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segunda-feira, 7 de fevereiro de 2022

Os Caminhos para a Liberdade

A história começa em uma fazenda no Sul dos Estados Unidos. Tempos de escravidão. Os escravos trabalham nos campos de algodão. As vastas terras pertencem a dois irmãos. Um deles é um sujeito mais humano, que trata melhor seus escravos. Deixa que celebrem suas festas, cantem suas músicas. O outro é um escravocrata cruel e desumano, capaz dos piores atos de tortura e violência. Chega ao ponto de queimar vivo um escravo que tentou escapar. Para infortúnio daquelas pessoas o irmão mais benevolente morre de um ataque fulminante do coração. Sobra o outro, o pior deles, um sujeito sádico e cruel. Além de torturador também é um estuprador das jovens meninas escravas de suas terras. A situação se torna tão insuportável que um homem e uma adolescente decidem fugir. Há rumores que existe uma ferrovia ali pela região que os levaria até o Norte, onde a escravidão já não mais existia. E eles decidem arriscar tudo pela liberdade.

Essa série é muito bem produzida e realizada. Tem um roteiro muito bem estruturado mostrando a dura realidade de um modo de produção escravista. O cenário é formado por aquelas grandes fazendas do passado, propriedade de escravocratas, homens violentos e desumanos que exploravam o trabalho dos negros traficados da África. Essas pessoas eram exploradas ao máximo e o senhor das terras tinha direito de vida ou morte sobre cada um deles. Um triste capítulo da história humana.

Os Caminhos para a Liberdade (The Underground Railroad, Estados Unidos, 2021) Direção: Barry Jenkins / Roteiro: Jihan Crowther, Colson Whitehead / Elenco: Thuso Mbedu, Chase Dillon, Joel Edgerton, Aaron Pierre / Sinopse: Em uma fazenda de escravos no Sul dos Estados Unidos, alguns escravos lutam pela liberdade, fugindo em busca de uma ferrovia que lhes daria a tão sonhada liberdade.

Pablo Aluísio. 


Guia de Episódios - Os Caminhos para a Liberdade:

Os Caminhos para a Liberdade 1.02 - Chapter 2: South Carolina
Cora e Ceaser estão livres. Eles chegam em uma cidade da Carolina do Noite onde não existe mais a escravidão. Ceaser começa a trabalhar numa fábrica. Depois arranja emprego como assistente de um médico. Cora ganha um salário como figurante em um museu que retrata a escravidão. Só que as coisas que parecem tão bem escondem algo sombrio. Crianças, filhos de mulheres negras, estão sumindo. Além disso há suspeitas que estão envenenando a população negra da cidade. Algo bem complicado, se for verdade só resta fugir. E para piorar ainda mais a situação há um caçador de escravos fugitivos na cidade. O perigo está chegando perto. / Os Caminhos para a Liberdade 1.02 - Chapter 2: South Carolina (Estados Unidos, 2021) Direção: Barry Jenkins / Roteiro: Jihan Crowther / Elenco: Thuso Mbedu, Chase Dillon, Joel Edgerton.

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 14 de março de 2019

Se a Rua Beale Falasse

O filme acabou sendo bem decepcionante. Nada do que eu estava esperando. A simples menção da Rua Beale no título me fez pensar imediatamente na música negra americana. Para quem gosta da música dos anos 50 e 60 essa associação é bem óbvia. Foi justamente nesse lugar que tivemos o berço do jazz e de tantos outros gêneros musicais importantes. Por isso pensei que o filme teria pelo menos uma rica trilha sonora de época, da primeira à última cena. Passou longe disso. O filme decepciona completamente nesse aspecto. É um drama pesado na verdade, mostrando um jovem casal de negros americanos no começo de seu relacionamento. Ela tem 19 anos de idade, ele 22. Estão apaixonados, mas não possuem qualquer tipo de estabilidade financeira para entrar em um casamento, apressado e fora de hora.

Daí começam os problemas. Ela fica grávida, ele vai preso, acusado de estuprar uma mulher latina. Com tudo contra, eles ainda assim resolvem enfrentar a situação - terrível para qualquer casal, é bom salientar. O nível de dramaticidade do filme é realmente acentuado. Não existem alívios ou situações amenas. Alivio cômico? Nem pensar. É um filme que vai soar até mesmo um pouco familiar para muitas jovens famílias brasileiras, com gravidez na adolescência, encarceramento de jovens negros, etc. Essa realidade poderia ser transportada para qualquer periferia pobre do nosso país que não haveria maiores diferenças na história. O mesmo drama social, o mesmo descaso. Seu maior problema é a duração, o que torna o filme um pouco arrastado e com bons momentos apenas pontuais. Com duração excessiva, achei tudo um tanto cansativo.

O filme concorreu a três categorias no Oscar. O diretor e roteirista Barry Jenkins foi indicado ao Oscar por melhor roteiro adaptado. Não venceu. Provavelmente sua mão pesada para o texto contribuiu para a derrota. Quem acabou vencendo foi Regina King por melhor atriz coadjuvante. Prêmio merecido? Sinceramente, não. Seu papel é relativamente pequeno e só tem uma cena mais forte, digna de nota. Provavelmente os membros da academia a escolheram por uma questão social, de valorizar o trabalho do elenco negro do filme. Não era necessário esse tipo de voto. Enfim, temos aqui um filme socialmente consciente, pesado, contando uma história importante, mas também sem muita leveza, exagerando na dose de dramaticidade.

Se a Rua Beale Falasse (If Beale Street Could Talk, Estados Unidos, 2018) Direção: Barry Jenkins / Roteiro: Barry Jenkins, James Baldwin / Elenco: KiKi Layne, Stephan James, Regina King, Teyonah Parris / Sinopse: Uma jovem negra americana se apaixona e fica grávida. Seu marido é levado para a prisão, acusado de estupro. A família então tenta ajudar a mãe de primeira viagem, que não tem recursos para criar um filho.

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 10 de março de 2017

Moonlight: Sob a Luz do Luar

Como não poderia deixar de ser, procurei assistir a esse "Moonlight: Sob a Luz do Luar" que se tornou o grande vencedor do Oscar 2017, levando para casa o prêmio de Melhor Filme do ano! Melhor filme do ano?! Olha, assisti muitos filmes nesse ano que passou e posso dizer, sem medo de ser injusto, que há dezenas de filmes bem melhores do que esse! Nem entre os concorrentes ao Oscar (nove ao total) "Moonlight" consegue se sobressair. Vou além, é um filme bem comum, com estrutura de roteiro bem banal, rotineiro, sem nada de excepcional. O filme conta a história de um jovem negro, desde sua infância, até sua vida adulta. Quando era apenas uma criança ele teve que lidar com uma realidade difícil. A mãe era viciada em crack, geralmente recebendo homens em sua própria casa para se prostituir, um verdadeiro caos familiar. Na escola a realidade também era a pior possível. Franzino, tímido e frágil, ele logo passou a ser alvo de bullying dos demais alunos. Para piorar ainda mais o jovem Chiron também era homossexual, o que lhe colocava numa situação até mesmo perigosa. O único que parecia se importar com ele era um traficante da região, Juan (Mahershala Ali), que paradoxalmente era um dos fornecedores de sua mãe viciada.

Eu explico a consagração desse filme nesse ano não baseado em méritos cinematográficos. Isso aconteceu porque no ano anterior não houve nenhum candidato ao Oscar que fosse negro. Assim a Academia fez uma média, trazendo todos os filmes sobre minorias que encontrou pela frente. "Moonlight" dessa maneira se tornou vencedor muito na base desse tipo de politicagem, dessa tentativa de soar o mais politicamente correto possível. É cansativo ter que lidar com isso. Na verdade o filme venceu o Oscar por fatores externos à obra em si. Olhando-se apenas para "Moonlight" pelo que ele apresenta, repito, você não verá nada de excepcional ou brilhante. Sigo afirmando que o melhor filme, dentre os concorrentes, ainda é, em minha opinião, "Um Limite Entre Nós" com Denzel Washington, só que a Academia não iria premiar o ator pois ele já havia sido premiado antes. Pois é, Denzel, apesar de ser negro e extremamente talentoso, já era bem sucedido demais para a Academia. Aqui o importante era mesmo premiar o vitimismo. Diante de tudo isso o meu veredito é bem simples: "Moonlight: Sob a Luz do Luar" é um bom filme, tem boas interpretações e alguns bons momentos, mas ele definitivamente não foi o melhor filme de 2016. Nem passou perto disso.  No fundo é apenas mais uma bandeira do politicamente correto e nada mais.

Moonlight: Sob a Luz do Luar (Moonlight, Estados Unidos, 2016) Direção: Barry Jenkins / Roteiro: Barry Jenkins, Tarell Alvin McCraney/ Elenco: Mahershala Ali, Ashton Sanders, Janelle Monáe, Naomie Harris / Sinopse: O filme conta a história de um jovem negro, da infância até a fase adulta, quando se torna um traficante de drogas que reencontra uma velha paixão do passado. Filme vencedor do Oscar nas categorias de Melhor Filme, Melhor Ator Coadjuvante (Mahershala Ali) e Melhor Roteiro Adaptado. Também vencedor do Globo de Ouro na categoria de Melhor Filme - Drama.

Pablo Aluísio.