segunda-feira, 12 de novembro de 2012

O Fim da Escuridão

Mel Gibson é sem sombra de dúvidas um dos ícones do cinema de ação das décadas de 80 e 90. Colecionando um sucesso atrás do outro ele até mesmo conseguiu transpor a complicada barreira que separa as profissões de ator e diretor. Hoje é reconhecido nos dois segmentos. Gibson porém estava longe dos cinemas desde 2003 e só retornou mesmo em 2010 com esse "O Fim da Escuridão". Para quem sempre foi sinônimo de ótimas bilheterias esses sete anos afastado pareceram uma eternidade. Mas afinal o que aconteceu? Bem, aconteceu de tudo na vida de Gibson. Ele se divorciou da esposa que estava junto a ele por décadas e com quem teve vários filhos, brigou com a imprensa, voltou a beber de forma descontrolada, se envolveu em acidentes, ofensas raciais, ameaças de morte e o diabo a quatro. Não me admira em nada que no meio do caos que virou sua vida tenha sido tão complicado voltar ao cinema. O pior é que após tanto tempo fora dos holofotes sua volta gerou grande expectativa. Uma pena que tudo tenha terminado em frustração.

"O Fim da Escuridão" é um filme fraco, cheio de clichês e que a despeito de ser classificado como filme de ação, nesse campo não convence, pelo contrário, faz mesmo é aborrecer o espectador. A produção tem ritmo pesado, pouco fluido e cai muitas vezes no tédio. Gibson também não colabora, está preguiçoso, com má vontade e em nenhum momento parece estar muito interessado. Talvez tenha sido pelo fato de ter sido dirigido por Martin Campbell de 007 Cassino Royale. Dizem que ator e diretor se desentenderam no set e Gibson jurou nunca mais trabalhar sob as ordens de ninguém - o que talvez justifique o fato de ter dominado seu filme posterior, esse sim muito bom, "Plano de Fuga". O clima ruim e pesadão das filmagens parece ter passado para o resultado final. Gibson parece entediado e sem garra. O roteiro fraco é a pá de cal em um filme bem decepcionante. Seu único mérito talvez tenha sido trazer o antigo astro de volta das sombras em que andava vivendo. Fora isso nada de muito digno de nota acontece.

O Fim da Escuridão  (Edge of Darkness, Estados Unidos, 2010) Direção: Martin Campbell / Roteiro: William Monahan / Elenco: Mel Gibson, Danny Huston, Shawn Roberts, Bojana Novakovic / Sinopse: Thomas Craven (Mel Gibson) é um detetive do departamento de homicídios da cidade de Boston cuja filha ativista é morta bem em frente à sua residência. Inconformado pelo crime bárbaro ele resolve ir a fundo para descobrir quem cometeu esse ato cruel e desumano.

Pablo Aluísio. 

domingo, 11 de novembro de 2012

Frankenweenie

Tim Burton é um diretor sem meio termo. A maioria dos cinéfilos ou o adoram às raias da insanidade ou o odeiam com força total. Eu sou da minoria, nunca fui fã a ponto de amar tudo o que o diretor fez durante esses anos e nem odiei seus trabalhos menos inspirados. Mesmo assim confesso que andava muito decepcionado com ele. Achei sinceramente "Alice" e principalmente "A Fantástica Fábrica de Chocolates" duas enormes bobagens, no mau sentido da palavra mesmo. Filmes sem alma, sem propósitos claros. Mas ei que surge esse pequeno conto, quase uma fábula chamada  Frankenweenie. Para quem estava sentindo falta do lado mais autoral do cineasta essa animação é certamente um prato cheio. É o que chamo de obra com coração. Longe dos interesses comerciais de um "Alice", Burton finalmente reencontra o caminho do bom cinema. Impossível realmente não se encantar com o lirismo de Frankenweenie. Cada cena é caprichosamente preparada, cada diálogo está muito bem escrito, cada nuance fica em seu lugar adequado. Sem favor nenhum digo que é desde já um dos melhores trabalhos do diretor que estava realmente devendo nesse aspecto. A cereja do bolo é a técnica em stop motion que nos remete imediatamente aos filmes da infância. Se fosse digital perderia certamente parte de seu encanto.

Na verdade Frankenweenie é um velho projeto, realizado quando Burton ainda era um aspirante à cineasta. O curta original foi rodado em 1984 mas recusado pelo estúdio que o qualificou como "sombrio demais" e com "tintas que lembram em demasia produções trash". É até fácil compreender esse tipo de coisa pois na época ninguém ainda conhecia o estilo de Tim Burton, estilo esse que em poucos anos cairia no gosto popular e renderia excelentes bilheterias mundo afora. Agora, consagrado e podendo ter o controle criativo, Burton resolveu resgatar essa velha idéia que realmente não envelheceu, ainda cativando quem a assiste, mesmo agora nessa releitura tardia. A trama é simples mas comovente até. Victor Frankenstien (Charlie Tahan) é um garotinho que se vê sozinho após a morte de seu grande amigo e companheiro, o cãozinho Sparky. Como é um pequeno gênio consegue através de uma técnica toda especial trazer seu animal de estimação de volta à vida. O problema é que seu feito se espalha na sua comunidade, o que lhe trará muitas confusões. É óbvio que após ler esse pequeno resumo o leitor vai se lembrar da trama do clássico de terror. Frankenstein de Mary Shelley.. É isso mesmo, Tim Burton fez uma alegoria da famosa estória e uma homenagem ao cinema da década de 30. O resultado é charmoso, comovente e cativante. Uma pequena obra prima da filmografia do diretor. Não deixe de conferir.

Frankenweenie (Frankenweenie, Estados Unidos, 2012) Direção: Tim Burton / Roteiro: John August / Elenco (vozes): Winona Ryder, Catherine O'Hara, Martin Short, Conchata Ferrell, Tom Kenny, Martin Landau, Atticus Shaffer, Charlie Tahan, Robert Capron, James Hiroyuki Liao, Christopher Lee / Sinopse: Após perder seu cachorrinho de estimação um garoto resolve lhe trazer de volta á vida, o que lhe trará sérios problemas depois. 

Pablo Aluísio.

Poder Paranormal

A premissa de "Poder Paranormal" é das melhores. O roteiro discute, até com certa inteligência, o eterno duelo entre ciência e religião, racionalidade e misticismo. Essa luta é travada em cena por dois personagens centrais. Do lado da razão e do ceticismo temos a doutora  Margaret Matheson ( Sigourney Weaver). Há anos ela vem desmascarando médiuns, curandeiros e charlatões em geral. Usando de métodos científicos ela vai derrubando um a um os picaretas que usam a fé alheia como forma de enriquecimento ilícito. Do outro lado, defendendo o lado do misticismo e dos poderes paranormais se encontra Simon Silver (Robert De Niro). Ele alega ter poderes sobrenaturais, de curas espirituais e de mediunidade. Além de entortar colheres com o puro uso da mente ainda consegue atingir os que lhe desafiam apenas com a força do pensamento. Um antigo jornalista que o perseguia sofreu uma parada cardíaca enquanto discutia com Silver durante uma de suas apresentações. Teria o grande espiritualista parado o coração de seu opositor apenas para mostrar o poder de sua mente privilegiada? Afinal ele é um charlatão ou realmente um médium com poderes paranormais além da compreensão da ciência humana? A luta se trava justamente entre essas duas formas de pensar.

Obviamente que um roteiro desses teria que tomar uma posição. Ou abraçaria a linha mais racional ou então optaria por uma abordagem mais paranormal. O curioso é que ao longo do filme a trama ora pende para um lado, ora para o outro, sem definição precisa, levando o espectador de um lado ao outro da balança. A chave de toda a trama também se desvia para um personagem secundário que mantém em si todo o segredo do que acontece ao longo do filme. "Poder Paranormal" no final das contas é um bom filme, não é excepcional, mas pelo menos procura ter uma postura menos fantasiosa sobre tudo. O tema vai interessar a muitos e acredito que levantará bom debate, muito embora pessoalmente tenha ficado um pouco decepcionado com o clímax da produção. Mesmo assim se destacam as atuações corretas de todo o elenco, inclusive de Robert De Niro (se afastando um pouco das bobagens que andou participando) e Sigourney Weaver (sempre surgindo com boas atuações). Já  Cillian Murphy não fica nas sombras e consegue atuar de igual para igual com esses dois grandes intérpretes. Assim fica a recomendação, o filme tem um lado mais pé no chão mas mesmo assim não deixa o suspense de lado. No final das contas merece certamente ser conhecido.

Poder Paranormal (Red Lights, Estados Unidos, 2012) Direção: Rodrigo Cortés / Roteiro: Rodrigo Cortés / Elenco: Sigourney Weaver, Robert De Niro, Cillian Murphy, Elizabeth Olsen, Toby Jones / Sinopse: Uma renomada professora e seu assistente desvendam e desmascaram médiuns e charlatões em geral. Agora terão que enfrentar um famoso curandeiro que afirma que provará que a ciência está errada.

Pablo Aluísio.

sábado, 10 de novembro de 2012

Ted

Muito barulho por nada. Assim definiria toda a repercussão e polêmica que Ted tem causado no Brasil. Acontece que um parlamentar brasileiro levou seu filhinho para assistir Ted e ao se deparar com a temática mais ácida do filme sentiu-se ofendido, ultrajado. Quanta bobagem! Ted não é e nunca foi um filme para crianças. Aliás nada do que faz Seth MacFarlane é indicado para crianças. Seu trabalho utiliza de certos formatos mais associados ao mundo infantil - como desenhos animados, por exemplo - para ironizar a sociedade atual, mas tudo feito com humor adulto. Crianças muito pequenas jamais vão entender as referências pop e as sátiras que MacFarlane escreve. Dito isso o que faltou ao nobre parlamentar foi mesmo um pouco mais de cultura pop para compreender de quem se tratava e o do que ele fazia. Agora deixando essas bobagens de lado vamos falar um pouco sobre o filme. Não é de hoje que conheço a obra de Seth MacFarlane. Acompanho com regularidade suas séries animadas, principalmente "Family Guy" e "American Dad". Acho realmente tudo muito criativo, ácido, corrosivo mesmo. Ele é muito imaginativo e dificilmente assisto algum episódio que deixe a desejar (o nível de qualidade que ele impõe em suas animações é realmente impressionante). Como conheço bem seu trabalho na TV e tendo em vista toda essa polêmica que foi criada em torno do filme acabei criando grandes expectativas em relação a Ted. Estava esperando algo realmente marcante, surpreendente, inovador... bom estava... mas....

Ted é um dos trabalhos mais quadrados que já vi de MacFarlane! Quando o filme acabou eu fiquei perplexo em constatar como ele ficou careta em Hollywood! Claro que há palavrões, humor grosseiro e até desrespeitoso com certos grupos sociais mas isso já se encontra em "Family Guy" em doses generosas há anos. Ted em essência é muito convencional em sua estrutura. A estorinha de amor entre o casalzinho é muito água com açúcar - e o própria narrativa ao estilo conto de fadas é de doer de tão bobinho e forçado. Certo que o ursinho bebe, fuma maconha e sai com prostitutas mas e daí? Isso já se encontra na série de TV Wilfred onde um advogado fuma maconha com seu cãozinho de pelúcia no porão de sua casa. Então não vi nada de original nisso. De certa forma se salvam algumas piadinhas aqui e acolá - em especial as com o filme Flash Gordon que são bem divertidas- mas é pouco. Eu me decepcionei até com a voz que MacFarlane criou para Ted, uma variação pouco inspirada na voz que ele criou para o cachorro Brian de "Family Guy". Logo ele que é um brilhante dublador não teve nem o cuidado de criar algo novo para Ted? Aliás o próprio personagem Ted tem muita coisa de Brian, quase uma cópia fiel. Não houve surpresas então quando apareceu em cena. Em conclusão Ted deixa a desejar. Passa longe da metralhadora criativa de seus trabalhos na TV e derrapa feio no romancezinho sem graça do casal central. Quem diria que esse filme seria tão formulaico hein?! Sorte na próxima vez no cinema Seth, porque nessa sinceramente não deu.

Ted (Ted, Estados Unidos, 2012) Direção: Seth MacFarlane / Roteiro: Seth MacFarlane / Elenco: Mark Wahlberg, Mila Kunis, Seth MacFarlane, Giovanni Ribisi,   Patrick Stewart,  Norah Jones / Sinopse:  John Bennett é um garotinho de oito anos que ganha um ursinho no natal. Após desejar que ele fale seu pequeno brinquedo começa realmente a falar e interagir com todos, o que traz muita felicidade para o pequeno garoto em sua infância. O problema é que após se tornar adulto o urso Ted se torna um problema para ele, principalmente no que diz respeito a seu relacionamento com sua namorada.

Pablo Aluísio.

Falcão Negro em Perigo

"Falcão Negro em Perigo" é um filme de guerra stricto sensu. O que significa isso? Significa que seu roteiro não perde tempo com aspectos externos ao que ocorre fora do front, do campo de batalha. Há uma situação de combate no centro da trama e é nisso que o filme literalmente centra fogo. Sem perda de tempo com abobrinhas ou maior desenvolvimento dos combatentes. Eles são militares, estão sob fogo cruzado e vão rebater com artilharia pesada. Simples assim. No fundo é um projeto muito pessoal do diretor Ridley Scott. Muito provavelmente comovido pelos acontecimentos de 11 de setembro ele resolveu filmar esse evento histórico real que aconteceu no distante país africano da Somália. Esse é um daqueles países que vive mergulhado em sangrentas guerras civis sem fim. Mostra bem a triste realidade da África, como se não bastasse ser o continente mais miserável do planeta ainda é dominado por ditadores sanguinários quem nem pensam duas vezes em exterminar seu próprio povo. E justamente lá que chega um grupo de militares especializados das forças armadas norte-americanas formada pelos esquadrões Delta Force e Rangers. Eles estão no país em busca de terroristas internacionais mas bem no meio da missão um acidente acontece e eles ficam sob fogo cerrado do inimigo. A partir daí o filme não perde mais tempo, com ação da primeira à última cena.

O resultado soa bem realizado mas por vezes confuso e violento além da conta. Não foi intenção de Ridley Scott filmar mais uma patriotada americana mas lidando com um tema desses ficou quase impossível de não cair na armadilha. Não há um personagem central que chame a atenção e o foco do espectador e assim é inevitável que o público fique meio perdido no meio de tantos tiroteios, gritos, edição nervosa e frenética. É curioso que um diretor como Ridley Scott tenha dirigido um filme assim, que se esquece completamente de dar uma noção melhor a quem assiste dos personagens em cena. Tecnicamente não há como negar que o filme beira à perfeição - tanto que venceu os Oscars técnicos de seu ano (Som, Edição e Montagem). Se fosse menos frenético provavelmente teria ganho mais simpatias dos membros da Academia em outras categorias importantes. Muito se comentou em seu lançamento da semelhança com Soldado Ryan mas esse tipo de comparação realmente não procede uma vez que "Falcão Negro em Perigo" é muito mais modesto em suas pretensões. Visto como pura adrenalina o filme realmente funciona muito bem, porém como obra cinematográfica faltou um pouco mais de capricho na apresentação de seus personagens. Mesmo com essa falha é válido recomendar a produção, principalmente para os fãs de filmes mais viscerais.

Falcão Negro em Perigo (Black Hawk Down, Estados Unidos, 2001) Direção: Ridley Scott / Roteiro:: Ken Nolan / Elenco: Josh Hartnett, Ewan McGregor, William Fichtner, Eric Bana, Tom Sizemore, Jason Isaacs, Jeremy Piven, Sam Shepard, Orlando Bloom. / Sinopse: Durante a Guerra Civil da Somália um grupo de soldados americanos são enviados ao front com o objetivo de capturar membros terroristas leais ao ditador do país. Dois helicópteros Black Hawk são derrubados durante a operação e os militares americanos encurralados no local entram em uma ferrenha batalha campal contra as forças da região.

Pablo Aluísio.

Não Estou Lá

Bob Dylan é um artista diferente. Não gosta de aparecer e nem de dar entrevistas e quando o faz seu alvo preferido é sua própria imagem. Não faz concessões em sua música e nem em seu estilo de vida. Não é simpático, nem cordial. No fundo é um sujeito muito na dele que só quer saber de tocar seu violão e cantar suas letras quilométricas. Talvez por ter um lado de poeta maldito tenha se tornado o ícone musical que é. Para mostrar aspectos da obra de um compositor tão único nada melhor do que um filme também muito singular. É o que se vê aqui em "Não Estou Lá" onde vários atores diferentes "vivem" momentos da música de Dylan em segmentos próprios, independentes (ou quase isso). Com bonita fotografia em preto e branco o filme tenta a todo momento fugir do convencional, daquilo que o espectador espera. "Não Estou Lá" abraça assim a surpresa, o impensável e o inesperado. Nesse processo se faz grande arte e a produção, sendo bem compreendida, se torna uma ótima película, inteligente, mordaz e nada comum.

Sou fã de Bob Dylan e essa cinebiografia fora dos padrões é uma das mais originais e surpreendentes que já assisti. O uso de vários atores retratando de forma metafórica vários momentos da vida do Bob é uma sacada excepcionalmente bem desenvolvida. Quem me dera todos os grandes ídolos do Rock tivessem filmes tão intrigantes como esse para eternizá-los em celulóide. Como o próprio nome sugere realmente todos estão lá, menos o biografado, Dylan, que preferiu continuar nas sombras. O elenco é multiestelar. Christian Bale, Richard Gere, Heath Ledger, Cate Blanchet, Charlotte Gainsbourg e Julianne Moore. Não é todo dia que se consegue reunir um time de grandes atores e atrizes como esse. O segredo que atraiu tanta gente boa se encontra no roteiro desfragmentado do filme, que foge das soluções fáceis. De certa forma cada ator (e atriz) dá sua visão pessoal de Dylan. Alguns optaram por uma abordagem mais natural, outros já priorizam o mito. No saldo final temos um belo retrato artístico do biografado. Não vá esperando uma biografia linear, fácil de digerir, pelo contrário, tudo é demasiadamente solto, livre no ar. Cabe assim ao espectador ir juntando as peças do quebra cabeças, o que convenhamos torna tudo mais divertido.

Não Estou Lá ( I'm Not There, Estados Unidos - Alemanha, 2007) Direção: Todd Haynes / Roteiro: Todd Haynes, Oren Moverman / Elenco: Christian Bale, Richard Gere, Heath Ledger, Cate Blanchet, Charlotte Gainsbourg, Marcus Carl Franklin e Julianne Moore / Sinopse: Seis atores diferentes (Christian Bale / Cate Blanchett / Heath Ledger / Marcus Carl Franklin / Richard Gere / Ben Whishaw) dão vida ao mito musical Bob Dylan. Em uma narrativa desfragmentada vários episódios da vida do artista, intercaladas por estórias retiradas de suas canções, tentam mostrar aspectos e facetas do homem e do mito.

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 9 de novembro de 2012

Curtindo a Vida Adoidado

Quando os filmes de John Hughes eram lançados na década de 80 eles nunca eram levados à sério, até porque eram em sua maioria comédias juvenis mostrando aspectos da vida dos jovens daqueles anos. Hoje em dia a obra de John Hughes sofre uma justa revisão e finalmente tem ganho status de bom cinema, realmente relevante. Sim, é cultura pop em essência, mas cultura pop de ótima qualidade. Um exemplo é esse filme que muito provavelmente seja o mais famoso da filmografia de Hughes. A estória, muito simpática por sinal, gira em torno de um dia na vida do estudante colegial Ferris Bueller (Matthew Broderick). Cansado da vida entediante da escola ele resolve matar aula. Finge estar doente para seus pais e sai para um dia de curtição ao lado do amigo hipocondríaco Cameron (Alan Ruck) e da namoradinha Sloane (Mia Sara). A partir daí tudo pode acontecer, com o carro do pai de Cameron eles saem por Chicago em busca de divertimento e festa. O filme é até hoje um dos mais queridos do grande público porque foi tão reprisado na Sessão da Tarde que virou um tipo de ícone dos filmes sobre adolescentes - para muitos seria mesmo o melhor filme adolescente de todos os tempos. O roteiro esperto e com clima jovial escrito por John Hughes brinca o tempo todo com a figura carismática de Ferris que desfila na tela vários "pensamentos" profundos, que no fundo apenas mostram a chatice da escola, a escolha por curtir melhor a vida e é claro fazer de bobos todas as autoridades escolares.

É curioso que Hughes tenha captado tantas nuances juvenis em uma comédia tão despretensiosa como essa. No fundo ele apenas adaptou algumas coisas de sua própria vida pessoal. Vivendo em Chicago ele, como todos os estudantes do mundo, também sentia necessidade de uma vez ou outra dar uma escapada do colégio, de seus professores chatos e do tédio avassalador que impera ainda hoje em nosso atrasado e obsoleto sistema educacional. Ferris é jovem, divertido, irônico e só quer mesmo aproveitar o dia da melhor forma possível, mesmo que para isso faça todos os adultos de bobocas. O elenco encontrou em Matthew Broderick não só um talentoso ator como também um tipo ideal para viver o safo Ferris. O elenco de apoio também é destaque e alguns jovens que fariam grande sucesso depois como Charlie Sheen e Jennifer Grey tem pequenos papéis mas bem significativos. Em suma, "Curtindo a Vida Adoidado" é aquilo mesmo que se propõe, uma crônica bem humorada na vida de um estudante colegial dos anos 80. O filme certamente resistiu bem ao tempo e hoje é tão divertido e simpático como foi há 20 anos em seu lançamento.

Curtindo a Vida Adoidado (Ferri's Bueller Day Off, Estados Unidos, 1986) Direção: John Hughes / Roteiro: John Hughes / Elenco: Matthew Broderick, Alan Ruck, Mia Sara, Charlie Sheen, Jeffrey Jones. Jennifer Grey, Charlie Sheen / Sinopse: Ferris Bueller (Matthew Broderick) é um estudante de saco cheio da escola que resolve se fazer passar por doente para matar a aula e sair para um dia em busca de diversão e festa ao lado do amigo e da namorada.

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 8 de novembro de 2012

Breaking Bad

Outra série do canal AMC digna de menção é essa "Breaking Bad", que tive o privilégio de acompanhar do primeiro ao último episódio. No total foram cinco temporadas exibidas entre 2008 a 2012, totalizando 62 episódios. Na trama acompanhamos a estória de Walter White (Bryan Cranston, excelente), um pacato professor de química de High School que descobre estar com câncer. Desesperado, sem dinheiro e sem perspectivas de futuro ele resolve produzir a droga metanfetamina, muito popular nos Estados Unidos. Para se produzir esse tipo de substância só é necessário alguns produtos químicos e conhecimento técnico, coisa que Walter tem de sobra; Para tanto ele se alia a um jovem, seu ex-aluno e também usuário, Jesse Pinkman (Aaron Paul). No começo eles "cozinham" a droga num velho furgão no meio do deserto para depois vendê-la nas ruas de forma bem amadora. Conforme o produto se torna um sucesso nas ruas eles resolvem se aliar a um poderoso traficante e negociante de drogas, Gustavo 'Gus' Fring (Giancarlo Esposito). O que no começo parecia apenas uma parceria comercial bem sucedida logo se torna um jogo de roleta russa, com todos querendo eliminar todos pelo controle do poder dentro do narcotráfico. Para piorar ainda mais a situação Walter é cunhado do chefe local da DEA, o órgão de repressão ao tráfico de drogas nos EUA.

Breaking Bad é uma série excepcional porque lida com um aspecto que poucos se dão conta. O tráfico e a comercialização de drogas nos EUA tem atraído cada vez mais gente comum para seu mercado. Não são bandidos em essência, mas pessoas ditas acima de qualquer suspeita, com família, profissão, emprego. O caso de Walter é significativo nesse ponto. Ele é um professor comum, tem uma família normal mas sucumbe ao alto poder de lucro advento do comércio de drogas. Até o traficante Gus se enquadra nesse perfil. Ele tem um estabelecimento comercial do ramo de alimentação, é inserido dentro da sociedade local, admirado e querido por seus pares. O que ninguém desconfia é que seu grande poder econômico vem justamente da venda de Meta por todo o Novo México. Diante de tal desafio podemos assim ter uma idéia de quão complicado é combater a proliferação do comércio de drogas naquele país. É a pura lei da oferta e da procura, enquanto houver demanda sempre haverá alguém disposto a comercializar o produto, mesmo que seja um crime federal. Todas as temporadas são ótimas mas destaco o final da quarta temporada, realmente marcante. Destaque também para o elenco inspirado e a galeria de personagens carismáticos, como o próprio Saul (Bob Odenkirk), um advogado picareta sempre vivendo no fio da navalha.  Em suma, não deixe de conhecer Breaking Bad, uma das melhores séries surgidas na TV americana nos últimos tempos.

Em suma, essa é uma série que adoro! Costumo brincar afirmando que "Breaking Bad" é extremamente viciante! Bobagens à parte, o fato é que se trata de um daqueles seriados que você simplesmente não consegue deixar de acompanhar. Roteiro, direção e atuação de alto nível, um primor. É uma das melhores representantes da excelente fase pelo qual passa a televisão americana nesse momento. Pois bem, na minha opinião a série teria terminado no último episódio da Mid-season quando Hank Schrader (Dean Norris) descobre no banheiro, de forma completamente casual, que seu próprio cunhado, Walter White (Bryan Cranston) é o grande traficante de metanfetamina que ele tanto procurava nos últimos anos. Pense bem, se tudo tivesse terminado naquela última cena o final seria completamente aberto! Seria fantástico e cada espectador daria asas à sua própria imaginação para tentar entender o que iria ocorrer dali para frente.

Porém, não foi essa a visão dos produtores e do criador Vince Gilligan. Como "Breaking Bad" foi uma série de sucesso fenomenal resolveu-se ir adiante, até o fim. Aqui nesse episódio as coisas já estão completamente fora do controle. Walter contrata assassinos para matar Jesse - mas esses não querem dinheiro, apenas que ele ensine a fazer a meta azul que é sucesso de mercado. Walter aceita. Ele quer encontrar Jesse (Aaron Paul) e arma uma emboscada mas dá tudo completamente errado! Há uma tentativa de se localizar onde está todo o dinheiro de Walter - e eles chegam lá, mas haverá surpresas para todos os que se encontram naquele buraco árido. Um intenso tiroteio no meio do deserto encerra o episódio, o primeiro que realmente me empolgou nessa reta final de série (os anteriores me deixaram uma sensação ruim de que estavam enchendo linguiça). Faltam apenas dois episódios para que eu termine a longa caminhada de "Breaking Bad", que desde já, posso dizer que foi uma das melhores que assisti em minha vida. Espero que tudo termine em alto nível.

Breaking Bad (EUA, 2008 - 2012) Criado por Vince Gilligan / Elenco: Bryan Cranston, Anna Gunn, Aaron Paul, Giancarlo Esposito, Bob Odenkirk / Sinopse: Pacato professor de química do ensino médio, Walter White (Bryan Cranston) resolve começar a produzir e vender drogas.

Episódios comentados:

Breaking Bad 5.13 - To'hajiilee
Outra série que adoro! Costumo brincar afirmando que "Breaking Bad" é extremamente viciante! Bobagens à parte, o fato é que se trata de um daqueles seriados que você simplesmente não consegue deixar de acompanhar. Roteiro, direção e atuação de alto nível, um primor. É uma das melhores representantes da excelente fase pelo qual passa a televisão americana nesse momento. Pois bem, na minha opinião a série teria terminado no último episódio da Mid-season quando Hank Schrader (Dean Norris) descobre no banheiro, de forma completamente casual, que seu próprio cunhado, Walter White (Bryan Cranston) é o grande traficante de metanfetamina que ele tanto procurava nos últimos anos. Pense bem, se tudo tivesse terminado naquela última cena o final seria completamente aberto! Seria fantástico e cada espectador daria asas à sua própria imaginação para tentar entender o que iria ocorrer dali para frente. Porém, não foi essa a visão dos produtores e do criador Vince Gilligan. Como "Breaking Bad" foi uma série de sucesso fenomenal resolveu-se ir adiante, até o fim. Aqui nesse episódio as coisas já estão completamente fora do controle. Walter contrata assassinos para matar Jesse - mas esses não querem dinheiro, apenas que ele ensine a fazer a meta azul que é sucesso de mercado. Walter aceita. Ele quer encontrar Jesse (Aaron Paul) e arma uma emboscada mas dá tudo completamente errado! Há uma tentativa de se localizar onde está todo o dinheiro de Walter - e eles chegam lá, mas haverá surpresas para todos os que se encontram naquele buraco árido. Um intenso tiroteio no meio do deserto encerra o episódio, o primeiro que realmente me empolgou nessa reta final de série (os anteriores me deixaram uma sensação ruim de que estavam enchendo linguiça). Faltam apenas dois episódios para que eu termine a longa caminhada de "Breaking Bad", que desde já, posso dizer que foi uma das melhores que assisti em minha vida. Espero que tudo termine em alto nível. / Breaking Bad 5.13 - To'hajiilee (Estados Unidos, 2013) Direção: Michelle MacLaren / Roteiro: Vince Gilligan, George Mastras / Elenco: Bryan Cranston, Anna Gunn, Aaron Paul. 
 
Breaking Bad 5.15 - Granite State
Penúltimo episódio de Breaking Bad. O episódio anterior foi maravilhoso, com alta carga dramática e então tudo vai por terra nesse aqui que sinceramente falando me soou como gratuito, sem maior relevância. Walter White (Bryan Cranston) consegue escapar das garras da lei e vai parar em um lugar remoto, uma cabana no meio de uma montanha bem no meio de lugar nenhum. Um esconderijo perfeito para não ser encontrado por ninguém. O isolamento porém começa a mexer psicologicamente com White que não resiste e resolve ligar para o filho naquela que é sem dúvida a melhor cena do episódio. Do outro lado Jesse Pinkman (Aaron Paul) se torna cativo de seus algozes que procuram em essência seu talento para "cozinhar" Meta. Só ele ainda consegue fabricar a droga com alto grau de pureza, além da cor azul que tanto sucesso faz entre os drogados da região. Assim "Granite State" só serve mesmo como uma ante-sala do episódio final que espero não seja decepcionante.

Breaking Bad 5.16 - Felina
E assim, depois de cinco anos, cinco temporadas e 62 episódios, finalmente "Breaking Bad" chega ao seu final. Nos Estados Unidos a exibição desse episódio foi um evento e tanto, com ampla cobertura da mídia e excelentes pontos de audiência. Estava bem receoso, pensei que viria literalmente uma bomba pela frente, mas apesar de reconhecer que foi um pouco sem surpresas, gostei do resultado final. Escrevi a sentença "sem surpresas" porque realmente era algo esperado. O final de Walter White (brilhantemente interpretado por esse grande ator Bryan Cranston) vem bem de acordo com os padrões morais e éticos que imperam dentro da sociedade americana. Ele, seja por boas ou más razões, enveredou por esse mundo do tráfico de drogas e no final de tudo tinha que pagar por seus erros. White é seguramente um dos personagens mais fascinantes da história da TV americana. Um sujeito de uma personalidade complexa e cativante, que reflete bem o lado positivo e negativo de todas as pessoas. Uma de suas falas finais, ao reconhecer que gostava do que fazia pois o fazia se sentir vivo realmente é muito reveladora, mostrando o seu lado verdadeiro e sem retoques. Confesso que muitas vezes torci por Walter, até porque suas razões pareciam dignas em certo sentido, mas tenho que dar o braço a torcer e reconhecer que se o final não foi ousado ou surpreendente, pelo menos foi adequado e digno. Assim "Breaking Bad" deu adeus e não se enganem, deixará um enorme vácuo em seu lugar já que não visualizo nada atualmente em exibição que tenha tanta qualidade.

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 7 de novembro de 2012

300

Algumas coisas são importantes você saber de antemão sobre 300. Primeiro é que essa não é uma tentativa de reviver os antigos épicos do passado. Nunca foi a proposta de seus realizadores ter uma visão baseada em filmes como Ben-Hur ou até mesmo Alexandre, o Grade (me refiro ao original e não ao filme de Oliver Stone). Outra observação importante a fazer é que 300 não é uma produção que tenha como objetivo ser historicamente correta. Na realidade esse filme é uma adaptação de quadrinhos e como tal é pura cultura pop em movimento. Provavelmente seja a melhor adaptação de uma Graphic Novel jamais realizada, só ficando ombro a ombro com Sin City que também é extremamente bem realizado. Desse modo o que vemos em cena é puro estilo baseado na arte gráfica da publicação original. Muitos que foram assistir 300 não levaram essas questões em consideração e por isso não gostaram muito do resultado final. Acharam uma linguagem inovadora mas cansativa. De certa forma para gostar de 300 você também tem que gostar de quadrinhos caso contrário vai ficar complicado se inserir dentro do universo que é mostrado na tela.

A trama se passa no ano 480 a.c. O supremo Imperador da Pérsia, Xerxes (interpretado com afetação por Rodrigo Santoro), decide enviar seu poderoso e até aquele momento invencível exército para dominar e arrasar a Grécia, naquele momento um conjunto de Cidades- Estados independentes entre si, Muitas cidades resolvem sucumbir à terrível ameaça que vem do Oriente mas a cidade grega de Esparta, conhecida por possuir os melhores guerreiros de toda a Grécia resolve enfrentar Xerxes e suas legiões. São selecionados assim 300 dos mais virtuosos combatentes Espartanos. Resolvem lutar usando de um ponto geográfico muito específico que lhes dá grande vantagem estratégica. A partir daí a batalha épica tem seu começo. Como não poderia deixar de ser esse roteiro lida muito bem com honra, garra e persistência, louvando aquele sentimento nobre de nunca desistir, de lutar até o fim, morrendo de pé se necessário. Zack Snyder aqui dá uma boa amostra de seu estilo diferenciado, arrebatador. Junte a isso o excelente material de Frank Miller no qual o filme é baseado e assim temos  um dos melhores filmes de aventura dos últimos tempos. Provavelmente depois você vai se pegar gritando: "Espartaaaaaaaaaaaa..." em algum momento decisivo de sua vida.

300 (300, Estados Unidos, 2007) Direção: Zack Snyder / Roteiro: Zack Snyder, Kurt Johnstad, Michael B. Gordon baseado na obra de  Frank Miller e Lynn Varley / Elenco:  Gerard Butler, Vincent Regan, Lena Headey, David Wenham, Michael Fassbender, Rodrigo Santoro, Tom Wisdom, Andrew Tiernan, Dominic West, Andrew Pleavin./ Sinopse: Trezentos dos maiores guerreiros de Esparta resolve enfrentar o magnífico exército de Xerxes, imperador da Pérsia.

Pablo Aluísio.

007 Operação Skyfall

No ano em que se celebram os 50 anos do surgimento de James Bond no cinema chega nas telas o novo filme do personagem, um dos mais famosos da sétima arte. A boa notícia é que "007 Operação Skyfall" é o melhor da franquia com o ator Daniel Craig. A produção consegue ser fiel aos aspectos mais tradicionais de Bond com uma nova roupagem, mais atual, e de acordo com o cenário geopolítico em que vivemos. Como bem resume M (Judi Dench) o inimigo agora não tem bandeira, nem é uma nação organizada, mas sim criminosos internacionais sem rosto, sem nacionalidade, sem pátria. Obviamente o roteiro se refere aos grupos terroristas que hoje em dia assolam os países do primeiro mundo, em especial EUA e Inglaterra. Curiosamente porém o vilão, líder de um dessas organizações, não é um árabe muçulmano proveniente de algum país fundamentalista do Oriente Médio e sim um antigo membro do próprio serviço secreto britânico, numa excelente atuação do ator Javier Bardem, que surge em cena completamente à vontade com seu papel. De fato seu personagem é desde já um dos melhores antagonistas de Bond nessa longa franquia. Ao invés de tentar conquistar ou destruir o mundo, como vários vilões do passado, ele almeja apenas ter um acerto de contas com um alto membro do escalão da inteligência de sua majestade.

O roteiro como se percebe é bem construído, aproveitando o que há de melhor dentro da franquia. Objetos marcantes de Bond como seu carro Aston Martin e sua pistola preferida Walther PPK estão lá como ponte de ligação com os filmes anteriores, até porque certas coisas na franquia simplesmente não podem ser mudadas. Do mesmo modo as cenas de ação continuam presentes (e extremamente bem realizadas) como a luta no teto de um trem em movimento (algo que me lembrou alguns faroestes do passado) e um terrível confronto em uma fazenda isolada na Escócia. Essa parte da trama aliás é muito interessante pois revela aspectos da infância de Bond - algo que em tantos anos de série nunca foi bem explorado em cena. No mais vale a pena destacar a boa direção de Sam Mendes. Ele consegue criar todo um clima em cima das situações e o faz sem que o filme perca ritmo ou se torne enfadonho. Assim se você é fã de Bond a produção é obrigatória. Uma película acima da média que faz jus ao aniversário do famoso agente inglês no cinema.

007 - Operação Skyfall (Skyfall, Estados Unidos, Inglaterra. 2012) Direção: Sam Mendes / Roteiro: Neal Purvis, Robert Wade, John Logan / Elenco: Daniel Craig, Javier Bardem, Judi Dench, Naomie Harris, Bérénice Marlohe, Ralph Fiennes, Albert Finney, Ben Whishaw, Rory Kinnear, Helen McCrory / Sinopse: Uma lista contendo o nome e os locais onde atuam agentes do serviço secreto britânico caem nas mãos de uma rede terrorista que não demora a publicar na internet os dados sigilosos, levando vários deles à morte. Para tentar recuperar a lista e desvendar quem é o líder dessa nova organização terrorista o serviço secreto de sua majestade envia Bond, James Bond.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 6 de novembro de 2012

A Rainha

O filme se propõe a ser um retrato daquele que provavelmente foi o momento mais marcante dessa nova monarquia britânica: a morte da Princesa Diana. O foco é então desviado para o lado mais humano da Rainha Elizabeth II, aqui brilhantemente interpretada pela talentosa Helen Mirren. Após a morte de Diana em Paris a realeza inglesa ficou em certo impasse pois era fato conhecido de todos que as relações entre a Rainha e Diana estavam longe de serem cordiais ou amenas. A princesa havia se divorciado de Charles e estava tendo um romance um tanto escandaloso com Dodi Al-Fayed, herdeiro da cadeia de lojas Herrod´s, um envolvimento amoroso que causava um constrangimento generalizado na monarquia e que era desaprovado sem reservas pela Rainha. Como se não bastasse esse comportamento nada discreto e elegante da mãe do futuro Rei da Inglaterra, Diana ainda escancarava a vida privada da nobreza de forma vergonhosa para a imprensa, mostrando aspectos íntimos da vida familiar do Palácio de Buckingham. Assim quando morreu naquele trágico acidente a Rainha se viu em um impasse tremendo: se mostrar fria e indiferente ao acontecimento, mantendo sua postura e fleuma, ou demonstrar tristeza profunda pela morte da Princesa. Nesse momento entra em cena a atuação do Primeiro-Ministro Tony Blair (Michael Sheen), que tentará mudar a mentalidade da monarca britânica. 

Elizabeth não quis assistir ao filme pois se sentiu bastante desconfortável ao ser retratada nas telas. Além disso resumiu seu sentimento em relação ao filme ao declarar: " não quero relembrar uma das piores semanas de minha vida". Excesso de zelo certamente pois "A Rainha" é uma produção do mais alto nível, com roteiro caprichosamente escrito, tentando sempre se manter de forma bastante fiel aos fatos históricos. É certo que Diana passava longe de ser uma nobre com comportamento adequado mas diante de sua popularidade imensa perante a população, fruto de seu carisma e atos de boa vontade, a Rainha teve que dar o braço a torcer, declarando imenso pesar pela morte de sua ex-nora. A Academia gostou bastante do resultado final e "A Rainha" conquistou o Oscar de Melhor Atriz (Helen Mirren) e foi indicado aos de Figurino, Direção, Trilha Sonora, Melhor Filme e Roteiro Original. O reconhecimento continuou nos prêmios do Globo de Ouro e Bafta onde venceu nas categorias Atriz e filme. Nada mal para uma produção luxuosa e elegante, digna de uma verdadeira Rainha.

A Rainha (The Queen, Estado Unidos / Inglaterra, 2006) Direção: Stephen Frears / Roteiro: Peter Morgan / Elenco: Helen Mirren, Michael Sheen, James Cromwell, Sylvia Syms./ Sinopse: Na semana da morte da Princesa Diana a Rainha Elizabeth II fica em um impasse: se manter o mais longe possível da tragédia ou se envolver pessoalmente mostrando o pesar pela morte da  Princesa.

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 5 de novembro de 2012

Cockneys vs Zombies

Você provavelmente já assistiu muitos filmes de zumbis mas obviamente eram zumbis americanos. Esse aqui inova um pouquinho pois os monstros são ingleses, na Londres de hoje. A estória é básica: um grupo de operários acaba encontrando uma câmara medieval e resolvem entrar dentro para ver se há alguma coisa de valor lá. Ao adentrarem o ambiente descobrem que certamente não existe ouro nem prata mas sim zumbis que foram lacrados lá dentro por séculos. Depois de libertados os zumbis começam a contaminar toda a população da capital britânica. Crianças, velhos, jovens, ninguém escapa. Ao mesmo tempo em que a contaminação se espalha um grupo de jovens da classe trabalhadora (cockney) decide radicalizar, entrando em uma agência bancária para roubar o pagamento de uma grande empresa. Ao saírem do assalto encontram as ruas tomadas por zumbis. Bom, já deu para ver que o roteiro é praticamente nulo. O filme se diferencia dos demais por dois motivos: Primeiro é um terror que usa e abusa de situações de humor. Pra falar a verdade embora existam cenas com muito sangue e violência - como convém a um filme de zumbis - o filme nunca chega a assustar realmente pois é em essência um "terrir" - um terror que faz rir. Não é um terror de verdade, está mais para comédia com Zumbis. Tem algumas cenas gore mas são básicas.

A segunda coisa que chama a atenção é o fato do filme levar a assinatura de um estúdio de respeito na Europa. A distribuição é do Studiocanal +. Essa produtora é conhecida pelos filmes de alto nível que produz, então causa surpresa que eles agora tenham entrado no ramo dos zumbis! Para quem tem seu nome associado a filmes de arte é uma mudança e tanto de direção. O filme foi realizado com orçamento modesto e só foi exibido em 10 salas no Reino Unido, o que mostra bem seu lado mais independente, quase amador. O roteiro é certamente inspirado em filmes de quinta categoria mas até que consegue divertir. O fato é que "Cockneys vs Zombies" investe no humor tipicamente inglês o que dá origem a cenas bem nonsense como um grupo de velhinhos aposentados armados até os dentes atirando nas cabeças dos mortos vivos ou uma engraçada perseguição de um zumbi a um velhinho com problemas de locomoção, que acaba usando um andador para fugir do monstro! Enfim, se você procura um filme realmente arrepiante não encontrará aqui. Por outro lado se estiver com vontade de assistir a um filme sem muita noção, que aposta alto nas cenas de humor negro inglês então pode ser até uma opção razoável.

Cockneys vs Zombies (Inglaterra, 2012) Direção: Matthias Hoene / Roteiro: James Moran, Lucas Roche /  Elenco: Michelle Ryan, Georgia King, Alan Ford / Sinopse: Após Zumbis serem desenterrados de uma antiga câmara mortuária da era medieval, um vírus se espalha pela Londres atual, contaminando toda a população. Para tentar fugir da cidade um grupo de jovens assaltantes de banco tenta sobreviver à proliferação da peste.

Pablo Aluísio. 

Soldado Universal 4

Faz 20 anos que o primeiro Soldado Universal surgiu nos cinemas. De lá pra cá a franquia contou com mais duas continuações e agora para comemorar os 20 anos da série surge a quarta produção sobre o tema. É verdade que a primeira reação quando se ouve falar em Soldado Universal 4 é de que se trata de alguma película caça-níqueis feita para faturar um dinheiro extra com as famas de Van Damme e Dolph Lundgren. A surpresa é que o resultado final fica muito longe do medíocre ou do desprezível, pelo contrário, Soldado Universal 4 consegue, de forma bem improvável, injetar ideias novas nesse universo. A primeira cena já mostra que vem coisa boa por aí. Um grupo de criminosos invade uma casa - encapuzados agridem o pai que desce para ver o que estava ocorrendo. Tudo é passado em primeira pessoa, ou seja, câmera subjetiva onde o espectador vê o que ocorre pelos olhos do dono da casa invadida. Após vários espancamentos finalmente a filha e a mãe é trazida para o andar de baixo e um dos criminosos tira sua máscara. É Van Damme que finalmente comete uma barbaridade incrível. Esse é apenas o ponto de partida da trama que vai se desvendando aos poucos aos olhos do espectador. De forma gradual o quadro vai se revelando e nesse processo o filme ganha muitos pontos positivos.

Para os fãs do belga e do sueco é bom esclarecer que eles não têm participação muito ativa nos acontecimentos. Van Damme, por exemplo, surge em alucinações na cabeça de John (Scott Adkins), o pai que viu sua família sofrer no começo do filme. Menos atuante ainda é a participação de Dolph Lundgren. De fato há apenas duas boas cenas com ele. Em um discurso em prol da liberdade das antigas cobaias do projeto Soldado Universal e em uma luta perto do clímax, em coreografia bem executada. O personagem principal do filme é interpretado pelo ator  Scott Adkins (que também está em Os Mercenários 2). Sua melhor cena é a luta final com Van Damme que aqui usa uma pesada maquiagem. No final das contas o roteiro de Soldado Universal 4 é o grande atrativo (quem diria?) e chega até mesmo a surpreender pelas boas ideias colocadas ao longo do filme. Há várias referências evocando outros filmes famosos no texto, que é inegavelmente bem escrito, para grande surpresa de quem vai pensando que se trata de um mero filme de pancadaria. Dentro de seu gênero Soldado Universal 4 é realmente de se admirar. Se gosta desse tipo de produção não deixe de assistir.

Soldado Universal 4 - Juízo Final (Universal Soldier: Day of Reckoning, Estados Unidos, 2012) Direção: John Hyams / Roteiro: John Hyams / Elenco: Jean-Claude Van Damme, Scott Adkins, Dolph Lundgren, Kristopher Van Varenberg,  Mariah Bonner / Sinopse: John (Scott Adkins) é um pai de família que presencia um terrível crime contra sua esposa e filha após sua casa ser invadida por criminosos. Procurando por vingança ele acaba descobrindo que nada é o que aparenta ser.

Pablo Aluísio.

domingo, 4 de novembro de 2012

Frost / Nixon

Nem sempre a história é tão interessante do ponto de vista dramático que justifique sua transposição de forma fiel para os palcos ou para as telas. Um exemplo é esse "Frost / Nixon". O filme enfoca a polêmica sessão de entrevistas que o ex-presidente norte americano Richard Nixon concedeu ao jornalista inglês David Frost em 1977. Como se sabe Nixon havia renunciado ao seu cargo após o escândalo de Watergate. O que todos queriam saber era se Nixon confessaria ou não sua participação nos eventos que o levaram à renúncia do cargo mais poderoso do planeta. Na realidade dos fatos Nixon jamais confessou publicamente que teria participado de todos aqueles atos ilegais, nem na entrevista com David Frost e nem em lugar nenhum. Porém como isso tiraria grande carga de dramaticidade para a peça original em que o filme foi baseado, optou-se por alguns desvirtuamentos dos fatos reais. Com isso a peça e consequentemente o filme se tornaram bem mais interessantes do ponto de vista da pura dramaturgia, embora nesse processo tenham também perdido sua veracidade histórica. Mesmo com todas essas observações o filme não conseguiu escapar de um verdadeiro bombardeamento por parte da imprensa americana que o acusou de ser uma mera peça de ficção, sem qualquer laço com a entrevista real. Fred Schwarz, jornalista do prestigiado National Review sedimentou sua opinião da seguinte forma: "Frost / Nixon é uma tentativa de usar a história, transformar em retrospectiva uma derrota em uma vitória."

É curioso como Richard Nixon ganhou status de grande estadista perto de sua morte. Quando renunciou ele teve sua imagem pública destruída mas ao longo dos anos foi recuperando sua reputação e morreu sendo ovacionado pela grande imprensa americana, a mesma que tanto contribuiu para sua queda monumental. Para interpretar um personagem com tantas nuances e detalhes psicológicos e de personalidade, apenas um ator como Frank Langella poderia se sair bem sucedido. Ele passa longe de ser fisicamente parecido com Nixon e dispensou uso de maquiagem para fazer o papel, algo que Anthony Hopkins usou em excesso no filme de Oliver Stone e que acabou lhe tirando parte importante de sua expressão facial. Aqui Langella preferiu surgir em cena de cara limpa. O resultado é realmente maravilhoso pois em grande parte do filme esquecemos completamente da face do verdadeiro Nixon e nos concentramos na caracterização de Langella que é realmente soberba. Injustamente não venceu o Oscar de melhor ator, perdendo o prêmio mais esperado. Aliás o filme apesar de indicado para todos os principais prêmios da Academia (filme, ator, direção, roteiro adaptado e edição) saiu de mãos vazias da premiação. Fruto talvez da má vontade de certos articulistas que centraram fogo contra o filme. Não faz mal, "Frost / Nixon" está acima disso. Um filme inteligente com roteiro marcante que vai certamente agradar os espectadores que prezam por um bom filme embasado em grandes atuações.

Frost / Nixon (Estados Unidos, 2009) Direção:  Ron Howard / Roteiro: Peter Morgan / Elenco: Frank Langella,  Michael Sheen, Michael Sheen, Sam Rockwell, Kevin Bacon, Matthew MacFadyen, Oliver Platt, Rebecca Hall / Sinopse: Frost / Nixon mostra os bastidores, os acertos e finalmente a entrevista que o ex-presidente Richard Nixon concedeu ao jornalista inglês David Frost na década de 70.

Pablo Aluísio.

Elvis Presley - That's The Way It Is

Essa é a trilha sonora do filme "Elvis é Assim" da MGM. Na ocasião o estúdio ainda tinha Elvis sob contrato e com sua volta aos palcos decidiu-se filmar o cantor ao vivo em Las Vegas. Seria mais barato e bem mais interessante já que seus filmes convencionais vinham cambaleando já há um bom tempo. Hoje o fã de Elvis agradece de joelhos a decisão da Metro pois nos legou ótimas imagens dos concertos do grande astro nessa cidade em 1970. Se não fosse pelo documentário teríamos ficado privados de tantos momentos especiais. Esse disco tem algumas curiosidades. Por se tratar de um documentário de um show ao vivo era de se esperar que o material do álbum fosse retirado diretamente das apresentações mas isso não ocorre. É basicamente um disco de estúdio,gravado por Elvis em Nashville. Ao vivo mesmo apenas poucas faixas sendo as mais marcantes "I Just Cant't Help Believin'" e "You've Lost That Lovin' Feelin'". O Elvis que surge nas músicas desse trabalho passa llonge do roqueiro rebelde da década de 1950. É um novo artista, com novo repertório, de músicas emocionais, baladas românticas e instrumental caprichado. O roqueiro de brilhantina cantando sobre chicletes, cachorros quentes, sapatos azuis e ursinhos de pelúcia já não fazia sentido para um homem de sua idade, com novos interesses e sentimentos.

Também esqueça a trágica imagem de seus últimos dias quando o excesso de drogas abalou o ser humano de forma cruel. Aqui Elvis ainda mantinha uma boa forma física, com apresentações viris e empolgantes que em nada ficavam a dever ao rebolativo roqueiro da década de 50. Algumas pessoas acham que ao longo dos anos Elvis ficou muito depressivo, cantando sobre o amor perdido. Pois é justamente o tema central dessa seleção de músicas. A única canção que destoa um pouco desse estilo é a agitada "Patch It Up" que injeta uma boa dose de energia no repertório contemplativo das demais gravações. Particularmente gosto muito da simplicidade emotiva de "Mary In The Morning" e do refrão kármico de "I've Lost You". Apesar da boa seleção a música que define todo o trabalho é realmente a monumental  "Bridge Over Troubled Water". A versão original era de Paul Simon mas ele, apesar de bom cantor, tinha uma voz pouco expressiva e de impacto. No vozeirão de Elvis a canção ganha adornos de suntuosidade extrema, beirando o operístico. Um registro indicado para quem ainda acredita que Elvis se resumia a sua Pelvis rebolante escandalzadora..Então fica a dica para quem quiser conhecer um Elvis Presley mais romântico, cantando o amor sem receios. Um bom álbum de um artista único.

Elvis Presley - That's The Way It Is (1970)
I Just Cant't Help Believin'
Twenty Days And Twenty Nights
How The Web Was Woven
Patch It Up
Mary In The Morning
You Don't Have To Say You Love Me
You've Lost That Lovin' Feelin'
I've Lost You
Just Pretend
Stranger In The Crowd
The Next Step Is Love
Bridge Over Troubled Water]

Pablo Aluísio.

sábado, 3 de novembro de 2012

The Killing

Outra série que tem me chamado muita atenção nos últimos meses é The Killing. Eu sou fã das produções do canal AMC. Para quem já produz Mad Men, Breaking Bad, Hell On Wheels e outras não poderia haver erro. Por isso comecei a acompanhar The Killing. No começo o clima sórdido, sombrio, fez com que o desenrolar da trama se tornasse pesado, penoso até, mas isso faz parte da característica da série em si. Já conhecemos a feia cidade de Seattle de outros programas como Grey´s Anatomy, Rookie Blue etc, mas nunca a cidade esteve tão realista como aqui. Chove o tempo todo, há um clima de depressão no ar e o espectador é logo encoberto pelo sufocante ar local. Além de escura a cidade é úmida pois é cercada de florestas por todos os lados. Para completar ainda não tem o melhor dos aromas pois é uma cidade portuária - com aqueles portos bem decrépitos, sujos e mal conservados. Não poderia assim haver melhor local para se passar essa estória.

Na trama acompanhamos dois policiais tentando desvendar a morte de uma adolescente que foi encontrada dentro do porta-malas de um carro afundado em um lamaçal local. Após investigações se descobre a identidade da garota. O problema básico é que sua morte parece estar ligada a uma rede de prostituição da cidade cujos serviços são fartamente utilizados por poderosos e políticos influentes da região. Pois é, não é apenas no Brasil que políticos poderosos usam e abusam de redes de prostituição - lá no "puritano" Estados Unidos parece acontecer a mesma coisa. Obviamente como há peixe grande na rede os tiras enfrentarão todos os tipos de problemas para solucionar o assassinato. O elenco é muito interessante. A policial Linden é interpretada pela talentosa Mireille Enos. Ela parece estar sempre com problemas. Além da vida profissional tem que se virar para cuidar de um filho entrando na adolescência sem a ajuda do pai do garoto. É uma realidade estressante ao extremo. Já o outro tira é o oposto dela. Ex-viciado, com jeito de marginal de rua, sua caracterização feita pelo ator Joel Kinnaman é acima da média. Ele inclusive está timidamente entrando também no cinema agora com filmes como o novo Robocop. Enfim, "The Killing" é uma ótima pedida para quem gosta de séries policiais com tramas de mistério envolvendo assassinatos. É viciante porque você sempre vai correr atrás das pistas, o levando a um novo episódio e a outro e a outro... nesse processo a diversão estará garantida. Não deixe de conhecer.

The Killing (The Killing, EUA, 2011 - 2012) Direção: Ed Bianch, Phil Abraham, Phil Abraham / Roteiro: Veena Sud, Søren Sveistrup, Jeremy Doner / Elenco:  Mireille Enos,  Billy Campbell,  Joel Kinnaman / Sinopse: Rosie Larsen (Katie Findlay) é uma adolescente encontrada morta no porta-malas de um carro abandonado. Para descobrir quem a matou os policiais Sarah Linden (Mireille Enos) e Stephen Holder (Joel Kinnaman) são designados pelo Departamento de Polícia. O que encontrarão pelo caminho os levará direto a grandes figurões da cidade de Seattle.

Episódios comentados:

The Killing 3.01 - The Jungle
Uma jovem garota de apenas 14 anos de idade, que trabalha como prostituta nas ruas de Seattle, é encontrada morta. O assassinato é extremamente violento, com requintes de grande crueldade. Imediatamente o detetive Stephen Holder (Joel Kinnaman) é indicado para solucionar o crime. Ele logo relembra de um antigo caso que foi investigado por sua ex-parceira, Sarah Linden (Mireille Enos). O método de execução é o mesmo e o modus operandi do assassino se mostra semelhante ao que Linden teve que lidar no passado. A questão porém é que um homem foi acusado dos crimes anteriores e atualmente se encontra no corredor da morte, mas pelo visto o verdadeiro serial killer continua à solto. O alvo acaba sendo basicamente o mesmo: jovens garotas que vagam pelas ruas da grande cidade. Teria mesmo havido um erro nas investigações de Linden no caso original? Na outra linha narrativa acompanhamos duas garotas jovens que passam o dia pelas ruas de Seattle - uma delas consegue uma cama quente para passar a noite numa instituição religiosa, já a outra  que foi expulsa de casa pela própria mãe (que mais parece uma daquelas mulheres sem quaisquer valores morais) fica no meio da rua e sem alternativas acaba entrando em um carro na madrugada para mais um programa. Pode ser o serial killer agindo novamente. Esse segmento do enredo é muito interessante porque mostra o outro lado da sociedade americana, onde existe muita pobreza, miséria e falta de perspectivas, principalmente pelos mais jovens que muitas vezes ficam desempregados e são colocados à margem da sociedade. Uma boa amostra para quem acha que a América é a terra dos sonhos, onde tudo é fácil e simples. Pelo contrário. A realidade da moçada que vive pelas ruas de Seattle é muito triste. Jogadas à própria sorte elas tentam sobreviver embaixo do frio e da chuva. Esse é o primeiro episódio da terceira temporada da premiada e consagrada série "The Killing". Na primeira e segunda temporadas tive uma sensação ruim que os roteiristas esticavam ao máximo a trama, causando um certo cansaço no espectador. De fato havia uma certa lentidão em desenvolver os personagens e solucionar os mistérios, mesmo assim nunca deixei a série de lado porque de fato havia um produto de qualidade ali. Esse certo marasmo era fruto da própria característica dos escritores, uma maneira de seguir os passos dos programas europeus, que possuem esse timing diferenciado das séries americanas. O que não se pode negar é que se trata de mais um bom seriado da AMC, canal maravilhoso que ultimamente tem chegado a competir até mesmo com a poderosa HBO. A iniciativa é a mesma: produzir séries que fujam do lugar comum. / The Killing 3.01 - The Jungle (EUA, 2013) Direção: Ed Bianchi / Roteiro: Veena Sud / Elenco: Mireille Enos, Joel Kinnaman, Elias Koteas.

The Killing 3.02 - That You Fear the Most
Sarah Linden (Mireille Enos) deixou o seu serviço na polícia de Seattle. Velhos hábitos porém são complicados de se deixar de lado. Ela acaba se envolvendo novamente em uma investigação policial. Procurada por seu antigo parceiro, Stephen Holder (Joel Kinnaman), ela descobre alarmada que o modos operandi de um serial killer que ela investigou no passado está de volta. O problema é que há uma pessoa no corredor da morte acusado justamente daqueles crimes! Assim ela teme ter condenado a pessoa errada, deixando o verdadeiro psicopata solto. Ela então se empenha em cumprir uma investigação informal do crime e acaba descobrindo que, assim como acontecia nos crimes do passado, esse assassino também é daqueles que levam uma lembrança de suas vítimas, no caso anéis que ele retira das jovens moças que assassina. Além disso através dos desenhos de um garoto ela acaba descobrindo uma vala, bem no meio da floresta, cheia de corpos de jovens garotas! O terror, ao que tudo indica, está de volta à sua vida! Se você gosta de boas séries policiais "The Killing" é uma boa pedida. Extremamente bem escrita e produzida sempre apresenta roteiros instigantes e viciantes. Não deixe de assistir. / The Killing 3.02 - That You Fear the Most (EUA, 2013) Direção: Lodge Kerrigan / Roteiro: Veena Sud, Dan Nowak / Elenco: Mireille Enos, Joel Kinnaman, Elias Koteas.

The Killing 3.05 - Scared and Running
As duas primeiras temporadas de "The Killing" exigiram uma certa dose de paciência, isso porque a trama foi sendo alongada além do necessário em minha opinião. Nessa terceira temporada a história está fluindo de maneira muito mais eficiente. O caso policial central envolve o desaparecimento de uma jovem adolescente, uma garota filha de uma família completamente desestruturada. Vivendo pelas ruas ao lado de outros jovens pobres e desamparados como ela, logo se torna alvo de um pedófilo insano que curte realizar vídeos de pedofilia dentro da pousada de sua própria mãe, localizada na região mais pobre e miserável de Seattle. Para piorar esse quadro por si só já tão terrível, muitas delas foram mortas após participarem dessas fitas. Resta a Linden (Mireille Enos) e Holder (Joel Kinnaman) tentar encontrar o paradeiro da jovem antes que ela seja assassinada também. Assim nesse episódio eles promovem várias buscas, nos bosques, nos arredores, até mesmo dentro de canos de aquedutos abandonados. No centro de todo o problema parece estar a própria mãe da menina desaparecida. Uma mulher imatura, que ficou grávida na adolescência, se tornou mãe solteira e viu de certa forma sua vida ser destruída aos pedaços. Mal ligando para a filha ela acabou se envolvendo com homens errados ao longo dos anos. Agora, ao que tudo indica, ela realmente perdeu o rumo completamente, se envolvendo emocionalmente com aquele que pode ser justamente o assassino de sua filha. / The Killing 3.05 - Scared and Running (EUA, 2013) Direção: Daniel Attias / Roteiro: Veena Sud, Coleman Herbert / Elenco: Mireille Enos, Joel Kinnaman, Elias Koteas.

The Killing 3.06 - Eminent Domain
A série "The Killing" é um caso curioso. As duas primeiras temporadas esticaram em demasia uma trama que facilmente caberia em apenas uma. Mesmo assim, exigindo uma dose extra de paciência por parte do espectador, resolvi seguir em frente, mesmo em que em determinados momentos tenha mesmo ficado irritado com a falta de um ritmo mais eficiente no desenrolar dos acontecimentos. Nessa terceira temporada os roteiristas acertaram na mão. Na verdade a série é muito boa, daquelas em que você mesmo não estando plenamente satisfeito não abre mão. Conforme os episódios avançam vamos entendendo a importância do trabalho do ator Joel Kinnaman dentro do programa. Ele que está começando também uma boa carreira no cinema (vide os recentes "RoboCop" e "Noite Sem Fim") acabou se tornando a alma desse seriado. Pois bem, nessa nova temporada ficamos sabendo que Sarah Linden (Mireille Enos) cometeu um erro crucial no passado quando indiciou em seu inquérito policial o suspeito Ray Seward (Peter Sarsgaard) de ter matado a própria esposa. Levado a julgamento acabou condenado à morte. Os episódios acompanham sua rotina em direção ao cadafalso, ao mesmo tempo em que mostra sua resignação em tudo o que lhe foi imputado. Em "Eminent Domain" seu vizinho de cela no corredor da morte não aguenta mais a pressão de estar naquele buraco há mais de 3 anos e resolve colocar um fim em tudo, se matando enforcado com o próprio lençol da cama. Ray assiste a tudo, impassível. Enquanto isso Linden e Holder (Kinnaman) continuam atrás de um pedófilo assassino que grava filmes pornôs com menores de idade para depois os assassinar, jogando seus corpos em uma floresta próxima de Seattle. Barra pesada. Não houve nenhum acontecimento mais importante nesse episódio, mas isso não significa que ele seja irrelevante para quem anda acompanhando essa temporada. Só espero que os roteiristas não voltem a enrolar como aconteceu nas temporadas passadas. / The Killing 3.06 - Eminent Domain (EUA, 2013) Direção: Keith Gordon / Roteiro: Veena Sud, David Wiener / Elenco: Mireille Enos, Joel Kinnaman, Elias Koteas.

The Killing 3.07 - Hope Kills
A vida não é fácil, principalmente se você é jovem, pobre e lésbica nas ruas de Seattle. Assim como acontece no Brasil, quando muitos homossexuais precisam se entregar à prostituição para sobreviver, o mesmo ocorre nos Estados Unidos. Nessa temporada de "The Killing" acompanhamos um grupo de garotas que passam os seus dias pelas ruas da cidade, trocando sexo barato por alguns trocados. Quando várias delas são mortas brutalmente a dupla de policiais Sarah Linden (Mireille Enos) e Stephen Holder (Joel Kinnaman) entram no caso para tentar descobrir a verdadeira identidade do assassino em série. Para sua surpresa as investigações acabam levando à figura de um renomado pastor protestante da região, que inclusive trabalha em um abrigo para jovens sem teto. Pensando bem, não poderia haver melhor lugar para um psicopata desses trabalhar. Ao lidar com jovens desamparadas ele acaba se tornando o próprio protótipo do lobo em vestes de ovelha. Para Holder ele se enquadra perfeitamente no perfil do criminoso pedófilo e assassino. Insistindo em seguir seus instintos, ele acaba descobrindo no departamento de polícia que o sujeito definitivamente não é quem diz ser e o pior de tudo: ele estaria usando uma identidade falsa, de um homem que teria morrido há 2 anos. Com o cerco fechado não existem maiores dúvidas sobre sua real intenção. Com uma ficha criminal que o aponta como indiciado em um desaparecimento de outra jovem no Arizona, o mistério vai realmente sendo solucionado. Mais um bom episódio de "The Killing", excelente série policial que se passa na ruas sinistras e alagadas dessa feia e escura Seattle (pelo visto chove todos os dias sem parar por lá!). Enfim, se não conhece e não acompanha a série, nunca é tarde para começar. / The Killing 3.7 - Hope Kills (EUA, 2013) Direção: Tricia Brock / Roteiro: Veena Sud, Brett Conrad / Elenco: Mireille Enos, Joel Kinnaman, Elias Koteas.

The Killing 3.08 - Try
A agente Sarah Linden (Mireille Enos) cai em uma armadilha. Sem saber acaba se tornando refém em seu próprio carro. O sequestrador é o pastor cujas investigações apontam como o responsável pela morte das jovens e adolescentes que se utilizam do abrigo que ele administra. Um teto provisório nas noites frias para adolescentes que passam o dia pelas ruas. Um disfarce perfeito para pedófilos assassinos em geral. Com uma arma na cabeça, o sujeito manda Linden dirigir, indo para uma região isolada. Ela então fica planamente convencida que chegara finalmente sua hora pois provavelmente será morta em um lugar inóspito bem no meio da floresta. Como último recurso de sobrevivência ela consegue deixar seu rádio ligado sem que o criminoso perceba, o colocando bem escondido ao lado de sua cadeira, obviamente com a intenção de chamar a atenção dos outros policiais que agora começam a sentir sua falta. Para sorte dela seu parceiro, Stephen Holder (Joel Kinnaman), consegue captar ao ouvir a transmissão clandestina uma dica preciosa passada por ela, dando a direção para onde está indo, um antigo píer desativado em Seattle. A partir daí tudo vira um jogo de gato e rato, onde o mais importante de tudo é tentar sobreviver. Um excelente episódio, com carga de suspense na medida certa. Inicialmente, pelo andar da carruagem, você ficará quase convencido que Linden será mesmo morta! Os roteiristas conseguiram criar um clima de tensão que permeia toda a trama. Além disso o desfecho é bem fora do que usualmente se espera, fugindo do lugar comum em situações como essa! Fora dos padrões e muito bem idealizado. Dessa terceira temporada é certamente um dos melhores episódios. / The Killing 3.08 - Try (EUA, 2013) Direção: Lodge Kerrigan / Roteiro: Veena Sud, Nic Sheff / Elenco: Mireille Enos, Joel Kinnaman, Elias Koteas.

The Killing 3.09 - Reckoning
Finalmente depois de vários episódios em busca de um assassino de jovens adolescentes que vivem pelas ruas de Seattle, os policiais Sarah Linden (Mireille Enos) e Stephen Holder (Joel Kinnaman) descobrem sua verdadeira identidade. Aqui surge um aspecto curioso. O verdadeiro assassino já havia surgido na série como suspeito bem lá atrás, ainda nos primeiros episódios. Depois os roteiristas colocaram outros suspeitos no meio de caminho e só agora, na reta final da temporada, voltaram a ele. Muitos não gostaram muito disso, acusando a série de ter enrolado durante muito tempo. Na minha forma de ver a situação isso é de até esperado. Não iriam resolver o caso tão facilmente como se esperava - até porque se isso acontecesse a temporada teria no máximo quatro a cinco episódios. Enganando o espectador, o levando a acreditar em falsas pistas, a coisa rendeu bem mais. O pesar nesse episódio vem pela morte de Bullet (Bex Taylor-Klaus), uma garota lésbica que serviu de informante para Holder durante grande parte da temporada. O curioso é que muita gente pensa que se trata de um ator interpretando uma garota lésbica, mas na verdade a Bex é realmente uma menina, bonita e tão talentosa que muita gente boa por aí pensou que era realmente um jovem rapaz interpretando sua personagem feminina. Pois bem, a morte de Bullet mexe mesmo com Holder. O cara simplesmente desaba, desabafando sobre si mesmo. Ele ainda se vê como um doidão viciado em metanfetamina! Para piorar ele confunde as coisas e tenta de forma bem desastrada beijar sua própria colega, Linden, que desvia no último segundo, gerando um enorme constrangimento entre os dois! (não tem jeito, sempre que uma série mostra dois policiais parceiros em atividade, mais cedo ou mais tarde a tensão sexual entre eles acaba despertando esse tipo de situação). Afinal, quem realmente ainda acredita que um homem e uma mulher que se sentem atraídos um por outro, podem ser apenas bons amigos? / The Killing 3.09 - Reckoning (EUA, 2013) Direção: Jonathan Demme / Roteiro: Veena Sud, Dan Nowa / Elenco: Mireille Enos, Joel Kinnaman, Elias Koteas.

The Killing 3.10 - Six Minutes
Esse episódio é todo centrado na execução do personagem Ray Seward (Peter Sarsgaard, ótimo em cada momento). Ele foi condenado a morrer na forca após ser condenado pela morte de sua esposa na frente de seu próprio filho, um garotinho de apenas 10 anos de idade. Sarah Linden (Mireille Enos) acredita que ele pode ser inocente, uma vez que um anel pertencente a sua esposa foi encontrado entre os souvenirs das vítimas de um pedófilo assassino que foi preso (em trama explorada no episódio anterior). Assim as últimas horas de vida de Ray acabam se transformando numa verdadeira maratona para Linden. Ela tenta um adiamento com o Procurador-Geral, tentando de todo jeito evitar que Ray seja pendurado na corda. Nesse meio tempo ela acaba tendo uma surpresa desagradável ao encontrar o filho de Ray, que foi lhe fazer a última visita antes de sua morte. O garoto, em sua inocência, acaba dizendo a Linden que seu pai estava presente mesmo no momento da morte de sua mãe e que ele definitivamente nunca foi a pessoa inocente como ela pensa crer. Que reviravolta! Com essa mudança de visão da realidade, do que realmente aconteceu, a cabeça de Linden entra em parafuso e ela não consegue mais saber em que direção deve seguir. Continuar tentando o adiamento da execução ou deixar ele morrer para que se cumpra enfim a justiça? Dessa temporada esse é seguramente um dos melhores episódios, não apenas por mostrar os últimos momentos de um condenado no corredor da morte, mas também por explorar as várias nuances que a personalidade humana pode apresentar, ora surgindo como um inocente sendo condenado injustamente à morte, ora mostrando como para muitos psicopatas é fácil vestir a vestimenta do coitadismo e do vitimismo. Uma boa aula sobre a complexidade da alma humana. / The Killing 3.10 - Six Minutes (EUA, 2013) Direção: Nicole Kassell / Roteiro: Veena Sud / Elenco: Mireille Enos, Joel Kinnaman, Elias Koteas.

The Killing 3.11 - From Up Here
Eu costumo dizer que "The Killing" é uma das melhores séries policiais da TV americana, mas você precisará ter uma dose extra de paciência para acompanhar. Na verdade muito de seu sucesso se deve ao par de detetives policiais formado por Sarah Linden (interpretada pela ruiva e talentosa Mireille Enos) e Stephen Holder (sempre com boas atuações de Joel Kinnaman, sim ele mesmo, o ator que estrelou o novo remake de RoboCop). A cada temporada há um novo psicopata a se caçar. A questão é que os episódios acabam se revelando intrigados ao extremo, com reviravoltas em torno de reviravoltas. Assim não estranhe se você passar toda a temporada pensando que o criminoso é um determinado personagem para no final surgir de dentro da cartola a verdadeira identidade do assassino, deixando todo mundo surpreso. Foi justamente o que aconteceu nessa terceira temporada. Esse é o penúltimo episódio da temporada e só agora os roteiristas resolveram deixar as coisas mais claras. O curioso é que nos Estados Unidos os dois últimos episódios foram exibidos em sequência pela canal amc, tal como se fosse um longa-metragem. Achei muito bom o resultado final. Eu já tinha me aborrecido bastante com lentidão das duas primeiras temporadas, mas agora mais calejado aproveito melhor o ritmo bem peculiar de "The Killing". Paciência é a chave para curtir a série melhor. Além disso é sempre divertido saber que o verdadeiro serial killer estava ali bem próximo dos personagens principais, praticamente na escrivaninha ao lado! Ops, acho que estou revelando demais... assim vou encerrando por aqui! / The Killing 3.11 - From Up Here (EUA, 2013) Direção: Phil Abraham / Roteiro: Veena Sud, Eliza Clark / Elenco: Mireille Enos, Joel Kinnaman, Elias Koteas.

The Killing 3.12 - The Road to Hamelin
Último episódio da terceira temporada. Nos Estados Unidos foi exibido junto com o episódio anterior em um especial de duas horas de duração. O texto a seguir conterá spoiler, então se você vem acompanhando a série e não deseja saber dados essenciais para o desfecho da trama sugiro que pare de ler por aqui. Pois bem. Essa temporada se desenvolveu completamente em cima de investigações para descobrir quem seria o serial killer de adolescentes, jovens garotas perdidas que viviam pelas ruas de Seattle. A maioria delas pobres, provenientes de famílias disfuncionais. Nas ruas elas acabam no ramo da prostituição, mesmo sendo um crime duplo, primeiro porque a própria prostituição é um ato criminoso naquele estado e segundo porque todas elas eram menores de idade, o que configuraria pedofilia. Um submundo horrível em uma das cidades mais desenvolvidas e prósperas da América. Durante os 12 episódios a suspeita recaiu sobre diversos personagens, desde pedófilos conhecidos pela polícia, passando por um condenado no corredor da morte, até um policial do departamento. De fato Sarah Linden (Mireille Enos) e Stephen Holder (Joel Kinnaman) estão convencidos no começo do episódio de que o verdadeiro assassino de adolescentes seria o colega Carl Reddick (Gregg Henry). Realmente o assassino era um policial, mas a dupla acabou errando o alvo, suspeitando do tira errado. Durante uma visita na casa do detetive James Skinner (Elias Koteas, que também interpreta um policial em outra série, "Chicago PD"), Linden descobre que a filha de Skinner está usando um anel que pertenceu a uma das vítimas do psicopata. Ligando as pontas ela finalmente descobre que o verdadeiro serial killer é Skinner, alguém que esteve ao lado deles o tempo todo. Uma típica reviravolta de roteiristas mais calejados. Até que achei interessante o desfecho dessa temporada, ainda mais na cena final quando Linden e Skinner vão atrás de uma das últimas vítimas do policial. Eles travam um ótimo diálogo no carro, com Skinner tentando demonstrar as motivações que o levaram a cometer todos os crimes. O que se revela nessa cena é uma mente muito, muito doentia. Um desfecho acima da média para uma série que, apesar de muitas vezes torrar nossa paciência, sempre manteve um ótimo nível. Agora vamos em frente rumo em direção para a quarta e última temporada. / The Killing 3.12 - The Road to Hamelin (EUA, 2013) Direção: Daniel Attias / Roteiro: Veena Sud, Dawn Prestwich / Elenco:  Mireille Enos, Joel Kinnaman, Elias Koteas.

Pablo Aluísio. 

Jumper

Alguns filmes recentes só existem por causa dos efeitos digitais. Quanto maior o uso desse tipo de tecnologia melhor. Roteiro? Se torna bem secundário. Com a proliferação de salas de cinemas em shopping centers esse tipo de produção acabou ganhando seu local ideal para exibição. O jovem que vai nesse tipo de multiplex pouco está se lixando para um roteiro melhor trabalhado ou um argumento convincente. Bons diálogos? Nem pensar. Ele quer mesmo é ver efeitos digitais de última geração e nada mais. São pessoas essencialmente visuais, que foram criadas jogando videogames e nem se importam se o texto é bom ou algo que o valha. "Jumper" é isso, pixel puro, nada mais. O personagem principal é um Jumper, um sujeito que consegue pular as barreiras do tempo e espaço. Ele pode estar em Paris pela manhã e "saltando" no tempo espaço pode ir almoçar nas pirâmides do Egito. Que poder é esse? De onde veio? Quais as implicações de algo assim em nosso universo? Aonde foram parar as leis da física? Esqueça qualquer tipo de questionamento sobre isso. Ele pula e pronto. Sentiu a profundidade do filme? Pois é...

O diretor Doug Liman aliás é especialista em filmes vazios. Ele estreou na carreira dirigindo uma bela pérola trash chamada "O Vestibular da Morte" - durma-se com um barulho desses! Depois dirigiu seu maior sucesso até o momento, o filme de ação pela ação "Sr e Sra Smith", novamente sem sinal de roteiro por perto. Aqui ele tenta, junto com o estúdio, transformar o inexpressivo  Hayden Christensen em astro. Quem não ligou o nome à pessoa basta recordar da sofrível nova trilogia de Star Wars. Sim, ele fazia o Darth Vader naqueles filmes. Depois disso sua carreira foi se apagando, apagando... Depois do fracasso do fraco "Mistério na Rua 7" (leia resenha no blog "Terror & Ficção - Pablo Aluísio") todos parecem convencidos que o rapaz não leva jeito para a coisa e que é apenas um sortudo da vida que foi escalado por George Lucas, sabe-se lá o porquê, para interpretar um dos personagens mais famosos da cultura pop. Depois disso ele parece seguir os passos desse seu personagem daqui, ou seja, sumir tão rapidamente como apareceu. Os cinéfilos de bom gosto certamente agradecem.

Jumper (Jumper, Estados Unidos, 2008) Direção: Doug Liman / Roteiro: Steven Gould, David S. Goyer, Simon Kinberg, Jim Uhls / Elenco: Hayden Christensen, Samuel L. Jackson, Diane Lane, Jamie Bell, Rachel Bilson, Tom Hulce, Michael Rooker, Kristen Stewart. / Sinopse: Jovem tem o poder de "pular" o tempo e o espaço com grande facilidade. Seus poderes porém lhe trarão grandes problemas.

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 2 de novembro de 2012

Valente

A Disney comprou recentemente a Lucasfilm e com isso se tornou a dona dos direitos autorais da saga Star Wars mas antes disso também havia adquirido um dos gigantes do cinema atual, o estúdio Pixar, de tantos sucessos e filmes inovadores. Esse Valente é um reflexo do domínio completo que a Disney agora exerce sobre a Pixar. Antes as duas empresas se uniam para produção e distribuição das animações da Pixar mas não havia hierarquia entre elas, tanto que viviam em pé de guerra pelo controle criativo. Agora o quadro mudou, a Disney é dona da Pixar e com isso a antiga ousadia do inovador estúdio de animação fundado por Steve Jobs foi para o ralo. Por sete bilhões de dólares a Pixar agora nada mais é do que um braço do poderoso grupo Disney. O reflexo dessa nova relação se vê na tela. Valente é mais um produto Disney do que Pixar para falar a verdade. Não há ironia e nem humor negro, tudo é dentro dos rígidos controles da toda poderosa casa do ratinho Mickey.

É o que chamaria de uma animação quadradinha, onde tudo parece dentro dos padrões morais da Disney. A heroína é uma garota ruiva de longos cabelos encaracolados que se recusa a aceitar se casar com os pretendentes arranjados por seus pais. Para se ver livre de um destino com um homem de quem não gosta, ela acaba recorrendo a uma bruxa que, em troca de uma valiosa jóia, lhe dá um bolinho mágico que segundo ela vai impedir que sua mãe lhe force a casar com um homem que mal conhece. O problema é que ao comer uma pequena fatia do bolo a Rainha, mãe da ruivinha Merida (voz de Kelly Macdonald), acaba se transformando em um grande urso da floresta. Agora ela terá que tentar de tudo para reverter o feitiço. Como a própria mocinha diz em determinado momento do filme "Lendas são lições de vida". Valente assim vai pelo mesmo caminho, ensinando os filhos a ouvirem melhor os conselhos de seus pais. É praticamente um conto de fadas, sem maiores ousadias criativas. A animação obviamente é do mais alto nível mas o produto final deixa um gostinho desconfortável de que a Pixar está devidamente amordaçada e domada. Uma pena. Será que os personagens de George Lucas seguirão pelo mesmo caminho? Só o tempo dirá...

Valente (Brave, Estados Unidos, 2012) Direção: Mark Andrews, Brenda Chapman / Roteiro: Brenda Chapman, Irene Mecchi / Elenco - Vozes:  Kelly Macdonald, Emma Thompson, Kevin McKidd, Billy Connolly, Robbie Coltrane, Julie Walters, John Ratzenberger, Craig Ferguson / Sinopse: Princesa não quer se casar com os pretendentes arranjados por seus pais. Em busca de uma saída acaba recebendo de uma bruxa na floresta um bolinho mágico que vai impedir que isso aconteça.

Pablo Aluisio.

quinta-feira, 1 de novembro de 2012

Fogo Contra Fogo

Mais um filme com Bruce Willis que não encontra espaço nos cinemas, indo diretamente para o mercado de venda direta ao consumidor. Será que o antigo astro de filmes de ação está acabado definitivamente? Ainda não. O que vem ocorrendo com Willis é que ele vem colocando seu nome para aluguel de produções pequenas que passariam despercebidas sem seu nome no elenco. É um mero chamariz de público. Um exemplo é esse "Fire With Fire". Aqui pelo menos Willis está um pouco menos preguiçoso do que o habitual, trabalhando mais, surgindo em várias cenas, embora seu personagem esteja longe de ser o principal da trama. Ele interpreta um policial obcecado por prender um criminoso cruel e sociopata que matou seu parceiro anos atrás. A grande chance acontece quando um bombeiro testemunha um crime numa loja de conveniências. O assassino é justamente o mesmo do ex parceiro do personagem de Willis. A partir daí a produção cai no clichê de sempre. O assassino vai tentar matar a testemunha e Bruce Willis com a ajuda do FBI vai tentar manter ele vivo até o julgamento no tribunal. A reviravolta acontece quando o bombeiro cansado daquele jogo de gato e rato resolve se armar ele mesmo para ir atrás de seus algozes. Encarnando Charles Bronson de "Desejo de Matar" ele sai liquidando um por um os membros da gangue de criminosos.

Nem precisa dizer que é justamente por isso que o filme decai tanto. O tema é batido e o ator que interpreta o bombeiro, Josh Duhamel, é fraco e sem jeito para bancar o herói de filmes de ação. Seu maior sucesso até aqui foi com a franquia Transformers. Obviamente o estúdio está tentando transformá-lo em um novo herói de ação mas até agora não convenceu muito. Como se não bastasse ainda temos que agüentar  o rapper 50 Cent fazendo uma pequena participação. Ele definitivamente deveria retornar para sua carreira musical porque como ator ele é realmente sofrível, péssimo. Outra presença que chama a atenção é a do ator Julian McMahon que interpretava o egocêntrico cirurgião Christian Troy de Nip / Tuck, aqui interpretando um assassino profissional. Sua entrada em cena é responsável pelas melhores sequências do filme, como a do tiroteio no meio de um estacionamento. Fora isso nada de mais digno de nota. A cena final usa a abusa de efeitos digitais recriando fogo mas sem grande impacto. "Fire With Fire" é um ponto menor, quase obscuro, da carreira de Bruce Willis. Sua grande vantagem é ser curtinho, sem firulas, indo direto ao ponto. Infelizmente se rende a muitos clichês ao longo de sua duração mas pode ser encarado como um divertimento ligeiro caso não haja nada melhor para assistir.

Fogo Contra Fogo (Fire With Fire, Estados Unidos, 2012) Direção: David Barrett  / Roteiro: Lowell Cauffiel, Tom O'Connor / Elenco: Josh Duhamel, Rosario Dawson, Bruce Willis, Julian McMahon,  Vincent D'Onofrio,  Vinnie Jones,  Richard Schiff,  50 Cent / Sinopse: Bombeiro testemunha um assassinato, para garantir que sobreviva até o julgamento um grupo de policiais o colocam no serviço de proteção às testemunhas, o que acaba não garantindo sua integridade física. Sem opção ele então resolve ir atrás dos criminosos para um acerto de contas definitivo.

Pablo Aluísio.

Excision

Um filme surpreendente. Assim eu poderia definir adequadamente essa produção de complicada classificação. No enredo acompanhamos a vida da adolescente Pauline (AnnaLynne McCord); Ela tem uma família modelo, sua mãe Phyllis (Traci Lords) quer que sua filha entre para uma boa escola onde aprenderá a se comportar como uma verdadeira dama da sociedade. O problema é que Pauline não se enquadra, ela é completamente fora dos padrões. Seu comportamento bizarro chama a atenção. Ela recolhe animais mortos na rua e os coloca em sua bolsa, marca com um garoto da escola para que ele lhe tire a virgindade e o pior é que delírios com sangue são recorrentes em sua mente. Vivendo em constante estado que denota doença mental ela vai piorando cada vez mais. O problema de sua irmã mais jovem que sofre de uma grave doença nos pulmões não ajuda em nada. Pauline tem sonhos de um dia se tornar uma grande médica, cirurgiã de sucesso mas não tem qualquer sinal de equilíbrio mental para isso. O roteiro, muito inteligente, coloca o espectador dentro da mente perturbada de Pauline. Seus sonhos e delírios são um dos grandes atrativos do filme.

O elenco dessa produção é um grande destaque. AnnaLynne McCord está perfeita como a perturbada adolescente. Magra, despenteada, com cara e jeito de sociopata, a atriz se entrega ao seu personagem e o resultado é realmente de chamar atenção. Mais curiosa é a boa atuação de Traci Lords como sua mãe. A antiga diva pornô dos anos 80 está muito bem caracterizada no papel de uma mãe muito dominadora que quer impor sua visão e sua vontade para sua filha estranha. Lords demonstra muita desenvoltura em cena e surpreende mesmo o espectador. Grande trabalho. Por fim outra curiosidade que merece menção: a presença no elenco de um dos cineastas mais transgressores do cinema americano, John Waters! Aqui ele interpreta um pastor religioso que não sabe mais como agir na presença da bizarra adolescente. Além de Traci Lords e John Waters, ambos em grande forma, o filme ainda traz no elenco de apoio a atriz surda premiada com o Oscar, Marlee Matlin, e o sempre marcante Malcolm McDowell como um professor que tem que aturar Pauline em sala de aula. Em suma, Excision é uma pequena obra prima, um filme muito instigante que vai deixar muita gente de queixo caído. Seu final é um dos mais marcantes e perturbadores que vi ultimamente. Excision é estranho, bizarro, perturbador e muito bom! Está mais do que recomendado.

Excision (Excision, Estados Unidos, 2012) Direção: Richard Bates Jr./ Roteiro: Richard Bates Jr. / Elenco:  AnnaLynne McCord, Traci Lords, Ariel Winter,  Roger Bart,  John Waters,  Malcolm McDowell, Marlee Matlin, Ray Wise / Sinopse: Adolescente muito estranha não consegue se encaixar nem na escola, nem nas amizades e nem em casa com a família. Dona de um comportamento estranho e bizarro ela tem que lidar com os problemas típicos de sua idade. Sem tratamento psicológico adequado porém ela aos poucos vai perdendo a noção da realidade do mundo ao seu redor.

Pablo Aluísio.