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sábado, 29 de janeiro de 2022

Da Terra Nascem os Homens

Esse é um grande filme. Diria até que foi o filme que definiu para sempre a personalidade nas telas de cinema do ator Gregory Peck. Ele interpreta James McKay, um homem culto e educado, criado no lado mais cosmopolita dos Estados Unidos. Ele parte então rumo ao oeste onde pretende se casar com a filha de um rico fazendeiro da região. No Oeste, encontra outra realidade. Ao invés da polidez do diálogo, ele logo percebe que a violência é quem dita as regras. O pai de sua noiva é um tipo indigesto que tem uma rixa violenta com outro fazendeiro, outro criador de gado. E assim McKay tenta resolver esse tipo de briga na base da diplomacia e do diálogo. Alto que muitos no velho oeste simplesmente desconheciam.

Esse é um roteiro que ressalta os bons valores americanos. E também glorifica a imensidão e a vastidão do oeste ainda um tanto selvagem. Com longas sequências em plano aberto, me lembrou muito de outro grande clássico, "Assim Caminha a Humanidade". A parte musical também foi escrita para deixar o público extasiado com a beleza natural capturada pelas câmeras. A trilha sonora, lançada na época, se tornou um grande sucesso de vendas. Com três horas de duração, esse western é um daqueles filmes feitos para impressionar e mostrar toda a qualidade técnica e cinematográfica que o cinema americano podia realizar. Um dos melhores filmes que já assisti em minha vida. Simplesmente magistral!

Da Terra Nascem os Homens (The Big Country, Estados Unidos, 1958) Direção: William Wyler / Roteiro: James R. Webb, Robert Wilder / Elenco: Gregory Peck, Jean Simmons, Carroll Baker, Charlton Heston, Burl Ives, Chuck Connors / Sinopse: O filme conta a história de um fino e refinado homem do Leste que vai morar no Oeste. E lá encontra outros valores, outras maneiras de resolver disputas internas, usando inclusive da violência, das armas de fogo. Filme indicado ao Oscar na categoria de melhor música (Jerome Moross). Premiado com o Oscar na categoria de melhor ator coadjuvante (Burl Ives).

Pablo Aluísio.

terça-feira, 22 de junho de 2021

Vidas Amargas

Pode ser considerado o primeiro filme de James Dean, mesmo ele tendo aparecido em pequenas participações em três filmes anteriores. Esse é o primeiro filme em que ele realmente teve a oportunidade de mostrar seu talento como ator. Nos filmes anteriores ele tinha poucas linhas de diálogos e em alguns deles era um mero figurante. Porém em "Vidas Amargas" o diretor Elia Kazan resolveu apostar naquele jovem ator de Indiana, dando a maior oportunidade de sua carreira até então. E Dean não decepcionou, atuando de forma brilhante em seu papel, a de um jovem com problemas familiares que ousava trazer à tona um segredo sobre sua mãe que poderia destruir sua família.

O roteiro foi baseado no best-seller escrito pelo autor John Steinbeck. Entretanto Kazan decidiu que só iria explorar a parte inicial da história contada no livro. Ele acreditava que a força dramática do livro se concentrava justamente em seus primeiros capítulos. Não interessava ao cineasta o desenrolar daqueles primeiros acontecimentos. E assim foi feito. O resultado ficou excepcional. Aliás é interessante notar como James Dean já encarnava nesse seu primeiro grande papel a figura do jovem rebelde, encucado e confuso, que não era bem visto nem mesmo por seu pai, um tipo conservador indigesto, que a despeito de ser um homem duro com os filhos, usava tudo como mera desculpa para torturar psicologicamente o filho de que não gostava, justamente o personagem de Dean. Em conclusão, "Vidas Amargas" é uma obra-prima da sétima arte. Grande filme  de James Dean e Elia Kazan, em momento inspirado de suas carreiras.

Vidas Amargas (East of Eden, Estados Unidos, 1955) Direção: Elia Kazan / Roteiro: Paul Osborn, Elia Kazan, inspirados no livro escrito por John Steinbeck / Elenco: James Dean, Raymond Massey, Julie Harris, Burl Ives, Richard Davalos, Jo Van Fleet / Sinopse: Nas vésperas da explosão da I Guerra Mundial, um jovem chamado Cal Trask (James Dean) descobre um grande segredo envolvendo o passado de sua família. E ele não deixará isso passar em branco, usando tudo para atingir seu rígido pai e seu irmão, considerado um jovem modelo na cidade onde vive. Filme vencedor do Oscar na categoria de melhor atriz coadjuvante (Jo Van Fleet). Também indicado nas categorias de melhor ator (James Dean), melhor direção (Elia Kazan) e melhor roteiro adaptado.

Pablo Aluísio. 


quarta-feira, 15 de janeiro de 2020

Da Terra Nascem os Homens

Sempre lembrado em qualquer lista que selecione os maiores filmes de western de todos os tempos, "Da Terra Nascem os Homens" é um filme monumental. Dirigido pelo excelente  William Wyler o filme ainda hoje causa impacto em quem assiste. Com ares de grandeza o cineasta procurou em longas e abertas tomadas capturar um pouco da imensidão do oeste americano. O próprio título original do filme (The Big Country) já mostra de forma clara essa sua intenção. O resultado não ficou menos do que grandioso. Na trama acompanhamos a chegada de  James McKay (Gregory Peck) a uma daquelas pequenas cidades do velho oeste que ficavam no meio do nada, bem no centro de um deserto empoeirado. Ele vem do leste urbano e cosmopolita. Agora no oeste rural, selvagem e rústico tentará de todas as formas se adaptar aos costumes da região. Isso é uma necessidade pois ele está noivo da bela Patricia Terrill ( Carroll Baker), filha de um dos grandes criadores de gado do Estado.

Conhecido como Major (Charles Bickfor) ele manda e desmanda nas terras do local até encontrar resistência de outro fazendeiro, Rufus Hannassey (Burl Ives) que quer colocar um basta nessa dominação. A briga e a rixa surgida entre os dois homens são na verdade uma metáfora de William Wyler com a guerra fria, que na época estava no auge. EUA e União Soviética seriam representados por esses dois homens que não conseguem viver mais em paz e em harmonia, sempre tentando prejudicar uma ao outro em todas as oportunidades possíveis. Apenas a chegada do forasteiro McKay poderá trazer uma luz sobre esse impasse.

Já o personagem de Gregory Peck é certamente um dos grandes papéis de sua carreira. Educado, fino e um verdadeiro cavalheiro, não acredita no poder das armas e nem da violência. Sua postura elegante e pacífica logo é confundida com covardia, numa mostra clara da mentalidade atrasada e bruta dos homens do velho oeste. "Da Terra Nascem os Homens" é um filme de fôlego, com quase 3 horas de duração. De certa forma lembra até mesmo "Assim Caminha a Humanidade" em seus longos planos abertos, com a casa sede da fazenda ao longe, perdida no meio do nada. É um filme tão rico que conta com nomes como Charlton Heston em papéis secundários - ele estava prestes a estrelar o filme de sua vida, Ben-Hur, que faria logo a seguir.

Outro personagem coadjuvante muito marcante é o interpretado por Burl Ives, excelente ator que aqui levou o Oscar por sua inspirada atuação de Rufus. A trilha sonora evocativa e forte é outro aspecto que chama a atenção. Por fim, e o mais importante, fica a lição subliminar de tudo o que vemos no filme. A grande mensagem de "Da Terra Nascem os Homens" é que a violência realmente não leva a lugar nenhum. A cena final e seu resultado mostram de forma bem clara isso. Um recado de Wyler para as grandes nações do mundo: ou elas encontram uma maneira de viver de forma pacífica ou então se destruirão mutuamente, em uma situação onde não há vencedores, mas apenas perdedores.

Da Terra Nascem os Homens (The Big Country, Estados Unidos, 1958) Direção: William Wyler / Roteiro: Jessamyn West, Robert Wyler, James R. Webb, Sy Bartlett, Robert Wilder baseados no livro de Donald Hamilton / Elenco: Gregory Peck, Jean Simmons, Carroll Baker, Charlton Heston, Burl Ives, Charles Bickford / Sinopse: Numa região do velho oeste disputada por dois fazendeiros e criadores de gado, um homem do leste que chega no local para se casar com a filha de um deles, procura trazer uma nova mentalidade e uma outra maneira de pensar sobre o modo como se deve conviver com o próximo. Filme vencedor do Oscar na categoria de Melhor Ator Coadjuvante (Burl Ives). Também indicado na categoria de Melhor Música (Jerome Moross). 

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 24 de maio de 2018

Gata em Teto de Zinco Quente

Título no Brasil: Gata em Teto de Zinco Quente
Título Original: Cat on a Hot Tin Roof
Ano de Produção: 1958
País: Estados Unidos
Estúdio: Metro-Goldwyn-Mayer (MGM)
Direção: Richard Brooks
Roteiro: James Poe, Richard Brooks
Elenco: Elizabeth Taylor, Paul Newman, Burl Ives, Jack Carson, Judith Anderson, Madeleine Sherwood
  
Sinopse:
Com roteiro baseado na peça "Cat on a Hot Tin Roof" de Tennessee Williams, o filme narra o complicado relacionamento entre a jovem Maggie (Elizabeth Taylor) e seu marido Brick Pollitt (Paul Newman). O casamento de ambos está em frangalhos, principalmente por causa do distanciamento que cresce a cada dia entre eles. Para piorar Brick se sente oprimido por viver em uma velha e tradicional casa do sul dos Estados Unidos dominada por um rico proprietário à moda antiga. Filme indicado ao Oscar nas categorias de Melhor Filme, Melhor Ator (Paul Newman), Melhor Atriz (Elizabeth Taylor), Melhor Direção (Richard Brooks), Melhor Roteiro Adaptado e Melhor Fotografia (William H. Daniels). Também indicado ao Globo de Ouro nas categorias de Melhor Filme - Drama e Melhor Direção.

Comentários:
O filme foi roteirizado pelo diretor Richard Brooks. Se formos analisar bem sua carreira veremos que ele sempre foi mais um roteirista do que propriamente um diretor. Pois bem, embora Tennessee Williams tenha reclamado de algumas mudanças em seu texto original, temos que convir que o roteiro em si é muito bem escrito e trabalhado, deixando o filme com ótimo ritmo, fugindo da armadilha de o deixar teatral demais.. Penso que os textos de autoria do grande Tennessee Williams eram perigosos ao serem adaptados ao cinema, pois poderiam deixar qualquer filme pesado ou com aspecto de teatro filmado, o que não seria adequado pois artes diferenciadas exigem também adaptações diferentes. Nem sempre o que é adequado ao teatro consegue ser satisfatório na tela. Em "Gata em Teto de Zinco Quente" isso definitivamente não acontece e o espectador ao final da exibição terá a certeza de que assistiu a um grande filme, cinema puro. A produção é elegante, acima de tudo. O enredo se passa todo dentro de um grande casarão que é sede de uma fazendo de algodão no sul dos EUA. Embora isso possa parecer tedioso, não é. Hoje a MGM está à beira da falência, mas naquela época não economizava no bom gosto, como bem podemos comprovar aqui. A fazenda tipicamente sulista, o bonito figurino (especialmente de Liz Taylor) e a fotografia inspirada confirmam a elegância da película.
 
A grande força do filme porém vem de seu elenco maravilhoso. Elizabeth Taylor está linda e talentosa, dominando a cena. Ela  esbanja naturalidade e carisma em cada momento que surge na tela. Paul Newman, que passa o tempo todo de muletas e engessado, também demonstra muito talento no papel de Brick Pollitt, talvez o único personagem com algum valor moral dentro daquela casa. O curioso é que mesmo atores com escolas diferentes (com Newman vindo do teatro e Liz sendo basicamente uma atriz de cinema) conseguem se entender extremamente bem em cena. Sua química salta aos olhos, mesmo Paul Newman interpretando um marido que diante de tantos problemas negligencia sua bela e jovem esposa. Do elenco de apoio tenho que destacar primeiramente Burl Ives (Big Daddy, ótimo em sua caracterização de um homem que não conseguiu passar afeto aos seus familiares durante toda a sua vida) e Madeleine Sherwood (que faz a insuportável Mae Pollitt). Dentre as várias excelentes cenas destacaria aquela que se passa entre Newman e Ives no porão quando em tom de nostalgia Big Daddy se recorda de seu falecido pai, um mero vagabundo. Ali ele se mostra totalmente, sem máscaras, o que de certa maneira também serve para revelar a verdadeira face de sua família. Ótimo momento no quesito atuação. Enfim temos aqui um dos maiores clássicos da era de ouro de Hollywood, com dois de seus grandes astros em plena forma pessoal e dramática. Um filme mais do que clássico, absoluto.

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 21 de novembro de 2016

Labirinto de Paixões

Título no Brasil: Labirinto de Paixões
Título Original: The Spiral Road
Ano de Produção: 1962
País: Estados Unidos
Estúdio: Universal Pictures
Direção: Robert Mulligan
Roteiro: John Lee Mahin, Neil Paterson
Elenco: Rock Hudson, Burl Ives, Gena Rowlands
  
Sinopse:
1936. Um jovem médico chamado Dr. Anton Drager (Rock Hudson) chega para trabalhar numa isolada e distante colônia holandesa no Pacífico Sul. A região é foco de doenças tropicais graves como lepra, peste negra e cólera. Drager deseja trabalhar ao lado do veterano Dr. Brits Jansen (Burl Ives) pois quer usar sua experiência em sua pesquisa que pretende publicar quando estiver de retorno à Europa. Só que Jansen, embora seja um excelente médico, não está preocupado com esse tipo de detalhe. Ele quer mesmo é ajudar aquelas comunidades nativas. Drager chega para trabalhar ao seu lado justamente quando explode uma epidemia de peste negra causada por pulgas de ratos selvagens. A única saída é queimar toda a vila. E isso é apenas o começo de seus serviços naquele lugar esquecido por Deus. Filme vencedor do Bambi Awards na categoria de Melhor Ator (Rock Hudson).

Comentários:
"Labirinto de Paixões" é um drama que explora a dura vida de médicos holandeses em colônias situadas nas distantes ilhas ao redor de Bornéu, nos mares do sul. O protagonista interpretado por Rock Hudson está lá para cumprir um contrato de cinco anos com a companhia das Índias orientais, mas na verdade não tem a menor intenção de viver ali. Ele pretende recolher informações valiosas para suas pesquisas para depois se consagrar no meio acadêmico europeu. Só que o dia a dia como médico naquele cenário tropical deslumbrante e também avassalador não é nada fácil. Drager (Hudson) conhece missionários religiosos que vivem lá, inclusive um bondoso casal de estrangeiros que dedicou toda a sua vida para erguer e cuidar de uma colônia de leprosos. A esposa inclusive pagou caro pela sua missão, sendo ela própria contaminada pela terrível lepra. Esse tipo de dedicação ao próximo até o abala internamente, mas Drager prefere continuar com seus objetivos. Ele também nutre um sentimento de certa rejeição aos valores religiosos pois na verdade é ateu - embora seja filho de um pastor. Ao se deparar com a oportunidade de trabalhar ainda mais adentro da floresta, em um ponto avançado praticamente abandonado, Drager acaba se vendo frente a frente com seu próprio modo de ser e pensar. 

A vida no limite colocará suas convicções à prova, principalmente após ter que enfrentar um nativo misterioso, que se diz feiticeiro e dono de poderes malignos envolvendo magia negra. O roteiro desse filme é bem rico. Ele começa como drama, depois traz pitadas de romance (com o relacionamento entre o personagem de Rock Hudson e a doce Els de Gena Rowlands) e finalmente termina como aventura, com doses de psicologismo exacerbado. O arrogante médico de Hudson é tragado pelas forças da natureza e passa por um período de enlouquecimento e delírio. Essas cenas, já na terça parte final do filme, trazem uma boa oportunidade de Rock mostrar que não era apenas um galã de cinema. De barba grande e roupas em farrapos, ele se sai muito bem. Gostei de sua força de vontade em expressar a terrível tortura psicológica pela qual passa seu personagem. Por fim merecem elogios também a inspirada interpretação de Burl Ives. Imenso, arrebatador e desenvolvendo uma personalidade complexa, ele é um dos grandes atrativos para se conferir esse filme que pode ser até mesmo considerado surpreendente.

Pablo Aluísio.

sábado, 16 de abril de 2016

Rock Hudson - Labirinto de Paixões

Aproveitei o tempo livre do fim de semana para conferir mais um clássico. O filme em questão se chama "Labirinto de Paixões" (The Spiral Road, EUA, 1962). Na história o astro Rock Hudson interpreta o médico Anton Drager. Como empregado da companhia das índias orientais ele é enviado para uma distante e isolada colônia holandesa nos mares do Pacífico. Perto de Bornéu, a região é daquelas que muitas vezes nem sequer é mencionada nos mapas. Drager não quer fazer carreira naquele lugar esquecido por Deus. Na verdade ele pretende apenas se valer das anotações de um médico veterano, o Dr. Brits Jansen (Burl Ives), para escrever sua própria pesquisa acadêmica.

Ele tem planos de publicar o seu trabalho científico na Europa quando retornar de Bornéu, para quem sabe ficar rico com ele. O velho Dr. Jansen vive há muitos anos naquelas florestas, convivendo com doenças tropicais e isso certamente lhe trouxe muito conhecimento sobre o tema. Drager quer se aproveitar de sua experiência. Doenças como cólera, peste negra e lepra são bem comuns naquelas populações nativas. O que o jovem médico não contava é que trabalhar naqueles lugares inóspitos certamente não seria algo fácil. Em pouco tempo ele descobre um novo mundo, com pessoas e profissionais realmente dedicados, dando literalmente suas próprias vidas para ajudar aquelas comunidades desprovidas de civilização. A estadia de Drager logo se torna uma jornada dentro de si mesmo, com picos de desespero e até mesmo insanidade.

O filme tem um ótimo roteiro, se aproveitando muito bem do choque que surge do encontro entre o homem civilizado e o mundo selvagem daquela região. As populações são muito primitivas ainda, mergulhadas em um misticismo mágico onde a cura viria das crenças nos deuses das florestas e não da medicina. O médico interpretado por Rock Hudson é filho de um pastor. Seu pai era violento e isso destruiu sua fé em Deus. Ele não suportava a hipocrisia de seu próprio pai, um homem que pregava sobre amor e Deus na igreja ao mesmo tempo em que maltratava sua esposa e filhos em casa. A hipocrisia assim destruiu sua crença em um ser superior. Esse fato rende ótimos momentos durante o filme. O Dr. de Rock é várias vezes confrontado com seu ateísmo e o mundo selvagem em que está inserido. Há inclusive um ótimo diálogo entre ele e o velho Dr. Jansen que lhe explica que no meio da selva tropical não há outra alternativa para a sobrevivência do que acreditar em uma entidade superiora, divina.

Com um roteiro tão rico e uma trama tão interessante não é de se admirar que o diretor Robert Mulligan tenha realizado um grande filme. As filmagens foram penosas e complicadas pois foram realizadas em locações do Suriname. A equipe passou por inúmeros problemas, inclusive doenças tropicais (numa suprema ironia tal como aconteceu com os personagens no enredo do filme). O próprio Rock Hudson quase morreu ao contrair uma infecção tropical. Mesmo com tantos problemas o resultado se mostra excelente. Com uma longa duração o filme se desenvolve muito bem, explorando adequadamente todos os personagens. Dentre eles eu destaco o Dr. Brits Jansen. Eu já tive várias oportunidades de elogiar o ator Burl Ives e volto a elogiá-lo aqui. Ives era grandioso não apenas no que se refere ao seu grande corpanzil, mas sobretudo por seu grande talento dramático. Ele geralmente roubava os filmes em que atuava. Aqui aconteceu de novo. Enfim, "Labirinto de Paixões" é mais um belo filme que confiro da filmografia de Rock Hudson. Um excelente drama com pitadas de aventura, psicologia e até, pasmem, um pouquinho de teologia!

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 9 de junho de 2006

Quadrilha Maldita

Título no Brasil: Quadrilha Maldita
Título Original: Day of the Outlaw
Ano de Produção: 1959
País: Estados Unidos
Estúdio: Security Pictures
Direção: André De Toth
Roteiro: Philip Yordan
Elenco: Robert Ryan, Burl Ives, Tina Louise, Alan Marshal, Venetia Stevenson, David Nelson

Sinopse:
O filme "Quadrilha Maldita" conta a história de um fazendeiro que só quer tocar sua propriedade rural ao lado de sua família. Sua paz é rompida quando surge uma violenta quadrilha na região. Eles estão dispostos a tudo para salvar a vida do líder do bando, agora severamente ferido numa perseguição de homens da lei.

Comentários:
Baseado no romance de faroeste escrito por Lee E. Wells, esse filme B dos anos 50 inova ao trazer para primeiro plano uma violência mais crua do que era comum naqueles anos. Longe das amarras dos grandes estúdios de Hollywood como a Warner, Columbia e Fox, o diretor André De Toth conseguiu antecipar em alguns anos a violência estilizada que iria imperar no western a partir dos anos 60. Ele foi um veterano do gênero e críticos de cinema afirmam que ele sempre foi mais talentoso quando trabalhava em pequenos estúdios de cinema ou companhias cinematográficas independentes como foi o caso desse filme. Pena que também por não ser produzido por uma das majors de Hollywood, pouco foi visto em seu lançamento original.

Pablo Aluísio.