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quinta-feira, 21 de julho de 2022

Amor, Sublime Amor

"West Side Story" segue sendo um dos filmes musicais mais aclamados da história de Hollywood. E o interessante de tudo é que essa produção foi lançada em um momento complicado para o gênero musical. Não chegava nem perto do auge do gênero, dos tempos de Fred Astaire e Gene Kelly. O resultado dessa boa iniciativa de se trazer o estilo dos antigos musicais para uma realidade mais próxima dos jovens foi a consagração de público e crítica, inclusive com a premiação de uma chuva de Oscars, algo que na época foi considerado muito surpreendente inclusive para os realizadores do filme. Eles esperavam por uma recepção bem mais modesta, talvez alguns linhas elogiosas no New York Times, nada muito além disso. Jamais pensaram que essa produção iria levar o Oscar de melhor filme do ano. Era algo impensável para os produtores.

E sem dúvida "Amor, Sublime Amor" se destacava por se comunicar com os jovens de sua época. Ao invés de adotar o estilo dos musicais do passado, optou por levar a música e a dança para a realidade daquela juventude. E isso significava que o enredo e a sua história seria contada nas ruas, no meio dos jovens latinos, dos bairros mais pobres das grandes cidades. O resultado não poderia ter sido melhor. Contando com um elenco muito inspirado e talentoso, o filme se destacou por sua linguagem moderna e atual. Para sobreviver o musical tinha mesmo que se adaptar aos novos tempos.

Amor, Sublime Amor (West Side Story, Estados Unidos, 1961) Direção: Robert Wise, Jerome Robbins / Roteiro: Ernest Lehman / Elenco: Natalie Wood, George Chakiris, Richard Beymer, Rita Moreno / Sinopse: Dois jovens de gangues rivais de Nova York se apaixonam, mas as tensões entre seus respectivos amigos se transformam em tragédia. Filme premiado em 10 categorias do Oscar, entre elas as de melhor filme, melhor atriz coadjuvante (Rita Moreno), melhor roteiro adaptado, melhor direção e melhor direção de fotografia.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 22 de junho de 2021

Juventude Transviada

Esse filme capturou para a posteridade a essência do ator James Dean. Foi seu maior sucesso no cinema e também seu filme mais lembrado. O interessante é que o próprio James Dean jamais o assistiu. Antes do filme ficar pronto e ser lançado nos cinemas, ele morreu de um acidente de carro na estrada de Salinas na Califórnia. Tinha apenas 24 anos de idade. Com isso sua popularidade explodiu e o filme quando finalmente chegou nas salas de cinema se tornou um grande sucesso. A Warner aproveitou o trágico acidente para promover ainda mais o filme. Sim, um aspecto condenável, que no final de tudo teve sua razão de ser já que "Juventude Transviada" é sem dúvida um ótimo filme.

Pode-se dizer que o roteiro não tem um foco principal. Na realidade ele conta a história de amizade e paixão envolvendo três jovens da época (interpretados por James Dean, Natalie Wood e Sal Mineo). Eles enfrentam a barra e as crises típicas da adolescência em uma Los Angeles que mais parece uma selva para os jovens. James Dean interpreta um rebelde, mas não um rebelde ao estilo Marlon Brando. Não é um personagem explosivo ou violento. Está mais para um jovem que sofre várias crises internas, que tenta superar os traumas psicológicos dos problemas familiares e escolares. É um bom retrato, uma crônica fiel daquela geração do pós- guerra, quando os Estados Unidos viviam um ótima fase econômica. O rebelde de James Dean não tinha propriamente uma causa, a não ser encontrar-se a si mesmo.

Juventude Transviada (Rebel Without a Cause, Estados Unidos, 1955) Direção: Nicholas Ray / Roteiro: Stewart Stern, Irving Shulman / Elenco: James Dean, Natalie Wood, Sal Mineo / Sinopse: Um jovem rebelde com um passado conturbado chega a uma nova cidade, encontrando amigos e inimigos. Filme indicado ao Oscar de melhor ator coadjuvante (Sal Mineo), melhor atriz coadjuvante (Natalie Wood) e melhor roteiro (Nicholas Ray).

Pablo Aluísio.

terça-feira, 24 de novembro de 2020

Lágrimas Amargas

Clássico do cinema, produzido na década de 1950 e estrelado pela atriz Bette Davis. A história é bem interessante. Um drama com toques autobiográficos, o filme "Lágrimas Amargas" narra a vida de Margie (Bette Davis), uma atriz que foi estrela no passado, mas que agora enfrenta muitos problemas em sua vida pessoal e profissional. Os estúdios já não mais a procuram para participar do elenco de seus filmes. Ela se torna uma profissional do passado que ninguém mais quer contratar. Os trabalhos que aparecem são indignos e sem dinheiro ela acaba indo morar em um pequeno apartamento muito simples, nada adequado com sua vida de luxo do passado. Para piorar, Margie procura afogar suas decepções com a bebida e acaba indo presa. Sua filha Gretchen (Wood) também não tem como lhe ajudar pois é uma jovem que já tem seus próprios problemas pessoais. De volta à liberdade, Margie decide que é hora de mudar sua vida de uma vez por todas.

Bette Davis foi uma das grandes personalidades da história do cinema americano. Ela ousou romper com o chamado Star System e procurou construir uma carreira independente e corajosa. Por ser uma mulher de atitude, enfrentou vários problemas, inclusive a falta de convites para fazer mais filmes, talvez por essa razão esse "Lágrimas Amargas" seja tão essencial para os cinéfilos entenderem quem realmente foi Bette Davis. Ela própria passaria por situações semelhantes em sua vida profissional. Vencedora do Oscar, não se importou em publicar nos classificados de um jornal de Los Angeles um anúncio em busca de trabalho. O Oscar que ela venceu inclusive é usado numa das cenas desse filme.

Não conheço nenhum outro filme da filmografia de Davis que seja tão simbólico como esse. É praticamente uma biografia da mulher corajosa e valente que ela foi em vida. Já para os que são fãs da eterna Natalie Wood, a produção tem um brinde a mais, sua participação no elenco como a filha de Bette Davis. Segundo consta, ela teria sofrido um pequeno acidente nas filmagens que quase lhe causou seu afogamento. Isso criou um trauma que lhe seguiu pelo resto da vida. Tragicamente ela morreria afogada décadas depois após um acidente até hoje mal explicado em um barco, durante suas férias ao lado do marido Robert Wagner. Fica então nossa dica de filme clássico do dia, o edificante "Lágrimas Amargas". Não deixe de assistir.

Lágrimas Amargas (The Star, Estados Unidos, 1952) Estúdio: 20th Century Fox / Direção: Stuart Heisler / Roteiro: Dale Eunson, Katherine Albert / Elenco: Bette Davis, Sterling Hayden, Natalie Wood, Warner Anderson / Sinopse: Margaret Elliot (Davis) é uma atriz que no passado foi uma estrela em Hollywood. Agora, mais velha e com problemas envolvendo alcoolismo, ela amarga um injusto ostracismo em sua vida. Filme indicado ao Oscar na categoria de melhor atriz (Bette Davis).

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 26 de outubro de 2020

Radiomania

Bill Lawrence (James Stewart) é um trabalhador comum. Ao lado da esposa e dois filhos, ele leva uma vida bem rotineira e pacata. Todas as manhãs ele acorda e segue para o trabalho numa grande loja de magazine de sua cidade. Sua vida começa a mudar quando recebe o telefonema de uma estação de rádio local. A atendente lhe avisa que à noite, durante um popular programa, ele terá que responder a uma pergunta que vale 24 mil dólares. No começo Bill não leva nada muito à sério e resolve juntar todos os seus amigos para ouvirem o rádio juntos. Tudo acaba virando uma grande festa. Quando a grande hora chega e a pergunta é feita Bill, ele acaba acertando, se tornando o vencedor do cobiçado prêmio. O que ele não contava é que o prêmio vai lhe trazer uma série de dores de cabeça, virando sua vida literalmente de cabeça para baixo. Para começo de conversa os 24 mil dólares não surgem em dinheiro vivo, mas sim em vários produtos que são enviados pelos patrocinadores do programa. De repente sua casa é invadida por uma série de entregadores, que lhe trazem desde pôneis, até uma quantidade enorme de carne de bezerro, dezenas de vasos de plantas, centenas de relógios e tudo o mais que você possa imaginar. Para piorar o fisco americano acaba ficando de olho em sua premiação, o enchendo de cobranças de taxas e impostos dos mais variados tipos! Sua vida acaba assim virando um verdadeiro caos da noite para o dia.

"Radiomania" é muito divertido. Uma comédia hilariante que se encaixa perfeitamente no tipo de personagem que era ideal na pele de James Stewart. O sujeito comum, simples, que de repente se vê tendo que lidar com coisas que nunca fizeram parte de sua rotina, como um decorador esnobe (que joga fora toda a sua mobília) e até uma bela artista que vem pintar seu retrato como parte do prêmio ganho. A questão é que a grande maioria dos prêmios não tem a menor serventia na vida de Bill e sua família. Tudo acaba virando uma grande metáfora sobre a inutilidade de um sonho consumista sem sentido.

O roteiro, além de ser muito divertido, é muito bem escrito pois não deixa a bola cair em nenhum momento. Como o filme é relativamente curto (algo em torno de 80 minutos) o espectador nem percebe o tempo passando pois o personagem de Stewart se envolve numa série de confusões, uma mais engraçada do que a outra. Para os fãs da atriz Natalie Wood o filme ainda traz um atrativo extra, pois ela está no elenco, interpretando a jovem filha de Stewart. Incrível, mas ela deveria ter uns 12 anos quando fez o filme. Enfim, mais um belo momento da carreira do sempre ótimo James Stewart. Uma comédia leve, simpática, que deixará você com um inevitável sorriso no rosto após terminar de assistir.

Radiomania (The Jackpot, Estados Unidos, 1950) Direção: Walter Lang / Roteiro: John McNulty, Phoebe Ephron / Elenco: James Stewart, Barbara Hale, James Gleason, Natalie Wood / Sinopse: Bill (Stewart) é um sujeito comum que de repente vê sua vida virada de ponta cabeça após ganhar um prêmio em um programa de rádio!

Pablo Aluísio.

sábado, 19 de setembro de 2020

Médica, Bonita e Solteira

Depois do sucesso dos filmes estrelados por Rock Hudson e Doris Day, as produções românticas do cinema americano nunca mais foram as mesmas. Que o diga esse simpático "Médica, Bonita e Solteira" que tentava seguir pelo mesmo caminho. E o que exatamente esses filmes tinham de diferente? Na década de 1950 os filmes sobre relacionamentos eram extremamente românticos, melosos, puxando para o melodramático. Uma ingenuidade só! Já na década de 1960 eles se tornaram bem mais picantes, cínicos e bem humorados. A nova posição da mulher dentro da sociedade já não comportava aquela heroína bobinha dos antigos filmes, onde a mulher geralmente ficava sonhando acordada com o aparecimento do príncipe encantando com sua armadura reluzente e brilhante. Aqui temos um exemplo de personagem feminino que já era independente e não precisava de um casamento para se firmar dentro da sociedade. 

A protagonista desse filme se chamava Helen Brown (Natalie Wood), uma mulher independente, bem sucedida, que não precisa de um relacionamento com um homem para se tornar feliz. Em vista disso ela resolve escrever um livro contando sua forma de entender a nova realidade feminina de seu tempo. O livro se torna um grande sucesso de vendas, o que desperta a curiosidade do jornalista Bob Weston (Tony Curtis), que deseja descobrir todos os mais íntimos segredos por trás da imagem da autora do livro. Já deu para perceber que apesar das intenções nada louváveis de Bob ele vai acabar se apaixonando por Helen, pois afinal ela evita de todas as formas se tornar mais uma presa na enorme lista de conquistas do charmoso jornalista. A Warner investiu pesado nesse filme, até porque tinha a intenção de ganhar esse rico nicho de mercado das comédias românticas mais ousadas da década de 1960. Para isso não mediu esforços, colocando como meros coadjuvantes grandes nomes de Hollywood como por exemplo  Henry Fonda e Lauren Bacall. O filme é divertido, não há como negar, mas também fica muito longe de repetir os bons roteiros da dupla Hudson / Day. 

Apesar do carisma dos atores Tony Curtis e Natalie Wood, o filme não conseguiu cumprir todas as expectativas simplesmente porque em 1964 ele já foi considerado sem novidades,  já que o assunto já tinha sido exaurido nos filmes da Universal com Doris Day e Rock Hudson. De qualquer maneira vale ser redescoberto. Que o diga os produtores em Hollywood que se inspiraram nele para realizar "Abaixo o Amor" com Renée Zellweger e Ewan McGregor, uma homenagem bem humorada a esses antigos filmes. Assista aos dois filmes e compare. No mínimo você terá uma boa diversão.  

Médica, Bonita e Solteira (Sex and the Single Girl, Estados Unidos, 1964) Direção: Richard Quine / Roteiro: Helen Gurley Brown, Joseph Heller / Elenco: Tony Curtis, Natalie Wood, Henry Fonda, Lauren Bacall / Sinopse: Jornalista decide descobrir todos os segredos de uma bem sucedida autora feminista. Ela resolve escrever um livro sobre relacionamentos, trazendo a visão da mulher moderna, que não precisa mais de um marido para se firmar dentro da sociedade ou ser feliz em sua vida pessoal.

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 17 de setembro de 2020

A Corrida do Século

Divertida comédia assinada por Blake Edwards. Considero esse cineasta um dos mais subestimados diretores de humor da história do cinema. A crítica sempre torceu o nariz para seus filmes e ele nunca conseguiu reconhecimento para seu ótimo timing humorístico. Aqui Edwards volta ao inicio do século XX para contar a história de uma verdadeira corrida maluca, atravessando três continentes. Entre os competidores temos todos os tipos de aviadores e pilotos. Há desde galãs engomadinhos a trapaceiros vilanescos, passando por princesas delicadas que também querem provar que as mulheres podem fazer tudo o que os homens fazem. O diretor Blake Edwards imprimiu ao filme um tom cartunesco, de desenho animado mesmo, trazendo um claro sabor nostálgico a quem assiste ao filme nos dias atuais. A ideia inclusive daria origem a uma série de desenhos famosos na TV chamado justamente de “A Corrida Maluca” – quem lembra do famoso Dick Vigarista? Pois é, nada mais é do que uma adaptação animada dos mesmos personagens que vemos aqui.

O elenco de “A Corrida do Século” é outro ponto positivo a começar pela presença do sempre carismático Tony Curtis. Impagável a cena em que ele, cheio de bons modos, participa de uma verdadeira guerra de tortas na cara! Essa cena resume muito bem o clima que Blake Edwards quis dar ao filme em si, tudo muito escrachado, pastelão mesmo, sem vergonha de abraçar esse estilo de humor mais popularesco. Jack Lemmon e Natalie Wood completam o excelente time de atores. Natalie Wood interpreta uma espécie de Penélope Charmosa (quem lembra da personagem dos desenhos da Hanna-Barbera?). Já Lemmon está perfeitamente à vontade em sua caracterização que aliás nos passa a sensação de que ele na verdade está se divertindo como nunca, mais do que o próprio espectador.

Outro aspecto digno de nota desse “A Corrida do Século” é a sua direção de arte. Com visual nitidamente calcado na moda da década de 1960 (apesar da estória se passar na década de 1920) o filme traz um sabor nostálgico à prova de falhas. Tudo muito colorido e deliciosamente fake. Assim na pior das hipóteses o espectador ficará com um belo sorriso nos lábios. Se nunca assistiu não deixe de ver. “A Corrida do Século” pode não ser nenhuma comédia sofisticada ou inteligente, mas diverte bastante caso o espectador consiga entrar em seu clima envolvente. Diversão garantida.
 
A Corrida do Século (The Great Race, Estados Unidos, 1965) Direção: Blake Edwards / Roteiro: Arthur A. Ross, Blake Edwards / Elenco: Jack Lemmon, Tony Curtis, Natalie Wood, Peter Falk, Arthur O'Connell / Sinopse: No começo do século XX um grupo de pilotos entra em uma corrida internacional através de três continentes ao redor do mundo. Quem vai vencer a disputa? Filme vencedor do Oscar na categoria de melhores efeitos sonoros (Treg Brown).

Pablo Aluísio. 

segunda-feira, 15 de abril de 2019

Rastros de Ódio

Esse era considerado por muitos (inclusive pelo próprio John Wayne) como um dos maiores westerns já realizados. O roteiro foi adaptado do romance escrito por Alan Le May que por sua vez usou como fonte uma história verídica ocorrida no século 19. No auge da colonização rumo ao Oeste muitos raptos de crianças brancas foram relatados às autoridades americanas. Muitas tribos indígenas (como os Comanches retratados no filme) roubavam essas crianças para utilizá-las como moeda de troca com os colonizadores ou como ato de terror para que eles abandonassem suas terras. No filme a pequena Debbie é levada por um chefe tribal conhecido como Scar  (cicatriz em português). Seus pais são mortos em um rancho enquanto os homens da família partem em busca de gado roubado pelos índios. Ao retornarem se deparam com o rancho em chamas e os corpos dos adultos espalhados pela casa sede. Duas jovens crianças são levadas pelos Comanches. A mais jovem logo é encontrada em um canion no meio do deserto, mas a outra some sem deixar vestígios. A busca por sua sobrinha desaparecida logo se torna a obsessão de Ethan Edwards (John Wayne) que ao lado de seu sobrinho Martin Pawley (Jeffrey Hunter) parte em direção ao Oeste na tentativa desesperada de resgatar a pequena Debbie. Passam-se anos e eles enfrentam todas as adversidades possíveis para alcançar seu objetivo, mesmo que isso custe sua saúde, sua sanidade e sua paz.

O personagem Ethan é uma força da natureza. Mesmo após várias tentativas frustradas ele simplesmente não se abala. Ele segue em frente como símbolo de obstinação e luta! Não importa quantos anos levem, ele segue de forma inabalável rumo a novas cidades, novas pradarias, sempre lutando para descobrir o paradeiro de sua ente querida. Na história verídica Cynthia Ann Parker (nome real da pessoa que inspirou Debbie de "Rastros de Ódio") acabou virando esposa de um guerreiro Comanche, tendo com ele três filhos. No filme Ethan consegue alcançar Debbie ainda jovem, vivendo como uma das quatro esposas do cacique da tribo. A Debbie que eles encontram já não é a mesma garotinha de antes, agora é uma adolescente (interpretada por Natalie Wood) que parece ter se adaptado à cultura dos índios Comanches, algo que se torna imperdoável para Ethan. A direção de John Ford surge mais inspirada do que nunca. Tirando proveito das belas locações naturais (entre elas a conhecida Monument Valley. a região que virou marca registrada dos filmes de western do cineasta) ele criou um visual de grande impacto que entrou no subconsciente de gerações de cinéfilos. Também trabalhou muito na composição de Ethan.

Ao contrário dos mocinhos típicos filmes de western que surgiam invariavelmente como poços de integridade, o personagem interpretado por John Wayne aqui tem defeitos - e muitos! Um deles é seu preconceito contra nativos. Sua aversão a Comanches é tamanha que ele ao perceber que sua sobrinha está totalmente inserida dentro da cultura da tribo prefere vê-la morta do que como está! Ousa inclusive levantar a hipótese de matá-la! Seu passado também é nebuloso. Após deixar a Guerra Civil ele surge com muito dinheiro, em notas novas, sugerindo que teria sido fruto de algum roubo a banco ou trem realizado por ele e seus comparsas. Assim Ethan é um caso raro de personagem multilateral, com várias facetas, muitas delas nada dignas. Wayne encarna com perfeição seu papel, ora criando um vínculo genuíno com o público, ora despertando sua aversão. Para finalizar resta dizer que "Rastros de Ódio" foi eleito recentemente como um dos 100 melhores filmes da história do cinema americano pelo American Film Institute. Uma honra só reservada para as grandes obras primas. Um lugar mais do que merecido para "The Searchers" o filme definitivo das carreiras de John Wayne e John Ford. Um marco na história do western americano.

Rastros de Ódio (The Searchers, EUA, 1956) Direção: John Ford / Roteiro:Frank S. Nugent baseado na novela de Alan Le May / Elenco: John Wayne, Jeffrey Hunter, Vera Miles, Natalie Wood, Ward Bond, John Qualen / Sinopse: Após massacrar toda uma família em um rancho, guerreiros Comanches raptam duas crianças. A primeira é morta no deserto, mas a segunda passa a ser criada na Tribo. O tio dela, Ethan (John Wayne), decide transformar a busca dela no objetivo maior de sua vida. Ao lado do sobrinho mestiço Martin Pawley ( Jeffrey Hunter) ele começa uma longa jornada que durará anos em busca de pistas do paradeiro de sua sobrinha sequestrada.

Pablo Aluísio.

sábado, 21 de outubro de 2017

Só Ficou a Saudade

Título no Brasil: Só Ficou a Saudade
Título Original: Kings Go Forth
Ano de Produção: 1958
País: Estados Unidos
Estúdio: United Artists
Direção: Delmer Daves
Roteiro: Merle Miller, baseado na novela de Joe David Brown
Elenco: Frank Sinatra, Tony Curtis, Natalie Wood, Karl Swenson
  
Sinopse:
Segunda Guerra Mundial. O tenente americano Sam Loggins (Frank Sinatra) e seu pelotão rumam em direção ao sul da França, país que estava sendo libertado naquele momento histórico da dominação nazista. Em seu grupo junta-se um novo cabo, Britt Harris (Tony Curtis), especialista em comunicação. Quando chegam numa pequenina cidade na costa descobrem que o local está praticamente livre de tropas inimigas. Assim eles partem para a diversão, indo à praia e namorando as garotas locais. Sam acaba se apaixonando pela doce e bela Monique Blair (Natalie Wood), mas ela parece ficar mais interessada por Harris, afinal ele é extrovertido, sedutor e boa pinta. O que eles nem desconfiam é que os alemães não estão tão derrotados como todos erroneamente pensam.

Comentários:
Depois de "A Um Passo da Eternidade" o cantor Frank Sinatra deu um tempo em dramas de guerra, só retornando mesmo com esse bom "Só Ficou a Saudade". Embora tenha cenas de ação e combate o filme não se propõe a investir muito nesse aspecto. Na realidade o roteiro está sempre muito mais focado em contar uma história de amor frustrado. A velha história do sujeito que ama uma mulher, mas que precisa se contentar com o triste destino, pois ela ama outro. É interessante que Sinatra tenha optado por interpretar um homem triste, melancólico e rejeitado que precisa manter a cabeça no lugar enquanto tenta sobreviver à guerra e ao fato de que um verdadeiro canalha (o cabo Harris) acabe roubando o coração da garota que ele tanta ama. Há uma linha de diálogo que reflete tudo isso. O tenente interpretado por Sinatra se vira para o personagem de Tony Curtis e desabafa, dizendo: "Olhe para você! É rico, bonito e se dá bem com as garotas. Eu sou pobre e feio!". 

A impressão que tive foi que Sinatra, que vinha numa fossa tremenda em sua vida pessoal, por causa da rejeição de Ava Gardner, tentava transmitir tudo o que sentia justamente nesse papel em que atuava. Outro aspecto digno de nota vem da personagem Monique de Natalie Wood. Ela é filha de um negro americano que se enamorou de uma francesa. Em determinado momento do roteiro ela conta essa história para o tenente Sam. Ele fica chocado com as suas origens! Hoje em dia algo assim daria inúmeros problemas, certamente. Mas enfim... O diretor Delmer Daves, de tantos faroestes, até que se saiu muito bem dirigindo esse romance improvável e triste, sem final feliz. E para fechar a pequena resenha aqui vai também mais um fato curioso. Em determinada cena, numa boate esfumaçada, os soldados começam a pedir que um membro do pelotão suba ao palco para se apresentar. Obviamente por Frank Sinatra ser um dos maiores cantores de todos os tempos o espectador acabe pensando que ele dará uma canja em cena, mas não! Quem sobe ao palco para "dublar" um trompete é Tony Curtis! Assim, sinceramente, não dá para ser feliz...

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 23 de novembro de 2016

Seu Único Desejo

Título no Brasil: Seu Único Desejo
Título Original: One Desire
Ano de Produção: 1955
País: Estados Unidos
Estúdio: Universal Pictures
Direção: Jerry Hopper
Roteiro: Lawrence Roman, baseado no livro de Conrad Richter
Elenco: Anne Baxter, Rock Hudson, Julie Adams, Natalie Wood
  
Sinopse:
Clint Saunders (Rock Hudson) ganha a vida trabalhando no cassino de Tacey Cromwell (Anne Baxter). Eles mantém um romance que já dura anos. Realmente se gostam muito. O problema é que Clint tem ambições maiores na vida. Ele deseja ir embora, para uma nova cidade, procurando por um novo recomeço. Inicialmente Tacey hesita em lhe seguir, mas depois resolve deixar tudo para trás para junto a Clint e seu pequeno irmão Nugget (Barry Curtis) começar um novo lar. Nas primeiras semanas tudo vai muito bem, até que Clint começa a mostrar interesse numa bela e rica jovem da sociedade, Judith Watrous (Julie Adams), a filha de um senador. Para surpresa de Clint a garota também se mostra logo interessada por ele começa a fazer de tudo para levá-lo ao altar, deixando Tacey em uma situação realmente complicada e delicada. 

Comentários:
Belo filme! Realizado em uma das fases mais produtivas e bem sucedidas da carreira do ator Rock Hudson, o filme investe em um triângulo amoroso entre Clint (Hudson), Tacey (Baxter) e Judith (Adams). O primeiro é um sujeito pobre com muitas ambições. Ele quer deixar a profissão de carteador em cassinos para buscar algo melhor, talvez um bom emprego como bancário já que ele tem muita habilidade com números em geral. Para isso se muda para uma nova cidade no oeste ao lado da fiel e dedicada Tacey (Baxter). É o começo do século XX e as oportunidades estão por toda parte. Na nova localidade Clint vê uma oportunidade de subir na vida ao cortejar a rica Judith, filha de um senador! Seria a forma de subir rápido na vida, sem muito esforço. O problema é que ele está comprometido com Tacey. Como resolver esse problema? O roteiro é tão bem escrito que de repente somos surpreendidos com reviravoltas sutis que usam a ganância de Clint como suporte para os eventos que vão acontecendo. Judith que no começo parece ser uma jovem correta logo começa a conspirar para destruir o romance de Clint e Tacey, ao mesmo tempo em que a desmoraliza perante a comunidade por causa de seu passado de corista e garota de salão em cassinos do leste. 

A situação se torna tão tensa que tudo vai parar na justiça onde Tacey, indefesa, acaba sendo praticamente banida da cidade. Enquanto isso Clint vai caindo cada vez mais na teia arquitetada por Judith que de boa moça realmente não tinha nada. O mais interesse é que diante tudo que vai acontecendo em cena ficamos na dúvida se Clint é realmente um canalha ou apenas mais uma vítima das armações de Judith. Além da boa trama de autoria do romancista Conrad Richter o filme ainda se destaca pelas boas atuações de todo o elenco e uma participação que chamará bastante a atenção dos cinéfilos que gostam de filmes clássicos. Fazendo o papel de uma jovem órfã surge a futura estrela Natalie Wood, que convence tanto na caracterização de uma moleca sapeca como da de uma jovem adolescente rebelde que deseja fugir com o amor de sua vida (na realidade um homem casado que só lhe trará infelicidades). Anne Baxter também está maravilhosa. Sua personagem é de uma mulher mais velha que larga tudo por um grande amor, mas que depois vê seus sonhos de felicidade ruírem por causa de uma concorrente bem mais jovem e bem mais rica. Já Rock Hudson segue em sua linha tradicional, a do galã boa pinta, disputado por todas as mulheres. O diferencial é que seu papel é muito bem construído pelo roteiro, sempre deixando o espectador em dúvida sobre suas reais intenções. Em suma, mais um belo drama romântico dos anos 50, com o melhor que o cinema americano da época poderia oferecer ao público.

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2016

Frank Sinatra - Só Ficou a Saudade

O filme em questão se chama "Kings Go Forth" (no Brasil recebeu o título de "Só Ficou a Saudade"). Durante muitos anos Hollywood se perguntou quando Sinatra retornaria aos filmes de guerra, ou melhor colocando, aos dramas de guerra. Isso porque o cantor havia sido laureado com o Oscar por "A Um Passo da Eternidade", filme que se notabilizou justamente por consagrar esse gênero. Assim todos esperavam pelo aguardado retorno de Sinatra a esse tipo de produção.

A espera acabou em 1958 com essa fita dirigida pelo cineasta Delmer Daves. Embora fosse mesmo especialista em faroestes, Daves aceitou o convite de Sinatra para dirigir essa adaptação da novela de Joe David Brown. As comparações com "A Um Passo da Eternidade" embora óbvias, são também injustas. Fica claro desde o começo que Sinatra está apenas preocupado em atuar bem, contar uma boa história (que foi parcialmente inspirada em fatos reais) e nada muito além disso. Para elevar um pouco as pretensões um ótimo elenco de apoio foi formado, mas mesmo assim podemos perceber bem que Sinatra não está pretendendo ganhar outro Oscar ou nada parecido com isso. Se sua intenção era apenas estrelar um bom filme de guerra, com toques dramáticos e romance, bom, ele certamente cumpriu aquilo que pretendia.

Quando o filme começa já encontramos o tenente Sam Loggins (Sinatra) e seus homens andando pelo interior da França que naquele momento estava sendo ocupada por forças aliadas após a dominação nazista. Eram soldados de libertação e por isso por onde passavam eram saudados pela população. A sorte para aqueles soldados era que eles foram designados para ocupar o sul do território francês, uma região em que já não havia mais tropas alemãs para combater. Um lugar realmente paradisíaco, com lindas praias e mulheres bonitas, todas prontas para se relacionarem com os militares americanos. Para Sam não poderia existir lugar melhor para se estar numa guerra daquelas. Entre uma volta e outra pelas bonitas paisagens ele acaba encontrando a bela Monique Blair (Natalie Wood), filha de pai americano, mas que mora na França desde que nasceu. 

Não demora muito e o tenente interpretado por Sinatra logo se apaixona por ela. O romance porém terá suas dificuldades, principalmente por causa das origens da garota (algo que vai deixar muita gente de cabelo em pé nos dias de hoje) e uma insuspeita antipatia entre ele e o cabo Britt Harris (Tony Curtis), filho de um rico empresário, boa pinta e metido a galã, conquistando as garotas francesas locais por onde passa. Ele vem para ser o operador de rádio, mas isso não faz com que Sinatra tenha maiores simpatias por ele, muito pelo contrário. 

Enfim, é justamente em cima desse trio de protagonistas que o roteiro se desenvolve. Tudo muito bem realizado, com ótimo entrosamento de todo o elenco. Sinatra, com seu estilo natural de interpretação, se encaixa muito bem na proposta do filme. Uma produção de sua carreira que prova mais uma vez que se ele não era um ator grandioso, pelo menos tinha o talento inegável de saber escolher bem os roteiros nos quais iria trabalhar. 

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 19 de março de 2015

Juventude Transviada

O filme definitivo da carreira de James Dean. "Juventude Transviada" é a quintessência do mito. De certa forma foi o filme que criou a cultura jovem na década de 50. Os personagens são jovens desiludidos, perdidos, que procuram por algum tipo de redenção. Toda a estória se passa em menos de 24 horas. No filme acompanhamos o primeiro dia de aula de Jim Stark (James Dean) em sua nova escola. Filho de pais que vivem se mudando de cidade o jovem Jim não consegue por essa razão criar genuínos laços de amizades com outros jovens de sua idade. Nesse primeiro dia em Los Angeles ele busca por um recomeço, tudo o que deseja é se enturmar e se possível não se envolver em problemas. Dois objetivos que ele logo entenderá que são bem complicados de alcançar. Desafiado por um grupo de valentões liderados por Buzz (Corey Allen) ele logo se vê envolvido numa briga com punhais. Depois aceita o desafio de participar de um racha altas horas da noite numa colina da cidade, o que trará consequências trágicas para todos os envolvidos.

Juventude Transviada demonstra bem que alguns temas são realmente universais, não importando a época em que acontecem. O jovem novato na escola que sofre bullying e é hostilizado pelos valentões locais, o desejo de ser aceito, a dor da rejeição e a frustrada tentativa de se enquadrar são temas pertinentes ao roteiro que dizem respeito não apenas aos personagens do filme mas a todos nós, principalmente no período escolar onde tudo isso vem à tona de forma muito transparente, para não dizer cruel. James Dean está simplesmente arrasador na pele de Jim Stark. Usando de sua já conhecida expressão corporal o ator esbanja versatilidade em uma interpretação realmente inspirada. Não é de se admirar que tenha sido tão idolatrado por tantos anos. Natalie Wood é outro destaque. Interpretando uma jovem com problemas de relacionamento com seu pai ela mostra bem porque era considerada um dos maiores talentos jovens daquela época. Por fim fechando o trio principal temos o frágil Platão, o personagem mais conturbado do filme. Em sensível atuação de Sal Mineo ele transporta carência afetiva e emocional, procurando a todo custo criar algum tipo de amizade, seja com quem for.

Quando "Juventude Transviada" chegou aos cinemas o ator James Dean já tinha morrido em um trágico acidente, com apenas 24 anos. A comoção por sua morte aliada á sua interpretação majestosa nesse filme criaram um dos mais fortes mitos da história de Hollywood. O nome James Dean ficou associado eternamente à figura do jovem rebelde. Unindo sua história trágica, muito parecida com as dos antigos mitos românticos, à força do cinema, James Dean logo virou ídolo de milhões de jovens ao redor do mundo. Mito esse que sobrevive até os dias de hoje pois mesmo após tantas décadas de sua morte o ator ainda é uma das celebridades falecidas que mais faturam em termos de licenciamento de produtos e direitos de imagem. De certa forma o mito James Dean ultrapassou e muito a influência do ator James Dean, embora essa também seja significativa. Juventude Transviada é assim seu testamento definitivo, o filme que criou toda uma mitologia em torno de seu nome, que se recusa a morrer de forma definitiva. Revisto hoje em dia o filme só cresce em importância e qualidade. Definitivamente é uma das produções mais importantes da história do cinema.

Juventude Transviada (Rebel Without a Cause, Estados Unidos, 1955) Direção: Nicholas Ray / Roteiro: Stewart Stern, Irving Shulman, Nicholas Ray / Elenco: James Dean, Sal Mineo, Natalie Wood, Corey Allen, Dennis Hopper, Jim Bechus / Sinopse: Jim Stark (James Dean) é um jovem recém chegado em Los Angeles que em seu primeiro dia de aula na nova escola tem que enfrentar um grupo de valentões liderados por Buzz (Corey Allen). Após uma briga de punhais no observatório da cidade ele aceita o desafio de participar de um racha mortal nas colinas da cidade.

Pablo Aluísio. 

quinta-feira, 9 de agosto de 2012

Clamor do Sexo

Dizem que o primeiro amor de uma mulher é o mais marcante em toda sua vida. Não importa que ela venha no futuro se casar com outro homem, o que importa para a psique feminina é a figura idealizada que ela cria em sua mente quando se apaixona pela primeira vez em sua vida. Clamor do Sexo trata justamente desse tema. Na estória acompanhamos a paixão adolescente entre Bud (Warren Beatty) e Dean Loomis (Natalie Wood). Ela faz parte de uma família classe média e ele é filho de um rico magnata do petróleo. Ambos são perdidamente apaixonados um pelo outro mas não podem consumar esse amor por causa das pressões familiares e sociais. Além da pressão em seu relacionamento o jovem Bud Stamper ainda tem que lidar com seu pai que quer que ele seja perfeito em tudo, na escola, no lar e nos esportes. Sua irmã por outro lado é a ovelha negra da família, sempre envergonhando seus pais. No meio desse turbilhão, muito pressionado, o romance dos jovens adolescentes finalmente entra em colapso o que trará sérias conseqüências para ela, inclusive em termos mentais. Em profunda depressão a garota não consegue mais sair de casa, nem se interessar mais em seus estudos. Sem saída é internada em uma instituição para tratamento psicológico. Só muitos anos depois quando reencontrar o amor de sua juventude, o primeiro grande amor de sua vida, ela compreenderá totalmente o sentido de tudo pelo que passou.

Clamor do Sexo foi dirigido pelo grande diretor Elia Kazan. É uma fita de tema bem mais ameno que seus outros trabalhos. Não há grandes teses em jogo no seu argumento, nem questões políticas profundas como sempre foi do feitio desse cineasta. Nessa produção Kazan apenas tenta entender a força do amor que nasce na flor da idade, quando os jovens desabrocham para a paixão. Entender os mecanismos que controlam as emoções nessa fase da vida certamente não é uma coisa simples, de fácil entendimento. Kazan assim se debruça sobre essa questão e tenta entender a força desses sentimentos quando somos jovens e intensos (inclusive em relação ao amor e ao afeto). O elenco é formado por Natalie Wood, muito jovem e bonita, mostrando que finalmente havia conseguido fazer a transição de atriz mirim para intérprete adulta e Warren Beatty, também extremamente jovial (e inexperiente em cena). Aliás não deixa de ser curioso ver Beatty tão pouco à vontade em cena, o que no final das contas encaixou bem no filme pois o seu personagem Bud é um jovem que também se sente deslocado, sem saber direito que rumo tomar na vida. A estória se passa na década de 1920 nos momentos que antecedem a quebra da bolsa de Nova Iorque e a produção se mostra muito rica e detalhista nos mínimos detalhes, resultando tudo em muito bom gosto. Enfim, Clamor do Sexo é um estudo da alma humana no momento em que as emoções estão mais fortes por causa da explosão hormonal pelo qual passam os adolescentes e parece comprovar em seu final a antiga máxima que afirma: “O primeiro amor a gente nunca esquece”.

Clamor do Sexo (Splendor in the Grass, Estados Unidos, 1961) Direção: Elia Kazan / Roteiro: William Inge / Elenco: Natalie Wood, Warren Beatty, Pat Hingle / Sinopse: Wilma Dean Loomis (Natalie Wood) é completamente apaixonada por seu namorado, o jovem Bud Stamper (Warren Beatty) mas não pode satisfazer ele plenamente por causa das convenções morais e socias da época. Após o rompimento ela entra em profunda depressão que só será curada muitos anos depois quando finalmente resolve reencontrar o antigo amor de sua vida.

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 12 de dezembro de 2007

Natalie Wood e Tony Curtis


Material promocional do filme "Médica, Bonita e Solteira" com Tony Curtis e Natalie Wood.

terça-feira, 10 de abril de 2007

Montanhas em Fogo

Título no Brasil: Montanhas em Fogo
Título Original: The Burning Hills
Ano de Produção: 1956
País: Estados Unidos
Estúdio: Warner Bros
Direção: Stuart Heisler
Roteiro: Irving Wallace, baseado na novela de Louis L'Amour
Elenco: Tab Hunter, Natalie Wood, Skip Homeier, Eduard Franz, Earl Holliman, Claude Akins

Sinopse:
Trace Jordon (Tab Hunter) chega numa pequena cidade mineradora do velho oeste em busca de seu irmão. Para sua surpresa descobre que ninguém parece disposto a falar muito sobre ele. Após algumas investigações por conta própria descobre finalmente que ele foi assassinado nas montanhas rochosas a mando de Jack Sutton (Skip Homeier), um inescrupuloso rancheiro da região. Trace quer justiça, não vingança, mas antes que possa denunciar o crime ao xerife local é encurralado e baleado pelos membros da gangue de Sutton. Ferido, é socorrido pela jovem mexicana Maria (Natalie Wood) que o ajuda a se recuperar. De volta à ativa decide finalmente acertar contas de uma vez por todas com o facínora Sutton.

Comentários:
Mais um bom western com o galã loiro Tab Hunter na Warner. Aqui ele dá vida a um cowboy errante que procura por justiça mas só encontra uma terra sem lei no velho oeste americano. Sem alternativas busca por uma solução com sua própria destreza com as armas. Além de Hunter o elenco traz a bela e mítica atriz Natalie Wood interpretando uma mestiça que o ajuda a sobreviver nas montanhas após ser encurralado por bandidos. A presença de Natalie Wood no elenco ajudou muito na promoção do filme uma vez que ela havia participado do filme "Juventude Transviada" no ano anterior. A morte de James Dean em um acidente de carro a transformou imediatamente numa estrela pois ela era a namoradinha do ator no filme. Natalie, que ganharia um novo status na carreira com esse papel, aqui desempenha muito bem sua personagem, falando em espanhol e adotando trajes típicos mexicanos. Pena que como se trata de um faroeste dos anos 1950 não há realmente muito espaço para seu papel dentro da trama, nem maior desenvolvimento de sua personalidade. Mesmo assim vale a pena conferir Wood e Hunter nesse bom western passado em um tempo em que a justiça tinha que ser feita pelas próprias mãos.

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 2 de junho de 2006

Rastros de Ódio

Título no Brasil: Rastros de Ódio
Título Original: The Searchers
Ano de Produção: 1956
País: Estados Unidos
Estúdio: Warner Bros
Direção: John Ford
Roteiro: Frank S. Nugent, Alan Le May
Elenco: John Wayne, Jeffrey Hunter, Natalie Wood, Vera Miles, John Qualen, Ward Bond

Sinopse:
O clássico do western "Rastros de Ódio" conta a história de Ethan Edwards (John Wayne), um veterano da Guerra Civil americana que embarca em uma jornada para resgatar sua sobrinha que fora raptada por guerreiros Comanches. Achar a garota passa a se tornar a obsessão de sua vida e ele se mostra disposto a tudo para resgatá-la das mãos dos nativos.

Comentários:
O próprio John Wayne costumava dizer que esse era o melhor filme de sua carreira. Tão orgulhoso ficou de seu trabalho e de seu personagem que resolveu dar o nome de Ethan a um de seus filhos. E como se isso não bastasse dizia e repetia em entrevistas que desejava ser lembrado justamente por esse "Rastros de Ódio". Não era pouca coisa. E realmente estamos mesmo diante de um filme inesquecível que marcou época na história do cinema. O diretor John Ford aqui chegou seguramente no ponto alto de sua rica carreira de cineasta. O filme pode ser considerado sua maior obra-prima. O desenvolvimento psicológico de todos os personagens era algo raro em filmes de faroeste na década de 1950. O roteiro e a direção acentuaram isso, transformando a trajetória do protagonista não apenas em uma jornada obsessiva, mas também em uma busca de si mesmo, de seus valores mais importantes. Aclamado por publico e crítica o filme foi absurdamente injustiçado pelo Oscar, passando em brancas nuvens pela Academia. Um retrato de um certo preconceito que existia contra filmes de faroeste. Não faz mal, "Rastros de Ódio" é uma obra cinematográfica tão maravilhosa que não precisaria mesmo de prêmios como esse para marcar sua posteridade.

Pablo Aluísio.