segunda-feira, 11 de abril de 2016

Conspiração e Poder

Título no Brasil: Conspiração e Poder
Título Original: Truth
Ano de Produção: 2015
País: Estados Unidos
Estúdio: Sony Pictures Classics
Direção: James Vanderbilt
Roteiro: James Vanderbilt, baseado no livro de Mary Mapes
Elenco: Cate Blanchett, Robert Redford, Dennis Quaid, Topher Grace, Elisabeth Moss, Bruce Greenwood, Stacy Keach
  
Sinopse:
Em 2004, nas vésperas das eleições presidenciais americanas, a jornalista Mary Mapes (Cate Blanchett) resolve fazer uma reportagem investigativa para o programa "60 Minutes" da rede de TV CBS sobre os anos em que o Presidente George W. Bush passou prestando seu serviço militar na Guarda Nacional. Em sua visão existiam mutas suspeitas que tudo havia sido arranjado para que ele não fosse enviado para a Guerra do Vietnã. Além disso pesavam indícios de que Bush sequer tinha participado do treinamento de pilotos. Confiando em fontes não muito seguras e documentos que depois seriam comprovados como falsos, Mary acabaria entrando em um ciclo de acusações de manipulação dos fatos, colocando em risco até mesmo sua carreira como jornalista consagrada. Filme vencedor do Palm Springs International Film Festival na categoria de Melhor Atriz (Cate Blanchett).

Comentários:
Esse filme conta a história real de uma investigação jornalística que deu muito, muito errado. Como em todas as profissões a de jornalista também exige uma grande dose de responsabilidade e ética. Isso foi justamente o que faltou para Mary Mapes (Cate Blanchett). Ela era uma das responsáveis pelo popular programa da CBS chamado "60 Minutes". Uma liberal de carteirinha, com ligações com o Partido Democrata, ela acabou sendo dominada por suas paixões partidárias ao colocar no ar uma série de acusações contra o presidente e candidato à reeleição George W. Bush do Partido Republicano. O tiro logo saiu pela culatra ao se descobrir que todos os documentos mostrados no programa eram falsos e forjados. A partir daí Mapes entrou em seu inferno astral pessoal e profissional. Foi processada e teve que arcar com sua irresponsabilidade midiática, pagando caro pelo que fez. O curioso é que o roteiro, que foi escrito baseando-se no livro escrito pela própria jornalista, a coloca na posição de vítima. Bobagem. Mesmo com essa parcialidade bem nítida fica claro para o espectador que ela errou e de forma até mesmo primária. É complicado aceitar a tese de que não houve dolo em seu caso pois ela sempre fora conhecida como uma liberal e uma feminista ardorosa. 

Diante dessa posição não era de se admirar que odiasse republicanos e conservadores em geral. Ao pagar para ver, acabou se dando muito mal. Mesmo com esse viés ideológico o filme se revela muito bom. Tem um elenco que certamente chamará a atenção dos cinéfilos, a começar pela própria Cate Blanchett que está passando por uma fase maravilhosa (vide seu recém lançado filme "Carol"). As presenças de Robert Redford e Dennis Quaid também me agradaram muito. A despeito do grande talento que possuem devo confessar também que fiquei bem surpreso com a aparência deles. Estão bem envelhecidos, mostrando sem receios as marcas do tempo. Ponto positivo para ambos, pois não se renderam à moda das cirurgias plásticas que costumam deformar o rosto de atores e atrizes, algo que infelizmente anda muito em voga em Hollywood. Envelhecer com dignidade revela acima de tudo um grande caráter por parte deles. Então é isso. Temos aqui um bom filme, especialmente indicado para jornalistas e estudantes de jornalismo em geral, que só peca mesmo por causa de seus problemas ideológicos. Se tivesse sido mais imparcial seria uma grande obra cinematográfica. Do jeito que ficou vale pelo elenco e pela boa direção. Está recomendado.

Pablo Aluísio.

6 comentários:

  1. Avaliação:
    Direção: ★★★★
    Elenco: ★★★★
    Produção: ★★★
    Roteiro: ★★★
    Cotação Geral: ★★★★
    Nota Geral: 7.8

    Cotações:
    ★★★★★ Excelente
    ★★★★ Muito Bom
    ★★★ Bom
    ★★ Regular
    ★ Ruim

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  2. Off topic:

    Pablo, como você lembrou da música Love Machine que é sucesso na Índia mesmo sendo uma musiquinha, fui ouvi-la e apesar de simplória, como você disse, é muito boa e cheguei, mais uma vez, a conclusão de que alguma coisa na voz, ou no fraseado, ou na energia interior do Elvis fazia que quaisquer músicas ficassem muito boas com ele cantando.
    Aquela estória que se tivesse gravado Atirei o Pau no Gato, ou Parabéns pra Você ficaria muito boa, no caso do Elvis não é um hipérbole e sim um fato, tanto que existe uma Old MacDonald Had A Farm pra comprovar. Realmente o Elvis tinha uma coisa dentro dele que o tornava especial para interpretar canções dos mais variados tipos.

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  3. Concordo. As músicas mais tolinhas acabavam valendo na voz de Elvis. Talento e carisma explicam.

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  4. Essa coisa da ideologia esquerdinha que mesmo estando errada quer estar certa e que te desagradou neste filme Truth, ocorre, principalmente, pela presença do Robert Redford que junto com o George Clooney são liberais enjoadihos e que estão ficando cada dia mais irritantes com essa postura pernóstica em que fingem ser condescendentes mas parece sempre querer dizer, "nos somos os certos e melhores que vocês em qualquer situação".

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  5. Redford e Clooney são os representantes máximos do Partido Democrata no cinema americano. Os democratas, tirando as devidas proporções, é a verdadeira esquerda dos Estados Unidos. E tal como a esquerda latino americana eles se acham pessoas "iluminadas" que sabem o que é o certo sempre, mesmo quando estão terrivelmente enganados. A personagem principal desse filme é justamente o reflexo disso. Ela cometeu um erro enorme em sua profissão de jornalista, mas o roteiro a coloca na posição de vítima, coitadinha, só porque ela segue essa linha ideológica.

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  6. É isso Pablo, o coitadísmo em metástase.

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