sexta-feira, 18 de outubro de 2013

Entre Irmãos

Remake de um filme da Dinamarca que inclusive seguiu as regras do movimento Dogma, chamado “Brødre" com roteiro e direção de Susanne Bier. O enredo é praticamente o mesmo, com pequenas variações e mudanças (a personagem de Natalie Portman no original tinha mais importância, por exemplo). Aqui acompanhamos os efeitos causados em uma família americana quando um dos irmãos (interpretado por Tobey Maguire, o ex-Homem-Aranha) é dado como desaparecido em combate na guerra do Afeganistão. Para trás ele deixa uma jovem viúva (Portman) e filhos. O problema é que seu irmão (Jake Gyllenhaal) acaba se envolvendo com ela, o que dará origem a um grande conflito emocional pois depois Tobey é resgatado e volta para os Estados Unidos, encontrando a delicada situação, com seu irmão dando em cima de sua esposa! "Entre Irmãos" foi dirigido pelo cineasta Jim Sheridan que foi acusado pela crítica de ter realizado um filme frio e impessoal demais. De fato Sheridan parece ter deixado sua fase mais inspirada para trás pois atualmente tem realmente asssinado filmes que não causam mais impacto, nem entre a crítica e nem entre o público.

Fato que se confirmou nesse "Brothers" que fracassou nas bilheterias americanas (pelo visto o povo de lá já está tão cansado e farto de guerras que não quer mais nem saber de ver filmes com essa temática). De minha parte tenho uma visão um pouco menos ácida sobre essa produção. A verdade é que esse filme não é ruim, muito longe disso, mas a crítica de uma maneira em geral caiu de porrada em cima (principalmente nos EUA). Atribuo toda essa má vontade ao trio central de atores. Como eles são figurinhas fáceis em blockbusters ultimamente quando tentaram fazer algo com mais conteúdo tiveram que sofrer uma avalanche de críticas pesadas. Depois de assistir não pude deixar de constatar que muitas delas são simplesmente injustas e revanchistas. O filme vale a pena ser descoberto e por mais incrível que isso possa parecer todo o elenco está bem, principalmente Jake Gyllenhaal, Natalie Portman e Tobey Maguire. Por isso recomendo sem receios.

Entre Irmãos (Brothers, Estados Unidos, 2009) Direção: Jim Sheridan / Roteiro: Jim Sheridan, baseado no filme original dirigido por Susanne Bier / Elenco: Jake Gyllenhaal, Natalie Portman, Tobey Maguire e Sam Shepard / Sinopse: Após ser dado como morto a viúva de um militar acaba se envolvendo com o irmão dele. O problema é que ele está vivo e volta para os Estados Unidos criando um sério problema emocional com todos os envolvidos nesse complicado triângulo amoroso.

Pablo Aluísio.          

quinta-feira, 17 de outubro de 2013

Sweeney Todd: O Barbeiro Demoníaco da Rua Fleet

Sweeney Todd (Johnny Depp) é um barbeiro que vive numa Londres escura e nebulosa. Julgado e preso injustamente pelo juiz Turpin (Alan Rickman) ele decide se vingar de todos os que lhe fizeram mal. Assim que cumpre sua pena ele toma a decisão de reabrir sua velha barbearia mas com algumas mudanças! Primeiro transforma sua cadeira de barbeiro em um grande alçapão para onde são enviados todos aqueles que merecem uma punição em sua visão. Para completar a morbidez a senhorita Lovett (Helena Bonham Carter) decide se unir a ele. Cozinheira de mão cheia ela logo cria uma grande freguesia apenas com o raro e delicado sabor de suas guloseimas. O que ninguém desconfia é que um ingrediente muito inusitado é adicionado nas receitas, dando-lhes um sabor simplesmente único para suas comidas. Pode parecer surreal mas "Sweeney Todd" foi baseado em fatos reais ocorridos na Inglaterra durante a era vitoriana. Os eventos foram considerados tão chocantes que acabaram dando origem a livros e peças teatrais, além de um musical na Broadway que por sua vez acabou sendo a principal fonte para a elaboração do roteiro desse filme. Aqui o cineasta Tim Burton lida pela primeira vez em sua carreira com um musical completo, com várias músicas e arranjos, em uma verdadeira ópera dark. O resultado final passa longe de ser um dos trabalhos mais rotineiros e comuns do diretor.

Gostei bastante do filme. Primeiro porque gosto de musicais e segundo porque como sempre a direção de arte dos filmes de Tim Burton é uma verdadeira pintura. O filme me impressionou tão positivamente que cheguei inclusive a fazer uma pequena pesquisa pessoal sobre o tal de Sweeney Todd, que para quem não sabe, existiu realmente. Em sua época ele ganhou uma notoriedade tão grande quanto o próprio Jack, o Estripador. Se fosse qualificar esse filme o chamaria de musical gótico de humor negro, uma definição que certamente você não encontrará todos os dias por aí. Curiosamente grande parte do público não gostou do resultado final justamente por sua estrutura tipicamente de musicais da Broadway. Será que se fosse um filme convencional seria melhor avaliado? Acredito que sim, embora tudo no final das contas seja um erro de avaliação de quem pensava encontrar algo diferente na tela. A produção tem méritos inegáveis como a maravilhosa direção de arte, a riqueza dos figurinos e a fotografia, belamente sombria e sinistra. E para as fãs de Johnny Depp temos aqui uma de suas caracterizações mais impressionantes (em ótimo trabalho de maquiagem e transformação). Enfim, "Sweeney Todd" é um filme 100% Tim Burton, com tudo de bom e ruim que isso significa.

Sweeney Todd: O Barbeiro Demoníaco da Rua Fleet (Sweeney Todd: The Demon Barber of Fleet Street, Estados Unidos, Inglaterra, 2007) Direção: Tim Burton / Roteiro: John Logan, baseado no musical de Hugh Wheeler / Elenco: Johnny Depp, Helena Bonham Carter, Alan Rickman / Sinopse: Sweeney Todd (Johnny Depp) é um barbeiro numa Londres escura e nebulosa. Julgado e preso injustamente pelo juiz Turpin (Alan Rickman) ele decide se vingar de todos os que lhe fizeram mal.

Pablo Aluísio.

Parenthood

A TV americana nunca deixa de focar séries e seriados no cotidiano de famílias, dos mais variados tipos. O curioso é que esse tipo de programa acaba virando uma espécie de retrato das mudanças por que passam essa instituição nos EUA e no mundo. Se nos anos 50 havia aqueles núcleos familiares bem quadrados (pai, mãe e filhinhos adoráveis) agora o rumo muda de foco. A filha é mãe solteira, abandonada pelo marido, que diga-se de passagem tem problemas com drogas. O outro filho, apesar de ser um bom profissional, está desempregado por causa da crise na economia americana. O mais jovem é fruto da geração hippie, gosta de música e de vez em quando fuma um baseado com a companheira, que é negra e tem um filho afro dele. Esse tipo de retrato familiar se fosse levado à TV americana dos anos 50 seria encarado com espanto, por ser escandaloso demais. Mas no mundo em que vivemos tudo é encarado com doce naturalidade, ainda bem pois os tempos são outros.

Por isso acho que essa é uma série bem interessante. Aliás venho acompanhando já há algum tempo. Dito isso é bom esclarecer que "Parenthood" é mais indicada ao público feminino por causa da estrutura de seus episódios. De uma maneira em geral o programa tem muito de uma série mais velha da Warner chamada "Gilmour Girls". Inclusive a atriz Lauren Graham estrelou ambos. Os roteiros aqui porém são mais trabalhados uma vez que o número de personagens é bem mais amplo. O elenco é muito bom a direção soa muito inspirada pois nunca deixa a coisa desandar para o dramalhão chato, pelo contrário o bom humor, mesmo diante dos dramas da vida, sempre se faz presente. É uma produção do diretor Ron Howard que imprime sua marca registrada no seriado. Além disso tem um trilha sonora muito evocativa puxada por Dylan e sua ótima canção "Forever Young". Quem ainda não conhece vale assistir!

Parenthood (Idem, Estados Unidos, 2010 - 2013) Criado e Produzido por Ron Howard e Brian Grazer / Elenco: Peter Krause, Lauren Graham e Dax Shepard / Sinopse: "Parenhood" mostra os desafios, os dramas e as lutas de uma família tipicamente americana tentando se manter unida e forte no meio das mudanças comportamentais e morais da sociedade atual.

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 16 de outubro de 2013

Margot e o Casamento

Relacionamento entre irmãs nem sempre é um mar de rosas. O roteiro desse filme mostra exatamente esse aspecto. Nas vésperas do casamento de sua irmã, Pauline (Jennifer Jason Leigh), a complexa Margot (Nicole Kidman) começa a plantar dúvidas na cabeça de sua mana sobre sua escolha. Seria mesmo aquele homem o perfeito para sua vida? Para complicar ainda mais o noivo é um sujeito sem emprego e aparentemente sem muito futuro, um artista que ainda não se encontrou na vida interpretado pelo ator Jack Black (em papel não cômico, fugindo das características que sempre marcaram sua filmografia). As palavras de Margot acabam indo fundo na alma da irmã a jogando numa situação muito conflituosa e psicologicamente desgastante.

"Margot e o Casamento" não é aquele tipo de produção que se indique a todos os tipos de público. O clima muitas vezes é melancólico, sufocante e sua dramaturgia não vai agradar a todo mundo pois em determinado momento evita por soluções facéis demais. Nicole Kidman continua linda mas o filme não engrena. A sensação que se tem muitas vezes no transcorrer da trama é a de que algo interessante vai acontecer mais cedo ou mais tarde mas a verdade pura e simples é que nada de muito relevante acontece. É um roteiro ao estilo "chove mas não molha". Por outro lado os defensores da película acreditam que o roteiro inconclusivo é um reflexo da própria vida real. Esse tipo de texto até pode dramaturgicamente deixar a desejar, mas no final das contas ganha em credibilidade. Na dúvida arrisque, afinal a proposta do filme pode vir a lhe agradar.

Margot e o Casamento (Margot at the Wedding, Estados Unidos, 2007) Direção: Noah Baumbach / Roteiro: Noah Baumbach / Elenco: Nicole Kidman, Jennifer Jason Leigh, Jack Black / Sinopse: O filme mostra a complicada relação entre duas irmãs muito diferentes nas vésperas do casamento de uma delas.

Pablo Aluísio.

The White Queen

A rotatividade das séries está tão alta que mal começamos a assistir uma nova série e ela é logo cancelada. Foi o que aconteceu com essa série do canal BBC, "The White Queen". A priori o tema já tinha me interessado de cara. Gosto de filmes e séries históricas que mostram personagens da história. Mesmo que os roteiros não sejam historicamente corretos e muito romanceados, como aconteceu com "The Tudors" e "The Borgias" eu corro atrás para conferir. Assim "The White Queen" logo me chamou a atenção. A série foca no improvável romance entre o rei Edward IV (Max Irons) e a plebeia Elizabeth Woodville (Rebecca Ferguson). Edward era um rei jovem ainda lutando por sua coroa contra outro rei, Henry. A disputa daria origem a uma das mais famosas guerras da história da Inglaterra, a Guerra das duas rosas que durou de 1455 a 1485. Edward defendia a dinastia York contra Henry que representava os Lancasters. Os combatentes do primeiro eram identificados por rosas brancas e os do segundo por rosas vermelhas colocados em suas lapelas. Mais britânico do que isso impossível.

"The White Queen" não tem uma produção tão bem realizada como a que vemos em séries como "The Tudors" ou "The Borgias" mas sua linha histórica e seu roteiro mantém a atenção do espectador. O programa foi fruto de uma parceria entre a BBC e o canal americano Starz que se notabilizou pela ótima série "Spartacus". Infelizmente os números de audiência não foram animadores, nem nos EUA e nem na Inglaterra. Como os dois países vivem uma crise econômica sem precedentes não há mais uma chance de sobrevida para seriados que não conquistam o público logo na primeira temporada. Assim logo são cancelados. Uma pena, havia muito potencial nessa história, muitas intrigas palacianas a se desenvolver como convém aos regimes baseados em monarquias absolutistas. Mesmo com seu cancelamento deixo a indicação dos dez episódios produzidos pois tudo resulta em um bom entretenimento. Só podemos nos lamentar do fato de que em épocas de vacas magras nem os reis e rainhas sobrevivem aos cortes de orçamento.

The White Queen (Estados Unidos, Inglaterra, 2013) Direção: Colin Teague, James Kent, Jamie Payne / Roteiro: Malcolm Campbell, Emma Frost / Elenco: Aneurin Barnard, Rebecca Ferguson, Amanda Hale / Sinopse: A série da BBC "The White Queen" conta o romance vivido entre o monarca Edward IV (Max Irons) e a plebeia Elizabeth Woodville (Rebecca Ferguson) durante a Guerra das Duas Rosas.

Episódio comentado:

The White Queen 1.09 - The Princes in the Tower
Esse é o penúltimo episódio dessa ótima série que ao meu ver foi cancelada cedo demais. Bom, sou completamente suspeito para elogiar pelo simples motivo de que gosto muito de séries de época - e se forem sobre a monarquia inglesa melhor ainda! Sou um fã assumido de "The Tudors" que marcou época em minha opinião. Claro que grande parte do enredo é romanceado e nem tudo aconteceu tal como mostrado, mas esse tipo de coisa faz parte da busca por recursos de dramaticidade e não tira os méritos desse tipo de obra. "The White Queen" é interessante porque mostra o surgimento da dinastia Tudor (cujo maior representante foi Henrique VIII, cujo reinado acompanhamos justamente em "The Tudors"). Após a morte do Rei Edward, seus herdeiros são presos na torre de Londres. O usurpador passa a ser Richard, seu irmão. Conspiradores então se unem para o tirar do trono, ao mesmo tempo em que se tenta trazer Henry Tudor (avô de Henrique VIII) ao poder. A crueldade da história vem do fato de que os filhos de Edward (que estavam aprisionados na infame torre) foram mortos a sangue frio. Bem, isso é próprio desse sistema, e é o que mais vemos na história  das monarquias da Europa. Quando há poder e fortuna em jogo isso é o que geralmente acontece: aspirantes ao trono se matam entre si, irmãos matam irmãos, tios degolam sobrinhos, tudo para saber quem subirá ao topo do reino. Na vida real serve para mostrar a sordidez humana mas no mundo da ficção, não há como negar, é um prato cheio para quem gosta de diversão com o sabor da história. / The White Queen 1.09 - The Princes in the Tower (Estados Unidos, 2013) Direção: Colin Teague / Roteiro: Emma Frost, Philippa Gregory / Elenco: Aneurin Barnard, Ashley Charles, Faye Marsay.

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 14 de outubro de 2013

Hairspray: Em Busca da Fama

Remake de um famoso e interessante musical de 1988 dirigido pelo sempre cultuado John Waters. Se aquele era de certa forma uma produção até modesta e sem grandes pretensões, aqui temos um filme que custou mais de 70 milhões de dólares, com elenco de astros e marketing de blockbuster. Até mesmo o star John Travolta se despiu de seu status de símbolo sexual para viver um papel feminino. Sob forte maquiagem Travolta deixa os embalos de sábado à noite para encarnar Edna Turnblad, uma típica dona de casa dos anos 60. Para o público adolescente "Hairspray" ainda traz o ídolo teen Zac Efron que tanto sucesso fez em musicais da Disney há alguns anos. Se ambos estão muito bem em seus personagens nada se compara a fenomenal atuação da atriz Nikki Blonsky. Ela dança, canta e impressiona com seu trabalho. Interpretando a adolescente Tracy Turnblad que sonha vencer um concurso de dança na TV. Um dos aspectos mais importantes a se falar sobre ela é que mesmo acima do peso ideal a atriz mostra que quando se tem talento tudo isso vira apenas um mero detalhe.

"Hairspray: Em Busca da Fama" é colorido, divertido, dançante e muito simpático. Mostra que o gênero musical ainda não está morto nos dias atuais e que basta uma boa direção, um roteiro convincente e uma trilha sonora bem composta para se voltar aos dias de glória do gênero. O cineasta Adam Shankman que dirigiu o filme é muito talentoso de fato. Atualmente ele vive uma de suas fases mais populares, não no cinema, mas na TV com o fenômeno "Glee". Além disso mostrou bem recentemente que consegue fazer qualquer um se dar bem em musicais, como bem provou com Tom Cruise em "Rock of Ages: O Filme". Talentoso e muito criterioso nas produções em que se envolve Shankman mostra que basta um pouco mais de capricho para encantar a todos, até mesmo os que sempre torceram o nariz para esse tipo de produção. Assim se você ainda não viu esse remake de "Hairspray" não perca mais tempo pois certamente você terá duas horas bem encantadoras, pode apostar.

Hairspray: Em Busca da Fama (Hairspray, Estados Unidos, 2007) Direção: Adam Shankman / Roteiro: Leslie Dixon, John Waters / Elenco: John Travolta, Queen Latifah, Nikki Blonsky, Michelle Pfeiffer, Christopher Walken, Amanda Bynes, Zac Efron / Sinopse: Uma adolescente na Baltimore dos anos 60 sonha em vencer um concurso de dança na TV.

Pablo Aluísio.

domingo, 13 de outubro de 2013

Universidade Monstros

E a moda do Prequel chega ao mundo das animações. Esse filme nada mais é do que isso, um prequel de "Monstros S.A." de 2001. Agora o espectador é levado para conhecer como Mike (Billy Crystal) e Sullivan (John Goodman) se conheceram na universidade. O sonho de Mike sempre foi entrar no curso de sustos da Universidade Monstros e para isso estudou muito, se preparou. Já Sullivan não está nem aí. Filho de uma família tradicional no mundo dos sustos ele pouco está ligando para seus estudos acadêmicos, preferindo se divertir o máximo possível no campus. Após um erro ambos são desligados do programa e para terem uma chance novamente resolvem entrar nos jogos "greeks" para vencer e voltar para o curso que desejam. Para isso precisam entrar antes em uma fraternidade mas rejeitados por todas elas acabam entrando numa fraquinha, esnobada por todos os estudantes da universidade.

"Universidade Monstros" não chega nem perto da criatividade e da diversão que vimos em "Monstros S.A". Aquele tinha um timing melhor, além disso a ideia soava original e diferente de tudo o que se viu em termos de animação. Coisa típica da Pixar que tinha muita criatividade em seu time de animadores. Já esse segundo filme não é tão original e nem surpreende. Na verdade a estorinha banal procura se aproveitar de todos os clichês de comédias sobre a vida universitária dos Estados Unidos. Por isso os personagens são os mesmos de sempre, os nerds, os "losers", os atletas bonitões e por aí vai. Nada de novo no front. De certa forma vem para confirmar o que a crítica vem dizendo já há bastante tempo, que após ter sido adquirida pela Disney a Pixar perdeu parte de seu charme, de sua acidez, que era tão comum em suas primeiras animações. Enfim, meio chatinho.

Universidade Monstros (Monsters University, Estados Unidos, 2013) Direção: Dan Scanlon / Roteiro: Dan Scanlon, Daniel Gerson / Elenco (vozes): Billy Crystal, John Goodman, Steve Buscemi / Sinopse: Prequel de "Monstros S.A". Agora Mike e Sullivan se conhecem na universidade e lutam para continuarem no curso que sempre sonharam.

Pablo Aluísio.

sábado, 12 de outubro de 2013

Pearl Harbor

Nas vésperas do ataque à base da marinha americana em Pearl Harbor, fato histórico que motivou a entrada dos Estados Unidos na Segunda Guerra Mundial, o militar Rafe (Ben Affleck) acaba se apaixonando pela bela enfermeira de base Evelyn (Kate Beckinsale). Enquanto isso seu grande amigo Danny (Josh Hartnett) entra para as força aérea americana para lutar em uma provável guerra que está prestes a eclodir. O destino de ambos se cruzarão após o infame ataque a Pearl Harbor. Para muitos críticos de cinema o fato é que não se fazem mais bons filmes de guerra como antigamente. Nem toda a tecnologia do mundo em efeitos digitais consegue mudar esse panorama. Essa produção é sempre citada como um exemplo disso. Na verdade "Pearl Harbor" foi uma tentativa de repetir o sucesso de Titanic. O esquema do roteiro é praticamente o mesmo: um lindo romance bem no meio de um grande acontecimento histórico.
Não deu lá muito certo. O casal protagonista não mostra química entre si: Ben Affleck (mais canastrão do que nunca) e Kate Beckinsale simplesmente não convencem.

De bom o filme tem a melhor e a mais perfeita reconstituição em computação gráfica do ataque à base americana no Havaí mas isso, sob um ponto de vista crítico, é muito pouco para justificar tanta trama desnecessária e cansativa. O filme é longo demais e pretensioso além da conta. Também pudera, o diretor é um dos mais vazios de sua geração em Hollywood. Não há como negar, dessa safra de cineastas Michael Bay só não é pior mesmo que Roland Emmerich! Ambos não conseguem fazer cinema de verdade. Recentemente Bay abriu o jogo e confessou que faz filmes para adolescentes, daqueles que infestam os multiplex de shopping centers da vida. Assim esse "Pearl Harbor" passa longe de ser um filme do naipe de "A Um Passo da Eternidade". Aliás comparar as duas obras chega mesmo a ser uma grande heresia.

Pearl Harbor (Idem, Estados Unidos, 2001) Direção: Michael Bay / Roteiro: Randall Wallace / Elenco: Ben Affleck, Kate Beckinsale, Josh Hartnett, Cuba Gooding Jr, Jon Voight, Alec Baldwin / Sinopse: Dois amigos, que se consideram irmãos, vivenciam momentos diferentes em suas vidas antes e depois do grande ataque japonês ao porto militar americano de Pearl Harbor no Havaí durante a Segunda Guerra Mundial.

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 11 de outubro de 2013

Memphis Belle - A Fortaleza Voadora

O filme mostra de forma bastante talentosa a história real do bombardeiro americano Memphis Belle e sua equipe durante a Segunda Guerra Mundial. Na ocasião o avião ficou famoso por cumprir uma última missão, após vinte e quatro ataques bem-sucedidos. Para fechar com chave de ouro a tripulação do Memphis Belle precisaria apenas completar mais uma missão sobre o território inimigo para poder voltar para casa. Temos aqui um belo filme - acima da média mesmo. Tem bom roteiro, excelente clima de tensão e suspense e a nostalgia da época usada de forma equilibrada e inteligente. Outro grande destaque é a trilha sonora, inclusive contando com o "novo Sinatra" Harry Connick Jr. Dentre as várias canções memoráveis destaco "Danny Boy", que seria regravada por Elvis Presley nos anos 70 em uma gravação simplesmente perfeita e definitiva. Para quem gosta de história militar o verdadeiro Memphis Belle está em exibição em um museu militar americano. É um dos aviões mais famosos e celebrados da segunda guerra mundial.

Um dos destaques para quem visita o velho e heróico avião são os detalhes em sua lataria mostrando a quantidade de missões realizadas e o número de aviões nazistas derrubados por ele em campanha pelos céus do eixo alemão. O elenco inteiro está bem, até mesmo canastrões conhecidos como o "Fantasma" Billy Zane se sobressaem e não atrapalham o resultado final. As cenas de combate nos céus da Alemanha são extremamente bem realizadas e isso em uma época em que a computação gráfica ainda era bastante rudimentar. Sem medo de errar afirmo que esse é certamente um dos melhores filmes de guerra realizados nos últimos vinte e cinco anos. Um excelente programa para o fim de noite.

Memphis Belle - A Fortaleza Voadora (Memphis Belle, Estados Unidos, 1990) Direção: Michael Caton-Jones / Roteiro: Monte Merrick / Elenco: Matthew Modine, Eric Stoltz, Tate Donovan, D.B. Sweeney, Billy Zane, Sean Astin, Harry Connick Jr. / Sinopse: O filme mostra a história real do bombardeiro americano Memphis Belle e sua equipe durante a Segunda Guerra Mundial. Na ocasião o avião ficou famoso por cumprir uma última missão, após vinte e quatro ataques bem-sucedidos.

Pablo Aluísio.

Bling Ring: A Gangue de Hollywood

É incrível o nível de futilidade e superficialismo que impera entre certos jovens hoje em dia. Como se não bastassem serem vazios e espiritualmente medíocres ainda cometem crimes. Os fatos mostrados no filme aconteceram realmente, o que deixará ainda mais perplexo o espectador mais consciente. Tudo aconteceu nos bairros mais chiques e elegantes de Los Angeles. Um grupo de jovens e adolescentes (um rapaz e quatro garotas) decidem roubar as grandes mansões das celebridades do mundo da moda e do cinema. O plano era relativamente simples. Como todo jovem eles também eram muito interessados nas vidas de seus ídolos (gente como Paris Hilton e Lindsay Lohan, ou seja, o supra-sumo da banalidade). Pois bem, quando essas celebridades viajavam para o exterior os jovens iam até suas belas casas para roubar jóias, roupas, acessórios e tudo mais que encontravam pela frente. Apenas artigos de luxo que revendiam para comprar drogas e frequentar as melhores baladas da cidade. Tão estúpidos eram que começaram a colocar fotos no Facebook, além de contar de forma despreocupada para todo mundo que eles estavam invadindo as casas, na maior, sem culpa, como se fosse algo normal.

"Bling Ring: A Gangue de Hollywood" mostra de certa forma o grau de estupidez e idiotice em que certos jovens vivem hoje em dia. Sem valores morais e nem espirituais, o que vale para eles é ter a última bolsa da moda ou se mostrar para os colegas da escola suas novas "aquisições". Com tanta gente sem noção junta não foi de se admirar que o departamento de polícia tenha encontrado todos eles de forma fácil e rápida. O filme é um projeto em família onde a filha Sofia Coppola dirige e o pai Francis Ford Coppola produz. Era de se esperar algo mais sofisticado ou inovador, principalmente por ter sido assinado por Sofia, que é excelente cineasta (embora seja péssima atriz). Infelizmente ela deixa maiores ousadias autorais de lado e resolve contar a história da forma mais quadradinha possível. Os eventos são contados de forma praticamente banal. Já em termos de elenco não há nenhum destaque maior. Apenas Emma Watson chama um pouco mais de atenção mas nada que vá deixar alguém admirado. Agora curioso mesmo é saber que as próprias Lindsay Lohan e Paris Hilton cederam suas imagens e abriram até mesmo a porta de suas casas nas filmagens para, obviamente, aparecer mais uma vez na mídia. Essas celebridades de hoje em dia parecem mesmo tão vazias quanto seus fãs. Pelo amor de Deus...

Bling Ring: A Gangue de Hollywood (The Bling Ring, Estados Unidos, 2013) Direção: Sofia Coppola / Roteiro: Sofia Coppola, Nancy Jo Sales / Elenco: Katie Chang, Israel Broussard, Emma Watson / Sinopse: Grupo de jovens riquinhos decide roubar as mansões de seus ídolos do cinema e da moda. Jóias, roupas e dinheiro, nada escapava das mãos dos "garotos".

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 10 de outubro de 2013

Quem Quer Ser um Milionário?

A Rede Globo vai exibir hoje pela madrugada esse vencedor do Oscar. De todos os ganhadores do Oscar de Melhor Filme acho esse um dos mais fracos. Não sei se o fato de ter sido um ano muito mediano tenha contribuído para seus prêmios da Academia ou se tudo não passou de uma jogada comercial da indústria americana em conquistar espaço na Índia (o maior mercado consumidor de filmes no mundo, pelo número de habitantes) mas a questão é que até hoje torço o nariz para esse "Quem Quer Ser um Milionário?". Não adianta, não consigo gostar da película, de sua proposta, de seu enredo primário e nem dos garotos em cena. Para piorar o que já eram bem chato em minha opinião os produtores resolveram fazer uma média com os filmes indianos, colocando danças e números musicais tão comuns em filmes de Bollywood. Em minha forma de ver as coisas isso só piorou ainda mais o resultado final, dando um amargo gostinho de oportunismo nesse chá indigesto.

De qualquer maneira existe um grupo considerável de cinéfilos que acham o filme realmente genial. Na estorinha acompanhamos o jovem Jamal K. Malik, que como muitos de sua idade que nasceram em países de terceiro mundo também vai levando uma vida dura, geralmente em empregos medíocres, que pagam verdadeiras misérias como salário. Ele serve chá em uma empresa especializada em telemarketing (aquele tipo de serviço irritante que nos incomoda em nossas casas, ligando o tempo todo para oferecer algo de que definitivamente não queremos e nem precisamos). Pois bem, para fugir dessa existência sem perspectivas ele se inscreve em um popular programa de TV chamado justamente "Quem Quer Ser um Milionário?". A partir daí sua vida tomará um rumo completamente diferente.  Como se pode perceber o roteiro não é dos mais interessantes e o resultado se mostra apenas morno - aquele tipo de filme que você só consegue assistir uma única vez na vida. Isso não impediu que a produção recebesse uma enxurrada de prêmios, sendo indicado a 10 Oscars, vencendo oito, incluindo Melhor Filme, Melhor Diretor e Melhor Roteiro Adaptado. Como se isso tudo não bastasse ainda foi premiado no Globo de Ouro e Bafta. Vai entender o que se passa na cabeça dos votantes desses prêmios.

Quem Quer Ser um Milionário? (Slumdog Millionaire, Inglaterra, 2008) Direção: Danny Boyle / Roteiro: Simon Beaufoy / Elenco: Dev Patel, Tanay Hemant Chheda, Ayush Mahesh, Edekar Freida Pinto, Adhur Mittal, Anil Kapoor / Sinopse: Jovem indiano se inscreve em um popular programa de TV chamado "Quem Quer Ser um Milionário?". A partir daí sua vida toma rumos inesperados.

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 9 de outubro de 2013

Provas e Trapaças

Bobby Funke (Reece Thompson) resolve desmascarar o cara mais popular da escola. Para isso ele usa o jornal de sua “high school” e acaba denunciando o herói da escola como se este fosse responsável por roubar provas. Mas depois muda de ideia e tenta inocentá-lo e descobrir o que há realmente por trás de tudo. Assisti a esse filme apenas por uma razão: a presença de Bruce Willis no elenco. Realmente é de se admirar um ator do nível dele, um sujeito que estrela filmes milionários, aceitar aparecer numa comédia adolescente como essa. Até que não me arrependi de ter assistido, a presença do Bruce é bem divertida e ele até que mantém o interesse. Claro que seu personagem é bem caricato, mas tirando isso seu estilo "ex veterano de guerra limítrofe" diverte.

O filme não é de todo mal. Tem até uma traminha bem bolada envolvendo o conselho estudantil da escola. O garoto que faz o personagem principal do filme, Reece Thompson, até segura bem a bola. Mischa Barton (aquela mesmo de OC, uma sub-Lindsay Lohan) não faz nada de muito interessante no filme além de posar de gostosa e aparecer rapidamente nua numa cena de banheira (nada que vá valer pelo filme). De resto os velhos clichês de filmes juvenis: tem os atletas arrogantes, os valentões da escola, os freaks e os nerds. O filme pelo visto nem teve a oportunidade de se tornar um fracasso de bilheteria já que foi lançado diretamente em dvd (aqui e nos EUA). Nesses dias estará passando na Sessão da Tarde... Se você gosta desse estilo de filme até vale a pena arriscar e boa sorte!

Provas e Trapaças (Assassination of a High School President, Estados Unidos, 2008) Direção: Brett Simon / Roteiro: Kevin Jakubowski, Tim Calpin / Elenco: Reece Daniel Thompson, Bruce Willis, Mischa Barton, Michael  Rapaport, Kathryn Morris, Melonie Diaz, Luke Grimes, Patrick Taylor / Sinopse: Bobby Funke quer escrever para o jornal de sua “high school” e acaba denunciando o herói da escola como se este fosse responsável por roubar provas. Mas depois muda de ideia e tenta inocentá-lo e descobrir o que há realmente por trás de tudo.

Pablo Aluísio.

Guerra ao Terror

“Guerra ao Terror” foi um dos maiores azarões da história do Oscar. Foi lançado discretamente nos cinemas, pouca gente havia assistido e não causou maior repercussão entre a crítica. Parecia ser um daqueles filmes destinados para o mercado de vídeo quando de repente começou a ser comentado, badalado, tudo às vésperas da premiação da Academia e acabou levando o grande prêmio da noite para surpresa de muitos. O que levou “Guerra ao Terror” a essa escalada sem precedentes? A vitória do filme tem mais a ver com a psicologia dos membros da Academia do que por suas próprias qualidades cinematográficas. A produção se tornou vitoriosa não por ser um filme excepcional (coisa que ele não é), mas por um sentimento de revanchismo contra o diretor James Cameron que naquele ano concorria com o favoritíssimo “Avatar”. Quando venceu o Oscar por “Titanic” o cineasta teve um acesso de egolatria e gritou aos quatro ventos que era “o rei do mundo”. Típico de sua personalidade arrogante e megalomaníaca. Cameron aliás não é muito bem visto por colegas de trabalho por ser muito arrogante e irascível com as pessoas que trabalham ao seu lado. Nada simpático teve seu troco no Oscar quando os membros da Academia preferiram votar no filme de sua ex-mulher, Kathryn Bigelow. Quer lição maior do que premiar a ex-esposa? Foi como se dissessem: “Cameron não gostamos de você, por isso vamos votar na sua ex-mulher”. Assim os votantes não votaram propriamente em “Guerra ao Terror” mas sim contra James Cameron e seu ego monumental. A arrogância lhe custou o Oscar de melhor filme naquele ano. Fica a lição.

Pessoalmente também torci por “Guerra ao Terror”. Queria que ele levasse o prêmio de melhor filme e não Avatar, um filme fast food que é puro visual mas sem conteúdo nenhum por trás de suas bem trabalhadas imagens. Se a Academia tivesse dado o Oscar para Avatar então o prêmio ficaria completamente banalizado e não me admiraria se um dia um Michael Bay da vida levantasse a estatueta do Oscar. “Guerra ao Terror” não é uma maravilha e nem tampouco o considero o melhor filme do ano mas diante das circunstâncias era a melhor solução contra Avatar e seu legado sem consistência. Venceu e fiquei satisfeito mas espero que no Oscar nos anos que virão se premie filmes de verdade concorrendo à estatueta, sem se importar com revanchismos e rixas pessoais. Dias melhores virão. Como afirmei antes, assisti “Guerra ao Terror” muito antes de ser badalado. Naquela época ninguém nem falava no filme e eu jamais pensei que ele iria ganhar o Oscar de melhor filme do ano. Era algo inimaginável. Foi seguramente uma das maiores surpresas que tive na minha longa vida de cinéfilo. O filme até que é eficiente mas não consegue ser carismático ou marcante. De certa forma volta a louvar os militares americanos como grandes heróis dentro dos conflitos sem fim ocorridos no Oriente Médio. A trama se foca no cotidiano do primeiro sargento William James, especializado em desmonte de bombas no front de batalha. Interpretado por Jeremy Renner, um ator tão sem carisma quando o filme em si, ficamos ali acompanhando seu trabalho, o que é curioso mas nada empolgante ou digno a ponto de ser considerado o melhor filme do ano! No geral “Guerra ao Terror” passa para a história como um azarão que deu certo por fatores extra cinematográficos. Espero que a moda não pegue e que daqui em diante haja mais seriedade nos votos dos membros da Academia. 

Guerra ao Terror (The Hurt Locker, Estados Unidos, 2008) Direção: Kathryn Bigelow / Roteiro: Mark Boal / Elenco: Jeremy Renner, Anthony Mackie, Brian Geraghty, Guy Pearce, Ralph Fiennes, David Morse, Evangeline Lilly, Christian Camargo / Sinopse: Um esquadrão antibombas do exército norte-americano tem sua rotina mostrada no filme. Vencedor dos Oscars de Melhor Direção, Edição, Edição de Som, Efeitos Sonoros, Melhor Filme, Roteiro Original e indicado aos de Fotografia, Trilha Sonora e Ator (Jeremy Renner).

Pablo Aluísio.

terça-feira, 8 de outubro de 2013

Trovão Tropical

Um diretor megalomaníaco coloca na cabeça que vai realizar o maior filme de guerra na história. Esqueça "Apocalypse Now", "Nascido Para Matar" ou "Platoon". Ele está certo que realizará o filme definitivo da guerra do Vietnã. Para isso leva todo o seu elenco (na verdade atores bem almofadinhas) para o meio da selva asiática, tudo com o objetivo de dar maior realismo para as cenas que recriam um dos mais sangrentos conflitos da história dos EUA. Essa é a sinopse dessa comédia que consegue fundir cenas do mais puro pastelão com interpretações que deram o que falar. Tom Cruise, por exemplo, surpreende, mostrando ter muito timing também para o humor mais escrachado. Aliás esse é um filme completamente fora do comum dentro da filmografia de Cruise. Nessa comédia que satiriza os filmes de guerra tradicionais ele interpreta um produtor de cinema careca, gordo e barrigudo! Para surpresa geral Cruise mostra um desconhecido talento de humor em cena, se despindo completamente de sua vaidade pessoal. O seu personagem é a antítese de sua imagem no cinema criada em todos esses anos. Para um papel totalmente sem pretensão Cruise acabou sendo indicado ao Globo de Ouro de Melhor Ator Coadjuvante, uma surpresa e tanto!

E o que dizer de Robert Downey Jr interpretando um negro durão? Alguns setores de consciência negra nos EUA ficaram um pouco incomodados com a caricatura mas depois finalmente compreenderam que tudo não passava de uma interpretação cômica e todos os excessos faziam parte do jogo para deixar o filme ainda mais engraçado. A mistura de tantos talentos acabou dando certo do ponto de vista comercial. A fita fez boa bilheteria e a participação de Cruise, um dos grandes destaques da produção, foi considerada mais do que positiva em sua carreira. Não é nenhuma obra prima que você não possa perder mas consegue até divertir bastante, ainda mais se você for cinéfilo e conseguir pegar todas as referências com os grandes clássicos de filmes de guerra (um gênero que atualmente anda com problemas de criatividade e inovação).

Trovão Tropical (Tropic Thunder, Estados Unidos, 2008) Direção: Ben Stiller / Roteiro: Justin Theroux, Ben Stiller / Elenco: Ben Stiller, Jack Black, Robert Downey Jr, Tom Cruise / Sinopse: Diretor em busca de realismo para seu filme que pretende ser o "Maior de todos os tempos" leva um grupo de atores para a selva real do Vietnã, dando origem a muitas confusões.

Pablo Aluísio.

Sem Proteção

Mesmo aos 77 anos de idade o ator Robert Redford está em plena forma. Uma prova disso é esse ótimo filme "Sem Proteção" que apesar de ter sido lançado sem maiores repercussões de público e crítica no ano passado demonstra sem muito esforço que Redford ainda está em pleno auge criativo. A direção é do próprio ator que corajosamente faz uma pequena crítica aos liberais de seu tempo. Durante a década de 1960 o movimento contra a guerra do Vietnã explodiu no país. Os manifestantes eram em sua maioria jovens universitários que usaram sua liberdade de pensamento para se posicionarem contra a política externa americana, que enviava jovens como eles para morrerem e desaparecerem nas selvas do sudeste asiático. Alguns membros desses movimentos acabaram adotando uma linha mais radical o que acabou levando vários deles para a clandestinidade, muitos deles inclusive acusados de crimes e procurados pelo FBI. Esse é o caso de Nick Sloan (Robert Redford). Ele fez parte de um grupo extremamente radical nos anos 60. Após a morte de um guarda de banco se tornou foragido pois o FBI o acusou de participação no crime. Sloan porém consegue escapar e fica por longos trinta anos escondido da justiça. Ele adota outra identidade e se faz passar por um advogado de nome Jim Grant.

Seu disfarce porém cai quando uma antiga colega de lutas revolucionárias, Sharon Solarz (Susan Sarandon), é localizada e presa pelo FBI. Viúvo e pai de uma pequena garota, Sloan tenta então fugir de todas as formas de seu passado para encontrar uma pessoa que poderá provar sua inocência. Não vai ser fácil pois um jornalista investigador, Ben Shepard (Shia LaBeouf) também está em seu encalço. O roteiro de "The Company You Keep" é bem acima da média do que se vê atualmente dentro do cinema americano. Redford lida muito bem com seus personagens, todos já velhos e cansados, tendo que lidar com atos impensados cometidos em suas juventudes. A ideia de viver fugindo do FBI por tanto tempo, assumindo disfarces e identidades falsas acaba cobrando um preço muito grande de todos aqueles antigos radicais do movimento. E o curioso é que Redford faz um mea culpa muito elegante e inteligente sobre as posições radicais de sua geração, mostrando que muitas vezes a falta de experiência e a postura radical típicas da juventude podem prejudicar seriamente a vida das pessoas no futuro. Pena que o texto não abra maior espaço para esse debate preferindo a partir de determinado momento mostrar apenas a luta de Sloan (Redford) para escapar das mãos do FBI. Mesmo assim se trata realmente de um excelente thriller que merece ser assistido.

Sem Proteção (The Company You Keep, Estados Unidos, 2012) Direção: Robert Redford / Roteiro: Lem Dobbs baseado no livro escrito por Neil Gordon / Sinopse: Robert Redford, Susan Sarandon, Shia LaBeouf, Nick Nolte, Julie Christie, Stanley Tucci / Sinopse: Trinta anos depois de escapar do FBI um antigo membro de uma ala radical de luta contra a guerra do Vietnã é finalmente encontrado. Tentando fugir de todas as formas ele parte em busca de uma antiga colega do movimento que poderá provar finalmente sua inocência em um crime de assassinato ao qual é acusado.

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 7 de outubro de 2013

Alice no País das Maravilhas

Eu gostaria de dizer algo melhor sobre "Alice" de Tim Burton, até porque o filme reúne três personalidades de que gosto bastante. A começar pelo próprio Tim Burton que com seu estilo único já deu aos cinéfilos grandes alegrias nas salas de cinema mundo afora. O ator Johnny Depp também está aqui. Acompanho Depp desde o comecinho de sua carreira quando ele ainda era um jovem interpretando um policial na série "Anjos da Lei". Sempre o achei um ator muito corajoso que recusou se tornar um ídolo adolescente para realizar uma série de filmes ousados e fora do comum. Por fim temos a obra de Lewis Carroll, um autor realmente maravilhoso que conseguiu com "Alice" algo bem raro no mundo da literatura pois uniu uma escrita elegante e sofisticada, inteligente acima de tudo, com o universo infantil. Não é por menos que seu livro se tornou um verdadeiro clássico. Infelizmente mesmo com todos os ingredientes presentes algo deu muito errado nessa mistura. O que era para ser uma fusão de pequenas pitadas de talento desandou completamente. O que sobrou foi nada mais, nada menos do que um tempero ardente, exagerado, completamente kitsch.

Claro que expor os problemas e defeitos de "Alice no País das Maravilhas" na visão de Tim Burton soa hoje como algo sem maior importância. Isso porque o filme foi um tremendo, enorme e espetacular sucesso de bilheteria em seu lançamento. A produção arrecadou mais de um bilhão de dólares! É um número realmente fantástico que muito provavelmente jamais será repetido na carreira de todos os envolvidos. É muito curioso que artistas que tinham a fama de serem tão cults como Depp e Burton tenham se tornado o símbolo máximo do cinema comercial com esse "Alice". O que antes era considerado estranho, bizarro nos filmes de Burton virou algo queridinho pelas grandes massas! É uma metamorfose complicada de explicar pois basta assistir ao filme para perceber que no fundo Tim Burton continua o mesmo esquisitão de sempre, só que agora ele virou um chiclete de consumo popular. Em minha visão o filme não é nada bom, nem como produto cinematográfico e nem muito menos como adaptação da obra de Lewis Carroll. O livro original aliás parece tão distante do que vemos na tela como os delírios da Alice do mundo real. Pouca coisa funciona, já que Johnny Depp interpreta o chapeleiro maluco e por essa razão sua participação é ampliada ao máximo no enredo, em detrimento do que tínhamos no livro original. "Alice" não convence e não agrada mas seu sucesso fora do comum certamente faz com que seus defeitos sejam certamente completamente ignorados.

Alice no País das Maravilhas (Alice in Wonderland, Estados Unidos, 2010) Direção: Tim Burton / Roteiro: Linda Woolverton, na obra de Lewis Carroll / Elenco: Mia Wasikowska, Johnny Depp, Helena Bonham Carter / Sinopse: Alice é uma garota de 19 anos que retorna para o mundo onde viveu as grandes aventuras de sua infância.

Pablo Aluísio.

48 Horas

Título no Brasil: 48 Horas
Título Original: 48 Hrs
Ano de Produção: 1982
País: Estados Unidos
Estúdio: Paramount Pictures
Direção: Walter Hill
Roteiro: Roger Spottiswoode, Walter Hill
Elenco: Nick Nolte, Eddie Murphy, Annette O'Toole

Sinopse: 
Jack Cates (Nick Nolte) é um tira durão que tem 48 horas para contar com a ajuda do criminoso Reggie Hammond (Eddie Murphy) com o objetivo de capturar um assassino perigoso. A convivência entre o policial branco austero e o marginal negro malandro, dará origem a inúmeras aventuras enquanto ambos tentam achar o paradeiro do bandido procurado.

Comentários:
Esse foi o primeiro filme da carreira de Eddie Murphy. Na época ele era apenas um promissor comediante do programa Saturday Night Live. O diretor Walter Hill resolveu apostar no ator após ver mais uma de suas engraçadas cenas no mais popular programa de humor dos Estados Unidos. Foi um acerto e tanto para Murphy pois o filme é realmente muito bom, um eficiente filme policial com muita ação e doses exatas de bom humor (afinal com Murphy em cena não poderia ser diferente). Essa fórmula inclusive seria lapidada e aprimorada depois no grande sucesso de Murphy nos cinemas, a franquia "Um Tira da Pesada". Afinal se formos comparar veremos bem que esse "48 Horas" é na verdade um ensaio do que viria depois na carreira do ator. Aqui ele já demonstra todo o seu talento, inclusive para improvisações, aliado a um roteiro esperto e cheio de cenas de ação bem feitas. O sucesso de bilheteria inclusive fez com que a Paramount entendesse que tinha um novo astro em suas mãos. Um contrato milionário foi fechado e Murphy deu adeus aos programas de humor da televisão. Nos anos que viriam ele cumpriria a promessa se tornando um dos grandes campeões de bilheteria do cinema americano. É curioso rever "48 Horas" hoje em dia pode você claramente vai notar que embora o humor esteja lá ele é bem mais amenizado do que nos filmes posteriores de Murphy. O diretor não soltou tanto o comediante como ele poderia ser. De qualquer maneira era o começo de uma carreira cinematográfica das mais bem sucedidas do ponto de vista comercial. E pensar que tudo começou aqui, em apenas 48 horas!

Pablo Aluísio.

Sharknado

O mau gosto do povo americano é bem conhecido. Basta ouvir a música e agora também (lamento dizer) os filmes que andam fazendo sucesso por lá para perceber bem isso. O exemplo mais perfeito disso é esse horrendo "Sharknado" que fez tanto sucesso na terra do Tio Sam que acabou virando notícia de telejornal. Quem diria... Quem ainda não viu se considere felizardo pois pouca coisa boa se tem a dizer desse "trash proposital". Sim, porque a intenção da produtora Asylum é desde sua fundação criar uma série de filmes assumidamente e propositalmente trashs. Não é como nos anos 70 e 80 em que as produções eram ruins mesmo por incompetência de seus realizadores (o que tornava tudo mais divertido) mas sim porque os produtores aqui querem mesmo fazer um filme ruim atrás do outro. Olhando sob esse ponto de vista "Sharknado" é um lixo (usando esse termo no mal sentido mesmo, não se enganem). O próprio título dessa bizarrice já diz tudo pois é uma palavra formada da fusão entre Shark (tubarão) e Tornado (furacões em geral, bem comuns na Flórida e Luisiana - e não na Califórnia como é mostrado no filme).

Pois bem, como se pode perceber podemos resumir o roteiro de "Sharknado" em duas linhas. Um tornado devastador vem em direção da costa da Califórnia e traz dentro dele uma leva enorme de tubarões sanguinários que em pouco tempo estarão pelas ruas das cidades devorando cidadãos distraídos. A coisa toda funciona mais ou menos assim, o sujeito vem andando pela rua, numa boa, assoviando quando de repente... vum... vem um tubarão voando pelos ares para comer sua cabeça! Fala sério... Essa "belezinha" da sétima arte foi exibida nos EUA pelo canal Syfy que também produz o filme. Foi um fenomenal sucesso de audiência a ponto da CNN divulgar que os EUA parou na noite de sua exibição! Até o presidente Obama saiu elogiando, dizendo que havia assistido "Sharknado" na noite anterior na Casa Branca (pelo visto não é à toa que a economia americana está indo pelo ralo, levando o país a uma paralização completa de seus serviços públicos). No final de toda essa palhaçada chegamos na seguinte conclusão: "Sharknado" só funciona mesmo como piada de salão porque como filme em si é ruim de doer.

Sharknado (Sharknado, Estados Unidos, 2013) Direção: Anthony C. Ferrante / Roteiro: Thunder Levin / Elenco: Ian Ziering, Tara Reid, John Heard / Sinopse: Um tornado de proporções épicas traz dentro de si uma avalanche de tubarões famintos que começam a literalmente "chover" em uma grande cidade americana da costa oeste.

Pablo Aluísio.

sábado, 5 de outubro de 2013

Lovelace

Linda (Amanda Seyfried) é uma garota normal, filha de uma dona de casa e um ex-policial. A mãe, muito católica, procura sempre deixar sua filha dentro dos padrões de sua religião. A garota não é rebelde mas se rende aos seus anseios em busca de festas e diversão. Sua vida muda quando conhece Chuck (Peter Sarsgaard), um homem mais velho, viciado em drogas e envolvido no ramo da prostituição. Ele quer fazer dinheiro rápido e a oportunidade surge em Nova Iorque. Um produtor independente e um diretor sem muita experiência decidem rodar aquele que seria um dos primeiros filmes pornográficos nos EUA. Nada de erotismo soft mas sim sexo explícito da pesada. Linda, que adota o nome Lovelace, parece ser a escolha ideal para estrelar esse pornô pioneiro. Chamado de "Garganta Profunda" a produção se tornaria um fenômeno de popularidade, arrecadando algo em torno de 600 milhões de dólares! Já Linda levaria apenas mil dólares por sua participação, o que demonstra que apesar do sucesso foi uma péssima ideia para ela. Depois da explosão comercial do filme Linda virou uma celebridade, se tornando alvo de inúmeras polêmicas. O roteiro explora bastante esse aspecto da vida da atriz. Seu já então marido Chuck nem se importava mais em explorá-la das maneiras mais vis, inclusive a jogando na prostituição pura e simples. Cansada de tudo, ela tenta, de todas as formas, se livrar de sua dominação.

Como se pode ver foi uma vida intensa, que trilhou pelos piores becos do submundo até a volta por cima. Muitos poderiam dizer que essa biografia da atriz nas telas teria um cunho obviamente moralista demais. Não penso assim. "Lovelace" não faz julgamentos, apenas conta a história baseada no ponto de vista de Linda, que contou sua história em uma autobiografia de sucesso. Já olhando sob o aspecto puramente cinematográfico o que podemos concluir dessa produção é que se trata de um filme de narrativa bem convencional, sem maiores surpresas. A atriz Amanda Seyfried que construiu toda a sua carreira em comédias românticas e filmes até, digamos, bobinhos, mostra coragem ao se entregar ao seu papel sem medo. Encara até ousadas cenas de nudez sem problemas. A reconstituição de época também é bem realizada, lembrando inclusive de outros filmes que focaram suas lentes para essa época, começo da década de 1970, quando os primeiros pornôs de divulgação comercial começaram a surgir nos cinemas americanos. 'Lovelace" trata de uma história curiosa, que merece ser conhecida, principalmente por cinéfilos. O conteúdo é, como disse, interessante embora o filme em si seja dos mais convencionais.

Lovelace (Lovelace, Estados Unidos, 2013) Direção: Rob Epstein, Jeffrey Friedman / Roteiro: Andy Bellin / Elenco: Amanda Seyfried, James Franco, Peter Sarsgaard / Sinopse: Cinebiografia da atriz pornô Linda Lovelace que estrelou um dos mais famosos filmes adultos da indústria americana, "Garganta Profunda".

Pablo Aluísio.

Menina Má.com

A pedofilia é uma triste realidade da sociedade atual. Praticamente todos os dias os noticiários policiais mostram casos envolvendo pessoas nesse tipo de crime sexual. O mais curioso é que esse é um tipo de comportamento que tem encontrado espaço em todos os setores, em todas as camadas sociais, independente de status social ou do nível educacional. Essa produção muito interessante chamada "Menina má.com" se destaca por inverter as regras do jogo. Na trama a talentosa Ellen Page interpreta a garota  Hayley Stark. Ela é o paradigma do alvo de pedófilos de plantão. Adolescente, 14 anos, bonita e esperta, com ótimo papo, mostrando todo o tempo uma grande desenvoltura. E é justamente isso que procura o pedófilo Jeff Kohlver (Patrick Wilson), um fotógrafo obcecado por teenagers. Ele conhece Hayley na net e marca um encontro com ela. O que poderia ser apenas um roteiro rotineiro e mergulhado em clichês vira a relação de cabeça para baixo pois em pouco tempo quem realmente fica em apuros não é a jovem adolescente, mas sim o pedófilo, que cai nos jogos de tortura (física e psicológica) da garota.

A menina, apesar de seu olhar muitas vezes inocente e terno, é na verdade uma maníaca sádica que colocará o fotógrafo na posição de torturado e abusado. Quando foi lançado "Menina má.com" causou uma certa perplexidade na crítica por causa do tratamento pouco convencional sobre o tema. O filme de maneira muito inteligente, brinca com alguns clichês de Hollywood para trazer algo de novo nesse estilo de produção. Vendo sobre esse prisma o grande destaque vai mesmo para Ellen Page, uma atriz jovem que sempre surpreende. Assim fica a dica desse suspense com toques de sadismo que certamente vai agradar aos fãs do gênero.

Menina Má.com (Hard Candy, Estados Unidos, Canadá, 2005) Direção: David Slade / Roteiro: Brian Nelson / Elenco: Patrick Wilson, Ellen Page, Sandra Oh / Sinopse: Pedófilo (Wilson) marca encontro com jovem adolescente (Page) mas quem acaba se dando muito mal é ele mesmo.

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 3 de outubro de 2013

Maldita Sorte

Charlie Logan é um garoto de dez anos que se recusa a beijar uma amiguinha durante aquele típico jogo de adolescentes chamado joguinho da garrafa, onde um casco de refrigerante é girado sobre uma mesa e o participante deve beijar a garota que estiver na direção da garrafa quando essa parar. A questão é que a menina se sente ofendida com isso e acaba jogando uma espécie de feitiço em Charlie. Obviamente que algo assim não será levado à sério por um garoto mas os anos passam e ele começa a perceber que tudo dá errado em seus relacionamentos amorosos. As garotas pelas quais se apaixona acabam lhe traindo, ficam noivas de outros homens logo em seguida e se casam, sem maiores explicações. É sempre a mesma coisa, com ele sempre ficando na mão em todas as ocasiões. Mesmo sendo uma brincadeira de criança será que a tal maldição realmente pegou em Charlie?

Ok, sinopse pra lá de bobinha, temos que admitir. Já é fato notório que as comédias românticas americanas passam por uma crise de criatividade enorme. Esse "Maldita Sorte" não foge muito disso a não ser por um detalhe bem interessante: o casal central, Dane Cook e Jessica Alba, estão pra lá de carismáticos. Mesmo com material abaixo da média, sem grandes atrativos, eles cativam o espectador. Ela surge na vida de Charlie (Cook) e ele acaba se convencendo de estar na presença finalmente de sua alma gêmea mas antes disso terá que fazer de tudo para quebrar o feitiço que lhe foi feito aos 10 anos. Dizem que primeira paixão é coisa de outro mundo, a pessoa jamais esquece - será realmente verdade? Se for, Cook estará mesmo em apuros aqui nesse filme. Eu assisti essa película em seu lançamento (não chegou a ser lançado nos cinemas brasileiros pelo que me lembre) mas agora ganha uma nova chance pois será exibido pela Globo hoje à noite. Se você gosta de comédias românticas bobinhas mas simpáticas já tem programa para logo mais na TV aberta. Good Luck!

Maldita Sorte (Good Luck Chuck, Estados Unidos, 2007) Direção: Mark Helfrich / Roteiro: Mark Helfrich, Dane Cook / Elenco: Dane Cook, Jessica Alba, Dan Fogler, Ellia English, Sasha Pieterse, Lonny Ross / Sinopse: Charlie (Cook) não consegue se acertar com garota nenhuma em sua vida. Seria o efeito de uma maldição colocada nele quando era apenas um garoto de 10 anos?

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 2 de outubro de 2013

Um Homem Contra Wall Street

Jim Baxford (Dominic Purcell) é um trabalhador comum, honesto e ciente de seus deveres. Trabalhando como agente de segurança numa empresa de transporte de valores ele não tem muito dinheiro mas também não passa por muitas dificuldades. Sua sorte muda porém quando sua esposa Rosie (Erin Karpluk) é diagnosticada com um tipo raro de câncer. Como nos EUA não existe saúde pública ele tem que se virar para bancar o tratamento. Para isso ele pretende usar o dinheiro que tem investido em um fundo em Wall Street, mas o problema é que sua corretora dá um golpe na praça e da noite para o dia ele fica sem um tostão. Desesperado tenta contratar um advogado (Eric Roberts) mas esse também lhe passa a perna em dez mil dólares, um dinheiro que conseguira emprestado com um colega de trabalho. Tudo começa a ir de mal a pior até que ele chega ao limite e resolve extrapolar toda a sua raiva contida em um acesso de fúria no principal endereço financeiro dos EUA, a própria Wall Street em Nova Iorque.

O roteiro desse filme "Assault on Wall Street" é completamente manipulador. Durante toda a projeção do filme vamos acompanhando a vida do personagem principal simplesmente desmoronar. São tantas as infelicidades e desgraças que o espectador começa então a torcer para que ele mande bala mesmo nos engravatados de Wall Street. Como se pode perceber o argumento é muito perigoso e moralmente muito condenável. O diretor Uwe Boll, que para muitos é considerado um dos piores do mundo, não mostra qualquer vergonha de seu maniqueísmo descontrolado. O que salva a projeção é a presença de atores interessantes. Erin Karpluk, a atriz que se destacou em "Being Erica" é um exemplo. Ela como sempre acaba roubando o show, muito embora seu papel não ajude muito. Mais impressionante é ver  Edward Furlong, o jovem de "Exterminador do Futuro 2" fazendo o colega de trabalho do personagem central. Envelhecido e muito abatido, não lembra em nada aquele garotão de cabelo emo que tanto sucesso fez na década de 90. Por fim Eric Roberts, o irmão de Julia Roberts, também surge em um visual que vai espantar muitos. O espanto inclusive será maior do que a mensagem equivocada que o texto desse filme tentará passar ao seu público.

Um Homem Contra Wall Street (Assault on Wall Street, Estados Unidos, 2013) Direção: Uwe Boll / Roteiro: Uwe Boll / Elenco: Dominic Purcell, Erin Karpluk, Edward Furlong, Eric Roberts / Sinopse: Homem trabalhador e honesto perde todo o seu dinheiro por causa da quebra de uma empresa de Wall Street. Inconformado e desesperado por precisar muito do que perdeu ele decide partir para um acerto de contas com todos os engravatados do centro econômico da América.

Pablo Aluísio.

Depois da Terra

Mais uma ficção com previsão sombria para a humanidade. Nesse futuro o nosso planeta já foi abandonado há séculos. O homem esgotou completamente os recursos naturais, só sobrando poluição, radiação e desolação na Terra. Em busca de outros lugares no universo para viver os seres humanos acabam encontrando um planeta distante com as condições ideais, só que uma raça alienígena não fica nada contente com a presença humana lá e cria diversas criaturas especializada em matar os terrestres invasores. Nessa luta um homem acaba se destacando, Cypher Raige (Will Smith), que tem um dom raro. Ele não sente medo diante desses monstros e por isso os consegue matar facilmente já que esses animais são cegos e só conseguem sentir a presença de humanos perto deles pelos hormônios liberados durante a sensação de stress e medo. Por ser um homem frio e distante Raige tem dificuldade em se relacionar com seus filhos. Por isso quando surge a chance de viajar ao lado de seu pai o jovem Kitai (Jaden Smith) vê uma boa oportunidade de se aproximar mais dele. No meio do caminho porém a nave em que viajam é atingida por uma chuva de asteroides. Tentando escapar da morte e com a espaçonave completamente avariada eles acabam parando em lugar desconhecido e proibido para os homens. É a própria Terra que agora renasce em busca de um novo recomeço para seu ecossistema!

"Depois da Terra" é um projeto em família. O roteiro foi baseado numa estória original concebida pelo próprio Will Smith. Sua ex-esposa, Jada Pinkett Smith, é uma das produtoras e o filme é estrelado pelo filho do casal, Jaden Smith. Mas o que mais chama atenção dos cinéfilos aqui nem é tanto a trupe familiar reunida mas sim a presença do cineasta M. Night Shyamalan. Após um começo promissor ele, que havia sido apontado como uma das esperanças do chamado cinema de autor da indústria americana,  foi decaindo cada vez mais até ser considerado por parte da critica como uma promessa que não se realizou completamente. Aqui Shyamalan tenta mais uma vez dar a volta por cima. Quem espera por algo parecido com seus bons filmes do passado porém provavelmente vai se decepcionar. "Depois da Terra" é certamente muito bem produzido, com ótima produção e efeitos digitais de ponta mas a despeito de tudo isso não há outra conclusão: o filme tem roteiro sem surpresas, muito convencional e totalmente enquadrado no que se espera de um filme 100% comercial. O filme aliás lembra várias produções de ficção famosas do passado e até outros mais recentes como "Tropas Estrelares" mas tudo fica no meio do caminho pois Will Smith parece ter se contentado em apenas realizar mais uma película de promoção para seu garoto, que ele insiste em transformar em astro. Sem querer estragar suas esperanças acho que esse Jaden Smith não tem muito futuro. O menino não tem carisma e é muito careteiro! Suas expressões faciais tentando passar apreensão ou medo nas cenas são ridículas. No final o que sobra de fato é apenas uma aventura espacial sem grandes arroubos de criatividade com enredo banal e cheio de clichês. Quem diria que o antes tão criativo M. Night Shyamalan fosse virar um mero diretor por encomenda como vemos aqui...

Depois da Terra (After Earth, Estados Unidos, 2013) Direção: M. Night Shyamalan / Roteiro: Gary Whitta, Will Smith, M. Night Shyamalan / Elenco: Jaden Smith, Will Smith, David Denman / Sinopse: Pai e filho caem na Terra em um futuro onde a humanidade já deixou o planeta há séculos. Agora terão que sobreviver aos animais selvagens e à selva hostil.

Pablo Aluísio.

Cazuza: O Tempo Não Pára

Vamos falar um pouco de rock Brasil? Eu tive o privilégio de vivenciar o surgimento de todas essas bandas e cantores que fizeram parte de um dos momentos mais interessantes da música brasileira. Era a década de 80 e entre os mais populares ícones daquele geração estava Cazuza. A primeira vez que ouvi Cazuza foi através do disco nacional do Rock in Rio de 1985. Ele realmente foi um cantor de muitos recursos, que ia tão bem cantando rocks como outros gêneros musicais. Aliás uma das razões de sua saída do Barão Vermelho foi justamente essa, o grupo com Frejat à frente não queria abandonar o velho e bom rock e Cazuza queria alcançar picos bem mais altos, cantando MPB, Samba e tudo o que lhe agradasse. Infelizmente quando estava se sobressaindo, gravando excelentes canções de um rico repertório, sua vida chegou ao fim. Cazuza faleceu muito jovem e o Brasil todo acompanhou seu drama. Esse filme "Cazuza: O Tempo Não Pára" tentou assim capturar um pouco da essência desse artista tão popular em sua época.

Infelizmente uma pessoa com uma vida tão rica não poderia mesmo ser retratada de forma completa em um filme de poucos minutos. Isso é simplesmente impossível. No seu caso a situação fica ainda pior pois tive a oportunidade de ler o livro que inspirou a produção, o lírico e muito bonito "Só as Mães são Felizes" escrito pela mãe de Cazuza, Lucinha Araújo. O texto é emocionante pois no fundo é um depoimento sincero e aberto da mãe do cantor sobre seu relacionamento com o filho. Uma visão vista de dentro da vida familiar do cantor. Detalhes, passagens e fatos, por pura falta de tempo, foram ignorados aqui nesse filme. Mesmo assim, pelas limitações naturais do produto cinematográfico, não posso deixar de elogiar alguns aspectos dessa cinebiografia. A mais evidente de todas é o excelente trabalho de atuação do ator Daniel de Oliveira. Eu não o considero parecido fisicamente com Cazuza mas isso se torna um detalhe sem importância quando vemos seu total empenho em reproduzir em cena todos os menores maneirismos do cantor. Talvez fosse melhor que "Cazuza: O Tempo Não Pára" focasse apenas em um determinado evento específico da vida do músico, como fez a mais recente biografia nas telas de Renato Russo, "Somos Tão Jovens". Mesmo assim vale a recomendação. Cazuza certamente foi muito mais do que vemos nessa produção mas pela dignidade e honestidade desse filme não podemos deixar de recomendar para os fãs dele e da música de nosso país. 

Cazuza: O Tempo Não Pára (Idem, Brasil, 2004) Direção: Walter Carvalho, Sandra Werneck / Roteiro: Fernando Bonassi, baseado no livro de memórias de Lucinha Araújo / Elenco: Daniel de Oliveira, Marieta Severo, Reginaldo Faria / Sinopse: Cinebiografia do cantor e compositor Cazuza, ícone da geração do rock Brasil durante a década de 1980.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 1 de outubro de 2013

Martelo dos Deuses

O ano é 821. A ilha da Bretanha (futura Inglaterra) está dominada por guerras entre tribos rivais. Numa delas um grande rei está agonizando. No meio de uma luta feroz contra os saxões ele tem que decidir quem entre seus três filhos herdará o trono. O primogênito há muito se encontra desaparecido desde que rumou em direção à floresta negra. Para achá-lo e o trazer de volta o rei manda seu filho Steinar (Charlie Bewley) na perigosa missão. A jornada não será nada fácil uma vez que ele terá que atravessar vasto território controlado pelo inimigo. "Martelo dos Deuses" é uma produção inglesa que tem chamado a atenção dos que gostam de filmes de ação. A época enfocada não poderia ser melhor pois foi uma era de extrema violência e brutalidade, o que cai muito bem para os fãs desse tipo de produção. Embora o roteiro se apóie em um enredo até banal pode-se dizer que o resultado final agrada.

Não se trata de uma super produção, com milhares de figurantes ou algo parecido mas o diretor soube muito bem tirar proveito daquilo que tinha em mãos. A fotografia do filme é bonita, principalmente por ter sido rodado em parte na linda região montanhosa da Escócia. Não há nenhum grande nome no elenco, apenas o ator principal Charlie Bewley tem uma certa fama, principalmente por ter feito parte da "Saga Crepúsculo" e também por sua participação na série americana de sucesso "Diários de um Vampiro". Fora isso nada de grandes nomes no elenco. Esse é o primeiro filme do estreante diretor e roteirista Farren Blackburn, que é mais conhecido dos que gostam de séries pois ele já dirigiu muitos episódios de seriados americanos e ingleses. No geral "Martelo dos Deuses" não é nenhuma obra prima, passa bem longe disso, até porque algumas vezes tende a exagerar na violência gratuita mas isso de certa forma faz parte do jogo nesse tipo de película. Se você gosta de filmes medievais violentos pode ser uma boa opção.

Martelo dos Deuses (Hammer of the Gods, Inglaterra, 2013) Direção: Farren Blackburn / Roteiro: Matthew Read / Elenco: Charlie Bewley, Alexandra Dowling, Clive Standen / Sinopse: Um rei prestes a morrer incumbe seu filho a encontrar o primogênito, herdeiro natural do trono, para assumir seu lugar na luta contra os saxões numa Bretanha dominada pela violência e brutalidade.

Pablo Aluísio.

A Mexicana

Título no Brasil: A Mexicana
Titulo Original: The Mexican
Ano de Produção: 2001
País: Estados Unidos
Estúdio: Dreamworks Pictures
Direção: Gore Verbinski
Roteiro: J.H. Wyman
Elenco: Brad Pitt, Julia Roberts, James Gandolfini, J.K. Simmons, Bob Balaban.

Sinopse: 
Um criminoso tem que ir ao México em busca de uma pistola rara e de grande valor para entregar ao seu chefe ao mesmo tempo em que tem que lidar com sua esposa que quer de todas as formas que ele abandone o mundo do crime de uma vez por todas.

Comentários:
Não curti nem um pouco. Vi no cinema e saí insatisfeito. Pitt e Roberts não convencem e não mostram paixão nenhuma na dela. Sobra para o James Gandolfini tentar salvar o filme, mas em vão. Ele não é santo milagreiro. A mistura de filme de ação com romance não combinou muito bem. Há claras falhas de ritmo, além de uma duração que soa muito excessiva, talvez pelo fato do enredo ser bem enfadonho. É a tal coisa, até gosto de forma em geral do cinema assinado pelo diretor Gore Verbinski. Aqui porém ele errou na mão. Não sei se foi a pressão dos astros (da dupla central formada por Pitt e Roberts) ou então por causa do estúdio (DreamWorks, de Steven Spielberg), mas o fato é que tudo é muito artificial. Nada convincente, nada marcante. É aquele tipo de filme que, apesar dos nomes envolvidos, muitos deles bem talentosos, não existe aquela fibra que encontramos em grandes filmes. No fundo tudo é um grande exercício de vazio.

Pablo Aluísio.

Bruno

O comediante Sacha Baron Cohen se especializou em interpretar papeis fictícios inseridos dentro da realidade, onde interage com pessoas que não sabem que estão fazendo parte de um filme. Foi assim em seu maior sucesso, “Borat” e volta a ser assim nesse “Bruno”. Aqui ele interpreta um homossexual louco para se tornar famoso. Espelhando-se no exemplo das celebridades que adora ele tenta de tudo para se tornar conhecido nos Estados Unidos. Para isso não se faz de rogado e adota uma criança negra na África (como fez Madonna e Angelina Jolie), tenta abraçar grandes causas como a paz no Oriente Médio (usando Bono do U2 como exemplo) e por fim busca o caminho para a heterossexualidade uma vez que ele entende que só alcançara o verdadeiro sucesso se deixar seu lado gay de lado para virar um hetero casca grossa (o que obviamente renderá as melhores cenas de todo o filme).

“Bruno” é uma comédia irregular. Há cenas hilariantes intercaladas com situações que não deram muito certo. O roteiro é ácido e muitas vezes bem inteligente mas cai no grotesco também em certos momentos. Uma das melhores piadas ocorre quando Bruno cita celebridades “heterossexuais” (assim mesmo entre aspas) como Tom Cruise, Kevin Spacey e John Travolta! Em sua forma de pensar ele deverá se tornar “hetero” também como eles para alcançar o sucesso. Quem conhece o mundo dos bastidores do cinema certamente vai rir da ironia inserida na piada. Outro momento divertido é quando Bruno tenta ser “convertido” para a heterossexualidade por um pastor evangélico fundamentalista americano. Impossível não rir do absurdo da situação e não lembrar do recente “Cura Gay” brasileiro aprovado em nosso Congresso! O humorista parece não ter freios, colocando sua própria segurança em risco quando interage, por exemplo, com um membro do Hamas ou quando entra em um rinque de MMA para dar um beijo de boca no namorado na frente de uma platéia de brutamontes que fica em fúria!  O filme diverte, não há como negar, apesar de muitas vezes apelar para o mau gosto extremo, mas pensando bem isso no final das contas também faz parte do show.

Bruno (Brüno, Estados Unidos, 2009) Direção: Larry Charles / Roteiro: Sacha Baron Cohen, Anthony Hines / Elenco: Sacha Baron Cohen, Gustaf Hammarsten, Clifford Bañagale / Sinopse: Bruno (Sacha Baron) é um homossexual que tem um sonho: se tornar famoso nos Estados Unidos. Para alcançar seu objetivo ele irá se espelhar no comportamento de seus ídolos de revistas de fofocas, o que dará origem a muitas confusões.

Pablo Aluísio.

Tudo Por Justiça

 Russell e seu irmão Rodney vivem numa cidade afetada pela crise econômica americana. Sem muitas oportunidades eles sonham ir embora em busca de uma vida melhor. O problema é que Russell acaba sendo atraído pelo cruel mundo do crime. Depois de cumprir sua pena, volta para as ruas mas tem que escolher entre manter sua liberdade ou arriscar tudo em busca de justiça para o que aconteceu ao seu irmão enquanto ele esteve atrás das grades.

Depois de encerrar com brilhantismo sua participação na trilogia "Batman", o ator Christian Bale está de volta às telas em novo projeto. Trata-se de "Out of the Furnace", produção que promete unir ação e drama em um thriller acima da média. Ao seu lado no elenco Zoe Saldana, Woody Harrelson, Willem Dafoe, Forest Whitaker e Casey Affleck. O filme mostra os esforços de um homem em encontrar o paradeiro de seu irmão, desaparecido misteriosamente. Data de estreia programada para dezembro de 2013 nos Estados Unidos.

Tudo Por Justiça (Out of the Furnace,  Estados Unidos, Inglaterra, 2013) Direção: Scott Cooper / Roteiro: Brad Ingelsby, Scott Cooper / Elenco: Christian Bale, Casey Affleck, Zoe Saldana / Estúdio: Red Granite Pictures / Sinopse: Irmãos se unem para superar seus problemas, trilhando o caminho do mundo do crime para atingir seus objetivos.

Pablo Aluísio.

Os Estagiários

Dois quarentões, vendedores de relógio, são pegos na contramão da história. Acontece que com as novas tecnologias, os celulares, a internet, ninguém mais quer comprar relógios como os que eles vendem. Após sua empresa ser fechada eles tentam uma nova chance no mercado de trabalho. O mundo porém é outro. A bola da vez é das empresas de tecnologia, informática como a famosa Google. Assim eles, apesar da idade e de não entenderem nada de computadores, entram no programa de estágios da empresa, tentando quem sabe arranjar um novo lugar ao sol. O curioso é que o Google é diferente de tudo o que eles conheciam. É uma corporação que incentiva a criatividade, a imaginação e o senso de oportunidade. As instalações são coloridas, com brinquedos e atividades esportivas, uma nova realidade, uma nova forma de ver o corporativismo moderno.

Começa assim esse simpático e divertido "Os Estagiários". Obviamente o roteiro procura fazer humor do choque de gerações envolvendo caras em seus quarenta e tantos anos e a moçada jovem, que já nasceu inserida dentro da internet e das novas tecnologias que rondam nosso mundo. O fato é que dificilmente a dupla formada por Vince Vaughn e Owen Wilson realiza filmes ruins. Mesmo quando os roteiros não são lá grande coisa eles acabam salvando as produções com seus carismas. O mesmo acontece aqui. A piada inicial de "Os Estagiários" logo cai no lugar comum das comédias do circuito comercial americano mas no final tudo é salvo por causa de Owen e Vince. Claro que o enredo é completamente inverossímil, uma vez que uma dupla como essa jamais teria chance dentro do hiper competitivo mercado de tecnologia nos EUA mas o espectador deve deixar isso um pouco de lado e se divertir. Não é das comédias mais memoráveis que foram lançadas recentemente (o roteiro tem uma tonelada de clichês, por exemplo) mas se o espectador resolver dar uma colher de chá pode certamente vir a se divertir.

Os Estagiários (The Internship, Estados Unidos, 2013)  Direção: Shawn Levy / Roteiro: Vince Vaughn, Jared Stern / Elenco: Vince Vaughn, Owen Wilson, Rose Byrne / Sinopse: Dois quarentões resolvem se inscrever no programa de estágio do Google em busca de um novo recomeço em suas carreiras profissionais, o que dará origem a muitas confusões e choques de gerações.

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 27 de setembro de 2013

Jefferson em Paris

Thomas Jefferson (Nick Nolte) é enviado como embaixador dos Estados Unidos para a corte luxuosa do rei Luís XVI em Paris. Enquanto na França se disseminam cada vez mais as ideias revolucionárias em busca de liberdade, Jefferson tenta superar a contradição entre manter boas relações com o sistema da monarquia francesa e o próprio simbolismo que representava pois sua nação naquele momento havia se tornado um exemplo bem sucedido de rompimento com o antigo regime das realezas européias. "Jefferson em Paris" é um bom drama histórico que tenta desvendar aspectos da complexa personalidade de Jefferson. O período enfocado no filme acontece anos antes dele se tornar presidente. Considerado uma pessoa sem sofisticação dentro da corte de Luís XVI a principal missão do diplomata naquele momento era realmente trazer maior reconhecimento para os Estados Unidos, que nada mais era naquela época do que uma jovem nação que procurava se organizar após se livrar do imperialismo colonial inglês.

A figura de Thomas Jefferson é das mais interessantes do ponto de vista histórico. Considerado um dos pais da América, Jefferson era um símbolo de liberdade mas ao mesmo tempo mantinha escravos em sua enorme fazenda. Seu caso com a escrava Sally Hemings, de apenas 15 anos, ainda hoje desperta constrangimento a historiadores americanos, sempre tão ciosos em preservar a memória dos grandes nomes de sua história. O fato porém é que certas verdades não podem ser escondidas. Jefferson teve filhos com suas escravas e a despeito de sua genialidade (foi um dos principais autores da carta de independência americana, era criativo e muito interessado em ciência), essa mancha em sua biografia não pode ser varrida para debaixo do tapete. O filme por sua vez é muito bem realizado, com ótima reconstituição de época e em nenhum momento ofende a inteligência do espectador. Felizmente o ufanismo e a patriotada, tão comuns em filmes que mostram grandes personagens da história americana como esse, também está sob controle. Dito isso fica a recomendação desse belo filme que seguramente vai lhe trazer um pouco mais de cultura histórica.

Jefferson em Paris (Jefferson in Paris, Estados Unidos, 1995) Direção: James Ivory / Roteiro: Ruth Prawer Jhabvala / Elenco: Nick Nolte, Greta Scacchi, Gwyneth Paltrow / Sinopse: Thomas Jefferson (Nick Nolte) é enviado como embaixador dos Estados Unidos para a corte luxuosa do rei Luís XVI em Paris. Lá buscará por reconhecimento para seu país, a jovem nação americana.

Pablo Aluísio.

Red 2: Aposentados e Ainda Mais Perigosos

Frank (Bruce Willis) está tentando levar uma vida normal. Depois de anos trabalhando na agência americana de inteligência o que ele mais quer agora é curtir uma vida sossegada ao lado de Sarah (Mary-Louise Parker), uma mulher bem mais jovem de que está apaixonado. Sua tranquilidade é perturbada quando é procurado por Marvin (John Malkovich). Um documento secreto vazou na internet indicando a presença de ambos em um serviço sujo realizado na URSS durante a guerra fria. A operação chamada "Sombra da Noite" tinha como objetivo plantar uma arma nuclear dentro do território russo para fragilizar e minar o regime comunista. Agora, tantos anos depois do fim da missão, tudo parece voltar para cima deles já que um grupo de assassinos está sendo muito bem pago para eliminar os dois, uma vez que eles se tornaram arquivos vivos de uma operação que pode causar sérios danos para o governo americano. Até mesmo a amiga Victoria (Helen Mirren) é contratada para tirar Frank do mapa. A primeira providência passa a ser continuar vivo, para só depois desvendar tudo o que está relacionado com a missão "Sombra da Noite".

Recentemente Bruce Willis se envolveu em algumas polêmicas. A primeira foi quando pediu um cachê milionário para participar da franquia "Mercenários" e a segunda quando afirmou que filmes de ação, com todas aquelas explosões, eram chatos mas rendiam ótimas bilheterias. Devo concordar com Willis. Essa franquia "Red" é um excelente exemplo disso. Embora o primeiro filme tenha feito bastante sucesso (a ponto de gerar essa continuação) nunca gostei dessas produções. São muitos clichês para um filme só. Claro que o próprio roteiro brinca com alguns deles e acentua um lado mais cômico em tudo o que se vê na tela mas isso é pouco. Não vejo nenhuma novidade maior nesse tipo de película. Para piorar temos que encarar um elenco com ótimos atores envolvidos em algo desse tipo. Lamento mesmo em ver o grande Anthony Hopkins envolvido em algo assim. Até Catherine Zeta-Jones está péssima como uma agente da contra-espionagem russa. No final não há muito o que criticar pois "Red 2" não sai da fórmula vazia de filmes com muitas explosões e poucas novidades. Completamente dispensável para cinéfilos de bom gosto.

Red 2: Aposentados e Ainda Mais Perigosos (Red 2, Estados Unidos, 2013) Direção: Dean Parisot / Roteiro: Jon Hoeber, Erich Hoeber / Elenco: Bruce Willis, Helen Mirren, John Malkovich, Mary-Louise Parker, Anthony Hopkins, Byung-hun Lee, Catherine Zeta-Jones / Sinopse: Dois antigos membros da inteligência americana ficam em apuros após documentos secretos vazarem na internet revelando que ambos participaram de uma missão secreta na URSS durante a guerra fria.

Pablo Aluísio.