sexta-feira, 11 de janeiro de 2019

Jogos Mortais: Jigsaw

Esse é o mais novo filme da franquia "Jogos Mortais", lançado no último Halloween nos Estados Unidos. Claro que uma série de filmes tão lucrativa como essa não seria deixada de lado pelos produtores. A primeira pergunta que esse roteiro vai trazer para o espectador é: afinal Jigsaw está morto ou não? Pela história dos filmes anteriores sim, ele está morto há pelo dez anos! Isso porém não parece ser problema para os roteiristas que arranjaram um jeito interessante para trazer o personagem de volta ao cinema (ou quase isso!). Fique atento para a verdadeira armadilha temporal que o roteiro armou para enganar o público. É algo até bem sutil, mas igualmente criativo.

A história começa quando cinco pessoas despertam dentro de um lugar que mais parece um velho armazém. Eles estão com algo que parecem baldes em suas cabeças, todos acorrentados. Se isso já não fosse ruim o bastante as correntes os levam para cima de serras prontas para fazer todos em pedaços. Como se trata de mais um jogo mortal criado por Jigsaw, ele logo surge em áudio explicando as regras do jogo. Todas aquelas pessoas cometeram atos terríveis em suas vidas e precisam confessar os seus crimes, caso contrário todos serão trucidados. O cenário é um velho armazém que pertenceu a esposa falecida de Jigsaw, porém a dúvida persiste, como alguém morto há mais de dez anos continua a manipular seus jogos mortais?

A primeira coisa que os policiais pensam é que está agindo um copycat, um imitador do método de matar do psicopata original. As coisas vão ficando mais estranhas quando os tiras descobrem que há suspeitos dentro da própria equipe do necrotério que examina os corpos mutilados nos jogos mortais. Bom, escrever mais seria estragar algumas surpresas do filme. Basta dizer que a maquinaria da morte de Jigsaw está cada mais afiada. Em uma das sequências mais violentas um verdadeiro moedor de carne humana é usada! No geral, apesar de não trazer muitas novidades, esse novo filme da série vai agradar aos fãs. Penso que o roteiro está bem de acordo com o espírito da franquia, além disso o final fica em aberto, provavelmente para gerar novas continuações, afinal de contas o lucro é o mais importante. Lançado há pouco tempo esse "Jogos Mortais" versão 2017 se tornou um novo sucesso de público, rendendo cinco vezes o seu orçamento nas bilheterias. Alguém duvida que novos filmes virão pela frente?

Jogos Mortais: Jigsaw (Jigsaw, Estados Unidos, 2017) Direção: Michael Spierig, Peter Spierig / Roteiro: Pete Goldfinger, Josh Stolberg / Elenco: Tobin Bell, Matt Passmore, Callum Keith Rennie / Sinopse: Corpos começam a aparecer nas ruas. O grau de mutilação e violência a que eles foram expostos lembram aos detetives o método de matar do psicopata John Kramer, vulgo Jigsaw. A questão é que ele está morto há dez anos! Estaria alguém imitando seu estilo de assassinar pessoas ou o próprio Jigsaw estaria ainda vivo, solto por aí, cometendo seus crimes?

Pablo Aluísio.

O Amante

Liam Neeson interpreta o marido que sempre pensou ter a esposa perfeita. Bonita, bem sucedida profissionalmente, inteligente, ela teria todas as qualidades que um homem gostaria de encontrar em uma mulher. Só que um dia, por mero acaso, ele acaba ouvindo uma mensagem no celular da esposa. Um desconhecido lhe fazia promessas de amor, com pitadas de sensualidade. Obviamente alguém bem íntimo dela. Lógico que algo assim planta a semente da desconfiança em seus pensamentos. Pior acontece quando ele vai até o laptop da esposa e descobre que existe uma pasta chamada "amor" protegida por senha.

O ciúme começa a envenenar sua mente. Após passar dias obcecado, tentando romper a senha, ele finalmente consegue. Dentro da pasta muitas fotos da esposa com o amante, em hotéis, viagens de barco e algumas delas até mesmo de intimidades com o amante. Todas as suas suspeitas são confirmadas e da pior maneira possível! A sua cabeça explode de vez! Por 12 anos a esposa que ele considerava perfeita o traiu com um amante!

Então o marido decide rastrear tudo do caso. Encontra o nome e o endereço do amante e vai até ele. Esse personagem é interpretado pelo "latin lover" Antonio Banderas, que não demora a se mostrar como um grande cafajeste, explorador de mulheres. O plano do marido traído passa a ser de vingança, de matá-lo, mas seria essa a melhor opção? "O Amante" não deixa de ser um filme interessante, que mexe com os instintos masculinos mais primitivos. O homem que descobre ter sido traído por longos anos faz aflorar seus sentimentos mais violentos. É um enredo de basicamente apenas três personagens, o marido, a esposa e o amante. Filme curto que vai direto ao ponto. Poderia ter tido um final mais visceral, porém os roteiristas optaram por algo mais sensato. Afinal não seria bom plantar ideias erradas nas mentes daqueles que viveram a mesma situação do filme.

O Amante (The Other Man, Estados Unidos, 2008) Direção: Richard Eyre / Roteiro: Richard Eyre, Charles Wood / Elenco: Liam Neeson, Antonio Banderas, Laura Linney / Sinopse: Homem que pensava ter o melhor e mais perfeito casamento do mundo descobre que sua esposa teve um amante por longos 12 anos! Obcecado com a traição, ele decide ir atrás do amante, para conhecê-lo, descobrir o que levou sua esposa a trai-lo e talvez matá-lo para lavar sua honra com sangue!

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 10 de janeiro de 2019

O Benfeitor

O eterno galã de cabelos grisalhos Richard Gere interpreta um magnata do ramo hospitalar que corroído pela culpa de um acidente de carro, onde morreu um casal de amigos, decide fazer de tudo para ajudar a única filha deles. Como é um milionário que não sabe mais onde enfiar tanto dinheiro, decide assim fazer de tudo para ajudar a jovem que está se casando. Interpretada por Dakota Fanning, ela também vai percebendo que a boa vontade de seu benfeitor começa a ficar um pouquinho além da conta, excessiva. Afinal o ricaço decide comprar uma bela casal para ela, carros, tudo do bom e do melhor. E ele deveria ser apenas o padrinho do casal, nada mais. Não precisava ser alguém que viesse a dar tudo para ela e seu noivo.

O filme tem uma narrativa bem leve, nada de muito dramático. Temos que reconhecer que você precisará gostar um tantinho do Richard Gere para considerar o filme realmente bom. Isso porque não há nada de muito dramático em sua estória, nada muito relevante realmente acontecendo nas cenas. O milionário interpretado por Gere tem problemas com drogas (é viciado em morfina) e bebidas, mas nada fica muito sério nesse aspecto. Não é um filme do tipo "Christiane F", nada disso. Até os problemas do personagem são amenizados. Diria que é um roteiro feito sob encomenda para o astro de outrora, onde ele tem oportunidade de ter uma boa atuação numa cena aqui e outra acolá, mas tudo feito mesmo na base da superficialidade. É em suma um filme leve, que nunca tem coragem de tocar fundo na ferida.

O Benfeitor (The Benefactor, Estados Unidos, 2015) Direção: Andrew Renzi / Roteiro: Andrew Renzi / Elenco: Richard Gere, Dakota Fanning, Theo James / Sinopse: Franny Hines (Gere) é um milionário filantropo com problemas de bebidas e drogas que reencontra um sentido na vida ao ter a oportunidade de ajudar a filha de um casal de amigos, mortos em um acidente no passado, do qual ele teve indiretamente uma parcela de culpa. Assim ele começa a ajudar o jovem casal de todas as maneiras possíveis, algumas delas de forma exagerada e invasiva na vida conjugal deles. Filme indicado ao Tribeca Film Festival e ao Champs-Élysées Film Festival. Premiado no Catalina Film Festival na categoria de Melhor Filme Estrangeiro.

Pablo Aluísio.

Cães Selvagens

Filme insano e violento que a despeito disso consegue ser um dos melhores da recente safra da filmografia do ator Nicolas Cage. Aqui ele interpreta um criminoso que topa participar de um crime bárbaro: o sequestro de um bebê! Isso por si só já bastaria para mostrar que os personagens principais são realmente cães selvagens, feras, mas há mais. Em um dos momentos mais violentos o personagem de Willem Dafoe, um viciado em cocaína sem nenhum tipo de valor humano, decide explodir os miolos da mulher que ele explora, uma pobre alma com problemas de obesidade.

O diretor Paul Schrader porém não se contenta em fazer um filme sobre criminosos comuns, que acabaram de sair da cadeia. Ele quis mais. Usando uma linguagem cinematográfica surreal, pouco comum nesse tipo de produção, ele desmonta o típico filme sobre quadrilhas. Principalmente em seu final, quando tudo é encoberto por uma nuvem de neblina. Como eu escrevei no começo do texto esse é um caso raro de filme bom e recente estrelado por Nicolas Cage (um dos atores mais queridos do público brasileiro). Essa produção que tinha tudo para ser apenas mais um filme violento de ação, daqueles bem genéricos, tem muito estilo, mesmo que seja um estilo perturbador, onde cães comem outros cães (como sugere o título original). Não é um filme para os fracos e nem para os que se impressionam com facilidade. Na dúvida não deixe de conferir.

Cães Selvagens (Dog Eat Dog, Estados Unidos, 2016) Direção: Paul Schrader / Roteiro:  Matthew Wilder, baseado na obra de Edward Bunker / Elenco: Nicolas Cage, Willem Dafoe, Christopher Matthew Cook / Sinopse: Três condenados ganham a liberdade após cumprirem suas penas. De volta às ruas eles retornam para as atividades criminosas, trabalhando para um chefão mafioso conhecido como "El Greggo". Após alguns serviços eles aceitam participar de um crime hediondo, o sequestro de um bebê, filho de um ricaço da cidade.

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 9 de janeiro de 2019

Infiltrado na Klan

Quem conhece Spike Lee de longa data já prevê de antemão o que encontrará nesse seu novo filme. Usando de uma fina ironia ele conta a história de um agente policial disfarçado chamado Ron Stallworth (John David Washington) que decide ligar para um número que pertence a um grupo da Ku Klux Klan, entidade clandestina que há séculos vem reunindo racistas por todos os Estados Unidos. Se fazendo passar por um branco, ele acaba conseguindo um encontro com alguns membros. Só que por ser negro ele obviamente não pode ir a essa reunião. Então um outro agente branco se faz passar por ele. Então cria-se assim uma situação no mínimo inusitada. Ron conversa com os líderes da Klan por telefone, enquanto outro policial vai nos encontros racistas. O enredo foi levemente baseado em fatos reais acontecidos nos anos 1970. A operação policial original levou diversas pessoas para a prisão, inclusive alguns figurões da política nacional.

E por falar em política, Spike Lee aproveita para também cutucar o atual presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Durante todo o filme referências indiretas são feitas a ele, até que no final o diretor se torna mais explícito, ligando os movimentos racistas do passado diretamente aos acontecimentos mais recentes, quando grupos de supremacia branca marcharam sobre algumas cidades do sul. Inclusive Spike Lee não se faz de rogado, usando a própria imagem de Trump nas cenas finais.

No final temos até um bom filme, ativista em prol dos direitos dos negros, que procura satirizar os brancos americanos que empunham a bandeira da velha confederação como uma piada de si mesmos. Em termos puramente cinematográficos porém não é um grande filme, uma obra prima da sétima arte, digna de, por exemplo, ser indicado ao Oscar de melhor filme do ano. É meramente bom, nada excepcional. No fundo serve para passar sua mensagem, usando para isso muitas vezes apenas o humor corrosivo de seu diretor.

Infiltrado na Klan (BlacKkKlansman, Estados Unidos, 2018) Direção: Spike Lee / Roteiro: Charlie Wachtel, David Rabinowitz / Elenco: John David Washington, Adam Driver, Laura Harrier, Alec Baldwin / Sinopse: Durante os anos 70 um policial negro chamado Ron Stallworth (John David Washington) participa de uma operação onde o departamento infiltra um policial branco no meio de um grupo de racistas da Klan. Filme indicado ao Oscar nas categorias de Melhor Filme, Melhor Roteiro Adaptado, Melhor Música, Melhor Ator Coadjuvante (Adam Driver), Melhor Edição e Melhor Direção.

Pablo Aluísio.

Mogli: Entre Dois Mundos

Não faz muito tempo assisti ao novo filme de Mogli produzido pela Disney. Uma produção maravilhosa do ponto de vista técnico e artístico. Pois bem, agora temos essa outra versão, produzida pela Warner e lançada pelo Netflix. É basicamente a mesma história, novamente contando as origens de Mogli, até porque ambos os filmes tentaram se aproximar o máximo possível da obra original escrita pelo inglês Rudyard Kipling. Porém é bom frisar que há diferenças básicas entre os dois filmes, sendo que especialistas em literatura afirmam que esse "Mogli: Entre Dois Mundos" é bem mais fiel ao livro do que o anterior da Disney.

Isso fica claro em vários momentos. Há mais violência, mais crueza e em certos aspectos mais realismo. Sim, Mogli consegue falar com os animais, mas não há espaço para músicas e nem sequências musicais. Os animais também surgem menos caricatos, menos na base infantojuvenil. São bestas com marcas da luta pela sobrevivência na selva. Algumas pessoas reclamaram afirmando que esses animais ficaram com expressões estranhas, uma vez que a equipe de computação gráfica tentou mesclar a imagem das feras com os rostos dos dubladores, suas expressões faciais. Em certas partes isso se torna mais claro, porém não chega a comprometer em nada o resultado final.

Isso se deveu, penso, ao fato de que essa nova versão foi dirigida pelo ator Andy Serkis. Ele é um especialista em captura de imagens, atuando com um aparato tecnológico em cima de seu rosto e corpo, para que informações precisas sejam enviadas para o computador. No final de tudo a impressão fica mesmo um pouco fora da realidade, algumas vezes sem vida no olhar dos personagens... um preço a se pagar por uma tecnologia que ainda não chegou ao auge de seu potencial. Mesmo assim, vale a sessão. É uma tentativa de se chegar ao mais próximo possível do universo criado pelo autor... se bem que o livro e suas páginas de papel ainda são o melhor caminho para se encontrar mesmo, de fato, com a ideia do escritor que deu origem a esse menino das selvas. 

Mogli: Entre Dois Mundos (Mowgli, Estados Unidos, Inglaterra, 2018) Direção: Andy Serkis / Roteiro: Callie Kloves, baseado na obra escrita por Rudyard Kipling / Elenco: Christian Bale, Cate Blanchett, Naomie Harris, Andy Serkis, Benedict Cumberbatch / Sinopse: Após a morte de seus pais o menino Mogli é adotado por lobos selvagens. Ele precisa sobreviver, além dos perigos naturais da selva, à perseguição do tigre assassino Shere Khan. Filme indicado ao London Critics Circle Film Awards na categoria de Melhor Ator (Christian Bale). 

Pablo Aluísio.

terça-feira, 8 de janeiro de 2019

Django Livre

Em “Bastardos Inglórios” Quentin Tarantino tentou revisitar, com muito bom humor, um dos mais populares gêneros do cinema da era de ouro, o dos filmes de guerra. Exagerado, over, beirando a paródia completa, “Bastardos Inglórios” dividiu opiniões, sendo odiado por uns e amado por outros. Embora seu desfecho fosse absurdo pelo menos era surpreendente, não há como negar. Agora é a vez do Western servir de alvo para as lentes de Tarantino. “Django Livre” se propõe a ser uma paródia do chamado Western Spaguetti, gênero que se tornou muito popular (inclusive no Brasil) na época de seu auge. A tônica dessas produções era o exagero das cenas de violência e o uso abusivo de trilhas marcantes e onipresentes em cada cena. Os roteiros passavam longe de ser grande coisa mas eram eficientes. Agora o cineasta Tarantino tenta trazer o espírito daquelas produções de volta às telas, tudo mesclado com seu inconfundível toque pessoal.

É curioso porque assim que o projeto foi anunciado esperei por um verdadeiro delírio por parte do diretor pois se o Spaguetti era uma paródia do western americano, o que esperar de uma paródia da paródia? Obviamente um exagero completo, um delírio absoluto! Mas não é isso o que acontece. “Django Livre” pode até mesmo ser considerado conservador em certos aspectos. Não há dúvidas que existem produções Spaguetti que são bem mais violentas ou ousadas que “Django Livre”. Nesse ponto Tarantino foi passado para trás. Assim sobra pouca coisa para se surpreender. Quem é fã do gênero, que acompanha filmes de faroeste com freqüência, simplesmente não vai se impressionar com nada no filme de Tarantino. Nem é ousado e nem surpreendente. Mesmo assim não é um produto ruim, longe disso, só é menos revolucionário do que se esperava (ou melhor dizendo, não é revolucionário em nada).

Um bom western? Sim, não há como negar. O melhor vem dos talentosos atores em cena. O elenco está muito bem, em especial Christopher Waltz e Leonardo DiCaprio. Jamie Foxx como Django não chega a empolgar e nem está tão intenso quanto era de se esperar. Spike Lee reclamou do retrato que foi feito da escravidão negra nos EUA mas sua posição é obviamente um exagero. Os negros aliás estão no centro da trama e o próprio Django é um bom protagonista para o público afrodescendente se identificar. Recentemente “Django Livre” venceu o Globo de Ouro de Melhor Roteiro mas depois de assistir ao filme achei o prêmio um pouco desmerecido. A trama é até banal, sem surpresas, e o filme tem inclusive um problema no último ato que se tornar desnecessário e constrangedor, para não dizer bobo! Os diálogos, que sempre foram a marca registrada do diretor, aqui estão bem escritos mas muito abaixo das outras obras da filmografia de Tarantino. São um pouco acima da média mas nada excepcionais. Além disso o desenrolar da estória é comum, ordinário. Tarantino parece que tremeu nas bases ao se envolver com a mitologia do western.

Ao invés de jogar as bases do gênero para o alto, como fez em “Bastardos Inglórios”, ele aqui não consegue em momento algum se desvincular das regras dos faroestes mais tradicionais. Até a divisão em três atos está de acordo com os dogmas do estilo. Tarantino não alça vôo em momento algum, prefere ficar no chão, ao lado das regras mais caras ao velho e bom western. Não se aproxima de sua tão falada desmistificação, pelo contrário, louva ao seu modo todos os fundamentos desse tipo de filme e se rende à tradição. Assim não vejo motivo algum para toda a badalação que está sendo feita em torno de “Django Livre” pois em essência ele se apresenta como um western dos mais tradicionais, sem qualquer marca mais relevante que o torne uma obra prima ou algo do gênero. Definitivamente não foi dessa vez que o cineasta maravilhou ou deixou surpreendidos os fãs de faroestes. Em conclusão temos aqui um bom western que sobressai pelo elenco inspirado. A trama é sem surpresas e o roteiro bem abaixo do esperado. Não é um filme ofensivo contra os negros, longe disso, e pode ser visto como bom passatempo, muito embora um corte mais bem cuidadoso em sua duração cairia bem. Deve ser conferido mas sem esperar nada grandioso.

Django Livre (Django Unchained, EUA, 2012) Direção: Quentin Tarantino / Roteiro: Quentin Tarantino / Elenco: Jamie Foxx, Christopher Waltz, Leonardo DiCaprio, Samuel L. Jackson, Sacha Baron Cohen, Joseph Gordon-Levitt, Kurt Russell, Kerry Washington, Walton Goggins, James Remar, Don Johnson, Anthony LaPaglia, Tom Savini, James Russo. / Sinopse: King Schultz (Christoph Waltz) é um caçador de recompensas que se une a um escravo chamado Django (Jamie Foxx) para sair na caça de três irmãos que estão com a cabeça a prêmio. Depois do serviço concluído eles resolvem ir atrás da esposa de Django que agora se tornou propriedade de um cruel fazendeiro do sul chamado Calvin Candie (Leonardo DiCaprio). Se fazendo passar por traficantes de escravos eles tentarão resgatar a amada de Django.

Pablo Aluísio.

Thor Ragnarok

Divertido, ultra colorido e pura linguagem de quadrinhos. Assim podemos resumir em poucas palavras essa aventura do Thor no cinema. A Marvel procurando fazer diferente no cinema buscou inspiração exatamente no mundo das revistas do personagem. Sim, é verdade que muitos fãs reclamaram desse filme. Não foram poucos os que o acusaram de ser até mesmo bobo e infantil. Esse tipo de argumento não vai muito longe. O filme é tão divertido como uma revista em quadrinhos dos anos 70, com muitas cores e cenas de ação, principalmente no ringue dos gladiadores, algo que foi trazido de "Planeta Hulk" e que acabou dando muito certo aqui. E a trama? Básica, mas funcional. Nela o deus do trovão Thor (Chris Hemsworth) vai parar em um planeta desconhecido, onde acaba reencontrando o Hulk (Mark Ruffalo) que agora é um lutador de arenas de gladiadores. Thor porém não pode perder tempo pois ele precisa salvar o seu próprio mundo, agora sob perigo de destruição completa.

Assim se você curtiu as HQs, provavelmente vai gostar do que verá na tela. Todos os efeitos especiais são muito bons, o que era mesmo de se esperar de uma produção conjunta entre a Marvel e a Disney. Fora isso temos coadjuvantes impagáveis, como o mestre Anthony Hopkins se divertindo bastante com seu Loki travestido de Odin e Jeff Goldblum, como um mestre de cerimônias transgênero, afetado e engraçado. A crítica gostou do filme por ser despretensioso, com um roteiro que flui muito bem. Nada de exageros e excessos de personagens secundários sem importância, o que acaba deixando qualquer filme pesado e enfadonho. No geral é a mais pura diversão, como deve ser sempre que se adapta esses personagens para o cinema. Do contrário tudo fica muito chato e pretensioso. Stan Lee (que também está no filme, em participação especial, uma das últimas antes de falecer) certamente assinaria embaixo desse roteiro.

Thor Ragnarok (Estados Unidos, 2017) Direção: Taika Waititi / Roteiro: Eric Pearson, Craig Kyle / Elenco: Chris Hemsworth, Tom Hiddleston, Cate Blanchett, Mark Ruffalo, Anthony Hopkins, Jeff Goldblum / Sinopse: Enquanto seu mundo está sob forte ataque de forças poderosas, Thor acaba indo parar em um estranho planeta, onde domina a violência, os jogos e a corrupção.

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 7 de janeiro de 2019

A Hora do Espanto

Charley Brewster (William Ragsdale) é um típico jovem americano que começa a desconfiar dos estranhos hábitos de seu novo vizinho, o misterioso e charmoso  Jerry Dandrige (Chris Sarandon). Após investigar por conta própria ele acaba descobrindo que Jerry é na verdade um vampiro, igual aos que vê todas as noites nos filmes da TV. Sem saber o que fazer pede ajuda a  Peter Vincent (Roddy McDowall), um ator decadente que apresenta um programa que exibe velhas produções de terror. Claro que essa ideia não dará muito certo!

Esse filme segue sendo um dos melhores feitos na década de 80. Quem foi jovem na época lembra do grande sucesso que fez, a tal ponto que deu origem a uma série de filmes genéricos, que inclusive imitavam seu título original. A premissa também tinha tudo a ver com os anos 80. Naquela época havia uma série de programas na TV, ou melhor dizendo, sessões de filmes, geralmente sendo exibidos nas madrugadas, que eram apresentados por atores veteranos do terror. Quem aqui no Brasil não se lembra do Cine Trash? Era bem nessa linha. Por isso o roteiro brincava bastante com essa situação, a de um jovem comum, que curtia esses filmes de horror e que de repente descobria que havia um vampiro de verdade se mudando para a casa ao lado!

Muito divertida essa ideia. Depois ele ia descobrindo mais e mais coisas e acabava pedindo ajuda a um apresentador de programas como as que eu falei, sessões de filmes porcarias, exibidos madrugadas adentro. Só que obviamente o sujeito era apenas um ator e não um caçador de vampiros! O mais legal desse ícone do terror 80´s é que todo o elenco está afinadíssimo em cena. A começar por Chris Sarandon como o vampiro, retomando todo aquele charme antigo dos monstros da Hammer. Charmoso e perigoso, ele se leva à sério em um filme que tinha duplo objetivo: fazer rir e dar sustos! Assim "A Hora do Espanto", o original e não suas refilmagens sem graça, ainda continua à prova do tempo, mesmo que seus efeitos especiais tenham envelhecido, nada consegue estragar essa produção verdadeiramente atemporal. Tudo envolvido agora com um delicioso saber de nostalgia.

A Hora do Espanto (Fright Night, Estados Unidos, 1985) Estúdio: Columbia Pictures / Direção: Tom Holland / Roteiro: Tom Holland / Elenco: Chris Sarandon, William Ragsdale, Amanda Bearse,  Roddy McDowall, Stephen Geoffreys, Jonathan Stark / Sinopse: Para seu espanto, jovem fã de filmes de horror de baixo orçamento descobre que seu novo vizinho é na verdade um vampiro! Filme premiado no Avoriaz Fantastic Film Festival na categoria de Melhor Direção (Tom Holland).

Pablo Aluísio.

Amor à Segunda Vista

Como é que não pensaram nisso antes? Era meio que natural que mais cedo ou mais tarde Sandra Bullock e Hugh Grant fizessem um filme juntos. Afinal eles eram os atores mais famosos nesse estilo de comédia romântica na época. Assim quando o filme foi anunciado não houve mesmo muitas surpresas. Pena que o filme não foi nenhum grande sucesso de bilheteria e nem tampouco chamou muito a atenção. Para falar a verdade, olhando para trás, podemos perceber que foi mesmo uma película que caiu completamente no esquecimento, inclusive para esse que escreve, afinal vi o filme no cinema (segundo meus registros), mas pouco me lembro de maiores detalhes. É sim bem esquecível mesmo.

E que grande enredo vos espera? Bom, não espere por muita coisa. Lucy Kelson (Sandra Bullock) é advogada do bilionário George Wade (Hugh Grant). A cada dia que passa George fica mais dependente dela, para tomar qualquer decisão. Até que Lucy decide dar um tempo, chamando uma substituta. Claro que ambos vão se descobrir apaixonados, pois é praxe nesse tipo de comédia romântica. O Grant continuava o mesmo, interpretando basicamente ele mesmo nas telas. A Sandra Bullock que chegou a ser eleita uma das mulheres mais sensuais do mundo (exagero), sempre teve bom feeling para esse tipo de filme. Então é isso, um filme que muita gente já esqueceu. Também pudera, nunca foi mesmo memorável.

Amor à Segunda Vista (Two Weeks Notice, Estados Unidos, 2002) Direção:  Marc Lawrence / Roteiro:  Marc Lawrence / Elenco: Sandra Bullock, Hugh Grant, Alicia Witt / Sinopse:  Bilionário (Hugh Grant) descobre, após anos, que sua advogada é na verdade o grande amor de sua vida. Quando ela decide dar um tempo como sua advogada pessoal ele descobre que tem esse nobre sentimento por ela.

Pablo Aluísio.

domingo, 6 de janeiro de 2019

A Noiva

Qual foi a última vez que você assistiu a um filme russo de terror? Provavelmente há muito tempo ou nunca! Pois bem aqui está uma oportunidade para fazer isso. "A Noiva" é uma produção de horror feito na Rússia, mas seguindo a linha dos filmes de terror dos Estados Unidos. Pois é, em tempos globalizados isso é algo previsível de acontecer. O roteiro é um pouco confuso, não explicando direito o mecanismo que faz com que uma mulher do século XIX tenha sempre que procurar por um novo corpo para continuar vivendo. Ela era noiva de um fotógrafo que dizia ter encontrado uma forma de capturar a alma de pessoas mortas através do negativos de seus filmes. Quando a querida noiva morre um dia antes de seu casamento ele se revolta com a situação, a trazendo de volta do mundo dos mortos. Péssima ideia.

Depois dessa introdução no passado o filme vai para os dias atuais. Encontramos uma jovenzinha feliz por estar se casando com o homem que ama. Ele a leva para a casa de sua família, uma velha casa no interior. O que a garota não sabe é que seu noivo é descendente do fotógrafo que trouxe a sua noiva da morte décadas antes. É a mesma família, que está amaldiçoada. Tecnicamente falando o filme é bem realizado, com bom jogo de luz, sombras e sustos. Os russos aprenderam direitinho com os americanos como se fazer um filme moderno de terror. O que atrapalha, como já escrevi, é o roteiro, que nem sempre dá as respostas necessárias ao espectador. Assim sobra de bom os sustos e a criatura (a tal noiva), muito bem feita tecnicamente falando. A maquiagem também é de primeira. Fora isso, claro, está a curiosidade de conferir um terrorzão feito na gelada Rússia. Espero que eles sigam em frente na produção desse tipo de filme.

A Noiva (Nevesta, Rússia, 2017) Direção: Svyatoslav Podgaevskiy / Roteiro: Svyatoslav Podgaevskiy / Elenco: Viktoriya Agalakova, Vyacheslav Chepurchenko, Aleksandra Rebenok / Sinopse: No século XIX um fotógrafo decide trazer sua noiva falecida de volta à vida, usando para isso seu equipamento de trabalho. Ele acredita que o negativo de suas fotografias captura a alma das pessoas. No final seu ato de desespero acaba amaldiçoando sua família para todo o sempre.

Pablo Aluísio.

Bel Ami - O Sedutor

Georges Duroy (Robert Pattinson) é um jovem sedutor em Paris que usa de sua beleza para subir na escala social, usando para isso mulheres ricas e influentes dentro da sociedade. Roteiro baseado na novela escrita pelo autor Guy de Maupassant, cuja trama é parcialmente baseada em fatos reais. A produção é muito boa, figurinos luxuosos, boa reconstituição de época, clima adequado... Inicialmente você pensa sinceramente que vai assistir no mínimo um bom filme, mas aí... entra em cena Robert Pattinson! Nada tenho de pessoal contra ele, até já cheguei a elogiá-lo em filmes mais recentes onde ele acertou, mas aqui... não há salvação - ele está completamente fora do tom, deslocado no tempo e no espaço, sem charme (essencial para o personagem) e desfilando suas expressões de paisagem.

Nada se salva em seu trabalho o que é uma grande pena já que o elenco feminino de apoio é dos melhores. Elas (entenda-se Uma Thurman, Kristin Scott Thomas e Christina Ricci) realmente salvam o filme de afundar feito o Titanic. Thurman nunca foi particularmente bonita, porém conseguiu uma boa atuação com sua personagem Madeleine Forestier. Kristin Scott Thomas como Virginie Rousset é outro ponto positivo em termos de elenco. Delas eu destacaria mesmo como acima da média Christina Ricci interpretando o papel de Clotilde de Marelle! Muitos a consideram apenas uma atriz esquisita especializada em personagens bizarros, mas penso diferente. Permitam-me discordar. Sua beleza (sim, a considero bonita) provém de um tipo de estética diferente, mas não esquisita. Nesse filme então ela está ótima nesse aspecto. Por elas não jogaria o filme no lixo, essa é a conclusão final a que chego.

Bel Ami - O Sedutor (Bel Ami, Estados Unidos, 2012) Direção: Declan Donnellan, Nick Ormerod
/ Roteiro: Rachel Bennette ; Elenco: Robert Pattinson, Uma Thurman, Kristin Scott Thomas, Christina Ricci / Um perigoso jogo de amor, sedução e ambição se forma em Paris, onde o charme e a beleza são usadas para fins nada louváveis. Filme romântico de época, estrelado pelo astro teen Robert Pattinson.
    
Pablo Aluísio.

sábado, 5 de janeiro de 2019

O Cavaleiro Solitário

Em plena corrida ao ouro na Califórnia do século XIX, um grupo de pacatos e pacíficos mineradores é ameaçada e hostilizada por um rico homem de negócios que deseja as terras onde vivem para que ele próprio extraia o rico minério para si. Após promover uma série de ataques, os mineradores rezam por um milagre, pela chegada de alguma ajuda! Suas preces acabam sendo ouvidas e chega no local um cavaleiro errante misterioso, sem nome, sem destino, sem passado, conhecido apenas como “O Padre” (Clint Eastwood). Rápido no gatilho e implacável contra os facínoras, ele começa a distribuir justiça pela região, sendo considerado um salvador pelos pobres e humilhados moradores das montanhas.

“O Cavaleiro Solitário” é seguramente um dos melhores filmes de western estrelado por Clint Eastwood. Aqui ele retorna às telas com seu personagem preferido, o pistoleiro errante, sem nome, vindo de lugar nenhum, mas impondo a justiça nas comunidades mais oprimidas e humilhadas por onde passava. A caracterização de Clint está perfeita. Homem de poucas palavras e muita presença, ele impõe ordem e justiça com a única linguagem que os bandidos no velho oeste entendiam, a linguagem de um cano fumegante. Esse é seu personagem definitivo dentro do universo dos faroestes que estrelou ao longo da carreira.

Todo western que se preze deve possuir vilões à altura para engrandecer o papel do justiceiro. Aqui temos um antagonista muito interessante, o temido "xerife" Stockburn (John RusselI), na realidade um pistoleiro de aluguel que vai até o local para enfrentar o Padre pois sua presença faz com que os mineradores comecem a ter confiança em si mesmos. A ordem é eliminar o estranho cavaleiro para assim dominar completamente a região que afinal é riquíssima em ouro e outros metais preciosos. O duelo entre Stockburn e o Padre é certamente um dos melhores da mitologia do velho oeste no cinema. Ambos duelam numa cidadela incrustada numa montanha isolada. Stockburn conta ainda com um grupo de assistentes – sujeitos durões, com rostos de poucos amigos, que tencionam eliminar a presença nociva do Padre. Eles só não contavam com o fato do Padre trazer atrás de si o inferno, como bem resume uma jovem filha de uma mineradora oprimida.

Muito ação, muitos desafios e um roteiro primoroso que resgata todos os valores mais preciosos do gênero. De certa forma “O Cavaleiro Solitário” encerra uma fase na carreira de Clint que teve seu início com “O Estranho Sem Nome” na década anterior. É a fase onde realizou alguns de seus melhores sobre o velho oeste americano, todos lançados logo após sua extremamente bem sucedida parceria com o cineasta Sergio Leone na Itália. O mito do cavaleiro sem nome jamais foi tão bem representado como nesses dois filmes que são simplesmente fantásticos. Um clássico moderno com a assinatura do talentoso Clint Eastwood na direção e na produção. Simplesmente imperdível para os amantes do western americano em sua mais bem inspirada fase da década de 80.

O Cavaleiro Solitário (Pale Rider, EUA, 1985) Direção: Clint Eastwood / Roteiro: Michael Butler, Dennis Shryack / Elenco: Clint Eastwood, Michael Moriarty, Carrie Snodgress, Chris Penn, Richard Dysart, John Russell, Richard Kiel / Sinopse: Uma comunidade de moradores no alto da montanha sofre todo tipo de hostilidade por um rico empresário que deseja tomar conta da região para enriquecer com o ouro que brota da terra. Para defender essas pacatas e pacíficas pessoas surge no horizonte a figura de um misterioso cavaleiro errante, sem nome, sem passado e sem destino conhecido simplesmente como “O Padre”. Apesar do nome ele traz o inferno atrás de si e começa a distribuir justiça na região.

Pablo Aluísio.

Capitão América: Guerra Civil

A Marvel continua lucrando fortunas com suas adaptações de quadrinhos. Embora esse filme seja tecnicamente da franquia do Capitão América (e não dos Vingadores, como muitos pensam) a verdade é que tudo está interligado. Os roteiros dos filmes da Marvel se completam entre si, então é bom ficar antenado com o que aconteceu em todos os demais filmes para não se perder na trama desse aqui. Curiosamente o argumento, se formos analisar bem, é dos mais simplórios que se possa imaginar. Basicamente os heróis que formam os vingadores entram em choque. O grupo liderado pelo Homem de Ferro aceita as limitações de um tratado internacional sobre suas ações. Como o roteiro deixa claro a ação dos vingadores geralmente se torna um desastre - prédios vem abaixo, pessoas morrem, etc. Os países querem (com razão) colocar um freio nisso. Já o grupo que fecha com o Capitão América discorda dessa visão. Eles não querem ficar abaixo, subordinados, às autoridades do Estado.

O resultado disso? Um grande luta entre os super-heróis. É a tal coisa, se deu certo nos quadrinhos, porque não trazer para a tela? Ai começa o problema. Nos gibis a saga da Guerra Civil é longa, detalhista e cheia de subtramas. Além disso são centenas e centenas de personagens surgindo em inúmeras edições. Resumir tudo em um filme só é completamente impossível. Para acomodar cortes foram feitos e os roteiristas só deixaram o básico na tela. Com isso surgiram as críticas e protestos dos fãs de quadrinhos. Um exagero. São duas linguagem diferentes e não poderia ser de outra maneira. E muito em decorrência disso temos aqui um roteiro que muitas vezes se torna truncado, mal escrito mesmo. Quem não for leitor de quadrinhos ou que não venha acompanhando os outros filmes da franquia vai demorar um pouquinho para se situar no meio do caos. Mesmo assim está valendo. Como diversão pipoca "Civil War" é bem divertido. Só não adianta se iludir, pensando que é um filme perfeito, sem falhas ou que seja uma obra prima. Isso definitivamente o filme não é.

Capitão América: Guerra Civil (Captain America: Civil War, Estados Unidos, 2016) Direção: Anthony Russo, Joe Russo / Roteiro: Christopher Markus, Stephen McFeely / Elenco: Chris Evans, Robert Downey Jr., Scarlett Johansson / Sinopse: Os heróis Marvel entram em conflito após divergências sobre os limites que podem surgir em suas ações. Filme indicado ao Empire Awards e ao People's Choice Awards.

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 4 de janeiro de 2019

Máquinas Mortais

Esse é um projeto cinematográfico de Peter Jackson. Ele comprou os direitos autorais do livro original, escreveu o roteiro e produziu tudo em seu estúdio particular na Nova Zelândia. Tinha tudo para dirigir o filme também, porém optou por entregar a direção para Christian Rivers, que havia trabalhado ao seu lado como diretor de arte da saga "O Senhor dos Anéis". No total o filme custou mais de 100 milhões de dólares, mas até agora tem patinado nas bilheterias. No mercado americano o resultado comercial tem sido bem pífio. Talvez Jackson tenha previsto que o filme teria problemas e por isso resolveu não assinar a direção.

As referências também são bem óbvias. Nos vinte primeiros minutos lembramos claramente de "Mad Max". Afinal o enredo se passa em um mundo pós-apocalíptico. As grandes cidades já não são mais como eram antes. Ao invés de serem fixas no solo agora são móveis, se transformando em grandes máquinas de combate. Isso mesmo, parece estranho, mas Londres, por exemplo, virou uma esdrúxula maquinaria sobre rodas, destruindo e absorvendo tudo o que encontra pela frente. É obviamente uma visão distópica do mundo, com todos os exageros que você pode prever antes de entrar no cinema.

Em um filme como esse também não poderia faltar toneladas de efeitos digitais. E eles estão em cada ponto das cenas. Praticamente tudo o que você verá foi feito por computação gráfica. As máquinas, os cenários e o próprio mundo ao redor onde o filme se passa. De certo modo me lembrei imediatamente dos antigos filmes de Terry Gilliam. É aquela coisa que de tão rebuscada acaba tendo uma imagem de algo sujo, deteriorado. Acabou combinando bem com a proposta do enredo. Porém nem tudo é sujeira, fedendo a diesel saindo pelos canos envenenados das geringonças mecânicas. Há também espaço para a beleza visual, principalmente das naves que mais parecem asas deltas vindas do mundo de Avatar. No geral gostei do filme. Pode não ser especialmente criativo e nem está longe de fugir de clichês, mas entretém bem ao seu público alvo. Só resta saber se esse universo terá continuidade no cinema. Pelas fracas bilheterias acho que isso não vai acontecer.

Máquinas Mortais (Mortal Engines, Estados Unidos, Nova Zelândia, 2018) Direção: Christian Rivers / Roteiro: Peter Jackson, Fran Walsh e Philippa Boyens, baseados na obra de Philip Reeve  / Elenco: Hugo Weaving, Hera Hilmar, Robert Sheehan, Stephen Lang / Sinopse: Após uma grande guerra que matou quase toda a humanidade, os sobreviventes se organizaram em grandes máquinas de guerra. Atravessando o mundo destruído eles procuram por recursos naturais e combustível para seguirem em frente com sua dominação. Enquanto isso uma jovem de passado misterioso tenta vingar a morte de sua mãe que envolveu uma pessoa importante de Londres.

Pablo Aluísio.

Sherlock & Eu

Não é bem aquele tipo de filme que eu indicaria para os admiradores do personagem Sherlock Holmes. Isso porque o roteiro subverte completamente a figura do detetive. Ao invés de ser uma mente brilhante, capaz de resolver qualquer caso criminal, aqui temos apenas uma ficção criada pelo Dr. Watson (Ben Kingsley). Isso mesmo, ele cria de sua imaginação a figura de Holmes e contrata um ator canastrão chamado Reginald Kincaid para interpretá-lo. Na realidade ele não é inteligente, muito pelo contrário, é burro como um porta. Apenas representa o tipo para o público em geral. Essa subversão de Sherlock Holmes se tornaria bem indigesta se não fosse para a tela na pele de Michael Caine.

Verdade seja dita, o filme não se sustentaria se não tivesse um ator tão carismático como ele em cena. Até porque Ben Kingsley como o Dr. Watson não tem apelo (nem dentro do enredo do filme e nem aqui fora, olhando-se tudo sob um ponto de vista puramente cinematográfico). Assim sobram algumas cenas divertidas (o roteiro se propõe a ser engraçado) ao mesmo tempo em que tenta trazer o inimigo mais tradicional de Holmes, o Prof. James Moriarty (Paul Freeman), como o vilão clássico para sustentar a frágil trama. Confesso que a caracterização de um Sherlock Holmes estúpido me incomodou várias vezes. Para quem cresceu lendo os livros e vendo os filmes do mitológico personagem detetive fica mesmo difícil de engolir essa nova abordagem, mesmo que tudo seja feito em nome do humor.

Sherlock & Eu (Without a Clue, Inglaterra, 1988) Direção: Thom Eberhardt / Roteiro: Gary Murphy, Larry Strawther / Elenco: Michael Caine, Ben Kingsley, Paul Freeman, Jeffrey Jones / Sinopse: O sumiço de formas usadas para a fabricação de papel moeda do banco central da Inglaterra leva o famoso detetive Sherlock Holmes (Michael Caine) e seu fiel companheiro Dr. Watson (Ben Kingsley) a entrarem no caso. Por trás de tudo parece haver a figura sinistra do Prof. James Moriarty (Paul Freeman). Só que nem tudo é o que aparenta ser.

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 3 de janeiro de 2019

O Velho e a Arma

Durante o lançamento desse filme Robert Redford declarou em entrevista que ele seria o último que faria como ator. Dali para frente ele pensava apenas em dirigir. Como ator, segundo ele, não haveria mais nada que ele quisesse fazer. Já tinha chegado ao final da jornada. Depois da grande repercussão na mídia, ele até que se arrependeu um pouco do que disse, afirmando que quem sabe poderia algum dia fazer alguma participação especial em algum filme, mas nada que viesse a dar muito trabalho. De qualquer maneira, como protagonista, esse parece ter sido o último filme dele no cinema após uma longa e produtiva carreira.

Ele interpreta um velho ladrão de bancos. Um homem que passou a vida toda entrando e saindo da cadeia. Agora, com mais de 70 anos, ele decide formar uma nova quadrilha, só com veteranos. Usando de modos educados, tal como se fosse um verdadeiro cavalheiro, ele começa uma série de assaltos em pequenas agências bancárias do interior. Tudo feito sem violência, com calma, agindo como um verdadeiro gentleman.

Os assaltos começam a chamar a atenção da mídia que logo chama o grupo de "gangue dos velhotes". Para prender todos, um detetive é colocado no caso. O policial, interpretado por Casey Affleck, começa a se sentir humilhado por ser passado para trás por aqueles senhores da terceira idade. Tudo começa a ficar bem constrangedor, então ele se empenha ao máximo para localizar o líder e seu grupo. A pista que precisava acaba sendo dada pela filha de um deles, que entrega todas as informações que ele precisava.

É um bom filme, leve em certos aspectos, que não vai decepcionar aos fãs de Robert Redford. Claro, nunca poderia ser comparado aos clássicos do passado em sua filmografia, mas mantém o interesse e não aborrece em nenhum momento. É um filme rápido, com pouco mais de 80 minutos de duração. Apesar de ser um filme sobre ladrões de bancos, em nenhum momento há cenas de violência gratuita. Além do mais, para os cinéfilos, há um atrativo a mais. Para representar o passado do personagem de Redford algumas cenas de seus antigos filmes são inseridas, dando uma certa nostalgia dos tempos em que ele era um dos grandes galãs do cinema americano. Então é isso, se for mesmo sua despedida das telas como ator, não será um adeus melancólico ou vergonhoso. Muito pelo contrário.

O Velho e a Arma (The Old Man & the Gun, Estados Unidos, 2018) Direção: David Lowery / Roteiro: David Lowery, David Grann / Elenco: Robert Redford, Sissy Spacek, Casey Affleck, Danny Glover, Tom Waits / Sinopse: Levemente baseado em fatos reais, o filme conta a história de Forrest (Redford). Aos 74 anos de idade ele decide formar um novo bando para roubar pequenos bancos do interior. Filme indicado ao Globo de Ouro na categoria de Melhor Ator (Robert Redford).

Pablo Aluísio.

Os Anjos Entram em Campo

É uma produção Disney feito para a garotada que une sentimentos caros aos evangélicos americanos com o esporte dito nacional por lá, o beisebol. No enredo (bobinho) um garoto torce com paixão pelo pior time da liga. Uma equipe de beisebol que só perde, partida após partido. Até que um dia ele decide rezar e pedir a Deus que ajude aqueles jogadores. Dito e feito. O Senhor então envia um grupo de anjos (literalmente falando) para levantar a bola daquele time que só perde. Bom, deu para ver que o filme não é para todos. É mais especialmente indicado para o público infanto-juvenil, centrado em meninos de famílias religiosas.

O que vai interessar ao cinéfilo mais comum é o bom elenco de apoio, contando com atores que iriam se tornar bem populares como Matthew McConaughey. Ele inclusive não tem muito espaço a não ser interpretar um dos atléticos jogadores, mascando um chiclete atrás do outro (uma espécie de mania dos jogadores de beisebol). Fora essa curiosidade o filme vai interessar mesmo a poucos, a não ser que você adore beisebol, algo complicado de encontrar em nosso país.

Os Anjos Entram em Campo (Angels in the Outfield, Estados Unidos, 1994) Direção: William Dear / Roteiro: Dorothy Kingsley, George Wells / Elenco: Danny Glover, Christopher Lloyd, Matthew McConaughey, Adrien Brody, Brenda Fricker / Sinopse: Garotinho pede ajuda a Deus para seu time de beisebol que só faz perder, sendo o pior da temporada. Então uma ajuda divina vem em seu socorro, com anjos literalmente entrando em campo!

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 2 de janeiro de 2019

A Favorita

A Rainha Anne da Inglaterra só esteve no trono por cinco anos (de 1702 a 1707) e foi considerada pelos historiadores como uma monarca fraca, que não deixou herdeiros e que era muito manipulável pelas pessoas próximas a ela. Durante seu reinado surgiram rumores e fofocas entre os empregados do palácio de que ela na verdade era lésbica e tinha um caso amoroso com uma condessa chamada Lady Sarah (Rachel Weisz). Esses boatos nunca foram confirmados completamente, mas servem de ponto central nesse novo filme, "A Favorita".

Nele encontramos a Rainha Anne (Olivia Colman) em seus últimos anos, já doente e decadente. Ela é uma mulher medrosa, carente e de pouca cultura, a ponto de não conseguir tomar nenhuma decisão importante e nem compreender direito os assuntos do Estado. Com uma personalidade tão fraca acaba sendo dominada por sua "favorita", a própria Lady Sarah que praticamente passa a reinar em seu lugar, tomando todas as decisões do império, desde o aumento de impostos, passando também pelas celebrações de paz e guerra com nações europeias. Sua posição de destaque começa a ser colocada em perigo quando surge uma nova empregada no palácio chamada Abigail (Emma Stone). Bonita e ambiciosa, começa a flertar com a Rainha, tentando seduzi-la. A partir daí começam todas as intrigas palacianas, bem típicas desse tipo de filme de época.

O roteiro explora bem o abismo que pode surgir em determinadas monarquias quando as pessoas erradas acabam subindo ao trono. O diretor Yorgos Lanthimos se destaca por não ter construído um filme de visual clássico. Ao invés disso propõe grandes planos panorâmicos, tentando aproveitar todo o rico cenário onde a história de passa. Isso é interessante por dar um grau de profundidade ao espectador, mas também distorce as imagens em alguns momentos, causando um certo desconforto visual. Outro aspecto cinematográfico digno de nota é que o diretor muitas vezes flerta com o absurdo, seja mostrando certas danças esquisitas, seja em diálogos que vão quase ao nonsense. No final somos apresentados a um filme muito interessante, embora não historicamente tão correto. É um dos mais lembrados para o próximo Oscar. Será que as previsões vão se confirmar? Veremos nas próximas semanas.

A Favorita (The Favourite, Inglaterra, Estados Unidos, Irlanda, 2018) Direção: Yorgos Lanthimos / Roteiro: Deborah Davis, Tony McNamara / Elenco: Olivia Colman, Emma Stone, Rachel Weisz, James Smith / Sinopse: Duas mulheres, a nobre Lady Sarah (Rachel Weisz) e a empregada do palácio Abigail (Emma Stone), disputam a atenção da lésbica Rainha Anne (Olivia Colman). Poder e ambição se juntam na privacidade do trono inglês. Filme premiado pelo Globo de Ouro na categoria de Melhor Atriz (Olivia Colman).

Pablo Aluísio.

28 Dias

A Sandra Bullock já foi mais simpática e carismática. Sempre quando tentou fazer algo mais sério na carreira não ficou muito bem. Esse filme se propôs a ser um tipo de alerta contra os efeitos nocivos do alcoolismo e suas consequências, mas ficou pelo meio do caminho. No enredo a atriz interpreta uma escritora bem sucedida que adora festas. Sempre que há uma balada, lá está ela, geralmente enchendo a cara, se tornando a rainha da noite. Isso vai numa rotina até que ela bate o carro, após estar dirigindo completamente embriagada. Isso é coisa séria dentro da justiça americana.

Condenada, é levada para uma clínica de reabilitação e aí começa a, digamos, parte chata do filme. Curiosamente Sandra Bullock escolheu pessoalmente uma diretora para o filme, que teve equipe quase toda feminina (aí incluída a roteirista). O problema é que a cineasta Betty Thomas era mais experiente com comédias, como "Dr. Dolittle" e "O Rei da Baixaria", então não havia mesmo o toque certo para esse tipo de filme. No geral ficou apenas como uma nota de rodapé na filmografia da senhorita Bullock. Poderia ser mais bem desenvolvido, poderia ser mais interessante, poderia explorar melhor o tema. Porém tudo ficou mesmo pelo meio do caminho das boas intenções.

28 Dias (28 Days, Estados Unidos, 2000) Direção: Betty Thomas / Roteiro: Susannah Grant / Elenco: Sandra Bullock, Viggo Mortensen, Dominic West / Sinopse: Jovem escritora (Bullock) vê sua vida mudar completamente quando, embriagada, bate o carro numa casa. Condenada na justiça, é enviada para uma clínica de recuperação de alcoolismo. A festa, que parecia não ter fim, chega ao seu final.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 1 de janeiro de 2019

O Primeiro Homem

Gostei do filme. Aliás ao assisti-lo me lembrei que sempre tive uma curiosidade em saber por que Hollywood nunca havia feito antes um filme sobre a missão Apolo 11. Até porque essa foi uma das mais históricas missões espaciais de todos os tempos. Até a malfadada Apolo 13 havia ganho um belo filme, mas sobre a chegada do primeiro homem à Lua... nada! Pois bem, esse filme então chega um pouco atrasado, mas é obviamente bem-vindo. O roteiro procura explorar alguns aspectos da missão em si, mas também foca no lado pessoal do astronauta Neil Armstrong, comandante da missão lunar. Ok, Ryan Gosling nunca foi muito parecido com o Armstrong, mas cumpriu bem seu papel, trazendo para a tela a personalidade introvertida dele. Muitos chegaram a dizer inclusive que ele tinha um autismo em leve escala, justamente por algumas atitudes que tomava. Como está morto, nunca saberemos a verdade dos fatos.

De maneira em geral gostei de tudo, inclusive do tom sóbrio que o filme tem. Esse roteiro poderia cair no ufanismo e na patriotada americana de forma muito rápida, mas felizmente não tomou esse caminho. Ao invés disso há sempre uma certa tensão que vai se espalhando entre os momentos mais vitais do filme. Diria que o roteiro só falhou um pouquinho na questão de passar ao espectador a grandeza do impacto que esse fato histórico teve em todo o mundo. Para representar esse choque há apenas uma sutil referência, quando são mostradas diversas revistas e jornais do mundo todo no alojamento de quarentena dos astronautas. O filme poderia ter explorado mais esse impacto, porém como adotou uma sobriedade bem característica isso também acabou sendo mostrado de forma sutil. Então é isso. Um bom filme, certamente válido e digno da história que conta.

O Primeiro Homem (First Man, Estados Unidos, 2018) Direção: Damien Chazelle / Roteiro: Josh Singer, James R. Hansen / Elenco: Ryan Gosling, Claire Foy, Kyle Chandler, Pablo Schreiber / Sinopse: O filme conta a história do astronauta americano Neil Armstrong, desde os primeiros testes até o momento em que ele comandou a missão espacial Apolo 11, a primeira a levar um homem até a Lua.

Pablo Aluísio.

Mestre dos Mares

Tive a oportunidade de assistir no cinema, em seu lançamento original. De fato esse sempre foi o melhor meio de conferir filmes nesse estilo, produções grandiosas, resgatando o antigo modo de fazer cinema, em sua era clássica. O roteiro foi baseado numa série de romances escritos pelo autor Patrick O'Brian. Esse escritor era apaixonado pelos grandes navios de seu tempo, criando assim uma série de romances sobre as grandes navegações. Nesse, em particular, encontramos o capitão Jack Aubrey (Russell Crowe), comandante de um navio de guerra da armada inglesa, o H.M.S. Surprise. Sua missão seria localizar embarcações francesas nas costas da América do Sul (incluindo o Brasil), destrui-las e aprisionar seus oficiais. O contexto histórico se passava durante as guerras napoleônicas, onde a conquista da hegemonia marítima era essencial. Claro que durante a navegação nada acabaria saindo conforme o planejado, levando o capitão e sua tripulação a ir parar em lugares jamais imaginados por eles ao partirem da Inglaterra.

Belo filme, uma super produção que custou mais de 150 milhões de dólares, onde o estúdio se deu ao luxo de construir uma réplica real de uma antiga nau da esquadra britânica. Visualmente o filme é mesmo de encher os olhos, com maravilhosa direção de arte, figurinos, cenários, etc. Uma produção como não se via há muitos anos. Outro ponto positivo é que o diretor Peter Weir realmente optou por uma narrativa mais lenta, mais detalhista, repetindo o estilo mais conservador de fazer bom cinema. Nada de cortes rápidos e edição insana. O filme é um exemplo perfeito de que ainda é possível fazer cinema de grande qualidade, usando para isso ferramentas e estilos de um passado distante. Ao lado de "Gladiador" pode ser considerado um dos melhores trabalhos de Russell Crowe em sua carreira.

Mestre dos Mares: O Lado Mais Distante do Mundo (Master and Commander: The Far Side of the World, Estados Unidos, 2003) Direção: Peter Weir / Roteiro: Peter Weir, baseado na obra literária escrita por Patrick O'Brian / Elenco: Russell Crowe, Paul Bettany, James D'Arcy, Billy Boyd / Sinopse: Durante o começo do século XIX, um navio de guerra da armada inglesa parte em missão de interceptação de navios franceses, da esquadra de Napoleão Bonaparte. O destino é a distante costa ocidental da América do Sul. Filme vencedor do Oscar nas categorias de Melhor Fotografia (Russell Boyd) e Melhor Edição de Som (Richard King). Também indicado nas categorias de Melhor Filme, Melhor Direção, Melhor Edição e Figurino.

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 26 de dezembro de 2018

Mayerling

Um filme extremamente interessante, cujo roteiro foi baseado em fatos históricos reais. O protagonista é um príncipe da Casa de Habsburgo chamado Rudolf (Omar Sharif). Filho do imperador Francisco José I da Áustria (James Mason) ele está na linha de sucessão para subir ao trono. Só que a jovem alteza foge dos padrões que se esperaria dele, de sua posição dentro da monarquia. Muito ligado em ideais liberais, ele chega ao ponto de se encontrar com membros da resistência húngara, que deseja a independência de sua nação, algo que vai contra os interesses diretos de seu pai. Assim o relacionamento entre pai e filho é marcado por conflitos políticos e também pessoais.

O príncipe acaba se apaixonando por uma jovem, filha de um diplomata. Rudolf conhece Maria Vetsera (Catherine Deneuve) durante a apresentação de um balé e fica louco por ela. E qual seria o problema político envolvido nessa paixão? Muito simples, o príncipe já era casado, pai de uma filha. Um relacionamento extraconjugal seria um escândalo dentro da corte austríaca, muito católica e conservadora. Diante de mais esse deslize do filho, o imperador fica furioso e começa a fazer de tudo para que o romance chegue ao seu fim. O desfecho de toda essa novela acabaria resultando numa grande tragédia.

A morte precoce de Rudolf iria desencadear uma série de problemas históricos. Ele era o único na linha de sucessão ao trono. Sua morte até hoje é cercada de mistérios (que o filme não desenvolve, pois abraça a versão oficial) e iria ser o começo de uma série de problemas políticos que iriam eclodir na explosão da I |Guerra Mundial. O roteiro do filme porém não vai tão longe, preferindo contar a história de amor entre o príncipe e sua amante. Um detalhe curioso é que ele era o filho da imperatriz Sissi, tão conhecida dos cinéfilos por uma série de filmes clássicos. Quem a interpreta nesse filme é a diva Ava Gardner. Assim se você gosta dos filmes sobre Sissi não deixe de assistir também a essa excelente produção histórica. Afinal é um complemento aos outros filmes, mostrando Sissi numa fase mais madura de sua vida. Envelhecida e desiludida, ela é apenas um sombra da imperatriz que um dia foi. Em suma, esse é um ótimo filme histórico que explora muito bem o momento em que as velhas monarquias chegavam ao seu fim.

Mayerling (Inglaterra, França, 1968) Direção: Terence Young / Roteiro: Terence Young, baseado no romance escrito por Claude Anet e Michel Arnold / Elenco: Omar Sharif, Catherine Deneuve, Ava Gardner, James Mason / Sinopse: O imperador Francisco José I (James Mason) precisa lidar com um filho nada convencional, o príncipe Rudolf (Omar Sharif). Agora as coisas pioram pois ele se declara apaixonado pela jovem Maria Vetsera (Catherine Deneuve), mesmo sendo um homem casado e sucessor ao trono real. Filme indicado ao Globo de Ouro na categoria de Melhor Filme Estrangeiro em língua inglesa.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 25 de dezembro de 2018

Cinema Clássico: Sophia Loren, Natalie Wood

 

O Grito da Selva

Título no Brasil: O Grito da Selva
Título Original: The Call of the Wild
Ano de Produção: 1935
País: Estados Unidos
Estúdio: 20th Century Pictures
Direção: William A. Wellman
Roteiro: Jack London, Gene Fowler
Elenco: Clark Gable, Loretta Young, Jack Oakie

Sinopse:
Jack Thornton (Clark Gable) está sempre em dificuldades financeiras. Jogador inveterado ele tenta ganhar uma nova bolada para seguir viagem rumo ao Alaska onde pretende participar da verdadeira corrida ao ouro que está sendo realizada por lá, após se espalhar a notícia que o valioso metal foi encontrado nas montanhas geladas da região. Mas ele não desiste e ao lado de um trenó guiado por cães se aventura pelos campos isolados do local. Na viagem ao lado de um ex-presidiário acaba salvando uma mulher da morte; Esse encontro certamente mudará completamente os rumos de sua vida.

Comentários:
Pelo visto não é de hoje que as distribuidoras nacionais dão títulos estúpidos para filmes americanos. Esse "The Call of the Wild" foi chamado por aqui de "O Grito da Selva" mas pasmem, não tem selva nenhuma no filme. Ele se passa praticamente todo no Alaska, região nevada e selvagem mas que não tem selva nenhuma como estupidamente sugere o nome nacional da fita. Talvez os distribuidores brasileiros quisessem enganar o público o levando a crer que iria ver um filme ao estilo de Tarzan com Clark Gable no papel principal, vai saber... Deixando essas bobagens de lado o que temos aqui é uma aventura ao velho estilo, com Gable posando de herói das neves, salvando mocinhas inocentes de lobos famintos e correndo atrás da fortuna na região mais do que hostil dos campos gelados do Alaska. É impressionante o nível técnico do cinema americano já naquela época distante, afinal estamos falando de um filme rodado há mais de 70 anos! Por causa dessa excelência podemos ver essa aventura hoje sem problema algum. O roteiro é redondinho e a aventura mostrada bem divertida. Sem dúvida um belo programa para cinéfilos que gostam de filmes clássicos.

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 24 de dezembro de 2018

A Saia de Ferro

Katharine Hepburn foi uma das atrizes mais premiadas e celebradas da história de Hollywood. Isso não quer dizer que ela sempre atuou em dramas pesadas ou algo do tipo. Entre os 53 filmes em que atuou também havia espaço para produções mais leves, com foco no bom humor. É o caso desse "A Saia de Ferro", cujo próprio título é uma sátira à expressão "Cortina de Ferro" que foi criada pelo primeiro ministro inglês Winston Churchill durante a guerra fria. Era justamente essa cortina de ferro que separava os países capitalistas do ocidente e as nações comunistas do leste europeu lideradas pela União Soviética. O filme tem um roteiro que brinca justamente com isso. Katharine Hepburn interpreta uma comandante de caça MIG que decide ir para os Estados Unidos. Pilotando sua aeronave de combate ela invade o espaço aéreo americano, é interceptada e pousa na América. Imediatamente é presa, colocada sob os cuidados do tenente interpretado por Bob Hope. Só que como estamos em uma comédia romântica e não em um filme sério sobre a guerra fria, tudo desanda para um roteiro com muito bom humor, mostrando as diferenças entre a comandante russa (e seu forte sotaque) e os costumes do capitalismo americano.

O filme é bem leve, talvez até leve demais. As situações de choque cultural vão sendo explorados pelo roteiro à exaustão, o que talvez canse o espectador após 90 minutos de duração. O comediante e apresentador de TV Bob Hope nunca foi muito popular no Brasil, até porque ele fez sua carreira em programas televisivos que nunca passaram por aqui. Fica a curiosidade então de ver a grande Katharine Hepburn em sua tentativa de fazer humor com sua personagem, a dura e disciplinada capitã aviadora Vinka Kovelenko. Funciona bem no papel? Algumas vezes sim, outras não, por causa do próprio roteiro que apela muito para estereótipos dos americanos em relação aos russos. De qualquer forma, até mesmo por ela estar em um filme fora de seu habitual, tentando vencer no humor, já vale a pena conhecer.

A Saia de Ferro (The Iron Petticoat, Estados Unidos, 1956) Direção: Ralph Thomas / Roteiro: Ben Hecht / Elenco: Bob Hope, Katharine Hepburn, Noelle Middleton / Sinopse: Capitã soviética, pilotando um caça MIG, invade os céus dos Estados Unidos e é presa para força aérea daquele país. Em terra começa a se apaixonar pelo tenente que é designado para sua custódia no ocidente. Enquanto isso a KGB tenta eliminá-la, pois sendo uma heroína comunista não ficaria bem para o partido vê-la se render às delícias do capitalismo ocidental.

Pablo Aluísio. 

Os Desgraçados não Choram

Clássico noir estrelado pela atriz Joan Crawford. Ela interpreta uma dona de casa, mãe de um garoto de seis anos, que é atropelado enquanto andava de bicicleta. A morte do menino faz com que ela repense sua vida. Seu casamento vai mal, o marido é um tipo rude, grosseiro e miserável. Assim depois da morte do menino nada mais a segura nessa união falida. Ela dá um basta e vai para Nova Iorque. Na nova cidade ela começa a trabalhar como balconista. As coisas começam a dar certo e em pouco tempo ela faz novas amizades. Só que entre seus novos conhecidos se encontram membros da máfia.

Em pouco tempo ela se infiltra dentro da organização criminosa e é enviada para a costa oeste, com a finalidade de descobrir se um gângster que toma conta de um cassino na Califórnia está roubando os chefes da quadrilha. Essa parte do roteiro é obviamente baseado na história real do mafioso Bugsy Siegel, que teve inclusive uma versão de sua vida levada para o cinema, com direção e atuação de Warren Beatty. A situação que ela se coloca é perigosa, pois ao menor deslize pode ser eliminada. O filme, quando começa, mostra a polícia encontrando um corpo no deserto. Então começa um grande flashback, justamente para contar a história da personagem de Joan Crawford.

O filme tem todo aquele charme das produções ao estilo noir dos anos 50. Os cenários são escuros, com farto uso de luz e sombras em cada cena. Joan Crawford está bastante convincente como essa mulher que decide tomar as rédeas do destino em suas próprias mãos, embora com desdobramentos sequer imaginados por ela. Chegando ao ponto de assumir uma falsa identidade, com o sobrenome dos milionários Forbes, ela começa a afundar cada vez mais em sua ganância pessoal. Joan Crawford que ficou tristemente marcada por causa do livro biográfico de sua filha que a retratava como uma mulher cruel e louca, aqui mostra seu talento de atriz. Embora fosse perturbada em sua vida pessoal. na tela do cinema se mostrava uma atriz bem talentosa. Sua atuação é o grande atrativo para se assistir a esse filme nos dias de hoje.

Os Desgraçados não Choram (The Damned Don't Cry, Estados Unidos, 1950) Direção: Vincent Sherman / Roteiro: Harold Medford, Jerome Weidman / Elenco: Joan Crawford, David Brian, Steve Cochran / Sinopse: Após a morte de seu filho de seis anos, Ethel Whitehead (Joan Crawford) decide acabar seu casamento, que já vinha muito mal e parte para Nova Iorque. Assume outra identidade, passando-se a se chamar Lorna Hansen Forbes e se envolve com a máfia local.

Pablo Aluísio.

domingo, 23 de dezembro de 2018

Mortos que Matam

Grande filme. Provavelmente Vincent Price nunca esteve melhor do que aqui nessa fita de terror diferente. Ele interpreta literalmente o último homem sobre a Terra. Um vírus se espalhou pela humanidade, infectando praticamente todas as pessoas. As que não morreram imediatamente se tornaram zumbis, embora ecos de vampirismo também estejam presentes. O cientista Dr. Robert Morgan (Price) parece ter sido o último a ficar sadio, sem sinais de contaminação. Em um flashback ficamos sabendo que ele era um homem feliz, com esposa e filha adoráveis. Depois da disseminação da praga tudo acabou. Ele agora vive sozinho numa casa. Durante o dia ainda consegue andar pela cidade em busca de mantimentos, combustível e objetos necessários para sua sobrevivência. Porém ao anoitecer isso se torna impossível pois os infectados ganham as ruas, rastejando em busca de seres humanos e animais indefesos. Apenas uma estaca enfiada no coração consegue aniquilar essas criaturas. A luta pela sobrevivência é travada dia após dia, sem esperanças.

O roteiro é muito bom. Jogando inclusive com o lado mais psicológico do protagonista. Quando o filme começa ele já está há três anos isolado, vivendo completamente sozinho. A mente começa assim a torturar seus pensamentos. O filme se desenvolve muito bem e tem um desfecho que achei bem surpreendente, na cena da igreja. Com ecos de terror e também sci-fi dos anos 50, esse "Mortos que Matam" conseguiu vencer a barreira do tempo por causa de seu enredo muito original e inteligente. E quando tinha um bom material em mãos, o mestre Vincent Price brilhava com todo o seu talento.

Mortos que Matam (The Last Man on Earth, Estados Unidos, 1964) Direção: Ubaldo Ragona, Sidney Salkow / Roteiro: William F. Leicester, Richard Matheson / Elenco: Vincent Price, Franca Bettoia, Emma Danieli / Sinopse: Vincent Price interpreta o último homem na Terra. Um cientista que após a morte da família e a destruição da civilização por um vírus mortal, tenta viver um dia de cada vez, enquanto é cada vez mais cercado por zumbis infectados pela estranha doença altamente contagiosa.

Pablo Aluísio.

41ª DP: Inferno no Bronx

Título no Brasil: 41ª DP: Inferno no Bronx
Título Original: Fort Apache the Bronx
Ano de Produção: 1981
País: Estados Unidos
Estúdio: Twentieth Century Fox
Direção: Daniel Petrie
Roteiro: Heywood Gould, Thomas Mulhearn
Elenco: Paul Newman, Edward Asner, Ken Wahl, Danny Aiello, Rachel Ticotin, Kathleen Beller

Sinopse:
No sul do Bronx, violento bairro pobre de Nova Iorque, um policial e seus companheiros de farda tentam sobreviver um dia de cada vez nas violentas ruas da região. Roteiro baseado em fatos reais.

Comentários:
Esse filme foi lançado em VHS no Brasil durante os anos 80 e se minha memória não falha ele chegou no mercado com outro título nacional, bem mais interessante ao meu ver. Por aqui ele ficou conhecido como "Forte Apache Bronx", um nome bem mais próximo ao original inglês. Em minha concepção ficou bem melhor. Deixando esse aspecto de lado é bom frisar também que os anos 70 e os anos 80 foram o auge do gênero policial. Grandes filmes nesse estilo foram produzidos nessas décadas e nada superou depois a qualidade dessas produções. O conceito era bem mais realista e cru, tentando mesmo reproduzir no cinema as dificuldades de combate ao crime, principalmente nas grandes cidades americanas. Esse aqui sempre foi um dos mais violentos e incisivos da época. Paul Newman está excelente em seu papel, a de um sujeito que apesar de tudo contra ainda tenta remar contra a maré. Na época tentaram convencer Newman a migrar para a TV, transformando o filme numa série, porém o ator não aceitou o convite. O orgulho de astro de cinema no fim falou mais alto.

Pablo Aluísio.

sábado, 22 de dezembro de 2018

Arco do Triunfo

Título no Brasil: Arco do Triunfo
Título Original: Arch of Triumph
Ano de Produção: 1948
País: Estados Unidos
Estúdio: Metro-Goldwyn-Mayer (MGM)
Direção: Lewis Milestone
Roteiro: Lewis Milestone, Harry Brown
Elenco: Ingrid Bergman, Charles Boyer, Charles Laughton

Sinopse:
No inverno de 1938, Paris está cheia de refugiados do nazismo, que vivem nas sombras negras da noite, tentando fugir da deportação do governo local. Entre eles se encontra o Dr. Ravic (Charles Boyer), que apesar de não ter licença para clinicar na França, o faz de forma clandestina, tudo para ajudar pessoas em sua situação. Por mero acaso acaba encontrando com Joan Madou (Ingrid Bergman), uma mulher que mudará os rumos de sua vida.

Comentários:
Baseado no romance de mesmo nome de Erich Maria Remarque, publicado em 1945, o filme "Arch of Triumph" tenta capturar parte do drama dos refugiados de guerra. Como se sabe muitos intelectuais, cientistas e políticos alemães não tiveram outra saída a não ser abandonar a Alemanha quando Hitler assumiu o poder absoluto em seu país. Esse enorme grupo de pessoas acabou sendo perseguido pelos serviços de inteligência alemão, onde quer que eles estivessem, até mesmo em países estrangeiros. O pior é que a França acabou também sendo ocupada por tropas nazistas, levando ao desespero parte desses imigrantes. Dirigido pelo prestigiado cineasta Lewis Milestone, o mesmo de grandes clássicos como, por exemplo, Sem Novidade no Front (1930), O Grande Motim (1962) e O Tempo Não Apaga (1946), o filme tem uma das melhores recriações do período da ocupação alemã na França. Roteiro bem escrito e elenco maravilhoso, liderado pela estrela Ingrid Bergman e pelos veteranos Charles Boyer e Charles Laughton, completam o quadro de uma bela obra da sétima arte em seu período clássico. 

Pablo Aluísio.

A Carta

Título no Brasil: A Carta
Título Original: The Letter
Ano de Produção: 1940
País: Estados Unidos
Estúdio: Warner Bros
Direção: William Wyler
Roteiro: W. Somerset Maugham, Howard Koch
Elenco: Bette Davis, Herbert Marshall, James Stephenson, Frieda Inescort, Gale Sondergaard, Bruce Lester

Sinopse:
Uma americana, Leslie Crosbie (Bette Davis), esposa de um administrador de uma fazenda na distante Cingapura, atira em um nativo local, afirmando ter atirado em  legítima defesa. Depois de sua morte ela é levada a julgamento. Tudo parece confirmar sua versão dos fatos, exceto uma suposta carta reveladora que é encontrada. Teria sido mesmo apenas um crime por legítima defesa? Filme indicado a sete Oscars, incluindo Melhor Filme, Direção (William Wyler), Atriz (Bette Davis), Ator Coadjuvante (James Stephenson), Fotografia e Edição. 

Comentários:
"A Carta" foi baseada em uma antiga peça de sucesso que estreou na Broadway durante os anos 1920. Na década seguinte o texto ganhou sua primeira versão cinematográfica com Jeanne Eagels, que estava tão bem em cena que foi indicada ao Oscar de Melhor Atriz. Esse é o remake dos anos 1940, já com a diva Bette Davis no papel principal. O roteiro é primoroso (injustamente não ganhou indicação ao prêmio da Academia, talvez pelo fato do filme ter tido outras sete indicações) mas revela que atrás de toda grande atuação há sempre um bom roteiro por trás. E por falar em boas atuações o filme está repleto delas, em especial a própria Davis que era ótima para esse tipo de personagem, ao qual você não consegue descobrir se é de fato uma mocinha ou uma vilã! James Stephenson, que também foi indicado ao Oscar, brilha como um advogado de defesa bem dúbio em suas intenções. O filme foi dirigido pelo mestre William Wyler (1902 - 1981), um dos maiores cineastas de todos os tempos. Com tanto Know-how essa película se torna mesmo indispensável na coleção de todo fã de cinema clássico.

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 21 de dezembro de 2018

Em Roma na Primavera

Título no Brasil: Em Roma na Primavera
Título Original: The Roman Spring of Mrs. Stone
Ano de Produção: 1961
País: Estados Unidos
Estúdio: Warner Bros
Direção: José Quintero
Roteiro: Gavin Lambert, baseado na obra de Tennessee Williams 
Elenco: Vivien Leigh, Warren Beatty, Coral Browne

Sinopse:
Karen Stone (Vivien Leigh) é uma atriz veterana dos palcos, cuja idade começa a atrapalhar sua carreira. Perto dos 50 anos os convites vão ficando cada vez mais raros na Broadway. Ela então decide passar suas férias em Roma mas na viagem seu marido e empresário, 20 anos mais velho do que ela, sofre um ataque cardíaco e morre. Desolada, Karen decide alugar um apartamento na cidade eterna das sete colinas. Para curar sua desilusão uma condessa italiana, muito conhecida por arranjar jovens para mulheres mais velhas solitárias, lhe apresenta Paolo di Leo (Warren Beatty). A aproximação entre ambos será dramática e de consequências imprevisíveis.

Comentários:
Depois que Vivien Leigh brilhou em "Uma Rua Chamada Pecado" no papel de Blanche em 1951, muitos esperavam que ela voltasse a interpretar nas telas algum outro texto do genial Tennessee Williams. Foi necessário dez anos para que isso voltasse a acontecer. Esse foi o penúltimo filme de Vivien Leigh, em um texto que remonta levemente aspectos de sua própria vida pessoal, afinal de contas ela, naquela altura de sua carreira, também era uma veterana em situação bem parecida com a de sua personagem Karen Stone. Sua atuação é brilhante. Muitos inclusive esperavam por uma indicação ao Oscar mas a academia caprichosamente resolveu indicar outra atriz do elenco ao prêmio, Lotte Lenya, que interpreta a condessa Magda Terribili-Gonzales. Como sempre acontecia em seus escritos, esse texto de Tennessee Williams também explora o lado mais sórdido de seus personagens. A mulher envelhecida que se deixa enganar por um garotão que só deseja o seu dinheiro, a mulher inescrupulosa que se torna uma verdadeira cafetina, apesar de usar um título de condessa e o jogo cínico e lascivo de todos os que se envolvem nessa situação. Uma produção que anda bem esquecida nos dias de hoje, injustamente aliás, pois é de extrema qualidade cinematográfica.

Pablo Aluísio.