girl with the Dragon Tattoo, Estados Unidos, 2011) Direção de David Fincher / Roteiro de Steven Zaillian e Stieg Larsson / Elenco: Daniel Craig, Rooney Mara, Christopher Plummer / Sinopse: Basicamente se trata de uma investigação feita pelo jornalista Mikael (Daniel Craig) a mando de um rico empresário, Henrik Vanger (Christopher Plummer) que deseja saber o que aconteceu com uma parente de apenas 16 anos que certo dia simplesmente sumiu de vista.

Pablo Aluísi.