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quarta-feira, 2 de dezembro de 2020

Minha Adorável Lavanderia

Título no Brasil: Minha Adorável Lavanderia
Título Original: My Beautiful Laundrette
Ano de Produção: 1985
País: Inglaterra
Estúdio: Working Title Films
Direção: Stephen Frears
Roteiro: Hanif Kureishi
Elenco: Daniel Day-Lewis, Gordon Warnecke, Derrick Branche, Saeed Jaffrey, Rita Wolf, Shirley Anne Field

Sinopse:
Omar, um jovem imigrante paquistanês, recebe de seu tio a responsabilidade de tomar conta de uma lavanderia em Londres. O lugar está em péssimo estado. Para reformar tudo e colocar as coisas em ordem, ele contrata Johnny (Lewis), um arruaceiro que ele conhece desde os tempos da escola.  Filme indicado ao Oscar na categoria de melhor roteiro adaptado (Hanif Kureishi).

Comentários:
Esse foi o primeiro filme relevante da carreira de Stephen Frears. Foi a primeira vez que ele chamou realmente a atenção da crítica em geral. Com esse filme pequeno conseguiu até mesmo uma honrosa indicação ao Oscar naquele ano, na categoria de melhor roteiro adaptado. O material original era uma peça do circuito alternativo teatral de Londres. O que temos aqui é uma história até bem simples. Dois jovens, um imigrante e um inglês, unem forças para tocar um pequeno comércio no subúrbio da capital inglesa. Eles são cheios de energia e boas ideias e mais do que isso, também acabam tendo um relacionamento amoroso homossexual, o que na época em que o filme foi lançado causou uma certa controvérsia. O brigão Johnny foi interpretado por um ainda jovem e inexperiente Daniel Day-Lewis. Nos anos 80 certamente ninguém poderia prever que ele iria se tornar um dos maiores atores de sua geração. De qualquer maneira vale a pena a sessão. Só de ver Lewis no comecinho de sua carreira, já é uma boa desculpa para rever esse cult-movie da década de 1980.

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 13 de julho de 2020

Os Imorais

Título no Brasil: Os Imorais
Título Original: The Grifters
Ano de Produção: 1990
País: Estados Unidos
Estúdio: Cineplex Odeon Films
Direção: Stephen Frears
Roteiro: Donald E. Westlake
Elenco: Anjelica Huston, John Cusack, Annette Bening, Jan Munroe, Stephen Tobolowsky, Jimmy Noonan

Sinopse:
Baseado no romance escrito por Jim Thompson, o filme "Os Imorais" conta a história do vigarista Roy Dillon (John Cusack), um sujeito especializado em pequenos golpes. Quando surgem na jogada sua mãe e sua namorada, as apostas passam a ser dobradas. As coisas só ficam fora do controle quando um assassinato é cometido. Quem vai responder por esse crime? 

Comentários:
Inicialmente iria ser um filme dirigido por Martin Scorsese, porém ele depois pensou melhor e decidiu que apenas iria produzir o filme. Chamou outro cineasta muito talentoso, Stephen Frears, participando apenas dos bastidores. O resultado ficou muito bom, tanto que ganhou várias indicações ao Oscar, incluindo melhor direção, melhor atriz coadjuvante (Annette Bening, que está muito bonita no filme) e roteiro adaptado. Quem também foi lembrada pelo Oscar e pelo Globo de Ouro foi a atriz Anjelica Huston, que concorreu ao Oscar de melhor atriz. Ela está bem diferente no filme, usando um cabelo platinado até esquisito, fumando um cigarro após o outro, o que combinava com sua personagem, uma mulher, como o próprio título nacional sugere, sem quaisquer valores morais, uma imoral. Curiosamente quem foi esquecido pelos grandes prêmios do mundo do cinema foi justamente John Cusack. Não fez muito sentido, pois se suas colegas foram lembradas pelo Oscar, ele também deveria ter sido. Está muito bom na pele de seu personagem escroque, que só pensa em se dar bem, passando a perna nos outros. Em minha opinião Cusack esteve poucas vezes tão bem no cinema como nesse filme. Outro destaque vem da trilha sonora, toda composta com temas do mais puro e autêntico jazz americano. Os ouvidos mais refinados certamente vão agradecer. 

Pablo Aluísio.

sábado, 8 de dezembro de 2018

Alta Fidelidade

Fim de ano chegando é uma boa oportunidade para rever alguns filmes do passado, alguns que não assistia há quase vinte anos! É o caso desse "Alta Fidelidade" que só havia visto uma vez, em seu lançamento original. Continua sendo uma boa fita, valorizada por um roteiro muito bom, cheio de boas ideias e ótimos diálogos. O protagonista é um cara chamado Rob (John Cusack). Ele já está no seus trinta e poucos anos, mas nunca acertou nos relacionamentos. Quando leva mais um fora, dessa vez de uma garota em que ele apostava, tudo o leva de volta a uma reflexão sobre o seu próprio passado. Detalhe importante: Rob é dono de uma loja de discos de vinil. Ele sempre está fazendo listas, do tipo "top 5" sobre música em geral e decide rever e fazer sua própria lista de maiores foras que levou. Mais radical do que isso. Ele decide ir atrás de suas antigas namoradas para ver o que aconteceu com elas, o que estão fazendo da vida, talvez descobrir com isso o que estaria errado com ele mesmo em seus relacionamentos amorosos. Quem sabe elas poderiam dar uma pista...

Durante o tempo todo a chamada quarta parede é ignorada, o que faz com que Rob converse o tempo todo com o espectador. Claro que isso cria uma certa cumplicidade com o público, além de ser uma jogada marota do roteiro para criar carisma no personagem principal. O clima é de romantismo mais sarcástico, tudo embalado com um clima vintage, nostálgico, que vai bater forte em quem curte não apenas cinema, mas também música antiga. E de quebra o filme ainda traz um elenco coadjuvante muito bom, a começar por uma linda e ainda jovem Catherine Zeta-Jones. Ela foi a top 5 na vida de Rob, mas em seu reencontro parte daquele encanto se vai. Claro, para contrabalancear, também temos que aturar os excessos de Jack Black, mas nem ele consegue estragar esse bom filme sobre amor, discos de vinil e problemas pessoais, não necessariamente nessa ordem. Reveja e no mínimo tenha saudades de um tempo que já é passado distante para muitos... quem diria...

Alta Fidelidade (High Fidelity, Estados Unidos, 2000) Direção: Stephen Frears / Roteiro: D.V. DeVincentis / Elenco: John Cusack, Catherine Zeta-Jones, Jack Black, Tim Robbins, Lisa Bonet, Iben Hjejle, Todd Louiso, Joan Cusack / Sinopse: O filme acompanha a vida de Rob (Cusack) que tem uma loja de discos de vinil e muitos problemas de relacionamento com as mulheres, de seu passado e do seu presente. Filme premiado pelo Globo de Ouro na categoria de Melhor Ator (John Cusack).

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 1 de fevereiro de 2018

Victoria & Abdul

Poucas vezes no mundo das artes se teve tanto interesse na figura da Rainha Vitória. Além de uma série popular sendo exibida atualmente na Inglaterra, temos aqui um belo filme mostrando uma história pouco conhecida da amizade da Rainha (já octogenária) com um criado indiano chamado Abdul Karim. Eles se conheceram por mero acaso, quando Abdul foi designado para presentear a Rainha, durante um banquete, com uma moeda tradicional da Índia. A monarca não deu muita bola para o presente, mas ficou impressionada e interessada na figura do indiano. A partir daí se aproximaram e uma inusitada amizade se criou entre eles.

Obviamente que a Rainha da Inglaterra ter uma aproximação assim tão de perto com um indiano, ainda mais muçulmano, criou uma série de atritos com os demais membros da família real. Vitória, no fundo uma mulher solitária, sem amigos, já com oitenta anos, sentia-se muito sozinha e amarga, principalmente pelo fato de que todas as pessoas de quem realmente gostava já tinham morrido naquela fase de sua vida. O filho, chamado por ela de Bertie, futuro Rei Eduardo VII, não passava de um homem fútil que só trazia aborrecimentos para ela. As demais filhas também não lhe traziam mais boas notícias, assim acabou sobrando para ele ter pequenos momentos agradáveis com seu servil Abdul, que era um homem inteligente que estava sempre disposto a contar e ensinar coisas para a Rainha. Ela era a Imperatriz da Índia naquele momento, mas nunca havia ido naquele distante e exótico país, tampouco conhecia sua história e riqueza cultural. Abdul acabou abrindo essas portas de conhecimento para ela.

Além de ser historicamente muito interessante, "Victoria & Abdul" ainda passeia pela vida privada e mais íntima da Rainha, a mostrando em momentos bem humanos. Ela foi a monarca que mais tempo ficou no trono na Inglaterra e deu nome a todo um século, chamado de "Era Vitoriana". Foi o auge do império britânico, com possessões e colônias em todos os lugares do mundo conhecido. Claro que em um filme assim haveria a necessidade de ter uma grande atriz interpretando a Rainha Vitória. E ela está lá, Judi Dench. Essa maravilhosa atriz já havia inclusive interpretado Vitória em "Sua Majestade, Mr. Brown" e agora retorna ao mesmo papel. Envelhecida ainda mais por uma bem feita maquiagem (que está concorrendo ao Oscar nessa categoria), ela realmente impressiona pelo talento e pela sensibilidade mostrada em cada momento do filme. Sua atuação é grandiosa. Em suma, um belo filme, um dos melhores de 2017, que inclusive não foi indicado na principal categoria (o de melhor filme do ano). Mais uma injustiça na longa lista da história do Oscar.

Victoria e Abdul: O Confidente da Rainha (Victoria & Abdul, Inglaterra, Estados Unidos, 2017) Direção: Stephen Frears / Roteiro: Lee Hall / Elenco: Judi Dench, Ali Fazal, Tim Pigott-Smith, Eddie Izzard / Sinopse: Baseado no livro escrito por Shrabani Basu, o filme conta a história real da amizade da Rainha Victoria com um serviçal indiano, que se tornou uma pessoa bem próxima dela em seus últimos anos de vida. Filme indicado ao Globo de Ouro na categoria de Melhor Atriz (Judi Dench). Também indicado ao Oscar nas categorias de Melhor Maquiagem e Cabelo (Daniel Phillips e Loulia Sheppard) e Melhor Figurino (Consolata Boyle).

Pablo Aluísio.

domingo, 4 de junho de 2017

Florence: Quem é Essa Mulher?

Esse filme é baseado na história real de Florence Foster Jenkins, considerada a pior cantora do mundo, em todos os tempos! Embora seja uma comédia, não se pode ignorar a ternura dessa história. A figura de Florence é muito humana, a de uma mulher que não tinha talento para a música, mas que procurou transformar seu imenso amor pela arte em uma carreira musical! Ela vivia cercada de bajuladores e puxa-sacos pois era rica e cheia de posses. Seu marido, St Clair Bayfield (Hugh Grant), era um ator inglês fracassado e canastrão que gostava de se ver como um nobre britânico, embora não tivesse título nenhum da monarquia. Era infiel a Florence, mas ao mesmo tempo muito dedicado a ela. O músico Cosmé McMoon (Simon Helberg) era um pianista mal sucedido na carreira, um pobre coitado, muito tímido, além de homossexual enrustido, que sabia o quanto Florence era péssima cantora, mas que acabou criando assim mesmo um sentimento de compaixão para com ela. Florence vivia de certa maneira dentro de uma bolha, isolada do mundo exterior, tudo criado artificialmente pelo seu marido, que organizava apresentações privadas e exclusivas dela, para se apresentar para pessoas ricas e ignorantes, sem cultura nenhuma. Era uma forma de ganhar dinheiro com ricaços estúpidos e manter Florence dentro de seu mundinho de ilusão. Tudo porém foge do controle quando ela decide se apresentar no magnífico Carnegie Hall em Nova Iorque, onde seu marido não teria mais controle sobre o que seria publicado sobre ela nos jornais!

Eu realmente gostei muito desse filme. Ele evoca uma era (da Belle Époque) que já não existe mais. Tempos mais inocentes e pueris. Além da história ser extremamente cativante temos um elenco inspirado. A começar por Meryl Streep. Sua Florence é um achado. Uma mulher que sofreu muito na vida, mas que acabou herdando uma grande fortuna. Apaixonada por arte e sem talento para isso, ela cria seu próprio mundo (apesar de cantar pessimamente ruim). O material que Meryl teve para trabalhar foi muito generoso. Florence estava morrendo de sífilis, tinha uma casamento falso e vivia dentro de suas próprias ilusões de grandeza artística (que eram inexistentes). Hugh Grant também está perfeito como o marido canastrão de Florence. Um papel que aliás lhe caiu muito bem. Por fim vale menção ao comediante Simon Helberg. O público em geral o conhece da série de humor The Big Bang Theory onde interpreta o personagem Howard Wolowitz. Aqui ele está perfeito como esse pianista de figura frágil, tímida, que é responsável por alguns dos momentos mais engraçados do filme. Enfim, essa é uma excelente dica para quem gosta de cinema. Um filme muito bom, que conta uma história ao mesmo tempo triste, engraçada e terna. Está mais do que recomendado.

Florence: Quem é Essa Mulher? (Florence Foster Jenkins, Estados Unidos, 2016) Direção: Stephen Frears / Roteiro: Nicholas Martin / Elenco: Meryl Streep, Hugh Grant, Simon Helberg, Rebecca Ferguson, Christian McKay, Stanley Townsend / Sinopse: O filme conta a história real de Florence Foster Jenkins (Streep), uma mulher rica que amava o mundo da música e do teatro, mas que não tinha talento nenhum para isso. Considerada a "pior cantora do mundo", ela só queria ser feliz se apresentando ao vivo no Carnegie Hall, de Nova Iorque. Filme indicado ao Oscar nas categorias de Melhor Atriz (Meryl Streep) e Melhor Figurino (Consolata Boyle). Também indicado ao Globo de Ouro nas categorias de Melhor Filme - Comédia ou Musical, Melhor Ator (Hugh Grant), Melhor Atriz (Meryl Streep) e Melhor Ator Coadjuvante (Simon Helberg). Vencedor do BAFTA Awards na categoria Melhor Cabelo / Maquiagem (J. Roy Helland e Daniel Phillips).

Pablo Aluísio.

sábado, 18 de junho de 2016

Coisas Belas e Sujas

Título no Brasil: Coisas Belas e Sujas
Título Original: Dirty Pretty Things
Ano de Produção: 2002
País: Inglaterra
Estúdio: BBC Films
Direção: Stephen Frears
Roteiro: Steven Knight
Elenco: Chiwetel Ejiofor, Audrey Tautou, Sophie Okonedo
  
Sinopse:
Okwe (Chiwetel Ejiofor) é um imigrante ilegal nigeriano que tenta sobreviver levando uma dura vida nos subterrâneos de Londres. Ele trabalha como recepcionista de hotel durante a noite e de dia tenta exercer medicina, uma área em que tem conhecimento. Para isso porém ele é proibido por lei, o que o faz estar sempre fugindo de agentes da imigração. Certo dia, por puro acaso, ele acaba descobrindo um esquema ilegal de realizações de cirurgias, liderados por um sujeito chamado Juan, seu chefe no hotel onde trabalha. Esse lhe faz uma proposta tentadora que pode lhe render muito dinheiro: fazer cirurgias ilegais! Se aceitar e isso for descoberto poderá ser até mesmo preso! E agora como recusará esse tipo de oferta tentadora?

Comentários:
Stephen Frears é definitivamente um dos meus diretores preferidos. Em 2002 ele realizou esse filme independente com um tema que hoje em dia está mais do que em voga: a vida de imigrantes em países europeus. Claro que quando o filme foi feito não havia ainda esse caos e essa crise de imigração que assola atualmente o continente europeu, com milhões de pessoas fugindo de guerras no Oriente Médio. Mesmo assim é um retrato muito interessante da vida de um imigrante nigeriano que vai morar em Londres. Apesar de ser uma pessoa com nível superior (ele era médico em seu país) precisa trabalhar nos empregos que lhe aparecem até que consiga a autorização para viver de forma legal na Inglaterra. Hoje em dia esse assunto está muito em debate, principalmente depois que a Inglaterra resolveu deixar a União Européia. Assim deixo a dica para que se conheça a dura vida de um imigrante africano em terras da Europa, para que todos possam perceber que definitivamente essa não é uma existência muito tranquila e calma.

Pablo Aluísio.

domingo, 28 de fevereiro de 2016

O Segredo de Mary Reilly

Título no Brasil: O Segredo de Mary Reilly
Título Original: Mary Reilly
Ano de Produção: 1996
País: Estados Unidos
Estúdio: TriStar Pictures
Direção: Stephen Frears
Roteiro: Christopher Hampton
Elenco: Julia Roberts, John Malkovich, George Cole
  
Sinopse:
Mary Reilly (Julia Roberts), uma dona de casa vitoriana, acaba se apaixonando pelo respeitado médico Dr. Jekyll (John Malkovich) sem conhecer seu lado mais sinistro, amoral e violento, o Mr. Edward Hyde. Roteiro baseado no romance escrito por Valerie Martin. Filme indicado ao Golden Berlin Bear do Berlin International Film Festival. 

Comentários:
Transformar a história de Dr. Henry Jekyll e Mr. Edward Hyde (o médico e o monstro) em um drama vitoriano com pretensões de filme sério? Será que foi realmente uma boa ideia? Para a atriz Julia Roberts realmente parecia uma boa oportunidade de realizar um filme com qualidade literária ao mesmo tempo em que não perdia de vista os interesses financeiros de sua carreira. Um pé na arte e o outro na bilheteria. Apesar das intenções nada pareceu dar muito certo. O filme não consegue se decidir em ser uma obra de arte ou uma diversão pop de verão. No meio do caminho não conseguiu ser nem uma coisa, nem outra. Apesar da bipolaridade ainda há coisas boas para se elogiar. Uma delas vem justamente do elenco e nem estou me referindo ao trabalho de Julia Roberts (envelhecida precocemente com forte maquiagem), mas sim de John Malkovich. Se existe uma razão para assistir esse filme pelo menos uma vez na vida vem justamente de sua presença em cena. Claro que todos sabem que Malkovich sempre foi um grande ator. Seja como o racional Dr. Henry Jekyll ou como o alucinado Edward Hyde o ator se saiu excepcionalmente bem. Uma prova de seu grande talento. Pena que o filme nunca consiga ser tão bom como ele. É o típico caso em que temos uma atuação grande demais para um filme apenas mediano.

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 23 de outubro de 2014

Ligações Perigosas

Título no Brasil: Ligações Perigosas
Título Original: Dangerous Liaisons
Ano de Produção: 1988
País: Estados Unidos, Inglaterra
Estúdio: Warner Bros
Direção: Stephen Frears
Roteiro: Christopher Hampton
Elenco: Glenn Close, John Malkovich, Michelle Pfeiffer, Keanu Reeves, Uma Thurman

Sinopse:
Baseado no famoso romance "Les Liaisons Dangereuses" do autor Choderlos de Laclos (1741 - 1803), o filme "Ligações Perigosas" narra as intrigas, fofocas e ciladas sociais que se desenvolvem na corte francesa do século XVIII. De um lado o fútil e perigoso Visconde Sébastien de Valmont (John Malkovich), do outro a maquiávelica Marquesa Isabelle de Merteuil (Glenn Close) e no meio de todas as armações sociais a bela e jovem Madame de Tourvel (Michelle Pfeiffer). Um jogo mortal de sedução e poder dentro das relações entre nobres da monarquia francesa da época. Filme vencedor dos Oscars de Melhor Roteiro Adaptado, Melhor Figurino e Melhor Direção de Arte.

Comentários:
Choderlos de Laclos foi um dos principais generais de Napoleão Bonaparte. Quando não estava nos campos de batalha lutando por seu imperador, escrevia romances. O livro que deu origem a esse filme logo se tornou um dos mais populares de sua carreira como escritor. Ele desvenda o jogo de poder e cobiça que existia dentro da corte francesa. O curioso é que o próprio Napoleão era fruto da revolução francesa, que procurava colocar abaixo a ordem social da monarquia daquela nação, mas tão logo assumiu o poder absoluto deu origem a também uma corte suntuosa e luxuosa, provando que nem sempre as boas intenções resultam em algo positivo. Deixando um pouco de lado esse contexto histórico o fato é que "Ligações Perigosas" tem uma das tramas mais saborosamente perversas da história do cinema americano. Stephen Frears, em grande momento, soube como poucos explorar as vilanices de seus personagens. Aqui, como obviamente podemos notar, o que importa é realmente passear pelas artimanhas e manipulações dos dois personagens centrais, ambos sem quaisquer escrúpulos pessoais ou valores morais, mas mestres na arte da manipulação social. Claro que apenas dois grandes atores poderiam tirar todo o potencial do texto literário para as telas de cinema. Nesse ponto John Malkovich e Glenn Close estão soberbos. Glenn Close em especial tem uma das melhores atuações de sua vida e quem a conhece sabe que isso definitivamente não é pouca coisa. O contraste da podridão de seus interesses e almas com a delicada inocência, juventude e beleza de Michelle Pfeiffer (linda no filme) garantem o alto nível do filme no quesito atuação. Em termos de produção o filme também apresenta um requinte único, com belíssima reconstituição de época, extremamente luxuosa nos mínimos detalhes. Um filme para se ter na coleção, com a finalidade de se rever sempre que possível. Cinema do mais puro e fino bom gosto.

Pablo Aluísio.

sábado, 17 de maio de 2014

Alta Fidelidade

Título no Brasil: Alta Fidelidade
Título Original: High Fidelity
Ano de Produção: 2000
País: Estados Unidos
Estúdio: Touchstone Pictures
Direção: Stephen Frears
Roteiro: D.V. DeVincentis
Elenco: John Cusack, Jack Black, Iben Hjejle, Todd Louiso

Sinopse:
A vida de Robb (John Cusack) chegou numa encruzilhada sentimental. Sua namorada de longa data, a quem ele tinha esperanças de um dia se casar, resolve pular fora do relacionamento e isso o leva a uma crise existencial sem precedentes em sua vida. Dono de uma loja de vinil decadente na velha Chicago ele tentará entender o que deu errado em sua vida! Filme indicado ao Globo de Ouro na categoria Melhor Ator - Comédia ou Musical (John Cusack), também indicado ao Grammy Awards na categoria Melhor Trilha Sonora.

Comentários:
Para muitos esse foi o melhor filme da carreira de John Cusack. De fato é um filme bem acima da média que captou um certo saudosismo que estava em voga nos Estados Unidos naquela época. Como se sabe o vinil como produto industrial de massa havia morrido nos anos 90, sendo substituído pelo CD. Nesse momento de mudanças os antigos colecionadores de discos ficaram meio perdidos sem saber direito o que fariam com seus velhos discos pretos, as queridas bolachonas. O personagem principal do filme é um dono de loja de discos de vinil em Chicago (comércio que em pouco tempo iria desaparecer do mapa). Assim há todo um clima de nostalgia no ar durante todo o filme. Também ajuda muito o roteiro muito bem escrito que se desenvolve nos conflitos pessoais e existenciais dos vários personagens que entram e saem daquela loja destinada à extinção. E o que falar da excelente trilha sonora musical? Para quem gosta de música de qualidade é um achado e tanto! O filme, não há como negar, ainda continua tão charmoso como na época de seu lançamento, há quase quinze anos! A boa e velha cultura pop nunca foi tão bem retratada como aqui, disso temos certeza.

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 19 de março de 2014

Philomena

Título no Brasil: Philomena
Título Original: Philomena
Ano de Produção: 2013
País: Estados Unidos
Estúdio: The Weinstein Company
Direção: Stephen Frears
Roteiro: Steve Coogan, Jeff Pope
Elenco: Judi Dench, Steve Coogan, Sophie Kennedy Clark

Sinopse:
Quando jovem, Philomena (Judi Dench) acaba engravidando de um homem em um caso casual. Grávida e prestes a se tornar mãe solteira, sua família com medo e vergonha do escândalo resolve levar a garota para um convento católico onde ela acaba tendo seu filho. Sem possibilidades financeiras e emocionais de cuidar da criança resolve colocar ele para adoção. Um casal americano assim adota o garotinho e o leva para os Estados Unidos. Cinquenta anos depois Philomena decide que quer encontrar seu filho. Para isso pede ajuda a um escritor inglês, Martin Sixsmith (Steve Coogan), que fará de tudo para encontrá-lo. Filme indicado aos Oscars de Melhor Filme, Roteiro Original e Melhor Atriz (Judi Dench).

Comentários:
Certamente é um bom filme e não restam dúvidas que mereceu todos os prêmios e indicações. Há algumas escolhas bem interessantes, sendo uma delas a opção por realizar um filme curto já que o enredo assim se torna bem mais dinâmico. Isso só vem a provar que não é necessário realizar filmes longos demais, com quase três horas, para serem bons. Tudo pode ser contado com eficiência e sem perda de tempo - o que talvez melhor justifique a indicação para o Oscar de Melhor roteiro original. A história, baseada em fatos reais, é muito humana e rica em reflexões. A Igreja Católica pode parecer a grande vilã de tudo o que aconteceu mas essa seria uma visão simplista demais sobre os eventos mostrados no filme. Não se pode esquecer que a própria Philomena resolveu dar seu filho para doação e como ela própria deixou claro em uma das cenas não houve qualquer coação nesse sentido por parte da Igreja. O sigilo em questão de doação é até hoje um dos paradigmas desse instituto jurídico, então não há também como culpar a Igreja por ter mantido em segredo o paradeiro de seu filho nos Estados Unidos.

Dito isso a produção poderá levar os mais desavisados a qualificar as atitudes das freiras como algo horrível e até mesmo diabólico mas não existe razão de ser para tal pensamento. Fazia parte daquele contexto histórico e no final das contas o rapaz adotado teve uma vida familiar estruturada em sua nova família americana, algo que provavelmente não teria se tivesse ficado na Irlanda. A direção procura mostrar os eventos com imparcialidade e felizmente não toma o rumo de atacar a Igreja Católica de forma gratuita. Pelo bom gosto dessa decisão o próprio Papa Francisco recebeu a verdadeira Philomena no Vaticano recentemente. Em termos de elenco a atriz Judi Dench reina absoluta. Sua personagem tem um grande coração, fez escolhas erradas no passado mas assume todas as suas atitudes com coragem. No fundo é uma pessoa bem simples mas que tenta fazer as pazes com seu filho cujo paradeiro tenta descobrir. Assim no saldo final temos uma produção sensível, eficiente e humana, três qualidades que a cada dia se tornam cada vez mais raras dentro do cinema atual.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 11 de dezembro de 2012

Cheri

Eu sempre fui grande fã do cinema de Stephen Frears, por isso fui com boas expectativas assistir esse Cheri. Pensei que seria pelo menos um bom filme de sua rica filmografia. Ledo engano. Cheri é um filme muito abaixo do que eu esperava. Mal conduzido, enfadonho, lento, inverossímil e o pior de tudo com um sério erro na escalação da dupla central. O texto e o roteiro certamente são bons mas para que o filme funcionasse seria necessário ter um casal realmente entrosado em cena e o mais importante, com talento. O problema aqui não é com Michelle Pfeiffer. Apesar da idade aparente ela ainda continua bonita, charmosa e talentosa. Suas cenas são boas e ela conseguiu pelo menos me manter acordado. O problema de todo o filme tem nome: Rupert Friend. Eu realmente fiquei me perguntando onde o diretor conseguiu achar um ator tão ruim como esse. O sujeito é uma nulidade em cena. Fazendo o par romântico com Pfeiffer tudo o que ele consegue passar ao espectador é tédio. Não sabe atuar, não sabe passar calor humano e nem tem química nas cenas a dois com a ex mulher gato. Assim o filme simplesmente naufraga pois se o foco dele é um romance ardente e esse não consegue ser convincente então é o fim mesmo de tudo.

Chei se passa na chamada Belle Époque em Paris. O capitalismo está em franca expansão e há um clima de otimismo no ar. É nesse ambiente que vive a fina cortesã Lea de Lonval (Michelle Pfeiffer). Embora seja muito experiente com relacionamentos com o sexo oposto ela acaba traindo seus próprios ideais ao se apaixonar por um imaturo e mimado jovem, Chéri (Rupert Friend). Para piorar ainda mais sua situação ele é filho de uma antiga rival na profissão, a exuberante Madame Peloux (Kathy Bates), que não vê com bons olhos o romance, preferindo que seu filho se casasse com Edmée (Felicity Jones). O roteiro é curioso porque lida com emoções sentimentais entre pessoas que comercializam justamente esse tipo de sentimento. A produção é de requinte, com excelente reconstituição de época. Seu maior defeito porém é de ritmo que logo se torna lento e arrastado. Apesar de ser excelente cineasta Frears surge preguiçoso na condução da trama, confundindo contemplação com chatice. Assim sendo logo o filme se torna bastante enfadonho. Como o casal central não convence ficamos com aquela sensação de perplexidade ao ver uma dama tão bonita e sofisticada como Lea fazendo loucuras em prol do amor de um jovem tão sem expressão como aquele. Só recomendo Cheri para os fãs mais ardorosos de Michelle Pfeiffer. Fora ela em cena a produção realmente não traz nenhum outro grande atrativo.

Cheri (Cheri, Estados Unidos, 2009) Direção: Stephen Frears / Roteiro: Christopher Hampton / Elenco: Michelle Pfeiffer, Kathy Bates, Rupert Friend, Bette Bourne, Iben Hjejle, Frances Tomelty, Joe Heridan./ Sinopse: Cortesã com muita experiência de vida acaba se apaixonando por jovem, filho de uma antiga rival. Ambientado na Paris da Belle Époque, Cheri traz novamente para as telas Michelle Pfeiffer no papel de Lea de Lonval.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 6 de novembro de 2012

A Rainha

O filme se propõe a ser um retrato daquele que provavelmente foi o momento mais marcante dessa nova monarquia britânica: a morte da Princesa Diana. O foco é então desviado para o lado mais humano da Rainha Elizabeth II, aqui brilhantemente interpretada pela talentosa Helen Mirren. Após a morte de Diana em Paris a realeza inglesa ficou em certo impasse pois era fato conhecido de todos que as relações entre a Rainha e Diana estavam longe de serem cordiais ou amenas. A princesa havia se divorciado de Charles e estava tendo um romance um tanto escandaloso com Dodi Al-Fayed, herdeiro da cadeia de lojas Herrod´s, um envolvimento amoroso que causava um constrangimento generalizado na monarquia e que era desaprovado sem reservas pela Rainha. Como se não bastasse esse comportamento nada discreto e elegante da mãe do futuro Rei da Inglaterra, Diana ainda escancarava a vida privada da nobreza de forma vergonhosa para a imprensa, mostrando aspectos íntimos da vida familiar do Palácio de Buckingham. Assim quando morreu naquele trágico acidente a Rainha se viu em um impasse tremendo: se mostrar fria e indiferente ao acontecimento, mantendo sua postura e fleuma, ou demonstrar tristeza profunda pela morte da Princesa. Nesse momento entra em cena a atuação do Primeiro-Ministro Tony Blair (Michael Sheen), que tentará mudar a mentalidade da monarca britânica. 

Elizabeth não quis assistir ao filme pois se sentiu bastante desconfortável ao ser retratada nas telas. Além disso resumiu seu sentimento em relação ao filme ao declarar: " não quero relembrar uma das piores semanas de minha vida". Excesso de zelo certamente pois "A Rainha" é uma produção do mais alto nível, com roteiro caprichosamente escrito, tentando sempre se manter de forma bastante fiel aos fatos históricos. É certo que Diana passava longe de ser uma nobre com comportamento adequado mas diante de sua popularidade imensa perante a população, fruto de seu carisma e atos de boa vontade, a Rainha teve que dar o braço a torcer, declarando imenso pesar pela morte de sua ex-nora. A Academia gostou bastante do resultado final e "A Rainha" conquistou o Oscar de Melhor Atriz (Helen Mirren) e foi indicado aos de Figurino, Direção, Trilha Sonora, Melhor Filme e Roteiro Original. O reconhecimento continuou nos prêmios do Globo de Ouro e Bafta onde venceu nas categorias Atriz e filme. Nada mal para uma produção luxuosa e elegante, digna de uma verdadeira Rainha.

A Rainha (The Queen, Estado Unidos / Inglaterra, 2006) Direção: Stephen Frears / Roteiro: Peter Morgan / Elenco: Helen Mirren, Michael Sheen, James Cromwell, Sylvia Syms./ Sinopse: Na semana da morte da Princesa Diana a Rainha Elizabeth II fica em um impasse: se manter o mais longe possível da tragédia ou se envolver pessoalmente mostrando o pesar pela morte da  Princesa.

Pablo Aluísio.