domingo, 18 de novembro de 2012
Ed Wood
Outro aspecto que chama atenção no filme é a presença do ator Bela Lugosi na trama. De fato no final da vida, pobre, abandonado e viciado em drogas, o grande ator do passado estava arruinado completamente, tanto na vida como na carreira. Foi nesse momento que Ed Wood resolveu lhe ajudar, o escalando para uma série de fitas de terror trash que trouxe ao velho Lugosi um mínimo de dignidade que ainda lhe restava. Esse ponto do enredo é dos mais humanos que já vi em filmes recentes. Burton lida com carinho seu personagem, dando a Martin Landau (que interpreta Lugosi no filme) o papel de sua vida, tanto que foi vencedor do Oscar de Melhor Ator Coadjuvante. Um reconhecimento que em minha opinião premiou não apenas Landau mas também Lugosi pois foi uma forma encontrada pela Academia de homenagear esse grande nome do passado que morreu esquecido e abandonado, infelizmente. Outra sábia decisão de Burton foi filmar tudo em uma linda fotografia preto e branco. O clima de algo antigo nos remete de forma imediata aos grandes anos do cinema clássico quando Lugosi era ídolo dos fãs de filmes de suspense e terror. Em suma, Ed Wood é um belo poema de amor ao cinema. Um filme muito lírico que soube como poucos resgatar a "genialidade" de Ed Wood, que sendo o pior diretor de todos os tempos ou não, conseguiu entrar na história do cinema de uma forma muito especial.
Ed Wood (Ed Wood, Estados Unidos, 1994) Direção: Tim Burton / Roteiro: Scott Alexander, Larry Karaszewski / Elenco: Johnny Depp, Martin Landau, Sarah Jessica Parker, Patricia Arquette, Jeffrey Jones, Vincent D'Onofrio / Sinopse: Ed Wood (Johnny Depp), um diretor obtuso, resolve reunir um grupo de estranhos atores e um veterano consagrado mas decadente para filmar uma nova obra prima que em sua opinião vai revolucionar para sempre a sétima arte!
Pablo Aluísio.
sexta-feira, 9 de novembro de 2012
Curtindo a Vida Adoidado
Quando os filmes de John Hughes eram lançados na década de 80 eles nunca eram levados à sério, até porque eram em sua maioria comédias juvenis mostrando aspectos da vida dos jovens daqueles anos. Hoje em dia a obra de John Hughes sofre uma justa revisão e finalmente tem ganho status de bom cinema, realmente relevante. Sim, é cultura pop em essência, mas cultura pop de ótima qualidade. Um exemplo é esse filme que muito provavelmente seja o mais famoso da filmografia de Hughes. A estória, muito simpática por sinal, gira em torno de um dia na vida do estudante colegial Ferris Bueller (Matthew Broderick). Cansado da vida entediante da escola ele resolve matar aula. Finge estar doente para seus pais e sai para um dia de curtição ao lado do amigo hipocondríaco Cameron (Alan Ruck) e da namoradinha Sloane (Mia Sara). A partir daí tudo pode acontecer, com o carro do pai de Cameron eles saem por Chicago em busca de divertimento e festa. O filme é até hoje um dos mais queridos do grande público porque foi tão reprisado na Sessão da Tarde que virou um tipo de ícone dos filmes sobre adolescentes - para muitos seria mesmo o melhor filme adolescente de todos os tempos. O roteiro esperto e com clima jovial escrito por John Hughes brinca o tempo todo com a figura carismática de Ferris que desfila na tela vários "pensamentos" profundos, que no fundo apenas mostram a chatice da escola, a escolha por curtir melhor a vida e é claro fazer de bobos todas as autoridades escolares.
É curioso que Hughes tenha captado tantas nuances juvenis em uma comédia tão despretensiosa como essa. No fundo ele apenas adaptou algumas coisas de sua própria vida pessoal. Vivendo em Chicago ele, como todos os estudantes do mundo, também sentia necessidade de uma vez ou outra dar uma escapada do colégio, de seus professores chatos e do tédio avassalador que impera ainda hoje em nosso atrasado e obsoleto sistema educacional. Ferris é jovem, divertido, irônico e só quer mesmo aproveitar o dia da melhor forma possível, mesmo que para isso faça todos os adultos de bobocas. O elenco encontrou em Matthew Broderick não só um talentoso ator como também um tipo ideal para viver o safo Ferris. O elenco de apoio também é destaque e alguns jovens que fariam grande sucesso depois como Charlie Sheen e Jennifer Grey tem pequenos papéis mas bem significativos. Em suma, "Curtindo a Vida Adoidado" é aquilo mesmo que se propõe, uma crônica bem humorada na vida de um estudante colegial dos anos 80. O filme certamente resistiu bem ao tempo e hoje é tão divertido e simpático como foi há 20 anos em seu lançamento.
Curtindo a Vida Adoidado (Ferri's Bueller Day Off, Estados Unidos, 1986) Direção: John Hughes / Roteiro: John Hughes / Elenco: Matthew Broderick, Alan Ruck, Mia Sara, Charlie Sheen, Jeffrey Jones. Jennifer Grey, Charlie Sheen / Sinopse: Ferris Bueller (Matthew Broderick) é um estudante de saco cheio da escola que resolve se fazer passar por doente para matar a aula e sair para um dia em busca de diversão e festa ao lado do amigo e da namorada.
Pablo Aluísio.