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sexta-feira, 11 de novembro de 2022

O Contador de Cartas

Esse filme foi produzido pela aclamado cineasta Martin Scorsese. Ele só não dirigiu o filme por conta própria, porque não tinha tempo, problemas de agenda. Assim, resolveu passar o roteiro para um colega cineasta e apenas assinou a produção. O filme conta a história real de um ex militar que passa a viver ganhando dinheiro em cassinos por todos os Estados Unidos. Ele é um contador de cartas, ou seja, um sujeito que aprendeu a técnica de contar as cartas do baralho. Isso é proibido e é considerado ilegal em diversos estados norte-americanos. Se o jogador for pego contando cartas, ele acaba tendo problemas com a lei, indo parar na cadeia. Só que esse protagonista do filme, é um sujeito mais discreto. Ao invés de ganhar grandes boladas na mesa, ele se contenta em ganhar um pouquinho e não chamar muita atenção para si. É o seu segredo para não ir ser preso. Esse personagem realmente foi baseado em uma pessoa real. E por isso, o roteiro trata muito bem de seu background histórico, de seu passado. 

Enquanto foi militar, ele participou de atividades ilegais no exército americano. Acabou entrando em um grupo organizado e especializado em torturar presos durante a guerra do Golfo. A coisa toda pesou para o seu lado. Em uma atividade assim, você deixa diversos inimigos pelo meio do caminho. E durante uma de suas competições em um cassino, ele conhece um jovem. Esse rapaz é filho de um outro militar que também se envolveu com um grupo de tortura. Acabou sendo morto por essa razão, e agora quer vingança de um oficial, um antigo comandante do batalhão. A situação, obviamente, fica tensa. O roteiro, assim, explora essa situação de acerto de contas com o passado. Um bom filme, nada muito maravilhoso, mas mesmo assim podemos considerar um bom filme. Conta sua história de forma adequada. E não decepciona quem vai acompanhando os acontecimentos. Seria uma pequena obra-prima nas mãos de Martin Scorsese, mas isso infelizmente não foi possível. 

O Contador de Cartas (The Card Counter, Estados Unidos, 2021) Direção: Paul Schrader / Roteiro: Paul Schrader / Elenco: Oscar Isaac, Willem Dafoe, Tiffany Haddish, Tye Sheridan / Sinopse: O filme conta a história de um ex militar, agora contador de cartas em cassinos pelos Estados Unidos, que precisa acertar contas com seu passado.

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 3 de setembro de 2021

A Marca da Pantera

Nos primórdios da humanidade, seres humanos em rituais pagãos acabaram sacrificando mulheres a deuses leopardos e panteras. Desse encontro surgiu uma nova espécie sobre a face da Terra, que ao longo dos séculos conseguiu viver nas sombras. Séculos depois surge em Nova Iorque a bela e sensual Irena Gallier (Nastassja Kinski) que tem um grande segredo a guardar sobre seus ancestrais. Essa é a premisa desse filme que mistura fantasia, ficção e até mesmo pitadas de suspense e terror. "A Marca da Pantera" marcou época, principalmente por causa de seu roteiro fora dos padrões e também pela sensualidade latente em cada aparição da atriz Nastassja Kinski.

Para quem não viveu os anos 80 é bom lembrar que essa atriz foi uma das maiores sex symbols daquela década. Dona de uma beleza estonteante, com impressionantes lábios carnudos, a Nastassja atuou aqui em um dos seus filmes mais conhecidos. Foi justamente com esse "Cat People" que Nastassja Kinski atingiu o auge de sua popularidade no cinema. Como não poderia deixar de ser, o filme usava e abusava de seus generosos dotes estéticos. Obviamente muita gente virou fã da produção justamente pelas generosas cenas de nudez da Kinski, mas mesmo olhando sob um ponto de vista puramente cinematográfico, é de se reconhecer que se trata de uma produção muito charmosa, cheia de clima, com seu roteiro diferente, bastante exótico. E para melhorar ainda mais todo o conjunto, temos ainda a presença do sempre marcante Malcolm McDowell, um dos melhores atores de Hollywood.

A Marca da Pantera (Cat People, Estados Unidos, 1982) Estúdio: RKO Pictures, Universal Pictures / Direção: Paul Schrader / Roteiro: DeWitt Bodeen, Alan Ormsby / Elenco: Nastassja Kinski, Malcolm McDowell, John Heard /  Sinopse: Jovem e bela mulher esconde um grande segredo em sua vida, algo que remonta há séculos em sua linhagem familiar. Remake de um antigo clássico do cinema.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 7 de abril de 2020

Luz da Fama

Título no Brasil: Luz da Fama
Título Original: Light of Day
Ano de Produção: 1987
País: Estados Unidos
Estúdio: Home Box Office (HBO)
Direção: Paul Schrader
Roteiro: Paul Schrader
Elenco: Michael J. Fox, Gena Rowlands, Joan Jett, Michael McKean, Thomas G. Waites, Cherry Jones

Sinopse:
O sonho de Joe Rasnick (Michael J. Fox) é se tornar um famoso guitarrista de uma banda de rock de sucesso, mas a vida é dura. O sucesso não chega e ele precisa trabalhar em alguma coisa para ajudar sua família. Ele e a irmã precisam escolher se desejam seguir seu sonho de fazer uma turnê com sua banda de rock ou levar uma vida comum, sustentando sua família que mora na cidade de Cleveland, Ohio.

Comentários:
O sucesso de "De Volta Para o Futuro" colocou o nome de Michael J. Fox em evidência, um nome para ser explorado pelos produtores de Hollywood. Só que o tempo iria provar que o filme de Zemeckis tinha suas próprias razões de sucesso e que nem todas elas tinham a ver com Fox. Tanto que esse filme, lançado bem no meio da onda de popularidade do ator, não chegou a fazer muito sucesso. Como o ator havia tocado "Johnny B. Good" em "De Volta Para o Futuro" o estúdio pensou: por que não colocar ele interpretando um jovem roqueiro? Pois é, uma ideia meio boba e sem muito sentido. O resultado é meramente mediano. O curioso é que o diretor Paul Schrader sempre foi muito bom, tendo dirigido filmes interessantes como "A Marca da Pantera", "Gigolô Americano" e "Hardcore: No Submundo do Sexo". Filmes com muito estilo, principalmente na direção de fotografia. Só que aqui tudo acabou soando meio banal e descartável. Uma pena. No mais fica hoje em dia a curiosidade para conhecer como andava a carreira do astro do filme produzido por Steven Spielberg. Ele era considerado um astro em potencial na época em que esse "Luz da Fama" chegou nos cinemas.

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 10 de janeiro de 2019

Cães Selvagens

Filme insano e violento que a despeito disso consegue ser um dos melhores da recente safra da filmografia do ator Nicolas Cage. Aqui ele interpreta um criminoso que topa participar de um crime bárbaro: o sequestro de um bebê! Isso por si só já bastaria para mostrar que os personagens principais são realmente cães selvagens, feras, mas há mais. Em um dos momentos mais violentos o personagem de Willem Dafoe, um viciado em cocaína sem nenhum tipo de valor humano, decide explodir os miolos da mulher que ele explora, uma pobre alma com problemas de obesidade.

O diretor Paul Schrader porém não se contenta em fazer um filme sobre criminosos comuns, que acabaram de sair da cadeia. Ele quis mais. Usando uma linguagem cinematográfica surreal, pouco comum nesse tipo de produção, ele desmonta o típico filme sobre quadrilhas. Principalmente em seu final, quando tudo é encoberto por uma nuvem de neblina. Como eu escrevei no começo do texto esse é um caso raro de filme bom e recente estrelado por Nicolas Cage (um dos atores mais queridos do público brasileiro). Essa produção que tinha tudo para ser apenas mais um filme violento de ação, daqueles bem genéricos, tem muito estilo, mesmo que seja um estilo perturbador, onde cães comem outros cães (como sugere o título original). Não é um filme para os fracos e nem para os que se impressionam com facilidade. Na dúvida não deixe de conferir.

Cães Selvagens (Dog Eat Dog, Estados Unidos, 2016) Direção: Paul Schrader / Roteiro:  Matthew Wilder, baseado na obra de Edward Bunker / Elenco: Nicolas Cage, Willem Dafoe, Christopher Matthew Cook / Sinopse: Três condenados ganham a liberdade após cumprirem suas penas. De volta às ruas eles retornam para as atividades criminosas, trabalhando para um chefão mafioso conhecido como "El Greggo". Após alguns serviços eles aceitam participar de um crime hediondo, o sequestro de um bebê, filho de um ricaço da cidade.

Pablo Aluísio.

domingo, 2 de setembro de 2018

No Coração da Escuridão

Ethan Hawke interpreta um reverendo que prega numa pequena igreja histórica, uma das mais antigas dos Estados Unidos, construída ainda nos tempos da guerra pela independência do país. São poucos os fiéis, sua vida é solitária e ele tenta se recuperar de uma tragédia familiar. Certo dia, após mais uma celebração religiosa de domingo, ele recebe em seu gabinete a jovem Mary (Amanda Seyfried). Ela está grávida, mas o marido deseja que ela faça um aborto. O sujeito não tem mais esperanças no futuro da humanidade e basicamente não quer ter um filho, colocá-lo no mundo para sofrer. Assim, de conselhos em conselhos, o reverendo vai tentando solucionar o problema familiar de Mary, muito embora ele próprio tenha inúmeros problemas pessoais para superar.

Um filme que começa bem, mas que conforme vai avançando na história comete alguns erros que quase colocam tudo a perder. Poderia ser apenas um drama sobre um religioso que não consegue lidar nem com seus conflitos pessoais, falhando em ajudar seu rebanho de fiéis  Afinal como alguém assim serviria para aconselhar uma jovem garota e seu marido, um casal cheio de problemas conjugais? O roteiro ainda abre espaço para uma discussão sobre o meio ambiente, tudo turbinado por um final que quase, reafirmo quase, leva a história para um desfecho completamente absurdo. A sorte é que quando tudo vai desandando há uma clara puxada de freio, evitando o pior. Poderia ser péssimo, mas do jeito que terminou se tornou ao menos regular. De uma coisa porém tenho certeza, passa longe de ser um filme comum e banal, mesmo com tantas escolhas erradas.

No Coração da Escuridão (First Reformed, Estados Unidos, 2017) Direção: Paul Schrader / Roteiro: Paul Schrader / Elenco: Ethan Hawke, Amanda Seyfried, Victoria Hill, Cedric the Entertainer / Sinopse: O reverendo Toller (Hawke) prega numa pequena igreja histórica de sua cidade. Quando é procurado por uma fiel, com problemas conjugais com seu marido, começa a perceber que seus problemas são pequenos demais perante as dificuldades do mundo real das pessoas ao redor. Filme vencedor do Venice Film Festival na categoria Green Drop Award (Paul Schrader).

Pablo Aluísio.

terça-feira, 6 de junho de 2017

Vingança ao anoitecer

Nicolas Cage interpreta um agente da CIA que está prestes a se aposentar. Ele foi diagnosticado com um sério problema de saúde, um mal que o atinge neurologicamente. Antes de vestir o pijama da aposentadoria porém ele está disposto a ir atrás de um fundamentalista islâmico, um terrorista que o torturou anos atrás, quando seu disfarce foi revelado. Esse criminoso internacional também está passando por uma grave doença, o que o faz procurar por médicos e remédios no ocidente, justamente a pista que Nick Cage está há tanto tempo procurando. Ele quer matar o líder terrorista islâmico, para só então se aposentar e se tratar. "Vingança ao Anoitecer" é até um bom filme. O roteiro não foge muito daquela velha fórmula de vingança, que já estamos acostumados a assistir, porém o desenvolvimento até que traz algumas surpresas. Uma delas é o fato dos dois personagens principais (o protagonista e o antagonista) estarem com os dias contados. Ambos estão morrendo, com doenças severas, mas não desistem de acertar contas entre si. O agente da CIA interpretado por Cage já demonstra problemas de saúde bem visíveis, com as mãos tremendo, esquecimentos e mudanças de humor bruscas. Seu mal é diagnosticado como uma fase de demência que o deixará totalmente incapacitado com o tempo. Com isso a vingança não poderá mais tardar, tem que ser feita o quando antes, com ou sem a ajuda da sua agência de inteligência.

O diretor Paul Schrader fez recentemente um filme com o próprio Nicolas Cage chamado "Cães Selvagens". Se aquele tinha algumas passagens mais autorais, com toques cult, esse aqui é bem mais convencional. Não há espaço para momentos surreais e inusitados. Tudo se desenvolve numa fórmula mais quadrada, nunca fugindo do normal. Também é o filme mais arroz com feijão da filmografia de Schrader. Para quem escreveu o roteiro de "Taxi Driver" e dirigiu filmes diferentes como "A Marca da Pantera" e "Hardcore - No Submundo do Sexo" esse "Vingança ao anoitecer" vai parecer mesmo uma Sessão da Tarde sem maiores novidades ou saltos de genialidade. Os anos em que ele quis revolucionar o cinema americano ficaram definitivamente para trás.

Vingança ao anoitecer (Dying of the Light, Estados Unidos, 2014) Direção: Paul Schrader / Roteiro:  Paul Schrader / Elenco: Nicolas Cage, Anton Yelchin, Alexander Karim / Sinopse: Agente da CIA se torna obcecado em colocar as mãos no terrorista fundamentalista islâmico que o torturou anos atrás. O tal sujeito está morrendo de uma grave doença o que acaba deixando pistas para seguir. O plano do americano é se infiltrar na organização do terror para matar pessoalmente o criminoso internacional, procurado há tantos anos.

Pablo Aluísio.

domingo, 12 de fevereiro de 2017

Cães Selvagens

Esse é um filme sobre um grupo de bandidos que após saírem da prisão voltam ao mundo do crime. Até aí nada de muito diferente de várias outras produções com enredos semelhantes. O diferencial vem mesmo da abordagem que o veterano cineasta Paul Schrader usa para contar sua história. Nada é muito convencional nesse aspecto. Com roteiro baseado no conto policial escrito por Edward Bunker, o filme tem um viés que beira o nonsense e o absurdo, causando óbvio desconforto no espectador. Um exemplo disso vem logo na primeira cena. Willem Dafoe interpreta um ex-presidiário que depois de cumprir uma longa pena na prisão ganha a liberdade. Ele vive (ou melhor dizendo, explora) uma mulher, uma mãe solteira com problemas de obesidade. Ele vive em sua casa, cheirando cocaína, ficando o tempo todo doidão. Quando ela não suporta mais essa situação o expulsa de lá, mas isso logo se mostra uma péssima ideia. O sujeito surta completamente e comete um crime horrível. Essa cena, extremamente violenta, foi filmada com fundo musical lúdico, infantiloide, meio bobo, que dá uma sensação de óbvio desconforto em quem assiste. É uma espécie de opereta do absurdo, da violência gratuita!
 
Paul Schrader porém não desiste. Logo o trio de criminosos em busca de "serviços" vê uma boa chance no horizonte. Por 700 mil dólares eles topam fazer um sequestro, envolvendo um bebê! Lógico que algo assim tão hediondo poderia colocar tudo a perder e conforme vamos acompanhando o crime realmente se torna uma armadilha mortal. É tudo mostrado com toques de insanidade, de puro delírio. O ator Willem Dafoe, que sempre considerei um dos melhores de sua geração, é um dos grandes destaques do filme em termos de atuação, justamente pelo fato de seu personagem ser o mais insano de todos, devidamente conhecido pelo apelido de "cachorro louco"! Claro que a grande estrela do elenco Nicolas Cage está lá, mas diante de Dafoe ele desaparece completamente! A cena final é puro delírio. Paul Schrader saturou a tela com cores fortes e envolveu tudo em uma neblina quase sobrenatural, com resultados muito bons. Admito que não esperava por algo assim tão diferente. Paul Schrader parece ter tido o firme propósito de dirigir o filme mais sui generis de sua longa e extensa filmografia. Acabou atingindo seus objetivos.

Cães Selvagens (Dog Eat Dog, Estados Unidos, 2016) Direção: Paul Schrader / Roteiro:  Matthew Wilder, baseado na obra de Edward Bunker / Elenco: Nicolas Cage, Willem Dafoe, Christopher Matthew Cook / Sinopse: Três condenados ganham a liberdade após cumprirem suas penas. De volta às ruas eles retornam para as atividades criminosas, trabalhando para um chefão mafioso conhecido como "El Greggo". Após alguns serviços eles aceitam participar de um crime hediondo, o sequestro de um bebê, filho de um ricaço da cidade.

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 20 de janeiro de 2017

Temporada de Caça

Título no Brasil: Temporada de Caça
Título Original: Affliction
Ano de Produção: 1997
País: Estados Unidos
Estúdio: Largo Entertainment
Direção: Paul Schrader
Roteiro: Paul Schrader
Elenco: Nick Nolte, Sissy Spacek, James Coburn, Willem Dafoe
  
Sinopse:
O xerife Wade Whitehouse (Nick Nolte) tem muitos problemas pessoais. Criado por um pai autoritário e brutal, ele tem problemas para se relacionar bem com amigos e mulheres. Agora ele até passa por uma fase mais calma e tranquila em sua vida ao namorar uma boa garota que entende e aceita seus defeitos. Tudo muda porém quando um homem é morto durante a temporada de caça na região. Ele teria levado um tiro acidental, mas as investigações acabam demonstrando que pode haver algo por trás de tudo.

Comentários:

Bom filme, uma bem sucedida fusão de filme policial com drama, que explora um crime que embora pareça meramente acidental, esconde algo misterioso nas sombras. O elenco é liderado por Nick Nolte, um ator que nem sempre conseguiu encontrar bons projetos ao longo da carreira. Há um background dramático em seu personagem pois ele sofreu abusos físicos e emocionais quando era mais jovem. Seu pai, interpretado pelo ótimo astro do passado James Coburn, era um homem irascível, irracional e violento. Isso lhe traz um trauma psicológico e uma herança emocional negativa complicada de superar. O bom roteiro foi baseado no romance policial escrito por Russell Banks. O veterano James Coburn foi premiado (justamente) com o Oscar de Melhor Ator coadjuvante por esse papel. Foi uma surpresa pois já estava na fase final da carreira e nunca tinha sido indicado antes ao prêmio. Um dos mais conhecidos profissionais do cinema, que havia se destacado tanto no passado interpretando vilões e pistoleiros em dezenas de filmes, finalmente havia sido reconhecido. Como diz o ditado "antes tarde do que nunca" Nick Nolte também foi lembrado pela Academia, sendo indicado ao Oscar de Melhor Ator. Não venceu, mas já ficou honrado pela lembrança. Isso tudo prova que apesar de "Temporada de Caça" ter uma ótima trama, seu grande mérito vem mesmo do elenco, em momento inspirado.

Pablo Aluísio.

sábado, 12 de abril de 2014

Gigolô Americano

Título no Brasil: Gigolô Americano
Título Original: American Gigolo
Ano de Produção: 1980
País: Estados Unidos
Estúdio: Paramount Pictures
Direção: Paul Schrader
Roteiro: Paul Schrader
Elenco: Richard Gere, Lauren Hutton, Hector Elizondo

Sinopse:
Julian (Richard Gere) é um homem sofisticado, fino e educado, que ganha a vida realizando programas sexuais com mulheres mais maduras e solitárias. Em um desses atendimentos algo saiu errado e ele acaba sendo acusado de assassinato. Sem álibi ou meios de refutar as acusações acaba entrando em uma teia de conspirações da qual não consegue mais sair.

Comentários:
Lançado no começo da década de 80 "Gigolô Americano" foi uma das produções mais conhecidas da carreira de Richard Gere. O filme ainda continua interessante e não envelheceu tanto assim. Na realidade o tema é até curioso e por isso pode ainda nos dias atuais chamar a atenção. Richard Gere, cheio de maneirismos e bastante jovem, está bem adequado ao papel muito embora a qualidade de sua interpretação seja oscilante, onde ele se sai melhor nas cenas de sedução. Já nos momentos mais dramáticos falta realmente maior domínio de cena. O roteiro tem uma contradição absurda. Em determinado momento do filme um marido traído lhe oferece dinheiro para que ele deixe de ter um caso com sua esposa. Cheio de escrúpulos o personagem de Gere recusa a proposta! Como engolir algo assim de uma pessoa que vive de comercializar justamente os envolvimentos com suas clientes, que faz programas em troca de dinheiro? Será que teria mesmo tantos valores morais de uma hora para outra? Realmente incoerente e inverossímil...

Outra questão não condizente com a realidade dos fatos surge quando Gere se recusa a fazer programas com homens, não aceitando ser "michê". Ora a prostituição masculina é quase que inteiramente vinculada a homossexuais, pois o serviço prestado a mulheres é infinitamente menor em termos de número de clientes e dinheiro. Se o gigolô feito por Gere se limitasse a só sair com mulheres ele certamente não conseguiria manter o alto padrão de vida que ostenta no filme (carro de luxo, apartamento chic e roupas de grife). Visualmente o filme tem uma estética que foi muito utilizada nos anos 80, com farto jogo de luz e sombra (como nos momentos em que a luz refletida nas persianas incide sobre os personagens). Esse mesmo artifício seria muito usado ainda em filmes como “Nove Semanas e Meia de Amor” (curiosamente com temática semelhante, erótica sensual). De qualquer forma, tirando esses problemas de lógica, "Gigolô Americano" é um bom filme, tem bom ritmo, tema chamativo e uma subtrama envolvendo assassinato. Vale a pena conferir (ou rever).

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 7 de abril de 2014

Domínio - Prequel do Exorcista

Título no Brasil: Domínio - Prequel do Exorcista
Título Original: Dominion - Prequel to the Exorcist
Ano de Produção: 2005
País: Estados Unidos
Estúdio: Morgan Creek Productions
Direção: Paul Schrader
Roteiro: William Wisher Jr., Caleb Carr
Elenco: Stellan Skarsgård, Gabriel Mann, Clara Bellar

Sinopse:
Dois padres católicos, entre eles Lankester Merrin (Stellan Skarsgård), são enviados para a África para monitorarem a descoberta de uma antiga e desconhecida igreja soterrada pelas areias do deserto. Assim que entram no local descobrem que aquela igreja foge dos padrões convencionais. Dedicada ao anjo Gabriel, que na tradição teria vencido Lúcifer e seus demônios, ela esconde sob seu altar um terrível segredo envolvendo um mal milenar. Ao abrir aquelas portas os padres também abrem, sem saber, os próprios portões do inferno.

Comentários:
Esse filme mostra como foi confusa a volta da franquia "O Exorcista" para os cinemas. Essa produção foi dirigida pelo cineasta Paul Schrader. A produtora Morgan Creek não gostou do resultado. O projeto foi arquivado, embora quase concluído. O cineasta Renny Harlin finalizou assim a versão de "O Exorcista: O Início" e foi mal recebido por público e crítica. A Morgan Creek então voltou atrás e contratou novamente Schrader para terminar seu filme original. E é justamente isso que conferimos aqui em "Dominion: Prequel to the Exorcist". Embora não seja um grande filme consegue ser melhor do que a versão de Harlin, que ficou muito obcecado com efeitos digitais e esqueceu de desenvolver o lado de suspense e terror de sua obra cinematográfica. "Dominion" se mostra mais sofisticado sob esse ponto de vista. O enredo é melhor trabalhado e não abraça tantas soluções apelativas como o filme anterior. Também mostra problemas de produção pois como foi um projeto arquivado, desarquivado e montado meio que às pressas (para ser lançada pela Warner em 2005) mostra uma certa vacilação em torno do desenvolvimento dos acontecimentos e uma pobreza maior em termos de efeitos especiais. Mesmo assim é bem interessante, um projeto que espera-se não seja o último envolvendo a marca "O Exorcista".

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 21 de novembro de 2013

Hardcore - No Submundo do Sexo

Título no Brasil: Hardcore - No Submundo do Sexo
Título Original: Hardcore
Ano de Produção: 1979
País: Estados Unidos
Estúdio: Columbia Pictures
Direção: Paul Schrader
Roteiro: Paul Schrader
Elenco: George C. Scott, Peter Boyle, Season Hubley

Sinopse: 
Após o desaparecimento de sua filha e da morosidade da polícia em encontrar seu verdadeiro paradeiro, Jake VanDorn (George C. Scott) resolve investigar por conta própria o que teria acontecido com a garota. Suas pistas o levam até o submundo da pornografia de Nova Iorque onde encontra todos os tipos de barbaridades e perversões imagináveis. 

Comentários:
Um filme muito bom estrelado pelo ótimo George C Scott. Ele faz um pai em busca de sua filha que foi sequestrada por pessoas do submundo da pornografia em pleno anos 70. O interessante é que a produção procura mostrar como era o mundo do entretenimento adulto há 40 anos. Esqueça qualquer sinal de erotismo ou sofisticação. O que se vê são verdadeiros buracos e espeluncas espalhadas pelas ruelas da grande cidade. Nos anos 80 a prefeitura de Nova Iorque resolveu revitalizar a cidade e muitos desses locais foram fechados pela vigilância sanitária (imagine como eram sujos e desprezíveis!). Assim, esse mundo subterrâneo que já não existe mais acabou sendo captado (e imortalizado) nessa produção muito realista e hardcore (o título nesse sentido não poderia ser melhor). Como não poderia deixar de ser todos os aplausos vão para George C Scott. Ele está literalmente possesso em cena. Há uma sequência em particular que ficou famosa. Ele adentra um cinema de filmes pornôs e acaba reconhecendo sua própria filha na fita! A câmera foca diretamente em Scott, em sua reação, e seu trabalho é de fato maravilhoso. Hoje em dia esse mundo de filmes adultos nos EUA mudou radicalmente e virou uma indústria realmente. Nada comparado com o lado marginal que existia na época em que esse filme foi realizado. O saldo final é mais do que positivo. Fiquei muito satisfeito com o que assisti pois a película é realmente bem acima da média. E rever em cena o grande George C. Scott (que foi comparado inclusive a Marlon Brando em sua época) é mais do que gratificante.

Pablo Aluísio.