terça-feira, 19 de abril de 2016

Wimbledon - O Jogo do Amor

Título no Brasil: Wimbledon - O Jogo do Amor
Título Original: Wimbledon
Ano de Produção: 2004
País: Estados Unidos
Estúdio: Universal Pictures, StudioCanal
Direção: Richard Loncraine
Roteiro: Adam Brooks, Jennifer Flackett
Elenco: Kirsten Dunst, Paul Bettany, Jon Favreau

Sinopse:
Peter Colt (Paul Bettany), um jogador inglês de tênis em seus trinta anos, despenca na classificação geral da categoria, saindo de uma boa posição, décimo primeiro no ranking para o vexatório 119º lugar. Ela vai se acostumando com a ideia de que está velho demais para o esporte e que não tem mais grandes chances de se recuperar. Seus pensamentos e mentalidade mudam porém quando se apaixona pela americana Lizzie Bradbury (Kirsten Dunst), uma jovem tenista em ascensão. Isso motiva Colt a disputar pela última e decisiva vez o prestigiado torneio de Wimbledon, onde ele fará de tudo para voltar a ser um desportista competitivo e vencedor.

Comentários:
"Wimbledon - O Jogo do Amor" é aquele tipo de filme que você locaria em um fim de semana se não houvesse mais nada de interessante nas prateleiras das locadoras. É um romance que tenta pegar carona no carisma da dupla central de atores. Kirsten Dunst aproveitando a popularidade de sua carreira em filmes como "Homem-Aranha" tenta trazer algum interesse. Já Paul Bettany não está lá muito convincente como galã romântico britânico - as americanas, para quem não sabe, possuem uma quedinha por ingleses, por causa de sua finesse e classe, algo que definitivamente falta nos homens americanos, sempre mais rudes e diretos. O resultado final soa bem mais ou menos. Não consegui ver muita química entre os atores - algo que não pode faltar nesse tipo de fita. Além disso a tentativa de ser um produto mais elitizado lhe dá uma postura de esnobismo que cansa também. Talvez para as mais românticas até venham a agradar mas para o público masculino em geral o interesse decai. Filme indicado ao Empire Awards UK na categoria de Melhor Ator Britânico (Paul Bettany).

Pablo Aluísio.

Histórias Cruzadas

Durante a década de 60 a jovem Skeeter (Emma Stone), uma recém formada que tem planos de ser tornar escritora, decide escrever um livro retratando o cotidiano das empregadas domésticas negras do sul dos EUA. Em busca de material para seu texto ela consegue o apoio de Aibileen (Viola Davis), governanta de um amigo. Através dela Skeeter começa a ouvir também outras empregadas domésticas de sua cidade, dando forma ao seu livro que acabaria revelando um lado nada lisonjeiro das relações patroas e empregadas no sul racista americano. Em um ano relativamente fraco de bons filmes "Histórias Cruzadas" se tornou uma tábua de salvação. Além de roteiro socialmente consciente fez uma ótima bilheteria nos cinemas mostrando que ainda existe público para filmes que toquem em assuntos relevantes, com roteiros bem escritos e atuações inspiradas. A produção é de muito bom gosto, com ótima reconstituição de época. No elenco nenhuma estrela, o que é um alivio pois se alguma atriz de maior nome estivesse envolvida no meio certamente o filme deixaria a temática importante de lado para super promover ela, como sempre acontece aliás. É um filme baseado em ótimos diálogos e boas interpretações como bem demonstra os vários prêmios que recebeu, entre eles o Oscar e o BAFTA de Melhor Atriz Coadjuvante para Octavia Spencer e os Globos de Ouro de Melhor Elenco, Melhor Atriz (Viola Davis) e Melhor Atriz Coadjuvante (mais um prêmio nessa categoria para Octavia Spencer).

Emma Stone, que nunca fez nada de muito importante (só uma listinha de filmes tolinhos e esquecíveis), mostra muito talento e desenvoltura interpretando a aspirante á escritora que ousou contar em pleno sul racista dos EUA as histórias das empregadas domésticas negras da região. Toda a hipocrisia, a falta de caráter, o racismo e a ignorância de uma sociedade que ficava chocada ao saber que uma empregada negra usava o mesmo banheiro das madames brancas. De certa forma a produção demonstra que a questão racial ainda está presente dentro da sociedade americana, principalmente em cidades sulistas onde essa questão ainda não parece ter sido totalmente superada. Enfim, ótimo trabalho assinado pelo jovem diretor Tate Taylor que mostra muita segurança e bom gosto nessa história tocante.

Histórias Cruzadas (The Help, EUA, 2011) Direção: Tate Taylor / Roteiro: Tate Taylor, baseado na obra de Kathryn Stockett / Elenco: Emma Stone, Viola Davis, Octavia Spencer, Bryce Dallas Howard, Mike Vogel, Allison Janney / Sinopse: Durante a década de 60 a jovem Skeeter (Emma Stone), uma recém formada que tem planos de ser tornar escritora, decide escrever um livro retratando o cotidiano das empregadas domésticas negras do sul dos EUA. Em busca de material para seu texto ela consegue o apoio de Aibileen (Viola Davis), governanta de um amigo. Através dela Skeeter começa a ouvir também outras empregadas domésticas de sua cidade, dando forma ao seu livro que acabaria revelando um lado nada lisonjeiro das relações patroas e empregadas no sul racista americano

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 18 de abril de 2016

Os Goonies

Título no Brasil: Os Goonies
Título Original: The Goonies
Ano de Produção: 1985
País: Estados Unidos
Estúdio: Warner Bros
Direção: Richard Donner
Roteiro: Steven Spielberg, Chris Columbus
Elenco: Sean Astin, Josh Brolin, Jeff Cohen

Sinopse:
Dois jovens irmãos resolvem procurar um tesouro perdido dos piratas. O lugar onde a fortuna se encontra está em um velho mapa, como era de se esperar. Assim eles se unem aos amigos, a quem chamam de os Goonies, para a maior aventura de suas vidas. No caminho enfrentam perigosos piratas dos sete mares.

Comentários:
É um clássico do cinema juvenil dos anos 80. Confesso que nunca foi dos meus preferidos pois sempre optei por coisas mais sofisticadas, mesmo quando era apenas um garotinho. Assim preferia, por exemplo, "O Enigma da Pirâmide", outra aventura juvenil da mesma época. De qualquer maneira não há como negar que fez a diversão de toda uma geração pois o enredo realmente não tinha limites para a imaginação, colocando um grupo de jovens enfrentando piratas e personagens bem adequados para a idade do público a que o filme é destinado. E como também contou com a maravilhosa produção e roteiro de Steven Spielberg (naquele momento considerado o verdadeiro "Rei Midas" de Hollywood, em seu auge de popularidade), não há mesmo como negar a importância do filme como um todo. Ah, e como esquecer a trilha sonora? Impossível ouvir e não pintar uma dose de grande nostalgia daqueles anos em que éramos felizes e não sabíamos.

Pablo Aluísio.

Uma Linda Mulher

Título no Brasil: Uma Linda Mulher
Título Original: Pretty Woman
Ano de Produção: 1990
País: Estados Unidos
Estúdio: Touchstone Pictures
Direção: Garry Marshall
Roteiro: J.F. Lawton
Elenco: Richard Gere, Julia Roberts, Jason Alexander

Sinopse:
Edward Lewis (Richard Gere) é um sujeito bonitão e milionário que resolve contratar os serviços de uma bonita acompanhante, a carismática Vivian Ward (Julia Roberts), durante uma viagem a Los Angeles. O que começa como um programa casual e sem maiores envolvimentos emocionais, logo se torna algo mais. Edward e Vivian desenvolvem uma forte atração que imediatamente ultrapassa a linha que separa um mero cliente de sua "prestadora de serviços". Filme indicado ao Oscar na categoria de Melhor Atriz (Julia Roberts).

Comentários:
Uma das comédias românticas mais queridas do cinema americano, até os dias de hoje. De fato é um conto de fadas moderno que não se preocupe e nem tem vergonha em abraçar um caráter nitidamente de fábula. A personagem de Julia Roberts é uma garota de programa, uma acompanhante, que encontra o príncipe encantado, um sujeito com o charme do Richard Gere, isso literalmente falando. Ele então será aquele que vai lhe salvar daquela vida e daquela dureza. Curiosamente nem o próprio estúdio acreditava na produção que foi lançada em uma temporada considerada de baixa no cinema americano, quando o mercado não é muito competitivo e as bilheterias são fracas. Quase um tapa buraco nas salas de cinema. Rapidamente porém o filme foi agradando e caindo na propaganda boca a boca, considerada a grande impulsionadora de bilheterias. O resultado todos sabemos, a fita que antes era desacreditada e sem maiores pretensões acabou virando um enorme sucesso de bilheteria, revivendo inclusive a carreira do decadente Richard Gere que vinha tão em baixa que já nem mais escolhia os filmes em que iria estrelar. E também transformou Julia Roberts em uma estrela. Revisto hoje em dia "Pretty Woman" ficou um pouco datado, mas o charme e o enredo atrativo ainda cativa, principalmente as mulheres que mesmo adultas ainda sonham com a chegada do príncipe em seu cavalo branco. E além disso quem pode resistir a essa trilha sonora maravilhosa? Impossível não se embalar com o grande hit cantado por Roy Orbison. Assista e se encante mais uma vez.

Pablo Aluísio.

domingo, 17 de abril de 2016

Predadores

Título no Brasil: Predadores
Título Original: Predators
Ano de Produção: 2010
País: Estados Unidos
Estúdio: Twentieth Century Fox
Direção: Nimród Antal
Roteiro: Alex Litvak, Michael Finch
Elenco: Adrien Brody, Laurence Fishburne, Topher Grace, Alice Braga 

Sinopse:
Um grupo de humanos é enviado para um planeta distante para se tornarem iscas em um jogo mortal com os predadores, aliens guerreiros que os utlizarão em treino, em campo aberto. O grupo é formado pelo mercenário Royce (Adrien Brody), pela militar Isabelle (Alice Braga), pelo soldado russo Nikolai (Oleg Taktarov), pelo doutor Edwin (Topher Grace) e pelo traficante Chuchillo (Danny Trejo), isso sem esquecer de Noland (Laurence Fishburne), peça chave naquela situação de vida ou morte. Apenas os mais fortes sobreviverão. Filme indicado ao Scream Awards na categoria de Melhor Filme de Ficção.

Comentários:
Esse filme é uma tentativa da Twentieth Century Fox em tornar novamente viável do ponto de vista comercial a franquia "Predator". Como sabemos os filmes vinham de mal a pior, agravado pela fraca série "Predador Vs Alien". A intenção assim foi tentar retornar para as origens, procurando se inspirar o máximo possível nos elementos que fizeram do filme estrelado por Arnold Schwarzenegger e dirigido por John McTiernan um marco do cinema de ação e ficção dos anos 1980. O resultado porém se mostra apenas mediano. A produção é muito boa, onde se nota capricho por parte do estúdio em termos de efeitos especiais e direção de arte. O problema ao meu ver vem da escalação equivocada do ator Adrien Brody! Ele nunca foi um profissional desse gênero, desse ramo cinematográfico. Na realidade sempre se saiu melhor em filmes dramáticos com roteiros sensíveis. Não consegui visualizar nele em momento algum um verdadeiro herói de filmes de ação! Colocar Brody para caçar predadores no meio de uma selva em um planeta distante soa como uma escolha forçada demais. No final das contas a fita servirá apenas como passatempo e pura diversão ligeira. Não conseguiu ser marcante e pelo visto não foi também tão bem sucedido comercialmente como era de se esperar.

Pablo Aluísio.

Cartas Para Julieta

Título no Brasil: Cartas Para Julieta
Título Original: Letters to Juliet
Ano de Produção: 2010
País: Estados Unidos
Estúdio: Summit Entertainment, Applehead Pictures
Direção: Gary Winick
Roteiro: Jose Rivera, Tim Sullivan
Elenco: Amanda Seyfried, Gael García Bernal, Vanessa Redgrave

Sinopse:
A jovem garota americana Sophie (Amanda Seyfried) sonha em ser uma escritora. Durante uma viagem de férias na Itália ela toma conhecimento da existência das "cartas de Julieta" e resolve decifrar a história de uma delas, indo atrás de seus protagonistas originais. Filme indicado ao Teen Choice Awards nas categorias de Melhor Atriz (Amanda Seyfried) e Melhor Filme.

Comentários:
Um pequeno filme romântico muito bonito, contando com lindas paisagens de Verona e a Toscana, na Itália, e um enredo docemente leve e carismático. O primeiro ponto que elogiaria é o simples fato de não ser uma comédia romântica - já que de forma em geral esse estilo de filme anda bem saturado. O roteiro se assume como romance puro e isso é um ponto a favor, certamente. Outro aspecto vem do elenco. Amanda Seyfried e seus grandes e impressionantes olhos azuis enche a tela de simpatia, o que contrabalanceia muito bem ao lado da veterana e talentosa Vanessa Redgrave. Eis aqui uma grande profissional, extremamente digna, que soube envelhecer com toda a elegância e charme do mundo. Ela empresta um interesse singular ao filme em si com sua preciosa e delicada atuação. Redgrave tem ótimos diálogos para declamar e uma presença de cena que impressiona. Por fim e não menos importante, aqui vai uma nota triste: esse foi o último trabalho do jovem cineasta Gary Winick. Ele morreu precocemente, com apenas 49 anos de idade em 2011. Deixou como seu último legado esse doce e lírico romance nas telas.

Pablo Aluísio.

sábado, 16 de abril de 2016

Hulk

Título no Brasil: Hulk
Título Original: Hulk
Ano de Produção: 2003
País: Estados Unidos
Estúdio: Universal Pictures, Marvel Enterprises
Direção: Ang Lee
Roteiro: John Turman, Michael France
Elenco: Eric Bana, Jennifer Connelly, Sam Elliott, Nick Nolte

Sinopse:
Baseado no famoso personagem dos quadrinhos criado por Stan Lee e Jack Kirby, o filme "Hulk" conta a estória de Bruce Banner (Bana), um cientista que acaba sofrendo as consequencias de uma experiência mal sucedida. Após ser exposto a radiação ele se torna um monstro verde enorme conhecido como Hulk, que sai pelas ruas causando destruição e caos. Filme indicado ao prêmio da Academy of Science Fiction, Fantasy & Horror Films nas categorias de Melhor Filme de Ficção, Música e Efeitos Especiais.

Comentários:
Com orçamento de 140 milhões de dólares era de se esperar um ótimo filme sobre o Hulk. As expectativas porém não foram cumpridas. O roteiro não é bom, há problemas de timing e o elenco parece deslocado. Um dos grandes erros do estúdio foi contratar o cerebral Ang Lee para dirigir o filme. Não é segredo para ninguém que ele é um cineasta cult por excelência, não recomendado para filmes de cultura pop como esse. Talvez para tentar ser autoral ou algo parecido, Ang Lee encheu o filme de cenas e sequências chatas, sem importância. Nick Nolte divaga olhando para o horizonte... Connelly não sabe como atuar direito em um filme como esse e... tudo parece ir por água abaixo. O mais terrível em Hulk é que ele irritou os mais interessados no filme: os próprios fãs do personagem! Para o público em geral o filme não agradou então era de se esperar que ao menos os fãs saíssem satisfeitos do cinema. Não aconteceu isso. A única coisa boa parece ser os efeitos digitais quando o Hulk resolve encarar seus inimigos. Aos gritos de "Hulk esmaga" ela sai arrebentando com o aparato militar do exército - que seja em animações, seja nos quadrinhos, está sempre atrás do monstro verde. Essas cenas porém só surgem quando o espectador já está de saco cheio do filme, então não vão servir muito de consolo. No geral é isso, o primeiro "Hulk" é uma decepção tão grande quanto o tamanho da fera. Esqueça.

Pablo Aluísio.

De Repente 30

Título no Brasil: De Repente 30 
Título Original: 13 Going on 30
Ano de Produção: 2004
País: Estados Unidos
Estúdio: Revolution Studios
Direção: Gary Winick
Roteiro: Josh Goldsmith, Cathy Yuspa
Elenco: Jennifer Garner, Mark Ruffalo, Judy Greer

Sinopse:
Em 1987, maltratada pelos colegas na sua festa de 13 anos, garota sonha em ser adulta e acorda em 2004, com 30 anos, como uma poderosa editora de revista de moda em Nova York. Mas logo se decepciona com o tipo de mulher que se tornou e tenta recuperar o amor de seu ex-vizinho da adolescência, que está para se casar com outra. Filme indicado ao MTV Movie Awards, People's Choice Awards e Teen Choice Awards.

Comentários:
Assisti no cinema, mas falando sinceramente, nunca achei grande coisa. O roteiro explora a velha fórmula dos "corpos trocados" que fez tanto sucesso na década de 1980. No caso aqui não é bem um corpo trocado com outra pessoa, mas sim uma troca de mentalidades, uma garotinha recebe sua mentalidade aos 30 e tantos anos e uma mulher adulta fica com a mentalidade de uma adolescente. Funciona? Em termos apenas. A atriz Jennifer Garner é carismática e talentosa e aqui, vamos fazer jus, segura o filme literalmente nas costas. Existem algumas cenas que cairam no gosto popular como aquela em que ela dança "Thriller" de Michael Jackson em um salão de festas. Inicialmente as pessoas ficam retraídas, mas aos poucos vão se chegando quando Garner, sem timidez, começa a repetir a coreografia clássica do clip de Jackson (só faltou a jaqueta vermelha!). Brega e piegas, mas divertido, temos que admitir. Mark Ruffalo divide os holofotes com Garner e interpreta uma velha paixão da adolescência que ela resolve correr atrás. Ele aliás continua o mesmo, com aquela cara de enfadonho que sabe-se lá o porquê, faz sucesso entre as mulheres. No geral é isso, uma comediazinha com toques dramáticos e um argumento de filosofia de botequim. Vale mesmo pelas pernas maravilhosas da Garner e é só.

Pablo Aluísio.

Rock Hudson - Labirinto de Paixões

Aproveitei o tempo livre do fim de semana para conferir mais um clássico. O filme em questão se chama "Labirinto de Paixões" (The Spiral Road, EUA, 1962). Na história o astro Rock Hudson interpreta o médico Anton Drager. Como empregado da companhia das índias orientais ele é enviado para uma distante e isolada colônia holandesa nos mares do Pacífico. Perto de Bornéu, a região é daquelas que muitas vezes nem sequer é mencionada nos mapas. Drager não quer fazer carreira naquele lugar esquecido por Deus. Na verdade ele pretende apenas se valer das anotações de um médico veterano, o Dr. Brits Jansen (Burl Ives), para escrever sua própria pesquisa acadêmica.

Ele tem planos de publicar o seu trabalho científico na Europa quando retornar de Bornéu, para quem sabe ficar rico com ele. O velho Dr. Jansen vive há muitos anos naquelas florestas, convivendo com doenças tropicais e isso certamente lhe trouxe muito conhecimento sobre o tema. Drager quer se aproveitar de sua experiência. Doenças como cólera, peste negra e lepra são bem comuns naquelas populações nativas. O que o jovem médico não contava é que trabalhar naqueles lugares inóspitos certamente não seria algo fácil. Em pouco tempo ele descobre um novo mundo, com pessoas e profissionais realmente dedicados, dando literalmente suas próprias vidas para ajudar aquelas comunidades desprovidas de civilização. A estadia de Drager logo se torna uma jornada dentro de si mesmo, com picos de desespero e até mesmo insanidade.

O filme tem um ótimo roteiro, se aproveitando muito bem do choque que surge do encontro entre o homem civilizado e o mundo selvagem daquela região. As populações são muito primitivas ainda, mergulhadas em um misticismo mágico onde a cura viria das crenças nos deuses das florestas e não da medicina. O médico interpretado por Rock Hudson é filho de um pastor. Seu pai era violento e isso destruiu sua fé em Deus. Ele não suportava a hipocrisia de seu próprio pai, um homem que pregava sobre amor e Deus na igreja ao mesmo tempo em que maltratava sua esposa e filhos em casa. A hipocrisia assim destruiu sua crença em um ser superior. Esse fato rende ótimos momentos durante o filme. O Dr. de Rock é várias vezes confrontado com seu ateísmo e o mundo selvagem em que está inserido. Há inclusive um ótimo diálogo entre ele e o velho Dr. Jansen que lhe explica que no meio da selva tropical não há outra alternativa para a sobrevivência do que acreditar em uma entidade superiora, divina.

Com um roteiro tão rico e uma trama tão interessante não é de se admirar que o diretor Robert Mulligan tenha realizado um grande filme. As filmagens foram penosas e complicadas pois foram realizadas em locações do Suriname. A equipe passou por inúmeros problemas, inclusive doenças tropicais (numa suprema ironia tal como aconteceu com os personagens no enredo do filme). O próprio Rock Hudson quase morreu ao contrair uma infecção tropical. Mesmo com tantos problemas o resultado se mostra excelente. Com uma longa duração o filme se desenvolve muito bem, explorando adequadamente todos os personagens. Dentre eles eu destaco o Dr. Brits Jansen. Eu já tive várias oportunidades de elogiar o ator Burl Ives e volto a elogiá-lo aqui. Ives era grandioso não apenas no que se refere ao seu grande corpanzil, mas sobretudo por seu grande talento dramático. Ele geralmente roubava os filmes em que atuava. Aqui aconteceu de novo. Enfim, "Labirinto de Paixões" é mais um belo filme que confiro da filmografia de Rock Hudson. Um excelente drama com pitadas de aventura, psicologia e até, pasmem, um pouquinho de teologia!

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 15 de abril de 2016

Manhattan

Título no Brasil: Manhattan
Título Original: Manhattan
Ano de Produção: 1979
País: Estados Unidos
Estúdio: Jack Rollins & Charles H. Joffe Productions
Direção: Woody Allen
Roteiro: Woody Allen, Marshall Brickman
Elenco: Woody Allen, Diane Keaton, Meryl Streep, Mariel Hemingway

Sinopse:
Isaac (Woody Allen) é um sujeito muito mal resolvido na vida sentimental. Ele acabou de se divorciar de Jill (Meryl Streep) mas não consegue cortar os laços afetivos com ela. Ao mesmo tempo está indeciso entre qual mulher ficará, Mary (Diane Keaton) ou Tracy (Mariel Hemingway), uma jovem estudante? No meio de tantas dúvidas resolve escrever um livro sobre aspectos pessoais de sua própria vida. Filme indicado ao Oscar nas categorias de Melhor Atriz Coadjuvante (Mariel Hemingway) e Melhor Roteiro Original (Woody Allen, Marshall Brickman). Também indicado ao Globo de Ouro na categoria de Melhor Filme - Drama.

Comentários:
Um dos filmes mais queridos da carreira de Woody Allen. Por essa época o diretor e ator já estava deixando completamente de lado sua imagem de humorista trapalhão para assumir uma postura bem mais cult e intelectual. "Manhattan" é bem isso. Uma tentativa (muito bem sucedida, aliás) de ser visto finalmente como diretor autoral, com conteúdo, que tinha algo relevante a dizer. Hoje em dia Allen está fazendo uma verdadeira tour mundial realizando filmes em diversas cidades mundo afora mas não é segredo para ninguém que ele ama mesmo é a cosmopolita Nova Iorque. Quem duvida ainda da afirmação precisa ver (ou rever) esse filme para entender. Allen adota um tom de carinho mesmo pela cidade, fazendo um painel muito amoroso com os recantos da grande maçã. Já em relação ao roteiro, sobre um homem de quarenta e poucos anos envolvido em diversos problemas amorosos não podemos deixar de fazer uma ligação com a própria vida do diretor. Os filmes de Allen sempre foram em maior ou menor grau apenas autobiografias disfarçadas em celuloide. Recentemente o diretor foi acusado por um de seus filhos adotivos de ter mantido relações indecorosas quando ela ainda era menor de idade. Pois bem, nesse roteiro Allen também se vê apaixonado por uma garota de apenas 17 anos! A vida imita a arte? Quem sabe...

Pablo Aluísio.

Spartacus

Título no Brasil: Spartacus
Título Original: Spartacus
Ano de Produção: 1960
País: Estados Unidos
Estúdio: Universal Pictures
Direção: Stanley Kubrick
Roteiro: Dalton Trumbo, Howard Fast
Elenco: Kirk Douglas, Laurence Olivier, Jean Simmons, Peter Ustinov, Tony Curtis, Charles Laughton, John Gavin, John Ireland 

Sinopse:
Durante a República da Antiga Roma, um escravo chamado Spartacus (Kirk Douglas), treinado para ser um gladiador nas arenas de combate, resolve liderar uma Insurreição contra a escravidão, levantando um verdadeiro exército de escravizados contra o poder de Roma. Para deter a rebelião o senado romano envia o general Crassus (Laurence Olivier) com a missão de aniquilar todos os revoltosos. Filme vencedor do Oscar nas categorias de Melhor Ator Coadjuvante (Peter Ustinov), Melhor Fotografia, Direção de Arte e Figurino. Filme vencedor do Globo de Ouro na categoria de Melhor Filme - Drama.

Comentários:
Ainda considerado um dos grandes clássicos épicos da história do cinema americano, "Spartacus" é uma verdadeira obra prima. Curiosamente foi um projeto bem pessoal do ator Kirk Douglas que via grande potencial na famosa história do escravo Spartacus, que ousou liderar a maior rebelião em busca da liberdade da Roma Antiga. Para transformar o projeto em um grande filme ele resolveu contratar o roteirista Dalton Trumbo que na época estava na lista negra da caça às bruxas em Hollywood. Douglas não se importou e teve a coragem de trazer o escritor para o filme. Adaptando a novela de Howard Fast ele criou um texto magnífico que daria origem a um enredo edificante e muito inspirado. Apesar de ter três horas de duração nunca se torna cansativo ou enfadonho, fruto do grande trabalho de Trumbo. Além dele o filme ainda contou com a primorosa direção de Stanley Kubrick, naquele que pode ser considerado o único épico histórico de sua carreira. O diretor foi minucioso na recriação do modo de vida dos romanos da época, estudando a fundo os mosaicos que sobreviveram ao tempo. Um historiador foi inclusive contratado atendendo uma sugestão de Kubrick que sempre foi um perfeccionista. Some-se a isso um elenco de primeira linha contando com Kirk Douglas em grande forma física, Peter Ustinov como o dono da casa de Batiatus (ele seria premiado com o Oscar por sua atuação), Laurence Olivier como o astuto general e político romano Crassus e Tony Curtis interpretando o escravo Antoninus, menestrel e declamador de poesias. Sua cena no banho ao lado de Olivier se tornou famosa por causa das claras insinuações homossexuais entre os dois personagens. A película sofreu uma restauração em 1991 resultando em uma versão com 10 minutos a mais de projeção, seguindo os planos iniciais de Kubrick. Em suma "Spartacus" merece todo o status que possui pois é de fato um dos grandes filmes da história.

Pablo Aluísio.

9 1/2 Semanas de Amor

Título no Brasil: 9 1/2 Semanas de Amor
Título Original: Nine 1/2 Weeks
Ano de Produção: 1986
País: Estados Unidos
Estúdio: 20th Century Fox, Metro-Goldwyn-Mayer (MGM)
Direção: Adrian Lyne
Roteiro: Sarah Kernochan, Zalman King
Elenco: Mickey Rourke, Kim Basinger, Margaret Whitton

Sinopse:
Elizabeth (Kim Basinger) conhece casualmente John (Mickey Rourke) e decide se envolver com ele. No fundo ela sabe muito pouco sobre seu parceiro, nenhum detalhe, sobre quem ele é ou o que ele faz, porém se entrega totalmente aos seus jogos sexuais que vão se tornando cada vez mais bem elaborados e sensuais durante as nove semanas e meia que ficam juntos.

Comentários:
Filme que fez muito sucesso e marcou época. Retrata uma paixão que dura exatamente nove semanas e meia de amor, como o próprio título sugere. Sempre achei esse roteiro muito parecido com o clássico erótico "O Último Tango em Paris" pois em ambos temos um casal de amantes que decide viver um romance onde os aspectos periféricos da relação são deixados de lado em prol de um envolvimento puro, sem preocupações sociais ou de status, valorizando apenas a atração física, a pura carne, de forma direta e sem culpas. Os dois personagens sempre resistem em saber mais um sobre o outro justamente por essa razão. O filme utiliza uma linguagem que na época estava muito em voga no mundo da publicidade e de videoclips. Nada mais natural já que o diretor Adrian Lyne vinha justamente desse mundo. O roteiro, temos que admitir, é bem minimalista, não procurando desenvolver muito os dois personagens principais. No caso aqui a forma foi bem mais trabalhada do que o conteúdo. Para algo assim funcionar era necessário ter o elenco certo e Lyne conseguiu isso unindo Mickey Rourke (ainda em plena forma, na sua fase galã) com Kim Basinger, que era considerada símbolo sexual. Revisto hoje em dia muitos aspectos de linguagem e produção mostram sinais de envelhecimento, o velho charme e sensualidade porém ainda estão lá.

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 14 de abril de 2016

Os Rifles de Batasi

Título no Brasil: Os Rifles de Batasi
Título Original: Guns at Batasi
Ano de Produção: 1964
País: Inglaterra
Estúdio: George H. Brown Productions
Direção: John Guillermin
Roteiro: Robert Holles
Elenco: Richard Attenborough, Mia Farrow, Jack Hawkins, Flora Robson
  
Sinopse:
Numa distante e isolada colônia britânica na África, uma revolução pedindo a independência daquela nação da Inglaterra pega um grupo de oficiais e soldados britânicos de surpresa. Os rebeldes se apoderam das armas do exército inglês e começam um motim, cercando o regimento de oficiais liderados pelo Sargento-Major Lauderdale (Richard Attenborough). Para piorar a situação ele precisa manter a salvo a parlamentar Barker-Wise (Flora Robson) e a representante da nações unidas Karen Eriksson (Mia Farrow). Lá fora rugem milhares de revolucionários que querem acertar as contas com os imperialistas estrangeiros.

Comentários:
A história da colonização europeia na África foi certamente uma tragédia. Isso não apenas pelo fato de países estrangeiros dominarem aquelas nações africanas por anos, mas também pelas sangrentas guerras civis que explodiram após a saída de ingleses, franceses e belgas do solo africano. Esse filme retrata o momento em que o sistema colonial começava a ruir. O enredo se passa durante a era vitoriana, quando o povo de um lugar inóspito da África resolveu se rebelar contra a presença inglesa. O povo saiu às ruas e um grupo se armou com o próprio arsenal roubado do exército britânico para expulsar os estrangeiros. Avisados para se renderem, um oficial britânico se recusou a depor armas. Esse personagem, o militar Lauderdale, é uma das grandes atrações do filme, justamente por causa da brilhante atuação de Richard Attenborough. Se você acompanha cinema há muito tempo sabe que Attenborough foi um dos mais talentosos e brilhantes diretores ingleses de todos os tempos. Ele dirigiu grandes clássicos como "Uma Ponte Longe Demais" e "Um Grito de Liberdade", mas se consagrou mesmo por "Gandhi" quando foi premiado com o Oscar de Melhor Direção. Era realmente um grande mestre. O interesse nesse filme é que vemos aqui seu trabalho como ator. Ele se sai maravilhosamente bem. Seu papel é deliciosamente exagerado, um oficial absurdamente pomposo e rígido, dado a acessos de fúria quando contrariado nos menores detalhes. Assim que surge em cena pela primeira vez sabemos que estamos diante de uma grande atuação. No mais o filme é muito bem escrito e realizado, mostrando a qualidade do cinema inglês durante os anos 60. Filme vencedor do Globo de Ouro na categoria de Melhor Revelação Feminina (Mia Farrow). Também premiado pelo BAFTA Awards na categoria Melhor Ator (Richard Attenborough).

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 13 de abril de 2016

As Confissões de Schmidt

Título no Brasil: As Confissões de Schmidt
Título Original: About Schmidt
Ano de Produção: 2002
País: Estados Unidos
Estúdio: New Line Cinema               
Direção: Alexander Payne
Roteiro: Louis Begley, Alexander Payne
Elenco: Jack Nicholson, Kathy Bates, Hope Davis, Dermot Mulroney

Sinopse:
Baseado na novela de Louis Begley, o filme "About Schmidt" conta a parte final da vida de Warren Schmidt (Jack Nicholson). Após trabalhar duro por longos anos ele finalmente está aposentado. Sua tranquilidade porém é abalada após uma série de reveses pessoais. Sua esposa de mais de 40 anos de casamento falece subitamente. Para piorar sua filha deseja se casar com um homem que Schmidt considera completamente inadequado para ela. Tudo mostrando que, apesar dos anos passados, vários aspectos de sua vida familiar ainda precisam de reparos. Filme indicado ao Oscar nas categorias de Melhor Ator (Jack Nicholson) e Melhor Atriz Coadjuvante (Kathy Bates). Vencedor do Globo de Ouro na categoria de Melhor Ator (Jack Nicholson) e Melhor Roteiro (Louis Begley, Alexander Payne).

Comentários:
Jack Nicholson é de certamente um dos grandes atores da história do cinema. Sua carreira foi brilhante e os clássicos que fazem parte de sua filmografia são inigualáveis. O último filme de Jack foi lançado há seis anos e embora nunca tenha anunciado oficialmente sua aposentaria o fato é que tudo indica que ele não voltará mais a trabalhar no cinema. Uma pena pois qualquer filme estrelado por Nicholson era no mínimo interessante, mesmo que não apresentasse um grande roteiro ou uma direção à altura de seu maravilhoso talento. De todos os filmes lançados por Jack na fase final de sua carreira esse "As Confissões de Schmidt" é um dos mais representativos do momento pelo qual ele atravessava em sua própria vida pessoal. Quase uma autobiografia do fim de sua jornada. Depois que chega a aposentadoria o que resta? Essa é apenas uma das inúmeras perguntas que o roteiro desse filme tenta responder. É uma película da fase crepuscular da carreira de Jack Nicholson, que provavelmente ele se identificou muito. Depois de conquistar o mundo, criar uma família e se dedicar a ter um resto de vida na paz e tranquilidade, o que poderia sobrar para um homem como ele realizar? Jack deixa de lado sua personalidade explosiva e carismática para adotar uma linha mais triste, introspectiva, até mesmo depressiva. 

Há uma melancolia e falta de esperança que incomodam um pouco. Devagar porém vamos nos acostumando com a proposta e os personagens em cena e tudo parece ficar bem mais claro e limpo. Jack, genial como sempre, surpreende justamente por se despir de sua imagem pública para abraçar um personagem que de sua própria maneira é bem trágico e angustiado. O extremo oposto do que estamos acostumados a ver Jack Nicholson interpretar nas telas. Como sempre o talento do ator se faz presente pois ele interpreta seu Warren Schmidt com uma naturalidade incrível. Ao que tudo indica Jack quis mostrar que, em certas ocasiões, o menos é mais em termos de interpretação, tanto que foi indicado ao Oscar e venceu o Globo de Ouro por seu trabalho. Ele não procura impressionar o espectador com grandes gestos ou uma atuação exagerada, pelo contrário, abraça a delicadeza e a sutileza. O menor gesto causa um grande impacto. O resultado é que Nicholson foi novamente celebrado por seu trabalho. de forma extremamente merecida aliás. Não que isso venha a importar para ele nessa fase de sua carreira, pois no fundo é apenas a coroação de um profissional brilhante, como poucos surgidos na história de Hollywood. O velho Jack já superou tudo isso.

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 11 de abril de 2016

Conspiração e Poder

Título no Brasil: Conspiração e Poder
Título Original: Truth
Ano de Produção: 2015
País: Estados Unidos
Estúdio: Sony Pictures Classics
Direção: James Vanderbilt
Roteiro: James Vanderbilt, baseado no livro de Mary Mapes
Elenco: Cate Blanchett, Robert Redford, Dennis Quaid, Topher Grace, Elisabeth Moss, Bruce Greenwood, Stacy Keach
  
Sinopse:
Em 2004, nas vésperas das eleições presidenciais americanas, a jornalista Mary Mapes (Cate Blanchett) resolve fazer uma reportagem investigativa para o programa "60 Minutes" da rede de TV CBS sobre os anos em que o Presidente George W. Bush passou prestando seu serviço militar na Guarda Nacional. Em sua visão existiam mutas suspeitas que tudo havia sido arranjado para que ele não fosse enviado para a Guerra do Vietnã. Além disso pesavam indícios de que Bush sequer tinha participado do treinamento de pilotos. Confiando em fontes não muito seguras e documentos que depois seriam comprovados como falsos, Mary acabaria entrando em um ciclo de acusações de manipulação dos fatos, colocando em risco até mesmo sua carreira como jornalista consagrada. Filme vencedor do Palm Springs International Film Festival na categoria de Melhor Atriz (Cate Blanchett).

Comentários:
Esse filme conta a história real de uma investigação jornalística que deu muito, muito errado. Como em todas as profissões a de jornalista também exige uma grande dose de responsabilidade e ética. Isso foi justamente o que faltou para Mary Mapes (Cate Blanchett). Ela era uma das responsáveis pelo popular programa da CBS chamado "60 Minutes". Uma liberal de carteirinha, com ligações com o Partido Democrata, ela acabou sendo dominada por suas paixões partidárias ao colocar no ar uma série de acusações contra o presidente e candidato à reeleição George W. Bush do Partido Republicano. O tiro logo saiu pela culatra ao se descobrir que todos os documentos mostrados no programa eram falsos e forjados. A partir daí Mapes entrou em seu inferno astral pessoal e profissional. Foi processada e teve que arcar com sua irresponsabilidade midiática, pagando caro pelo que fez. O curioso é que o roteiro, que foi escrito baseando-se no livro escrito pela própria jornalista, a coloca na posição de vítima. Bobagem. Mesmo com essa parcialidade bem nítida fica claro para o espectador que ela errou e de forma até mesmo primária. É complicado aceitar a tese de que não houve dolo em seu caso pois ela sempre fora conhecida como uma liberal e uma feminista ardorosa. 

Diante dessa posição não era de se admirar que odiasse republicanos e conservadores em geral. Ao pagar para ver, acabou se dando muito mal. Mesmo com esse viés ideológico o filme se revela muito bom. Tem um elenco que certamente chamará a atenção dos cinéfilos, a começar pela própria Cate Blanchett que está passando por uma fase maravilhosa (vide seu recém lançado filme "Carol"). As presenças de Robert Redford e Dennis Quaid também me agradaram muito. A despeito do grande talento que possuem devo confessar também que fiquei bem surpreso com a aparência deles. Estão bem envelhecidos, mostrando sem receios as marcas do tempo. Ponto positivo para ambos, pois não se renderam à moda das cirurgias plásticas que costumam deformar o rosto de atores e atrizes, algo que infelizmente anda muito em voga em Hollywood. Envelhecer com dignidade revela acima de tudo um grande caráter por parte deles. Então é isso. Temos aqui um bom filme, especialmente indicado para jornalistas e estudantes de jornalismo em geral, que só peca mesmo por causa de seus problemas ideológicos. Se tivesse sido mais imparcial seria uma grande obra cinematográfica. Do jeito que ficou vale pelo elenco e pela boa direção. Está recomendado.

Pablo Aluísio.

domingo, 10 de abril de 2016

JFK a História Não Contada

Título no Brasil: JFK, a História Não Contada
Título Original: Parkland
Ano de Produção: 2013
País: Estados Unidos
Estúdio: American Film Company, Playtone Films
Direção: Peter Landesman
Roteiro: Peter Landesman
Elenco: Paul Giamatti, Billy Bob Thornton, Tom Welling, Zac Efron, Colin Hanks

Sinopse:
22 de novembro de 1963. O presidente americano John Kennedy chega em Dallas para uma visita oficial ao povo texano e aos líderes políticos da região. Para ficar mais próximo do público presente ao seu desfile pelas ruas da cidade o presidente resolve fazer o percurso em carro aberto, saudando todos os que vão às ruas para lhe ver. Ao entrar na esquina em frente a um prédio que serve como depósito de livros infantis o líder dos Estados Unidos é alvejado por uma série de tiros. Em questão de segundos a história muda para sempre.

Comentários:
Excelente drama baseado no livro escrito por Vincent Bugliosi. A intenção é ser o mais detalhista possível. Assim o roteiro explora os três dias em que a história mudou para sempre para os americanos. O foco é obviamente voltado para o assassinato do presidente JFK durante sua visita à Dallas. O espectador é convidado a ser uma testemunha de tudo o que aconteceu e foi apurado depois nos inúmeros inquéritos policiais que tentaram desvendar aquele que é considerado um dos maiores crimes que se tem notícia. Claro que ao tratarmos sobre a morte de JFK logo vem em mente as centenas de teorias de conspiração envolvendo os fatos que aconteceram. O roteiro porém ignora isso completamente, procurando seguir a versão original e oficial nos menores detalhes. Não é intenção dos realizadores apontar o dedo para A ou B, mas sim contar tudo, sob um ponto de vista objetivo e isento de teses de conspiração. Não há preocupação em tentar entender as razões da morte de JFK, mas sim mostrar tudo o que aconteceu após o presidente ser baleado na frente de todos. Para os que se interessam por história o filme traz também ótimas cenas reais captadas por pessoas que estavam lá naquele dia. Também acompanhamos o drama dos médicos que atenderam o presidente em seu centro de emergência, o desespero de Jackie e o sentimento de completa surpresa por parte das autoridades. "JFK, a História Não Contada" é bem honesto em suas pretensões e muito eficiente em seu resultado final.

Pablo Aluísio.

Crepúsculo

Título no Brasil: Crepúsculo
Título Original: Twilight
Ano de Produção: 2008
País: Estados Unidos
Estúdio: Summit Entertainment
Direção: Catherine Hardwicke
Roteiro: Melissa Rosenberg
Elenco: Kristen Stewart, Robert Pattinson, Taylor Lautner
  
Sinopse:
Baseado na série de livros de autoria de Stephenie Meyer, "Crepúsculo" conta a estória de amor entre Bella Swan (Kristen Stewart) e Edward Cullen (Robert Pattinson). Ela é uma jovem normal de sua idade e ele um vampiro secular. Envolvidos em uma paixão avassaladora, ao estilo amor à primeira vista, eles terão que superar todos os desafios para consumar seu romance. Filme indicado ao prêmio da Academy of Science Fiction, Fantasy & Horror Films na categoria Melhor Filme de Fantasia. Indicado ao Grammy Awards nas categorias de Melhor Trilha Sonora e Melhor Canção ("Decode"). Também indicado aos prêmios People's Choice Awards, Teen Choice Awards e MTV Movie Awards.

Comentários:
Esse filme deu origem a uma das franquias mais populares dos últimos anos. Virou febre entre a juventude. E como todo produto muito popular acabou também virando alvo de críticas ferozes. Não é para tanto! Tudo bem, analisando-se friamente como pura obra cinematográfica o filme deixe um pouco a desejar. Não é nenhuma obra prima da sétima arte. Essa porém não é a questão principal. O mais interessante aqui foi resgatar um certo romantismo entre os jovens que andava soterrado embaixo de pilhas e pilhas de produtos culturais vulgares e obscenos (esses sim merecem a lata de lixo da história!). Curiosamente o enredo adota certos pontos de vista conservadores nos dias de hoje. Não é um problema esse tipo de característica, mas de certa forma até mesmo uma solução. Com tantas adolescentes grávidas por aí, muitas virando mães solteiras, não é nada mal termos no cinema um exemplo positivo vindo de uma obra tão popular como essa. Além disso, pensando-se sobre esse ângulo, o romantismo também pode servir como controle social. Devaneios de sociologia à parte o fato é que a saga foi feita para um determinado tipo de público: o adolescente. Assim se você não se enquadra nessa faixa etária é melhor ficar calado. Se os jovens a quem o filme foi destinado gostaram do que viram, não será um adulto ranzinza que vai desmerecer todo o mérito dessas produções. E estamos conversados.

Pablo Aluísio.

A Legião Perdida

Título no Brasil: A Legião Perdida
Título Original: The Eagle
Ano de Produção: 2011
País: Estados Unidos, Inglaterra
Estúdio: Universal Pictures
Direção: Kevin Macdonald
Roteiro: Jeremy Brock, Rosemary Sutcliff
Elenco: Channing Tatum, Jamie Bell, Donald Sutherland

Sinopse:
Em 140 dC, 20 anos após o desaparecimento inexplicável de toda a Nona Legião Romana nas montanhas da Escócia, o jovem centurião Marcus Aquila (Tatum) chega de Roma para solucionar o mistério e restaurar a reputação de seu pai, comandante daquela legião. Acompanhado apenas por seu escravo britânico Esca (Bell), Marcus percorre toda a Muralha de Adriano chegando até as montanhas inexploradas da Caledônia - para confrontar suas tribos selvagens, fazer as pazes com a memória de seu pai, e recuperar o emblema de ouro da legião perdida, a Águia, símbolo máximo do exército Romano.

Comentários:
Filme que prometia muito, mas que entregou pouco. Infelizmente já não se fazem mais filmes épicos como antigamente. Aqui ao invés de se privilegiar aspectos históricos gerais, explorando a ocupação romana na Britânia (futura Inglaterra), o roteiro preferiu focar na busca pessoal de apenas um personagem, perdendo-se com isso a possibilidade de realizar um grande espetáculo cinematográfico para o espectador. Para piorar ainda mais o elenco não ajuda muito. Channing Tatum não tem carisma nenhum e sob um ponto de vista puramente dramático deixa muito a desejar. Donald Sutherland até tenta melhorar um pouco a situação interpretando Aquila, mas uma andorinha só não faz verão. Em termos de trama também não há muito o que se celebrar. A própria travessia que ocupa grande parte do enredo do filme se mostra muitas vezes entediante, fazendo com que o filme se torne chato. Some-se a isso poucas cenas realmente interessantes e você terá mesmo em mãos um resultado bem morno, de mediano para fraco. Não vale a indicação.

Pablo Aluísio.

Reencontrando a Felicidade

Título no Brasil: Reencontrando a Felicidade
Título Original: Rabbit Hole
Ano de Produção: 2010
País: Estados Unidos
Estúdio: Olympus Pictures, Blossom Films
Direção: John Cameron Mitchell
Roteiro: David Lindsay-Abaire
Elenco: Nicole Kidman, Aaron Eckhart, Dianne Wiest

Sinopse:
A vida de um jovem casal desmorona após a morte do filho, vítima de um carro em uma estrada perto de sua casa. A partir desse trágico acontecimento sua mãe, Becca (Nicole Kidman), entra em profunda depressão, destruindo aos poucos todos os aspectos de sua vida pessoal. Seu único consolo parece vir de um relacionamento não definido com um rapaz que parece possuir uma ligação direta com os nefastos acontecimentos do passado. Filme indicado ao Oscar, ao Globo de Ouro e ao Screen Actors Guild Awards na categoria de Melhor Atriz (Nicole Kidman).

Comentários:
Nicole Kidman vinha em baixa na carreira, acumulando fracassos de bilheteria e de público quando lhe caiu em mãos o roteiro desse drama. É de fato uma história muito triste mostrando uma mãe tentando encontrar algum sentido em sua vida após a morte do pequeno filho. Não é um filme indicado para pessoas que sofram de depressão ou que possuam uma personalidade mais melancólica já que nem a roteirista e nem o diretor optaram por contar uma trama de redenção ou final feliz. Na verdade a personagem de Kidman mergulha no que há de mais obscuro da alma humana para tentar entender as armadilhas do destino. O grande triunfo para Nicole Kidman veio do fato de sua atuação ter sido considerada uma das mais inspiradas do ano, a ponto inclusive dela ser indicada para os três principais prêmios da indústria cinematográfica. A própria atriz, sendo mãe, afirmou que tentou mergulhar nesse sentimento terrível de perda de seu próprio filho, numa imersão completa dentro do papel que desempenhava. Um trabalho maravilhoso que mereceu todo o reconhecimento possível. "Rabbit Hole" é sem dúvida um dos melhores dramas dos últimos anos.

Pablo Aluísio.

sábado, 9 de abril de 2016

Creed - Nascido para Lutar

Título no Brasil: Creed - Nascido para Lutar
Título Original: Creed
Ano de Produção: 2015
País: Estados Unidos
Estúdio: Metro-Goldwyn-Mayer (MGM)
Direção: Ryan Coogler
Roteiro: Ryan Coogler, Aaron Covington
Elenco: Michael B. Jordan, Sylvester Stallone, Tessa Thompson
  
Sinopse:
O jovem Adonis Johnson (Michael B. Jordan) sonha ser um lutador de boxe, tal como seu pai no passado, o campeão Apollo Creed. Tentando seguir os passos dele, mas sem usar de seu nome, Adonis vai embora da Califórnia até a Philadelphia, onde pretende ser treinado pelo lendário pugilista Rocky Balboa (Sylvester Stallone). A realidade que encontra porém é bem diferente. Rocky está velho e aposentado, levando uma vidinha simples como dono de bar. Além disso ele não tem mais a menor intenção de retornar ao mundo do boxe, nem como treinador. Adonis insiste e Rocky acaba dando o braço a torcer até porque ele tem uma dívida de gratidão com Apollo, morto numa luta enquanto disputava o título de campeão mundial de pesos pesados. Filme indicado ao Oscar na categoria de Melhor Ator Coadjuvante (Sylvester Stallone). Vencedor do Globo de Ouro na mesma categoria.

Comentários:
Quando Sylvester Stallone anunciou que voltaria ao personagem Rocky Balboa muita gente torceu o nariz! Ele iria estrelar "Rocky 7"?! É sério isso? Bom, na verdade mais ou menos. "Creed" se utiliza do famoso personagem, mas procura trilhar caminhos próprios. Quando o filme termina você acaba chegando na conclusão que esse foi talvez o maior problema do filme. Ter um personagem como Rocky ao lado é um farto e tanto para carregar. O ator Michael B. Jordan é apenas um rapaz esforçado, não muito talentoso, que tem uma lenda como coadjuvante. Como se sair bem de algo assim? Simplesmente não há como! Durante todo o filme ficamos entediados com a história do personagem de Jordan, torcendo para que Rocky assuma logo o protagonismo do filme, algo que nunca acontece. Stallone fica à sombra, apenas fazendo escada para Jordan. Ele está bem envelhecido, isso é inegável, mas continua um gigante em termos de carisma. Com isso Jordan vai perdendo seu espaço até sumir por ser muito insignificante. "Creed" assim se torna um filme torto, fora de rumo. 

Todos querem acompanhar Rocky, mesmo que ele esteja velho e aposentado. Ninguém realmente parece se importar com Adonis (Jordan) e seu sonho de ser um campeão. Nem tampouco se envolve em seu fraco romance com a garota que é a sua vizinha. Tudo se mostra muito chato, exceto é claro, o velho e bom Stallone que salva o filme do desastre anunciado. O interessante é que esse problema já tinha acontecido com "Rocky V" que é considerado um dos piores da série. Sempre que Rocky vira coadjuvante de seus próprios filmes a coisa piora e muito. Infelizmente repetiram o erro aqui. Curioso é que Stallone abdicou da direção e do roteiro, algo que sempre fez na série Rocky, abrindo espaço para o jovem diretor negro Ryan Coogler que nunca havia dirigido nada de muito especial antes. Não há como negar que Coogler errou no corte final, deixando o filme excessivamente longo e até arrastado em alguns momentos. Tudo bem longe do que seria adequado. De qualquer forma Stallone está lá para garantir que nada seja tão desastroso. No final de tudo é dele o filme. Sem Sly tudo o que teríamos seria realmente um filme chato sobre boxe, com muitos clichês reciclados e saturados.

Pablo Aluísio.

Corações de Ferro

Título no Brasil: Corações de Ferro
Título Original: Fury
Ano de Produção: 2014
País: Estados Unidos
Estúdio: Columbia Pictures
Direção: David Ayer
Roteiro: David Ayer
Elenco: Brad Pitt, Shia LaBeouf, Logan Lerman, Michael Peña, Jim Parrack, Scott Eastwood
  
Sinopse:
Brad Pitt interpreta o sargento Don 'Wardaddy' Collier, responsável por liderar seus homens nos dias mais decisivos da Segunda Guerra Mundial, no exato momento em que tropas americanas rompem as linhas de defesa das fronteiras da Alemanha Nazista. Cercados por um poderoso exército inimigo os americanos agora precisam sobreviver ao mesmo tempo em que avançam pelas terras do país de Adolf Hitler. Ação e aventura em doses exatas nessa moderna releitura dos antigos filmes clássicos de guerra.

Comentários:
Se você estiver com saudades dos antigos e clássicos filmes de guerra (em especial aqueles que enfocam a Segunda Guerra Mundial) essa produção é uma ótima pedida. Retomando um estilo de produção que ultimamente vinha sendo deixado de lado é uma fita extremamente competente. O enfoque se desenvolve em torno de um pequeno grupo de soldados que servem em um tanque americano, bem no front que se formava na invasão da Alemanha já nos momentos decisivos do mais sangrento conflito da história recente. Brad Pitt é o comandante de seu grupo. Ele precisa passar a impressão de ser um sujeito durão, que não pode demonstrar qualquer sinal de fraqueza aos seus subordinados, por isso quando a situação se torna insuportável ele procura acender um cigarro para se esconder por trás dos tanques de seu pelotão. E lá, completamente sozinho, segura o tranco da melhor forma possível. Ser forte, acima de tudo. A tensão é clara, mas há um serviço a ser feito e homens de verdade não vacilam. O tipo de militar que já não existe mais. Deixando aspectos puramente psicológicos de lado e focando apenas na pura ação também temos ótimos momentos, em especial quando o grupo de tanques comandados por Pitt se depara em determinado momento com um poderoso Tiger alemão no campo de batalha. E o que falar quando se encontra pela frente todo um pelotão de soldados fanáticos da infame SS? O final também é extremamente visceral e não abre concessões, abraçando completamente o realismo brutal da guerra. Muitos ficarão chocados com o desfecho, mas isso é um equívoco. Por ser um filme que busca ser o mais realista possível seu clímax se mostra mais adequado do que muitos pensam. Afinal heróis são destinados a grandes atos de coragem e abnegação. Em poucas palavras é realmente um filmão que não vai decepcionar os fãs de filmes de guerra.

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 8 de abril de 2016

Rock Hudson - O Vale das Paixões

Aos poucos vou completando a filmografia do ator Rock Hudson. Não é muito fácil achar grande parte dos filmes que estrelou, mas com uma certa paciência estou conseguindo, de alguns anos para cá, assistir a vários filmes raros de sua filmografia. Um deles, que ainda permanecia inédito para mim, foi justamente esse "O Vale das Paixões" (This Earth Is Mine, EUA, 1959), dirigido por Henry King. Baseado no romance escrito por Alice Tisdale Hobart o roteiro explora um clã de ricos plantadores de uva no vale de Napa na Califórnia. Foi lá que o grande patriarca Philippe Rambeau (Claude Rains) fundou um império de vinícolas. Os tempos de glória porém parecem coisa do passado pois a Lei Seca está em vigor (a história do filme se passa em 1931) e não há como vender a produção.

Seu neto, John Rambeau (Rock Hudson), resolve então passar por cima da lei para vender o vinho produzido e não vendido para gangsters de Chicago. Ele está disposto a ganhar fortunas com o comércio ilegal de bebidas contrabandeadas. O velho Philippe se sente ultrajado com isso, já que é um homem da velha escola, que se sempre se orgulhou de ter ficado rico honestamente, trabalhando até o sol se por para que sua plantação produzisse o melhor em termos de vinhos finos dos Estados Unidos. Para John porém isso pouco importa. Ele quer também ter a chance de ficar rico, tal como seu avô. Sua posição dentro do clã Rambeau nunca foi muito boa pois ele é um filho bastardo. John nasceu de um grande escândalo moral envolvendo sua mãe e um pai que nunca o assumiu como filho publicamente. Isso faz com que ele procure sempre mostrar seu valor para os demais familiares. Para complicar ainda mais sua vida pessoal, assim que conhece sua prima Elizabeth Rambeau (Jean Simmons), se apaixona perdidamente por ela. Liz viveu muitos anos na Inglaterra e só agora vai até a Califórnia para conhecer seus parentes americanos. Diz o ditado que amor de primo é para sempre, pois é exatamente essa situação que o roteiro procura explorar em termos de romance e paixão entre os protagonistas.

O filme, como era de se esperar, tem uma produção excelente e uma trama melhor ainda. Esses filmes clássicos antigos que procuravam desenvolver personagens complexos, atormentados, sempre superam nossas expectativas. Interessante que durante o filme vi muitas semelhanças entre o personagem de Rock Hudson e o lendário Cal Trask de James Dean em "Vidas Amargas" (East of Eden, EUA, 1955). Ambos pertencem a famílias ricas e ambos são verdadeiras párias dentro de seu clã familiar. Para se destacarem deixam de lado seus valores morais e éticos e entram sem receios numa jornada de ganância insana, em busca da fortuna alcançada de qualquer maneira, seja do jeito que for. Rock e Dean se cruzaram em "Assim Caminha a Humanidade" três anos antes e essa semelhança entre dois personagens tão parecidos causa realmente uma certa perplexidade. A única diferença é que o filme de Dean foi dirigido pelo gênio Elia Kazan e o de Rock Hudson pelo veterano Henry King, que era reconhecidamente um bom cineasta, mas bem longe da genialidade de Kazan.

Outro aspecto digno de nota é que o roteiro faz um paralelo inteligente (e até muito bonito) entre o ciclo da vida, quando gerações mais velhas morrem e são substituídas por novas gerações que de certa maneira acabam seguindo os mesmos passos de seus pais e avôs. Isso fica bem claro na cena final quando os personagens de Rock e Jean Simmons se reencontram no alto da mesma colina onde décadas atrás seus avôs estiveram, começando o seu próprio império. Bastante evocativa a cena é uma das mais marcantes do filme como um todo. No geral eu gostei de tudo, do bom desenvolvimento da história (sem pressa, procurando situar o espectador dentro daquela numerosa família), das boas atuações de todo o elenco (com destaque para o sempre ótimo Claude Rains) e da bela mensagem final. Muitas vezes o destino já nos é traçado por nossa linhagem familiar e de nossos antepassados. Nada está escrito, mas tudo pode ser determinado por nosso próprio passado. Enfim, um grande filme que recomendo a todos que gostam de grandes histórias em filmes clássicos irretocáveis. Produções como essa Hollywood infelizmente já não faz mais. Ecos de um passado glorioso da sétima arte.

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 7 de abril de 2016

Impacto Fulminante

Título no Brasil: Impacto Fulminante
Título Original: Sudden Impact
Ano de Produção: 1983
País: Estados Unidos
Estúdio: Warner Bros
Direção: Clint Eastwood
Roteiro: Harry Julian Fink, Rita M. Fink
Elenco: Clint Eastwood, Sondra Locke, Pat Hingle
  
Sinopse:
Um pequena cidade nos arredores de San Francisco está apavorada com uma série de assassinatos provavelmente causados por um serial killer que está à solta. O policial linha dura Harry Callahan (Clint Eastwood), também conhecido como "Dirty Harry" pela imprensa, precisa encontrar o assassino, enquanto tenta se livrar dos problemas com seus superiores no departamento de polícia da cidade.

Comentários:
Quarto filme da franquia "Dirty Harry". Clint Eastwood já havia colecionado sucessos de bilheteria com os três filmes anteriores, a saber: "Perseguidor Implacável" (1971), "Magnum 44" (1973) e "Sem Medo da Morte" (1976). A série seria finalmente concluída cinco anos depois, com "Dirty Harry na Lista Negra" (1988). Nesse aqui temos todos os ingredientes que fizeram o sucesso dessa que foi uma das franquias mais bem sucedidas da história do cinema no gênero policial. De certo modo era uma adaptação para o meio urbano dos personagens que Clint interpretou tão bem em seus faroestes. Aqueles mesmo valores morais e de justiça que ele seguia no velho oeste eram agora transportados para o personagem do tira durão que atuava numa grande cidade americana infestada de criminosos. Seu diferencial é que ele geralmente resolvia seus casos usando de métodos próprios, não necessariamente autorizados por lei. Havia realmente uma tênue fronteira entre a figura de um policial, que deveria seguir sempre a lei e seus burocráticos procedimentos, e a de um justiceiro, que procurava resolver tudo na conhecida linha "justiça pelas próprias mãos". Nem é preciso dizer que agindo de forma rápida e sem rodeios contra os bandidos em geral ele logo caiu nas graças do grande público. É um filme policial muito bom, acima da média, que resistiu bem ao tempo. Afinal de contas não importa o tempo que passou, pois Dirty Harry parece sempre ser mais atual do que nunca!

Pablo Aluísio.

Pânico

Título no Brasil: Pânico
Título Original: Scream
Ano de Produção: 1996
País: Estados Unidos
Estúdio: Dimension Films
Direção: Wes Craven
Roteiro: Kevin Williamson
Elenco: Neve Campbell, Courteney Cox, David Arquette, Drew Barrymore
 
Sinopse:
Um serial killer mascarado começa a assassinar adolescentes em uma cidade pequena, e como o número de corpos aumenta a cada dia, uma jovem garota e seus amigos começam a se utilizar dos clichês dos filmes de terror para descobrir a identidade do verdadeiro criminoso. Filme vencedor do Academy of Science Fiction, Fantasy & Horror Films nas categorias de Melhor Filme de Terror, Melhor Roteiro Original e Melhor Atriz (Neve Campbell). Também vencedor do MTV Movie Awards na categoria de Melhor Filme.

Comentários:
Eu já estava muito calejado com filmes de terror quando essa fita virou febre entre os adolescentes. A única novidade era a premissa que partia de uma tentativa de brincar com os clichês do gênero ao mesmo tempo em que os utilizava para criar medo no público. Algo assim só funcionaria mesmo com neófitos no gênero terror - algo que eu já não era há muito tempo, pois já tinha passado da idade para isso. Por essa razão apesar do enorme sucesso de bilheteria e do impacto que causou dentro da cultura pop na época (fatos inegáveis), jamais consegui gostar do filme, de sua proposta e de seu resultado. Kevin Williamson, o roteirista que depois iria desenvolver uma bela carreira na TV criando séries de sucesso como "Diário de um Vampiro", "The Following" e "Stalker", soube muito bem usar as mais batidas fórmulas do terror dos anos 80 para reciclar tudo, transformando em um novo sucesso de bilheteria. Ele aliás é o grande responsável pelo sucesso do filme uma vez que o diretor Wes Craven já estava envelhecido e no controle remoto em sua carreira. Seu trabalho rendeu apenas um filme burocrático que foi salvo do lugar comum por causa do texto de Williamson. Assim temos aqui um exercício de metalinguagem que usou do que havia de mais batido dentro do cinema para conquistar uma nova geração de fãs. Pelos resultados comerciais envolvidos acertaram realmente em cheio. Do ponto de vista puramente cinematográfico não consigo porém visualizar nada de muito marcante.

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 6 de abril de 2016

Battleship - A Batalha dos Mares

Título no Brasil: Battleship - A Batalha dos Mares
Título Original: Battleship
Ano de Produção: 2012
País: Estados Unidos
Estúdio: Universal Pictures
Direção: Peter Berg
Roteiro: Jon Hoeber, Erich Hoeber
Elenco: Taylor Kitsch, Alexander Skarsgård, Brooklyn Decker, Liam Neeson

Sinopse:
Baseado no clássico jogo de combate naval, Battleship traz a estória de uma frota internacional de navios que se deparam com uma armada alienígena, enquanto participa de exercícios e jogos de guerra naval. Uma intensa batalha é travada em terra, mar e ar. O que os aliens afinal querem em nosso planeta? Filme indicado ao prêmio da Academy of Science Fiction, Fantasy & Horror Films na categoria Melhores Efeitos Especiais.

Comentários:
Esse filme prova algumas coisinhas. A primeira é que não adianta ter apenas efeitos especiais de última geração para se criar um bom filme. A segunda é que sem um roteiro realmente bom tudo afunda, literalmente. E a terceira (e talvez a mais importante) é que não se cria grandes astros por decreto, da noite para o dia. Que o diga o ator Taylor Kitsch (da série "Friday Night Lights") cujos esforços em se tornar uma verdadeira estrela de cinema foram para o fundo do oceano junto com os navios digitais que surgem em cena. Na realidade o grande problema de "Battleship: A Batalha dos Mares" é que os produtores pensaram e acreditaram piamente que a parte técnica do filme o salvaria do fracasso. Realmente em termos de efeitos especiais não há o que reclamar. O problema é que assim como aconteceu na franquia "Transformers" não há nada muito além disso. A garotada pode até achar a sinopse e a proposta do filme bem divertidas, e quem sabe a fita possa servir de diversão ligeira para uma tarde entediada. Fora isso, olhando sob um prisma mais crítico, não há como deixar de entender tudo como uma grande bobagem mesmo, uma espécie de "Transformers em alto mar" que definitivamente não deu certo. Melhor rever os filmes de guerra clássicos da Segunda Guerra.

Pablo Aluísio.

Casa Comigo?

Título no Brasil: Casa Comigo?
Título Original: Leap Year
Ano de Produção: 2010
País: Estados Unidos
Estúdio: Universal Pictures
Direção: Anand Tucker
Roteiro: Deborah Kaplan, Harry Elfont
Elenco: Amy Adams, Matthew Goode, Adam Scott

Sinopse:
Anna (Amy Adams) está desesperada para se casar. Para ver se consegue convencer o namorado a lhe pedir em casamento ela viaja atá Dublin, pois por aquelas bandas é tradição pedir as mulheres em casamento no dia 29 de fevereiro de um ano bissexto. Mas as coisas acabam dando totalmente erradas.

Comentários:
Comédia romântica sem maiores novidades a não ser a presença muito simpática e carismática da gracinha Amy Adams. É a tal coisa, imagine você, um cara hetero normal, sendo chamado para ver uma comédia romântica no cinema. Bom, a primeira tentação é dizer não, mas como não quer magoar a sua namorada acaba aceitando. Esse aqui pelo menos tem a Amy Adams para você chegar até o final sem muito tédio. O roteiro bebe mais uma vez na fonte do casamento, esse contrato civil tão cobiçado pelas mulheres - mesmo nos dias de hoje onde elas estão cada vez mais procurando por sua independência profissional e financeira. Muitos poderiam dizer que tudo está anacrônico e fora de moda mas o sucesso de fitas como essa provam que não, elas ainda continuam sonhando com o tal príncipe encantado. Enquanto ele não aparece (provavelmente nunca aparecerá) elas consomem filmes como esse. Não há nada de errado nisso. Pelo menos esse me pareceu bem divertido, apesar dos pesares. 

Pablo Aluísio.

terça-feira, 5 de abril de 2016

O Grande Gatsby

Título no Brasil: O Grande Gatsby
Título Original: The Great Gatsby
Ano de Produção: 2013
País: Estados Unidos, Austrália
Estúdio: Warner Bros
Direção: Baz Luhrmann
Roteiro: Baz Luhrmann, Craig Pearce
Elenco: Leonardo DiCaprio, Carey Mulligan, Joel Edgerton
  
Sinopse:
Na década de 1920 o jovem Nick Carraway (Tobey Maguire) se forma em Yale e sonha em se tornar um escritor de sucesso. Enquanto tenta escrever o livro que lhe trará o sucesso acaba se interessando pela misteriosa figura de Jay Gatsby (Leonardo DiCaprio), um milionário que dá grandes festas em sua mansão, embora poucos saibam de onde vem toda a sua fortuna. O que intriga ainda mais Nick é a estranha atração que o misterioso Gatsby parece ter por sua própria prima, Daisy Buchanan (Carey Mulligan). Teria sido ela um grande amor de seu passado?

Comentários:
Mais uma releitura para o grande clássico da literatura "The Great Gatsby" de F. Scott Fitzgerald. Ainda prefiro a versão produzida com Robert Redford, sem dúvida. Nessa novo remake o cineasta Baz Luhrmann pecou por tentar deixar tudo mais atraente ao público jovem que vai ao cinema atualmente. Assim ele acabou imprimindo um ritmo histérico ao filme, algo que se distancia muito da obra original que tinha um clima bem mais cadenciado, valorizando o mistério em torno do personagem Gatsby e a finesse da sociedade grã-fina onde ele estava inserido. A trama, que ia sendo desenvolvida aos poucos, era feita de pequenas nuances e se baseava na elegante escrita de F. Scott Fitzgerald. A ambientação era correta e historicamente fiel. Com Luhrmann tudo ficou muito rápido, nervoso, sem sofisticação. O uso de músicas fora de época causam ainda maior mal estar. Leonardo DiCaprio não encontrou o tom de seu personagem. Ele parece arriscar durante todo o transcorrer da estória, indo de uma direção a outra, sem finalmente acertar em nada. Carey Mulligan é uma gracinha e traz algum charme para o filme como um todo, mas uma andorinha só não faz verão. No geral o filme erra por tentar ser moderno demais em uma obra que tira grande parte de sua força na nostalgia de uma época passada. Errado em algo tão primordial ficou complicado gostar dessa nova versão. Filme vencedor do Oscar nas categorias de Melhor Figurino e Melhor Design de Produção.

Pablo Aluísio.

Guardiões da Galáxia

Título no Brasil: Guardiões da Galáxia
Título Original: Guardians of the Galaxy
Ano de Produção: 2014
País: Estados Unidos
Estúdio: Marvel Studios
Direção: James Gunn
Roteiro: James Gunn, Nicole Perlman
Elenco: Chris Pratt, Vin Diesel, Bradley Cooper
  
Sinopse:
Um improvável grupo, formado por membros com problemas criminais diversos pela galáxia, se reúne para tentar deter uma incrível ameaça contra todos os seres livres do universo. Adaptação para o cinema dos personagens de histórias em quadrinhos criados por Dan Abnett e Andy Lanning para a editora Marvel Comics. Filme indicado ao Oscar nas categorias de Melhor Maquiagem e Melhores Efeitos Especiais. Também indicado ao BAFTA Awards nas mesmas categorias.

Comentários:
Baseado em personagens não tão famosos do universo Marvel, "Guardians of the Galaxy" acabou caindo no gosto do público, dando continuidade à incrível série de sucessos do cinema baseados em histórias em quadrinhos. Ao custo de 170 milhões de dólares o filme certamente acertou seu alvo, a do público jovem que lota os cinemas atualmente em busca da mais pura diversão. E o filme não nega suas intenções em nenhum momento, pois é de fato uma fita produzida para divertir, acima de tudo. Para o cinéfilo mais veterano será fácil encontrar semelhanças demais com o universo "Star Wars", mas mesmo assim o divertimento estará garantido. Os personagens são claramente carismáticos, o roteiro valoriza a mais pura ação, com muita adrenalina e os efeitos especiais são realmente muito bem realizados. Apesar de tudo isso, de ser um filme tecnicamente irrepreensível em termos de produção de um modo em geral, o filme também passa longe de ser a obra prima que alguns críticos disseram por aí. É bom, divertido e tudo o mais, porém não chegaria ao ponto de qualificar como excelente ou algo próximo a isso. Como fez sucesso nas bilheterias é certo que teremos mais sequências nos próximos anos, provavelmente uma ou duas continuações, porém sem maiores surpresas. Não vá assistir esperando por um filmão e se divirta sem maiores compromissos.

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 4 de abril de 2016

Operação Sombra - Jack Ryan

Título no Brasil: Operação Sombra - Jack Ryan
Título Original: Jack Ryan - Shadow Recruit
Ano de Produção: 2014
País: Estados Unidos
Estúdio: Paramount Pictures
Direção: Kenneth Branagh
Roteiro: Adam Cozad, David Koepp
Elenco: Chris Pine, Kevin Costner, Keira Knightley, Kenneth Branagh
  
Sinopse:
Jack Ryan (Chris Pine) é um jovem universitário que resolve se alistar nos fuzileiros navais americanos após o ataque terrorista de 11 de setembro em Nova Iorque. Após ser abatido em combate é recrutado por Thomas Harper (Kevin Costner) para trabalhar na CIA. Sua função passa a ser localizar contas bancárias pelo mundo usadas por grupos terroristas. Suas investigações acabam mirando também em outras nações, como a Rússia. Viktor Cherevin (Kenneth Branagh), um figurão, acaba assim entrando no alvo da agência de inteligência americana.

Comentários:
O personagem Jack Ryan, criado nas páginas dos livros escritos pelo autor Tom Clancy está de volta! Vários filmes com o agente foram realizados em um passado recente (como "Caçada ao Outubro Vermelho", "Jogos Patrióticos", "Perigo Real e Imediato" e "A Soma de Todos os Medos") e agora a Paramount tenta inaugurar um novo ciclo de filmes, uma nova franquia. Para isso o espectador é levado até a juventude de Ryan, para entender de onde veio e como se tornou um dos mais eficientes agentes da CIA. Como se trata de um filme de origens o espectador pode ficar meio decepcionado. Nem sempre esse tipo de manobra dá muito certo, principalmente quando se tem em mira um personagem que já foi devidamente explorado no cinema. O resultado é morno e sem graça. Chris Pine, que também luta para ressuscitar a velha franquia de "Star Trek" demonstra que não tem carisma suficiente para segurar essa responsabilidade. Seu Jack Ryan é seguramente o mais fraco de todos os que vimos até o presente momento.

Pablo Aluísio.

A Casa do Lago

Título no Brasil: A Casa do Lago
Título Original: The Lake House
Ano de Produção: 2006
País: Estados Unidos
Estúdio: Warner Bros
Direção: Alejandro Agresti
Roteiro: David Auburn, Eun-Jeong Kim
Elenco: Keanu Reeves, Sandra Bullock, Christopher Plummer
  
Sinopse:
Um homem solitário que mora em uma bela casa no lago começa a trocar cartas com uma misteriosa mulher que ao que tudo indica vivia no mesmo lugar, só que no passado. Filme premiado pelo Hollywood Film Awards na categoria de Melhor Atriz (Sandra Bullock). Também premiado pelo Teen Choice Awards.

Comentários:
Já que estamos falando de Keanu Reeves... Esse filme foi bastante criticado, nem tantos pelos jornalistas especializados em cinema, mas pelo público mesmo. Para muita gente o roteiro não fazia o menor sentido. Mesmo com boa vontade era complicado de engolir esse enredo. Na verdade se trata de um remake americano de uma produção coreana chamada "Siworae", cujo roteiro havia sido escrito por Eun-Jeong Kim e Ji-na Yeo. A imaginação e a criatividade típicas dos povos orientais explicam em parte o aspecto mais diferente, do ponto de vista de contexto e desenvolvimento, desse romance improvável (para não dizer impossível). O lado bom é que a dupla Keanu Reeves e Sandra Bullock combinou bem em cena. Além do mais não é nada mal ter o veterano Christopher Plummer (um dos meus atores preferidos) desfilando seu talento único em sua atuação. Outro ponto positivo vem da direção segura do cineasta argentino Alejandro Agresti. Com a sensibilidade latina no tom certo ele conseguiu dar o ritmo certo para o filme, introduzindo elementos da narrativa em doses homeopáticas, para que o público se acostumasse a essa incomum proposta.

Pablo Aluísio.

domingo, 3 de abril de 2016

Glenn Ford - O Pistoleiro do Rio Vermelho

Ontem assisti ao filme "O Pistoleiro do Rio Vermelho" (The Last Challenge, EUA, 1967). Sempre é bom conhecer ou rever filmes americanos de faroeste, principalmente das décadas de 40, 50 e 60, onde geralmente se situam as melhores produções da história do cinema ianque. Naqueles tempos o Western era extremamente popular e rendia excelentes bilheterias. Também eram filmes muito lucrativos pois custavam pouco, geralmente sendo rodados nos desertos do Arizona e Califórnia. Os estúdios aliás ganhavam grande parte de seus recursos justamente nesse tipo de produção. Se havia necessidade de melhorar as receitas nada mais era tão indicado como a produção de filmes desse gênero.

Ao longo do tempo a regularidade levou vários atores a se tornarem ícones desse estilo como John Wayne, Randolph Scott, Alan Ladd, etc. O caso de Glenn Ford era um pouco diferente. Ele não era um astro cowboy por excelência. Realmente chegou a atuar em muitos faroestes, mas era mais regular em dramas, filmes de aventura ou de guerra. Tanto isso é verdade que seu filme mais lembrado até hoje é "Gilda", um filme com ares de noir que acabou virando um cult para a crítica americana (status que só foi adquirido com o tempo já que em seu lançamento o filme se notabilizou mais pela bela presença de Rita Hayworth do que por qualquer outra coisa).

Assim Ford era considerado acima de tudo um astro eclético, embora nunca chegasse a ser reconhecido como grande ator. Ele era um tipo, uma espécie de estereótipo cinematográfico. Se formos pensar apenas em seus filmes de western veremos que Ford nunca chegou a atuar em um grande clássico, em uma obra prima tal como aconteceu muitas vezes com John Wayne. Na verdade ele se especializou em filmes B, baratos, que não tinham maiores pretensões a não ser render uma boa bilheteria para pagar os custos da produção e gerar algum lucro. Esse é o caso de "O Pistoleiro do Rio Vermelho". Não há uma excelente produção em cena. O filme, como todos da MGM, era certamente bem produzido, com boas locações, mas passava longe de ser uma superprodução.

Quando a fita chegou nos cinemas por volta de 1967 o western já estava saindo lentamente de moda. O público era mais velho e os jovens estavam interessados em outras coisas (não nos esqueçamos que foi nesse mesmo ano que aconteceu o verão hippie, do amor livre e do flower power). Havia muita LSD e maconha rolando entre os jovens cabeludos. Nenhum deles teria interesse em ver um filme de cowboy com um roteiro que soava até mesmo fora de época. E os valores? Será que algum jovem queria mesmo ver um duelo no velho oeste para determinar quem seria o gatilho mais rápido do Arizona? Acredito que não. Assim o que temos aqui é um filme de orçamento restrito, já meio fora de moda, com um astro já aparentando um certo cansaço.

O único interesse talvez viesse da presença da atriz Angie Dickinson, uma loira bonita, com cabelos de hippie (mesmo que o filme fosse passado no velho oeste) e personalidade feminista à frente de seu tempo (no roteiro ela era dona de um saloon, não se importando em ser falada na cidade). Outro ponto interessante é o fato de que o filme foi dirigido por Richard Thorpe. Quem é fã de Elvis Presley certamente saberá de quem se trata. Ele dirigiu dois dos mais populares filmes de Elvis: "O Prisioneiro do Rock" em 1957 e "O Seresteiro de Acapulco" de 1963. O primeiro é um marco na história do rock no cinema e o segundo um clássico da Sessão da Tarde dos anos 70 e 80. Esse faroeste foi seu último filme, afinal ele já havia dirigido quase 180 filmes desde que começou em Hollywood em 1923 (ainda na era do cinema mudo). Já era mesmo tempo de se aposentar da sétima arte.

Pablo Aluísio.