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terça-feira, 17 de maio de 2022

tick, tick... BOOM!

Mais um filme da lista do Oscar 2022. Pois é, o título original é ruim, estranho, mas o filme é muito bom! A história contada no filme é a do autor de peças da Broadway Jonathan Larson (Andrew Garfield). Quando o filme começa  ele ainda trabalhava  como garçom em uma lanchonete de Nova Iorque. Ele escrevia as músicas que iriam fazer parte de seu musical na Broadway e sonhava um dia viver de sua arte! Só que isso definitivamente não era fácil. Ter um musical escrito estreando na Broadway era como acertar na loteria, ou seja, uma chance em um milhão. Nessa época ele apenas contava com seus sonhos. E a vida real era muito dura. Vários de seus amigos estavam morrendo de AIDS. O filme se passa no começo dos anos 90 quando ter AIDS era como ter uma sentença de morte sobre si.

Mesmo assim, como jovem e ousado artista, ele seguia em frente. Em determinado momento conseguiu ter uma audição com produtores da Broadway e isso seria a grande chance de sua vida. O filme se desenvolve justamente nesse momento, quando ele tinha que lidar com vários problemas em sua vida pessoal ao mesmo tempo em que lutava para ter finalmente uma peça sua aceita nesse mercado tão competitivo. O diretor Lin-Manuel Miranda acertou ao escolher o estilo musical para contar sua história. Afinal o protagonista era um escritor de musicais, então nada mais correto do que intercalar sua história de vida com vários números musicais baseados em sua própria obra.

E aqui vale uma menção honrosa ao ator Andrew Garfield. Estigmatizado muitas vezes como apenas mais um ator de filmes da Marvel, pois ele interpretou o Homem-Aranha, o ator surpreende nessa produção! Definitivamente o rapaz tem muito talento! Canta as músicas do filme (e canta bem, é bom frisar), atua, interpreta e dança, tudo em um nível acima de qualquer crítica. Ele é ótimo e provou isso nesse filme. Acabou sendo indicado ao Oscar! Quem diria, um ator que basicamente só era conhecido por interpretar o Peter Parker... Sábia mudança na carreira!

tick, tick... BOOM! (Estados Unidos, 2021) Direção: Lin-Manuel Miranda / Roteiro: Steven Levenson / Elenco: Andrew Garfield, Alexandra Shipp, Robin de Jesus / Sinopse: O filme conta, em ritmo de musical da Broadway, a história do autor de peças musicais Jonathan Larson. Filme indicado ao Oscar nas categorias de melhor ator (Andrew Garfield) e melhor edição.

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 29 de abril de 2022

Os Olhos de Tammy Faye

O filme conta a história real da pastora Tammy Faye (Jessica Chastain). Começa na década de 1960 quando ela começa a viajar ao lado do marido Jim (Andrew Garfield). Eram jovens, desempregados e pobres. Mesmo assim seguem com seus planos, pregando onde eram aceitos. A Tammy criou um número com fantoches, para ensinar o evangelho para crianças. Um pastor de uma cidade do sul achou interessante a ideia e acabou dando a eles um espaço em seu programa de TV. O sucesso se tornou imediato. Logo Tammy e o marido ganharam cada vez mais audiência, ao ponto de em pouco tempo conseguirem seu próprio programa. Essa história mostra como o mundo evangélico funciona nos Estados Unidos. Esse casal foi um dos primeiros a espalhar a teologia da prosperidade, que pregava que quanto mais o fiel doasse para a igreja mais seria abençoado com riqueza material. Se não doasse dinheiro, ficaria na miséria. Claro que Tammy e o marido acabaram muito ricos nesse processo.

Eles ficaram tão ricos com as doações dos que assistiam seus programas que logo compraram sua própria emissora de televisão. O problema é que com dinheiro demais, vem também os excessos. A Tammy usava um estilo que eu só poderia qualificar como "brega evangélica americana". Sempre com roupas luxuosas, maquiagem excessiva e muita ostentação de riquezas, com os dedos lotados de diamantes. Além disso havia mansões, carros luxuosos e tudo o que dinheiro podia comprar. Mensagem de Jesus? Esqueça, o negócio era ter muita grana mesmo! Com uma personagem tão extravagante assim a atriz Jessica Chastain conseguiu realizar aquele que talvez seja a melhor interpretação de sua carreira. Acabou sendo premiada com o Oscar de melhor atriz. Prêmio mais do que merecido.

Voltemos aos fatos. O fisco americano começou a ficar de olho no casal e aí já sabe. Descobriu-se que eles pediam dinheiro para construir casas para os mais pobres, mas que no fundo usavam o dinheiro em benefício próprio. A grana era gasta mesmo em suas vidas de luxos. O FBI bateu em cima e aí o império começou a ruir. A Tammy ainda conseguiu uma sobrevida porque era cantora gospel (daquelas bem bregas) e sempre teria como se sustentar. O problema é que o marido, que posava de senhor da moralidade, eram também um homossexual por trás das cortinas. A Tammy Faye já faleceu, mas deixou um legado bem negativo no mundo religioso dos EUA. Seu único aspecto positivo, pelo que vi no filme, foi que ela tentou combater o preconceito contra homossexuais dentro do mundo evangélico americano. Fora isso deixou discos bregas gospel e muita teologia da prosperidade na cabeça dos seguidores, algo que se repete à todo vapor no Brasil dos dias atuais. Que legado ruim, hein Tammy...

Os Olhos de Tammy Faye (The Eyes of Tammy Faye, Estados Unidos, 2021) Direção: Michael Showalter / Roteiro: Abe Sylvia / Elenco: Jessica Chastain, Andrew Garfield, Vincent D'Onofrio, Mark Wystrach / Sinopse: O filme conta a história da vida da pastora Tammy Faye; De origem humilde, ela se tornou fabulosamente rica ao lado do marido ao espalhar a teologia da prosperidade em programas de TV nos Estados Unidos. Filme vencedor do Oscar nas categorias de melhor maquiagem e cabelo e melhor atriz (Jessica Chastain).

Pablo Aluísio.

terça-feira, 1 de fevereiro de 2022

Homem-Aranha: Sem Volta para Casa

Eu esperava mais. Não que esses filmes de super-heróis ainda vão surpreender alguém, mas de qualquer forma pelo custo da produção e pelo tamanho da bilheteria, pensei que seria um filme melhor. Eu me enganei. O filme tem poucas novidades. Na verdade o roteiro se agarra em certas fórmulas que já tinham sido utilizadas há anos. Não está convencido disso? Preste a atenção na cena final no alto da estátua da Liberdade! Parece até mesmo uma sequência repetida dos primeiros filmes do personagem no cinema. Provavelmente a única boa ideia nova venha do fato de termos os 3 atores que interpretaram Peter Parker contracenando juntos. Como o roteiro explora o conceito de multiversos, isso seria tecnicamente possível. Entretanto mesmo com uma boa ferramenta narrativa como essa em mãos, os roteiristas fizeram muito pouco. Os três juntos poderia dar margem a excelentes cenas, mas tudo é desperdiçado. A interatividade entre eles é pequena. Nenhum dos atores convidados (Tobey Maguire e Andrew Garfield) teve uma oportunidade mais ampla de explorar esse encontro inusitado. Nada de substancial surge dessa chegada deles no enredo do filme. Acaba sendo apenas uma curiosidade ver os atores juntos e nada muito além disso.

Outro aspecto interessante que percebi nesse filme é que todos os melhores vilões são da primeira trilogia do Homem-Aranha no cinema. Parece até que os outros filmes não tinham nada a oferecer nesse ponto a essa nova produção. O Duende Verde, o Dr. Octopus, o Homem de Areia, todos vieram dos filmes estrelados por Tobey Maguire. O próprio ator inclusive poderia ter sido melhor aproveitado, mas isso não acontece como já frisei. Os vilões também seguem nessa linha. Eles estão lá, mas o roteiro não sabe direito o que fazer com eles. Agora, de todas as coisas que me decepcionaram nesse novo filme do Aranha, nada se compara com os efeitos digitais. Achei tudo fraco demais. Preste atenção nas cena final. Parece game. Os Aranhas voam de um lado para outro, enfrentam os vilões, mas nada parece ter consistência. Eles não parecem ter massa corporal ou peso. Sua interação com o ambiente é igualmente mal produzida. Ruim demais! Dizem que para enganar o cérebro humano é algo complicado. Dificilmente vemos um personagem digital sem perceber que ele é digital. No caso desse filme a coisa ficou tão sem veracidade que acredito que até mesmo as crianças mais pequenas vão perceber que o herói é na verdade um programa de computador, feito de pixel. Então é isso. Um filme que, pelos números envolvidos, poderia ser muito melhor. Do jeito que ficou é apenas interessante, mas igualmente repetitivo de velhas fórmulas e nada muito original.

Homem-Aranha: Sem Volta para Casa (Spider-Man: No Way Home, Estados Unidos, 2021) Direção: Jon Watts / Roteiro: Chris McKenna, Erik Sommers, baseados nos personagens criados por Stan Lee e Steve Ditko / Elenco: Tom Holland, Tobey Maguire, Andrew Garfield, Benedict Cumberbatch, Jamie Foxx, Willem Dafoe, Alfred Molina, Marisa Tomei / Sinopse: O mundo descobre que Peter Parker é o Homem-Aranha. Depois disso a vida dele se torna um inferno. Procurando por uma saída ele pede ao Dr. Stranger que mude a realidade, para que o mundo esqueça essa informação, só que o feitiço criado para esse fim acaba dando errado, abrindo portas para universos paralelos, de onde chegam vilões extremamente perigosos.

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 15 de novembro de 2021

O Mistério de Silver Lake

O filme conta a história de um jovem de Los Angeles que está perdido na vida. Ele está desempregado, sendo despejado de seu pequeno apartamento em Los Angeles e seu carro está sendo retomado pelo banco por falta de pagamento. Só que nada disso parece ser muito importante para ele. Sua mente vai para outro caminho. Um dia ele vê uma bela garota loira nadando em um piscina e cria uma verdadeira obsessão por ela. Após poucas palavras trocadas, cria um tipo de paixão platônica pela garota, algo que parece piorar depois que ela se muda e ele fica literalmente desesperado em sua busca. Ele quer saber para onde ela foi, com quem anda, etc. E Los Angeles assim se torna o cenário dessa busca um tanto sem sentido.

Não espere por um roteiro convencional. Nessa sua jornada em busca do "amor de sua vida" ele encontra figuras bizarras como um autor de fanzines muito loucos e um seguidor de uma estranha seita que prega o ebterro de seus membros como se fazia no Egito Antigo, Em meu ponto de vista fizeram um filme longo, longo demais para não aborrecer. Também faltou humor. Na tentativa de fazer algo cult a coisa toda, muitas vezes, se tornou chata e cansativa. Salva o elenco que tem nomes interessantes, com destaque para o casal protagonista. Você conhece o Andrew Garfield  dos filmes do Homem-Aranha e a  Riley Keough é a talentosa neta do Elvis Presley, com uma carreira no cinema que já pode ser considerada bem interessante. O filme é isso então. Meio estranho, bizarro, mas acima de tudo uma espécie de declaração de amor para a cidade de Los Angeles.

O Mistério de Silver Lake (Under the Silver Lake, Estados Unidos, 2018) Direção: David Robert Mitchell / Roteiro: David Robert Mitchell / Elenco: Andrew Garfield, Riley Keough, Topher Grace / Sinopse: Jovem moerador de Los Angeles se apaixona loucamente por uma garota que vê numa piscina, numa noite de luar. Quando ela se muda ele parte em busca dela, para descobrir o que aconteceu. Ele cria uma verdadeira obsessão pela jovem.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 16 de fevereiro de 2021

O Mundo Imaginário de Dr. Parnassus

Título no Brasil: O Mundo Imaginário de Dr. Parnassus
Título Original: The Imaginarium of Doctor Parnassus
Ano de Produção: 2009
País: Inglaterra, França, Canadá
Estúdio: Infinity Features Entertainmen
Direção: Terry Gilliam
Roteiro: Terry Gilliam, Charles McKeown
Elenco: Christopher Plummer, Heath Ledger, Johnny Depp, Jude Law, Colin Farrell, Lily Cole, Andrew Garfield

Sinopse:
O Dr. Parnassus (Christopher Plummer) é um ator de teatro ambulante que acredita ter mil anos de vida! Ele afirma que no passado fez um pacto com o Diabo para se tornar imortal. Só que o tempo passa e ele afunda na bebida. A vida de sua trupe muda quando eles encontram um jovem desconhecido pendurado numa fora debaixo de uma ponte de Londres. Quem seria ele? Qual seria o seu passado? Filme indicado ao Oscar na categoria de melhor figurino (Monique Prudhomme) e melhor direção de arte.

Comentários:
Esse filme sempre será lembrado como o último da carreira de Heath Ledger. Ele estava bem no meio das filmagens quando morreu de uma overdose de drogas acidental. O diretor Terry Gilliam ficou com um enorme problema nas mãos, pois o ator só havia filmado metade de suas cenas. Como Gilliam iria terminar seu filme? A solução veio quando três atores (Johnny Depp, Jude Law e Colin Farrell) se ofereceram para terminar o filme, interpretando o personagem de  Heath Ledger. Eles trabalharam de graça e fizeram tudo isso em homenagem ao amigo falecido. O resultado soa um pouco estranho, mas o que poderia ser mais estranho do que o próprio filme em si? "O Mundo Imaginário de Dr. Parnassus" é praticamente uma viagem lisérgica, uma homenagem aos antigos artistas mambembes, que viajavam de cidade em cidade com seus shows itinerantes. É um filme que tem bons momentos, mas também exageros típicos do cinema de Terry Gilliam. Tudo isso porém soa secundário. O filme sempre será um registro dos últimos momentos de Heath Ledger no cinema. E isso inegavelmente o colocará em destaque na história do cinema.

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 23 de setembro de 2019

Uma Razão Para Viver

Título no Brasil: Uma Razão Para Viver
Título Original: Breathe
Ano de Produção: 2017
País: Inglaterra
Estúdio: Imaginarium Productions
Direção: Andy Serkis
Roteiro: William Nicholson
Elenco: Andrew Garfield, Claire Foy, Hugh Bonneville, Tom Hollander, Ben Lloyd-Hughes, Camilla Rutherford

Sinopse:
Na Inglaterra da década de 1950, o jovem Robin Cavendish (Garfield) se apaixona pela bela Diana (Foy). Eles então namoram e se casam. Depois vão para o Quênia, na África. A vida transcorre bem até que Robin começa a apresentar sinais de uma estranha doença. O diagnóstico muda sua vida para sempre.

Comentários:
O filme começa com um tom bem romântico, mostrando um jovem casal desde os momentos em que se conheceu até o casamento. Ele parte para o Quênia e se torna importador de chás especiais. Ela o acompanha, o que rende ótimas cenas na região africana, me fazendo lembrar até mesmo de filmes como "Entre Dois Amores". Isso torna o filme ainda mais romântico, com todas aquelas belas cenas de Pôr do sol. Como se passa nos anos 1950 a situação fica ainda mais romantizada. Só que aí o protagonista começa a passar mal e o filme vira um drama, mostrando uma vítima da terrível poliomielite. Ele fica preso a uma cama, sem movimento das mãos e das pernas. O produtor desse filme está na verdade contando a história de seu próprio pai. Por isso em determinado momento para não deixar o filme pesado demais um certo tom mais leve é imposto. O personagem principal aos poucos vai ganhando pequenas vitórias, como a construção de uma cadeira de rodas que o possibilite sair para fora do hospital. E ele então vai para casa, mesmo com todos os riscos envolvidos. Na parte final há uma breve discussão sobre eutanásia, mas de forma superficial. O próprio roteiro deixa claro que foi isso mesmo que aconteceu, mas a questão legal e ética nunca é tratada com o devido espaço. Mesmo assim é um bom filme. O elenco conta com a atriz Claire Foy, mais conhecida por interpretar uma jovem rainha Elizabeth II na série "The Crown". Ela é a esposa. Já o marido, que sofre a doença, vem em boa atuação de Andrew Garfield, o próprio "Homem-Aranha". Poderia o roteiro ser mais detalhado e entrar em questões mais delicadas, porém do jeito que está não ficou mal. Antes relembrar essa história do que deixá-la no esquecimento. O cinema aqui funcionando como resgate de algo importante do passado.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 3 de julho de 2018

Até o Último Homem

Um filme interessante por ser diferente. É a história de um soldado americano chamado Desmond Doss (Andrew Garfield) que é levado para lutar nos campos de batalha da II Guerra Mundial. Até aí, nada demais, seria uma história convencional sobre esse conflito. A diferença vem do fato do jovem soldado ser um adventista do sétimo dia, o que teoricamente o impediria de lutar no front, matando os inimigos. Alegando exceção de consciência (algo que também existe no direito brasileiro) ele então é designado para o corpo médico da corporação. Assim ele vai para a guerra não para tirar vidas, mas sim para salvar as vidas do maior número possível de soldados americanos atingidos pelo fogo inimigo.

A direção é de Mel Gibson. Após alguns anos em que ficou brigado com os principais nomes da indústria cinematográfica americana, ele retornou para dirigir essa produção. Gibson dividiu seu filme em dois atos bem distintos, na primeira parte mostrando aspectos da vida pessoal de seu protagonista e a segunda, já no campo de guerra na Europa, quando seu personagem principal acaba se tornando um herói no front. O segundo ato do filme é bem mais interessante. Gibson mostra muita habilidade em explorar as cenas de batalha. Por fim uma curiosidade histórica. Esse roteiro foi escrito originalmente para ser estrelado por Audie Murphy, um herói de verdade da guerra que havia virado astro de filmes de cowboy nos anos 50.

Até o Último Homem (Hacksaw Ridge, Estados Unidos, Austrália, 2016) Direção: Mel Gibson / Roteiro: Robert Schenkkan, Andrew Knight / Elenco: Andrew Garfield, Hugo Weaving, Vince Vaughn, Sam Worthington / Sinopse: O filme conta a história real do soldado Desmond Doss (Andrew Garfield). Ele é um jovem adventista do sétimo dia que se alista no exército americano durante a Segunda Grande Guerra Mundial. Alegando objeção de consciência (de natureza religiosa), ele acaba se dispondo a ajudar os companheiros no campo de batalha, trabalhando como assistente médico. Filme indicado ao Oscar nas categorias de Melhor Filme, Melhor Ator (Andrew Garfield), Melhor Direção (Mel Gibson), Melhor Edição (John Gilbert), Melhor Mixagem de Som (Kevin O'Connell e Andy Wright) e Melhor Edição de Som (Robert Mackenzie e Andy Wright).

Pablo Aluísio. 

quarta-feira, 15 de março de 2017

Silêncio

Esse é um filme sobre os limites da fé! O seu roteiro mostra o ápice de dor física e psicológica a que um homem pode suportar, mesmo tendo a fé mais sincera e honesta em seu coração. A história se passa no século XVII. Após uma intensa perseguição religiosa contra os católicos em um Japão brutal e desumano, dois jovens padres jesuítas são enviados para lá com a missão de descobrirem o que teria acontecido ao padre Ferreira (Liam Neeson), que liderava a Igreja naquela distante nação. Ao chegarem clandestinamente em terras japonesas descobrem que muitos cristãos estão sendo mortos de forma bárbara apenas pelo fato de seguirem o evangelho de Cristo.

Essa é uma obra cinematográfica de extrema relevância por expor o pior tipo de intolerância religiosa que se pode existir, a intolerância estatal, promovida por autoridades do próprio Estado. Em um Japão com predominância da religião budista, os próprios líderes do Estado decidiram que o cristianismo não poderia entrar em seu país. Assim foi promovida uma intensa perseguição religiosa contra todos os cristãos, promovendo torturas, massacres e assassinatos em massa. Uma coisa horrorosa que nos ensina muito sobre essa questão. E engana-se quem pensa que atualmente não vivemos um momento bem parecido com o que vemos nas telas. Basta lembrar dos métodos bem parecidos utilizados por fundamentalistas islâmicos do mundo atual, para vermos que aquilo que se passa no filme não é uma realidade tão distante ao nosso presente como muitos possam pensar.

O diretor Martin Scorsese realiza assim um dos seus melhores trabalhos. Uma obra muito sincera e bem pessoal. O cineasta, nascido dentro de uma grande comunidade católica em Nova Iorque, pensou em se tornar padre em sua infância. Ao longo de sua vida acabou criando uma relação de amor e ódio com a Igreja Católica, mas sem jamais a abandoná-la completamente. Essa dualidade entre tantos sentimentos conflituosos com a sua religião o fizeram entrar nesse projeto. O roteiro, como podemos perceber, é realmente uma declaração de amor de Scorsese para com os heróis da Igreja, homens comuns, padres jesuítas, que foram colocados em situações extremas, só vivenciadas antes entre os primeiros cristãos, ainda nos tempos de Jesus.

Um dos protagonistas é um jovem padre português chamado Rodrigues, interpretado pelo ator Andrew Garfield. Em minha opinião esse ator não teve todo o talento dramático exigido para viver com a devida intensidade a incrível história de fé de seu personagem. Mesmo assim, com pequenas falhas, ele não compromete o filme como um todo. Tudo bem, um ator melhor faria grande diferença, porém essa história é tão edificante, tão relevante, que não podemos ignorar a força do roteiro por si mesmo. Enfim, poucas vezes vi um filme tão humano como esse na filmografia do mestre Martin Scorsese. Uma obra essencial.

Silêncio (Silence, Estados Unidos, México, Taiwan, 2016) Direção: Martin Scorsese / Roteiro: Martin Scorsese, Jay Cocks / Elenco: Andrew Garfield, Adam Driver, Liam Neeson, Shin'ya Tsukamoto, Yôsuke Kubozuka, Issei Ogata, Tadanobu Asano / Sinopse: Dois padres jesuítas, Rodrigues (Andrew Garfield) e Garupa (Adam Driver), são enviados para o Japão do século XVII, para descobrirem o paradeiro do padre Ferreira (Neeson), mas uma vez lá descobrem que o país vive uma intensa perseguição religiosa contra católicos, promovendo uma política estatal de massacres e assassinatos em massa. Filme indicado ao Oscar na categoria de Melhor Fotografia (Rodrigo Prieto).

Pablo Aluísio.

domingo, 19 de fevereiro de 2017

Até o Último Homem

Título no Brasil: Até o Último Homem
Título Original: Hacksaw Ridge
Ano de Produção: 2016
País: Estados Unidos, Austrália
Estúdio: Icon Productions
Direção: Mel Gibson
Roteiro: Robert Schenkkan, Andrew Knight
Elenco: Andrew Garfield, Hugo Weaving, Vince Vaughn, Sam Worthington
  
Sinopse:
O filme conta a história real do soldado Desmond Doss (Andrew Garfield). Ele é um jovem adventista do sétimo dia que se alista no exército americano durante a Segunda Grande Guerra Mundial. Alegando objeção de consciência (de natureza religiosa), ele acaba se dispondo a ajudar os companheiros no campo de batalha, trabalhando como assistente médico, porém se recusa a pegar em armas para matar o inimigo. Inicialmente sua postura lhe traz muitos problemas, inclusive quase o levando à corte marcial, porém uma vez no front ele acaba se destacando por causa de sua bravura e coragem. Filme indicado ao Oscar nas categorias de Melhor Filme, Melhor Ator (Andrew Garfield), Melhor Direção (Mel Gibson), Melhor Edição (John Gilbert), Melhor Mixagem de Som (Kevin O'Connell e Andy Wright) e Melhor Edição de Som (Robert Mackenzie e Andy Wright). Também indicado ao Globo de Ouro nas categorias de Melhor Filme - Drama, Melhor Ator (Andrew Garfield) e Melhor Direção - Drama (Mel Gibson). Filme vencedor do BAFTA Awards na categoria de Melhor Edição (John Gilbert).

Comentários:
"Hacksaw Ridge" parece ser o filme da redenção da carreira de Mel Gibson. Após anos de brigas e desavenças em Hollywood ele retorno ao topo, com um filme que é sucesso de bilheteria e crítica. Além disso conseguiu uma grande leva de indicações ao Oscar, mostrando que seu prestígio na Academia está de volta. De fato Gibson, que nunca foi bobo, acertou no alvo ao escolher a história certa para filmar. O que temos aqui é um dos capítulos mais curiosos e desconhecidos da guerra, a história de um pracinha que se recusava a lutar por causa de suas convicções religiosas. Nascido no interior dos Estados Unidos, ele se via obrigado por questões morais e patrióticas a ir para a guerra, mas uma vez no exército não admitia a possibilidade de matar o inimigo no campo de batalha. Acabou sendo enviado para uma das maiores carnificinas da guerra, na ilha de Okinawa, a porta de entrada para a invasão do Japão. Esse filme tem dois aspectos que merecem a atenção do espectador. Ele é basicamente dividido em dois atos. No primeiro somos apresentados à história pessoal de Desmond Doss antes dele seguir para a guerra, mostrando detalhes de sua vida pessoal, quando era apenas um civil. Nesse ato vemos um momento crucial na sua infância que o levou a se tornar uma pessoa bem religiosa, os problemas de relacionamento com seu pai (um homem corroído pela bebida e pelo fracasso) e o grande amor de sua vida, uma enfermeira do hospital de sua cidade.

No segundo ato, Doss finalmente entra para o exército. Sob o treinamento de um sargento durão chamado Howell (em boa interpretação de  Vince Vaughn), ele tenta sobreviver aos desafios do campo de combate. A primeira parte do filme achei bem mediana, um tanto plastificada, principalmente pelos excessos de "bondadismo" (a síndrome do bonzinho) do protagonista. Ele não parece ser uma pessoa real (embora tenha existido de fato, como bem demonstrado nas cenas finais, onde há uma breve entrevista com ele). O grande mérito dessa produção vem no segundo ato, no campo de guerra, na dureza da batalha. Como diretor, Mel Gibson conseguiu produzir tomadas excelentes, cenas tão boas de combate assim não tinha visto desde "O Resgate do Soldado Ryan"! Não é à toa que o filme tem sido considerado um dos mais bem editados do ano, pois certamente a luta entre japoneses e americanos nas areias vulcânicas de Okinawa valem por todo o filme! Mesmo sob intenso bombardeio dos navios americanos, os soldados japoneses conseguiam sobreviver, por contar com uma extensa rede de túneis subterrâneos por toda a ilha. Tudo muito bem demonstrado em cena. Então é isso, certamente é um dos melhores filmes do ano, pois conta com excelente produção, direção e roteiro. Talvez fosse ainda melhor se Gibson tivesse investido ainda mais nas cenas de luta, mas do jeito que está passa longe de ser decepcionante. É sim um dos melhores trabalhos assinados por Gibson. Um dos filmes obrigatórios do próximo Oscar. Não deixe de assistir.

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 2 de julho de 2014

O Espetacular Homem-Aranha 2

Título no Brasil: O Espetacular Homem-Aranha 2 - A Ameaça de Electro
Título Original: The Amazing Spider-Man 2
Ano de Produção: 2014
País: Estados Unidos
Estúdio: Marvel Enterprises, Columbia Pictures
Direção: Marc Webb
Roteiro: Alex Kurtzman, Roberto Orci
Elenco: Andrew Garfield, Emma Stone, Jamie Foxx, Paul Giamatti, Sally Field, Dane DeHaan

Sinopse:
O jovem Peter Parker (Andrew Garfield) se forma no colegial. Ele pretende agora seguir em frente com seu relacionamento com Gwen Stacy (Emma Stone) mas ela está planejando ir estudar e trabalhar na distante Inglaterra. Para complicar ainda mais sua vida, surgem dois novos vilões no horizonte, Electro (Jamie Foxx), um ser que se alimenta de energia elétrica e Green Goblin (Dane DeHaan), na verdade um antigo amigo de Parker, agora enlouquecido por uma estranha doença genética.

Comentários:
Ao custo de 200 milhões de dólares chegou finalmente nas salas de cinema do mundo inteiro essa sequência da nova franquia The Amazing Spider-Man. Falando francamente esperava bem mais, não apenas por ter gostado do primeiro filme, mas também pela tradição de que continuações pares sempre são as melhores no cinema americano. As expectativas porém não foram plenamente satisfeitas. Há claras mudanças na tônica de desenvolvimento do filme em relação ao primeiro. Se fosse resumir diria que esse é bem mais infanto-juvenil, mais fiel aos antigos desenhos animados dos anos 80. Sai a tentativa de humanizar mais o herói e entra uma infinidade de piadinhas e gracinhas ditas por ele nos momentos mais inusitados. Assim, enquanto salva um ônibus cheio de cidadãos inocentes o Homem-Aranha não perde a chance e  aproveita para fazer graça. Tudo bem que essa é uma característica do próprio personagem dos quadrinhos mas aqui exageraram um pouco na dose. Os vilões também são pouco desenvolvidos. Max Dillon (Jamie Foxx), um tímido funcionário do poderoso grupo Osborn, sofre um acidente com enguias e vira o Electro! O problema é que ele era fã do Homem-Aranha antes de sofrer a terrível mutação e depois começa a odiar o herói, sem um motivo convincente. E assim segue, com um roteiro não muito inovador e sem maiores surpresas. Nem a morte de uma personagem central parece animar o resultado final. Diria que é uma diversão apenas regular no saldo geral, e nada excepcional.

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 13 de março de 2013

Leões e Cordeiros

Através de três estórias paralelas o espectador é convidado a refletir sobre a intervenção militar americana no Oriente Médio. Na primeira linha narrativa acompanhamos as tentativas da jornalista Janine Roth (Meryl Streep) em entrevistar o jovem senador Jasper Irving (Tom Cruise), um defensor da política externa dos Estados Unidos. Com todos os argumentos errados ele demonstra, mesmo que de forma indireta, o equivoco daquela guerra sem sentido. Na segunda linha narrativa somos apresentados ao professor universitário Stephen Malley (Robert Redford) que tenta, através de sólida argumentação, convencer seus alunos do erro do envolvimento americano naquele país. Para piorar o veterano mestre ainda tem que lidar com os medos e anseios de seu aluno Todd (Andrew Garfield) que totalmente desmotivado com a vida acadêmica pensa em ir para o exército. Por fim o espectador é levado até o front, onde dois soldados americanos, Ernest (Michael Peña) e Arian (Derek Luke), tentam sobreviver ao fogo cerrado do combate.

Após romper definitivamente com a Paramount por causa de atritos ocorridos durante “Missão Impossível 3” Tom Cruise se lançou como ator independente. Um de seus primeiros projetos nessa nova fase de sua carreira foi esse bom drama dirigido por Robert Redford. O filme segue o estilo mosaico, várias estórias paralelas são contadas para no final se revelar as conexões que as unem. No filme Tom Cruise interpreta um astuto político em Washington. Ao lado de Meryl Streep e Robert Redford o ator fica um pouco ofuscado mas consegue disponibilizar uma boa atuação. O roteiro do filme é muito bem trabalhado, apoiado quase que exclusivamente em tornos de diálogos extremamente bem escritos e inteligentes. A proposta do filme não é tanto dar respostas mas sim fazer perguntas pertinentes. Longe de soluções fáceis o filme “Leões e Cordeiros” é no fundo um estudo sobre tudo o que aconteceu depois de 11 de setembro. Todos os efeitos danosos e sem sentido que ocorreram com os Estados Unidos depois daqueles ataques. O filme foi lançado discretamente e teve mais repercussão apenas entre um público bem mais seleto, intelectualizado. De qualquer modo se você estiver em busca de uma produção que discuta o  intervencionismo militar americano nos países do Oriente Médio de forma muito inteligente e com conteúdo esse é certamente o filme mais indicado.

Leões e Cordeiros (Lions for Lambs, Estados Unidos, 2007) Direção: Robert Redford / Roteiro: Matthew Michael Carnahan / Elenco: Robert Redford, Meryl Streep, Tom Cruise, Michael Peña, Peter Berg, Derek Luke, Andrew Garfield / Sinopse: Três linhas narrativas, uma passada no front de guerra, outra nos gabinetes políticos do senado americano e a última no meio acadêmico, tentam decifrar os mecanismos que levaram os Estados Unidos para a guerra no Oriente Médio.

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 11 de outubro de 2012

O Espetacular Homem-Aranha

Cultura pop por excelência o personagem Homem-Aranha ressurge nas telas em uma nova franquia com tudo renovado. Para quem não sabe toda a equipe técnica que realizou (muito bem por sinal) os filmes da trilogia anterior foi substituída. Sam Raimi, Tobey Maguire, todos foram embora. Um novo roteiro foi escrito - igualmente mostrando as origens dos personagens - e a Sony resolveu recomeçar praticamente do zero. Ao custo milionário de 230 milhões de dólares o novo Spiderman finalmente ganhou as telas do mundo todo. Muita gente torceu o nariz pois a trilogia original ainda era muito recente. Como vivemos em um mundo em alta velocidade, onde a força do capital fala mais alto, os executivos do estúdio nem pensaram duas vezes antes de aprovar essa que promete ser a nova franquia do cabeça de teia. A boa notícia é que O Espetacular Homem-Aranha é realmente muito bom, muito divertido e vai agradar aos espectadores (talvez apenas os mais xiitas e ranzinzas não curtirão). Como se trata de um filme de "origens" tudo recomeça. Pater Parker (Andrew Garfield, com cara de adolescente mesmo) é um jovem estudante que durante uma visita a um centro de pesquisas de um grupo industrial acaba sendo picado por uma aranha modificada geneticamente. A fusão de seu DNA com a do inseto acaba criando diversas modificações na vida do rapaz: ele fica bem mais forte, ágil, e consegue até mesmo subir paredes e prédios altos. Uma verdadeira simbiose entre um homem e uma aranha!

O sucesso do Spiderman não é complicado de entender. Stan Lee, que nunca foi bobo nem nada, criou um personagem que iria criar uma forte identificação com seu público alvo. Peter Parker era um estudante comum de High School, sem grana, passando por dificuldades na escola, sendo alvo de bullying e apaixonado pela garota mais bonita e popular do colégio. Ela obviamente não lhe dá a mínima bola. Agora responda rápido: existe algum jovem no mundo que não iria se identificar com uma estória dessas? Não me admira em nada que a mitologia do Aranha nunca  tenha perdido sua força, sempre conseguindo se comunicar com as novas gerações, mesmo após tantos anos de sua criação. Essa nova releitura nos cinemas tem tudo para agradar aos fãs. A estória continua irresistível, o casal central de atores é bem carismático e o elenco de apoio é da melhor qualidade. O vilão também é outro ponto positivo. O Dr. Curt Connors (Rhys Ifans) é a própria personificação do cientista que não consegue mais separar sua vida pessoal de suas pesquisas. O Lagarto feito digitalmente é convincente e bem elaborado. Em suma, O Espetacular Homem-Aranha certamente vai agradar aos garotos e aos marmanjos que adoravam as aventuras dos personagens dos gibis quando eram guris. Não deixe de assistir.

O Espetacular Homem-Aranha (The Amazing Spider-Man,  Estados Unidos, 2012) Direção: Marc Webb / Roteiro: Alvin Sargent, James Vanderbilt, Steve Kloves / Elenco: Andrew Garfield, Emma Stone, Rhys Ifans, Martin Sheen, Sally Field, C. Thomas Howell, Embeth Davidtz, Chris Zylka, Denis Leary, Campbell Scott, Irrfan Khan, Kelsey Chow, Stan Lee / Sinopse: Peter Parker (Andrew Garfield) é um jovem estudante que é picado por uma aranha e se torna um super-herói com poderes especiais. Agora terá que enfrentar um monstro que aterroriza a cidade.

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 18 de junho de 2012

Não Me Abandone Jamais

Um grupo de crianças órfãs nasce e cresce sob o controle do Estado. Eles são afastados do mundo exterior e pouco sabem sobre seu passado. Mais velhos uma dessas garotas começa a se questionar sobre sua situação pessoal e sai em busca por respostas. O que a levará a descobrir uma realidade terrível sobre sua origem. Devo confessar uma coisa: esse foi um dos filmes mais perturbadores que assisti nos últimos anos. Não vou aqui revelar o grande segredo dele mas antecipo dizer que conforme ele foi passando fui ficando cada vez mais absorvido e impressionado. Tudo é passado e mostrado numa terrível normalidade, dentro de uma situação completamente cruel para não dizer o mínimo. Esse sim é o tipo de roteiro e argumento que quanto menos se falar melhor para os que irão assistir ele. Eu adoraria revelar e debater mais sobre essa situação terrível pelo qual os personagens passam e vivem mas não quero estragar a surpresa de ninguém. Só digo que é muito original (e muito deprimente). 

O elenco todo está muito bem. Desde a gracinha Carey Mulligan, passando por Keira Knightley (muito magra em decorrência do papel) mas o filme pertence mesmo a Charlotte Rampling. É incrível como grandes mestres da arte de interpretar precisam de tão pouco para dominar completamente a cena. A Charlotte (que sou fã desde Angel Heart) aqui aparece em 3 ou 4 cenas mas na última que aparece arrasa. Em uma frase e em um olhar ela resume todo o filme de forma avassaladora. Grande momento. Enfim, aconselho que leia o menos possível sobre o filme (sempre tem um critico que estraga tudo antes do tempo) e vá assistir ao filme como eu fui, sem saber quase nada. Só assim vocês terão a possibilidade de apreciar tanto quanto eu apreciei. Recomendo muito o filme. Por fim fica a bela frase que resume um dos aspectos mais interessantes de seu argumento: "Não fazíamos isso para enxergar suas almas. Fazíamos para saber se vocês tinham almas".  

Não Me Abandone Jamais (Never Let Me Go, Inglaterra / EUA, 2010) Direção: Mark Romanek / Roteiro: Kazuo Ishiguro / Elenco: Carey Mulligan, Keira Knightley, Andrew Garfield, Sally Hawkins / Sinopse: Um grupo de crianças órfãs nasce e cresce sob o controle do Estado. Eles são afastados do mundo exterior e pouco sabem sobre seu passado. Mais velhos uma dessas garotas começa a se questionar sobre sua situação pessoal e sai em busca por respostas. O que a levará a descobrir uma realidade terrível sobre sua origem.  

Pablo Aluísio.