sábado, 16 de abril de 2016

Rock Hudson - Labirinto de Paixões

Aproveitei o tempo livre do fim de semana para conferir mais um clássico. O filme em questão se chama "Labirinto de Paixões" (The Spiral Road, EUA, 1962). Na história o astro Rock Hudson interpreta o médico Anton Drager. Como empregado da companhia das índias orientais ele é enviado para uma distante e isolada colônia holandesa nos mares do Pacífico. Perto de Bornéu, a região é daquelas que muitas vezes nem sequer é mencionada nos mapas. Drager não quer fazer carreira naquele lugar esquecido por Deus. Na verdade ele pretende apenas se valer das anotações de um médico veterano, o Dr. Brits Jansen (Burl Ives), para escrever sua própria pesquisa acadêmica.

Ele tem planos de publicar o seu trabalho científico na Europa quando retornar de Bornéu, para quem sabe ficar rico com ele. O velho Dr. Jansen vive há muitos anos naquelas florestas, convivendo com doenças tropicais e isso certamente lhe trouxe muito conhecimento sobre o tema. Drager quer se aproveitar de sua experiência. Doenças como cólera, peste negra e lepra são bem comuns naquelas populações nativas. O que o jovem médico não contava é que trabalhar naqueles lugares inóspitos certamente não seria algo fácil. Em pouco tempo ele descobre um novo mundo, com pessoas e profissionais realmente dedicados, dando literalmente suas próprias vidas para ajudar aquelas comunidades desprovidas de civilização. A estadia de Drager logo se torna uma jornada dentro de si mesmo, com picos de desespero e até mesmo insanidade.

O filme tem um ótimo roteiro, se aproveitando muito bem do choque que surge do encontro entre o homem civilizado e o mundo selvagem daquela região. As populações são muito primitivas ainda, mergulhadas em um misticismo mágico onde a cura viria das crenças nos deuses das florestas e não da medicina. O médico interpretado por Rock Hudson é filho de um pastor. Seu pai era violento e isso destruiu sua fé em Deus. Ele não suportava a hipocrisia de seu próprio pai, um homem que pregava sobre amor e Deus na igreja ao mesmo tempo em que maltratava sua esposa e filhos em casa. A hipocrisia assim destruiu sua crença em um ser superior. Esse fato rende ótimos momentos durante o filme. O Dr. de Rock é várias vezes confrontado com seu ateísmo e o mundo selvagem em que está inserido. Há inclusive um ótimo diálogo entre ele e o velho Dr. Jansen que lhe explica que no meio da selva tropical não há outra alternativa para a sobrevivência do que acreditar em uma entidade superiora, divina.

Com um roteiro tão rico e uma trama tão interessante não é de se admirar que o diretor Robert Mulligan tenha realizado um grande filme. As filmagens foram penosas e complicadas pois foram realizadas em locações do Suriname. A equipe passou por inúmeros problemas, inclusive doenças tropicais (numa suprema ironia tal como aconteceu com os personagens no enredo do filme). O próprio Rock Hudson quase morreu ao contrair uma infecção tropical. Mesmo com tantos problemas o resultado se mostra excelente. Com uma longa duração o filme se desenvolve muito bem, explorando adequadamente todos os personagens. Dentre eles eu destaco o Dr. Brits Jansen. Eu já tive várias oportunidades de elogiar o ator Burl Ives e volto a elogiá-lo aqui. Ives era grandioso não apenas no que se refere ao seu grande corpanzil, mas sobretudo por seu grande talento dramático. Ele geralmente roubava os filmes em que atuava. Aqui aconteceu de novo. Enfim, "Labirinto de Paixões" é mais um belo filme que confiro da filmografia de Rock Hudson. Um excelente drama com pitadas de aventura, psicologia e até, pasmem, um pouquinho de teologia!

Pablo Aluísio.

3 comentários:

  1. Avaliação:
    Direção: ★★★
    Elenco: ★★★★
    Produção: ★★★
    Roteiro: ★★★★
    Cotação Geral: ★★★★
    Nota Geral: 8.0

    Cotações:
    ★★★★★ Excelente
    ★★★★ Muito Bom
    ★★★ Bom
    ★★ Regular
    ★ Ruim

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  2. Obrigado por avisar. Já foi respondido. Abraços.

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