Mostrando postagens com marcador Yorgos Lanthimos. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Yorgos Lanthimos. Mostrar todas as postagens

domingo, 12 de setembro de 2021

O Lagosta

Filme maluco! Para se ter uma ideia vou tentar resumir em uma sinopse a maluquice do roteiro. Colin Farrell interpreta um arquiteto que após longos anos se vê divorciado e sozinho. Ele então decide ir se hospedar em um hotel onde está sendo realizado uma espécie de "tratamento" para pessoas solitárias. Também é um tipo de programa para que homens solitários conheçam mulheres solitárias para quem sabe recomeçar uma vida a dois. Até aí, tudo bem, faria algum sentido. Porém a coisa toda pira quando descobrimos que todo participante precisa escolher um animal para se identificar. Ele escolhe ser uma lagosta. Caso não encontre uma mulher para viver ao seu lado ele será abatido em uma caçada humana. Abatido como um animal qualquer. Achou absurdo? E o que dizer quando ele foge para uma floresta onde vivem homens e mulheres solitárias que são caçados e que não aceitam relacionamentos entre eles. É proibido!

Não adianta procurar por muito sentido. Não há mesmo. O que pude deduzir de todas as situações bizarras é que se trata de uma crítica contra a sociedade que de certa maneira estigmatiza pessoas solteiras, solitárias ou divorciadas. Pode ser uma interpretação válida. Afinal toda obra de arte, seja ela qual for, tem que ter pelo menos um mínimo sentido, mesmo que seja soterrado embaixo de toneladas e toneladas de bizarrice. E isso vai até o final do filme que tem uma cena completamente nonsense, onde o personagem de Farrell resolve arrancar seus próprios olhos para ficar igual à sua amada, que é cega! Pois é, meus caros, esse filme é para poucos. Chegar ao seu final é um grande exercício de paciência e paixão pelo cinema. A maioria, creio eu, vai largar o filme lá pela metade.

O Lagosta (The Lobster, Estados Unidos, 2015) Direção: Yorgos Lanthimos / Roteiro: Yorgos Lanthimos, Efthymis Filippou / Elenco: Colin Farrell, Rachel Weisz, John C. Reilly, Jessica Barden / Sinopse: Após o divórcio, homem solitário se hospeda em um hotel para fazer parte de um estranho programa para pessoas solitárias. Ele tem um prazo para achar uma nova companheira, caso contrário as coisas vão ficar realmente ruins para ele.

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 2 de janeiro de 2019

A Favorita

A Rainha Anne da Inglaterra só esteve no trono por cinco anos (de 1702 a 1707) e foi considerada pelos historiadores como uma monarca fraca, que não deixou herdeiros e que era muito manipulável pelas pessoas próximas a ela. Durante seu reinado surgiram rumores e fofocas entre os empregados do palácio de que ela na verdade era lésbica e tinha um caso amoroso com uma condessa chamada Lady Sarah (Rachel Weisz). Esses boatos nunca foram confirmados completamente, mas servem de ponto central nesse novo filme, "A Favorita".

Nele encontramos a Rainha Anne (Olivia Colman) em seus últimos anos, já doente e decadente. Ela é uma mulher medrosa, carente e de pouca cultura, a ponto de não conseguir tomar nenhuma decisão importante e nem compreender direito os assuntos do Estado. Com uma personalidade tão fraca acaba sendo dominada por sua "favorita", a própria Lady Sarah que praticamente passa a reinar em seu lugar, tomando todas as decisões do império, desde o aumento de impostos, passando também pelas celebrações de paz e guerra com nações europeias. Sua posição de destaque começa a ser colocada em perigo quando surge uma nova empregada no palácio chamada Abigail (Emma Stone). Bonita e ambiciosa, começa a flertar com a Rainha, tentando seduzi-la. A partir daí começam todas as intrigas palacianas, bem típicas desse tipo de filme de época.

O roteiro explora bem o abismo que pode surgir em determinadas monarquias quando as pessoas erradas acabam subindo ao trono. O diretor Yorgos Lanthimos se destaca por não ter construído um filme de visual clássico. Ao invés disso propõe grandes planos panorâmicos, tentando aproveitar todo o rico cenário onde a história de passa. Isso é interessante por dar um grau de profundidade ao espectador, mas também distorce as imagens em alguns momentos, causando um certo desconforto visual. Outro aspecto cinematográfico digno de nota é que o diretor muitas vezes flerta com o absurdo, seja mostrando certas danças esquisitas, seja em diálogos que vão quase ao nonsense. No final somos apresentados a um filme muito interessante, embora não historicamente tão correto. É um dos mais lembrados para o próximo Oscar. Será que as previsões vão se confirmar? Veremos nas próximas semanas.

A Favorita (The Favourite, Inglaterra, Estados Unidos, Irlanda, 2018) Direção: Yorgos Lanthimos / Roteiro: Deborah Davis, Tony McNamara / Elenco: Olivia Colman, Emma Stone, Rachel Weisz, James Smith / Sinopse: Duas mulheres, a nobre Lady Sarah (Rachel Weisz) e a empregada do palácio Abigail (Emma Stone), disputam a atenção da lésbica Rainha Anne (Olivia Colman). Poder e ambição se juntam na privacidade do trono inglês. Filme premiado pelo Globo de Ouro na categoria de Melhor Atriz (Olivia Colman).

Pablo Aluísio.