sexta-feira, 17 de março de 2017

Vatel - Um Banquete para o Rei

Título no Brasil: Vatel - Um Banquete para o Rei
Título Original: Vatel
Ano de Produção: 2000
País: França, Inglaterra, Bélgica
Estúdio: Miramax Films
Direção: Roland Joffé
Roteiro: Jeanne Labrune, Tom Stoppard
Elenco: Gérard Depardieu, Uma Thurman, Tim Roth, Julian Sands, Julian Glover, Richard Griffiths
  
Sinopse:
Em 1671 o Rei da França Louis XIV (Julian Sands) decide passar três dias na propriedade de um conde francês, que no passado foi seu inimigo, mas que agora poderá se tornar um aliado importante em uma nova guerra que o monarca francês pretende se envolver. Para que a visita seja um sucesso, onde tudo dê certo, o conde contrata os serviços do mestre de cerimônias François Vatel (Gérard Depardieu). Caberá a ele administrar todos os eventos da visita real ao Château de Chantilly. Filme indicado ao Oscar na categoria Melhor Direção de Arte (Jean Rabasse e Françoise Benoît-Fresco). Vencedor do César Awards na categoria de Melhor Design de Produção (Jean Rabasse).

Comentários:
Outro filme que gira em torno da figura de Louis XIV, o "Rei Sol". A diferença básica de seu roteiro é que tudo se concentra não na figura real, mas sim no trabalho minucioso e exaustivo de François Vatel (Gérard Depardieu), o empregado do conde anfitrião, que precisará tomar todos os cuidados para que tudo saia conforme o planejado na visita do rei nas terras de seu patrão. E isso não é algo fácil. Ele precisará lidar com uma corte inteira (que sempre seguia os passos do rei). Pessoas mimadas, muitas vezes indisciplinadas e arrogantes, que exigiam o melhor em termos de serviços, sem facilitar o trabalho de ninguém em troca. O próprio Louis XIV é um exemplo disso. Embora viajasse com a sua Rainha, ele tinha várias cortesãs, mulheres que frequentavam sua cama, em casos escandalosos e notórios. Uma delas seria a dama de companhia Anne de Montausier (Uma Thurman), que cai nas graças do monarca justamente em sua visita ao conde. E por mais incrível que isso possa parecer, embora se torne cortesã real, ela nutre simpatias mesmo por Vatel, o homem comum, trabalhador e esforçado. Ter que lidar com a nobreza da corte se mostra assim seu trabalho mais árduo. Para se ter uma ideia de como era até mesmo perigoso lidar com a nobreza, em determinado momento do filme o irmão do rei se engraça por um menino protegido por Vatel. Embora o roteiro não deixe tudo muito claro, fica-se subentendido que o irmão de Louis seria pedófilo e estaria tentando abusar da criança. Agora imaginem a situação complicada para Vatel, ter que salvar a pele do garoto sem criar um problema com o membro da família real (o que em tempos de absolutismo poderia lhe custar a própria vida). Em termos de elenco não há o que reclamar, pois todos os atores estão excepcionalmente bem em cena. Entre os destaques poderia lembrar da excelente presença de Tim Roth como o maquiavélico Marquês de Lauzun e, é claro, como não poderia deixar de ser, a sempre marcante presença de Gérard Depardieu. Ele sempre fez valer qualquer tipo de papel que representasse. Esse filme não é exceção. É um desses atores ímpares na história do cinema. Simplesmente genial.

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 16 de março de 2017

A Grande Muralha

O enredo é simples e direto. O estrangeiro William (Matt Damon) chega nas muralhas da China após ser perseguido por bandoleiros a bandidos. Uma vez diante da enorme construção ele resolve se render para o exército do grande império chinês. Dentro das suas enormes fortificações, ele descobre que a região está prestes a ser atacada por criaturas monstruosas, que caçam e matam seres humanos com ferocidade. William quer descobrir o segredo de uma nova arma, a pólvora, e logo cerra fileiras ao lado dos chineses para combater a perigosa ameaça que está chegando! Para enfrentar as feras eles usarão de todos os tipos de táticas de guerra, algumas bem conhecidas e outras pouco usuais. Basicamente é isso, um filme de monstros sendo combatidos aos pés da grande muralha chinesa.

Eu estava muito equivocado em relação a esse filme. Pensava se tratar de um épico sobre a construção da Muralha da China. Algo histórico, com grandes cenas de batalhas entre os antigos povos da China e a força da cavalaria mongol! Que nada! O filme não passa de uma aventura bem juvenil feita para o público pré-adolescente e até mesmo infantil. Tudo é extremamente fantasioso (o enredo se passa em um universo de fantasia) onde a grande muralha não fora construída para deter as invasões do império Mongol, mas sim para defender o Império chinês de monstros místicos que a cada sessenta anos surgem para lembrar aos imperadores que sua ganância de poder deve ter limites! Uma lição para ser relembrada com violência e mortes de tempos em tempos.

Achei esse argumento realmente fraco! Tudo mero pretexto para ataques e mais ataques dessas criaturas que, é bom frisar, me lembraram demais os mesmos monstros do filme "Kong - A Ilha da Caveira". É praticamente o mesmo modelo de besta feroz, com poucas mudanças de design. A semelhança chega a causar embaraço e constrangimento! Pelo visto resolveram usar o mesmo programa de computação gráfica e o mesmo desenho de criação do outro filme, o que não deixa de ser um aspecto muito negativo, ainda mais que ambos os filmes estrearam praticamente no mesmo mês. Os efeitos digitais, que deveriam ser um grande atrativo, assim perde parte de sua força pela falta de originalidade! Como estava esperando por algo mais, digamos, sério, a decepção foi ainda maior por causa do tipo de filme que acabei encontrando. Nos Estados Unidos o filme não foi muito bem recebido pelo público que não pareceu muito interessado em seu tema. Ao custo de 150 milhões de dólares, o filme só conseguiu ter uma bilheteria morna até agora com 21 milhões em seus primeiros dias de exibição. Muito fraco para uma super produção como essa. No mercado internacional rendeu apenas 40 milhões, ou seja, caminha para dar um grande prejuízo ao estúdio.

A crítica também não gostou do resultado, mas os produtores desse filme não parecem muito preocupados com o mercado ocidental, mas sim com as bilheterias chinesas! Isso mesmo, o filme foi feito para o mercado cinematográfico da China, por isso temos aqui um roteiro que vai soar familiar para quem acompanha os filmes de fantasia feitos em Hong Kong, onde se mesclam com toneladas de efeitos digitais gratuitos, que nem sempre são muito convincentes, um enredo mais simples, dirigido principalmente para os jovens entre 11 a 15 anos de idade! Como é feito para o mercado Made in China não espere por nada que venha sequer arranhar a imagem do povo e governo chinês. Todos os personagens chineses são heroicos, altamente íntegros, inclusive as mulheres que aqui ganham uma nova função - a de guerreiras voadoras! (Não é brincadeira!). O elenco americano é todo dispensável pois eles no final não fazem nenhuma grande diferença. São descartáveis mesmo! É muito complicado entender como Matt Damon preferiu atuar nesse fraco filme ao invés de estrelar "Manchester à Beira Mar", filme que foi produzido especialmente para ele atuar. Acabou dando o Oscar para Casey Aflleck, enquanto Damon afundou nessa produção megalomaníaca e vazia. Uma péssima escolha. Enfim, só indicaria mesmo o filme para um público adolescente. Os mais velhos certamente ficarão decepcionados com o resultado aqui apresentado.

A Grande Muralha (The Great Wall, Estados Unidos, China, Hong Kong, 2016) Direção: Yimou Zhang / Roteiro: Carlo Bernard, Doug Miro / Elenco: Matt Damon, Willem Dafoe, Pedro Pascal, Tian Jing, Hanyu Zhang, Lu Han / Sinopse: Dois estrangeiros se empenham, ao lado dos chineses, na luta contra monstros que atacam a grande muralha da China a cada 60 anos! William (Matt Damon), um mercenário no passado, acaba descobrindo os verdadeiros valores que devem nortear a vida de um verdadeiro guerreiro honrado.

Pablo Aluísio.

Um Sinal de Esperança

Título no Brasil: Um Sinal de Esperança
Título Original: Jakob the Liar
Ano de Produção: 1999
País: Estados Unidos, França, Hungria
Estúdio: Columbia Pictures
Direção: Peter Kassovitz
Roteiro: Peter Kassovitz
Elenco: Robin Williams, Alan Arkin, Hannah Taylor Gordon, Éva Igó, Kathleen Gati, Bob Balaban
  
Sinopse:
A história do filme se passa em 1944, na Polônia ocupada por nazistas. A guerra entra em sua fase final e um judeu chamado Jakob (Robin Williams) se torna uma importante fonte de informações para a comunidade judaica aprisionada em um gueto da cidade. Com a censura imposta pelos alemães, a única possibilidade de se saber o que estava acontecendo era um velho rádio usado por Jakob de forma clandestina.

Comentários:
Baseado na novela escrita por Jurek Becker, o filme se concentra em um personagem bem singular, um homem do povo, interpretado por Robin Williams. É de forma em geral um bom filme, valorizado pela sua boa história. Esses guetos que foram criados pelos nazistas, um deles retratado no filme, eram verdadeiras prisões provisórias. Os judeus eram confinados dentro de seus linhas e ficavam em condições sub humanas até o momento em que fossem transportados para campos de extermínio. O gueto mais famoso da história foi o gueto de Varsóvia, mas existiram muitos outros, por toda a Europa. Depois de meses - algumas vezes até anos - limitados a viverem nesses guetos sujos e sem comida, os judeus eram então levados de trem (transportados como gado), para os campos de concentração onde eram finalmente executados sumariamente. Esse é mais um drama pesado na carreira de Robin Williams. Há tentativas tímidas de se fazer um pouco de humor aqui ou acolá, mas como o tema do filme é sobre o holocausto isso é totalmente amenizado. Enfim, um bom filme histórico que merecia inclusive melhor reconhecimento por parte dos festivais de cinema pelo mundo afora, algo que não aconteceu, talvez por puro preconceito por ser uma fita estrelada por um astro do humor de Hollywood. 

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 15 de março de 2017

Silêncio

Esse é um filme sobre os limites da fé! O seu roteiro mostra o ápice de dor física e psicológica a que um homem pode suportar, mesmo tendo a fé mais sincera e honesta em seu coração. A história se passa no século XVII. Após uma intensa perseguição religiosa contra os católicos em um Japão brutal e desumano, dois jovens padres jesuítas são enviados para lá com a missão de descobrirem o que teria acontecido ao padre Ferreira (Liam Neeson), que liderava a Igreja naquela distante nação. Ao chegarem clandestinamente em terras japonesas descobrem que muitos cristãos estão sendo mortos de forma bárbara apenas pelo fato de seguirem o evangelho de Cristo.

Essa é uma obra cinematográfica de extrema relevância por expor o pior tipo de intolerância religiosa que se pode existir, a intolerância estatal, promovida por autoridades do próprio Estado. Em um Japão com predominância da religião budista, os próprios líderes do Estado decidiram que o cristianismo não poderia entrar em seu país. Assim foi promovida uma intensa perseguição religiosa contra todos os cristãos, promovendo torturas, massacres e assassinatos em massa. Uma coisa horrorosa que nos ensina muito sobre essa questão. E engana-se quem pensa que atualmente não vivemos um momento bem parecido com o que vemos nas telas. Basta lembrar dos métodos bem parecidos utilizados por fundamentalistas islâmicos do mundo atual, para vermos que aquilo que se passa no filme não é uma realidade tão distante ao nosso presente como muitos possam pensar.

O diretor Martin Scorsese realiza assim um dos seus melhores trabalhos. Uma obra muito sincera e bem pessoal. O cineasta, nascido dentro de uma grande comunidade católica em Nova Iorque, pensou em se tornar padre em sua infância. Ao longo de sua vida acabou criando uma relação de amor e ódio com a Igreja Católica, mas sem jamais a abandoná-la completamente. Essa dualidade entre tantos sentimentos conflituosos com a sua religião o fizeram entrar nesse projeto. O roteiro, como podemos perceber, é realmente uma declaração de amor de Scorsese para com os heróis da Igreja, homens comuns, padres jesuítas, que foram colocados em situações extremas, só vivenciadas antes entre os primeiros cristãos, ainda nos tempos de Jesus.

Um dos protagonistas é um jovem padre português chamado Rodrigues, interpretado pelo ator Andrew Garfield. Em minha opinião esse ator não teve todo o talento dramático exigido para viver com a devida intensidade a incrível história de fé de seu personagem. Mesmo assim, com pequenas falhas, ele não compromete o filme como um todo. Tudo bem, um ator melhor faria grande diferença, porém essa história é tão edificante, tão relevante, que não podemos ignorar a força do roteiro por si mesmo. Enfim, poucas vezes vi um filme tão humano como esse na filmografia do mestre Martin Scorsese. Uma obra essencial.

Silêncio (Silence, Estados Unidos, México, Taiwan, 2016) Direção: Martin Scorsese / Roteiro: Martin Scorsese, Jay Cocks / Elenco: Andrew Garfield, Adam Driver, Liam Neeson, Shin'ya Tsukamoto, Yôsuke Kubozuka, Issei Ogata, Tadanobu Asano / Sinopse: Dois padres jesuítas, Rodrigues (Andrew Garfield) e Garupa (Adam Driver), são enviados para o Japão do século XVII, para descobrirem o paradeiro do padre Ferreira (Neeson), mas uma vez lá descobrem que o país vive uma intensa perseguição religiosa contra católicos, promovendo uma política estatal de massacres e assassinatos em massa. Filme indicado ao Oscar na categoria de Melhor Fotografia (Rodrigo Prieto).

Pablo Aluísio.

A Trapaça

Título no Brasil: A Trapaça
Título Original: The Spanish Prisoner
Ano de Produção: 1997
País: Estados Unidos
Estúdio: Magnolia Films
Direção: David Mamet
Roteiro: David Mamet
Elenco: Steve Martin, Ben Gazzara, Campbell Scott, Rebecca Pidgeon, Felicity Huffman, Ricky Jay
  
Sinopse:
Joe Ross (Campbell Scott), um executivo de uma grande corporação, acaba desenvolvendo um programa inovador, que vai gerar uma imensa fortuna para a empresa na qual trabalha. Ainda um pouco inexperiente nesse tipo de negócio ele acaba pedindo conselhos para Jimmy Dell (Steve Martin), que supostamente seria um multimilionário do ramo de bolsas de valores, só que na verdade ele não é bem quem afirma ser.

Comentários:
Sempre costumo repetir para os cinéfilos mais jovens que David Mamet foi um dos melhores escritores de roteiros da história mais recente de Hollywood. Seus filmes não se destacam muito pelas produções em si, algumas delas bem fracas, é bom alertar. O grande mérito de Mamet sempre foram os textos e argumentos que escreveu para os filmes que dirigiu. Nisso ele foi realmente genial. Esse "A Trapaça" segue basicamente nessa linha. Contando com um bom elenco, completamente entrosado em cena, ele construiu uma trama que funciona muito bem não apenas em suas reviravoltas, como também pelo mosaico de situações e intrigas que vão se desenvolvendo perante o espectador. Uma das surpresas desse elenco vem da presença do comediante Steve Martin. Conhecido por inúmeras comédias do tipo "Um Espírito Baixou em Mim" e "O Panaca" ele aqui optou por interpretar um personagem com nuances sombrias em seu modo de ser. Acabou sendo uma das melhores interpretações de toda a sua carreira. Assim se você é fã de Steve Martin como ator e está em busca de um roteiro mais sofisticado, com a marca de David Mamet, não há outra sugestão no horizonte: Assista "A Trapaça" e se divirta! Vai ser um bom programa para o fim de semana.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 14 de março de 2017

Filmes no Cinema - Edição XI

O principal lançamento dessa semana é a ficção "Life" ("Vida" no Brasil). O filme tem um excelente elenco (que conta entre outros com Jake Gyllenhaal e Ryan Reynolds) e explora a história de seis astronautas que descobrem, através de amostras retiradas de Marte, vida naquele planeta desolado.  É inicialmente um ser unicelular que ganha o nome carinhoso de Calvin. Tudo corre bem até que eles descobrem que não há nada de inofensivo naquela nova forma de vida. O filme tem sido elogiado lá fora, muito embora muitas críticas chamem a atenção para as inúmeras semelhanças entre esse enredo e a famosa franquia "Aliens". De minha parte estou curioso em conferir o filme. A comparação com "Aliens" é de certa forma até esperada, uma vez que essa série de filmes sempre foi uma das mais influentes da história do cinema.

Outro lançamento da semana que chama a atenção é o drama histórico nacional "Joaquim". Uma produção entre Brasil e Portugal que procura resgatar a história de Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes, personagem central na chamada Inconfidência Mineira. O filme tem sido bastante elogiado e vem para preencher um vazio que existia dentro da cinematografia brasileira sobre esse tão falado e ao mesmo tempo tão pouco conhecido herói da nossa história. O filme é obviamente bem mais recomendado para quem aprecia história do Brasil.

Voltando aos enlatados americanos os cinemas brasileiros recebem outras opções nessa semana. A atriz Katherine Heigl conhecida por suas comédias romântica bobinhas procura por um novo caminho em sua carreira. Ela deixa o humor de lado para estrelar "Paixão Obsessiva", um thriller de suspense envolvendo uma mulher traída pelo marido que resolve se vingar de sua amante. Será que após vários fracassos comerciais, Heigl conseguirá retomar o caminho do sucesso trocando de estilos cinematográficos? É esperar para ver, muito embora eu pessoalmente não leve muita fé nesse seu novo filme que parece ser bem ruinzinho.

Uma melhor opção é conferir "Paterson" de Jim Jarmusch. O cult diretor volta aos cinemas nesse drama sensível sobre um homem que ganha a vida como motorista de ônibus, embora tenha talento e vocação mesmo para a poesia. Um filme bucólico e lírico que merece ser mais conhecido. Já "O Sonho de Greta" explora aquela fase complicada da adolescência quando uma jovem garota está prestes a completar 15 anos de idade. Indicado para pré-adolescentes em geral que certamente vão se identificar com a história. Por fim, para quem estiver em busca de filmes do velho continente fica a dica do filme francês "O Novato". Também é uma crônica sobre a pré-adolescência, contando a história de um garoto que vai morar em Paris e passa a sofrer bullying na escola.

Pablo Aluísio.

À Primeira Vista

Título no Brasil: À Primeira Vista
Título Original: At First Sight
Ano de Produção: 1999
País: Estados Unidos
Estúdio: Metro-Goldwyn-Mayer (MGM)
Direção: Irwin Winkler
Roteiro: Steve Levitt
Elenco: Val Kilmer, Mira Sorvino, Kelly McGillis, Nathan Lane, Steven Weber, Bruce Davison
  
Sinopse:
Virgil Adamson (Val Kilmer) é um deficiente visual que resolve se submeter a um tratamento inovador, que poderá recuperar o seu sentido da visão. Ao lado da namorada Amy Benic (Mira Sorvino) ele consegue grandes avanços e em um tempo relativamente curto e surpreendente volta a enxergar. O que Virgil não sabe é por quanto tempo conseguirá ver e o que poderia estar acontecendo com sua mente, que passa a dar sinais de efeitos colaterais.

Comentários:
Um filme interessante, com enredo baseado no romance "To See and Not See" de Oliver Sacks. Essa trama de um homem cego que volta a ver tem dois lados bem curiosos. O primeiro é o lado romântico. Val Kilmer, ainda jovem e em forma, faz um personagem meio galã, com modos e hábitos bem românticos. Ele ama sua namorada, mas nunca a viu. Imaginem a surpresa quando finalmente ele a vê pela primeira vez! Essa parte do roteiro tem bom gosto, tudo muito sutil e bem desenvolvido. O outro lado explora os efeitos colaterais que o personagem de Kilmer começa a enfrentar depois de recuperar a visão. Ele tem sintomas estranhos, visões e sombras o rondando o tempo todo. Nessa parte temos seguramente o aspecto mais, digamos, thriller desse filme. Não está entre os grandes filmes da carreira de Val Kilmer, mas seguramente também não se encontra entre os piores. Fica no meio termo. Ele ainda explora seu Sex Appeal, algo que ele iria deixar para trás nos anos que viriam, por enfrentar ele próprio problemas de saúde bem graves. Enfim, deixo a recomendação, principalmente para os que gostam do trabalho de Val Kilmer. Para eles a fita se tornará no mínimo curiosa.

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 13 de março de 2017

Versalhes, o Sonho de um Rei

Título no Brasil: Versalhes, o Sonho de um Rei
Título Original: Versailles, Le Rêve d'un Roi
Ano de Produção: 2008
País: França
Estúdio: Les Films d'Ici, France 2 (FR2)
Direção: Thierry Binisti
Roteiro: Jacques Dubuisson, Michel Fessler
Elenco: Samuel Theis, Vinciane Millereau, Jérôme Pouly, Antoine Coesens, Nicolas Jouhet, Germain Wagner
  
Sinopse:
Após a morte de seu pai, o Rei, sobe ao trono da França um jovem monarca, Louis XIV (Samuel Theis). Dono de uma personalidade megalomaníaca, o novo Rei decide construir o maior palácio real de toda a Europa, uma construção magnífica, com todo o luxo e a pompa dignas de sua majestade imperial. Para concretizar seus sonhos de construir o monumental Palácio de Versalhes, Louis XIV leva décadas, exaurindo os cofres e as finanças de toda uma nação. Para o Rei porém isso tudo pouco importa, pois ele está decidido a transformar seu exuberante projeto em realidade. Filme histórico baseado em fatos reais.

Comentários:
Excelente produção francesa que teve o privilégio de ser filmada no próprio Chateau de Versailles, o Palácio real que até hoje impressiona os visitantes que o conhecem. A história do filme é por demais interessante e mostra a obsessão que o Rei Louis XIV (Samuel Theis) criou em concretizar seus sonhos de construir algo jamais visto em toda a Europa. Conhecido como o "Rei Sol", Louis XIV  não era um homem de moderação. Tudo, absolutamente tudo, deveria ser o mais luxuoso possível, o mais brilhante, o mais magnífico. Obcecado por roupas luxuosas e palácios de sonhos, o Rei ignorou os conselhos de seus ministros para erguer no meio de um velho pântano uma das construções mais impressionantes da história. Versalhes até então não passava de uma rústica casa de campo construída por seu pai, que gostava de fazer caçadas pelas matas daquela região. Tomado por um sentimento de nostalgia, o novo Rei decide então erguer esse Palácio no mesmo lugar onde havia passado bons momentos em sua infância. Começa assim a construção de uma obra que levaria 40 anos para ser concluída. Não se contentando em levantar do chão esse tipo de construção típica das grandes monarquias do passado, Louis XIV foi além, mandando tragar as regiões pantanosas das vizinhanças, para transformar tudo ao redor em majestosos jardins, os maiores que se tinham notícia até então. Haveria muito o que explorar na história desse Rei, porém o roteiro se concentra mesmo na obsessão de Louis XIV em construir seu Palácio de Versalhes, o que não deixa de ser algo positivo, pois o espectador acaba conhecendo em detalhes a curiosa história em torno de sua construção. Os sonhos de um Rei absolutista que não aceitava respeitar limites aos seus mais loucos projetos. Autor da frase "O Estado Sou Eu", não é de se admirar que tenha ido tão longe em seus sonhos de grandeza. Um filme especialmente recomendado para quem gosta da história das monarquias europeias.

Pablo Aluísio.

Kong: A Ilha da Caveira

O espírito que move esse filme é o mesmo das antigas produções de matinê que eram exibidas em um tempo distante no passado. Tudo é diversão e aventura. Tanto isso é uma verdade que os técnicos em efeitos especiais resolveram homenagear o design da criatura do clássico de 1933. Ao se olhar para o King Kong desse novo filme é impossível ignorar suas semelhanças com o gorila do primeiro filme. Os braços robustos e até mesmo suas feições faciais são extremamente semelhantes. Os cinéfilos mais tradicionais vão gostar dessa homenagem. O roteiro também visa única e exclusivamente a pura diversão. Os personagens não são desenvolvidos em nenhum aspecto pois o filme se propõe mesmo a ser um velho filme de monstros de matinê. Sempre que o desenrolar vai ficando um pouquinho mais chato surge no horizonte alguma criatura monstruosa, seja ela um inseto gigante, seja um polvo pré-histórico. As crianças vão adorar.

A trama, ao contrário dos filmes anteriores, se passa totalmente na Ilha da Caveira. Isso é bem curioso porque nas produções do passado a Ilha da Caveira só servia mesmo como um ponto de partida, onde King Kong era capturado e levado para a civilização. Depois disso ele serviria basicamente como atração circense. Aqui não, Kong está em seu habitat natural, lutando não apenas contra os seres humanos como também contra a macrofauna existente no lugar. Em relação a esses bichos monstruosos e gigantes só me senti um pouco decepcionado com os lagartos gigantes que são os maiores inimigos de King Kong. Não achei o design deles tão bem feito ou inovador. Para falar a verdade seria melhor ver o gigante lutando contra um dinossauro, como no filme de 1933.

A direção é eficiente. Como não se está em busca de uma obra prima, nem nada do gênero, acabou se realizando um bom filme de aventuras e monstros pré-históricos. Por isso também todos os personagens humanos são caricatos. Samuel L. Jackson é um soldado caricato tirado das selvas da guerra do Vietnã. John Goodman é um caricato líder da expedição, cujos motivos esconde de todos, como é de praxe nesse tipo de roteiro, e por aí vai. Até mesmo a mocinha, uma fotógrafa que parece ter saído de um documentário sobre os anos 70, também é uma construção caricata. Nada disso porém importa no final das contas. Não é Shakespeare, é apenas um filme de monstros gigantes brigando entre si. Se você estiver em busca de algo assim nos cinemas certamente vai gostar - e se divertir. Não espere por nada muito além disso. Esse é o espírito.

Kong: A Ilha da Caveira (Kong: Skull Island, Estados Unidos, 2017) Direção: Jordan Vogt-Roberts / Roteiro: Dan Gilroy, Max Borenstein / Elenco: Samuel L. Jackson, John Goodman, John C. Reilly, Tom Hiddleston, Brie Larson / Sinopse: Expedição é enviada até uma distante e isolada ilha no Pacífico Sul. Encoberta por uma perene tempestade, a Ilha da Caveria é um mistério completo e guarda uma fauna intocada pelo tempo, incluindo um imenso gorila do tamanho de um arranha-céu, o Rei Kong.

Pablo Aluísio.

domingo, 12 de março de 2017

Macbeth - Ambição e Guerra

Título no Brasil: Macbeth - Ambição e Guerra
Título Original: Macbeth
Ano de Produção: 2015
País: Estados Unidos, Inglaterra
Estúdio: DMC Film
Direção: Justin Kurzel
Roteiro: Todd Louiso, Jacob Koskoff
Elenco: Michael Fassbender, Marion Cotillard, David Thewlis, Jack Madigan, Paddy Considine, David Hayman, Jack Reynor
  
Sinopse:
Após uma batalha vitoriosa, o nobre guerreiro Macbeth (Michael Fassbender) é honrado por seu Rei. Ele recebe um título de Duque e se torna um membro prestigiado de sua corte. Sua ambição porém vai além. Depois de executar um inimigo do trono, Macbeth encontra três bruxas que profetizam que ele próprio subirá ao poder máximo, se tornando um monarca poderoso em um futuro próximo. Encorajado pela esposa, Macbeth começa então a tramar a morte do Rei para usurpar seu poder. Filme indicado ao British Independent Film Awards e ao American Society of Cinematographers.

Comentários:
"Macbeth" foi uma peça teatral escrita pelo gênio William Shakespeare por volta de 1605. É uma obra que procura sondar o lado sórdido da natureza humana. Em foco temos a ambição, a ganância e a cobiça. O protagonista Macbeth é um homem nobre e honrado que se deixa seduzir por pensamentos ambiciosos, sem limites. Invejando a posição do Rei ele faz de tudo para assassiná-lo, para assim subir ao trono. E se tornar um regicida não é um problema para alguém que almeja o poder sem se preocupar com a ética, com a honestidade e tampouco com os valores morais de seus atos. Pior é que Macbeth tem uma esposa vil, uma mulher sem qualquer traço de humanidade, que também o inventiva a subir ao trono através do crime. É curioso porque Shakespeare aproveita sua trama de assassinatos, morte e traições, para revelar o lado mais cruel de certas mulheres, que a despeito do dinheiro, do poder e da falsa glória, aceitam planejar todos os tipos de atos cruéis. O filme é muito bom, com ótima fotografia, cenários e figurinos. Uma produção de primeira linha. O texto porém é o grande atrativo. Os produtores e o diretor optaram por usar os diálogos originais da peça de Shakespeare! Certamente vai soar um pouco erudito demais para o público atual, mas isso em última instância não é um demérito, mas sim uma qualidade. Outro ponto digno de elogios é a maneira como o cineasta Justin Kurzel resolveu filmar as cenas de combate. Toda a fúria e violência são intercaladas por cenas de puro êxtase visual, onde ele consegue excelentes efeitos com o uso de câmeras lentas de alta definição. Então é isso, uma obra cinematográfica indicada não apenas aos que desejam assistir a um bom filme, com belo visual, como também para os admiradores do inigualável William Shakespeare. Em termos de elegância ao escrever certamente nenhum dramaturgo da história chegou perto dele. Sua obra é imortal.

Pablo Aluísio.

Politicamente Incorreto

Título no Brasil: Politicamente Incorreto
Título Original: Bulworth
Ano de Produção: 1998
País: Estados Unidos
Estúdio: Twentieth Century Fox
Direção: Warren Beatty
Roteiro: Warren Beatty
Elenco: Warren Beatty, Halle Berry, Kimberly Deauna Adams, J. Kenneth Campbell, Christine Baranski
  
Sinopse:
Jay Bulworth (Warren Beatty) é um velho político que cansado de sua vida de mentiras começa a falar tudo aquilo que pensa de verdade sobre o mundo político e a sociedade. A forma como ele começa a dizer suas palavras de sinceridade choca a todos, principalmente pelo fato de que Jay está em plena campanha ao senado pelo Partido Democrata!

Comentários:
Filme nonsense, sem muita lógica, uma egotrip maluca escrita, produzida e dirigida por Warren Beatty. Ator consagrado em sua juventude, quando realmente participou de grandes filmes, Beatty foi decaindo com os anos. Esse filme aqui é um dos seus projetos bem pessoais e demonstra que esses astros de Hollywood muitas vezes perdem a noção do ridículo. Basicamente é um filme muito ruim, com roteiro disperso, sem qualquer lógica. Foca o enredo na figura de um senador que em campanha surta, detonando tudo e a todos! E ninguém fica a salvo de seus comentários, nem negros, nem homossexuais e nem muito menos pastores e políticos ladrões! É a tal coisa, apenas o prestígio de Warren Beatty pode justificar o fato desse filme ter arrancado uma indicação ao Oscar (na categoria de Melhor Roteiro Original, indicação dada a ele mesmo!). De qualquer forma esse buraco negro cinematográfico foi felizmente logo esquecido (quem se lembra dessa produção nos dias de hoje? Acho que ninguém!). Warren Beatty, pelo visto, será bem mais lembrado pelo último mico na entrega do Oscar, quando ele se enrolou todo ao anunciar o Oscar de Melhor Filme - que foi dado para o filme errado! Entre tantas patetices, esse "Politicamente Incorreto" é pelo menos a cara de seu realizador. O único mérito desse filme, em termos, foi ter previsto, sem querer, o aparecimento de políticos nada convencionais, fora de rota, como o atual presidente Trump. Todo o mais não passa de uma grande bobagem realizada ao custo de 30 milhões de dólares!

Pablo Aluísio.

sábado, 11 de março de 2017

Logan

Esse texto contém spoiler. Assim se você ainda não assistiu ao filme fique por aqui. Pois bem, "Logan" foi um filme muito esperado pelos fãs dos quadrinhos, justamente por encerrar a franquia principal dos X-Men que começou há exatos 17 anos. Também marca a despedida do ator Hugh Jackman ao personagem que o consagrou no cinema, o Wolverine. Com tantas despedidas era mesmo de se esperar por muito ansiedade por parte dos fãs. Depois que o filme foi lançado as reações foram muito boas, bem positivas. Falou-se até mesmo em obra prima! Será? Na verdade as reações de deslumbramento precisam baixar um pouco a bola. Tudo bem, concordo que "Logan" é um bom filme, mas qualificar como obra prima já é um pouco demais, coisa de fã mesmo. O roteiro não tem muitas novidades a não ser dois acontecimentos vitais para os que acompanharam essa saga por todos esses anos. Certamente o filme será lembrado para sempre como aquele em que Wolverine e o professor Charles Xavier chegaram ao fim de sua jornada. As mortes de dois personagens tão importantes realmente marcará esse filme pelos anos que virão. É o fim de um ciclo que começou e terminou bem - coisa cada vez mais rara em termos de franquias cinematográficas ultimamente.

Tirando isso porém temos um enredo comum, diria até banal. Logan vive uma crise existencial. Exagerando na bebida ele tenta ganhar a vida como motorista de limusines, enquanto tenta tratar o Professor Xavier que agora vive em uma velha instalação abandonada. O velho já está um pouco senil, abalado mentalmente. A vida medíocre de Logan sofre uma revés quando ele é procurado por uma mulher mexicana desconhecida. Ela quer sua ajuda. Ao trabalhar como enfermeira numa instalação secreta ela tomou contato com um grupo de crianças que não passavam de experimentos genéticos mutantes. Entre as crianças se encontra uma menina, com os mesmos poderes de Logan. Provavelmente seja sua filha. As crianças fogem e um grupo de brutamontes é enviado para localizar todas elas. Logan, mesmo sem querer, acaba se envolvendo bem no meio dessa caçada sangrenta. A espinha dorsal do roteiro é justamente essa: Logan fugindo e um grupo fortemente armado o perseguindo. Logan está ao lado da menina Wolverine e do Professor Xavier. Eles precisam sobreviver até chegarem a um lugar conhecido apenas como Éden. E isso é tudo. Por ter uma trama tão simples não consigo visualizar nada de muito especial em termos de roteiro. Nem os vilões me pareceram muito interessantes. O que acaba salvando o filme da banalidade completa é justamente o carisma de Hugh Jackman e Patrick Stewart (que também se despede da franquia). A garotinha filha de Logan é antipática e não cria muito empatia. Ela também segue muda por quase todo o filme.  Obviamente poderá até haver um link em relação aos garotos mutantes que surgem nesse filme, mas será que haverá algum interesse por eles futuramente? Duvido bastante. Assim, no final das contas, temos aqui uma despedida digna de todos esses personagens marcantes. Não é uma obra prima, repito, mas seguramente é um bom filme. Os fãs de Wolverine não terão muito o que reclamar, só os cinéfilos.

Logan (Logan, Estados Unidos, 2017) Direção: James Mangold / Roteiro: James Mangold, Scott Frank  / Elenco: Hugh Jackman, Patrick Stewart, Dafne Keen / Sinopse: Logan (Jackman) tenta deixar o passado para trás, mas esse se recusa a deixá-lo em paz. A máscara de Wolverine e suas façanhas não o deixam seguir em frente. Após ser procurado por uma mulher desconhecida ele descobre que há uma menina com os seus poderes. Agora ele terá que lutar para protegê-la de um grupo corporativo que realiza experiências genéticas em crianças no México.

Pablo Aluísio.

Sala Verde

Título no Brasil: Sala Verde
Título Original: Green Room
Ano de Produção: 2015
País: Estados Unidos
Estúdio: Broad Green Pictures
Direção: Jeremy Saulnier
Roteiro: Jeremy Saulnier
Elenco: Patrick Stewart, Anton Yelchin, Imogen Poots, Alia Shawkat, Kai Lennox, Samuel Summer
  
Sinopse:
Um grupo de jovens, membros de uma banda de hard rock, é contratado para tocar em um bar, frequentado por neonazistas e skinheads. O lugar é isolado, escondido na floresta, onde só entra gente barra pesada, racista, seguidores do White Power. Assim que eles começam a tocar são hostilizados pelo público, um bando de selvagens. Pior acontece logo após o show, pois um dos músicos acaba entrando sem querer em um quarto, onde uma garota acabou de ser morta, com uma facada na cabeça. Agora todos eles se tornam prisioneiros desse lugar mortal.

Comentários:
Achei bem fraca essa produção estrelada pelo ator Patrick Stewart. Ele interpreta o dono de um club barra pesada, onde se reúnem os seguidores dos mais variados movimentos de supremacia branca dos Estados Unidos. Nesse lugar rolam shows de rock pauleira, com punks violentos de todos os tipos. Ele não paga bem pelos concertos, mas sempre tem alguma banda nova que topa o convite. Uma dessas bandas acaba indo tocar lá, mas nos bastidores se encrenca ao testemunhar o corpo de uma garota que acabou de ser morta. Eles então tentam se mandar de lá, mas são impedidos por Darcy (Stewart), uma vez que agora todos eles são testemunhas de um crime de homicídio. Assim eles ficam presos numa sala, enquanto o gerente tenta descobrir o que fazer. Ele então toma a decisão de matar todos eles, em uma clara operação de queima de arquivo, só que os jovens reagem e assim começa um verdadeiro banho de sangue no club e na floresta que o cerca. Para piorar ainda mais a já critica situação, o lugar é usado como laboratório de fabricação de heroína e aí, como já se viu, tudo acaba se resumindo em se tentar manter vivo no meio do fogo cruzado. O roteiro é básico, com os homens comandados por Patrick Stewart tentando matar os jovens da banda, enquanto esses tentam sobreviver. Com 90 minutos de duração nisso se resume toda a sua trama. Fica complicado se importar muito com os jovens punks da banda de rock porque os personagens além de vazios são chatos demais. Um bando de garotos e garotas com cabelos pintados e aquele modo de ser bem idiotizado que caracteriza essa fase da vida de todo rebelde de butique. No saldo final o que temos nem é um filme tão sangrento e nem tão bom no quesito ação. O suspense não funciona, é inegavelmente bem fraco. É apenas um filme que procura entreter um pouco enquanto conta sua rasa história. Patrick Stewart, um ator tão talentoso, merecia algo bem melhor do que isso.

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 10 de março de 2017

Moonlight: Sob a Luz do Luar

Como não poderia deixar de ser, procurei assistir a esse "Moonlight: Sob a Luz do Luar" que se tornou o grande vencedor do Oscar 2017, levando para casa o prêmio de Melhor Filme do ano! Melhor filme do ano?! Olha, assisti muitos filmes nesse ano que passou e posso dizer, sem medo de ser injusto, que há dezenas de filmes bem melhores do que esse! Nem entre os concorrentes ao Oscar (nove ao total) "Moonlight" consegue se sobressair. Vou além, é um filme bem comum, com estrutura de roteiro bem banal, rotineiro, sem nada de excepcional. O filme conta a história de um jovem negro, desde sua infância, até sua vida adulta. Quando era apenas uma criança ele teve que lidar com uma realidade difícil. A mãe era viciada em crack, geralmente recebendo homens em sua própria casa para se prostituir, um verdadeiro caos familiar. Na escola a realidade também era a pior possível. Franzino, tímido e frágil, ele logo passou a ser alvo de bullying dos demais alunos. Para piorar ainda mais o jovem Chiron também era homossexual, o que lhe colocava numa situação até mesmo perigosa. O único que parecia se importar com ele era um traficante da região, Juan (Mahershala Ali), que paradoxalmente era um dos fornecedores de sua mãe viciada.

Eu explico a consagração desse filme nesse ano não baseado em méritos cinematográficos. Isso aconteceu porque no ano anterior não houve nenhum candidato ao Oscar que fosse negro. Assim a Academia fez uma média, trazendo todos os filmes sobre minorias que encontrou pela frente. "Moonlight" dessa maneira se tornou vencedor muito na base desse tipo de politicagem, dessa tentativa de soar o mais politicamente correto possível. É cansativo ter que lidar com isso. Na verdade o filme venceu o Oscar por fatores externos à obra em si. Olhando-se apenas para "Moonlight" pelo que ele apresenta, repito, você não verá nada de excepcional ou brilhante. Sigo afirmando que o melhor filme, dentre os concorrentes, ainda é, em minha opinião, "Um Limite Entre Nós" com Denzel Washington, só que a Academia não iria premiar o ator pois ele já havia sido premiado antes. Pois é, Denzel, apesar de ser negro e extremamente talentoso, já era bem sucedido demais para a Academia. Aqui o importante era mesmo premiar o vitimismo. Diante de tudo isso o meu veredito é bem simples: "Moonlight: Sob a Luz do Luar" é um bom filme, tem boas interpretações e alguns bons momentos, mas ele definitivamente não foi o melhor filme de 2016. Nem passou perto disso.  No fundo é apenas mais uma bandeira do politicamente correto e nada mais.

Moonlight: Sob a Luz do Luar (Moonlight, Estados Unidos, 2016) Direção: Barry Jenkins / Roteiro: Barry Jenkins, Tarell Alvin McCraney/ Elenco: Mahershala Ali, Ashton Sanders, Janelle Monáe, Naomie Harris / Sinopse: O filme conta a história de um jovem negro, da infância até a fase adulta, quando se torna um traficante de drogas que reencontra uma velha paixão do passado. Filme vencedor do Oscar nas categorias de Melhor Filme, Melhor Ator Coadjuvante (Mahershala Ali) e Melhor Roteiro Adaptado. Também vencedor do Globo de Ouro na categoria de Melhor Filme - Drama.

Pablo Aluísio.

A Arca de Noé

Título no Brasil: A Arca de Noé
Título Original: Noah's Ark 
Ano de Produção: 1999
País: Estados Unidos
Estúdio: CBS Pictures
Direção: John Irvin
Roteiro: Peter Barnes
Elenco: Jon Voight, Mary Steenburgen, F. Murray Abraham, Carol Kane, Mark Bazeley, Jonathan Cake
  
Sinopse:
Noé (Jon Voight) é um homem comum, justo e temente a Deus, que recebe uma mensagem divina. Ele deverá construir uma enorme arca para abrigar toda a sua família e casais de todos os animais porque Deus decidiu punir a humanidade com um grande dilúvio que irá dizimar do mundo todos os pecadores e blasfemos que nele habitam. Após receber sua missão Noé começa a árdua tarefa de construir sua arca.

Comentários:
Na verdade se trata de uma minissérie que foi exibida no canal CBS nos Estados Unidos e depois lançada no mercado de vídeo do Brasil em duas fitas VHS. A história é a clássica, tirada das páginas da Bíblia, da forma mais respeitosa e fiel possível. Os produtores optaram por realizar uma obra bem direcionada para o público mais religioso e cristão, sem licenças poéticas que poderiam ofender o espírito de crença dessas pessoas. Em termos de produção não há o que reclamar, tudo é muito bem realizado, inclusive com o uso de computação gráfica para dar veracidade ao enorme barco de madeira construído por Noé e seus filhos. Esse personagem aliás é interpretado pelo ator Jon Voight com bastante convicção. Voight, sempre tão talentoso, se esforçou bastante para realizar um bom trabalho de atuação, embora quem acabe chamando mais a atenção seja F. Murray Abraham como Lot. Esse foi seguramente um dos mais brilhantes atores de sua geração. Sua simples presença em cena já garante o filme como um todo. Então é isso. O que temos aqui é uma boa adaptação feita no final dos anos 90 sobre uma das mais conhecidas e populares histórias do velho testamento. Independente de se crer ou não, podemos garantir que a diversão estará garantida.

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 9 de março de 2017

Destinos Cruzados

Título no Brasil: Destinos Cruzados
Título Original: Random Hearts
Ano de Produção: 1999
País: Estados Unidos
Estúdio: Columbia Pictures
Direção: Sydney Pollack
Roteiro: Darryl Ponicsan
Elenco: Harrison Ford, Kristin Scott Thomas, Charles S. Dutton, Sydney Pollack, Peter Coyote, Richard Jenkins
  
Sinopse:
Após a morte de sua esposa em um acidente de avião, o policial William Van Den Broeck (Harrison Ford) resolve investigar mais a fundo. Entre outras coisas descobre que ela entrou no avião usando um nome falso, se fazendo passar por esposa de um advogado chamado Cullen Chandler (Peter Coyote). Ele, por sua vez, já era um homem casado, com Kay Chandler (Kristin Scott Thomas), candidata ao senado dos Estados Unidos. Ao seguir em frente, Broeck descobre que pode ter havido uma conspiração política envolvendo o acidente fatal.

Comentários:
Um bom filme, baseado no romance policial escrito por Warren Adler. Os livros desse autor seguem basicamente uma fórmula, onde um acontecimento que parece ser banal revela-se na verdade algo muito mais sinistro e complexo. Muitos podem pensar que é mais um daqueles filmes burocráticos que Harrison Ford rodou em sua longa filmografia. De certa maneira há um fundo de verdade nessa visão, principalmente por causa do estilo mais quadrado e convencional de se contar esse enredo. O filme porém se salva do lugar comum por causa da direção do mestre Sydney Pollack. Certamente essa fita passa longe de ser um dos seus melhores trabalhos no cinema, principalmente pelo fato de ser rotineiro, porém ele conseguiu imprimir uma bela edição e uma bonita fotografia ao filme como um todo, além de também aproveitar para atuar um pouquinho, algo raro em sua carreira. A trama, que segue interessante até o fim, também compensa o tempo que você levará para assistir a esse filme. Enfim, entre mortos e feridos até que o saldo é bem positivo. Uma diversão inteligente, acima de tudo.

Pablo Aluísio.

Filmes no Cinema - Edição X

Outra semana bem fraca em termos de estreias nos cinemas. Uma dos melhores filmes nem tem tanta vocação comercial assim. Trata-se do estranho "Cães Selvagens", um filme sobre bandidos e seus crimes, estrelado por Nicolas Cage e Willem Dafoe. Dirigido pelo veterano cineasta Paul Schrader, já escrevi sobre esse filme aqui no blog. Embora bem realizado, com bom roteiro, é bom deixar claro que não é uma fita para todos os públicos como alguns podem pensar. Não é um filme policial de ação tradicional, pelo contrário, suas pretensões artísticas podem surpreender aos fãs de filmes mais formulaicos e convencionais. 

O extremo oposto dessa fita é o fofinho "Os Smurfs e a Vila Perdida". Mais uma animação que traz para os cinemas esse grupo de personagens criados em 1958 pelo cartunista belga Peyo (quem se lembra dos desenhos deles nos anos 80?). Pois é, tudo é bem realizado, em uma fita obviamente indicada para as crianças. Não deixa de ser mais uma amostra da força das animações em longa-metragem. Poucas vezes na história do cinema tivemos tanto espaço no circuito comercial para esse tipo de filme. Sinal dos tempos em que vivemos.

Se você não quiser ser tão realista e selvagem ou tão bobinho, fique no meio termo com "A Cabana". Ora, filmes de terror e suspense com "cabana" no título podem cansar o cinéfilo logo de cara. Afinal isso tudo lembra aquela fórmula batida de jovens adolescentes perdidos no meio da floresta, em uma cabana, sendo aterrorizados. O roteiro desse aqui parece passar longe desse tipo de formulazinha. Estrelado por Sam Worthington, que ainda tenta se tornar um astro de primeira grandeza em Hollywood e com elenco de apoio de luxo com Octavia Spencer e Tim McGraw, o filme não parece ser tão ruim como parece. A conferir.

Depois desses três filmes, que prometem ocupar praticamente noventa por cento das salas, vem o time do segundo escalão comercial. O trio de veteranos Morgan Freeman, Michael Caine e Alan Arkin tentam chamar a atenção em "Despedida em Grande Estilo". O filme não foi bem sucedido nas bilheterias americanas e acusado de ser inocente e bobinho demais. Deve ser mesmo. Ainda assim pretendo assistir por causa do elenco que sempre merece, pelo menos, o devido respeito.

Para a turma cult três opções: "Argentina" de Carlos Saura é uma produção bem leve em termos de filmografia desse cineasta. O enredo mostra um grupo de jovens tentando vencer no mundo da dança e da cultura popular. O tom é de documentário. "Todas as Manhãs do Mundo" é um documentário mostrando as maravilhas da natureza. Por fim "Gaga - O Amor pela Dança" explora a companhia de dança Batsheva, de Israel. É praticamente uma obra de amor a essa arte. Um filme indicado para quem adora os bastidores do mundo da cultura.

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 8 de março de 2017

Comportamento Suspeito

Título no Brasil: Comportamento Suspeito
Título Original: Disturbing Behavior
Ano de Produção: 1998
País: Estados Unidos
Estúdio: Metro-Goldwyn-Mayer (MGM)
Direção: David Nutter
Roteiro: Scott Rosenberg
Elenco: Katie Holmes, James Marsden, Nick Stahl, Katharine Isabelle, Bruce Greenwood, Steve Railsback
  
Sinopse:
Recém chegado em uma nova cidade, o jovem Steve Clark (James Marsden) se matricula em seu novo colégio. Ele e a família deixaram tudo para trás, se mudando da cidade onde viviam, após a morte do irmão de Steve. Na nova escola ele logo percebe que os alunos fazem parte de panelinhas, grupinhos fechados onde poucos entram. Pior do que isso, ele passa a perceber que algo muito sinistro se esconde nos corredores daquele colégio.

Comentários:
Nos anos 90 surgiram vários filmes de terror com adolescentes. A maioria deles não tinha qualquer relevância ou qualidade. Costumo chamar esses filmes de "filhotes de pânico", já que todos eles eram tentativas de faturar em cima do sucesso do mais bem sucedido filme teen de terror da história, o próprio "Pânico". Meras imitações, sem muita importância. A grande maioria deles sequer chegou a ser lançado nos cinemas, indo parar diretamente nas prateleiras das locadoras de vídeos VHS. Esse "Disturbing Behavior" foi uma dessas fitinhas B, totalmente descartáveis, que chegaram ao mercado. O elenco é basicamente formado todos por jovens, muitos deles sem qualquer talento dramático. A única atriz que chegou a se sobressair foi justamente Katie Holmes, mas isso obviamente não por sua participação nesse filmezinho esquecível, mas sim porque ela já fazia sucesso na época na série de sucesso "Dawson's Creek" que curiosamente chegava nas telinhas justamente nesse mesmo ano de lançamento (1998) desse terror adolescente. O mais curioso de tudo é que apesar desse primeiro filme ser uma bomba, Katie Holmes continuou a investir nesse mesmo estilo, aparecendo em filmes de terror teen como "Tentação Fatal" e "O Dom da Premonição". De duas uma, ou só existiam oportunidades para jovens atrizes nesse tipo de horror pop descartável ou ela queria mesmo investir nesse tipo de produção em sua carreira no cinema. As duas opções porém não eram nada boas. Enfim, não há mais muito o que dizer. Esse "Comportamento Suspeito" é apenas produto não reciclável da década de 90. Melhor fazer como todo mundo fez e esquecer esse filme de uma vez por todas. É pura perda de tempo.

Pablo Aluísio.

A Qualquer Preço

Título no Brasil: A Qualquer Preço
Título Original: A Civil Action
Ano de Produção: 1998
País: Estados Unidos
Estúdio: Touchstone Pictures
Direção: Steven Zaillian
Roteiro: Jonathan Harr, Steven Zaillian
Elenco: John Travolta, Robert Duvall, Kathleen Quinlan, William H. Macy, John Lithgow, James Gandolfini
  
Sinopse:
O importante para o advogado Jan Schlittman (John Travolta) é realizar acordos lucrativos em ações judiciais, não procurar por justiça. Ele quer o caminho mais fácil, rápido e financeiramente recompensador. As coisas mudam porém quando Jan é contratado por um grupo de famílias que foram prejudicadas por causa do vazamento tóxico causada por uma grande empresa. Duas crianças morreram por causa disso. A situação sensibiliza o advogado, que agora sim procurará lutar por justiça a qualquer preço. Filme indicado ao Oscar nas categorias de Melhor Ator Coadjuvante (Robert Duvall) e Melhor Fotografia (Conrad L. Hall).

Comentários:
Muito bom esse filme baseado em fatos reais. O primeiro grande mérito desse roteiro é desmascarar e colocar por terra aquela velha imagem romântica (e um tanto boba) que os brasileiros imaginam do sistema judiciário americano. Tanto lá, como aqui, temos uma situação em que poder financeiro fala mais alto. Na ação civil que faz parte da espinha dorsal desse roteiro (por isso o filme se chama originalmente "A Civil Action") vemos a luta de um advogado comum contra uma corporação rica e influente dentro do sistema. Famílias inteiras foram prejudicadas, duas crianças morreram intoxicadas por causa da irresponsabilidade dessa mesma empresa, mas nem isso comove os senhores de toga do sistema judicial dos Estados Unidos. Uma boa amostra que a corrupção, os interesses escusos e outros descaminhos, também fazem parte da justiça americana (que os brasileiros inocentemente pensam ser perfeita e isenta de máculas). John Travolta poucas vezes esteve tão bem em um filme, mas quem acaba roubando o show nesse elenco é o veterano e talentoso Robert Duvall, que merecidamente recebeu mais uma indicação ao Oscar por sua atuação! E se você pensa que apenas esses dois nomes chamam a atenção no elenco está bem enganado, o luxuoso elenco de apoio traz ainda atores excelentes como, por exemplo, William H. Macy, John Lithgow e James Gandolfini. Em suma um filme de tribunal bem acima da média, mostrando toda a sordidez que se pode encontrar pelos tribunais da vida. Muito recomendado.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 7 de março de 2017

Bem-Amada

Título no Brasil: Bem-Amada
Título Original: Beloved
Ano de Produção: 1998
País: Estados Unidos
Estúdio: Touchstone Pictures
Direção: Jonathan Demme
Roteiro: Akosua Busia
Elenco: Oprah Winfrey, Danny Glover, Yada Beener
  
Sinopse:
Durante o ano de 1873 a ex-escrava, agora liberta, Sethe (Oprah Winfrey), reencontra um velho conhecido, ainda dos tempos da escravidão numa grande plantation conhecida ironicamente como "Doce Lar". O velho  Paul (Danny Glover) que apenas um lugar sossegado e tranquilo para passar os últimos anos de sua vida. O que era apenas paz acaba se tornando misterioso com a chegada de uma jovem conhecida apenas como Beloved (Thandie Newton), que definitivamente não é uma garota normal, como todas as outras. Filme indicado ao Oscar na categoria de Melhor Figurino (Colleen Atwood).

Comentários:
O povo brasileiro em geral não sabe quem é Oprah Winfrey. Isso é fácil de entender já que ela é uma estrela da TV americana, mais conhecida em seu próprio país. Pois bem, uma tentativa de Oprah em atingir outros públicos foi justamente aqui nesse filme, que tem como tema central o período da escravidão negra nos Estados Unidos durante o século XIX. É em termos gerais um bom filme, com ótima produção, bela reconstituição histórica, tudo que um espectador de bom gosto poderia exigir. O roteiro, por mais curioso que possa ser, também tenta explorar um pouco do misticismo que havia nessas grandes plantações de algodão do sul, onde a mão de obra escrava enriquecia os senhores da plantação, donos das terras a perder de vista. Talvez para não polemizar muito, talvez para não ofender certa parcela de seu público, Oprah preferiu deixar de lado os temas mais relacionados à questão racial de lado. Não é um filme com um certo rancor dos brancos, nem levanta bandeiras ideológicas, no fundo é mesmo um bom drama, passado em uma época particularmente complicada para os afro-americanos. Vale a pena conferir. 

Pablo Aluísio.

Perseguindo Abbott

Título no Brasil: Perseguindo Abbott
Título Original: Survivor
Ano de Produção: 2015
País: Estados Unidos, Inglaterra
Estúdio: Lionsgate
Direção: James McTeigue
Roteiro: Philip Shelby
Elenco: Pierce Brosnan, Milla Jovovich, Angela Bassett, James D'Arcy, Dylan McDermott, Robert Forster
  
Sinopse:
A embaixada americana em Londres tem uma nova agente de imigração chamada Kate Abbott (Milla Jovovich). Assim que ela começa a trabalhar percebe que há algo errado no serviço de emissão de vistos para os Estados Unidos. Um grupo de pessoas suspeitas estão sendo claramente protegidas por algum figurão. Ela parece disposta a descobrir o que de fato estaria acontecendo, mas antes disso descobre que está na mira de um perigoso assassino profissional disposto a tudo para tirá-la do meio do caminho dos terroristas que querem entrar nos Estados Unidos de todas as maneiras possíveis.

Comentários:
O filme é de rotina. Uma fita de ação sem maiores novidades. O grande atrativo é reencontrar o ator Pierce Brosnan em um papel que lembra até mesmo seus antigos filmes como James Bond. Claro, aqui ele não é um agente secreto, mas sim um assassino profissional conhecido como "O Relojoeiro" que acaba sendo contratado por um grupo de terroristas. Seu palco de batalha são as ruas de Londres, que acabaram sendo muito bem fotografadas aqui. Brosnan ainda mantém o charme, apesar do peso da idade que vai se tornando cada vez mais óbvio. Ele sai pelas ruas da capital inglesa portando uma arma com silenciador, procurando eliminar a agente Kate Abbott, interpretada pela sempre péssima Milla Jovovich. Mesmo após tantos anos Milla não parece ter melhorado em nada, o que não deixa de ser um viés para o filme como um todo. Como o matador de Brosnan se torna bem mais interessante do que ela (e até mais carismático, apesar de ser um sujeito frio e psicopata), acabamos torcendo para o lado errado - o que demonstra que há algo de errado na escolha do elenco! Tirando a clara incapacidade da atriz principal, o que sobra é um bom thriller de ação e perseguição. Duas cenas de destacam no meio da correria e explosões: um ataque planejado e executado por Brosnan em um pequeno restaurante londrino e um tiro certeiro (e mais do que explosivo) na fachada de um prédio residencial que acaba em colapso completo. Enfim, nada demais você encontrará nessa produção, apenas diversão ligeira, o que atualmente acaba sendo até mesmo muito bem-vinda.

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 6 de março de 2017

Animais Noturnos

Título no Brasil: Animais Noturnos
Título Original: Nocturnal Animals
Ano de Produção: 2016
País: Estados Unidos
Estúdio: Focus Features
Direção: Tom Ford
Roteiro: Tom Ford
Elenco: Amy Adams, Jake Gyllenhaal, Michael Shannon, Aaron Taylor-Johnson, Laura Linney, Michael Sheen
  
Sinopse:
Baseado no romance escrito por Austin Wright, o filme "Animais Noturnos" conta a história de Susan Morrow (Amy Adams). Trabalhando em uma galeria de arte, ela começa a se sentir frustrada em sua vida pessoal e profissional. Sua galeria não vai bem e seu marido vai se tornando cada vez mais distante. Nesse ponto de sua vida ela começa até mesmo a se questionar se o ama de verdade e se tomou a decisão certa ao se casar com ele. Ao receber o manuscrito do novo livro escrito por seu ex-marido, Edward Sheffield (Jake Gyllenhaal), ela começa a entrar em uma grande crise existencial sobre as escolhas que fez ao longo de sua vida. Filme indicado ao Oscar na categoria de Melhor Ator Coadjuvante (Michael Shannon). Vencedor do Globo de Ouro na categoria de Melhor Ator Coadjuvante (Aaron Taylor-Johnson).

Comentários:
Muito se falou sobre a injustiça de não se ter indicado a atriz Amy Adams ao Oscar. Ela realmente está em uma fase excepcional na sua carreira, sendo que em 2016 ela poderia ter sido facilmente indicada ao prêmio de melhor atriz tanto por seu excelente trabalho em "A Chegada" como por esse "Animais Noturnos". Ambas as indicações seriam merecidas. Em relação a esse papel, ela se sobressai ao interpretar uma mulher que em determinado momento de sua vida fica em dúvida sobre as escolhas que fez. Ela teve uma paixão no passado que foi boicotada por sua família, já que o rapaz era um escritor fracassado e pobre. Certamente ela gostava bastante dele, mas pressionada pela mãe, que dizia ser sua escolha um homem considerado romântico e fraco demais, acabou optando por um bonitão que conheceu na universidade, um sujeito frio e bastante vazio. Com problemas na empresa (ela dirige uma galeria de arte), tudo piora quando seu ex resolve lhe mandar o manuscrito de seu novo romance, intitulado "Animais Noturnos" para ela ler em primeira mão. O livro é inclusive dedicado a ela. 

Assim o roteiro começa a explorar duas linhas narrativas: a primeira com Amy lendo o tal romance e a segunda mostrando a própria história do manuscrito escrito por Edward, o escritor fracassado, interpretado por Jake Gyllenhaal. Com isso temos na verdade dois gêneros cinematográficos convivendo no mesmo filme, com um drama existencial em primeiro plano (a vida da personagem de Amy Adams) e a trama de assassinato e brutalidade, exposta no livro que ela lê. Tudo muito bom, bem costurado por um roteiro extremamente eficiente. No quadro geral o filme se destaca por explorar o lado do arrependimento, da busca por uma redenção pelos erros do passado. O próprio enredo do manuscrito que a protagonista lê é, no fundo, uma metáfora sobre a conturbada relação que ela teve com seu autor no passado. O personagem que se sobressai lá é um pai de família que se vê numa situação extrema e que em seu final precisa provar que não é um fraco, um homem sem brio. Tudo o que a mãe de Adams o acusava de ser. Tecnicamente bem acima da média, com subtexto inteligente, esse filme certamente merecia um melhor reconhecimento por parte da academia.

Pablo Aluísio.

O Instituto

Supostamente baseado em fatos reais, o filme mostra um instituto de tratamento psiquiátrico do século XIX que tinha a proposta de tratar mulheres com problemas mentais. Usando de métodos científicos avançados para a época, o lugar acabou virando referência. Depois da morte de seus pais, abalada e fragilizada emocionalmente, a jovem Isabel Porter (Allie Gallerani) resolve passar uma temporada na instituição. Ela pensa que o lugar na verdade seria uma espécie de spa mais sofisticado, só que ela estava completamente equivocada sobre isso. Ao ser internada ela passa aos cuidados do Dr. Cairn (James Franco), um psiquiatra que aparente ser um médico comum. Por trás da fachada de profissional respeitado se esconde um sujeito completamente sádico e insano que vai colocar a sanidade mental de sua paciente no limite. Ele desconstrói a personalidade de Isabel, a manipulando psicologicamente de todas as formas. O resultado acaba sendo o pior possível.

Esse filme me pareceu como uma tentativa de voltar ao passado. De certa maneira ele me lembrou dos antigos filmes da Hammer dos anos 70, só que sem o mesmo charme e criatividade. O roteiro avança muito na esquisitice, colocando no meio do caminho uma estranha e bizarra seita de rituais satânicos que usa como sacrifícios humanos as pobres garotas que estão internadas no tal instituto. Esse exagero em seu enredo faz com que o filme perca todo o seu potencial de assustar. Isso se dá em razão do absurdo que vai se tornando cada vez mais frequente. Como se não bastassem todos aqueles homens fazendo rituais ridículos de satanismo que não convencem ninguém, ainda temos que aturar um James Franco usando um bigode postiço, tentando se passar como médico de filmes de terror. É uma caracterização absurda e nada convincente também.

O filme assim é bem fraco. Todo o potencial de se criar horror dentro de uma instituição psiquiátrica se perde. A caracterização histórica não é boa e os atores não parecem bem inseridos dentro da trama. O roteiro não é nada original, usando de clichês ridículos, com direito até mesmo a uma assistente corcunda e sinistro. James Franco produziu, dirigiu e atuou nesse projeto bem pessoal. Não sei quais eram suas verdadeiras intenções, só sei dizer que tudo acabou sendo muito mal executado. Ele é mais divertido em suas comédias sobre maconheiros da Califórnia. Nunca deveria ter tentando entrar nesse tipo de filme de terror. Definitivamente não é a sua praia.

O Instituto (The Institute, EUA, 2017) Direção: James Franco, Pamela Romanowsky / Roteiro: Adam Rager, Matt Rager / Elenco: Allie Gallerani, James Franco, Vincent Alvas, Pamela Anderson, Carmen Argenziano / Sinopse: Jovem da aristocracia resolve passar uma temporada em uma instituição psiquiátrica no século XIX sem saber que o lugar na verdade é uma hospício, onde a tortura e a violência são constantemente usados contra as pacientes internadas.

Pablo Aluísio.

domingo, 5 de março de 2017

X-Men 2

Título no Brasil: X-Men 2
Título Original: X-Men 2
Ano de Produção: 2003
País: Estados Unidos
Estúdio: Marvel Studios
Direção: Bryan Singer
Roteiro: Zak Penn, David Hayter
Elenco: Famke Janssen, Patrick Stewart, Hugh Jackman, Ian McKellen, Halle Berry, Anna Paquin, Rebecca Romijn
  
Sinopse:
O grupo de mutantes conhecidos como X-Men são liderados pelo professor Charles Xavier (Patrick Stewart). Eles agora precisam enfrentar um novo desafio, um mutante assassino que está colocando em risco a vida do presidente dos Estados Unidos, ao mesmo tempo em que espalha terror e destruição por onde passa. Seu maior objetivo é destruir a escola de mutantes dirigida pelo professor Xavier. Quem será ele? Filme indicado ao Empire Award UK na categoria de Melhor ator (Hugh Jackman). Também indicado ao MTV Movie Awards.

Comentários:
Primeira continuação das aventuras do X-Men no cinema, ao custo de 110 milhões de dólares! É a tal coisa. Nunca fui leitor de quadrinhos, por isso não conheço muito os mutantes dos gibis, assim os filmes sempre foram praticamente minha única aproximação com esse universo criado por Stan Lee. De modo em geral eu gosto desses filmes com os X-Men. Claro, para quem nunca leu o material original, as coisas podem parecer um pouco mais complicadas, mas no quadro geral o roteiro explora mesmo essa situação de dualidade entre ter poderes especiais ao mesmo tempo em que se é alvo de discriminações na sociedade. Embora os roteiros desses filmes não fossem lá grande coisa, eles acabavam se salvando pelo elenco (sempre muito bom, bem escolhido) e pelos efeitos visuais (que, como sabemos, logo se tornam datados por causa do avanço da tecnologia, o que não deixa de ser uma pena). Outro aspecto que sempre me chamou atenção nessa franquia era o fato da extrema importância dada pelos roteiros à personagem de Jean Grey! Interpretada pela atriz Famke Janssen (que nunca conseguiu ter uma grande carreira no cinema). Se formos pensar bem a Grey, no final das contas, é sempre a protagonista das estórias, deixando personagens bem mais populares (e clássicos) como Wolverine e o próprio Professor Charles Xavier em segundo plano! Talvez os fãs dos quadrinhos possam explicar melhor. Para mim, por outro lado, sempre foi um aspecto que me impressionou. Então é isso, em tempos de lançamento de "Logan" nos cinemas, que traz a despedida final do ator Hugh Jackman de Wolverine, é sempre bom rever os antigos filmes da série. Não há nenhuma obra prima nessa franquia, nada é muito espetacular, mas sem dúvida todos os filmes acabam se tornando uma boa diversão.

Pablo Aluísio.

Instinto

Título no Brasil: Instinto
Título Original: Instinct
Ano de Produção: 1999
País: Estados Unidos
Estúdio: Spyglass Entertainment, Touchstone Pictures
Direção: Jon Turteltaub
Roteiro: Gerald Di Pego
Elenco: Anthony Hopkins, Cuba Gooding Jr., Donald Sutherland
  
Sinopse:
Após dois anos perdido na selva de Ruanda, na África, o pesquisador Dr. Ethan Powell (Anthony Hopkins) é finalmente encontrado. Ele não parece bem psicologicamente falando. Ao que tudo indica ele perdeu sua capacidade de se comunicar, agindo como um animal selvagem. Um caso que é passado para o psiquiatra Dr. Theo Calder (Cuba Gooding Jr.), que começa a procurar por uma resposta médica para a estranha condição de seu paciente. Estaria realmente louco ou tudo seria fruto de algum trauma psicológico que sofreu? 

Comentários:
Embora considere Anthony Hopkins um dos melhores atores de sua geração, nunca consegui gostar desse filme. Na verdade considero essa produção a mais equivocada de toda a sua carreira. É um filme com roteiro muito ruim, história sem pé e nem cabeça... e o pior de tudo: uma canhestra interpretação do próprio Hopkins. É muito complicado entender como um ator tão sofisticado e elegante como ele aceitou interpretar um personagem basicamente físico, sem nenhuma nuance maior em termos psicológicos. Tudo é muito mal desenvolvido e nem o bom elenco de apoio (contando com, entre outros, Donald Sutherland) consegue salvar o filme do desastre completo. Eu me recordo que quando aluguei o filme (ainda nos tempos das locadoras de vídeo VHS) não pude deixar de ficar muito surpreso pela má qualidade do filme como um todo. É algo obsoleto, sem razão de ser. Inegavelmente é um passo em falso na brilhante filmografia de Anthony Hopkins! Infelizmente ninguém é perfeito, nem os grandes atores da história do cinema. Só podemos lamentar no final das contas.

Pablo Aluísio.

sábado, 4 de março de 2017

Assassin's Creed

Título no Brasil: Assassin's Creed
Título Original: Assassin's Creed
Ano de Produção: 2016
País: Estados Unidos, Inglaterra
Estúdio: Regency Enterprises
Direção: Justin Kurzel
Roteiro: Michael Lesslie, Adam Cooper
Elenco: Michael Fassbender, Marion Cotillard, Jeremy Irons, Charlotte Rampling, Brendan Gleeson
  
Sinopse:
Durante séculos cavaleiros templários e assassinos (um grupo rival) se enfrentam na Europa. Agora eles estão em luta para colocar as mãos em um artefato histórico poderoso, a maçã do Éden, que se acredita ser o mesmo citado no livro do gênesis. Para saber o lugar exato onde foi parar a maçã, os templários criam uma tecnologia inovadora que permite sondar a memória genética dos atuais descendentes dos antigos assassinos.

Comentários:
Mais uma adaptação de games. Como não jogo videogames não conhecia muito bem esse universo de "Assassin's Creed". Assim tudo soou como novidade. Basicamente se trata de uma luta secular entre cavaleiros templários (sim, no filme eles ainda existem e são bem atuantes) e os assassinos. Cal Lynch (Michael Fassbender) é descendente de Aguilar, um notório assassino do passado que sabia onde havia ido parar a tal maçã do Éden. Com o uso da tecnologia ele será analisado geneticamente para sondar as memórias de seu antepassado, ajudando os templários a descobrirem o paradeiro do tal artefato religioso. Lendo assim até parece algo bem interessante nesse nicho de fantasia e aventura. É bom não ir criando muitos expectativas sobre isso. O roteiro é bem vazio, a questão histórica nunca é muito bem explorada e tudo se resume em justificativas para uma série de cenas de ação. Os tais assassinos, por exemplo, nunca explicam direito sua causa. Eles apenas combatem os cavaleiros templários, que por sua vez, querem ter todo o poder do mundo. Michael Fassbender não tem muito o que fazer, a não ser suprir as exigências físicas de seu personagem. O aspecto histórico é desperdiçado e esse é apenas um dos problemas do filme. Com locações passadas em antigos monumentos religiosos da Espanha, era de se esperar que o filme tivesse uma fotografia mais bonita, mas os produtores trocaram as belezas naturais pelo simples uso da computação gráfica (parecendo mais um game do que um filme de verdade). No fim tudo se torna bem cansativo, ainda mais porque o diretor Justin Kurzel optou por fazer um filme longo demais, absurdamente enrolativo. Filmes baseados em games precisam de agilidade, porque esse não é um público acostumado a filmes lentos e parados. Além disso o público alvo desse filme não tem a interatividade própria dos games, o que piora ainda mais a situação. Enfim, é isso. Só recomendo para gamers e adolescentes. Se por acaso você estiver em busca de algo histórico, esqueça! Esse filme não terá nada para lhe oferecer.

Pablo Aluísio.

Sempre Amigos

Título no Brasil: Sempre Amigos
Título Original: The Mighty
Ano de Produção: 1998
País: Estados Unidos
Estúdio: Miramax
Direção: Peter Chelsom
Roteiro: Charles Leavitt
Elenco: Sharon Stone, Kieran Culkin, Gena Rowlands, Elden Henson, John Bourgeois, Rudy Webb
  
Sinopse:
Um garoto gordinho e solitário, que sempre foi vítima de bullying, acaba encontrando a amizade verdadeira ao conhecer um menino que sofre de uma doença degenerativa. Juntos eles sonham e brincam como se estivessem na corte do lendário Rei Arthur. Filme indicado ao Globo de Ouro na categoria de Melhor Atriz - Drama (Sharon Stone). Também indicado na categoria de Melhor Música ("The Mighty" de Sting e Trevor Jones).

Comentários:
Adaptação para o cinema da novela dramática escrita por Rodman Philbrick. Eis aqui um bonito drama produzido e bancado pela atriz Sharon Stone. Ela emprestou sua fama e seu prestígio dentro do cinema para divulgar esse drama bem humano, muito embora sua personagem tenha pequena participação dentro da trama. Curiosamente por esse pequeno papel Sharon acabou sendo indicada a vários prêmios por sua atuação, em especial o Globo de Ouro. Para uma atriz como ela, que sempre foi considerada apenas uma estrela de Hollywood que venceu na carreira por sua beleza foi uma mudança e tanto nos ares de sua filmografia. De qualquer forma os verdadeiros astros desse elenco são as crianças, o elenco juvenil e mirim. Eles roubam as atenções pois apesar de serem ainda bem jovens demonstram grande talento em cena. Um aspecto curioso é a presença e atuação de Kieran Culkin, membro menos conhecido da família Culkin, irmão mais jovem de Macaulay Culkin.

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 3 de março de 2017

Um Limite Entre Nós

Que Denzel Washington é um dos mais talentosos atores do cinema americano atual, isso todos os cinéfilos já sabem. O que não se esperava é que ele poderia ir além, subir um degrau acima. Pois nesse novo filme "Fences" ele conseguiu. Posso dizer, sem medo de me equivocar, que essa é a grande interpretação da carreira de Denzel. Nunca vi nada igual em sua filmografia antes e olha que sou fã desse ator há muitos anos. Ele está realmente magistral na pele de Troy Maxson, um trabalhador comum que tenta sobreviver dia a dia, apesar de todos os desafios que precisa enfrentar. Não se trata de um herói, Troy na verdade está mais para um daqueles personagens trágicos e humanos criados por Tennessee Williams. Ele tem muitos defeitos, inúmeros deles, mas a despeito disso se torna uma figura grandiosa, marcante, mesmo com todos os aspectos desprezíveis de sua personalidade. Troy tem um relacionamento conturbado, realmente difícil, com os filhos. Sua visão cruel do mundo, a absorção de seus fracassos pessoais, suas falhas de caráter e sobretudo seu casamento nada perfeito com a sofrida esposa Rose (em magistral interpretação da atriz Viola Davis) selam o conjunto desse excepcional personagem, um verdadeiro presente para Denzel Washington. Depois de assistir a essa sua atuação posso afirmar, sem qualquer medo de errar, que a sua não premiação na última noite do Oscar foi seguramente uma das grandes injustiças do prêmio em sua história. Um absurdo Denzel não ter sido premiado como melhor ator por esse filme! Ele incorporou Troy de uma maneira quase sobrenatural. Esqueça o Denzel que você conhece, aqui ele está quase irreconhecível pois é um trabalho ímpar em sua carreira. Fantástica atuação!

O roteiro tem claramente uma estrutura teatral, até porque foi baseado na peça escrita por August Wilson. Ele captou como poucos o cotidiano de uma família negra na América dos anos 1950. O pai, um jogador de beisebol fracassado, precisa lidar todos os dias com o que o destino lhe reservou. Nada de fama, nada de riquezas e nem sucesso, apenas o trabalho duro para sustentar sua família. O interessante é que ao lado das amarguras de sua vida ele ainda consegue criar uma áurea muito rica, até mesmo divertida, quando se mete a contar velhas histórias absurdas, mentiras deslavadas, que vão se tornando engraçadas com o passar dos anos. Tudo para escapar do tédio da vida cotidiana. Com isso Denzel acabou tendo alguns dos melhores diálogos já escritos para declamar em cena. Magistral! Todos os personagens em cena - basicamente uma família negra, com alguns amigos - são extremamente bem desenvolvidos. Desde a presença opressiva de Troy, passando por sua esposa Rose, representando todas as dificuldades da vida de uma esposa e mãe, seus filhos e até mesmo seu irmão, um homem com problemas mentais causados por ferimentos de guerra, em brilhante atuação do ator Mykelti Williamson. Tudo se encaixa excepcionalmente bem na trama. De todos os filmes que concorreram ao Oscar na categoria de Melhor Filme esse é, até o momento, o melhor que assisti. Não ter vencido em mais categorias é uma prova da politicagem rasteira que impera na academia. Se o critério fosse puramente meritório, com certeza "Fences" teria tido uma sorte melhor. Grande filme, realmente imperdível.

Um Limite Entre Nós (Fences, Estados Unidos, 2016) Direção: Denzel Washington / Roteiro: August Wilson / Elenco: Denzel Washington, Viola Davis, Stephen Henderson, Jovan Adepo, Russell Hornsby, Mykelti Williamson / Sinopse: Troy (Denzel Washington) é um pai de família que trabalha como lixeiro na cidade onde vive. Além das dificuldades do trabalho duro, ele ainda precisa lidar com todos os problemas familiares que vão surgindo em sua vida, sempre com uma visão peculiar, própria, do mundo. Filme premiado no Oscar e no Globo de Ouro na categoria de Melhor Atriz Coadjuvante (Viola Davis). Também indicado ao Oscar nas categorias de Melhor Ator (Denzel Washington), Melhor Roteiro Adaptado e Melhor Filme.

Pablo Aluísio.

Mickey Olhos Azuis

Título no Brasil: Mickey Olhos Azuis
Título Original: Mickey Blue Eyes
Ano de Produção: 1999
País: Estados Unidos, Inglaterra
Estúdio: Castle Rock Entertainment
Direção: Kelly Makin
Roteiro: Adam Scheinman, Robert Kuhn
Elenco: Hugh Grant, James Caan, Jeanne Tripplehorn, Burt Young, James Fox, Gerry Becker
  
Sinopse:
Michael Felgate (Hugh Grant) é um pacato funcionário de uma loja de leilões que vê seu mundo ficar de ponta cabeça após se apaixonar por Gina Vitale (Jeanne Tripplehorn), a filha de um chefão da máfia italiana chamado Frank Vitale (James Caan). Agora ele terá que lidar com a delicada situação, lutando por aquela que ele pensa ser o amor de sua vida.

Comentários:
Comédia simpática que brinca com o mundo da máfia italiana. Obviamente o roteiro foi escrito especialmente para ser estrelado por Hugh Grant. Ao longo da carreira ele se especializou em interpretar ingleses tímidos e sofisticados que eram colocados em situações embaraçosas, constrangedoras. O roteiro desse filme segue essa mesma fórmula. De um lado o estilo mais refinado de Grant, aqui como um leiloeiro bem educado, que só lida em seu dia a dia com pessoas extremamente educadas e elegantes, do outro o modo de ser rude e muitas vezes violento do mafioso Frank Vitale (James Caan), um sujeito cujo caráter foi firmado nas ruas, na violência do cotidiano de uma grande cidade americana infestada de gangsters por todos os becos. E o filme é basicamente isso. Diverte e tem cenas até bem engraçadas, como a do restaurante chinês. Especialmente indicado para o fã clube de Hugh Grant, que hoje em dia anda bem sumido das telas de cinema (pois sua última aparição digna de nota foi em "O Agente da U.N.C.L.E.").

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 2 de março de 2017

Crime Verdadeiro

Título no Brasil: Crime Verdadeiro
Título Original: True Crime
Ano de Produção: 1999
País: Estados Unidos
Estúdio: Warner Bros
Direção: Clint Eastwood
Roteiro: Larry Gross
Elenco: Clint Eastwood, James Woods, Isaiah Washington, LisaGay Hamilton, Denis Leary, Bernard Hill
  
Sinopse:
Condenado à pena de morte pela acusação de ter matado uma mulher branca que estava grávida, o prisioneiro negro Frank Louis Beechum (Isaiah Washington) está a poucos dias de sua execução na cadeira elétrica. É justamente nesse momento que o jornalista Steve Everett (Clint Eastwood) é indicado para cobrir sua morte. A questão é que Steve desconfia que Frank Louis na verdade é um homem inocente, acusado de um crime que nunca cometeu. Ele passa então a ir mais a fundo na elucidação do assassinato, descobrindo coisas escabrosas em sua matéria investigativa.

Comentários:
Mais um bom filme lançado por Clint Eastwood que de certa maneira foi esquecido. É curioso o fato de que, embora Eastwood tenha dirigido bons filmes anos anos 90 (inclusive algumas obras primas), nada dessa época parece ter ficado marcado na mente para o público em geral. Muitos filmes caíram no esquecimento rapidamente. Esse "True Crime" é um exemplo. A trama é ótima, muito bem escrita, com toques de suspense e tensão que vão até a última cena, mas nada parece ter salvo a produção de ter caído na vala comum do esquecimento dos cinéfilos. Pouca gente lembrará, até porque Clint não interpreta um personagem marcante como Dirty Harry, por exemplo. O seu protagonista é praticamente uma pessoa comum, um jornalista que descobre haver uma conspiração envolvendo muitas pessoas importantes. Por trás de tudo uma falsa acusação envolvendo um negro, condenado à morte com um crime que não cometeu. Por causa de seu roteiro o filme chegou a ser indicado a um prêmio no Black Reel Awards, uma premiação de cinema que visa premiar e reconhecer obras cinematográficas que trazem mensagens importantes para o movimento negro americano. Aliás o filme levanta um ponto bem relevante nesse aspecto: a maioria dos condenados à morte nos Estados Unidos são negros e pobres, muitos deles não ganham um julgamento justo, geralmente sendo defendidos por advogados pagos pelo Estado. O resultado é que a maioria dos que estão presos hoje na América são desamparados pelo sistema judiciário. Os próprios operadores do direito muitas vezes os tratam como seres humanos de segunda categoria. Clint Eastwood assim chama a atenção para esse fato social completamente condenável.

Pablo Aluísio.