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sexta-feira, 24 de maio de 2024

Rebecca - A Mulher Inesquecível

Título no Brasil: Rebecca - A Mulher Inesquecível
Título Original: Rebecca
Ano de Lançamento: 2020
País: Estados Unidos
Estúdio: Working Title Films
Direção: Ben Wheatley
Roteiro: Jane Goldman, Joe Shrapnel
Elenco: Lily James, Armie Hammer, Kristin Scott Thomas

Sinopse:
Um milionário inglês, homem viúvo e solitário, dono de uma bela mansão no interior da Inglaterra, acaba se apaixonando por uma jovem de classe social inferior. Ele a conhece em um hotel enquanto tentava se recuperar da morte de sua esposa, algo que havia acontecido recentemente. Depois de um breve romance, acaba se casando com ela, a levando para morar em sua bela casa, algo que vai abalar o lugar, uma vez que a presença da antiga senhora ainda se faz muito presente. 

Comentários:
Essa história é o que eu costumo chamar de suspense à moda antiga. O livro original é bem antigo, então isso garante elegância, bom gosto, sutileza. Elementos que inexistem nos filmes de suspense nos dias atuais onde tudo parece se resumir em sangue e tripas. Aqui não, a história vai sendo tecendo aos poucos, os personagens são bem trabalhados e desenvolvidos. Tudo é muito sutil, investindo no clima do suspense, na sugestão, nas sombras noturnas. Nada de frivolidades banais que vemos tanto nos dias de hoje. Eu gostei dessa nova versão dessa velha história. Funcionou muito bem! Claro que jamais irei comparar esse remake com o filme clássico original. Seria covardia! Mas de qualquer forma uma coisa é certa: essa produção soube contar bem essa história. Solidão, amargura, isolamento, tudo está na tela. Não faltou nada, nem o suspense que continua muito bem mostrado nesse filme. Aliás é sempre bom lembrar que histórias inglesas de fantasmas reais ou imaginários vivendo nos corredores daquelas velhas mansões vitorianas geralmente já formam um filão cinematográfico à prova de falhas. E esse filme mostra mais uma vez que essa é uma verdade não escrita. Simplesmente assista ao filme. Você não vai se arrepender! 

Pablo Aluísio.

sábado, 9 de março de 2024

Anjos e Insetos

Título no Brasil: Anjos e Insetos
Título Original: Angels and Insects
Ano de Lançamento: 1995
País: Reino Unido
Estúdio: Playhouse International Pictures
Direção: Philip Haas
Roteiro: A.S. Byatt, Belinda Haas
Elenco: Mark Rylance, Kristin Scott Thomas, Patsy Kensit

Sinopse:
O filme é um estudo de uma família da pequena nobreza rural da Inglaterra vitoriana. William Adamson (Mark Rylance), um jovem cientista, é apresentado à família Alabaster por Sir Harald Alabaster (Jeremy Kemp), que também é fascinado por insetos. William se casa com a filha mais velha da família e estuda a quantidade de insetos no jardim da vila. Seus comportamentos estranhos - para a pequena nobreza - revelam ao mesmo tempo seus próprios fracassos e paixões.

Comentários:
Eu já escrevi aqui no blog, mais de uma vez, que aprecio bastante esses filmes ingleses ambientados na Inglaterra rural do século XIX, em pleno auge da Era Vitoriana. Aqui conhecemos verdadeiras sociedades conservadoras, não esses picaretas que existem na política brasileira que se dizem conservadores. Os verdadeiros seguidores dessa linha pensamento prezam pela estabilidade da sociedade, pelo respeito às instituições e tradições. Aqui temos um microcosmo dessa sociedade, onde todos vivem suas vidas sem importunar o próximo. Um destaque desse filme vem também de uma certa dose de erotismo, algo nem sempre presente nesse tipo de produção, mas que aqui se encaixou perfeitamente na proposta do roteiro. E antes que me esqueça, o filme também foi indicado ao Oscar na categoria de Melhor Figurino. Apenas um detalhe a mais de sua requintada boa produção. 

Pablo Aluísio.

terça-feira, 24 de setembro de 2019

O Paciente Inglês

Título no Brasil: O Paciente Inglês
Título Original: The English Patient
Ano de Produção: 1996
País: Estados Unidos, Inglaterra
Estúdio: Miramax
Direção: Anthony Minghella
Roteiro: Anthony Minghella
Elenco: Ralph Fiennes, Juliette Binoche, Willem Dafoe, Colin Firth, Kristin Scott Thomas, Jürgen Prochnow

Sinopse:
Baseado no romance escrito por Michael Ondaatje, o filme narra a história de um militar inglês ferido durante a II Guerra Mundial. Sem conseguir lembrar do passado ele aos poucos vão se recordando de eventos que viveu. Filme vencedor do Oscar nas categorias de melhor filme, melhor direção, melhor atriz coadjuvante (Juliette Binoche), mehor fotografia, figurino, música original, direção de arte e edição.

Comentários:
A crítica sempre adorou esse filme. Particularmente nunca consegui gostar. Assim vou contra a corrente. Sempre considerei um filme frio, desprovido de alma e coração. Bem de acordo com o jeito de ser do ator Ralph Fiennes. Ele é excelente para interpretar psicopatas como o oficial nazista Amon Goeth de "A Lista de Schindler", mas não personagens que exigem mais emoção. Ele parece ser feito de gelo, desprovido de calor humano. E aqui nessa produção isso ficou mais evidente. O diretor Anthony Minghella sempre preferiu um tipo de cinema mais elitista e intelectualizado. Nada de errado nisso. O problema mesmo é ser chato e aborrecido. Assim de todos os filmes que se tornaram grandes vencedores do Oscar esse sempre foi um dos que menos apreciei. É um daqueles filmes que faz o espectador travar uma ferrenha luta contra o tédio e o sono, nem sempre se saindo vencedor no final. Esse é o maior problema. Em suma, não gostei da primeira vez que assisti e nessa nova revisão o filme não me pareceu nada melhor. Não melhorou em nada com o passar dos anos. Continuo não gostando.

Pablo Aluísio.

domingo, 6 de janeiro de 2019

Bel Ami - O Sedutor

Georges Duroy (Robert Pattinson) é um jovem sedutor em Paris que usa de sua beleza para subir na escala social, usando para isso mulheres ricas e influentes dentro da sociedade. Roteiro baseado na novela escrita pelo autor Guy de Maupassant, cuja trama é parcialmente baseada em fatos reais. A produção é muito boa, figurinos luxuosos, boa reconstituição de época, clima adequado... Inicialmente você pensa sinceramente que vai assistir no mínimo um bom filme, mas aí... entra em cena Robert Pattinson! Nada tenho de pessoal contra ele, até já cheguei a elogiá-lo em filmes mais recentes onde ele acertou, mas aqui... não há salvação - ele está completamente fora do tom, deslocado no tempo e no espaço, sem charme (essencial para o personagem) e desfilando suas expressões de paisagem.

Nada se salva em seu trabalho o que é uma grande pena já que o elenco feminino de apoio é dos melhores. Elas (entenda-se Uma Thurman, Kristin Scott Thomas e Christina Ricci) realmente salvam o filme de afundar feito o Titanic. Thurman nunca foi particularmente bonita, porém conseguiu uma boa atuação com sua personagem Madeleine Forestier. Kristin Scott Thomas como Virginie Rousset é outro ponto positivo em termos de elenco. Delas eu destacaria mesmo como acima da média Christina Ricci interpretando o papel de Clotilde de Marelle! Muitos a consideram apenas uma atriz esquisita especializada em personagens bizarros, mas penso diferente. Permitam-me discordar. Sua beleza (sim, a considero bonita) provém de um tipo de estética diferente, mas não esquisita. Nesse filme então ela está ótima nesse aspecto. Por elas não jogaria o filme no lixo, essa é a conclusão final a que chego.

Bel Ami - O Sedutor (Bel Ami, Estados Unidos, 2012) Direção: Declan Donnellan, Nick Ormerod
/ Roteiro: Rachel Bennette ; Elenco: Robert Pattinson, Uma Thurman, Kristin Scott Thomas, Christina Ricci / Um perigoso jogo de amor, sedução e ambição se forma em Paris, onde o charme e a beleza são usadas para fins nada louváveis. Filme romântico de época, estrelado pelo astro teen Robert Pattinson.
    
Pablo Aluísio.

sábado, 5 de maio de 2018

Suite Française

Título Original: Suite Française
Título no Brasil: Ainda Não Definido
Ano de Produção: 2014
País: Inglaterra, França, Bélgica, Canadá
Estúdio: Alliance Films
Direção: Saul Dibb
Roteiro: Matt Charman, Saul Dibb, baseados na obra de Irène Némirovsky
Elenco: Michelle Williams, Matthias Schoenaerts, Kristin Scott Thomas, Margot Robbie, Sam Riley
 
Sinopse:
Nas vésperas da ocupação alemã na França, durante a II Guerra Mundial, um grupo de moradores precisa lidar com a iminente chegada das tropas nazistas. A situação fica ainda mais delicada quando as casas e residências da região são ocupadas por soldados e oficiais do Reich. A convivência entre a população civil ocupada (em sua maioria mulheres e velhos) e o exército alemão logo torna a situação completamente tensa e perigosa. Nesse turbilhão político e social a jovem Lucile Angellier (Michelle Williams) acaba se apaixonando pelo tenente alemão Bruno von Falk (Matthias Schoenaerts), o que acaba gerando um enorme escândalo na cidade, agravado ainda mais pelo fato dela já ser casada e seu marido ser um prisioneiro de guerra em um campo de concentração nazista.

Comentários:
A história narrada nesse filme foi baseada em um romance escrito por Irène Némirovsky, uma jovem que vivia na França durante a invasão alemã ao seu país, em plena II Guerra Mundial. Ele escreveu o romance no calor do momento enquanto estava vivenciando a mesma situação que seus personagens no livro, com a chegada dos alemães em sua terra natal. Infelizmente Irène acabou sendo denunciada como judia e enviada para o campo de concentração de Auschwitz, onde veio a morrer um ano depois. Seu manuscrito porém sobreviveu ao tempo, ficando por décadas dentro de uma velha mala nos porões de sua casa. Descoberto por sua filha, ela resolveu publicá-lo, praticamente como uma homenagem para sua mãe que havia sido morta pela insanidade e loucura nazistas. O enredo explora o romance entre uma francesa e um jovem oficial alemão. O tema, completamente inusitado e incomum, tenta de todas as formas mostrar uma certa humanidade entre as forças de ocupação do exército alemão. O tenente Bruno von Falk é um perfeito cavalheiro, com modos nobres e uma educação tipicamente prussiana. Ao ficar na casa onde mora Lucile (Williams) a aproximação acaba despertando a paixão entre eles. Nem a oposição de sua própria sogra, que a adverte que o alemão na verdade representa o inimigo, consegue deter os sentimentos dela.

Curiosamente ao mesmo tempo em que começa a ser vista como uma traidora da pátria pelos demais moradores, alguns deles vão até ela em busca de ajuda, principalmente para resolver pequenos e grandes problemas com as tropas alemãs. A dubiedade de todos fica bem à mostra nesses momentos. A convivência que começa pacífica e harmônica porém logo chega ao fim quando um oficial alemão é morto em um celeiro. A partir daí as execuções começam e o clima de terror se impõe na cidade. Um dos aspectos que mais gostamos desse filme foi a atuação da atriz Michelle Williams. Ela está linda, combinando perfeitamente com o figurino e o estilo da época em que a história se passa. Sua luta para vencer seus sentimentos, mesmo sabendo que se envolver com o tenente alemão seria certamente algo muito errado naquele contexto histórico, acaba sendo um dos grandes atrativos dessa história de amor. No final a grande lição que fica é a de que não conseguimos mesmo ter completo controle sobre o que sentimos. Mesmo quando tudo aponta para o errado, para o improvável e para o equivocado, o que sentimos dentro de nossos corações acaba sempre vencendo. O amor supera tudo, até mesmo a maior guerra que a humanidade já presenciou.

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 14 de março de 2018

Assassinato em Gosford Park

Robert Altaman encontra Agatha Christie? Quase isso. Na verdade o roteiro desse filme foi baseado numa estória criada pelo próprio Altman e não pela famosa escritora inglesa. Isso não quer dizer que seja totalmente original. Na verdade Altman aqui praticamente cometeu um plágio mesmo, criando um enredo que copiava em praticamente tudo as tramas de mistério de Christie. E como se deu isso? Copiando a "fórmula" da escritura. A coisa é simples, coloque um grupo de personagens em um ambiente restrito (pode ser um trem, um barco de cruzeiro ou como no caso aqui uma velha mansão) e depois revele um crime, um assassinato. A partir desse ponto basta apenas jogar com a real identidade do assassino, que no fim das contas pode ser qualquer um dos personagens. Joguinho de mistério. A grande original nesse tipo de enredo, obviamente, sempre foi a Agatha Christie. Altman aqui apenas a copiou sutilmente (ou nem tanto).

No filme temos um jantar de ricaços sendo organizado.Tudo se passa na década de 1930. Sir William McCordle e sua família recebem um grupo de milionários. A fina flor da sociedade da costa leste dos Estados Unidos. Apenas barões. Tudo vai correndo bem naquele estilo de falsidade grã fina até que um corpo é encontrado. Um homem está morto! Pronto, quem poderia ser o assassino? Não disse que seguia basicamente a fórmula dos livros de Agatha Christie? Pois então... O curioso é que esse filme apesar de ser bom e interessante, acabou seguindo a sina de muitos filmes de Robert Altman, ou seja, ser muito elogiado pela crítica, mas ignorado pelo público. O filme custou 20 milhões de dólares, mas só faturou 1,4 milhão em bilheteria. Tremendo fracasso comercial. Mesmo assim acabou levando um Oscar importante para casa, o de melhor roteiro. Pois é, algumas vezes ser levemente desonesto, copiando a ideia original dos outros, pode também dar bons frutos, inclusive sendo premiado pela Academia.

Assassinato em Gosford Park (Gosford Park, Estados Unidos, Inglaterra, 2001) Direção: Robert Altman / Roteiro: Julian Fellowes, Robert Altman / Elenco: Clive Owen, Helen Mirren, Maggie Smith, Ryan Phillippe, Michael Gambon, Kristin Scott Thomas, Charles Dance, Stephen Fry, Emily Watson / Sinopse: Grupo de milionários se reúnem numa sofisticada e bonita mansão localizada no campo. Todos estão lá para um jantar fino e refinado, mas a sofisticação acaba quando um corpo é encontrado. Houve um assassinato e o assassino se encontra entre eles. Filme vencedor do Globo de Ouro na categoria de Melhor Direção. Indicado ao Oscar nas categorias de Melhor Filme, Melhor Atriz Coadjuvante (Emily Watson), Melhor Atriz Coadjuvante (Maggie Smith), Melhor Direção (Robert Altman), Melhor Direção de Arte e Melhor Figurino. Vencedor do Oscar na categoria de Melhor Roteiro Original.

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 12 de janeiro de 2018

O Destino de uma Nação

Mais uma produção que está concorrendo ao Oscar de Melhor Filme do ano. Mais uma que tem como protagonista o Primeiro Ministro inglês Winston Churchill. A história se passa logo no começo da II Guerra Mundial. O premier Neville Chamberlain está desacreditado depois de tentar inúmeras vezes manter uma paz com Hitler. Com isso chega a hora de eleger um novo Primeiro Ministro. Churchill é visto com desconfiança geral, por ser considerado muito belicista. Só que diante das circunstância não há outro caminho. O roteiro assim explora a ascensão de Churchill ao poder e os primeiros desafios que teve que enfrentar, entre eles uma forte oposição dentro de seu próprio gabinete.

Antes de qualquer consideração aqui vai uma dica interessante ao leitor. Procure assistir a três filmes recentes como se eles estivessem contando a mesma história (coisa que efetivamente estão). Primeiro o cinéfilo deve ver esse "O Destino de uma Nação" que conta a subida de Winston Churchill ao poder. Depois assista a "Dunkirk" que também está concorrendo ao Oscar de Melhor Filme, uma produção que conta como foi a retirada de Dunquerque, algo que aliás faz parte do roteiro desse primeiro filme também. Por fim confira "Churchill" de Jonathan Teplitzky, filme de 2017, que conta os momentos decisivos da guerra, nas vésperas do Dia D, quando os aliados invadiram o norte da Europa, colocando fim na dominação nazista na Europa. Com esses três filmes o espectador terá uma ampla visão da história de Winston Churchill durante esse período histórico decisivo.

Voltando para "O Destino de uma Nação" uma das coisas que mais foram elogiadas nessa produção foi a atuação do ator Gary Oldman como Churchill. Ele não tem a idade e biotipo do Primeiro Ministro, porém conseguiu fazer um grande trabalho, mesmo embaixo de maquiagem pesada. Todos sabem que Gary Oldman sempre foi um camaleão e aqui não seria diferente. Ele só derrapa brevemente em alguns momentos, quando parece estar um pouco caricatural demais. Fora isso está perfeito. Por fim, para terminar essa resenha, chamo atenção para algumas cenas que fazem o filme valer a pena. Uma delas ocorre quando Churchill resolve pegar um metrô sozinho, para entrar em contato com o povo inglês, com o homem comum. Outro grande momento acontece quando ele finalmente supera seus adversários e conclama o parlamento para a guerra, que é inevitável. Excelentes cenas em um filme que desde já segue a passos largos para se tornar um clássico contemporâneo do cinema.

O Destino de uma Nação (Darkest Hour, Estados Unidos, Inglaterra, 2017) Direção: Joe Wright / Roteiro: Anthony McCarten / Elenco: Gary Oldman, Lily James, Kristin Scott Thomas / Sinopse: O filme "Darkest Hour" conta os eventos históricos reais que culminaram na ascensão de Winston Churchill ao cargo de primeiro ministro, logo no começo das invasões nazistas por toda a Europa, fatos que deram origem à II Guerra Mundial. Filme indicado ao Oscar nas categorias de Melhor Filme, Melhor Ator (Gary Oldman), Melhor Fotografia (Bruno Delbonnel), Melhor Figurino (Jacqueline Durran), Melhor Design de Produção (Sarah Greenwood e Katie Spencer) e Melhor Maquiagem (Kazuhiro Tsuji e David Malinowski). Filme vencedor do Globo de Ouro na categoria de Melhor Ator (Gary Oldman).

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 9 de março de 2017

Destinos Cruzados

Título no Brasil: Destinos Cruzados
Título Original: Random Hearts
Ano de Produção: 1999
País: Estados Unidos
Estúdio: Columbia Pictures
Direção: Sydney Pollack
Roteiro: Darryl Ponicsan
Elenco: Harrison Ford, Kristin Scott Thomas, Charles S. Dutton, Sydney Pollack, Peter Coyote, Richard Jenkins
  
Sinopse:
Após a morte de sua esposa em um acidente de avião, o policial William Van Den Broeck (Harrison Ford) resolve investigar mais a fundo. Entre outras coisas descobre que ela entrou no avião usando um nome falso, se fazendo passar por esposa de um advogado chamado Cullen Chandler (Peter Coyote). Ele, por sua vez, já era um homem casado, com Kay Chandler (Kristin Scott Thomas), candidata ao senado dos Estados Unidos. Ao seguir em frente, Broeck descobre que pode ter havido uma conspiração política envolvendo o acidente fatal.

Comentários:
Um bom filme, baseado no romance policial escrito por Warren Adler. Os livros desse autor seguem basicamente uma fórmula, onde um acontecimento que parece ser banal revela-se na verdade algo muito mais sinistro e complexo. Muitos podem pensar que é mais um daqueles filmes burocráticos que Harrison Ford rodou em sua longa filmografia. De certa maneira há um fundo de verdade nessa visão, principalmente por causa do estilo mais quadrado e convencional de se contar esse enredo. O filme porém se salva do lugar comum por causa da direção do mestre Sydney Pollack. Certamente essa fita passa longe de ser um dos seus melhores trabalhos no cinema, principalmente pelo fato de ser rotineiro, porém ele conseguiu imprimir uma bela edição e uma bonita fotografia ao filme como um todo, além de também aproveitar para atuar um pouquinho, algo raro em sua carreira. A trama, que segue interessante até o fim, também compensa o tempo que você levará para assistir a esse filme. Enfim, entre mortos e feridos até que o saldo é bem positivo. Uma diversão inteligente, acima de tudo.

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 4 de maio de 2015

De Bico Calado

Começo mais um texto reclamando de novo do péssimo título nacional. É incrível a falta de originalidade e criatividade dos tradutores das distribuidoras em nosso país. Bons filmes ganham nomes ridículos no Brasil. Deixando isso de lado vamos no concentrar na película em si. É uma produção inglesa, que usa do típico humor negro britânico. Muitas pessoas pensarão que se trata de mais uma comédia pastelão, não só pelo seu patético nome nacional mas também pela presença do ator e comediante Rowan Atkinson (o Mr. Bean) no elenco. Bom, esse é um daqueles casos em que realmente as aparências enganam. "Keeping Mum” tem um humor muito mais sofisticado do que se pensa. O enredo é tecido em cima da família do vigário anglicano Walter Goodfellow (Rowan Atkinson). Ele é um bom sujeito, apenas vive com a mente no mundo da lua e não consegue perceber o que está acontecendo com sua vida familiar. A filha é uma garota que troca de namorado (ou “ficante”, como queiram) toda semana. Para piorar sua esposa está apaixonada por um professor de golfe bonitão (interpretado pelo ator Patrick Swayze).

As coisas mudam quando chega a nova governante da casa. Ela é a senhora Grace Hawkins (Maggie Smith). No começo muito simpática, ela logo começa a intervir nos acontecimentos familiares, tentando colocar tudo nos eixos de uma forma nada comum. O que ninguém sabe é que Grace é uma ex-condenada da justiça britânica. Quando era jovem ela havia matado o seu marido infiel e sua amante e os colocado em um baú. Agora, cumprida sua sentença, ela volta para a sociedade, justamente para trabalhar na casa dos Goodfellows. O grande triunfo do filme é, além de seu roteiro bem escrito, a presença de um elenco muito bom com destaque para Rowan Atkinson (em um personagem divertido mas não humorístico) e a grande dama Maggie Smith. Quem acompanha a série “Downton Abbey” sabe sobre seu grande talento. Ela domina todo o filme e seu personagem, mesmo sendo quem é, cativa muito o espectador. Sou fã confesso dessa veterana atriz e por essa razão indico esse filme, mais particularmente para os admiradores de seu trabalho. Enfim, fica a dica dessa boa produção inglesa que mostra muito bem que humor pode muito bem ser feito com classe e inteligência.

De Bico Calado (Keeping Mum, Inglaterra, 2005) Direção: Niall Johnson / Roteiro: Richard Russo, Niall Johnson / Elenco: Rowan Atkinson, Kristin Scott Thomas, Maggie Smith, Patrick Swayze / Sinopse: Vigário anglicano do interior da Inglaterra tenta conciliar sua missão religiosa com sua problemática família. Para ajudar na casa é contratada uma nova governante, a Sra Grace, que mudará a vida de todos.

Pablo Aluísio. 

terça-feira, 20 de janeiro de 2015

Lua de Fel

Título no Brasil: Lua de Fel
Título Original: Bitter Moon
Ano de Produção: 1992
País: Estados Unidos, França, Inglaterra
Estúdio: Canal+, Columbia Pictures Corporation
Direção: Roman Polanski
Roteiro: Pascal Bruckner, Roman Polanski
Elenco: Hugh Grant, Kristin Scott Thomas, Emmanuelle Seigner, Peter Coyote
  
Sinopse:
Um casal inglês em viagem de Istambul para a Índia conhece uma bela francesa, Mimi (Emmanuelle Seigner). Aos poucos começa um jogo de sedução envolvendo todos eles, primeiro o marido Nigel (Hugh Grant) e depois a esposa Fiona (Kristin Scott Thomas). Ela porém é casada com um homem bem mais velho, deficiente, chamado Oscar (Peter Coyote) que também parece interessado naquela estranha atração. Aproveitando a situação resolve contar ao casal como conheceu Mimi, muitos anos antes. Filme indicado ao prêmio da Italian National Syndicate of Film Journalists na categoria de Melhor Fotografia.

Comentários:
Mais uma tentativa por parte de Roman Polanski em ser mais aceito, do ponto de vista puramente comercial, dentro do circuito americano. Sem receios digo que aqui o cineasta não abriu mão de seu estilo mais pessoal, algo que havia sido deixado de lado no fraco " Frantic" com Harrison Ford. Com um enredo mais rico do ponto de vista cultural (graças à excelente novela escrita por Pascal Bruckner que deu origem ao roteiro), o filme procura desvendar aspectos mais profundos da sexualidade e da paixão humanas. Os personagens parecem querer sondar a todo o tempo o limite que existe entre a quebra dos valores morais e a lascívia despudorada de uma paixão puramente carnal. O mais curioso vem não da atração que aquele casal convencional sente pela jovem francesa, mas sim do próprio relacionamento dela com um homem mais velho, inválido, mas possuidor de uma mente bem doentia. O jogo que começa instigante logo desanda para tintas mais obscuras de submissão e confronto, indo até mesmo para atos de pura humilhação entre aqueles amantes. Com ecos que muitas vezes me lembrou de "O Último Tango em Paris", Polanski conseguiu realizar uma bela obra sobre a sexualidade e a forma como é encarada pelos lados mais obscuros da mente humana. Um filme para rever sempre que possível, pois aqui o mestre realmente acertou em cheio nas suas pretensões cinematográficas.

Pablo Aluísio.

domingo, 7 de setembro de 2014

Só Deus Perdoa

Título no Brasil: Só Deus Perdoa
Título Original: Only God Forgives
Ano de Produção: 2013
País: Estados Unidos, Tailândia, França
Estúdio: Wild Bunch, Icon Pictures
Direção: Nicolas Winding Refn
Roteiro: Nicolas Winding Refn
Elenco: Ryan Gosling, Kristin Scott Thomas, Vithaya Pansringarm

Sinopse:
Julian (Ryan Gosling) e Billy (Tom Burke) são dois irmãos americanos que vivem na Tailândia, agenciando lutas ilegais. Suas vidas mudam radicalmente quando Billy, em um surto de loucura, resolve matar e estuprar uma jovem menor de idade da comunidade local. O crime acaba desencadeando uma série de mortes, acertos de contas e violência que parecem não ter mais fim. Filme indicado à Palma de Ouro no Cannes Film Festival.

Comentários:
A sinopse pode enganar. Muitos vão pensar que se trata de um filme com aqueles roteiros banais sobre vingança e morte no Oriente. Nada mais longe da verdade. Certamente o filme é dos mais violentos, porém o diferencial não surge da violência e nem mesmo do enredo (que sim, pode ser considerado banal). O grande diferencial de "Only God Forgives" vem da maneira como essa estória é contada. A narrativa cinematográfica utilizada pelo cineasta dinamarquês Nicolas Winding Refn é completamente fora dos padrões. Poucas vezes você viu algo igual a isso. Praticamente não há diálogos e os que existem são sucintos e breves. O enredo assim é contado de maneira quase surreal, com farto uso de olhares, momentos de tensão e até mesmo algumas pinceladas de humor involuntário. O personagem mais marcante não é o Julian de Ryan Gosling, sempre com olhar vidrado no horizonte,  mas sim o policial Chang (Vithaya Pansringarm) que distribui seu senso de justiça com uma espada samurai, decepando, degolando e trucidando todos aqueles que ousam cruzar seu caminho. É um filme estranho, diria até bizarro, mas que por ser tão ousado e diferente merece ser conhecido.

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 3 de abril de 2014

O Encantador de Cavalos

Título no Brasil: O Encantador de Cavalos
Título Original: The Horse Whisperer
Ano de Produção: 1998
País: Estados Unidos
Estúdio: Touchstone Pictures
Direção: Robert Redford
Roteiro: Robert Redford, Eric Roth, baseados na obra de Nick Evans
Elenco: Robert Redford, Kristin Scott Thomas, Sam Neill

Sinopse:
Duas adolescentes sofrem um sério acidente. Uma delas morre e a outra perde sua perna. Traumatizada a garota não consegue mais retomar sua vida. O pai dela deseja que o cavalo que ela estava durante o acidente seja sacrificado mas sua mãe resiste. Em desespero ela resolve seguir com a filha rumo a Montana onde pretende encontrar com Tom Booker (Robert Redford), um especialista em cavalos que irá mudar a vida das duas.

Comentários:
Um filme esteticamente muito belo, com linda fotografia. O roteiro também é especial, um excelente drama que lida com os traumas físicos e psicológicos de quem sofreu uma grande tragédia em sua vida. O personagem de Robert Redford é um achado. Um cowboy de Montana que não entende apenas do trabalho no campo e cavalos mas também sobre a vida em geral. Dono de uma filosofia do homem comum, do trabalhador americano do interior, ele acaba trazendo de volta a jovem traumatizada (interpretada por uma ainda jovem Scarlett Johansson) do estado depressivo onde se encontrava. Aliás elogiar o elenco seria desnecessário. Além de Redford encarnando o verdadeiro "homem de Marlboro" ainda encontramos em cena o ótimo Sam Neill (adoro seu trabalho) e Dianne Wiest (sempre charmosa e elegante). Além de demonstrar raro talento e sensibilidade como ator o filme também prova que o cineasta Robert Redford é tão sensível e profundo quanto seu próprio personagem em cena. A produção tem lindas tomadas do horizonte, onde Redford parece querer homenagear Montana e toda a beleza de sua natureza indomável. O que se sobressai nesse filme é o engradecimento dos bons valores, do homem honesto, do campo, que conhecendo a natureza a fundo acaba descobrindo também todos os segredos da alma humana. Um belo filme, sem dúvida.

Pablo Aluísio.

sábado, 15 de junho de 2013

Estranha Obsessão

Uma boa dica para quem gosta de thrillers de suspense que fujam do convencional que é apresentado pelo cinema comercial americano atualmente é essa produção britânica francesa chamada "La femme du Vème". A premissa é até simples: Tom Ricks (Ethan Hawke) é um escritor e professor norte-americano que vai até Paris atrás de sua filhinha. Ele é divorciado e sua ex-esposa tem contra ele uma ordem de restrição judicial que o impede de chegar perto da garota. Tentando de todas as formas ficar em Paris o professor acaba se hospedando numa pensão de segunda categoria nos arredores da cidade. A partir daí o filme toma rumos surpreendentes. Isso porque o roteiro é bem sofisticado, ao mesmo tempo colocando o personagem principal como suspeito de algumas mortes sem nunca deixar claro ao espectador se ele tem mesmo algo a ver com os crimes ou se tudo não passa de uma estranha coincidência. O curioso aqui é que nem mesmo o professor sabe ao certo o que está acontecendo ao seu redor. Como se não bastasse a intrigante trama ainda temos a beleza natural de Paris como pano de fundo, aqui mostrada mais em sua parte menos turística - o que torna bem mais interessante para quem quer conhecer um pouco o outro lado menos glamouroso da cidade luz.

Para completar o clima de surrealismo e mistério do filme há ainda uma estranha mulher que o escritor conhece numa festa. Margit (Kristin Scott Thomas) surge do nada e traz algum consolo ao melancólico professor que parece viver em constante tristeza por causa da situação aflitiva que vive. Margit é justamente a tal mulher citada no título do filme. Sua inserção na trama é muito especial e não convém contar mais nada sobre ela para não estragar as surpresas que o roteiro tem para o público. "Estranha Obsessão" tem ritmo europeu, ou seja, nada de explosões e correrias como vemos nos thrillers americanos. Aqui a trama é desenvolvida muito mais no aspecto psicológico onde nada é explicitamente esclarecido cabendo ao espectador tirar suas próprias conclusões. Tudo acontece de forma gradual, com calma e clima dando chance de reflexão ao público. O argumento é tecido de forma muito inteligente e bem desenvolvido. O final é particularmente enigmático, o que certamente dará margem a muitas interpretações diferenciadas. Recomendo a produção para quem deseja assistir um produto mais inteligente, sofisticado, diria até sensorial. Valerá a pena a experiência.

Estranha Obsessão (La femme du Vème, França, Inglatera, 2011) Direção: Pawel Pawlikowski / Roteiro: Douglas Kennedy, Pawel Pawlikowski / Elenco: Ethan Hawke, Kristin Scott Thomas, Joanna Kulig / Sinopse: Tom Ricks (Ethan Hawke) é um escritor e professor norte-americano que vai até Paris atrás de sua filhinha. Ele é divorciado e sua ex-esposa tem contra ele uma ordem de restrição judicial que o impede de chegar perto da garota. Tentando de todas as formas ficar em Paris o professor acaba ficando numa pensão de segunda categoria nos arredores da cidade.

Pablo Aluísio

domingo, 22 de abril de 2012

A Mulher do Quinto Andar

Uma boa dica para quem gosta de thrillers de suspense que fujam do convencional que é apresentado pelo cinema comercial americano atualmente é essa produção britânica francesa chamada "La femme du Vème". A premissa é até simples: Tom Ricks (Ethan Hawke) é um escritor e professor norte-americano que vai até Paris atrás de sua filhinha. Ele é divorciado e sua ex-esposa tem contra ele uma ordem de restrição judicial que o impede de chegar perto da garota. Tentando de todas as formas ficar em Paris o professor acaba se hospedando numa pensão de segunda categoria nos arredores da cidade. A partir daí o filme toma rumos surpreendentes. Isso porque o roteiro é bem sofisticado, ao mesmo tempo colocando o personagem principal como suspeito de algumas mortes sem nunca deixar claro ao espectador se ele tem mesmo algo a ver com os crimes ou se tudo não passa de uma estranha coincidência. O curioso aqui é que nem mesmo o professor sabe ao certo o que está acontecendo ao seu redor. Como se não bastasse a intrigante trama ainda temos a beleza natural de Paris como pano de fundo, aqui mostrada mais em sua parte menos turística - o que torna bem mais interessante para quem quer conhecer um pouco o outro lado menos glamouroso da cidade luz.

Para completar o clima de surrealismo e mistério do filme há ainda uma estranha mulher que o escritor conhece numa festa. Margit (Kristin Scott Thomas) surge do nada e traz algum consolo ao melancólico professor que parece viver em constante tristeza por causa da situação aflitiva que vive. Margit é justamente a tal mulher citada no título do filme. Sua inserção na trama é muito especial e não convém contar mais nada sobre ela para não estragar as surpresas que o roteiro tem para o público. "A Mulher do Quinto Andar" tem ritmo europeu, ou seja, nada de explosões e correrias como vemos nos thrillers americanos. Aqui a trama é desenvolvida muito mais no aspecto psicológico onde nada é explicitamente esclarecido cabendo ao espectador tirar suas próprias conclusões. Tudo acontece de forma gradual, com calma e clima dando chance de reflexão ao público. O argumento é tecido de forma muito inteligente e bem desenvolvido. O final é particularmente enigmático, o que certamente dará margem a muitas interpretações diferenciadas. Recomendo a produção para quem deseja assistir um produto mais inteligente, sofisticado, diria até sensorial. Valerá a pena a experiência.

A Mulher do Quinto Andar (La femme du Vème, França, Inglatera, 2011) Direção: Pawel Pawlikowski / Roteiro: Douglas Kennedy, Pawel Pawlikowski / Elenco: Ethan Hawke, Kristin Scott Thomas, Joanna Kulig / Sinopse: Tom Ricks (Ethan Hawke) é um escritor e professor norte-americano que vai até Paris atrás de sua filhinha. Ele é divorciado e sua ex-esposa tem contra ele uma ordem de restrição judicial que o impede de chegar perto da garota. Tentando de todas as formas ficar em Paris o professor acaba ficando numa pensão de segunda categoria nos arredores da cidade.

Pablo Aluísio

quinta-feira, 5 de abril de 2012

Bel Ami: O Sedutor

Georges Duroy (Robert Pattinson) é um ex soldado que chega a Paris no Século XIX. Filho de camponeses pobres ele acaba encontrando ajuda em um oficial que lutou ao seu lado nas areias do deserto da Argélia. Esse lhe arranja um emprego como jornalista em um jornal Parisiense. Aos poucos porém percebe que o verdadeiro talento de Georges não é com as letras mas sim com as diversas conquistas femininas que vai fazendo na elite da cidade. Se relacionando por interesse com várias mulheres ele vai construindo sua fortuna pessoal ao mesmo tempo em que vai se aproveitando das damas da sociedade que encontra pela frente. "Bel Ami" (denominação de "bom amigo" em francês) foi baseado em um famoso livro do escritor francês Guy de Maupassant publicado em 1885. Nele o autor fazia uma crônica sobre o mundo da alta elite francesa, seus casamentos de fachada e o hábito que certas mulheres casadas tinham em manter jovens pobres e bonitos como seus amantes ocasionais. Um retrato nada lisonjeiro da hipocrisia reinante nas chamadas famílias de alta linha da capital francesa. No filme Robert Pattinson interpreta um personagem que foi baseado em muitos desses "Bons Amigos" que circulavam nos melhores salões, frequentavam os melhores bailes mas que no fundo não passavam de gigolôs das madames de Paris.

O livro original é um texto detalhista, focado em pequenos costumes da época que hoje soam despercebidos. E aí começam os problemas do filme Bel Ami. Em pouco mais de 100 minutos o roteiro não consegue dar conta de tantos eventos e detalhes do romance que lhe deu origem. A produção certamente é rica e bonita mas o roteiro é mal escrito, indo aos tropeços onde os fatos vão acontecendo de forma desordenada, atropelada, sem dar tempo ao espectador de assimilar tudo o que acontece na trama. Certamente o texto se sairia melhor em uma minissérie. Como filme tudo terminou ficando truncado, sem fluência. No elenco o destaque é claro vai para Robert Pattinson. É ele o chamariz de bilheteria por causa da franquia de grande sucesso Crepúsculo. Hollywood há tempos vem tentando emplacar o ator em outros filmes. Aqui certamente deram um passo maior do que a perna. Pattinson não tem preparo suficiente para encarar um personagem desses. Um papel que exige muito do intérprete pois a personalidade de Georges Duroy é bastante complexa. Esses tipos eram homens charmosos, especialistas em conquistar a alma feminina. Eram grandes mentirosos e faziam da enganação uma fina arte. Pattinson não consegue atingir esse patamar, não consegue dar esse tipo de alma a Duroy em cena. Sua interpretação é muito irregular e vazia. Sua partner em cena, Cristina Ricci, se sai muito melhor do que ele. Nas cenas em que contracenam é nítido o desnível de qualidade em suas performances. Ricci se entrega de corpo e alma ao seu papel enquanto Pattinson fica apático, apagado, olhando para o horizonte vazio. Com Pattinson mal tudo acaba desandando. Embora a produção seja de primeira linha o filme vai perdendo o interesse até cair no marasmo completo. O espectador simplesmente perde interesse pelos personagens e isso leva à morte de qualquer obra cinematográfica. Uma pena, o material original era muito promissor mas o filme não está à sua altura, infelizmente.

Bel Ami - O Sedutor (Bel Ami, Estados Unidos, 2012) Direção: Declan Donnellan, Nick Ormerod / Roteiro: Rachel Bennette baseado no romance de Guy de Maupassant / Elenco: Robert Pattinson, Uma Thurman, Kristin Scott Thomas, Christina Ricci, Kristin Scott Thomas, Holliday Grainger / Sinopse: Jovem usa de sua beleza física para manipular e explorar damas da alta sociedade Parisiense no século XIX.

Pablo Aluísio.

domingo, 25 de março de 2012

O Garoto de Liverpool

John Winston Lennon(Aaron Johnson) é um adolescente vivendo na cidade portuária de Liverpool. Seu pai abandonou a casa e sua mãe é uma pessoa com problemas emocionais e financeiros. Sem estrutura familiar sólida o jovem vai morar na casa de sua tia Mimi que sozinha enfrenta os problemas típicos da juventude de seu sobrinho problemático. Ao lado de alguns amigos de escola resolve criar um grupo de Skiffle para tocar nas festinhas locais. A idéia de "Nowhere Boy" é mostrar John Lennon ainda na adolescência, com todos os seus problemas familiares que os fãs dos Beatles já conhecem bem (criado pela tia, tendo que enfrentar um segundo casamento da mãe e o abandono por parte de seu pai, um marinheiro que simplesmente o abandonou da noite para o dia) . No meio dessa vida caótica o jovem John alimenta um sonho distante de viver de sua música. A vida pessoal de John Lennon certamente daria material não apenas para um filme mas para vários. Sua vida pessoal foi muito interessante e em termos dramáticos não há o que reclamar pois em certos aspectos sua vida privada e familiar foi realmente um drama de Douglas Sirk.

Apesar disso e de "O Garoto de Liverpool" ser bem feito e digno o roteiro tem lá seus problemas. O garoto que faz Paul McCartney, por exemplo, é sem expressão e fraco. Muito distante da personalidade cativante e forte do grande companheiro de John nos Beatles. Outro personagem muito mal focalizado é o grande amigo de John, Stu Stutclif, uma pessoa extremamente presente em sua vida pessoal que aqui perdeu totalmente a importância. John era mais próximo de Stu do que de qualquer outra pessoa nessa fase de sua vida. O roteiro negligenciar isso é certamente uma grande falha. Apesar desses deslizes o filme pode vir a agradar aos fãs dos Beatles, muito embora nem tudo o que apareça no filme também seja verídico. Há uma certa dose de liberdades históricas que o diretor tomou que soam incômodas. Por exemplo, John nunca agrediu Paul no enterro de sua mãe, também nunca existiu a cena em que John é barrado na porta do Cavern durante uma noite de bebedeiras. Enfim, tem seus erros e acertos mas em momento algum consegue ser melhor do que "Os Cinco Rapazes de Liverpool" que tem tema semelhante mas é muito mais bem interpretado e produzido. Aquele sim é um grande filme sobre a vida de Jonn e dos Beatles em sua fase inicial. De qualquer forma fica a dica para os fãs.

O Garoto de Liverpool (Nowhere Boy, Estados Unidos, 2009) Direção: Sam Taylor-Wood / Roteiro: Matt Greenhalgh / Elenco: Aaron Johnson, Kristin Scott Thomas, Anne-Marie Duff / Sinopse: John Winston Lennon(Aaron Johnson) é um adolescente vivendo na sua cidade natal de Liverpool. Seu pai abandonou a casa e sua mãe é uma pessoa com problemas emocionais. Sem estrutura familiar sólida o jovem vai viver na casa de sua tia Mimi que sozinha enfrenta os problemas típicos da juventude de seu sobrinho problemático. Ao lado de alguns amigos de escola resolve criar então um grupo de Skiffle para tocar nas festinhas locais.

Pablo Aluísio.