quarta-feira, 15 de agosto de 2018

Os Garotos da Minha Vida

Gostei desse filme. Ele conta a história de uma jovem que nos anos 60 sonha em se tornar escritora. Ela sempre teve esse talento de escrever e como sonhar é o melhor, ela pena que um dia vai conquistar o reconhecimento através dos livros que vai escrever. Tudo muda no dia em que ela descobre estar grávida de um rapaz. Bom, nos anos 60 a repressão de costumes sobre as mulheres era bem mais intenso. Assim ela se sente pressionada por familiares, amigos e todo mundo. Mulher grávida precisa se casar, para não virar mãe solteira.

O filme foi baseado em fatos reais e mostra a vida dessa jovem. A gravidez precoce e não planejada é sempre um problema na vida de uma garota. Geralmente deixa de estudar, prejudica seu desenvolvimento educacional e profissional e pior do que tudo, acaba frustrada pelo que deixou para trás por causa de uma maternidade não querida. O roteiro do filme porém é sutil o suficiente para tratar o tema de forma adulta, sem julgamentos. No que diz respeito a Drew Barrymore, bem, ela poucas vezes esteve tão bem como nesse filme. Ótima e sensível atuação. Merecia até mesmo uma indicação, não digo ao Oscar, mas ao Globo de Ouro. Seria merecido.

Os Garotos da Minha Vida (Riding in Cars with Boys, Estados Unidos, 2001) Direção: Penny Marshall / Roteiro: Morgan Ward, baseado no livro escrito por Beverly D'Onofrio / Elenco: Drew Barrymore, Steve Zahn, Adam Garcia / Sinopse: Jovem engravida do namorado e sua vida muda para pior. Ela sempre sonhou em ser escritora, mas agora, com um filho para criar, tudo muda de foco, tudo se torna mais complicado de se conquistar. Os sonhos porém se manterão firme em sua alma.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 14 de agosto de 2018

Eu Sou Heath Ledger

Esse documentário procura fugir dos padrões. Obviamente há aquele formato mais ou menos padrão, mostrando depoimentos que pessoas que conviveram com o ator, intercaladas com imagens do passado. Desfilam pela tela familiares, amigos, colegas de profissão, etc. O diferencial é a presença de cenas amadoras feitas pelo próprio Heath Ledger, que tinha muitas câmeras, na realidade colecionava elas. Material de primeira para qualquer documentarista que se preze. Antes de mais nada também é bom salientar que é um documentário chapa branca, oficial, ou seja, nada de ruim sobre ele vai aparecer na tela. Na verdade há uma certa "canonização" em torno de Ledger, algo comum de acontecer nesse tipo de produção. Assim o problema de Heath Ledger com as drogas passa longe de aparecer na tela. Tudo é sutilmente varrido para debaixo dos panos. Seu complicado casamento e divórcio com Michelle Williams também é mostrado de forma muito camuflada. Por falar nela a ex-esposa do ator não está entre as pessoas que falam sobre ele no filme. Nem ela e nem a filha. Outra falta marcante é a do ator Jake Gyllenhaal. Grande amigo de Heath, padrinho de sua filha, ele também não dá as caras no documentário.

No fim o que sobra de bom são as diversas cenas amadoras feitas pelo próprio ator (como já citei) e cenas mostrando os bastidores de seus principais filmes. Já o verdadeiro Heath Ledger, o da vida real, aquele que morreu precocemente aos 28 anos de idade por causa de uma overdose de drogas, esse mais parece uma miragem distante. Vale para fãs incondicionais do ator, até por aspectos poucos conhecidos de sua vida profissional (ele também dirigia clips musicais e produzia álbuns). Já para quem quiser conhecer a fundo sua biografia, bem, esses não terão nada para ver. É um produto feito para glorificar Heath Ledger como astro de Hollywood, não para conhecer a fundo sua perssonalidade.

Eu Sou Heath Ledger (I Am Heath Ledger, Estados Unidos, 2017) Direção: Adrian Buitenhuis, Derik Murray / Roteiro: Hart Snider / Elenco: Heath Ledger, Naomi Watts, Ben Harper, Ang Lee, Emile Hirsch, Kim Ledger, / Sinopse: Se trata de um documentário realizado para relembrar os dez anos da morte do ator Heath Ledger . Através de depoimentos pessoais, imagens amadoras feitas pelo próprio ator e cenas inéditas e raras, aspectos de sua vida pessoal e profissional são resgatados.

Pablo Aluísio.

Intrigas

O grande atrativo desse filme é a presença de Kate Hudson, ainda bem jovem, em um dos seus primeiros filmes no cinema. Ela interpreta uma estudante de uma universidade onde intrigas e fofocas se espalham com uma velocidade espantosa. Ninguém escapa de parar em alguma conversa maldosa. As coisas começam a sair do controle mesmo quando um casal muito correto, daquele tipo que prefere viver em abstinência sexual até o dia do casamento, vira alvo de uma fofoca envolvendo acusações de estupro. A partir daí tudo começa a fugir do controle.

Filmes sobre universidades, fraternidades, etc, não é nenhuma novidade dentro do cinema americano. Esse filme foge um pouco à regra por apostar em um clima mais de suspense, um thriller que se desenvolve a partir das irresponsáveis futricas envolvendo os alunos no campus É um filme na média desse tipo de entretenimento. Não tem grandes momentos, mas pelo menos mantém um certo interesse, principalmente por causa do elenco e da trama, que por si só já chama a atenção. Vale a pena ao menos para dar uma olhada em algum canal a cabo onde o filme regularmente é reprisado. Arrisque!

Intrigas (Gossip, Estados Unidos, 2000) Direção: Davis Guggenheim / Roteiro: Gregory Poirier / Elenco: Kate Hudson, James Marsden, Lena Headey, Norman Reedus / Sinopse: Um casal de namorados universitários passa a ser alvo de uma fofoca maldosa, obviamente querendo acabar com a vida dos dois. Indicado ao prêmio Golden Trailer Awards.

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 13 de agosto de 2018

Tomorrowland

Esse filme da Disney foi uma das apostas mais erradas do estúdio. Baseado em um brinquedo popular de seus parques de diversões ao redor do mundo, os executivos contrataram um grupo de roteiristas para criarem um filme em torno dele. Ao custo absurdo de 200 milhões de dólares o filme foi um dos grandes fracassos comerciais do ano. Não poderia dar em outra coisa, isso apesar do estúdio ter a pretensão de criar uma nova franquia cinematográfica de sucesso, algo que não, não vai acontecer. É um sinal que os filmes de Sci-fi andam de mal a pior a cada ano que passa. Uma pena.

Com roteiro ruim e desenvolvimento mal conduzido de sua estorinha, "Tomorrowland" só se salva mesmo pela produção que é muito bem feita. Com uma avalanche de efeitos especiais de última geração provavelmente vai ao menos agradar ao público bem mais jovem, ali pela faixa etária entre 10 a 14 anos de idade. Fora isso, para os pais e os mais velhos (principalmente os cinéfilos veteranos) tudo vai soar como um grande desperdício de tempo e dinheiro. Nem mesmo a presença quase sempre interessante de George Clooney ajudou a salvar esse barco que naufragou de forma monumental. Um fiasco sem salvação.

Tomorrowland (Estados Unidos, 2015) Direção: Brad Bird / Roteiro: Damon Lindelof, Brad Bird / 
Elenco: George Clooney, Britt Robertson, Hugh Laurie, Raffey Cassidy, Tim McGraw, Keegan-Michael Key / Sinopse: Durante a feira mundial de 1964 o garoto Frank Walker (Thomas Robinson) acaba sendo levado para um mundo futurista, com naves e inventos maravilhosos. Os anos passam e agora é a vez da garota Casey Newton (Britt Robertson) de ser levada até Tomorrowland! Antes porém ela precisará ser salva do ataque de robôs do futuro enviados pelo maquiavélico governador Nix (Hugh Laurie).

Pablo Aluísio. 

Vivendo na América

Esse filme foi produzido pelo mestre Francis Ford Coppola. Foi basicamente por essa razão que acabei assistindo. Na verdade o filme quase foi dirigido por ele, mas nas vésperas do começo das filmagens ele decidiu apenas produzir por causa de problemas de saúde. O próprio Coppola então passou a bola para o cineasta belga Dominique Deruddere que acabou fazendo um bom trabalho. Claro, se o filme tivesse sido dirigido por Coppola provavelmente teríamos outra obra prima em mãos, porém do jeito que ficou não está mal, muito pelo contrário.

É um filme nostálgico, com história passada na década de 1920. Sob os olhos de um garoto vamos acompanhando a vida de um casal de imigrantes italianos recém chegado nos Estados Unidos. A adaptação de imigrantes em uma outra cultura, outra nação, é muitas vezes o tema central do enredo, mas também há espaço para o pueril e o bucólico. O pai tem problemas com bebidas e jogatina, os demais membros da família também não escapam de problemas pessoais e familiares. Em suma, basicamente um pequeno retrato da própria sociedade. O resultado final é muito bom, valorizado pelo ótimo elenco. Só faltou mesmo, para falar a verdade, a direção do velho Coppola, mas aí já seria esperar demais.

Vivendo na América (Wait Until Spring, Bandini, Estados Unidos, Bélgica, 1989) Direção: Dominique Deruddere / Roteiro: Dominique Deruddere, baseado na novela escrita por John Fante / Elenco: Joe Mantegna, Ornella Muti, Faye Dunaway. Burt Young / Sinopse: A história de uma família de imigrantes italianos nos Estados Unidos no começo do século XX, tudo visto sob os olhos de um garoto que tenta se adaptar à nova vida.

Pablo Aluísio.

domingo, 12 de agosto de 2018

À Beira Mar

Brad Pitt interpreta um escritor americano em crise que chega numa região bucólica da França com sua esposa (Angelina Jolie) para recuperar a inspiração literária que perdeu. O problema é que a falta de criatividade continua, tudo agravado por seu próprio casamento, que vai de mal a pior. Esse filme acabou sendo um preview do que iria acontecer no próprio casamento de Pitt e Jolie. No caso a vida imita a arte. Se no filme eles interpretam um casal que mal se suporta, que já foi tragado pelo tédio e pelo cotidiano, na vida real a situação não era melhor, tanto que o casal se separou pouco depois do fim das filmagens. Agora Jolie está processando o ex-marido por não pagar a pensão dos inúmeros filhos (grande parte deles adotado).

Produzido e dirigido por Jolie esse filme tenta imitar - sem muito sucesso - o estilo do cinema europeu dos anos 60. Isso significa um ritmo bem lento, quase parando, com valorização de cenas mais intimistas onde os personagens procuram passar seus sentimentos não por longos diálogos, mas apenas com olhares, pensamentos, atitudes, etc. Tirando uma certa repercussão em alguns festivais de cinema, turbinados pela celebridade do casal principal, o filme passou em brancas nuvens. Nem sequer chegou a ser lançado nos cinemas brasileiros. Apesar de seu estilo europeu realmente não é um filme que venha a empolgar alguém, nem mesmo os que gostam mais do cinema arte, mais cult. Para muita gente vai soar longo e chato. Penso que foi um filme sobre o fim de um casamento que acabou sendo engolido por causa de suas próprias pretensões.

À Beira Mar (By the Sea, Estados Unidos, França, Malta 2015) Direção: Angelina Jolie / Roteiro: Angelina Jolie / Elenco: Brad Pitt, Angelina Jolie, Mélanie Laurent, Melvil Poupaud, Niels Arestrup / Sinopse: Casal americano em crise viaja para a costa da França. O marido quer escrever seu novo livro e a esposa tenta superar o abismo conjugal em que vive. Eles se hospedam em um hotel e descobrem que o casal do quarto ao lado está curtindo sua lua de mel, em plena felicidade e romantismo. A situação (que leva a comparação entre a infelicidade própria e a felicidade alheia) começa a incomodar ao veterano casal, agravando ainda mais sua crise de relacionamento.

Pablo Aluísio.

Hitman - Agente 47

Mais uma adaptação do mundo dos games para o cinema. Aqui temos o Hitman, o assassino profissional perfeito, fruto de uma experiência no passado onde se criou um matador sem consciência, frio e altamente eficiente. Esse personagem já havia dado origem a um filme antes, porém esse aqui é muito mais bem produzido, afinal foi realizado por um grande estúdio de cinema (Twentieth Century Fox) que resolveu apostar alguns milhões de dólares para levar o Hitman para as telas de cinema. Dirigido por Aleksander Bach o filme tem inegavelmente excelentes cenas de ação, mas faltou mesmo uma atenção maior por parte do roteiro.

As cenas com muita ação vai se sucedendo, cada uma mais bem realizada e produzida do que a anterior. Nesse ponto não precisa se preocupar, pois tudo é de primeira linha. A questão é que segurando tudo está um enredo bem fraquinho, que tenta unir as pontas, servindo apenas como um mero pretexto para a ação ininterrupta acontecer. O Hitman também funciona apenas em parte no cinema. Como é praticamente um psicopata (um matador sem emoções) fica complicado para o espectador criar algum vínculo emocional com ele. Claro que os fãs do game vão curtir, mas o resto do público, principalmente o que é mais ligado ao mundo do cinema, vai achar tudo meio vazio e sem propósito.

Hitman - Agente 47 (Hitman: Agent 47, Estados Unidos, Alemanha, 2015) Direção: Aleksander Bach / Roteiro: Skip Woods, Michael Finch / Elenco: Rupert Friend, Hannah Ware, Zachary Quinto/ Sinopse: No passado o governo americano desenvolveu um projeto genético ambicioso que procurava criar o assassino perfeito, sem emoção, sem remorso e sem culpa, apenas eficiência completa na execução de ordens. Com o cancelamento do programa o seu criador, o cientista Litvenko, simplesmente desapareceu, sem deixar vestígios. Agora dois grupos inimigos lutam para descobrir onde ele está se escondendo. A chave para achá-lo é sua filha, Katia (Hannah Ware), que pode saber onde ele vive.

Pablo Aluísio.

sábado, 11 de agosto de 2018

Megatubarão

O filme "Tubarão" de Steven Spielberg foi lançado há mais de 40 anos, mas continua a gerar filhotes bastardos. Fazer mais um filme sobre tubarões seria óbvio demais, então os roteiristas decidiram ir além. Ao invés de mostrar ataques de tubarões brancos eles foram ao passado atrás do maior de todos os tubarões que já existiram, o Megalodonte. Esse tubarão existiu na pré-história e seu tamanho era tão descomunal que os grandes tubarões da atualidade mais pareciam sardinhas perto dele. Então no filme temos uma equipe de pesquisa que sonda as profundezas da fossa das Marianas - o lugar onde o oceano tem a maior profundidade. Nessa expedição eles descobrem uma região inexplorada e lá acabam se deparando com um fóssil vivo, isso mesmo, o tubarão Megalodonte que ressurge de sua suposta extinção.

A partir desse ponto o filme segue o básico. Seres humanos nadando são comida fácil para esse monstro dos mares. Não se trata de um filme com produção barata, longe disso, custou 120 milhões de dólares para produzi-lo, mas a despeito disso também esqueceram de escrever um roteiro melhor, mais bem caprichado. A maior curiosidade em termos de elenco vem da presença do ator Jason Statham. Eu definitivamente não esperava ver ele saindo no braço com tubarões debaixo da água. Ele interpreta um especialista em resgate em profundezas que acaba falhando numa missão anterior onde alguns membros de sua equipe morreram. Agora, novamente contratado, ele tem uma nova chance de mostrar seu valor. Tudo mais do mesmo. De bom realmente há apenas os efeitos especiais, embora eu pessoalmente tenha percebido que o tal tubarão pré-histórico poderia ter sido melhor aproveitado.

Megatubarão (The Meg, Estados Unidos, 2018) Direção: Jon Turteltaub / Roteiro: Dean Georgaris, Jon Hoeber / Elenco: Jason Statham, Bingbing Li, Rainn Wilson / Sinopse: Jonas Taylor (Jason Statham) é um mergulhador especializado em resgate de águas profundas que é contratado para salvar uma equipe que desceu nas fossas das Marianas e lá foi atacada por uma enorme criatura. O que Taylor nem desconfia é que um Megalodonte, um tubarão gigantesco que supunha-se estava extinto, voltou das profundezas do oceano para espalhar terror e medo por onde nadar.

Pablo Aluísio.

Grande Problema

O filme na época apresentava a seguinte sinopse promocional: "As vidas de vários habitantes de Miami, de agentes publicitários a traficantes de armas, bandidos de rua, policiais a crianças em idade escolar, se cruzam com resultados humorísticos e perigosos.". O roteiro, como se pode deduzir desse pequeno texto, é ao estilo mosaico. A cidade de Miami novamente é retratada como os americanos sempre a viram, bem colorida, com vias longas (e infinitas pelo que se percebe), muito sol, calor e praias. 

O ator e comediante Tim Allen é talentoso e divertido. No Brasil pouca gente o conhece porque sua carreira foi basicamente construída no mercado das sitcons na TV americana (aqielas séries de 30 minutos de duração, comédias com palmas e risos gravados e automáticos), O filme assim é na média, nada excepcional, nada fora do comum. Como mero entretenimento porém já está de bom tamanho. 

Grande Problema (Big Trouble, Estados Unidos, 2002) Direção: Barry Sonnenfeld / Roteiro: Robert Ramsey, baseado na novela escrita por Dave Barry / Elenco: Tim Allen, Rene Russo, Stanley Tucci / Sinopse: Um grupo amplo e diversificado de moradores e habitantes de Miami passa pelas mais diversas situações, ora inusitadas, ora dramaticamente cômicas e engraçadas.

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 10 de agosto de 2018

Crimes Ocultos

Esse filme é baseado na história real do psicopata e serial killer russo Andrei Chikatilo. Bem no auge do regime comunista soviético ele começou a matar crianças que encontrava em estações de trem por todo o país. Como era uma espécie de caixeiro viajante (na verdade um pequeno burocrata do Estado) ele vivia viajando de cidadezinha em cidadezinha. Quando encontrava crianças sozinhas pelos lugares por onde passava as levava para o meio da floresta e ali, entre as árvores, as matava de forma brutal. Como eram lugares isolados não havia quem escutasse os gritos dos pequeninos indefesos.

O foco do filme assim se baseia no departamento de polícia que passa a investigar os crimes. Tudo era piorado por causa da propaganda comunista. Nada podia ser divulgado ao grande público porque isso seria encarado como uma falha do próprio sistema. Sem condição de alertar a população os crimes continuavam. O roteiro desse filme é bem acima da média, mostrando não apenas a brutalidade dos crimes como também a dificuldade dos policiais em desvendar a identidade do assassino em série. Com ótima reconstituição de época, esse é um dos melhores filmes sobre psicopatas assassinos da vida real que já assisti. Roteiro inteligente, aproveita também para mostrar a própria ineficiência do Estado soviético. Enquanto tentava vender a ideia para o Ocidente que era uma instituição perfeita, tudo começava a apodrecer por dentro de suas fronteiras.

Crimes Ocultos (Child 44, Estados Unidos, Rússia, Inglaterra, República Tcheca, Romênia, 2015) Direção: Daniel Espinosa / Roteiro: Richard Price, baseado no livro de Tom Rob Smith / Elenco: Tom Hardy, Gary Oldman, Joel Kinnaman, Noomi Rapace / Sinopse: União Soviética. 1953. Leo Demidov (Tom Hardy) e o General Mikhail Nesterov (Gary Oldman) são dois investigadores que precisam desvendar uma série de mortes de crianças, perto de estações de trem por todo o país. Suas tentativas de solucionar os crimes esbarram no próprio Estado que não quer admitir que existam psicopatas dentro uma sociedade comunista supostamente perfeita como aquela.

 Pablo Aluísio.

A Sociedade Literária e a Torta de Casca de Batata

Bom filme original da Netflix. A história é baseada em fatos reais. A jovem escritora Juliet Ashton (Lily James) recebe certo dia uma carta enviada por um de seus leitores. Ele é um fazendeiro na ilha de Guernsey, bem no meio do Canal da Mancha. Lugar isolado, com uma pequena vila e poucas pessoas. Ele conta na carta que fundou um clube de leitura entre os moradores. Eles se reúnem todas as semanas para falar sobre livros e romances que estavam lendo. O clube teria sido fundado justamente durante a ocupação nazista na ilha, durante a II Guerra Mundial. Fascinada com essa história Juliet então decide fazer uma visita na ilha, sem saber que isso mudaria sua vida para sempre.

O filme mescla romance, drama e amor à literatura. Na ilha a protagonista acaba se encantando pelas histórias do lugar e apesar de estar noiva de um militar em Londres acaba também se apaixonando por um jovem morador local. Assim ela decide fazer das suas experiências por lá o tema de seu novo livro. O foco passa a ser a história de uma jovem moradora de Guernsey que acabou se apaixonando por um soldado alemão durante a ocupação da ilha. Ela teve uma filha do militar e acabou caindo em desgraça depois, sendo levada para um campo de concentração na Polônia. Juliet conhece sua pequena filha e fica comovida com sua história. O filme assim vai se desenvolvendo, de forma mais lenta do que o habitual, para contar essa mescla de coisas fascinantes que vai envolvendo a vida da protagonista. A atriz inglesa Lily James é uma das queridinhas do cinema britânico e por isso o filme acabou sendo bastante comentado na Inglaterra. É um bom filme, ideal para os que gostam de literatura e histórias envolvendo escritoras durante a guerra.

A Sociedade Literária e a Torta de Casca de Batata (The Guernsey Literary and Potato Peel Pie Society, Inglaterra, 2018) Direção: Mike Newell / Roteiro: Don Roos, Kevin Hood / Elenco: Lily James, Jessica Brown Findlay, Michiel Huisman, Nicolo Pasetti, Bronagh Gallagher, Katherine Parkinson / Sinopse: Logo após o fim da segunda guerra mundial a escritora Juliet Ashton (Lily James) recebe uma carta de um de seus leitores. Ele conta a ela que fundou um clube de leitura na ilha de Guernsey durante a ocupação nazista no lugar. A história acaba fascinando Juliet que decide ir até lá para conhecer os membros do clube.

Pablo Aluísio. 

quinta-feira, 9 de agosto de 2018

Pronta Para Amar

O filme foi vendido na época de seu lançamento de forma equivocado. Parecia um romance ou até mesmo uma comédia romântica, porém se trata de um roteiro que conta uma história triste e dramática. A protagonista é uma jovem profissional chamada Marley Corbett (Kate Hudson), As coisas vão bem em sua vida, ela tem um bom emprego e está apaixonada pelo homem que ela acredita ser o amor de sua vida, só que tudo acaba ruindo de repente quando ela é diagnosticada com um câncer agressivo de intestino.

A diretora Nicole Kassell até tentou tratar esse tema tão pesado de forma mais leve, trazendo uma suavidade na própria personagem de Kate Hudson, só que vamos convir que não há como ter um enredo desses em um filme e ser tudo flores e risos. Por falar na Kate Hudson ela está muito bem no papel. Chegou até mesmo a engordar para trazer mais veracidade ao seu desempenho. A intenção era reproduzir o natural inchaço do corpo quando se é submetido à quimioterapia. O resto do elenco traz duas outras excelentes atrizes, Kathy Bates e Whoopi Goldberg. Por fim não custa elogiar o cenário de New Orleans, uma das cidades mais ricas do ponto de vista cultural dos Estados Unidos. Então é isso, um filme que se propunha a ser leve e alto astral, mas que não conseguiu esse objetivo justamente por causa do tema pesado que trata.

Pronta Para Amar (A Little Bit of Heaven, EUA, 2011) Direção: Nicole Kassell / Roteiro: Gren Wells / Elenco: Kate Hudson, Kathy Bates, Whoopi Goldberg, Peter Dinklage, Gael García Bernal / Sinopse: Marley Corbett (Kate Hudson) é uma jovem profissional que no momento mais feliz de sua vida descobre que tem uma doença incurável, um câncer no intestino que lhe dará poucos meses de vida  A partir daí ela começa a repensar sua vida e seus relacionamentos.

Pablo Aluísio.

Operação Resgate

Nesse filme Bruce Willis interpreta um agente da CIA que no passado sofreu uma grande perda. Sua esposa foi morta por criminosos, justamente como um plano de se vingar dele pessoalmente. Seu filho sobrevive e cria um trauma pessoal por não ter salvo a vida da mãe. Os anos passam. O rapaz cresce e decide seguir os passos do pai, também entrando na CIA. Sua chance de mostrar finalmente coragem e bravura surge quando o pai é sequestrado por uma quadrilha do crime organizado. Teria ele capacidade agora de salvar seu pai, superando todos os traumas psicológicos do passado?

Apesar de ter Bruce Willis no elenco esse é um filme bem fraco que deixa a desejar. Na verdade o velho e bom Bruce (mais conhecido como "Bruno" pelos amigos mais próximos) apenas é um chamariz de bilheteria com seu nome e rosto estampados no cartaz. Sua participação é bem pequena e pontual. Assim sobra para o jovem casal Kellan Lutz e Gina Carano segurar o filme quando Bruce Willis não está em cena. A má notícia é que eles não conseguem isso. O filme assim vai se arrastando numa sucessão de cenas de ação sem muita novidade ou originalidade. Fraco em seu resultado final esse "Operação Resgate" falha como boa diversão para os fãs de filmes de ação.

Operação Resgate (Extraction, Canadá, 2015) Direção: Steven C. Miller / Roteiro: Max Adams, Umair Aleem / Elenco: Bruce Willis, Kellan Lutz, Gina Carano / Sinopse: Harry Turner (Lutz) é um agente da CIA novato que deseja provar ao pai, um veterano da agência de inteligência, que ele tem coragem e garra para enfrentar situações perigosas. Quando seu pai Harry (Willis) cai nas mãos de terroristas internacionais que querem uma moderna arma tecnológica para dominar os meios de comunicação do globo, ele vê a grande chance de provar seu valor.

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 8 de agosto de 2018

Além da Morte

Esse filme nada mais é do que o remake de "Linha Mortal" de 1990. Naquele filme original tínhamos um excelente elenco formado por Kiefer Sutherland, Kevin Bacon e Julia Roberts, Aqui a premissa segue basicamente a mesma: um grupo de estudantes de medicina decide ir além, sondar a fronteira que separa a vida da morte. Para isso eles fazem uma experiência no mínimo imprudente: são levados a sofrerem uma parada cardíaca, ficam "mortos" por mais ou menos 60 segundo e depois são trazidos de volta à vida pelos próprios colegas. Enquanto estão no lado de lá passam por experiências espirituais e sensoriais, só que ao retornaram não voltam sozinhos, algo maligno os acompanham.

Eu pensava que seria um filme no mínimo dispensável ou ruim, mas me enganei. É um bom filme, valorizado por um roteiro que procura trabalhar melhor o passado de cada personagem, além de explorar um visual do além morte que ficou bem realizado, diria até que os efeitos especiais são de extremo bom gosto. Para fazer uma ligação com o primeiro filme dos anos 90 o ator Kiefer Sutherland interpreta um grisalho professor de medicina. Sua participação é pequena e sem grande ligação com a trama principal, mas vale como referência justamente para "Linha Mortal". No final é um bom thriller de suspense e terror que em nenhum momento ofende a inteligência do espectador. Vale a pena.

Além da Morte (Flatliners, Estados Unidos, 2017) Direção: Niels Arden Oplev / Roteiro: Ben Ripley, baseado na trama original escrita por Peter Filardi / Elenco: Ellen Page, Diego Luna, Nina Dobrev, James Norton, Kiersey Clemons, Kiefer Sutherland / Sinopse: A estudante de medicina  Courtney (Page) que no passado perdeu a irmã em um acidente de carro, decide levar seus amigos de faculdade a uma experiência perigosa e imprudente: sondar o mundo dos mortos, através de uma parada cardíaca induzida seguida de um breve momento de falecimento, por mais ou menos 60 segundos. A tal "experiência" acaba resultando em efeitos colaterais indesejados através de alucinações e aparições de pessoas mortas.

Pablo Aluísio.

Vampiros do Deserto

Quando você fala em Vampiros no deserto lembra logo daquele filme de John Carpenter. Não, esse aqui é outro filme, lançado três anos depois do original "Vampiros". São ideias parecidas, mas claramente com resultados diferentes. O roteiro é o básico do básico. Você coloca um grupo de jovens (sempre com loirinhas lindas) para ser encurralado no meio do nada por um grupo de seres famintos, sim, os tais vampiros. Apesar de ser sempre legal ver vampiros nesse tipo de cenário desértico sempre me perguntei o que diabos um vampiro iria fazer no meio do deserto... Afinal não há alimento (não há pessoas, logo também não há sangue), de dia o sol é escaldante (o que seria o fim de qualquer criatura feita para andar na escuridão) e por fim eles não teriam onde se esconder pois basicamente não há casas e nem construções por perto.

De uma forma ou outra o diretor J.S. Cardone fez o seu filme. O elenco é formado por atores e atrizes desconhecidos, por isso não espere por encontrar nenhum rosto familiar. No final das contas o interesse vai se resumir mesmo em ver como essa moçada vai ser morta pelos dentuços sedentos por sangue. E basicamente é só. 

Vampiros do Deserto (The Forsaken, Estados Unidos, 2001) Direção: J.S. Cardone / Roteiro: J.S. Cardone / Elenco: Kerr Smith, Brendan Fehr, Izabella Miko / Sinopse: Jovens ficam à mercê de vampiros famintos bem no meio do deserto. Agora cada um deles tentará sobreviver até que o dia amanheça e eles consigam encontrar alguma rota de fuga.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 7 de agosto de 2018

Visões Perigosas

Filmes sobre detetives em busca de assassinos em série sempre são, de uma maneira em geral, realmente bons. O chamado thriller policial é sempre um subgênero que reserva algumas boas surpresas ao espectador de cinema. Esse aqui tem duas novidades. A primeira é que o investigador, interpretado por Kiefer Sutherland, não é um cara comum. Ele tem visões e vidência, o que o ajuda em suas buscas e investigações. A outra novidade vem no próprio vilão, um serial killer que tem obsessão com o livro infantil "Alice no País das Maravilhas".

O clima soturno e sombrio tenta resgatar um pouco do velho estilo noir, aquele mesmo que foi muito utilizado nas décadas de 1940 e 1950. Embora não mergulhe completamente nessa estética, o filme vai bastante nessa fonte cinematográfica clássica. No mais o roteiro é bom, bem desenvolvido, e conta com um elenco que parece bem interessado no filme. O diretor Paul Marcus veio do mundo das séries de TV onde dirigiu muitos programas com temática justamente policial, por isso de certa maneira estava em casa. Então é isso, deixo a dica desse filme sobre um assassino em série fora do comum e de um detetive ainda mais fora dos padrões.

Visões Perigosas (After Alice, Estados Unidos, 2000) Direção: Paul Marcus / Roteiro: Jeff Miller / Elenco: Kiefer Sutherland, Henry Czerny, Polly Walker / Sinopse: O detetive Mickey Hayden (Kiefer Sutherland) vai atrás de um serial killer que mata suas vítimas deixando pistas relacionadas ao livro infantil "Alice no País das Maravilhas". O investigador tem um ás na manga para prende-lo pois tem visões paranormais sobre seu paradeiro.

Pablo Aluísio.

Gostosa Loucura

Filmes sobre romances adolescentes sempre terão seu espaço dentro do cinema. Esse aqui foi lançado discretamente no Brasil, apenas no mercado de vídeo. A história é bem convencional, o que não quer dizer que não seja boa. Aqui temos o namoro entre uma garota americana e um jovem latino. A garota se chama Nicole Oakley (Kirsten Dunst). Ela é a filhinha rica de um político e empresário da cidade. No histórico pessoal uma longa lista de comportamentos rebeldes contra a opressão do pai. O novo namorado é o latino Carlos Nuñez (Jay Hernandez). É um rapaz esforçado que trabalha e estuda e está tentando vencer na vida.

Como todo jovem a aproximação começa com um simples flerte, mas aos poucos o relacionamento vai ficando mais sério. O problema é que o casal tem origens diferentes, vidas completamente diversas. Obviamente que um filme com essa temática teria que lidar com a questão do preconceito racial e ético. Nos Estados Unidos há essas categorias bem diferenciadas. Se você não vem de uma família americana e tem um nome espanhol ou português é logo colocado na categoria dos latinos. É um bom filme que poderia ser melhor se o roteiro fosse mais a fundo nessa questão.

Gostosa Loucura (Crazy/Beautiful, Estados Unidos, 2001) Direção: John Stockwell / Roteiro: Phil Hay, Matt Manfredi / Elenco: Kirsten Dunst, Jay Hernandez, Bruce Davison / Sinopse: O filme conta a história do romance de um jovem casal, Nicole Oakley (Kirsten Dunst) e Carlos Nuñez (Jay Hernandez). Ela, rica e filha de um homem influente na sociedade, ele, pobre e de origem latina. Filme indicado ao prêmio ALMA Awards.

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 6 de agosto de 2018

Ella e John

Esse filme conta a história de um casal de idosos que certo dia resolve viajar... assim, sem mais, nem menos. Não avisam aos filhos, não dizem nada para ninguém. Apenas pegam o grande Motor Home em sua garagem e vão embora, ganhando a estrada. Tudo estaria bem se ele não fosse portador do Mal de Alzheimer e ela tivesse uma doença grave que lhe daria poucos meses de vida. Assim o filme vai se desenvolvendo, com o casal viajando, rumo ao sul, para a antiga cidade dela. No caminho começam os problemas. Por causa da doença John (Donald Sutherland) tem muitos lapsos de memória. Em certos momentos ele não consegue lembrar de onde está, do nome dos filhos e nem da esposa que está viajando ao seu lado. Também se confunde com o tempo, pensando ser ainda um estudante na universidade (ele é na realidade um professor de literatura americana aposentado). 

Uma de suas metas é visitar a casa que pertenceu ao grande escritor Ernest Miller Hemingway, seu grande ídolo nas letras. O curioso é que John consegue se lembrar de trechos inteiros dos livros dele, só que ao mesmo tempo não consegue lembrar do que aconteceu minutos atrás em sua vida. A esposa é interpretada pela grande atriz Helen Mirren. Ela é seguramente uma das grandes atrizes de sua geração e um dos melhores motivos para conferir esse filme. Com tantas qualidades em termos de elenco o filme só derrapa mesmo no final. Achei a conclusão da história um tanto absurda e eticamente condenável. Esse problema nem pode ser creditado apenas ao filme em si, pois o roteiro apenas adaptou o livro que lhe deu origem. O desfecho é em certo aspecto bem decepcionante porque acaba passando uma mensagem final errada. Particularmente me incomodei com tudo o que aconteceu. Você vai acompanhando esse casal de idosos ao longo de todo o filme, cria uma simpatia por eles e de repente tudo se resume naquele final ruim... de certa maneira estragou mesmo tudo. 

Ella e John (The Leisure Seeke, Estados Unidos, 2017) Direção: Paolo Virzì / Roteiro: Stephen Amidon, baseado no romance escrito por Michael Zadoorian / Elenco: Helen Mirren, Donald Sutherland, Christian McKay, Janel Moloney, Dana Ivey / Sinopse: Ella (Helen Mirren) e seu marido John (Donald Sutherland) decidem viajar para o sul pois querem fazer sua última grande viagem de turismo pois ambos estão com doenças graves. Filme indicado ao Globo de Ouro na categoria de Melhor Atriz (Hellen Mirren).
 
Pablo Aluísio.

O Último Suspeito

Esse "City by the Sea" não é um grande filme policial, mas até que tem seus bons momentos. O assisti já no apagar das luzes da era dos videocassetes, quando as locadoras começavam a fechar suas portas por causa da popularização da internet. Um caminho sem volta. Pois bem, aqui temos um enredo interessante. Um policial, que dedicou toda a sua vida na preservação da lei, passa a ser suspeito de um crime bárbaro! Teria alguma lógica nas suspeitas, sendo que ele sempre foi tão íntegro e honesto? Aparentemente sim, já que seu passado esconde algo que ele sempre quis esconder, varrer para debaixo do tapete.

Acontece que seu pai foi um assassino. Nos anos 50 ele passou medo e terror para a pequena cidadezinha onde morava. Após matar um inocente com requintes de crueldade acabou sendo condenado à morte, em um tipo bem primitivo e selvagem de punição, a corda da forca! Isso mesmo, o pai do policial era um criminoso condenado à morte por enforcamento. O roteiro assim tenta, num viés Darwiniano, confundir o espectador! Teria ele herdado os genes podres de seu pai? Ok, no mundo real praticamente ninguém levaria algo assim à sério, mas em um filme... por que não? Eu particularmente coloco o filme lado a lado com as dezenas de fitas policiais apagadas que De Niro atuou ao longo de sua carreira, mas aqui pelo menos há o charme desse roteiro que brinca com o passado negro de um homem que se dedicou a ser um bom tira por toda a sua miserável vida.

O Último Suspeito (City by the Sea, Estados Unidos, 2002) Estúdio: Warner Bros / Data de Lançamento: 10 de novembro de 2002 (EUA) / Direção: Michael Caton-Jones / Roteiro: Mike McAlary, Ken Hixon / Elenco: Robert De Niro, James Franco, Frances McDormand.

Pablo Aluísio.

domingo, 5 de agosto de 2018

Capitão América: Guerra Civil

Bem mais simples do que a saga Guerra Civil dos quadrinhos, esse filme acabou sendo uma espécie de preview do que se viria depois na saga dos vingadores. Para falar a verdade todos os filmes da Marvel caminham juntos o que não deixa de ser um grande e complexo desafio para os roteiristas. Imagine ter que combinar de uma forma ou outra todos os filmes que são lançados de forma avulsa a cada ano. A Marvel acabou criando assim uma fábrica de grandes bilheterias, algo que nem mesmo a DC Comics conseguiu chegar perto. Provavelmente em um futuro próximo o estúdio venha a reunir todos os filmes em um grande box, onde eles finalmente vão fazer mais sentido juntos.

Aqui temos o começo dos problemas envolvendo o Capitão América de um lado e o Homem de Ferro do outro. Em torno deles se formam dois grupos rivais de heróis. E a partir daí, como é de praxe nos quadrinhos e nos filmes adaptados, começa um grande quebra pau entre os personagens. Os efeitos especiais obviamente são de última geração, mas o roteiro deixa a desejar. Afirmo isso não apenas em relação aos quadrinhos em si, que trazia dezenas de outros personagens, mas também no desenvolvimento de cada um herói. É claro que edições e mais edições de revistas jamais poderiam ser compiladas de forma satisfatória em apenas um filme de pouco mais de duas horas. Assim, se você conseguir passar por cima dessa impossibilidade técnica, pode até mesmo vir a se divertir com tudo o que acontece na tela. É um típico filme blockbuster de Hollywood com tudo de bom e ruim que isso possa significar.

Capitão América: Guerra Civil (Captain America: Civil War, EUA, 2016) Direção: Anthony Russo, Joe Russo / Roteiro: Christopher Markus, Stephen McFeely / Elenco: Chris Evans, Robert Downey Jr., Scarlett Johansson, Don Cheadle, Jeremy Renner, Elizabeth Olsen, Paul Rudd, Emily VanCamp / Sinopse: O grupo de super-heróis dos Vingadores racha ao meio quando um tratado internacional é ratificado por centenas de países ao redor do mundo colocando um freio em suas atividades. O Homem de Ferro concorda com as novas medidas, mas o Capitão América se recusa a concordar com ele. Assim duas equipes antagônicas são formadas dentro dos Vingadores e elas logo entram em conflito.

Pablo Aluísio. 

Adeus Christopher Robin

O filme conta a história do relacionamento entre um pai e seu filho. O pai é um dramaturgo de sucesso em Londres que precisa superar os traumas da guerra. Veterano na Primeira Guerra Mundial ele retorna para a Inglaterra com problemas psicológicos pelas coisas que viu e viveu no campo de batalha. Acaba encontrando no filho um suporte para isso. Aos poucos vai recuperando o prazer de escrever e de viver. E é justamente nas brincadeiras que tem ao lado do filho em um bosque próximo de sua casa que o inspira a escrever um livro infantil. Esse livro se tornaria um enorme sucesso de vendas, dando origem a uma série de personagens que ainda hoje povoam o imaginário das crianças. O escritor era Alan Alexander Milne, o livro recebeu o nome de "Winnie the Pooh" (no Brasil, "O Ursinho Pooh") e o filho que se tornaria célebre por também fazer parte do livro era o pequeno Christopher Robin.

O roteiro assim apresenta duas linhas narrativas. Na primeira acompanhamos a infância de Robin. De repente ele se torna conhecido mundialmente por causa do livro escrito pelo pai. Entrevistas, aparições públicas e todo o desgaste de ter se tornado uma figura pública mundial ainda quando era apenas uma criança. Na outra linha narrativa, já encontramos Robin como adulto. Ele tem ressentimentos por nunca ter tido paz (justamente por causa da notoriedade do livro) e por essa razão passa a ter um relacionamento conturbado com o pai, que tenta recuperar o afeto do filho. Meio que por rebeldia, meio por tentar seguir seus próprios caminhos, acaba se alistando no exército inglês, justamente no auge da Segunda Grande Guerra Mundial. Embora seja apenas na média o filme se sobressai por trazer a biografia desse autor, o que certamente vai interessar aos apreciadores de literatura inglesa. Também tem um bom elenco, com destaque mais uma vez para a bela Margot Robbie como a mãe de Robin. Nada convencional para a época ela estava mais interessada na fama e no dinheiro vindos do grande sucesso do livro do que propriamente nas necessidades do filho por afeto e carinho materno.

Adeus Christopher Robin (Goodbye Christopher Robin, Inglaterra, 2017) Direção: Simon Curtis / Roteiro: Frank Cottrell Boyce, Simon Vaughan / Elenco: Domhnall Gleeson, Margot Robbie, Kelly Macdonald, Will Tilston, Alex Lawther / Sinopse: O filme conta a história do autor e dramaturgo A.A. Milne que escreveu um dos mais populares livros infantis de todos os tempos, o best-seller "Winnie the Pooh". Na estorinha ele contava as brincadeiras de seu filho único, C.R. Milne, com seus brinquedos, numa casa de campo nos arredores de Londres.

Pablo Aluísio.

sábado, 4 de agosto de 2018

Creed - Nascido para Lutar

Stallone poderia ter feito mais uma continuação vazia de Rocky, mas preferiu ir por outro caminho. Excelente escolha. Esse "Creed" não apenas foi um sucesso de público e crítica, como também abriu portas para uma outra franquia independente (Creed II já foi inclusive anunciado). Também ganhou pontos por deixar de lado seu ego de estrela de cinema para abrir um espaço para outros roteiristas e para o diretor Ryan Coogler dirigir um excelente drama esportivo, onde a ação também não é deixada de lado. Assim Sylvester Stallone acabou sendo indicado ao Oscar e ao Globo de Ouro por sua atuação! Quem imaginaria que nessa altura de sua vida ele iria ainda conseguir algo assim? Foi certamente algo excepcional.

De fato Stallone apenas serve como um coadjuvante de luxo dentro do enredo. O seu tão querido Rocky Balboa está curtindo seus anos de aposentadoria - vivendo uma existência modesta. E de repente bate à sua porta o jovem Adonis Johnson (Michael B. Jordan). Ele é filho do campeão Apollo Creed e quer ser também um campeão do boxe. Em sua forma de ver as coisas ninguém poderia lhe treinar melhor do que o próprio Rocky Balboa! E assim o filme se desenvolve. Há um pequeno problema de ritmo em sua estrutura e o roteiro não deixa de explorar certos clichês desse tipo de filme, porém é também inegável que o filme conseguiu chamar atenção por seus próprios méritos. Talvez Michael B. Jordan não seja um ator tão carismático para segurar um filme desse porte. Nesse aspecto ele acabou sendo salvo pelo próprio Stallone que sempre teve um carisma absurdo, ainda mais quando volta a interpretar o bom e velho Rocky Balboa.

Creed - Nascido para Lutar (Creed, Estados Unidos, 2015) Estúdio: Metro-Goldwyn-Mayer (MGM) / Direção: Ryan Coogler / Roteiro: Ryan Coogler, Aaron Covington / Elenco: Michael B. Jordan, Sylvester Stallone, Tessa Thompson / Sinopse: Jovem lutador procura campeão de boxe do passado para que esse o treine. O choque de gerações logo se torna bem evidente entre ambos. Filme indicado ao Oscar na categoria de Melhor Ator Coadjuvante (Sylvester Stallone). Vencedor do Globo de Ouro na mesma categoria.

Pablo Aluísio.

Histórias Cruzadas

Filme muito bom que é baseado em uma história real. Antes de ir para o cinema deu origem a um best-seller nos Estados Unidos. A história se passa nos anos 1960. Uma jovem recém formada decide escrever um livro contando o cotidiano das empregadas domésticas negras do sul. Como se sabe os estados sulistas dos Estados Unidos sempre foram associados a uma sociedade extremamente racista. Basta lembrar da guerra civil para entender bem isso. Assim Skeeter (Emma Stone) começa a acompanhar as experiências de vida da empregada doméstica Aibileen (Viola Davis). É justamente nas pequenas coisas diárias que ela espera encontrar a verdadeira face daquela sociedade.

E o que ela encontra? O racismo mais disfarçado, um misto de preconceito racial com preconceito social. Relegadas a baixos salários e longas jornadas de trabalho, as empregadas domésticas negras eram mesmo consideradas seres humanos de segunda categoria. O filme porém procura não criar um estilo de panfleto social, indo mais nas sutilezas, sem exagerar na dose. Em termos de elenco, onde predominam elas, as mulheres, temos excelentes atuações. Passando pela jovem e bem intencionada personagem interpretada por Emma Stone e passando pela integridade moral e experiência de vida da Aibileen de Viola Davis. Um filme muito bom mesmo, com excelente reconstituição de época, tudo valorizado pelo roteiro socialmente consciente. Uma boa oportunidade para os americanos se olharem no espelho.

Histórias Cruzadas (The Help, EUA, 2011) Direção: Tate Taylor / Roteiro: Tate Taylor, baseado na obra de Kathryn Stockett / Elenco: Emma Stone, Viola Davis, Octavia Spencer, Bryce Dallas Howard, Mike Vogel, Allison Janney / Sinopse: Durante a década de 60 a jovem Skeeter (Emma Stone), uma recém formada que tem planos de ser tornar escritora, decide escrever um livro retratando o cotidiano das empregadas domésticas negras do sul dos EUA. Em busca de material para seu texto ela consegue o apoio de Aibileen (Viola Davis), governanta de um amigo. Através dela Skeeter começa a ouvir também outras empregadas domésticas de sua cidade, dando forma ao seu livro que acabaria revelando um lado nada lisonjeiro das relações patroas e empregadas no sul racista americano

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 3 de agosto de 2018

Sibéria

Não acredito que os fãs de Keanu Reeves vão gostar muito desse filme. Todo rodado na Rússia, ele se propõe a ser ao mesmo tempo um filme de ação e romance e no final das contas falhas nas duas opções. Reeves interpreta um negociante americano que vai até a Rússia para comprar e revender raros diamantes azuis. O valor, claro, é exorbitante. Seus clientes são mafiosos, sujeitos violentos e que não aceitam falhas nesse tipo de negócio. Só que o fornecedor dele já foi pego vendendo diamantes falsos e pior do que isso, já se queimou com a máfia russa. O roteiro tem buracos. O espectador nunca fica sabendo, por exemplo, se o protagonista é apenas um vendedor de diamantes raros ou se tem alguma ligação a mais com o mundo do crime. Nada fica muito claro. Não procure também por muita ação nesse filme. Só há mesmo uma cena (a final) onde tiros são trocados numa floresta remota da Sibéria. Fora isso só há ameaças e situações de tensão ao longo de todo o filme. Nada parecido com John Wick. Quem gosta de ver Reeves em cenas mais movimentadas vai se decepcionar.

E então vem o lado romântico do filme. Enquanto está esperando por seu fornecedor, Reeves se envolve com uma russa interpretada pela atriz romena Ana Ularu. Ele a conhece casualmente em um bar onde ela trabalha. Depois do flerte vão para a cama, o que rende algumas cenas mais picantes ao filme (também não vá esperar muito nesse quesito). Esse romance entre o americano e a russa me pareceu bem morno. Apesar da pegação na hora do sexo, o Reeves não parece muito empolgado com sua nova namorada. Na maioria das vezes surge frio e distante. Para piorar a situação ela tem um pretendente na vila onde mora, um sujeito que vive bêbado (o que convenhamos é um estereótipo barato do roteiro em cima dos homens russos). Também tem alguns irmãos rudes e toscos que por diversão caçam ursos nas redondezas (outro estereótipo bobo do roteiro). No final fica aquela sensação de que o filme vai avançando sem ritmo, sem pegada, lento demais... tudo culminando numa cena que vai deixar as fãs do Keanu Reeves ainda mais irritadas.

Sibéria (Siberia, Estados Unidos, 2018) Direção: Matthew Ross / Roteiro: Scott B. Smith, Stephen Hamel / Elenco: Keanu Reeves, Ana Ularu, Boris Gulyarin, Ashley St. George / Sinopse: Lucas Hill (Keanu Reeves) é um americano que chega na Rússia para negociar raros diamantes azuis com a máfia, só que ao chegar em solo russo descobre que seu fornecedor está desaparecido, provavelmente morto, por ter vendido pedras falsas a criminosos de São Petersburgo.

Pablo Aluísio.

Regresso do Mal

Um filme de terror com Nicolas Cage? Sim, isso mesmo! O filme foi lançado no feriado de Halloween nos Estados Unidos e até que não foi tão mal como se esperava. O bom e velho Cage faz um pai feliz que decide levar o filho, um garotinho, para passear no meio de uma festa pelas ruas de Nova Iorque. Quando se distancia para comprar um sorvete para o filho acaba o perdendo de vista. Desesperado, faz de tudo para encontrá-lo, mas seus esforços são em vão. O roteiro então dá um pulo de um ano. O menino continua desaparecido. Pistas levam Cage a descobrir que seu sumiço pode ter sido causado pelos adoradores de uma antiga seita ocultista obscura.

Em vários flashbacks o roteiro então vai explorando o passado, mostrando inclusive o que aconteceu ainda nos tempos da colonização, onde uma lenda amaldiçoada começou a imperar entre os moradores. O título original desse filme (que significa "Pague ao Fantasma") tem muito a ver com o próprio enredo. Entre boas sequências de suspense e terror o que acaba se sobressaindo mesmo é o argumento do roteiro, que procura manter a atenção do espectador. O filme só se perde mesmo quando vai chegando ao final. O personagem de Cage atravessa o mundo espiritual em uma cena que não diz a que veio, que não ajuda em nada ao filme como um todo. No geral não é uma perda de tempo pois o filme ainda tem seus momentos, porém ficou muito longe do que poderia ser.

Regresso do Mal (Pay the Ghost, EUA, 2015) Direção: Uli Edel / Roteiro: Dan Kay, baseado na novela de Tim Lebbon / Elenco: Nicolas Cage, Sarah Wayne Callies, Veronica Ferres / Sinopse: Professor se desespera ao perder seu filho no meio de uma grande festa de Halloween. Após meses de busca intensa ele começa a seguir pistas que podem levar a uma ligação entre antigas crenças celtas e o paradeiro de centenas de crianças desaparecidas. Teria algo a ver com um evento trágico que aconteceu em Nova Iorque durante o século XVII, em pleno período da colonização da cidade?

Pablo Aluísio. 

quinta-feira, 2 de agosto de 2018

Deadpool

Esse é o primeiro filme do herói (herói?!) Marvel Deadpool. Recentemente vi o segundo e pude perceber que os produtores apenas apostaram no que já havia dado certo por aqui. Nada de muito novo. Pois bem, o diferencial desse personagem mascarado em relação aos demais é que ele mais parece uma metralhadora de gracinhas (ou bobagens) do que um herói de quadrinhos para a criançada admirar e comprar bonequinhos. Por falar nas revistas em quadrinhos, os entendidos afirmam que seus gibis são bem ruins, mas seus filmes, pelo menos até agora, se salvam da mesmice. O engraçado é que lendo a sinopse até parece um personagem mais tradicional, uma espécie de sub-Wolverine, mas não se trata mesmo disso, é algo bem diferente.

O enredo traz o veterano das forças especiais Wade Wilson (Ryan Reynolds). Ele está com uma doença terminal e por desespero de causa topa entrar em um experimento, um tratamento inovador e também perigoso. O resultado é que ele sobrevive e mais... surge com poderes especiais que jamais sonhara antes. O plot é legalzinho, não há como negar, mas também não foge muito do lugar comum entre origens de personagens da editora Marvel. Por fim a maior das ironias.  Ryan Reynolds fracassou com Lanterna Verde, mas acabou dando certo como Deadpool. E olha que nos quadrinhos o Lanterna da DC é muito mais popular do que o falastrão Deadpool da Marvel Comics... Vai entender...

Deadpool (Estados Unidos, Canadá, 2016) Estúdio: 20th Century Fox / Direção: Tim Miller / Roteiro: Tim Miller, Rhett Reese, Paul Wernick / Elenco: Ryan Reynolds, Morena Baccarin, T.J. Miller / Sinopse: Um membro das forças especiais passa por um tratamento novo que acaba salvando sua vida de um fim certo por causa de um câncer agressivo. Ao mesmo tempo o torna praticamente indestrutível, impossível de se matar.

Pablo Aluísio.

Baile Perfumado

Título no Brasil: Baile Perfumado
Título Original: Baile Perfumado
Ano de Produção: 1997
País: Brasil
Estúdio: Imovision
Direção: Paulo Caldas, Lírio Ferreira
Roteiro: Paulo Caldas, Lírio Ferreira
Elenco: Duda Mamberti, Luiz Carlos Vasconcelos, Aramis Trindade, Joffre Soares, Cláudio Mamberti, Germano Haiut

Sinopse:
Em 1937 o libanês Benjamin Abrahão (Duda Mamberti) resolve apostar numa empreitada perigosa. Ele decide ir para a caatinga em busca de Lampião e seu bando de cangaceiros no nordeste brasileiro. Sua intenção é filmar o famoso bandoleiro para exibir em cinemas pelo país afora. Inicialmente relutante, o Capitão Virgulino então finalmente decide ceder, "atuando" assim no filme de Benjamin.

Comentários:
Bom momento do cinema brasileiro que conta uma das histórias mais improváveis do nordeste, quando um estrangeiro conseguiu romper as linhas de defesa de Lampião para fazer as únicas imagens do grupo de cangaceiros em um filme. Aliás o filme em si é um exercício de metalinguagem cinematográfica das mais interessantes, isso porque o filme de Benjamin Abrahão acabou dando origem a justamente esse "Baile Perfumado". Obviamente a câmera que usou na época era bem primitiva, sem som, nem nada de muito sofisticado em termos tecnológicos, porém as imagens captadas do bando de Lampião foi certamente um dos registros históricos mais importantes da cultura do povo nordestino. A tradição ligando o cangaço com o cinema brasileiro vem de muito tempo, poderia dizer até mesmo que essa seria a mitologia brasileira equivalente ao velho oeste dos Estados Unidos. Se o Brasil tivesse uma indústria de cinema mais regular e desenvolvida certamente muitos filmes teriam sido produzidos sobre o cangaço. De qualquer maneira esse "Baile Perfumado" é seguramente um tiro certeiro nesse estilo de produção..Roteiro bem elaborado, boa produção e um enredo que é à prova de falhas. Se ainda não viu não deixe de conferir.

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 1 de agosto de 2018

Bom Comportamento

Até que achei bom esse novo filme estrelado pelo ator Robert Pattinson. Ele deixou a imagem de vampiro ídolo dos adolescentes para interpretar um ladrão de bancos, um sujeito até bem desprezível que usa seu irmão deficiente mental nos crimes. Depois de mais um assalto as coisas acabam saindo muito mal. O ladrão de Pattinson consegue fugir da polícia, mas seu irmão acaba literalmente atravessando uma porta de vidro da agência bancária. Depois disso fim de papo. Ferido, com o rosto cheio de cortes profundos, acaba sendo preso pelos tiras. Sendo uma pessoa deficiente, com problemas até mesmo de comunicação com os outros, acaba sendo espancado brutalmente na prisão. Aí vem aquela coisa, levado ao hospital, acaba sendo alvo dos planos do irmão criminoso que quer tirar ele de lá, só que mais uma vez acontece tudo errado, desastre completo.

O filme pode ser considerado um thriller criminal. Todos os principais personagens são seres trágicos, sem esperança nenhuma. Também são desprovidos de valores morais. Bandidos de corpo e alma. Para salvar o irmão da cadeia Pattinson vai atrás de uma antiga namorada, uma mulher também com problemas mentais que mora com a mãe em um apartamento bem pequeno. Pior do que isso, pede que ela use os cartões de crédito de sua sofrida mãe para pagar a fiança. Um absurdo completo. No meio do caminho ainda há espaço para o sequestro de uma pessoa errada e a disfarçada invasão da casa de um velha senhora negra e sua neta. O inferno na Terra. Bom filme enfim, bem visceral e à sua maneira, cruel.

Bom Comportamento (Good Time, Estados Unidos, 2017) Direção: Benny Safdie, Josh Safdie / Roteiro: Ronald Bronstein, Josh Safdie / Elenco: Robert Pattinson, Benny Safdie, Jennifer Jason Leigh / Sinopse: Dois irmãos, um deles com retardo mental, assaltam um banco. O crime porém não dá muito certo. A polícia é chamada e um deles acaba encurralado. Preso, é espancado na prisão por um grupo de prisioneiros negros. Depois disso é levado a um hospital, onde o seu irmão vai tentar resgatá-lo de qualquer maneira.

Pablo Aluísio.

Animais Noturnos

Esse filme no fundo tem algo que vai fazer todo e qualquer espectador se identificar. Sua mensagem subliminar é sobre as escolhas erradas que fazemos ao longo da vida; Arrependimentos? Sim, embora ninguém goste realmente de admitir que se arrependeu de algo feito no passado. A protagonista é Susan Morrow (Amy Adams). Uma mulher que começa a perceber que sua vida pessoal e profissional não vai bem. O marido é um sujeito cada vez mais distante e a galeria de arte onde ela trabalha vai de mal a pior a cada dia. Para enrolar ainda mais sua situação o ex-marido Edward Sheffield (Jake Gyllenhaal) surge com um novo livro que ele pretende publicar. Ela gostava dele, mas por pressão familiar o deixou. É a velha faceta do preconceito social. Como ele era pobre e sem dinheiro, a mãe dela tratou de colocar um fim no romance.

Outro ponto forte desse filme é o seu roteiro que se desdobra em duas linhas narrativas distintas que vão seguindo durante o filme. Na primeira acompanhamos a vida de Susan e no segundo mergulhamos na trama do livro que ela lê, justamente "Animais Noturnos" escrito por seu ex-marido. Tudo muito bem realizado e de bom gosto. Vale ressaltar também que essa dupla de atores centrais - Amy Adams e Jake Gyllenhaal - fazem toda a diferença. Eles estão ótimos, excepcionais em seus papéis. Diria até que Amy merecia ter sido indicada ao Oscar por esse trabalho, opinião compartilhada por muitos críticos de cinema quando esse filme foi lançado. Então é isso. Fica a recomendação desse drama muito bem escrito e atuado. Algo cada vez mais raro nos dias de hoje.

Animais Noturnos (Nocturnal Animals, Estados Unidos,  2016) Estúdio: Focus Features / Direção: Tom Ford / Roteiro: Tom Ford / Elenco: Amy Adams, Jake Gyllenhaal, Michael Shannon, Aaron Taylor-Johnson, Laura Linney, Michael Sheen / Sinopse: O filme conta a história de Susan Morrow (Amy Adams). O casamento dela vai mal e a galeria de arte que administra está em um péssimo momento. Ela olha para o passado e se arrepende de várias coisas, entre elas a de não ter seguido em frente com seu relacionamento com Edward Sheffield (Jake Gyllenhaal). E para sua surpresa ele ressurge com um livro dedicado justamente a ela!

Pablo Aluísio.  

quinta-feira, 26 de julho de 2018

O Doce Pássaro da Juventude

Título no Brasil: O Doce Pássaro da Juventude
Título Original: Sweet Bird of Youth
Ano de Produção: 1962
País: Estados Unidos
Estúdio: Metro-Goldwyn-Mayer (MGM)
Direção: Richard Brooks
Roteiro: Richard Brooks
Elenco: Paul Newman, Geraldine Page, Shirley Knight, Ed Begley, Madeleine Sherwood, Rip Torn
  
Sinopse:
Com roteiro baseado na obra de Tennessee Williams, o filme "O Doce Pássaro da Juventude" conta a estória de Chance Wayne (Paul Newman). Após muitos anos ele está de volta para sua cidade natal e não está sozinho. Ao seu lado viaja também a decadente estrela de cinema Alexandra Del Lago (Geraldine Page). De volta ao seu antigo lar Chance reencontra pessoas de seu passado e tenta superar os traumas de sua juventude. Filme vencedor do Oscar na categoria de Melhor Ator Coadjuvante (Ed Begley). Também vencedor do Globo de Ouro na categoria de Melhor Atriz - Drama (Geraldine Page).

Comentários:
Mais uma brilhante adaptação de um texto de Tennessee Williams. O roteiro é baseado em sua peça de teatro que causou grande repercussão de crítica e público desde que foi encenada pela primeira vez em Nova Iorque. Aqui somos apresentados ao casal formado por Chance Wayne (Paul Newman) e Alexandra Del Lago (Geraldine Page). Eles chegam numa pequena cidade chamada St Cloud e se hospedam num hotel barato. Ela está totalmente embriagada e ele a trata publicamente como uma princesa estrangeira. No decorrer do filme vamos entendendo aos poucos quem realmente são e a razão de estarem ali. A trama é tecida gradativamente, em camadas, com uso extremamente inteligente de flashbacks contando todo o passado dos personagens. É um ótimo instrumento narrativo para situar o espectador dentro do enredo. Nem é preciso dizer que o roteiro tem excelentes diálogos e é excepcionalmente bem interpretado por Paul Newman (em grande forma) e Geraldine Page (maravilhosa em cena, conseguindo imprimir em sua personagem doses exatas de sensibilidade, humanidade e crueldade psicológica).

Na realidade o texto tem um tema central: A extrema dificuldade que certas pessoas possuem em lidar com o fim da juventude e de encarar os fracassos pessoais de uma velhice em depressão. Alexandra Del Lago (Page) retrata muito bem isso. Uma antiga diva do cinema que vê seu mundo desmoronar após perder o encanto e a jovialidade. Seus filmes fazem parte do passado, praticamente ninguém a conhece mais. A fama que um dia a glorificou está definitivamente em um passado distante. Já Chance (Newman) é muito mais interessante. Correndo atrás de um sonho que jamais se realizará, ele vê seus anos (e sua juventude) passarem em branco, sem conseguir tornar realidade os objetivos que ele próprio determinou a si mesmo. Em certo aspecto é também um derrotado em sua vida profissional e pessoal. O texto é um dos melhores de Williams, embora não seja tão pesado como o que vimos em outras obras dele como "Gata em Teto de Zinco Quente". Além disso "O Doce Pássaro da Juventude" tem mais clima de cinema, deixando o aspecto teatral da obra original em segundo plano. Enfim, gostei muito e recomendo bastante. É uma verdadeira obra prima do cinema americano clássico.

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 25 de julho de 2018

Quo Vadis

Título no Brasil: Quo Vadis
Título Original: Quo Vadis
Ano de Produção: 1951
País: Estados Unidos
Estúdio: Metro-Goldwyn-Mayer (MGM)
Direção: Mervyn LeRoy
Roteiro: John Lee Mahin, S.N. Behrman
Elenco: Robert Taylor, Deborah Kerr, Peter Ustinov, Leo Genn
  
Sinopse:
Durante o governo do sanguinário e louco imperador romano Nero uma nova doutrina religiosa chamada Cristianismo avança entre a sociedade de Roma. Pregada por pessoas como o apóstolo Pedro e seus seguidores, a nova religião trazia uma mensagem de esperança, fé e amor ao próximo. Logo a nova crença em um Messias da Judeia chamado Jesus se torna um problema para o império e seus deuses pagãos, dando origem a uma série de perseguições violentas. Épico histórico baseado em fatos reais ocorridos nos primeiros anos do cristianismo em Roma.

Comentários:
Filme indicado a oito prêmios Oscar, incluindo melhor filme, ator (Peter Ustinov), fotografia, edição e música (a cargo do grande compositor Miklós Rózsa). Não restam dúvidas que é uma obra prima de Hollywood. Fazia bastante tempo que havia assistido "Quo Vadis" pela última vez, por isso resolvi rever essa grande produção épica dos estúdios Metro. Realmente o filme continua muito bom. Ele é um precursor dos vários filmes que seriam produzidos sobre a Roma imperial nos anos seguintes. Tem uma produção muito bonita e rica. Naquela época não havia como fazer nada por computador, então nas grandes cenas se utilizavam realmente de centenas de milhares de figurantes, dando um tom de grandiosidade a tudo que se via na tela. De fato tudo é impressionante, inclusive sua duração: mais de duas horas e quarenta minutos de metragem! É um épico típico de Hollywood naquela época. Tudo soa superlativo, inclusive a trilha sonora que é completamente suntuosa. Os personagens desfilam em cena com toda a pompa e a circunstância devidas.

Muito do que se vê na tela é pura ficção, embora haja também grandes trechos adaptados do novo testamento em sua parte chamada "Atos dos Apóstolos", ou seja, o filme se passa nos anos imediatamente posteriores à morte de Jesus Cristo, justamente quando seus seguidores se espalharam pelo mundo afora divulgando a boa nova (o Evangelho). Em termos gerais um dos grande atrativos em "Quo Vadis" vem da presença de um elenco muito bom, acima da média. Robert Taylor e Deborah Kerr estão bem, embora seus personagens não fujam muito do lugar comum. Quem brilha realmente é Peter Ustinov como Nero. Fazendo um imperador mimado, abobalhado, tirano, sanguinário e com ares de grandeza artística, Ustinov marcou para sempre o personagem, tanto que todos os atores que depois interpretaram o imperador louco de Roma foram pelo mesmo caminho desenvolvido por ele. Outro destaque vem da inspirada atuação do ator Finlay Currie como Pedro, o apóstolo pescador, dando toda a dignidade que o papel merece. Em conclusão é um grande épico da história do cinema americano, sempre lembrado, o que é justo haja visto sua excelente qualidade. "Quo Vadis" realmente merece ser descoberto (e redescoberto) sempre que possível, principalmente para quem gosta de épicos clássicos. Imperdível.

Pablo Aluísio.

A Águia Solitária

Título no Brasil: A Águia Solitária
Título Original: The Spirit of St. Louis
Ano de Produção: 1957
País: Estados Unidos
Estúdio: Warner Bros
Direção: Billy Wilder
Roteiro: Billy Wilder
Elenco: James Stewart, Murray Hamilton, Patricia Smith, Marc Connelly, Arthur Space, Charles Watts
  
Sinopse:
O ano é 1927. O piloto Charles Lindeberg (James Stewart) começa os preparativos de uma aventura ousada, inédita na história até aquele momento. Ele tentará pela primeira vez atravessar sozinho em seu avião "Spirit of St. Louis" o Oceano Atlântico, saindo de Nova Iorque com destino até a capital francesa, Paris. Não será algo fácil de realizar, mas Lindeberg se mostra confiante para atingir seus objetivos. Filme indicado ao Oscar na categoria de Melhores Efeitos Especiais (Louis Lichtenfield).

Comentários:
O filme enfoca a travessia do Oceano Atlântico por Charles Lindberg em 1927. Para quem andou esquecendo as aulas de história esse foi um evento histórico. O piloto virou automaticamente herói americano por sua proeza, sendo recebido por incríveis quatro milhões de pessoas quando retornou a Nova Iorque após o êxito de sua famosa aventura! Claro que um filme onde todos sabem como será o final perde um pouco seu atrativo, mas isso é o de menos. O importante é acompanhar como o piloto executou a incrível missão, os desafios que enfrentou e os perigos de se voar em um avião como aqueles em direção à distante Europa. Por seu feito ele foi consagrado, virando uma espécie de símbolo do próprio espírito americano!  Em vista de todo esse clima, digamos, ufanista, não é de se admirar que o filme adote uma postura de reverência com o personagem principal. Para interpretar uma pessoa com toda essa reputação nada mais natural que chamar James Stewart, que naquele momento de sua carreira estava totalmente consagrado, não apenas por seus filmes ao lado de Frank Capra, mas também por uma invejável lista de sucessos que vinha colecionando. Ele personificava também o homem comum, símbolo do sentimento patriota daqueles anos. Por essa razão interpretar heróis ou virtuosos era bem adequado a ele naquele momento de sua carreira!

O roteiro pode ser chamado de burocrático, pois não toma nenhuma grande liberdade com o fato histórico. Vamos acompanhando a travessia e como o filme não poderia se concentrar apenas no que acontecia dentro da pequenina cabine do Spirit St Louis durante duas horas de duração, os roteiristas resolveram intercalar momentos em flashback da vida de Lindberg enquanto ele vai atravessando o oceano. Funciona muito bem uma vez que evita que o espectador fique entediado. O diretor aqui é o consagrado Billy Wilder, famoso por sua fina ironia e cinismo que usava em seus filmes. Porém aqui em "Águia Solitária" nada disso voltou a acontecer. Claro que ele coloca pequenos momentos de humor aqui ou acolá, mas em relação a Lindberg ele não arrisca e adota uma postura de respeito para com seu protagonista. Interessante é que anos depois a figura desse "herói" seria seriamente arranhada pois alguns historiadores afirmariam que ele tinha uma simpatia nada disfarçada pelo regime nazista! Claro que nada disso é mostrado no filme, pois foi algo que só veio a público muitos anos depois, mas mesmo que não fosse o caso duvido muito que alguém fosse mexer em um vespeiro desses na época da realização do filme. Enfim, apesar dos pesares, da longa duração, do ufanismo e da falta de leveza, "Águia Solitária" é um bom entretenimento - e serve também como aula de história.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 24 de julho de 2018

Os Corruptos

Título no Brasil: Os Corruptos
Título Original: The Big Heat
Ano de Produção: 1953
País: Estados Unidos
Estúdio: Columbia Pictures
Direção: Fritz Lang
Roteiro: Sydney Boehm, William P. McGivern
Elenco: Glenn Ford, Gloria Grahame, Jocelyn Brando

Sinopse:
O sargento e inspetor Dave Bannion (Glenn Ford) não mede esforços e nem procura apresentar muitos escrúpulos pessoais e profissionais no que diz respeito ao combate contra a criminalidade. Agora ele está no rastro de uma rede de corrupção envolvendo policiais e gangsters que mantém vários membros da corporação em sua "folha de pagamento". Em pouco tempo ele compreenderá que está dentro de um jogo sujo e sórdido, onde não existe espaço para os grandes valores como a honestidade.

Comentários:
Film-Noir que conta com algumas curiosidades interessantes. Primeiro foi dirigido pelo mestre no gênero, o austríaco radicado nos Estados Unidos, Friedrich Christian Anton Lang (1890 - 1976), ou como ficou conhecido Fritz Lang. O roteiro, como sempre acontecia nesse tipo de produção, procura explorar a essência cruel e sórdida dos seres humanos em geral. Olhando sob um ponto de vista detalhista não existem mocinhos ou bandidos em cena, apenas personagens que se equilibram entre boas e más ações de acordo com suas conveniências pessoais. É curioso também chamar a atenção para o fato que o Noir começava também a apresentar alguns sinais de desgaste, afinal seu auge havia se dado na década anterior. Já nos anos 1950 o público, encantado pelo cinema colorido, já não estava mais tão disposto a assistir filmes com fotografia em preto e branco, onde personagens obscuros desfilavam maldade em cada fotograma, escondidos em sombras e neblinas. O pessimismo e a crueldade inerentes ao homem estavam sendo substituídos por um colorido berrante, em filmes onde os bons era intrinsecamente bonzinhos e o maus eram vilões absolutos. Um retrocesso artístico, certamente. A era do cinza estava chegando ao fim. Assim "The Big Heat" foi um dos últimos exemplares de uma das páginas mais criativas e importantes da história de Hollywood. 

Pablo Aluísio.

Agonia e Êxtase

Título no Brasil: Agonia e Êxtase
Título Original: The Agony and the Ecstasy
Ano de Produção: 1965
País: Estados Unidos, Itália
Estúdio: Twentieth Century Fox
Direção: Carol Reed
Roteiro: Philip Dunne, Irving Stone
Elenco: Charlton Heston, Rex Harrison, Diane Cilento, Harry Andrews, Alberto Lupo, Venantino Venantini

Sinopse:
Durante o período da renascença, o Papa Julio II contrata o renomado artista, pintor e escultor Michelangelo (Charlton Heston) para pintar e ornamentar a capela Sistina no Vaticano. O choque de personalidades logo se instala entre ambos. Filme indicado ao Oscar nas categorias de Melhor Fotografia (Leon Shamroy), Melhor Direção de Arte (John DeCuir, Jack Martin Smith), Melhor Figurino (Vittorio Nino Novarese), Melhor Som (James Corcoran) e Melhor Música (Alex North). Indicado ao Globo de Ouro nas categorias de Melhor Ator (Charlton Heston) e Melhor Roteiro (Philip Dunne, Irving Stone).

Comentários:
A história é das mais interessantes. O Papa Julio II contrata Michelangelo (Charlton Heston) para pintar e ornamentar a capela Sistina no Vaticano. Como se pode perceber são duas personalidades bem diferentes e obviamente com o tempo se instala um verdadeiro conflito pessoal entre eles. Esse filme é excelente, Mostra a história real entre o artista Michelangelo e o Papa Julio II. O curioso é que ambos eram turrões e brigões e por isso estavam sempre brigando sobre a capela Sistina. Existem diálogos fabulosos aqui, principalmente uma das cenas finais quando Julio e Michelangelo discutem a natureza do homem perante a famosa cena que mostra Deus e Adão fazendo o pacto durante o Gênesis. O filme é pontuado de cenas de extrema beleza, principalmente aquela em que Michelangelo visualiza sua pintura em nuvens que vê acima de uma montanha. Eu adoro arte renascentista e história, então o filme foi feito para pessoas que também tem gostos semelhantes ao meu. Apesar disso, acredito que quem gosta de filmes com roteiros históricos que capricham em diálogos inspirados irá igualmente apreciar. Julio II era um papa diferente, fazia guerras, ia pessoalmente nas batalhas e tinha três fihas. Era rabugento e gostava de uma boa discussão. Michelangelo era egocêntrico, arrogante e muito cioso de sua arte. Um filme que mostrasse personalidades tão ricas só poderia resultar mesmo em um filme tão bom quanto esse. Para cinéfilos que queiram aprender mais sobre a história da arte o filme é obrigatório. Cinema de primeira linha.

Pablo Aluísio.