sábado, 24 de agosto de 2013

O Fugitivo

O Dr. Richard Kimble (Harrison Ford) é um respeitado cirurgião que se vê envolvido numa trama diabólica. Ele é acusado injustamente de ter assassinado a própria esposa. Para piorar várias evidências apontam para sua participação no crime. Como ninguém acredita em sua versão não resta outra alternativa para o médico senão escapar da prisão, se tornando assim um fugitivo que ao mesmo tempo em que tenta fugir das garras da lei procura pelo verdadeiro autor da morte de sua mulher. Temos aqui uma adaptação de uma famosa série americana que bateu todos os recordes de audiência em sua exibição original na TV CBS naquele país. Nos episódios televisivos o personagem do Dr. Kimble era interpretado pelo ator David Janssen que fez fama e fortuna com o papel. Exibida em quatro temporadas, que durou de 1963 a 1967, "O Fugitivo" parou os Estados Unidos em seu episódio final quando finalmente os telespectadores ficaram finalmente conhecendo a identidade do verdadeiro criminoso.

Já essa adaptação para o cinema da antiga série cumpre seus objetivos. Embora fosse extremamente complicado adaptar uma estória que durou tantos episódios na TV o resultado final se mostrou bem satisfatório. O diretor do filme, Andrew Davis, optou por valorizar mais a ação do que propriamente os dramas pessoais dos personagens (que era o forte da série). O resultado é um filme ágil, movimentado e bem articulado. Outro ponto alto é o trabalho de Tommy Lee Jones, fazendo o tipo durão e obstinado, estilo de interpretação que iria sedimentar seu caminho para o sucesso anos depois. Já Harrison Ford segue em frente em uma das melhores fases de sua carreira quando conseguiu emplacar vários sucessos de bilheteria em sequência. Enfim, não resta dúvida que "O Fugitivo" é um ótimo entretenimento, com o melhor do cinema de ação do cinema americano da década de 90.

O Fugitivo (The Fugitive, Estados Unidos, 1993) Direção: Andrew Davis / Roteiro: Jeb Stuart, David Twohy / Elenco: Harrison Ford, Tommy Lee Jones, Sela Ward, Julianne Moore / Sinopse: Adaptação para o cinema da famosa série de TV da década de 60, "O Fugitivo". Aqui Harrison Ford interpreta o personagem Dr. Richard Kimble (Harrison Ford), um respeitado cirurgião que é acusado injustamente de matar sua própria esposa.

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 23 de agosto de 2013

Brigada 49

Depois de 11 de setembro de 2001 os bombeiros americanos, que já tinham status de salvadores e guardiões da sociedade, ganharam ainda mais credibilidade junto ao público em geral se tornando verdadeiros heróis. De fato os atos de bravura e heroísmo que todo o mundo presenciou naquela manhã no WTC consolidaram ainda mais na mente das pessoas essa imagem. Não tardaria para o cinema explorar esse filão. Um dos mais interessantes filmes feitos sobre os bombeiros americanos foi esse "Brigada 49". O foco do roteiro não se concentrava apenas nas cenas de ação, salvamentos e incêndios mas também na vida pessoal desses profissionais. Assim o argumento acaba girando em torno de dois personagens principais, o veterano capitão Mike Kennedy (John Travolta) e o bombeiro Jack Morrison (Joaquin Phoenix, como sempre atuando bem).

Como não poderia deixar de ser vários bombeiros reais se uniram aos atores para dar maior veracidade nas cenas de fogo. Uma delas causou até mesmo transtorno na cidade de Baltimore. Acontece que um dos incêndios do filme foi tão bem recriado e encenado que moradores locais chegaram ao ponto de chamar os bombeiros de verdade da cidade, que foram prontamente acionados, chegando no set de filmagens pensando tratar-se de um evento real. Travolta está como sempre em seu modo habitual. Meio sem levar muita coisa à sério, mas sem prejudicar o filme. Ele chegou a improvisar diversas cenas, criando e  usando muitos cacos, como na sequência em que bebe em um bar da cidade. Em termos de elenco o destaque vai mesmo para Joaquin Phoenix que se preparou para seu papel, passando mais de um mês fazendo treinamento de fogo com os bombeiros da décima brigada de Baltimore. Enfim, temos aqui um bom entretenimento. Para finalizar quero deixar a dica da série "Chicago Fire" que atualmente está em exibição nos EUA e no Brasil pelos canais a cabo. O mesmo universo dos bombeiros é explorado tal como vemos nesse filme. Dessa forma se o assunto lhe chama a atenção então não deixe de conferir também o seriado do canal ABC.

Brigada 49 (Ladder 49, Estados Unidos, 2004) Direção: Jay Russell / Roteiro: Lewis Colick / Elenco: John Travolta, Joaquin Phoenix, Morris Chestnut, Robert Patrick, Balthazar Getty, Jay Hernandez / Sinopse: A vida e o cotidiano de dois bombeiros da Brigada 49. Suas lutas profissionais e pessoais são mostradas nesse filme realizado em homenagem a esses profissionais que arriscam todos os dias suas vidas em benefício da sociedade.

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 21 de agosto de 2013

O Último Grande Herói

Arnold Schwarzenegger foi um dos mais populares atores de filmes de ação da década de 80. Rivalizando com Stallone ele colecionou uma série de grandes sucessos de bilheteria. Tudo caminhava muito bem até que Arnold resolveu que queria suavizar um pouco sua imagem de herói de ação durão e violento. Primeiro ele realizou a divertida comédia "Irmãos Gêmeos" e outras pequenas fitas centradas em muito bom humor. O que Schwarzenegger não dizia publicamente era que tinha pretensões políticas e por isso procurava cada vez mais trocar as atuações truculentas por personagens divertidos, bem humorados, com charutão acesso e largo sorriso no rosto. Sua aposta mais ousada nessa direção foi esse "O Último Grande Herói". Um filme diferente, com uma idéia peculiar, que procurava satirizar os próprios filmes de ação que fizeram a fama do ator austríaco.

O problema é que "O Último Grande Herói" exigia uma cumplicidade muito grande do público. E os espectadores que sempre foram fãs das fitas de Arnold Schwarzenegger não compraram a idéia de ver um filme em tom de sátira descarada onde o antigo herói de ação tentava tirar onda em cima do mesmo filão que o tornou um astro. Assim o estúdio ficou com uma dinamite nas mãos. Uma produção de quase 100 milhões de dólares, com campanha de marketing agressiva (até ônibus espaciais da Nasa foram alugados para divulgar o filme) que simplesmente foi rejeitado pelo público de forma veemente. O fracasso foi enorme e "Last Action Hero" afundou de forma estrondosa. O prejuízo obviamente respingou feio na credibilidade de Arnold Schwarzenegger, que deixou de ser infalível (e imbatível) nas bilheterias. Já o diretor John McTiernan pagou caro pelo péssimo retorno comercial. Aclamado como um dos melhores cineastas de ação viu sua carreira afundar junto com o filme. Ficou a lição: nunca cuspa no prato que um dia comeu!

O Último Grande Herói (Last Action Hero, Estados Unidos, 1993) Direção: John McTiernan / Roteiro:  Zak Penn, Adam Leff / Elenco: Arnold Schwarzenegger, F. Murray Abraham,  Anthony Quinn / Sinopse: Um jovem fã de filmes de ação acaba entrando em um mundo paralelo onde passa a viver grandes aventuras ao lado de seu grande ídolo.

Pablo Aluísio.

A Noite dos Arrepios

Na década de 80 surgiram alguns filmes deliciosamente trashs que tentavam, pelo menos em intenção, recriar o clima de antigos filmes de terror sci-fi dos anos 50. Um dos maiores exemplos desse tipo de produção foi esse "A Noite dos Arrepios", um terror com claro sabor da década de 50 que conseguiu ganhar certa notoriedade entre os fãs de terror - chegando inclusive a ser lançado nos cinemas brasileiros na época! A cena de abertura já mostrava bem a intenção do filme. Um casal de namorados numa noite qualquer de 1959 acaba ficando surpresa com uma forte luz vinda do espaço. Procurando investigar do que se trata o jovem acaba desencadeando uma série de eventos que colocará toda a humanidade em perigo! Vinte sete anos depois dois estudantes acabam encontrando em um laboratório o corpo do jovem namorado da década de 50. Ele havia sido exposto a um processo de congelamento após uma série de estudos para entender o que teria acontecido. Não precisa ser vidente para descobrir que algo muito sinistro se encontra naquele corpo há muito armazenado.

Os monstros espaciais aqui não se parecem nada com os Aliens da famosa série de Sigourney Weaver. Para falar a verdade mais parecem pequenos vermes, sanguessugas, do que qualquer outra coisa. O diretor de "A Noite dos Arrepios" foi Fred Dekker, nome bem conhecido de quem acompanhou os filmes de terror da época. Ele dirigiria entre outros alguns episódios do ótimo "Contos da Cripta" e em 1993 assumiria a franquia Robocop ao dirigir o terceiro filme da série. Assim fica a dica desse divertido e saudosista "A Noite dos Arrepios", um filme dos anos 80 com as nuances dos antigos filmes de monstros vindos do espaço da década de 50. Mais nostalgia impossível.

A Noite dos Arrepios
(Night of the Creeps, Estados Unidos, 1986) Direção: Fred Dekker / Roteiro: Fred Dekker / Elenco: Jason Lively, Tom Atkins, Steve Marshall / Sinopse: Estranhas criaturas vindo do espaço começam a dominar uma pequena cidade americana. Garotas, seus namorados chegaram, só que eles estão mortos!

Pablo Aluísio.

Bem-vindo aos 40

Pete (Paul Rudd) está vivendo a semana que antecede seu aniversário de 40 anos. Casado, com duas filhas, uma menor e uma adolescente, ele passa por várias crises. A primeira é emocional. A paixão pela esposa parece ter desaparecido. As brigas são cada vez mais comuns e pouco sobrou do antigo relacionamento. Agora tudo é rotina (e das mais chatas). Para manter a chama sexual acessa apela para o uso frequente de Viagra, o que piora ainda mais para o seu lado já que ela se sente ofendida com isso. A outra crise é financeira. Desempregado, ele resolveu abrir uma gravadora especializada em veteranos do rock, um selo retrô. O problema é que com a Internet praticamente mais ninguém paga por música e assim ele vai percebendo que sua empresa em breve irá abrir falência. Para piorar ele e sua esposa não conseguem abrir uma boa linha de diálogo com sua filha adolescente revoltada que passa os dias no computador assistindo a série "Lost". Como se tudo isso não fosse complicado o suficiente sua mulher (que também tem mais de 40 anos mas nega a idade) acaba descobrindo que está grávida! Confusão pouca é bobagem.

Apesar da sinopse cheia de drama e problemas esse "Bem-vindo aos 40" investe mesmo é no humor. Muitas vezes aquele tipo de hilariedade que nasce da desgraça alheia, é verdade, mas mesmo assim humor, bem divertido aliás. Como convém aos filmes assinados por Judd Apatow, esse aqui também apela em certos momentos (Piadas sobre flatulência? Confere! Escatologia? Confere!) mas no geral todos esses pecados são cometidos em nome da diversão. O personagem Pete, interpretado pelo ator Paul Rudd, já deu as caras no cinema antes, no filme "Ligeiramente Grávidos". Só que lá o casal era mero coadjuvante do enredo principal e aqui eles ganham muito mais destaque, afinal de contas o filme é todo centralizado neles, nas pequenas tragédias cotidianas e na chatice de um casamento que já deu o que tinha que dar. Por falar em coadjuvantes dois nomes do elenco de apoio no filme ajudam a manter o interesse. O primeiro é John Lithgow como um pai ausente por anos que mal conhece sua filha. Cirurgião rico e famoso ele não leva o menor jeito para relacionamentos familiares. Outro destaque vai para Megan Fox. Ela interpreta uma funcionária de uma lojinha de roupas gostosona (pra variar) que acaba confessando para a patroa que também é garota de programa (mas segundo suas próprias palavras isso não seria prostituição pois ela só faz "no máximo" uns 30 ou 40 programas por ano!). Bem engraçado. Depois de assistir um filme assim você vai entender porque o número de divórcios não pára de crescer lá nos EUA e aqui no Brasil. Como diria o ditado ser casado é como matar um leão todos os dias. Haja paciência!

Bem-vindo aos 40 (This Is 40, Estados Unidos, 2012) Direção: Judd Apatow / Roteiro: Judd Apatow / Elenco: Paul Rudd, Leslie Mann, Megan Fox, John Lithgow, Maude Apatow / Sinopse: Homem chega aos 40 anos cheio de problemas financeiros, familiares e emocionais. Tentando sobreviver a maré ruim ele resolve dar uma festa para si mesmo em seu aniversário.

Pablo Aluísio.

Uma Noite Alucinante

"Evil Dead - A Morte do Demônio" foi um filme quase amador escrito e dirigido pelo jovem Sam Raimi que acabou virando cult ao longo dos anos. O filme foi rodado com um orçamento minúsculo - estimado em pouco mais de 300 mil dólares - e contou com o apoio de amigos e parceiros de Raimi. Com o advento do mercado de vídeo a fita acabou sendo redescoberta por uma nova geração de fãs de terror que começaram a idolatrar o violento e tenso filme. Assim em 1986 Raimi foi procurado por um grande estúdio para rodar a mesma estória, só que com melhores condições técnicas e orçamento bem generoso. O melhor em termos de maquiagem e efeitos especiais foi colocado à disposição do cineasta. Fazer um remake totalmente fiel porém não estava nos planos de Sam Raimi, então ele optou por injetar algo dentro do novo filme que quase não existia no original: humor!

Sim, o diretor entendeu que um pouco de humor negro não faria mal a essa nova produção e assim ele reescreveu e inseriu diversas cenas de puro absurdo gótico para criar uma linha de diálogo mais aberta com o público jovem que iria conferir o novo filme nas telas de cinema. Cenas como um olho voando em direção a boca de um dos personagens ou uma mão decepada com vontade própria ganharam um inédito tom de comédia no filme. Para estrelar o novo Evil Dead Raimi convocou novamente seu parceiro e amigo do primeiro filme, o ator Bruce Campbell. Canastrão assumido, Campbell ajudou muito na nova concepção de Raimi para "Uma Noite Alucinante". A trama era praticamente a mesma do primeiro filme, com algumas modificações. Novamente incautos colocavam as mãos no chamado livro dos mortos liberando demônios das profundezas do inferno. A diferença porém vinha nas cenas absurdamente insanas e na melhor produção, com melhores e mais bem elaborados efeitos especiais. O filme acabou fazendo grande sucesso de bilheteria, se tornando também um campeão de locações no mercado de vídeo depois. Isso acabou abrindo as portas de uma terceira sequência, ainda mais maluca do que essa mas isso é um outra história...

Uma Noite Alucinante (Evil Dead II, Estados Unidos, 1987) Direção: Sam Raimi / Roteiro: Sam Raimi, Scott Spiegel / Elenco: Bruce Campbell, Sarah Berry, Dan Hicks / Sinopse: Sequência remake do filme "Evil Dead" de 1981. Aqui um jovem desavisado acaba liberando terríveis forças do mal ao colocar as mãos em um livro amaldiçoado perdido em uma cabana isolada no meio da floresta.

Pablo Aluísio.

Velocidade Máxima

Certamente um dos mais populares e bem sucedidos filmes de ação da década de 90. "Velocidade Máxima" (ou simplesmente "Speed", seu título original) mostrava que para se realizar um belo filme de adrenalina não se precisava de efeitos especiais de última geração ou produção milionária, bastando apenas ter uma boa ideia por trás. E é justamente isso que o roteiro explora. Na trama um sociopata decide promover um ato de terrorismo diferente. Ao invés de simplesmente detonar alguma bomba em um lugar a esmo como um terrorista qualquer ele decide colocar um artefato explosivo que ligado a um ônibus se torna acionado se o veículo diminuir sua velocidade abaixo dos 80 km/h. Isso seria complicado em qualquer lugar do mundo mas em Los Angeles a situação se torna ainda mais extrema e caótica. Com avenidas e ruas com tráfego intenso se torna quase impossível manter essa velocidade constante, o que torna tudo ainda mais desesperador.

Após a morte do motorista o volante é colocado nas mãos de uma passageira comum, Annie Porter (Sandra Bullock), que ao lado do oficial de polícia Jack Traven (Keanu Reeves) tentará manter todos a salvo. Sandra Bullock e Keanu Reeves contracenam praticamente sozinhos o tempo inteiro, dentro do ônibus, passando por diversas situações estressantes, no limite. O veterano Dennis Hopper também acrescenta bastante com sua presença, ora histérica, ora irascível mas que no final se revela bem divertida. "Speed" logo caiu nas graças do público e assim que estreou nos Estados Unidos se tornou imediatamente um campeão de bilheteria. O diretor holandês Jan de Bont foi aclamado como um gênio dos filmes de ação! Tudo de fato corria muito bem para ele, a ponto de dirigir outra fita bem interessante logo após o sucesso desse filme chamado "Twister" sobre um grupo de caçadores de furacões. Infelizmente o cineasta cometeu um grave erro pois aceitou rodar a continuação de "Velocidade Máxima" que se tornaria um dos maiores fracassos comerciais da década! Mas isso falaremos em um outra oportunidade em breve, até lá!

Velocidade Máxima (Speed, Estados Unidos, 1994) Direção: Jan de Bont / Roteiro: Graham Yost / Elenco: Keanu Reeves, Dennis Hopper, Sandra Bullock, Jeff Daniels / Sinopse: Um terrorista resolve instalar uma bomba em um ônibus na cidade de Los Angeles que explodirá assim que o veículo diminuir sua velocidade. Agora, um policial e uma simples passageira farão de tudo para evitar que a situação se transforme em uma grande tragédia.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 20 de agosto de 2013

Gilbert Grape - Aprendiz de Sonhador

Lasse Hallström, talentoso cineasta sueco que realizou o brilhante "Minha Vida de Cachorro ", teve o melhor momento em sua carreira no cinema americano nesse muito terno e comovente "What's Eating Gilbert Grape" em 1993. O filme que agora completa 20 anos merece passar por uma revisão por parte dos cinéfilos. A trama gira em torno da família de Gilbert Grape (Johnny Depp). Ele é um jovem normal que pretende seguir em frente com sua vida mas que não consegue criar um caminho próprio por causa de problemas familiares. Seu irmão, Arnie Grape (Leonardo DiCaprio), é deficiente mental e precisa de cuidados especiais. Sua mãe tem problemas emocionais e sofre de uma obesidade sem controle. Suas irmãs não são menos problemáticas. Uma é solitária e triste e a outra rebelde e bem agressiva. No meio de tantos conflitos Gilbert tenta levar uma vida normal.

"Gilbert Grape: Aprendiz de Sonhador" tem vários méritos cinematográficos. Em termos de elenco temos uma interpretação brilhante de Leonardo DiCaprio que lhe valeu inclusive indicações ao Oscar e ao Globo de Ouro. Foi o primeiro filme que chamou a atenção do grande público para seu trabalho. Muitos consideram até hoje seu melhor trabalho de atuação física no cinema. Johnny Depp também está muito bem, curiosamente fazendo um papel bem atípico de sua carreira, a de um jovem comum. Sem maquiagem pesada e sem interpretar um personagem bizarro (tão comum em seus filmes posteriores) Depp mostra seu talento natural. O roteiro também se revela muito delicado, colocando as várias questões humanas envolvidas na trama com rara sensibilidade. O filme fez bastante sucesso no mercado de vídeo na época e hoje, como já foi escrito, merece uma revisão. Um excelente drama mostrando a vida de uma família americana tipicamente interiorana que certamente vai agradar aos mais sensíveis. Se ainda não viu não deixe passar em branco, principalmente se você for um fã dos atores Leonardo DiCaprio e Johnny Depp. Esse é um filme que vale a pena conhecer.

Gilbert Grape - Aprendiz de Sonhador (What's Eating Gilbert Grape, Estados Unidos, 1993) Direção: Lasse Hallström / Roteiro: Peter Hedges / Elenco: Johnny Depp, Leonardo DiCaprio, Juliette Lewis, Mary Steenburgen, John C. Reilly, Darlene Cates, Laura Harrington, Mary Kate Schellhardt / Sinopse: O filme narra a conturbada vida familiar de Gilbert Grape (Depp) que tenta levar uma vida normal em meio a inúmeros problemas familiares.

Pablo Aluísio. 

Dexter

Estamos vivendo um momento excelente na história das séries americanas. O leque de opções que se abriu com o surgimento de canais a cabo é simplesmente fenomenal. Não é à toa que até mesmo a poderosa indústria de cinema dos EUA sentiu um certo baque por causa da enorme popularidade de séries extremamente bem sucedidas e inovadoras produzidas atualmente por emissoras de TV. E falar sobre esse contexto sem citar "Dexter" é simplesmente impossível. Essa é uma série que fiz questão de assistir praticamente todos os episódios até hoje, do primeiro ao último, com disciplina religiosa. Acho "Dexter" uma das melhores produções surgidas nos últimos anos. Tudo aqui se encaixa perfeitamente bem, tanto em termos de atuação (Michael C. Hall como Dexter é simplesmente perfeito) como em relação aos roteiros dos episódios, sempre muito bem escritos e trabalhados. E pensar que todo esse universo surgiu apenas de um bom livro, "Darkly Dreaming Dexter" de Jeff Lindsay, que de fato trazia todos os contornos do personagem já bem delineados mas que olhando sob um ponto de vista bem crítico não chega a ser nada excepcional.

Para quem ainda não conhece (acho que poucos) a série "Dexter" conta a estória de um garotinho que viu sua mãe ser morta de forma violenta e bárbara. Resgatado de uma poça de sangue ele é criado como se fosse filho por um policial que esteve envolvido nas investigações daquele crime sanguinário. Logo na infância seu pai adotivo descobre que Dexter tem todas as características que o tornarão no futuro um serial killer. Para evitar que pessoas inocentes venham a se tornar vítimas dele, o ensina uma espécie de código a seguir. Entre eles só eliminar criminosos cruéis que de uma forma ou outra escapem das mãos da justiça. O tempo passa e Dexter se torna perito na Miami Metro Police, local ideal para ele dar vazão a sua irresistível vontade de matar. Lá, entres os inúmeros casos criminais, ele seleciona aqueles que devem pagar com sua vida pelos crimes cometidos. Ao seu lado trabalham sua irmã mais jovem, a desbocada mas competente Debra Morgan (interpretada por Jennifer Carpenter, atriz que foi esposa de  Michael C. Hall durante vários anos). Claro que Dexter por ter se tornado um grande sucesso e por ter até o momento oito temporadas sofreu com um certo desgaste ao longo de todo esse tempo mas mesmo em seus mais fracos momentos a série ainda mantém um padrão de qualidade realmente admirável. O personagem principal, apesar de ser um assassino em série, tem um carisma excepcional, o que talvez explique todo esse sucesso de audiência. Em tempos passados provavelmente "Dexter" jamais seria produzido por um canal de TV aberta mas no momento em que vivemos, emissoras como a Showtime não tem esse receio. Sorte para todos nós que somos fãs desse cativante matador.

Dexter (Dexter, Estados Unidos, 2006 - 2013) Direção: John Dahl, Steve Shill, Keith Gordon / Roteiro: Jeff Lindsay, James Manos Jr, Scott Buck / Elenco: Michael C. Hall, Jennifer Carpenter, David Zayas, James Remar, C.S. Lee, Lauren Vélez, Desmond Harrington, Julie Benz / Sinopse: Dexter (Michael C. Hall) é um serial killer que trabalha no Metro Miami Police, onde escolhe suas vítimas pelos crimes que elas cometeram e não foram punidas.

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 19 de agosto de 2013

As Crônicas de Nárnia: A Viagem do Peregrino da Alvorada

Quando as Crônicas de Nárnia pintou pela primeira vez nas telas havia uma grande esperança da Disney em transformar os livros em mais uma franquia milionária do cinema americano ao estilo de "O Senhor dos Anéis". O resultado comercial porém ficou bem abaixo do esperado. Mesmo assim o estúdio não desistiu de novas adaptações, sendo esse "As Crônicas de Nárnia: A Viagem do Peregrino da Alvorada" uma espécie de despedida dos livros do cinema. Agora com co-produção da Fox, as aventuras dos garotos Edmund, Lucy e Caspian (além do primo Eustace) se passam no navio Peregrino da Alvorada, que cruzando os mares de Nárnia tenta reunir sete espadas mágicas que vão vencer o terrível mal que ameaça se alastrar por toda a terra mágica. Não faltaram elementos de fantasia que fazem a festa do público alvo infanto-juvenil. Assim lá estão dragões, serpentes monstruosas do mar, minotauros e tudo o mais que a imaginação pensar.

Embora passe longe de ser fiel aos livros que lhe deram origem, esse último filme da franquia "As Crônicas de Nárnia" é bem realizado, tem um ritmo muito bom e não deixa o clima de aventura mágica cair no marasmo. Como sou da velha geração achei a trama bem parecida com os antigos filmes do marujo Simbad das mil e uma noites. Outra referência, principalmente para o público mais jovem, é a franquia bilionária "Piratas do Caribe", muito embora, em essência esses filmes tenham um simbolismo bem mais forte e presente, fruto da pena talentosa de seu autor, C.S. Lewis. Aliás é bom prestar atenção na cena final do filme pois lá fica bastante clara as reais intenções do autor dos livros, pois Nárnia nada mais é do que uma grande adaptação simbólica dos valores mais caros ao cristianismo. Muitos não conseguem captar esse detalhe mas os estudiosos da obra de Lewis há muito já decifraram toda a simbologia que o escritor quis passar aos mais jovens. Assim assista, se divirta e o mais importante de tudo: saiba ler nas entrelinhas do que verá na tela.

As Crônicas de Nárnia: A Viagem do Peregrino da Alvorada (The Chronicles of Narnia: The Voyage of the Dawn Treader, Estados Unidos, 2010) Direção: Michael Apted / Roteiro: Christopher Markus, Stephen McFeely, baseados na obra de C.S. Lewis / Elenco: Georgie Henley, Skandar Keynes, Ben Barnes / Sinopse: Após entrar em  um quadro de aquarelas representando um navio em alto mar os garotos voltam para a terra mágica de Nárnia, onde viverão grandes aventuras.

Pablo Aluísio.

Quando o Amor Acontece

Depois do enorme fracasso comercial de "Velocidade Máxima 2" a atriz Sandra Bullock tentou juntar os pedacinhos de sua carreira nesse filme romântico despretensioso. Aqui ela interpreta Birdee Pruitt, uma mulher que descobre estar sendo traído pelo marido com sua melhor amiga. De repente ela vê seu mundo desmoronar após a revelação. Sem pensar duas vezes resolve acabar o casamento, indo morar novamente com sua mãe, em sua casa em Smithville, Texas, para tentar um recomeço em sua vida. Após os problemas inerentes ao divórcio ela finalmente redescobre o amor ao conhecer um novo homem em sua vida. O cowboy bonitão que surge em sua vida é interpretado pelo cantor (e dublê de ator) Harry Connick Jr.

O interessante nesse "Quando o Amor Acontece" não vem tanto do fato de Bullock estar nesse tipo de produção, afinal é nesse estilo mesmo que ela consegue seus melhores resultados comerciais. O fato que chama a atenção é a direção do ator Forest Whitaker. Ele mostra muito talento em conduzir uma estorinha até banal mas com bastante eficiência. Ao custo de 30 milhões de dólares (orçamento de um filme médio em Hollywood) ele conseguiu entregar um produto honesto, sem nenhuma pretensão, que conseguiu reerguer o prestígio de Sandra Bullock perante os estúdios. Foi também um novo caminho para a atriz que aqui assumiu parte da função de produtora, através de sua própria companhia, a Fortis Films. O resultado é agradável, nada excepcional, mas que no final das contas entrega aquilo que o público (feminino em sua maioria) deseja e espera. Está de bom tamanho.

Quando o Amor Acontece (Hope Floats, Estados Unidos,1998) Direção: Forest Whitaker / Roteiro: Steven Rogers / Elenco: Sandra Bullock, Harry Connick Jr., Gena Rowlands / Sinopse: Após descobrir que seu marido a está traindo com sua melhor amiga, Birdee Pruitt (Bullock) decide voltar para a casa de sua mãe em uma pequena cidadezinha do Texas. Lá tentará reencontrar o amor e um novo caminho para sua vida.

Pablo Aluísio.

domingo, 18 de agosto de 2013

O Dia Depois de Amanhã

Mais um exemplar do cinema pipoca fast food de Roland Emmerich. Aqui tudo o que importa são os efeitos digitais de última geração, aliado a um fiapo de roteiro que com bastante verniz pseudocientífica tenta trazer alguma credibilidade ao argumento que só serve como desculpa para um desfile de recriações digitais de um mundo assolado por um inverno global sem limites. O enredo gira em torno dos esforços de um grupo de cientistas que tenta alertar as autoridades de uma nova idade do gelo que se aproxima no planeta Terra. A nova mudança climática obviamente destruirá as principais cidades do mundo, principalmente aquelas localizadas no hemisfério norte. Assim temos cenas e mais cenas de catástrofes mundiais, com as cidades literalmente sendo engolidas por um frio arrasador.

Roland Emmerich não tem jeito mesmo. Ele faz parte de um grupo de novos diretores (nem tão novos é bom frisar) que planejam, executam e montam seus filmes dentro de computadores de última geração. As cenas com atores reais duram poucas semanas, uma vez que o filme acaba sendo produzido mesmo dentro de avançados softwares de última geração. Se é muito eficaz para os estúdios o mesmo não se pode dizer dos resultados artísticos. Tudo soa muito artificial, sem alma, com muito sensacionalismo em cada momento, em cada tragédia. Roland Emmerich não é tão histérico quanto Michael Bay, por exemplo, mas mantém a característica básica dessa linha de diretores que seguem uma cartilha já bem conhecida: toneladas de efeitos especiais e roteiros mínimos. Boas atuações? Diálogos inspirados? Esqueça. Isso aqui meu caro é cinema fast food para ser consumido em salas de shopping center pos adolescentes barulhentos. Não dá para levar à sério um cinema desse estilo.

O Dia Depois de Amanhã (The Day After Tomorrow, Estados Unidos, 2004) Direção: Roland Emmerich /  Roteiro: Roland Emmerich / Elenco: Dennis Quaid, Jake Gyllenhaal, Emmy Rossum / Sinopse: O Planeta Terra passa por uma nova era de gelo levando ao colapso o mundo tal como conhecemos.

Pablo Aluísio.

sábado, 17 de agosto de 2013

Crônicas de uma Loja de Penhores

Uma loja de penhores localizada no Sul dos Estados Unidos se torna um elo de ligação de três contos (ou crônicas) de tipos bem característicos da região. No primeiro segmento três viciados em metanfetamina resolvem fazer um assalto. Um deles porém acaba penhorando a espingarda que seria usada pelo trio. Sem alternativas eles resolvem cometer o crime usando um arco e flecha antigo, o que dará origem a inúmeras confusões. Na segunda estoria um casal em lua de mel entra na loja de penhores e descobre, para surpresa do marido, o seu anel do primeiro casamento à venda. Sua esposa, que usava o anel, estava há muitos anos desaparecida. Procurando por pistas ele acaba indo parar numa fazenda distante, onde vive um psicopata que tem a terrível mania de deixar suas vítimas presas como se fossem animais. Por fim, na última crônica, um cover balofo e fracassado de Elvis Presley resolve penhorar seu medalhão em troca de alguns trocados para chegar em seu próximo compromisso: uma feirinha de gado travestido em parque de diversões de quinta categoria numa cidadezinha perdida. Cansado de tantos fracassos ele resolve então fazer um pacto com o diabo numa encruzilhada (uma velha lenda sulista) onde troca sua alma pelo talento e o carisma do próprio Elvis Presley!

Esse "Crônicas de uma Loja de Penhores" me surpreendeu de forma bem positiva. O roteiro, usando e abusando do chamado humor negro, mostra um grupo de personagens em momentos chaves de suas vidas. A melhor das três estorias é a do cover de Elvis, interpretado por Brendan Fraser. Ele se sai muito bem interpretando uma verdadeira caricatura do cantor real. Sem tirar sua roupa de palco em nenhum momento ele percebe que as coisas andam muito mal quando não consegue nem trocar um ingresso de sua apresentação por um cafezinho numa pequena lanchonete de beira de estrada. Sua garota também o deixa no meio da estrada, cansada de tantos shows em lugares vagabundos. O fato de todos o confundirem com um mágico ou uma imitação do Liberace torna tudo ainda mais divertido e engraçado. O conto sobre o anel roubado conta com dois bons atores, Matt Dillon (interpretando Richard, o marido em busca de sua esposa desaparecida) e Elijah Wood (como um pervertido que trata as mulheres como objetos em seu grande rancho). Até Paul Walker, conhecido ator de filmes de ação, se sai bem ao fazer um dos viciados chapados que tentam cometer um roubo pra lá de desastrado. Enfim, recomendo sem receios esse filme. É divertido, irônico e mantém a atenção do começo ao fim. Vale realmente a pena. 

Crônicas de uma Loja de Penhores (Pawn Shop Chronicles, Estados Unidos, 2013) Direção: Wayne Kramer / Roteiro: Adam Minarovich / Elenco: Paul Walker, Brendan Fraser, Elijah Wood, Matt Dilon, Vincent D'Onofrio / Sinopse: Uma pequena loja de penhores no sul dos EUA se torna o elo de ligação de três contos passados na região.

Pablo Aluísio.

A Letra Escarlate

Um bom drama histórico que marcou bastante a carreira da atriz Demi Moore mas que hoje em dia anda bem esquecido. O enredo se passa no distante ano de 1666 em Massachusetts, na época uma pequena e isolada colônia inglesa no novo mundo. É lá que vive Hester Prynne (Demi Moore), uma mulher respeitável, casada com um médico da localidade, o Dr. Roger Chillingworth (Robert Duvall). Após esse desaparecer no meio da floresta, supostamente morto por índios, Hester resolve consumar sua paixão pelo reverendo Arthur Dimmesdale (Gary Oldman). Ambos há muito nutriam uma paixão mútua que não conseguia se tornar realidade pelo fato dela ser casada. Agora, com o marido desaparecido, ela resolve seguir em frente, indo de acordo com seus sentimentos. Desse tórrido romance acaba surgindo uma gravidez inesperada que choca a sociedade local, levando Hester a ser marginalizada por seus pares. Ela se recusa a revelar o nome do pai o que a estigmatiza como adúltera. Condenada pelas absurdas leis e costumes locais ela agora terá que usar em suas roupas uma chamativa letra "A" bordada, a indicando como adúltera perante toda a sociedade.

Um dos méritos de "A Letra Escarlate" é que ele desmistifica uma série de bobagens históricas que foram repetidas durante séculos, se tornando quase verdades absolutas. Sempre se disse, por exemplo, que as primeiras colônias inglesas no novo mundo eram símbolos de harmonia e liberdade. Afinal esses colonos tinham ido ao novo mundo para fugir do absolutismo de seu país, além da sempre severa perseguição religiosa. A verdade porém é que mesmo nesses novos povoados não havia de fato tanta liberdade como se suponha. Pelo contrário. A rigidez moral dos puritanos muitas vezes desembocava em repressão e violência, física ou moral, para quem ousasse ultrapassar certas fronteiras ou limites. Olhando sob um ponto de vista atual existia de fato muito preconceito e discriminação nessa suposta moral puritana que imperava entre os membros mais proeminentes das elites locais. O filme resgata isso de forma muito elucidativa. O diretor foi o talentoso Roland Joffé (de "A Missão" e "Os Gritos do Silêncio"). A produção também é acima da média com uma ótima reconstituição histórica aliada a uma história que diz muito sobre a posição da mulher naqueles anos.

A Letra Escarlate (The Scarlet Letter, Estados Unidos, 1995) Direção: Roland Joffé / Roteiro: Douglas Day Stewart, baseado na novela de Nathaniel Hawthorne / Elenco: Demi Moore, Gary Oldman, Robert Duvall / Sinopse; Jovem mulher fica estigmatizada durante o período colonial americano ao engravidar de um pastor puritano numa colônia isolada no novo mundo.

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 16 de agosto de 2013

Star Wars: Episódio III - A Vingança dos Sith

Terceiro e último filme da segunda trilogia de Star Wars. Aqui George Lucas teve um desafio e tanto: mostrar em pouco mais de duas horas a transformação do Jedi Anakin Skywalker (Hayden Christensen) em Darth Vader, o terrível vilão da franquia original de Guerra nas Estrelas. Além disso a trama explora a gravidez de Padmé (Natalie Portman). A produção, como sempre, é de primeira linha. O roteiro também não decepciona pois consegue mesclar várias boas cenas de ação (com destaque para o resgate do chanceler Palpatine, logo na abertura do filme) com uma intrigada trama política, que ao final das contas irá transformar a República e o Senado em um Império controlado por um dos mais destacados Lordes Sith (uma ordem rival aos Jedis). Esse aspecto é bem interessante pois fica óbvio que George Lucas usou a história do Império Romano como base para a transformação política pelo qual passa a República. Além disso temos em cena todas as origens de personagens que se tornaram ícones como Luke Skywalker e a Princesa Leia. Junte a isso toda a parafernália técnica que só a Lucasfilm seria capaz de disponibilizar em um filme e você terá de fato o melhor episódio dessa nova trilogia.

"Star Wars - A Vingança dos Sith" também marca a despedida de George Lucas de sua maior criação. Recentemente ele vendeu todos os direitos autorais da saga para os estúdios Disney, dando adeus ao universo de Star Wars. Ao que parece Lucas guardou grande ressentimento das inúmeras críticas que sofreu no lançamento desses novos filmes. Assim resolveu pendurar o sabre de luz. No começo dessa nova franquia ele ainda havia deixado uma certa dúvida se iria filmar algum dia os noves episódios prometidos que havia escrito ainda na década de 1970. Depois que levou bordoadas de todos os lados (inclusive dos mais fanáticos fãs da série) ele anunciou juntamente com o lançamento dessa produção que não iria mais seguir em frente. O próprio Lucas disse que não tinha mais idade e nem saúde para enfrentar  mais uma maratona de trabalho como a que esse tipo de filme exigia. No fundo foi uma sábia decisão passar a bola adiante. Agora Star Wars segue em novo projeto, planejado para chegar nas telas em dois anos. Novos roteiristas, novo diretor, novos produtores e até mesmo um novo estúdio. Particularmente estou bem ansioso para saber o que virá daqui em diante, torcendo para que os Jedis voltem a ocupar a posição que sempre tiveram na história do cinema. Que a força esteja com todos os envolvidos na nova trilogia que vem por aí.

Star Wars: Episódio III - A Vingança dos Sith (Star Wars: Episode III - Revenge of the Sith, Estados Unidos, 2005) Direção: George Lucas / Roteiro: George Lucas / Elenco: Ewan McGregor, Natalie Portman, Hayden Christensen,  Ian McDiarmid, Samuel L. Jackson, Jimmy Smits, Frank Oz, Anthony Daniels, Christopher Lee / Sinopse: Uma luta de poder se instala dentro da República. De um lado um chanceler com poderes ilimitados, do outro a ordem Jedi e no meio um jogo político entre democracia e ditadura, república ou império.

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 15 de agosto de 2013

Deixa Estar

Título no Brasil: Deixa Estar
Título Original: Let It Be
Ano de Produção: 1970
País: Inglaterra
Estúdio: Apple Corps
Direção: Michael Lindsay-Hogg
Roteiro: Michael Lindsay-Hogg, The Beatles
Elenco: John Lennon, Paul McCartney, George Harrison, Ringo Starr

Sinopse: 
Documentário musical que mostra o grupo britânico The Beatles durante as gravações do álbum "Let It Be". A ideia era registrar o processo de criação do mais famoso grupo de rock da história dentro dos estúdios em Londres. No final o grupo se apresenta ao vivo pela última vez em sua carreira.

Comentários:
Paul McCartney teve a ideia central desse documentário. Tudo soava muito simples. Intitulado "Get Back" o plano inicial de Paul era filmar os Beatles gravando um álbum dentro dos estúdios e depois a volta triunfal do grupo aos grandes shows ao vivo pelo mundo. O problema é que os Beatles estavam implodindo quando começaram as filmagens. Paul, George e John não conseguiam mais se entender. Brigas, discussões, desconforto, tudo acabou sendo captado de forma involuntária pelos responsáveis do filme. Depois de um começo tenso John e George decidiram que não estavam mais dispostos a realizar a tal turnê mundial que Paul queria. Isso criou um grande atrito pois seria justamente esse o clímax do documentário. Sem saída John sugeriu que todos fossem para o telhado da Apple em Londres e lá fizessem uma apresentação final com quatro ou cinco músicas para fechar o filme. Foi o que fizeram. A polícia londrina apareceu para encerrar o concerto e "Let it Be" (o novo nome dado ao documentário) afundou de uma vez. O que era para ser o registro da volta triunfal dos Beatles se transformou em um triste retrato do grupo se separando. Não deixa de ser histórico e importante para o mundo do rock mas o clima de melancolia incomoda. Mesmo assim seja você beatlemaníaco ou não o fato é que "Deixa Estar" é de fato um item indispensável em qualquer coleção. Simplesmente essencial para os amantes do rock em geral. 

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 14 de agosto de 2013

O Poder de Alguns

Duas da tarde em um bairro barra pesada de uma grande cidade qualquer dos Estados Unidos. Várias estórias paralelas vão se desenvolvendo ao mesmo tempo, nesse mesmo horário. Na primeira um garoto resolve tomar uma decisão extrema para conseguir o dinheiro necessário para a compra de um remédio para seu irmão mais jovem, um pequeno bebê. Na segunda uma jovem que trabalha com sua pequena lambreta resolve levar uma perigosa encomenda para entregar a uma mulher desconhecida no meio da rua. Na terceira uma dupla de tiras tenta colocar as mãos em um sujeito que parece ser um terrorista infiltrado na América. Por fim, dois negros fortemente armados saem na caça de uma testemunha vital que em breve estará reconhecendo em um tribunal o principal líder de sua gangue. Passeando por todos os eventos surgem dois moradores de rua, um ex-jornalista e um anão, que acabam servindo de elo para todos os acontecimentos. Na TV o noticiário não consegue parar de mostrar o recente roubo no Vaticano do famoso Santo Sudário, o suposto pano que cobriu o corpo de Jesus após ele ser morto pelos romanos na cruz.

"O Poder de Alguns" tem um roteiro fragmentado, típico dos filmes do saudoso Robert Altman. Várias estórias, independentes entre si, vão se desenvolvendo para no final convergirem para uma mesma situação. É divertido e intrigante acompanhar como tudo vai terminar. O roteiro é bem inteligente e muito bem estruturado. Há vários personagens, tramas acontecendo, mas no final tudo se resume a uma só conexão que liga todos eles. No elenco se destacam a presença de Christopher Walken, como o sem-teto Doke e Christian Slater como Clyde, um policial disfarçado de motorista de Táxi que acaba se envolvendo em uma conspiração completamente surreal. É aquele tipo de produção pequena, sem maiores pretensões, que satisfaz plenamente o espectador. Além disso tem uma linha narrativa esperta e inteligente, que mistura religião e ciência, o que no final das contas acaba mantendo o espectador interessado o tempo todo.

O Poder de Alguns (The Power of Few, Estados Unidos, 2013) Direção: Leone Marucci / Roteiro: Leone Marucci / Elenco: Christopher Walken, Q'orianka Kilcher, Juvenile, Christian Slater, Nicky Whelan / Sinopse: Várias estórias paralelas e independentes convergem para uma só trama, envolvendo religião, ciência e clones!

Pablo Aluísio. 

Henrique V

Na década de 1950 o grande sir Laurence Olivier conseguiu adaptar com sucesso para o cinema a excelente obra prima de William Shakespeare, Henry V. Na época isso foi considerado uma ousadia, uma vez que Shakespeare era considerado um autor muito teatral, praticamente impossível de se adaptar para o cinema por causa da linguagem excessivamente rebuscada e de difícil transposição para a estética cinematográfica. Isso porém não inibiu Olivier que foi em frente e conseguiu realmente realizar um filme tecnicamente perfeito. Venceu inclusive o Oscar, sendo essa a maior prova de seu êxito artístico. Décadas depois, Kenneth Branagh, considerado uma espécie de sucessor de Laurence Olivier, resolveu tentar novamente, dessa vez porém se aproximando ainda mais da narrativa tradicional do cinema, procurando sempre lapidar a teatralidade de Shakespeare para deixar o filme mais próximo do público jovem. O resultado é essa nova versão de Henrique V, uma produção de encher os olhos, e que tal como aconteceu com o filme original dos anos 50 também foi saudada como uma inovação muito bem-vinda.

Henry V (ou Henrique V, seguindo a tradição antiga da língua portuguesa em traduzir os nomes dos reis e nobres da Idade Média) foi um monarca real, que governou a Inglaterra de 1413 a 1422. Seu grande feito histórico foi derrotar os franceses (eternos inimigos dos ingleses) em 1415 na batalha de Azincourt. Forjando assim o começo de uma nova era e uma nova dinastia para trono britânico. Considerado um herói em seu país, Shakespeare resolveu escrever uma obra bem dúbia sobre esse monarca, ora o louvando, ora expondo de forma bem sutil seus defeitos pessoais. Essa dubiedade é o grande atrativo da obra original até os dias de hoje. Já Kenneth Branagh procurou pela grandiosidade, dando destaque para toda a pompa daquele período histórico. O resultado final não nega suas origens. Afinal as palavras extremamente bem escritas por Shakespeare não poderiam ser ignoradas no filme. Assim houve quem reclamasse da irregularidade ao longo da película, onde intercalam-se grandes cenas de batalha com pausas para longos monólogos declamados pelos atores. Esse tipo de crítica não prospera, pois é justamente isso que torna o filme realmente grandioso. Assim se você estiver em busca de um pouco de enriquecimento cultural, principalmente em relação a William Shakespeare e sua obra, então Henrique V se torna de fato uma ótima pedida.

Henrique V (Henry V, Inglaterra, 1989) Direção: Kenneth Branagh / Roteiro: Kenneth Branagh baseado na obra de William Shakespeare / Elenco: Kenneth Branagh, Simon Shepherd, Derek Jacobi / Sinopse: Henrique V (Kenneth Branagh), monarca absolutista inglês, enfrenta as terríveis forças francesas em uma batalha decisiva durante a Idade Média.

Pablo Aluísio.

All That Jazz

Esse musical que já virou ícone cultural é considerado hoje a obra prima definitiva do grande cineasta Bob Fosse. Como explicaria anos depois o roteiro era baseado em suas próprias experiências pessoais e biográficas. Era uma alegoria de seus muitos anos de experiência como dançarino, coreógrafo e diretor de musicais na Broadway. Assim que chegou aos cinemas "All That Jazz" ganhou o respeito do público e crítica. Os números musicais apresentados, as coreografias e a excelência técnica conquistaram realmente os especialistas, a ponto do filme ser aclamado alguns meses depois conquistando um prêmio praticamente inédito para o gênero musical ao vencer a Palma de Ouro em Cannes. Era o reconhecimento de uma carreira que até hoje é louvada nos Estados Unidos como uma das mais importantes da história dos números musicais da Broadway. Fosse é certamente um dos autores mais reverenciados no meio teatral americano.

O filme narra a vida caótica e ocupada de Joe Gideon (Roy Scheider), um grande diretor da Broadway. Muito requisitado ele tenta contrabalancear sua vida profissional entre a Broadway, onde pretende criar o musical definitivo da história e os bastidores do cinema, onde também trabalha em vários projetos, tudo de forma paralela e um pouco atribulada. Ao seu redor, na vida pessoal, circulam sua ex-esposa, sua namorada atual e sua filha, todas com problemas pessoais que direta ou indiretamente afetam a sua vida. Para piorar ainda mais Gideon tem sérios problemas com drogas, o que torna sua existência ainda mais alucinada! Mas não se preocupe muito com isso, afinal "All That Jazz" não é propriamente um drama mas sim um musical ao velho estilo, com muitas danças, números musicais e coreografias mais do que inspiradas. Um filme obrigatória para quem admira o gênero.

All That Jazz - O Show Deve Continuar (All That Jazz, Estados Unidos,1979) Direção: Bob Fosse / Roteiro: Robert Alan Aurthur, Bob Fosse / Elenco: Roy Scheider, Jessica Lange, Leland Palmer / Sinopse: No meio de vários números musicais o filme narra a vida estressada e caótica de um grande diretor da Broadway. Vencedor dos Oscars de Melhor Trilha Musical, Montagem, Figurino e Direção de Arte.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 13 de agosto de 2013

Círculo de Fogo

Se você tem entre 30 a 40 anos certamente curtiu em sua infância todas aquelas séries japonesas que faziam grande sucesso no Brasil como Godzilla, Ultraman, Ultraseven, etc. Esses produtos sempre colocavam o herói contra um terrível monstro atômico que vinha do mar para destruir as grandes cidades de papelão que se colocassem no meio do caminho dos seres monstruosos (geralmente um ator usando roupas de borracha!). Toda semana lá estava Tóquio sendo destruída mais uma vez! Era trash sim, mas bem divertido, principalmente se você fosse um garoto de 12 anos. Pois bem, o tempo passou e Hollywood percebeu que com a tecnologia digital dos dias atuais seria possível fazer uma grande produção usando as velhas ideias dos MOWs (Monsters of Week) japoneses. E aí está "Círculo de Fogo" para mostrar que qualquer idéia pode ser reciclada, embalada numa nova roupagem e vendida como algo novo e original. Certamente os monstros não são mais de borracha mas de resto esse filme procura manter o espírito do passado, trazendo de volta todas aquelas criaturas, as mais esdrúxulas e bizarras possíveis.O elenco é liderado por Charlie Hunnam, ator que gosto bastante, da série "Sons of Anarchy". Curiosamente outro ator da mesma série, Ron Perlman (o Hellboy), também está no elenco, interpretando um contrabandista de restos dos monstros destruídos em combate.

A trama explora o surgimento dos tais Kaijus, monstros que começam a aparecer nos oceanos, provenientes de fendas localizadas nas profundezas. Como não poderia deixar de ser eles estão surgindo para obviamente destruir o mundo. Para enfrentar as novas ameaças as nações do mundo se unem para construir os Jaegers, robôs gigantescos com pinta de Transformers que literalmente saem no braço com os Kaijus. Essas grandes máquinas de guerra são pilotadas por duas pessoas que precisam unir suas mentes numa só. Mas esqueça esse tipo de detalhe. Tudo é uma grande desculpa para cenas e mais cenas de lutas e pirotecnia, numa avalanche de efeitos digitais e sonoros de todos os tipos. Confesso que como o filme foi assinado por Guillermo del Toro, esperava bem mais. Até porque já existe a série Transformers do vazio Michael Bay para ocupar esse nicho de mercado. Eu me equivoquei pensando que o diretor iria caprichar mais, criar um clima mais sofisticado e profundo mas nada disso você vai encontrar em "Circulo de Fogo" pois no final das contas tudo se resume a muita pancadaria e efeitos especiais. É um trash de 180 milhões de dólares. Assim em conclusão recomendo o filme para adolescentes até 14 anos no máximo ou então para os trintões e quarentões que queiram matar as saudades de sua infância. Já para o cinéfilo em geral não vejo grandes atrativos. Em suma é isso, "Círculo de Fogo" é uma grande bobagem, divertida para alguns, nostálgica para outros.

Círculo de Fogo (Pacific Rim, Estados Unidos, 2013) Direção: Guillermo del Toro / Roteiro: Travis Beacham, Guillermo del Toro / Elenco: Charlie Hunnam, Idris Elba, Rinko Kikuchi, Ron Perlman / Sinopse: Monstros gigantescos surgem nos oceanos, vindo de fendas localizadas nas profundezas. São os Kaijus. Para combater a ameaça surgem os Jaegers, robôs gigantescos que tentarão salvar o mundo.

Pablo Aluísio.

As Patricinhas de Beverly Hills

Lá se vão quase 20 anos do lançamento desse bobagem adolescente que a despeito de ser um filme bem descartável fez muito sucesso e marcou a juventude de muita gente. Assistir a uma produção como essa não deixa de ser divertido hoje em dia, isso porque a personagem título, Cher Horowitz (Alicia Silverstone), é uma adolescente rica e mimada que não quer saber de muita coisa além de fazer compras no shopping com suas amigas (também todas completamente alienadas como ela). Por mais incrível que isso possa parecer a Cher acabou virando modelo de comportamento para muita garota fútil por aí, tanto que indiretamente também deu origem a celebridades do naipe de Paris Hilton e demais clones loiras. Ou seja, da noite para o dia ser uma garota vazia, consumista, burra e bitolada virou sinônimo de ídolo feminino a seguir! Vai entender a cabeça dessas jovens...

De qualquer maneira, deixando essas explicações sociológicas de lado o fato é que "As Patricinhas de Beverly Hills" conseguiu o feito de até hoje ser lembrado. Como não poderia deixar de ser em um filme tão bobinho como esse o enredo gira em torno da adolescente Cher. Ela tem 15 anos, é popular na escola e vive muito bem obrigado, já que seu pai é um bem sucedido advogado de Beverly Hills. Na explosão do sucesso de um novo aparelhinho, o celular, Cher deita e rola com suas amigas entrando e saindo das lojas mais exclusivas de Hollywood (na época usar celular era sinônimo de status e riqueza, ora vejam só!). Tudo parece mudar quando ela se apaixona por Josh (Paul Rudd), enteado de seu pai. Ele é exatamente o oposto de Cher. Um sujeito antenado, estudado, que conhece o "mundo real", bem ao contrário da patricinha Cher. Para conquistá-lo ela então decide mudar de atitude, tudo com o objetivo de impressionar sua nova paixão. Bonitinha a sinopse não? Pois é. Se você ainda não conhece (por ser jovem demais para isso) dê uma olhada para conferir como era a juventude da década de 90. Você vai perceber surpreso como de fato pouca coisa realmente mudou!

As Patricinhas de Beverly Hills (Clueless, Estados Unidos,1995) Direção: Amy Heckerling / Roteiro: Amy Heckerling / Elenco: Alicia Silverstone, Stacey Dash, Brittany Murphy / Sinopse: Cher (Silverstone) é uma garota mimada e fútil que se apaixona por um cara mais velho, bem mais inteligente e consciente do que ela. Para conquistá-lo ela então decide mudar de atitude, tudo com o objetivo de impressionar sua nova paixão.

Pablo Aluísio.

domingo, 11 de agosto de 2013

O Negociador

O enredo se passa na Irlanda do Norte, mais precisamente em Bellfast. É pra lá que o americano Joe Maguire (Brendan Fraser) vai, com o objetivo de dar um tempo depois de uma confusão amorosa em Boston, sua cidade natal. Ele havia se envolvido com a filha de um infame mafioso, assim com medo de literalmente "sumir do mapa" resolve ir para a Europa onde acaba tomando conta da pequena loja de antiguidades de seu primo. Tudo corria relativamente bem e tranquilo até o local ser invadido por um assaltante que acabara de roubar uma peixaria. Encurralado pela polícia ele acaba usando Joe, duas crianças, um bebê e uma mulher como reféns enquanto o investigador veterano Weller (Colm Meaney) assume a responsabilidade das negociações. Armado com uma velha metralhadora da época de Al Capone o ladrão desastrado tenta de alguma forma escapar daquela situação que fugiu completamente de seu controle.

Depois de estrelar blockbusters como "A Múmia" o ator Brendan Fraser volta aos cinemas nessa despretensiosa comédia que usa um tema policial sério (a tomada de reféns, assaltos, etc) para fazer um pouco de graça. O resultado como era de se esperar é bem irregular. O filme usa não apenas de humor mas também de um certo dramalhão ao colocar os destinos do sequestrador e do refém no mesmo caminho, apelando por algo que teria acontecido no passado de ambos. "O Negociador" é uma produção britânica que tem sido vendido nos EUA como um filme de ação. Não se trata disso. Claro que há tiroteios e alguns momentos mais agitados mas o filme vai mesmo pelo lado mais leve e sem maiores consequências de uma comédia que pretende ser divertida. Até que com um pouco de boa vontade dá para se divertir, embora o saldo final seja mesmo bem mediano.

O Negociador (Whole Lotta Sole / Stand Off, Inglaterra, 2011) Direção: Terry George / Roteiro: Thomas Gallagher / Elenco: Brendan Fraser, Colm Meaney, Martin McCann / Sinopse: Após um assalto mal sucedido um jovem ladrão invade uma loja de antiguidades tomando todas as pessoas lá dentro como reféns.

Pablo Aluísio.

Chamada de Emergência

Se você estiver em busca de um bom thriller de suspense então "Chamada de Emergência" pode ser uma boa opção. A atriz Halle Berry interpreta Jordan Turner, uma policial que trabalha no serviço de emergência 911 em uma grande cidade americana. Sua função é atender os pedidos de socorro da população e enviar imediatamente uma equipe policial para o local da chamada. Sua vida começa a mudar quando ela recebe a aterrorizante chamada de uma adolescente de 16 anos. Ela está sozinha em casa que acaba de ser invadida por um estranho. Tentando ajudar Jordan acaba cometendo um grande erro de conduta e procedimento, levando a pobre garota à morte. Arrasada, começa a tomar antidepressivos para superar o trauma. Seis meses depois ela acaba recebendo outra chamada muito parecida com a anterior. Uma outra jovem é sequestrada ao sair de um shopping e está presa no porta-malas do carro de um homem desconhecido. Ao que tudo indica é o mesmo psicopata que atacou a primeira jovem. Agora Jordan enfrentará o maior desafio de sua carreira profissional e tentará de todas as formas salvar a vida da adolescente.

Sem parecer exagerado afirmo que os primeiros 60 minutos desse filme são simplesmente perfeitos. Os nervos do espectador ficam a mil, pois a situação mostrada é além de aterrorizante muito agonizante também. O roteiro também se mostra muito eficiente ao mostrar todas as possibilidades de uma situação tão limite. Infelizmente na terça parte final "Chamada de Emergência" decai um pouco mas isso em absoluto não tira os méritos da produção que é uma das mais interessantes que já vi nesse tipo de suspense. Halle Berry defende muito bem seu papel mas quem acaba se sobressaindo mesmo são Abigail Breslin que interpreta a jovem adolescente sequestrada e Michael Eklund como o serial killer Michael Foster. Não é um filme que vá desvendar em minúcias a loucura do psicopata da trama mas dentro de sua proposta de trazer tensão, suspense e terror ao seu público o filme se sai excepcionalmente bem.

Chamada de Emergência (The Call, Estados Unidos, 2013) Direção: Brad Anderson / Roteiro: Richard D'Ovidio / Elenco: Halle Berry, Abigail Breslin,  Michael Eklund, Morris Chestnut / Sinopse: Um novo serial killer que mata adolescentes acaba abalando psicologicamente uma policial atendente de 911 emergência. Agora, meses depois de um crime cruel, ela se depara com um novo pedido de socorro que ao que tudo indica é de mais uma vítima do mesmo psicopata.

Pablo Aluísio.

sábado, 10 de agosto de 2013

Abaixo de Zero

Pouca gente ainda se lembra desse interessante filme estrelado por Robert Downey Jr. Na época o nome dele não saia das páginas (policiais) dos jornais. Downey vivia entrando e saindo da prisão, indo e vindo de clínicas de reabilitação para viciados em drogas. Curiosamente no meio desse caos em sua vida pessoal ele conseguia trabalhar muito bem, enfrentando roteiros corajosos, inclusive alguns que tinham muito a ver com sua própria vida pessoal. Esqueça o  Robert Downey Jr de hoje, um ator de blockbusters que negligenciou seu talento, vivendo de atuações preguiçosas e no controle remoto. Nos anos 80 a vida pessoal de Downey era uma roleta russa e ele sabia disso. No meio de tanta turbulência a arte sempre se sobressaía. Claro que ele muitas vezes entrou em projetos furados, comédias sem qualquer expressão ou filmes descartáveis. Mesmo assim quando acertava na veia (sim, temos aqui um trocadilho infame), Robert conseguia impressionar. Além do mais ainda era bem jovem o que somava ainda mais em seu favor.

Em "Abaixo de Zero" o ator interpreta um junkie, um viciado em drogas pesadas numa Los Angeles de muito neon e pó branco! Sua interpretação de seu personagem Julian foi bastante comentada. Afinal ele desfilava talento ao se mostrar sem qualquer estrelismo, sempre em busca da próxima picada que o deixasse ligado até a próxima festa. Um cara vivendo no limite. Muitos vão dizer que interpretar um drogado era algo óbvio para Robert Downey Jr, uma vez que ele próprio era um chapado homérico! Certa vez o ator chegou a invadir uma casa pensando ser a sua própria mas era outra, de uma família vizinha, que muito assustada chamou a polícia, levando Downey em cana novamente! São fatos que recheavam as páginas dos jornais de L.A. De qualquer forma se você estiver em busca de um retrato honesto da juventude mergulhada em drogas na década de 80, nada melhor que esse "Abaixo de Zero", um filme realmente fiel ao cotidiano daqueles jovens que viviam fora da realidade.

Abaixo de Zero (Less Than Zero, Estados Unidos, 1987) Direção: Marek Kanievska / Roteiro: Harley Peyton, baseado no romance de Bret Easton Ellis / Elenco: Andrew McCarthy, Jami Gertz, Robert Downey Jr / Sinopse: Um jovem universitário volta de férias para Los Angeles para encontrar sua ex-namorada e acaba descobrindo que seu melhor amigo está viciado em drogas pesadas.

Pablo Aluísio.

O Incrível Mágico Burt Wonderstone

Esse foi o último filme de James Gandolfini (1961 - 2013). Ele vinha há tempos tentando fazer a complicada transição da TV para o cinema e até que conseguiu interpretar bons personagens nessa tentativa. Infelizmente não é o caso desse "O Incrível Mágico Burt Wonderstone". Aqui ele intepreta Doug Munny, o milionário dono de cassinos em Las Vegas que contrata a dupla de mágicos formada por Burt Wonderstone (Steve Carell) e Anton Marvelton (Steve Buscemi). Eles brilharam nos shows de mágica de Vegas por décadas mas agora começam a ficar ultrapassados por novos ilusionistas, entre eles o escatológico Steve Gray (Jim Carrey), um sujeito radical que faz truques exagerados como cortar sua própria face, caminhar e deitar sobre brasas quentes ou então enfiar uma furadeira dentro da cabeça. Em vista do estilo sensacionalista desse novo tipo de artista a dupla, antes considerada genial, começa lentamente a cair no ostracismo completo.

O papel de James Gandolfini é bem secundário e ele fica completamente ofuscado pelos comediantes. Outra surpresa é ver o astro Jim Carrey em um papel também bem coadjuvante, pois ele nada mais é do que uma escada para os dois Steves, Carell e Buscemi, que parecem muito à vontade encarnando seus personagens. No fundo "O Incrível Mágico Burt Wonderstone" é apenas uma comédia rotineira que tenta de alguma maneira também prestar uma homenagem a esses profissionais tão queridos do mundo do entretenimento. A transformação que Burt passa, indo da fama e glória para a decadência, mostra bem isso. Aos poucos, mesmo arruinado, ele vai redescobrindo o prazer de fazer mágica para encantar adultos e crianças. Não é uma grande comédia, mas também não aborrece. A despedida do grande James Gandolfini poderia ter sido mais marcante porém quem pode saber as surpresas que o destino nos reserva?

O Incrível Mágico Burt Wonderstone (The Incredible Burt Wonderstone, Estados Unidos, 2013) Direção: Don Scardino / Roteiro: Jonathan M. Goldstein, John Francis Daley / Elenco: Steve Carell, Steve Buscemi, Jim Carrey, James Gandolfini, Alan Arkin, Olivia Wilde / Sinopse: Uma dupla famosa de mágicos de Las Vegas começa a entrar em declinio após o surgimento de um novo ilusionista radical.

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 9 de agosto de 2013

Doze é Demais

Steve Martin já foi um dos comediantes mais divertidos do cinema americano, principalmente na década de 80 quando estrelou alguns dos mais engraçados filmes de humor da época. O problema é que a partir da segunda metade dos anos 90 ele começou a declinar, estrelando filmes sem qualquer expressão. Há uma velha máxima em Hollywood que diz que quando se está decadente na carreira a única coisa que sobra para um ator é fazer algum filme com crianças ou cachorros para tentar atrair a atenção do público por pelo menos mais uma vez. Se isso for verdade então Steve Martin certamente está em apuros (e há muito tempo!).

Aqui ele contracena não apenas com uma criança mas 12 delas! O enredo é tipicamente bobinho e mostra as confusões de um casal com 12 filhos (isso mesmo que você leu, doze!) que se muda de um pequeno vilarejo para a cidade grande. Acontece que o marido é treinador de futebol americano e se muda para a big city por ter sido contratado por uma universidade da região. Depois que a mulher viaja a trabalho só resta ao paizão a complicada tarefa de cuidar dos 12 moleques. Bom, uma criança já dá trabalho, imagine então uma dúzia. O roteiro procura tirar proveito justamente disso para fazer rir o espectador. No final das contas é apenas uma comédia de rotina que a despeito de ser bem mais ou menos caiu nas graças do público americano. Bom para o Steve Martin que assim ganhou uma sobrevida na carreira, confirmando de certa forma o velho ditado old school de Hollywood. Ah, e antes que me esqueça: o filme teve uma continuação dois anos depois, por mais inacreditável que isso possa parecer!

Doze é Demais (Cheaper by the Dozen, Estados Unidos, 2003) Direção: Shawn Levy / Roteiro: Frank B. Gilbreth Jr, Ernestine Gilbreth Carey / Elenco: Steve Martin, Bonnie Hunt, Piper Perabo / Sinopse: Paizão tem que cuidar de doze filhos após sua esposa viajar a trabalho.

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 8 de agosto de 2013

O Casamento do Ano

Comédias românticas sobre casamentos já estão saturadas mas Hollywood persiste nesse prato requentado. Chega agora aos cinemas mais um filme nesse estilo, o diferencial é o ótimo elenco composto por grandes nomes como Robert De Niro, Susan Sarandon, Diane Keaton e Robin Williams. Pena que tantos atores talentosos não tenham muito com o que trabalhar. O fato é que o roteiro de "O Casamento do Ano" não traz nenhuma novidade. Na estória somos apresentados a uma família bem disfuncional. Os pais, Don (Robert De Niro) e Ellie (Diane Keaton), estão divorciados e o ex-marido vive com sua amante, Bebe (Susan Sarandon). Os três filhos são bem diferentes entre si. Lyla (Katherine Heigl) é uma advogada com o casamento em crise. Ela tenta engravidar há muito tempo mas sem sucesso. Após brigar com o marido chega para o casamento de seu irmão mais jovem, Alejandro (Ben Barnes), que é colombiano de nascimento. Ele foi adotado ainda garoto por seus pais americanos para estudar e crescer na vida. Já o irmão do meio, Jared (Topher Grace), é médico mas tem uma vida sentimental confusa e mal resolvida.

As coisas começam a ficar confusas quando Alejandro convida sua mãe natural, uma colombiana conservadora, católica fervorosa para seu casamento. Com medo da desaprovação dela ele tenta esconder o fato de que seus pais adotivos são divorciados e inventa uma farsa que ainda são casados, o que dará origem a muitas confusões durante sua cerimônia de casamento. São muitos personagens em cena e nenhum deles chega a ser bem desenvolvido. O papel de Robin Williams, como um padre católico beberrão, por exemplo, poderia dar margem a muita cenas divertidas e engraçadas mas infelizmente é outro que segue o caminho do desperdício. Esse é aquele tipo de filme que começa até divertido mas que vai decaindo, decaindo até o espectador finalmente entender que nada mais de interessante vai acontecer. Espero que depois de mais essa comédia insossa sobre casamentos Hollywood finalmente desista de fazer mais filmes desse tipo. Já deu o que tinha que dar.

O Casamento do Ano (The Big Wedding, Estados Unidos, 2013) Direção: Justin Zackham / Roteiro: Justin Zackham, Jean-Stéphane Bron / Elenco: Robert De Niro, Katherine Heigl, Diane Keaton, Amanda Seyfried, Topher Grace, Susan Sarandon, Robin Williams, Ben Barnes / Sinopse: O casamento do jovem Alejandro (Barnes) e sua jovem noiva,  Missy (Amanda Seyfried), se torna uma grande confusão quando se unem na cerimônia sua família adotiva e natural.

Pablo Aluísio.

O Fantasma

O Fantasma foi um dos personagens de quadrinhos mais populares do século XX. Criado por Lee Falk (que também criou o mágico Mandrake), o chamado "Espírito que Anda" surgiu pela primeira vez em 1936 e em pouco tempo se tornou um sucesso de popularidade. Esse personagem foi percussor de várias características que seriam imitadas por outros super-heróis anos depois como o uso de um uniforme e máscara para esconder sua verdadeira identidade. Curiosamente o personagem, apesar de ser muito popular, nunca conseguiu se firmar nas telas. Houve alguns episódios ao estilo matinê na década de 40 e uma tentativa de levar o herói aos cinemas na década de 60 mas nenhuma dessas produções conseguiu ser marcante. Assim quando houve essa retomada pelo cinema americano dos quadrinhos o Fantasma logo virou alvo dos estúdios. Infelizmente a má sorte do personagem em adaptações continuou. Dirigido por  Simon Wincer (cineasta especializado em filmes de ação) e produzido pela Paramount com orçamento até generoso "O Fantasma" prometia fazer bonito nas bilheterias mas...

Na coletiva de divulgação do filme o ator Billy Zane (que interpretava o Fantasma) decidiu que era hora de "Sair do armário". Assim ao invés de falar sobre a produção e seus méritos artísticos, o ator decidiu declarar publicamente que era gay e que estava muito feliz por assumir sua opção sexual. Nada contra esse tipo de atitude, que aliás é um ato de honestidade consigo mesmo, mas certamente foi o momento errado. Na estreia do filme todos os jornais só sabiam falar da sexualidade de Zane e a película acabou sendo ofuscada pela sua declaração reveladora. Infelizmente nem todas as pessoas tem consciência social e assim o filme acabou virando uma piada de mau gosto, principalmente nos programas de humor americano. Com isso a bilheteria acabou decepcionando completamente. "O Fantasma", que deveria ser o primeiro de uma longa franquia, não rendeu nada, se tornando um grande fracasso comercial. Obviamente que com o fiasco as pretensões de se realizar mais filmes foi arquivada. Uma pena pois o personagem prometia bastante. Não é uma película acima da média, é fato que deixa bastante a desejar, mas isso era possível de ser melhorado nos filmes seguintes. Algo que agora certamente não mais acontecerá.

O Fantasma  (The Phantom, Estados Unidos, 1996) Direção: Simon Wincer / Roteiro: Jeffrey Boam baseado no personagem criado por Lee Falk / Elenco: Billy Zane, Kristy Swanson, Treat Williams / Sinopse: Adaptação dos famosos quadrinhos do personagem "O Fantasma", herói mascarado que luta pelo bem contra terríveis vilões que desejam dominar o mundo.

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 7 de agosto de 2013

Cristóvão Colombo: A Aventura do Descobrimento

Em 1992 dois filmes foram realizados para celebrar os 500 anos da histórica viagem de Cristovão Colombo para a América. O primeiro e mais bem sucedido foi 1492, estrelado por Gerard Depardieu. O segundo a chegar nos cinemas foi esse "Cristóvão Colombo: A Aventura do Descobrimento". Se trata de uma produção bem mais modesta, feito com um orçamento mais enxuto e com cenas menos impactantes do que o filme anterior. A intenção era mostrar mais os bastidores da viagem histórica. Assim os grandes personagens que tornaram possível a aventura de Colombo pelos mares ganharam maior visibilidade. O grande destaque vinha mesmo do elenco, com a presença do mito Marlon Brando em cena. O ator aceitou voltar ao trabalho por ter se interessado pelo roteiro desse filme, que se preocupava menos em ser grandioso e mais em desenvolver melhor todos os acontecimentos políticos da história real. Seu personagem era o terrível e cruel Tomas de Torquemada, famoso inquisidor espanhol da época. Brando que sempre foi um ativista liberal viu uma oportunidade de criticar a posição da igreja durante os eventos que desencadearam a descoberta do chamado novo mundo. Ele trabalhou com dedicação e afinco mas ficou profundamente decepcionado com a edição final do filme.

Isso foi causado pelo fato de que inúmeras de suas cenas foram cortadas na sala de edição. O estúdio achou a duração final do filme excessiva e tentando deixá-lo mais comercial cortes foram realizados. Um dos grandes prejudicados foi justamente Brando que viu grande parte de seu trabalho ser descartado sem pena pelos produtores. Tão irritado ficou que imediatamente deu algumas entrevistas afirmando que o filme do jeito que ficou era uma grande porcaria e que o público não deveria perder tempo com ele. Uma tentativa de conciliação foi realizada mas em vão. O filme saiu mutilado e Brando continuou a falar mal da produção (sua raiva foi tão intensa que até mesmo em sua autobiografia o ator não perdeu a oportunidade de falar mal do resultado final da produção). Ele até quis que seu nome fosse removido dos créditos mas não conseguiu. Por fim entendeu, resignado, que teria que aguentar toda a onda de criticas negativas que viriam após seu lançamento. O curioso é que o filme foi produzido pelos mesmos produtores de "Superman", amigos de Brando de longa data. A amizade porém não sobreviveu a "Colombo". Talvez se tivesse sido dirigido por Ridley Scott (a primeira opção do estúdio) o resultado ficasse mais interessante. Do jeito que ficou mais parece um projeto inacabado, com edição realmente mal feita, deixando a trama truncada e mal desenvolvida. Brando certamente tinha razão em suas reclamações.

Cristóvão Colombo: A Aventura do Descobrimento (Christopher Columbus: The Discovery, Estados Unidos, Inglaterra, Espanha, 1992) Direção: John Glen / Roteiro: Mario Puzo, John Briley / Elenco: Marlon Brando, Tom Selleck, Georges Corraface,  Rachel Ward, Catherine Zeta-Jones, Benicio Del Toro / Sinopse: O filme recria a história do descobrimento do novo mundo por Cristovão Colombo, famoso navegador que procurava um caminho para as índias navegando em direção ao ocidente.

Pablo Aluísio. 

terça-feira, 6 de agosto de 2013

Waterworld - O Segredo das Águas

Após o mundo passar por uma drástica mudança climática, com o derretimento dos polos, a civilização humana tenta sobreviver em um planeta inundado. Esse "Waterworld" foi o maior fracasso comercial da carreira de Kevin Costner. Foi uma produção extremamente cara, custou em torno de 200 milhões de dólares. Costner com o cacife conquistado em grandes filmes como "Dança com Lobos" recebeu carta branca do estúdio. Assim ele embarcou numa ideia muito infeliz, rodar uma espécie de "Mad Max" subaquático, todo passado em um mundo sem continentes, apenas oceanos sem fim. Para isso construíram enormes e dispendiosos cenários no Havaí. Para piorar o que já era ruim o clima complicado da região, com vários furacões, arrasou por várias vezes os sets, causando atrasos e prejuízos. A imprensa especializada, como não poderia deixar de ser cobriu tudo, mostrando os erros da produção. Costner, cego com seu próprio ego, resolveu seguir em frente. Quando finalmente chegou aos cinemas o público não demonstrou nenhum interesse pelas viagens molhadas de Costner. A crítica também não gostou nada, achou o filme longo demais, mal roteirizado e pessimamente editado.

Kevin Costner ao invés de reconhecer o erro resolveu acusar os jornalistas de boicote com seu filme, azedando de vez o relacionamento do astro com os principais meios de comunicação. Depois se soube que houve uma edição feita às pressas depois que o filme foi rejeitado em uma exibição teste. Costner que havia mostrado tanto talento ao dirigir "Dança com Lobos" se mostrou vacilante, não confiando em seu próprio juízo de valor. As brigas com o diretor Kevin Reynolds também mostravam bem a falta de foco da produção. Depois do desastre de "Waterworld" Costner perdeu grande parte de sua credibilidade. Amargou o descaso dos grandes estúdios e lutou bastante para recuperar seu prestigio (algo que não conseguiu completamente). Revisto hoje em dia não há como negar os erros. A trama não avança, é boba, derivativa demais de "Mad Max", quase um plágio, só que ao invés de desertos temos água sem fim. O personagem de Costner também não ajuda, é sem carisma, chato e passa o tempo todo contracenando com uma garotinha sem graça. No final não há como negar que é realmente um desastre. Não é de se admirar que tenha afundado de forma tão estrondosa. Mereceu o fracasso.

Waterworld - O Segredo das Águas (Waterworld, Estados Unidos, 1995) Direção: Kevin Reynolds / Roteiro: Peter Rader, David Twohy / Elenco: Kevin Costner, Jeanne Tripplehorn, Tina Majorino / Sinopse: A humanidade tenta sobreviver em um mundo pós apocalíptico.

Pablo Aluísio.

O Senhor dos Mares

O filme é baseado nos escritos de Gerrit de Veer (interpretado no filme pelo ator Robert de Hoog). Ele foi o escrivão de uma expedição holandesa que no século XVI tentou encontrar uma passagem para as índias indo para o norte, enfrentando os gélidos mares do círculo polar ártico. Esse ato, de certa forma desesperador, foi patrocinado pela coroa holandesa que não viu outra alternativa para manter o comércio de especiarias, uma vez que as rotas marítimas tradicionais tinham sido bloqueadas pela poderosa armada espanhola. Após entrar em guerra com a Espanha e ser derrotada no conflito não sobrou outro caminho aos holandeses a não ser procurar por outras rotas, principalmente aquelas que ainda não tinham sido exploradas por qualquer navegador. Nem é preciso lembrar os perigos de uma viagem dessa magnitude. Os mares do norte, principalmente os que circulam as distantes Finlândia e Noruega, apresentam temperaturas médias abaixo de zero. Some-se a isso o fato desses oceanos serem poucos explorados, de complicada navegação por causa dos grandes ondas e correntes marítimas ferozes e você terá um grande enredo para um bom filme de aventuras.

Como se trata de uma produção holandesa não espere nada de muito "Hollywoodiano" nesse "O Senhor dos Mares". A intenção é realmente contar os terríveis obstáculos que esses marinheiros enfrentaram tais como foram narrados nos escritos deixados pelo escrivão que participou dessa navegação. Obviamente que as condições climáticas desfavoráveis e o clima completamente hostil da região contribuíram e muito para as dificuldades, principalmente quando o navio chegou nas costas da distante e inóspita ilha de Nova Zembla. Localizada no mar do norte que hoje pertence à Rússia, o local possuía uma fauna perigosa e voraz, formada principalmente por grandes ursos polares que habitavam aquela região. Aliás é bom salientar que tais animais acabam sendo responsáveis por algumas das melhores cenas do filme pois na grande lei da natureza o que impera é mesmo a lei do mais forte e um homem, por mais forte e robusto que seja, jamais seria páreo para um animal daquele porte. Em suma, fica a dica desse filme do cinema holandês realmente bem acima da média, "O Senhor dos Mares", que demonstra muito bem que para quem gosta de bom cinema não importa a nacionalidade, mas sim a qualidade cinematográfica da produção. Não deixe de conferir...

O Senhor dos Mares (Nova Zembla, Holanda,  2011) Direção: Reinout Oerlemans / Roteiro: Hugo Heinen, Reinout Oerlemans / Elenco: Doutzen Kroes, Derek de Lint, Robert de Hoog / Sinopse: No século XVI a coroa holandesa resolve mandar uma expedição aos mares do norte para tentar achar uma nova rota em direção às ìndias orientais.

Pablo Aluísio.