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quarta-feira, 26 de janeiro de 2022

Minha Terra, Minha Vida

Título no Brasil: Minha Terra, Minha Vida
Título Original:  Country
Ano de Produção: 1984
País: Estados Unidos
Estúdio: Touchstone Pictures
Direção: Richard Pearce
Roteiro: William D. Wittliff
Elenco: Jessica Lange, Sam Shepard, Wilford Brimley, Matt Clark, Jim Haynie, Sandra Seacat

Sinopse:
Um casal, pequenos produtores rurais, passam todos os tipos de dificuldades financeiras para manter sua fazenda ainda produtiva e em atividade. Os bancos querem executar as dívidas, tomando o lugar para si. O marido parece arrasado pelas circunstâncias, mas a esposa, de forma corajosa, decide lutar por suas terras. Filme indicado ao Oscar na categoria de  melhor atriz (Jessica Lange).

Comentários:
Não assisti nos anos 80, quando o filme foi originalmente lançado nos cinemas, inclusive aqui no Brasil. Só muitos anos depois, na TV a cabo, é que finalmente conferi esse filme. O enredo gira em torno da vida de um casal que vive no campo nos Estados Unidos. Quem pensa que esse tipo de vida é um mar de rosas precisa dar uma conferida nessa produção. Muitas dificuldades, sendo a maior delas conseguir crédito para bancar a próxima temporada de produção de alimentos. E uma das coisas mais comuns nos Estados Unidos é ver propriedades rurais sendo tomadas por bancos, por falta de pagamento de algum empréstimo. Alguns dessas pessoas que vivem da agricultura acabam indo para as grandes cidades, aumentando o número de sem-tetos que vagam pela América. O resultado desse enredo dramático é um bom filme, com história séria, mostrando mais um lado perverso do capitalismo selvagem americano. Para quem acha que na América tudo é uma maravilha... Por fim, Jessica Lange foi indicada ao Oscar, merecidamente. O filme é dela, interpretando a mulher que decide lutar com toda as suas forças para manter suas terras. Uma bela lição de vida. Nunca desista de seus sonhos.

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 4 de agosto de 2021

Presente de Grego

Essa expressão "Presente de Grego" é bem criativa. Como se sabe os gregos deram um belo cavalo de madeira para os troianos. Eles ficaram felizes pelo presente, coisa boa! Só que dentro do cavalo havia um exército para exterminar todos eles. Então deu para entender o que significa um presente de grego, não é mesmo? Uma grande cilada na verdade. Não, esse filme aqui obviamente não é sobre a guerra de Troia. O que temos é na realidade uma boa comédia, com toques de suave drama, envolvendo a talentosa atriz Diane Keaton. Ela interpreta uma executiva de Nova Iorque que sempre priorizou a carreira profissional ao invés de afundar em um casamento qualquer. Ela sempre teve uma visão bem racional do que queria e aí... de repente... o que acontece? Ela se vê com obrigações de cuidar de um bebezinho de colo! Uma completa saia justa e uma situação que ela definitivamente não estava esperando. Mais do que isso, algo que ela sempre evitou, um futuro que não queria de jeito nenhum.

Aliás uma das coisas que mais atrapalharam a vida profissional da Diane Keaton foi aquele longo e conturbado relacionamento com Woody Allen. A partir do momento que ela se viu livre disso sua carreira começou a despontar, com ótimas películas. Coincidência? Penso que não! O diretor neurótico muitas vezes sabotava a carreira dela. Ela queria fazer um filme, ele dizia que não, que era melhor não aceitar, etc... Parecia sabotá-la no cinema. Com Allen fora de quadro ela finalmente começou a brilhar sozinha. Brilho próprio aliás nunca lhe faltou.

Presente de Grego (Baby Boom, Estados Unidos, 1987) Direção: Charles Shyer / Roteiro: Nancy Meyers, Charles Shyer / Elenco: Diane Keaton, Sam Shepard, Harold Ramis / Sinopse: J.C. Wiatt (Diane Keaton) é uma executiva bem sucedida de Nova Iorque que de repente descobre que uma parente distante lhe deixou um baby para ela cuidar! E agora, como ela vai conciliar seu trabalho com o trabalho de cuidar de uma criança?

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 22 de maio de 2020

O Assassinato de Jesse James Pelo Covarde Robert Ford

Olhando para trás descobrimos que na realidade existiram dois Jesse James. O primeiro é fruto da imaginação de dezenas de escritores do século XIX que escrevendo pequenos livros de bolso criaram todo um mito em torno de seu nome. Esse é o Jesse James do imaginário popular, das aventuras mirabolantes e dos feitos épicos. É um personagem de literatura barata. O outro Jesse James é o real, da história. Esse era basicamente um pistoleiro, ladrão de bancos e assaltante de trens. Um sujeito frio, paranoico e martirizado pela constante perseguição que lhe era feita pelos homens da lei na época. Em sua longa trajetória nas telas de cinema, os dois lados de Jesse James raramente se encontraram. Ou ele era retratado de acordo com o personagem de literatura, de ficção, ou ele surgia em filmes numa visão mais realista. O grande mérito dessa produção enfocando Jesse James é que pela primeira vez tomamos consciência dessa dualidade envolvendo seu nome. Isso é bem claro na caracterização de Robert Ford. No começo da história ele é apenas um garoto deslumbrado em fazer parte do bando de Jesse James (naquele momento uma sombra do que era antes, pois todos os membros originais de sua gangue ou estavam mortos ou presos). Bob Ford espera encontrar o Jesse James que lia em seus livros de bolso (aos quais colecionava e adorava). O que encontra porém é apenas um homem frio, bipolar, cismado, que não confia em absolutamente ninguém.

Não tenho receio de afirmar que esse é o filme mais fiel aos acontecimentos históricos já feito sobre Jesse James. Mostrando os últimos momentos do criminoso, vamos acompanhando o caos em que se transformou sua vida. Com a cabeça a prêmio, procurado em vários Estados, mudando de cidade constantemente com sua família, James é apenas um pedaço do que um dia foi. Para piorar, ao seu lado agora, não estão mais seus antigos homens de confiança, mas sim garotos novatos como Bob Ford, pessoas aos quais ele não consegue confiar. A relação de Robert Ford e Jesse James aliás é uma das melhores coisas de todo o filme. Acompanhamos a decepção de Ford, na realidade um fã, com seu ídolo Jesse James. O que começa com desapontamento e decepção, acaba indo para algo bem mais complexo o que culminará nos acontecimentos trágicos que já conhecemos da história do famoso pistoleiro. Os trinta minutos finais do filme são vitais para quem gosta de história do velho oeste pois reconstituem com riqueza de detalhes a morte de Jesse James. Um primor de reconstituição histórica.

A produção aliás é toda do mais alto nível, o uso de bonita fotografia traz muito valor para o resultado final, usando da natureza para criar um clima de fina melancolia e falta de esperança. A produção concorreu aos Oscar de Melhor Fotografia e Melhor Ator Coadjuvante (Casey Affleck). Para ser sincero deveria ter vencido ambos, pois tanto a atuação de Casey quanto a linda fotografia são realmente impecáveis. Em poucas palavras, “O Assassinato de Jesse James pelo covarde Robert Ford” é uma aula de história que não se aprende na escola. Simplesmente obrigatório para fãs de western.

O Assassinato de Jesse James Pelo Covarde Robert Ford (The Assassination of Jesse James by the Coward Robert Ford, Estados Unidos, 2007) Direção: Andrew Dominik / Roteiro: Andrew Dominik / Elenco: Brad Pitt, Casey Affleck, Mary-Louise Parker, Zooey Deschanel, Sam Shepard, Sam Rockwell / Sinopse: Após uma vida de crimes, os irmãos Jesse e Frank James desistem de continuar com seus assaltos a trem e a bancos. Frank se retira e vai morar em outra cidade. Jesse James (Brad Pitt) porém decide executar um último grande assalto ao lado de um grupo de jovens e novatos, entre eles os irmãos Ford. O mais jovem deles, Bob Ford (Casey Affleck) é um fã confesso do famoso pistoleiro. Mal sabiam o que o destino lhes reservavam.

Pablo Aluísio.

domingo, 5 de janeiro de 2020

Espírito Selvagem

Alguns filmes se destacam por sua beleza, pela linda fotografia e pelo capricho que alguns cineastas tratam as cenas. É o caso desse "Espírito Selvagem" que tem uma das mais bonitas ambientações já realizados pelo recente cinema americano. Através de um enredo aparentemente simples (Dois cowboys errantes saem em busca de trabalho, mas acabam encontrando o verdadeiro espírito selvagem do oeste americano) o espectador acaba se vendo imerso em uma bela experiência cinematográfica. O diretor (e ator) Billy Bob Thornton conseguiu assim transpor para as telas a essência da novela que deu origem ao filme, "All the Pretty Horses" de Cormac McCarthy. A novela, bem conhecida nos Estados Unidos, é uma verdadeira ode ao estilo de vida do cowboy americano, figura que no mundo moderno está cada vez mais rara. Já para os amantes de animais, em especial cavalos, o filme tem um atrativo extra pois o relacionamento entre o homem e a natureza ganha destaque no transcorrer do filme.

Espírito Selvagem quase foi estrelado por dois astros: Leonardo DiCaprio e Brad Pitt. Ambos se interessaram bastante pelo material, mas acabaram saindo do projeto por motivos alheios à vontade deles. Questões contratuais tiraram primeiro DiCaprio do filme e depois Pitt. Assim abriu-se espaço para Matt Damon, que aqui interpreta muito bem o personagem central da trama, o cowboy John Grady Cole. O diretor Billy Bob Thornton queria inicialmente ser extremamente fiel ao livro original, mas isso acabou rendendo uma primeira versão do filme com quase quatro horas de duração, algo completamente inviável do ponto de vista comercial (afinal que cinema exibiria nos dias de hoje algo tão longo?). A produtora Miramax Films então mandou que o cineasta fizesse vários cortes, o que acabou dando origem à versão que chegou ao grande público. Recentemente Thornton divulgou que gostaria de exibir o seu corte em formato de minissérie na TV a cabo dos EUA, o que não seria uma má ideia. Algumas estórias certamente precisam de mais tempo para serem contadas de forma satisfatória. Vamos torcer para que isso um dia venha realmente a acontecer.

Espírito Selvagem (All the Pretty Horses, Estados Unidos, 2000) Direção: Billy Bob Thornton / Roteiro: Ted Tally, baseado no livro de Cormac McCarthy / Elenco: Matt Damon, Penélope Cruz, Henry Thomas, Sam Shepard / Sinopse: Dois cowboys errantes saem em busca de trabalho e na sua trajetória acabam encontrando o verdadeiro espírito selvagem do oeste americano. Filme indicado ao Globo de Ouro na categoria de Melhor Trilha Sonora Incidental (Marty Stuart, Kristin Wilkinson e Larry Paxton).

Pablo Aluísio. 

quarta-feira, 25 de dezembro de 2019

Os Implacáveis

Durante muitos anos rolaram rumores de que os famosos criminosos Butch Cassidy e Sundance Kid não teriam morrido da forma como foi descrito nas investigações realizadas sobre suas mortes. Como se sabe oficialmente os dois bandidos foram mortos na Bolívia após sofrerem uma emboscada promovida por autoridades locais e homens da lei dos EUA que foram até o longínquo país da América do Sul para prender os famosos bandoleiros. Isso é a versão oficial. Para muitos porém Butch e Sundance teriam sobrevivido ao cerco e se embrenhando nas cordilheiras dos Andes onde conseguiram viver por longos anos. O filme “Os Implacáveis” parte justamente dessa premissa. Nele acompanhamos um já envelhecido Butch Cassidy (Sam Shepard, em ótima caracterização) morando em um pequeno rancho no sopé da montanha. Levando uma vida pacata e distante ele resolve finalmente voltar aos EUA para reencontrar um sobrinho. Após retirar todo o seu dinheiro do banco Butch é surpreendido ao perder seu cavalo (com o dinheiro) no meio de uma região inóspita. Lá encontra Eduardo (Eduardo Noriega), um espanhol que afirma estar sendo caçado por um rico minerador que o acusa de tê-lo roubado.

Juntos atravessando as pradarias mais hostis Butch e Eduardo tentam sobreviver aos seus algozes, ao mesmo tempo que tentam recuperar o dinheiro perdido. Obviamente que mesmo partindo de um suposto fato real (a fuga de Butch e sua sobrevivência até a velhice na Bolívia) tudo o que vemos na tela é mera ficção. A produção tem excelente fotografia, fruto da linda região onde o filme foi realizado. Além das montanhas ainda acompanhamos a dupla tentando sobreviver em extensas salinas bolivianas. O elenco é liderado pelo veterano Sam Shepard vivendo o personagem Butch Cassidy. Ele está muito bem por sinal. Tendo sobrevivido a tudo e a todos ele encara a velhice com melancolia e tristeza.

O ritmo é lento, contemplativo e cadenciado, por isso não recomendo para fãs de filmes dewestern mais viris, cheios de ação, tiroteios e mortes. Certamente há conflitos em Blackthorn mas eles são eventuais e pontuais, fazendo parte da trama em si. Curiosamente o filme foi dirigido por um cineasta espanhol, Mateo Gil, que mesmo não sendo americano demonstra boa desenvoltura no desenrolar dos acontecimentos. Em suma recomendamos o filme para os que gostaram do famoso “Butch Cassidy e Sundance Kid” com Paul Newman e Robert Redford. Esse aqui certamente passa longe do brilhantismo do clássico mas serve como curioso epílogo para o que vemos no original. Vale o preço da locação ou do ingresso.

Os Implacáveis (Blackthorn, Estados Unidos, 2011) Direção: Mateo Gil / Roteiro: Miguel Barros / Elenco: Sam Shepard, Eduardo Noriega, Stephen Rea / Sinopse: Envelhecido e escondido na Bolívia por muitos anos o famoso criminoso Butch Cassidy (Sam Shepard) resolve voltar para os Estados Unidos após trocar cartas com um sobrinho que mora lá. Na viagem de volta porém se vê envolvido em uma perseguição envolvendo um engenheiro espanhol que afirma estar sendo caçado por ter sido acusado injustamente de roubo na mina em que trabalhava.

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 3 de outubro de 2019

A Senha: Swordfish

A partir dos anos 90 o mundo virtual foi ocupando cada vez mais espaço, até chegar no cinema com força total. Os roteiros procuravam explorar histórias que aconteciam dentro desse universo. Um dos primeiros filmes a explorar esse, digamos, novo nicho cinematográfico, foi esse "A Senha: Swordfish". No enredo um criminoso internacional contratava um hacker para entrar em um sistema super protegido. O objetivo? Roubar alguns bilhões (sim, bilhões) de dólares do sistema financeiro mundial. Claro que ao lado da linguagem própria para a geração nerd havia ainda bastante cenas de ação no mundo real para um público mais comum, que não estivesse tão ligado naquela linguagem de informática e programação.

O filme no geral é apenas OK. Tem certamente um bom elenco, mas o roteiro e seu desenvolvimento não é lá grande coisa. Fitas como essa, que aproveitam o calor de um momento acabam ficando tremendamente datadas em pouco tempo. Como o mundo da informática voa a cada ano imagine o choque de um jovem espectador ao ver esse filme hoje em dia, produzido já há tanto tempo, explorando justamente esse meio. Os computadores, programas, etc, se mostram completamente ultrapassados. Como não se sustenta apenas como filme, "A Senha: Swordfish" acabou virando uma velharia, mais cedo do que se poderia imaginar.

A Senha: Swordfish (Swordfish, Estados Unidos, 2001) Direção: Dominic Sena / Roteiro: Skip Woods / Elenco: John Travolta, Hugh Jackman, Halle Berry, Don Cheadle, Sam Shepard / Sinopse: Criminoso internacional contrata hacker para invadir sistema, onde espera-se possam roubar bilhões de dólares do sistema financeiro. Filme indicado ao BET Awards na categoria de Melhor Atriz (Halle Berry).

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 30 de setembro de 2019

O Assassinato de Jesse James pelo Covarde Robert Ford

Título no Brasil: O Assassinato de Jesse James pelo Covarde Robert Ford
Título Original: The Assassination of Jesse James by the Coward Robert Ford
Ano de Produção: 2007
País: Estados Unidos, Inglaterra
Estúdio: Warner Bros
Direção: Andrew Dominik
Roteiro: Andrew Dominik, Ron Hansen
Elenco: Brad Pitt, Casey Affleck, Sam Shepard, Mary-Louise Parker, Sam Rockwell, Jeremy Renner

Sinopse:
Após uma vida dedicada ao crime, roubando bancos e ferrovias, o pistoleiro Jesse James (Brad Pitt) procura por algum tipo de redenção, mesmo sabendo que poderá ser morto a qualquer momento, uma vez que sua cabeça se encontra à prêmio por todo o Oeste. O que ele nem desconfia é que seu assassino pode estar mais próximo do que ele poderia imaginar. Filme indicado ao Oscar nas categorias de Melhor Ator Coadjuvante (Casey Affleck) e Melhor Fotografia (Roger Deakins).

Comentários:
Essa produção parte de uma nova safra de filmes de western que procuram pela objetividade da verdade histórica. Os roteiros são de certa maneira despidos do romantismo que imperou no gênero durante os anos 50 e 60 e parte para uma abordagem mais fiel aos fatos históricos. É aquele tipo de filme que conta inclusive com uma equipe de historiadores e especialistas para que nada do que se vê na tela esteja em desacordo com o que de fato aconteceu no passado. Por isso nem sempre será uma unanimidade entre os fãs de faroeste, principalmente os que preferem os filmes mais antigos que abraçavam a mitologia do velho oeste de uma forma mais romanceada. De minha parte gostei muito dessa nova visão. O Jesse James já foi tema de dezenas e dezenas de filmes antes, porém nunca havia se debruçado sobre sua história com tanta fidelidade. Há um clima de melancolia e falta de esperança no ar, porém tudo resultando em um belo espetáculo cinematográfico. Gosto muito do produto final. É bem realizado e muito honesto em suas propostas. Tem uma excelente reconstituição de época e um roteiro que investe bastante nas nuances psicológicas entre Jesse James e Robert Ford, o homem que iria passar para a história como o assassino de James. Curiosamente ele foi saudado como um valente, um herói, mas depois com o passar dos anos ficou evidenciado que ele agiu mesmo como um covarde. Assista ao filme e entenda os motivos.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 4 de novembro de 2014

Os Eleitos

Título no Brasil: Os Eleitos - Onde o Futuro Começa
Título Original: The Right Stuff
Ano de Produção: 1983
País: Estados Unidos
Estúdio: Warner Bros
Direção: Philip Kaufman 
Roteiro: Philip Kaufman
Elenco: Sam Shepard, Scott Glenn, Ed Harris, Dennis Quaid, Fred Ward, Lance Henriksen

Sinopse:
Baseado em fatos reais, o filme mostra a história de um grupo de cientistas, astronautas e políticos empenhados em superar a rival União Soviética na conquista do espaço. Dando prosseguimento ao projeto Mercury esses pioneiros tentaram levar a corrida espacial até os seus limites. Filme indicado a oito Oscars, inclusive Melhor Filme, Fotografia, Direção de Arte e Ator (Sam Shepard). Filme vencedor do Oscar nas categorias de Melhor Som, Edição, Efeitos Especiais e Música. Também indicado ao Globo de Ouro na categoria Melhor Filme - Drama.

Comentários:
Certamente um dos mais completos filmes sobre a corrida espacial. Aqui o foco é centrado no chamado projeto Mercury, que nada mais era do que uma resposta americana aos incríveis avanços tecnológicos e espaciais da União Soviética (o bloco comunista liderado pela Rússia e países satélites que deixaram de ser independentes). Para não ficar atrás o governo americano se empenhou ao máximo para conquistar os primeiros êxitos da agência espacial do país. Com isso o Mercury conseguiu finalmente recuperar o ego ferido do povo dos Estados Unidos, ao mesmo tempo em que abria novos horizontes para a conquista da assim conhecida última fronteira. O roteiro escrito pelo cineasta Philip Kaufman foi elaborado com base no famoso livro de Tom Wolfe. Minucioso nos menores detalhes, a obra acabou se tornando robusta, com 193 minutos de duração. O tom é quase documental, com pouca margem para liberdades históricas e dramáticas. Kaufman optou realmente por mostrar todos aqueles astronautas como homens de carne e osso e não apenas como heróis idealizados da ficção. Assim o espectador passa a acompanhar não apenas os problemas surgidos dentro da missão, mas também os desafios pessoais, familiares e de relacionamento que esses militares enfrentaram naquela época pioneira. A escolha por um filme mais áspero e seco poderá afastar alguns, mas quem realmente se interessar por história será plenamente presenteado com um grande filme, uma produção essencial para entender aqueles anos em que o homem tencionou vencer seus próprios limites ao se lançar rumo ao espaço em busca do desconhecido.

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

O Homem da Máfia

“O Homem da Máfia” é o novo filme estrelado por Brad Pitt. Filme de gangster sem firulas, com película saturada para parecer um antigo filme policial dos anos 1970 e roteiro cru, que vai direto ao ponto. Na trama dois ladrões pé de chinelo resolvem se unir a um comerciante semi-falido para assaltar um jogo de cartas no bairro onde vivem. O problema é que eles roubam uma turma barra pesada que obviamente não fica nada contente com o roubo e resolvem partir para um acerto de contas violento e sangrento. O elenco é muito bom nessa fita rápida, eficiente e muito interessante. É o que se costuma chamar informalmente de “filme para macho” – muita porrada, tiros e assassinatos. As únicas mulheres do elenco são prostitutas sem nenhuma importância nos acontecimentos centrais. Brad Pitt surge desfilando um pomposo topete em cena, imitando a moda da época. Seu personagem Jackie Cogan é um cara durão, criado nas ruas, que acaba se tornando assassino profissional. Nada pessoal, apenas é contratado para realizar um serviço e faz, sem qualquer sentimento de culpa ou peso na consciência. Um sujeito e se chamar quando as coisas começam a sair do eixo. Especializado em realizar seus objetivos da maneira mais limpa possível ele tem a péssima idéia de chamar um velho assassino de nome Mickey (James Gandolfini) cujos anos de glória há muito passaram. Velho, gordo e bêbado já não consegue mais ser um parceiro de crime de confiança. Para piorar quando chega na cidade para realizar as mortes só mostra interesse pelas garotas de programa do local, pouco se importando com as mortes que terá que fazer. Um divórcio e uma provável prisão por porte de armas também não ajudam em nada.

O alvo de ambos inicialmente é o próprio gerente dos jogos, Markie Trattman (Ray Liotta), que já havia roubado antes os próprios jogos que gerenciava, mas conforme vão apurando o que houve chegam também nos dois bandidos drogados e sem expressão que efetuaram os roubos e no cabeça da quadrilha, um comerciante à beira da falência. A partir daí “O Homem da Máfia” logo se transforma em um banho de sangue, com miolos sendo explodidos em câmera lenta em cenas tecnicamente extremamente bem realizadas. Intercalando tudo temos os discursos dos presidentes Bush e Obama louvando a pretensa superioridade da sociedade americana, enquanto as mortes vão se sucedendo na tela. O uso desses pronunciamentos precedem as matanças e os acertos de contas, numa fina e muito bem colocada ironia que atravessa todo o desenrolar dos acontecimentos. Com a economia em frangalhos os líderes americanos ainda se apegam nas velhas ladainhas do passado. Em ótimos diálogos os personagens marginais vão colocando por terra as bobagens ditas pelos políticos. Numa das mais divertidas o personagem de Brad Pitt esclarece que “A América não é uma nação mas um negócio”, em outra destrói um dos pais da nação, Thomas Jefferson, que apesar de ter escrito na constituição americana que “todos eram iguais” tinha escravos em sua fazenda e abusava sexualmente de suas escravas, ou seja, um hipócrita de marca maior. Perfeitas as colocações, os EUA são bem isso mesmo, capitalismo selvagem do pior tipo, sem nada pessoal no meio, apenas violência e grana no comando de tudo. Nesse ponto “O Homem da Máfia”, um filme violento e irascível, tem mais a dizer que muita bobagem que já foi feita por aí louvando os chamados “Pais da América” – quem diria hein?

O Homem da Máfia (Killing Them Softly, Estados Unidos, 2012) Direção: Andrew Dominik / Roteiro: Andrew Dominik / Elenco: Brad Pitt, Ray Liotta, James Gandolfini, Scoot McNairy, Ben Mendelsohn, James Gandolfini, Vincent Curatola, Richard Jenkins, Trevor Long, Max Casella, Sam Shepard / Sinopse: Bandidos de quinta categoria resolvem assaltar uma turma barra pesada que joga cartas numa espelunca escondida da polícia gerenciada por Markie Trattman (Ray Liotta). Para acertar as contas com os ladrões pé de chinelo o grupo contrata os serviços do assassino profissional Jackie Cogan (Brad Pitt) que parte para resolver os problemas através de muita violência, sem piedade.

Pablo Aluísio.

sábado, 10 de novembro de 2012

Falcão Negro em Perigo

"Falcão Negro em Perigo" é um filme de guerra stricto sensu. O que significa isso? Significa que seu roteiro não perde tempo com aspectos externos ao que ocorre fora do front, do campo de batalha. Há uma situação de combate no centro da trama e é nisso que o filme literalmente centra fogo. Sem perda de tempo com abobrinhas ou maior desenvolvimento dos combatentes. Eles são militares, estão sob fogo cruzado e vão rebater com artilharia pesada. Simples assim. No fundo é um projeto muito pessoal do diretor Ridley Scott. Muito provavelmente comovido pelos acontecimentos de 11 de setembro ele resolveu filmar esse evento histórico real que aconteceu no distante país africano da Somália. Esse é um daqueles países que vive mergulhado em sangrentas guerras civis sem fim. Mostra bem a triste realidade da África, como se não bastasse ser o continente mais miserável do planeta ainda é dominado por ditadores sanguinários quem nem pensam duas vezes em exterminar seu próprio povo. E justamente lá que chega um grupo de militares especializados das forças armadas norte-americanas formada pelos esquadrões Delta Force e Rangers. Eles estão no país em busca de terroristas internacionais mas bem no meio da missão um acidente acontece e eles ficam sob fogo cerrado do inimigo. A partir daí o filme não perde mais tempo, com ação da primeira à última cena.

O resultado soa bem realizado mas por vezes confuso e violento além da conta. Não foi intenção de Ridley Scott filmar mais uma patriotada americana mas lidando com um tema desses ficou quase impossível de não cair na armadilha. Não há um personagem central que chame a atenção e o foco do espectador e assim é inevitável que o público fique meio perdido no meio de tantos tiroteios, gritos, edição nervosa e frenética. É curioso que um diretor como Ridley Scott tenha dirigido um filme assim, que se esquece completamente de dar uma noção melhor a quem assiste dos personagens em cena. Tecnicamente não há como negar que o filme beira à perfeição - tanto que venceu os Oscars técnicos de seu ano (Som, Edição e Montagem). Se fosse menos frenético provavelmente teria ganho mais simpatias dos membros da Academia em outras categorias importantes. Muito se comentou em seu lançamento da semelhança com Soldado Ryan mas esse tipo de comparação realmente não procede uma vez que "Falcão Negro em Perigo" é muito mais modesto em suas pretensões. Visto como pura adrenalina o filme realmente funciona muito bem, porém como obra cinematográfica faltou um pouco mais de capricho na apresentação de seus personagens. Mesmo com essa falha é válido recomendar a produção, principalmente para os fãs de filmes mais viscerais.

Falcão Negro em Perigo (Black Hawk Down, Estados Unidos, 2001) Direção: Ridley Scott / Roteiro:: Ken Nolan / Elenco: Josh Hartnett, Ewan McGregor, William Fichtner, Eric Bana, Tom Sizemore, Jason Isaacs, Jeremy Piven, Sam Shepard, Orlando Bloom. / Sinopse: Durante a Guerra Civil da Somália um grupo de soldados americanos são enviados ao front com o objetivo de capturar membros terroristas leais ao ditador do país. Dois helicópteros Black Hawk são derrubados durante a operação e os militares americanos encurralados no local entram em uma ferrenha batalha campal contra as forças da região.

Pablo Aluísio.