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domingo, 15 de janeiro de 2023

O Pálido Olho Azul

Esse filme é um lançamento recente da Netflix e um dos mais assistidos dos últimos dias. Conta a história da morte de um jovem cadete, em uma academia militar tradicional. Seu corpo foi encontrado enforcado em uma árvore próxima onde estudava. Tudo é um mistério. Foi um suicídio ou ele foi assassinado? Assim, o diretor decide contratar um investigador para descobrir o que aconteceu. Interpretado pelo ator Christian Bale, esse detetive precisa descobrir os lances e as minúcias dessa morte misteriosa. Nesse processo, acaba sendo ajudado por um jovem cadete que iria se tornar um escritor famoso no futuro. Basta ouvir nome que você vai saber de quem estou falando. Nada mais, nada menos do que o gótico Edgar Allan Poe. E conforme as investigações vão se sucedendo, descobre-se que há algo a mais do que inicialmente poderia se supor. 

Gostei do filme de um modo em geral, mas tenho algumas críticas a fazer ao seu roteiro. Todos os elementos da narrativa estavam bem delimitados e tinha tudo para funcionar muito bem. Só que existe uma mania atual em certos roteiristas que me irrita muito! Sempre querem colocar um plot twist na história ou como se pode dizer, em nossa língua nativa, um tipo de reviravolta surpreendente. Isso é particularmente irritante quando você chega em uma determinada cena e pensa que o filme vai terminar, pois o mistério foi solucionado e não há mais nada de muito importante a se desenvolver. Então, lá vem o roteiro com mais uma reviravolta caprichosa, tentando unir todos as pontas da história. Nem tudo precisa ser explicado em minúcias. Na vida real também existe o acaso. Não precisa estar tudo interligado. Mesmo assim, com essa pequena ressalva do filme ter na realidade dois finais, eu ainda o recomendo. Com boa produção e uma história que mantém o interesse, esse é um dos filmes para se assistir nesse início de ano.

O Pálido Olho Azul (The Pale Blue Eye, Estados Unidos, 2022) Direção: Scott Cooper / Roteiro: Scott Cooper / Elenco: Christian Bale, Harry Melling, Simon McBurney / Sinopse: Academia Militar em West Point, Estados Unidos. Ano de 1830. Um detetive experiente é contratado para investigar a morte misteriosa de um jovem cadete. 

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 23 de junho de 2022

Tudo por Justiça

O filme conta a história de dois irmãos. O mais velho deles, interpretado pelo ator Christian Bale, é um operário de uma usina decadente em uma daquelas cidades industriais Americanas que estão em pleno declínio. O irmão mais jovem, interpretado pelo ator Casey Affleck, é um rapaz que serviu o exército americano durante a invasão do Iraque. Ao retornar para seu país, ele ficou desempregado e sem maiores perspectivas de um futuro melhor. Para ganhar dinheiro, acabou entrando para o submundo das lutas ilegais. Geralmente se associando a bandidos que manipulavam os resultados das lutas, onde tudo seria forjado. O seu grande erro acontece quando decide participar de uma dessas lutas em uma região montanhosa, onde vivem traficantes e criminosos da pior espécie. Ao entrar nesse meio, ele acaba cometendo o maior erro de sua vida.

Temos aqui um filme muito bom, um drama com toques de crueldade e violência. Basta dar uma olhada na ficha técnica do filme para entender qual é o grande atrativo dessa película. Estou me referindo ao elenco, composto basicamente de feras, só com excelentes atores atuando. Além de Christian Bale e Casey Affleck você tem ainda Forest Whitaker como um policial que tem problemas pessoais com um dos irmãos, mas que precisa de todo modo resolver um crime horrendo que ocorreu nas Montanhas. Willem Dafoe é o pequeno patife, o bandido de pequenos golpes que agencia lutadores para as brigas. Woody Harrelson rouba a cena completamente ao interpretar um vilão asqueroso em um nível odioso. Sua cena no drive-in, que também é a primeira cena do filme, já diz a que veio. Ele está impecável na pele desse caipira das Montanhas que nem pensa duas vezes antes de romper com as normas vigentes. Um escroque da pior laia, raça maldita. Enfim, um filme que me agradou bastante, recomendo.

Tudo por Justiça (Out of the Furnace, Estados Unidos, 2013) Direção: Scott Cooper / Roteiro: Brad Ingelsby, Scott Cooper / Elenco: Christian Bale, Casey Affleck, Woody Harrelson, Willem Dafoe, Forest Whitaker, Zoe Saldana / Sinopse: Após a morte de seu jovem irmão mais jovem,  um homem decide fazer justiça pelas próprias mãos.

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 5 de janeiro de 2022

Espíritos Obscuros

Uma professora de ensino fundamental (interpretada pela atriz Keri Russell da série "Felicity") passa a desconfiar que um de seus alunos está sofrendo de algum tipo de abuso em sua casa. Ele é filho de um traficante da região, muito conhecido pela polícia. Como ela é irmã do xerife (Jesse Plemons, sempre um bom ator em cena), o policial passa a investigar. O problema é que o pai do garoto foi supostamente possuído por uma espécie de espírito ancestral da floresta, uma entidade sobrenatural que transforma homens em bestas selvagens. E tudo parece ter origem em velhas lendas indígenas. Será verdade? Ou o homem apenas enlouqueceu por causa dos produtos químicos que tem contato ao produzir a droga conhecida como meta?

Esse filme, apesar de boa produção e bom elenco, foi pouco comentado. Nem entre os fãs de terror teve maior repercussão. A história me lembrou muito de um antigo episódio da série Arquivo X intitulado "O Demônio de Jersey" que tratava justamente desse tipo de lenda, do homem bestial que vive nas florestas e ataca as pessoas. Essas criaturas praticam canibalismo e se fortalecem a cada vítima que é morta. Penso que esse roteiro até começa muito bem, tratando de aspectos relevantes, como o abuso infantil, inclusive sobre o passado da própria professora e seu irmão policial. Só que conforme vai chegando ao final os roteiristas colocam tudo no controle remoto, apelando para a velha fórmula dos filmes de monstros. Com isso o filme perde bastante em termos de interesse e relevância.

Espíritos Obscuros (Antlers, Estados Unidos, 2021) Direção: Scott Cooper / Roteiro: Henry Chaisson, Nick Antosca, Scott Cooper / Elenco: Keri Russell, Jesse Plemons, Jeremy T. Thomas / Sinopse: Uma professora e seu irmão policial tentam desvendar um caso envolvendo muitas mortes na floresta da região onde moram. E um dos garotos que é seu aluno na escola onde ensina parece ser a chave que vai desvendar todo esse mistério macabro.

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2019

Coração Louco

A trama é bem singela e de acordo com o universo da música country dos Estados Unidos, com suas letras sobre solidão, desilusões amorosas e redenções. No filme Bad Blake (Jeff Bridges) é um músico decadente que precisa reavaliar sua vida e carreira após tantos anos de estrada. Agora ele terá que lutar de uma vez por todas pelo amor de sua vida. Esse mundo da country music americana sempre foi fonte para belos musicais melodramáticos, afinal de contas o material preferido de compositores e cantores do gênero sempre foi baseado no amor perdido e nas grandes históricas românticas sem final feliz. Agora temos um roteiro que mais parece a letra de uma baladona country. "Coração Louco" explora justamente esse universo. O personagem interpretado por Jeff Bridges é um achado e tanto, um sujeito que vive na tênue linha que separa o sucesso do fracasso, a felicidade da desilusão. Bridges inclusive foi premiado com o Oscar e o Globo de Ouro de Melhor Ator, premiações mais do que justas, coroando anos de uma carreira brilhante em Hollywood. Já estava na hora mesmo dele ser devidamente reconhecido pela academia de cinema.

Cabelos despenteados, olhar de cansaço emocional e uma certa postura de quem já não quer mais provar nada em sua vida, o ator encontrou um veículo perfeito para desenvolver todo o seu talento. O elenco de apoio também é maravilhoso, com destaque para o veterano Robert Duvall que tem um vínculo emocional muito forte com todo o projeto. Como se trata também de uma estória fortemente ligada ao mundo e sentimento country a premiação de Melhor Música ("The Weary Kind", escrita por Ryan Bingham e T Bone Burnett) foi mais do que merecida e oportuna. Assim se você gosta de country music e romantismo, "Crazy Heart" é de fato uma excelente opção de cinema para esse fim de noite.

Coração Louco (Crazy Heart, Estados Unidos, 2009) Estúdio: Fox Searchlight Pictures / Direção: Scott Cooper / Roteiro: Scott Cooper, Thomas Cobb / Elenco: Jeff Bridges, Maggie Gyllenhaal, Robert Duvall, Tom Bower / Sinopse: O filme conta a história de um músico veterano que após anos de carreira precisa consertar tanto sua vida profissional, como também a emocional. Filme indicado ao Oscar na categoria de Melhor Atriz Coadjuvante (Maggie Gyllenhaal). Vencedor do Oscar nas categorias de Melhor Ator (Jeff Bridges) e Melhor Música. Vencedor do Globo de Ouro na categoria de Melhor Ator (Jeff Bridges). Também indicado ao BAFTA Awards na categoria de Melhor Ator (Jeff Bridges).

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 17 de setembro de 2018

Hostis

A história do filme se passa em 1892. Um capitão linha dura da cavalaria dos Estados Unidos é designado para uma nova missão que ele simplesmente odeia ter que cumprir. O comando determina que o Capitão Joseph J. Blocker (Christian Bale) escolte um líder tribal indígena em direção a uma reserva onde ele terá que baixar sua guarda, deixar de liderar guerreiros da tribo contra os brancos e viver seus últimos dias de velhice em paz. Para o veterano capitão seria bem melhor dar um tiro na cabeça desse chefe, uma vez que no passado ele mesmo já havia enfrentado sua tribo. Pelas atrocidades que presenciou seria bem melhor matar logo aquele desgraçado!

Só que o governo americano naquela altura já não queria mais prolongar as guerras indígenas. A pacificação seria então o melhor caminho a seguir. A pacificação com todas as nações de índios seria a linha política a seguir dali em diante. O filme assim se desenvolve, mostrando o Capitão no comando de um pequeno grupo de militares americanos que deveriam garantir a segurança do velho indígena. No caminho até seu destino final o roteiro explora a extrema antipatia entre aqueles dois homens que no passado tinham lutado em campos opostos dos campos de batalha. "Hostis" tem um roteiro muito bom, excelente reconstituição de época e uma mensagem de pacifismo e tolerância, acima de tudo. O elenco conta não apenas com o sempre eficiente Christian Bale, mas também com Ben Foster, um dos mais subestimados atores do cinema americano, aqui em papel pequeno, mas ao seu modo também marcante.

Hostis (Hostiles, Estados Unidos, 2017) Direção: Scott Cooper / Roteiro:  Scott Cooper, Donald E. Stewart / Elenco: Christian Bale, Rosamund Pike, Ben Foster, Scott Shepherd, Jonathan Majors / Sinopse: Capitão da cavalaria é designado para levar um velho e doente chefe indígena e sua família para uma reserva no Colorado. Ele odeia isso, simplesmente por odiar nativos em geral. Para ele servir de escolta para o inimigo seria o maior dos absurdos, Porém, ordens são ordens, e ele parte em sua jornada rumo ao destino final. No caminho acaba encontrando guerreiros cheyennes, fazendeiros armados e clima hostil.

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 11 de abril de 2018

Hostis

Um faroeste estrelado pelo ator Christian Bale? Taí algo que chama a atenção desde a primeira vez que você ouve falar desse filme! É uma combinação que me fez assistir a esse western assim que tive oportunidade. E logo no começo percebemos que vem coisa boa. A primeira cena é brutal. Temos um rancho onde vive um casal e suas duas pequenas filhas. O homem está cortando madeira quando percebe um grupo de índios Cheyenne se aproximando. O massacre se torna inevitável. Naqueles tempos pioneiros a lei que prevalecia no velho oeste era a do mais forte. É triste ver crianças sendo mortas, mas é através dessa primeira cena que as coisas começam a tomar rumo no roteiro.

Em um forte próximo o Capitão da cavalaria Joseph J. Blocker (Christian Bale) é designado para uma nova missão. E isso envolve a escolta de um antigo chefe tribal. Ele odeia índios. Passou a vida inteira matando nativos em guerras sangrentas, de pura barbárie na fronteira. Por isso fica indignado quando é designado para levar o velho indígena para o território mais ao norte, onde ele poderá reencontrar seu antigo lar. O antigo chefe tribal é conhecido do capitão. No passado eles estiveram em linhas diferentes no campo de batalha. O militar da cavalaria o considera apenas um assassino cruel. Seguindo ordens - com ameaças de ir para a corte marcial - ele finalmente obedece às ordens. Forma uma pequena tropa e começa a seguir viagem pelo oeste. O caminho está cheio de guerreiros ávidos em derramar sangue dos "jaquetas azuis", os soldados da cavalaria. O pior é que ele terá que manter a vida do chefe a salvo, custe o que custar. Claro que no meio da jornada o destino do capitão se cruza com a da mulher do rancheiro assassinado na primeira cena do filme, a única sobrevivente do massacre envolvendo toda a sua família. Esse encontro será a espinha dorsal de toda a história do filme.

De maneira em geral gostei bastante desse novo western. Ele tem o que poderíamos chamar de velho charme dos faroestes do passado. Claro que há também um desenvolvimento maior da parte psicológica de todos os personagens, em especial do capitão de Bale. É um homem forjado pela guerra e pela violência que não consegue viver de outra forma. O filme é um pouco mais longo do que o habitual, com mais de duas horas de duração, mas não senti o tempo passar. Roteiro, reconstituição de época, figurinos, tudo muito bem realizado. A produção é ótima, com belas paisagens do velho oeste. Por fim uma pequena ressalva. O ator Ben Foster interpreta um militar que está sendo enviado para a forca após cometer crimes de guerra. Ele obviamente tem uma personalidade psicopata o que cria uma certa afinidade com o capitão interpretado por Bale. Afinal ambos fizeram parte de grandes carnificinas no passado. Esse personagem poderia render muito mais, até porque Foster é um dos melhores atores de sua geração. Porém infelizmente ele não tem o potencial aproveitado. Um pequeno deslize de um filme realmente muito bom que vai agradar aos fãs do bom e velho western americano.

Hostis (Hostiles, Estados Unidos, 2017) Direção: Scott Cooper / Roteiro:  Scott Cooper, Donald E. Stewart / Elenco: Christian Bale, Rosamund Pike, Ben Foster, Scott Shepherd, Jonathan Majors / Sinopse: Capitão da cavalaria é designado para levar um velho e doente chefe indígena e sua família para uma reserva no Colorado. Ele odeia isso, simplesmente por odiar nativos em geral. Para ele servir de escolta para o inimigo seria o maior dos absurdos, Porém, ordens são ordens, e ele parte em sua jornada rumo ao destino final. No caminho acaba encontrando guerreiros cheyennes, fazendeiros armados e clima hostil.

Pablo Aluísio. 

quarta-feira, 11 de novembro de 2015

Aliança do Crime

Boston, 1975. James 'Whitey' Bulger (Johnny Depp) é um criminoso sem maior expressão do submundo de uma cidade cada vez mais dominada pela máfia italiana. Para o FBI o principal objetivo passa a ser combater o crime organizado desse grupo mafioso. Em busca de informantes nas ruas o agente do FBI John Connolly (Joel Edgerton) acaba convencendo seus superiores a colocarem Bulger na sua lista de colaboradores. Isso acaba criando uma espécie de "imunidade" informal para Bulger que começa assim a ampliar seu domínio pela cidade, principalmente após a prisão do chefe da família Angiulo. Envolvido em apostas ilegais, assassinato, tráfico de armas e de drogas, extorsão e prostituição, o gângster começa a se tornar um dos maiores chefões de todo o estado, tudo com amparo indireto do próprio FBI. Afinal o agente Connolly que o conhece desde a infância está sempre encobrindo seus atos criminosos. Para completar o seu próprio irmão, Billy Bulger (Benedict Cumberbatch), acaba se tornando um político bem sucedido, principalmente com o apoio da comunidade irlandesa de Boston. O império de Bulger porém começa a ruir quando novos agentes do Bureau passam a desconfiar de que há algo muito errado no combate ao crime naquela divisão. Inexplicavelmente, apesar de seus vários e notórios crimes, Bulger continua à solta, agindo livremente, demonstrando que nem o FBI está livre de ter em seus quadros membros envolvidos com corrupção. A história de "Aliança do Crime" foi baseada em fatos reais. O bandido interpretado por Johnny Depp foi por muitos anos um dos mais procurados criminosos dos Estados Unidos. Na verdade ele acabou se tornando o resultado de uma política equivocada por parte do FBI nas décadas de 1970 e 1980. Na tentativa de prender os principais chefões da máfia italiana a agência acabou firmando pactos não oficiais com criminosos, alguns deles de baixo escalão. Com a prisão das principais famílias mafiosas acabou se abrindo um vácuo de poder dentro do mundo do crime, sendo que foi justamente dentro desse espaço que cresceram novos chefões como James 'Whitey' Bulger.

Três coisas chamam a atenção na produção. A principal delas é a maquiagem do ator Johnny Depp. Usar forte maquiagem não é nenhuma novidade em sua carreira, aliás isso é o comum em suas atuações. No caso desse filme Depp acabou ficando quase irreconhecível. Parecendo ser bem mais velho, calvo, cabelos brancos e com dentição ruim, nem seus olhos escaparam da transformação. Surgem opacos e sem vida, retratando o estado psicológico psicopata de seu personagem. Realmente parece uma outra pessoa. Depp tentou um encontro com o verdadeiro James 'Whitey' Bulger que atualmente está cumprindo pena de prisão perpétua, mas não conseguiu. O infame criminoso não quis saber da adaptação de sua vida para as telas. Ele já está com quase 90 anos e nessa altura de sua vida não quer mais reviver velhas histórias de seu passado criminoso. O segundo aspecto a se destacar em "Aliança do Crime" é a tentativa por parte do diretor Scott Cooper (de "Coração Louco" e "Tudo por Justiça") em recriar o antigo estilo das produções sobre máfia da década de 1970. A fotografia saturada, com jeitão de filme antigo, tenta assim ressuscitar aquele clima antigo. Como ele não é Martin Scorsese ou Francis Ford Coppola, o resultado se torna apenas parcialmente bem sucedido. Faltou a Cooper melhor humanizar (ou desumanizar, dependendo do ponto de vista) seus principais personagens. A vida familiar e pessoal de Bulger, por exemplo, só é em parte bem desenvolvida. Descobrimos que ele perdeu um filho ainda muito jovem por causa de uma doença rara, porém isso não é melhor explorado. Sua esposa simplesmente desaparece a partir de determinado ponto do roteiro, sem maiores explicações. As reais motivações do agente Connolly também nunca ficam muito claras. Ele seria apenas um sujeito meio bobo e sem noção ou teria de fato interesses maiores na atuação de seu conhecido de infância, Bulger? Por fim e não menos importante, o roteiro apesar de apresentar essas falhas, até que se sai razoavelmente bem ao contar uma história que se prolonga por várias décadas. A principal referência que o espectador se lembrará será de filmes como "Os Bons Companheiros" ou "O Pagamento Final". Como Cooper porém jamais será Scorsese ou De Palma, temos assim apenas um bom filme e não uma obra prima como certamente teria acontecido caso fosse dirigido por esses mestres.

Aliança do Crime (Black Mass, Estados Unidos, Inglaterra, 2015) Direção: Scott Cooper / Roteiro: Mark Mallouk, Jez Butterworth / Elenco: Johnny Depp, Kevin Bacon, Joel Edgerton, Benedict Cumberbatch, Dakota Johnson / Sinopse: Durante a década de 1970 o criminoso James 'Whitey' Bulger (Johnny Depp) se torna informante do FBI em Boston. Ele repassa aos federais informações sobre as atividades criminosas da família mafiosa Angiulo. Com a prisão de seus membros a cidade acaba se tornando um território livre para que Bulger expanda sua rede de atividades ilegais. Jogos, apostas, prostituição, tráfico de armas, extorsão e comércio de drogas o tornam um sujeito rico e poderoso do submundo. E tudo isso contando com a preciosa ajuda do agente do próprio FBI John Connolly (Joel Edgerton). Filme vencedor do Hollywood Film Awards na categoria de Melhor Edição.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 1 de outubro de 2013

Tudo Por Justiça

 Russell e seu irmão Rodney vivem numa cidade afetada pela crise econômica americana. Sem muitas oportunidades eles sonham ir embora em busca de uma vida melhor. O problema é que Russell acaba sendo atraído pelo cruel mundo do crime. Depois de cumprir sua pena, volta para as ruas mas tem que escolher entre manter sua liberdade ou arriscar tudo em busca de justiça para o que aconteceu ao seu irmão enquanto ele esteve atrás das grades.

Depois de encerrar com brilhantismo sua participação na trilogia "Batman", o ator Christian Bale está de volta às telas em novo projeto. Trata-se de "Out of the Furnace", produção que promete unir ação e drama em um thriller acima da média. Ao seu lado no elenco Zoe Saldana, Woody Harrelson, Willem Dafoe, Forest Whitaker e Casey Affleck. O filme mostra os esforços de um homem em encontrar o paradeiro de seu irmão, desaparecido misteriosamente. Data de estreia programada para dezembro de 2013 nos Estados Unidos.

Tudo Por Justiça (Out of the Furnace,  Estados Unidos, Inglaterra, 2013) Direção: Scott Cooper / Roteiro: Brad Ingelsby, Scott Cooper / Elenco: Christian Bale, Casey Affleck, Zoe Saldana / Estúdio: Red Granite Pictures / Sinopse: Irmãos se unem para superar seus problemas, trilhando o caminho do mundo do crime para atingir seus objetivos.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

Coração Louco

Eu sempre gostei do mundo musical e mais ainda dos bastidores da música; Sempre me interessei sobre a biografia dos cantores e bandas de que admiro e como todos podem ver em meus textos sobre música sempre tive grande prazer em tratar sobre o tema. Por isso fui com grandes expectativas assistir Coração Louco, o filme que deu o Oscar de Melhor ator para o carismático Jeff Bridges. Embora o filme seja dirigido por Scott Cooper a verdade é que em tudo se aparenta como um projeto bem pessoal tocado por Bridges e seu amigo de longa data Robert Duvall (ambos são produtores creditados). Esse fato, de ser um filme tocado com paixão e carinho pelos dois amigos, é um ponto extremamente positivo.

Jeff Bridges nos entrega uma atuação perfeita. Fazendo o decadente astro de outrora da música country ele está simplesmente impecável. Suas cenas de bebedeiras e consequentes ressacas (algumas homéricas) valem o filme. Seu prêmio da Academia foi mais do que merecido. Também era altamente previsível que ele levantasse a estatueta já que o Oscar adora personagens assim, que encontram a redenção de alguma forma (no caso do filme a mola propulsora da mudança vem através do amor que ele encontra em uma jornalista). Maggie Gyllenhaal, sua partner romântica, está muito bem, fazendo um belíssimo trabalho de apoio para Bridges esbanjar seu talento em cena. O filme nesse quesito de atuação é muito bom, acima da média, inclusive posso afirmar que todo o elenco se destaca de uma ou outra forma, menos Colin Farrell que achei bem inadequado no papel de um cantor country da nova geração (ele é irlandês, tem jeito de irlandês, canta mal e não se sai nem um pouco bem interpretando um redneck da country music).

Confesso que esperava mais do roteiro pois estava convencido que ele iria mostrar mais detalhes da vida artística do personagem de Bridges. Mas isso não aconteceu. Ao invés disso ele procurou se concentrar muito mais no romance com sua nova namorada e em sua tumultuada vida pessoal. Dessa forma os bastidores e o universo do mundo country foram de certa forma colocados de lado, principalmente na terça parte final do filme. Não faz mal. Em tempos de poucos filmes realmente inspirados foi um bom programa assistir a um filme como esse, que tem alma e coração, mesmo que seja louco.

Coração Louco (Crazy Heart, EUA, 2009) Direção: Scott Cooper / Roteiro de Scott Cooper baseado na novela de Thomas Cobb / Elenco: Jeff Bridges, Maggie Gyllenhaal, Colin Farrell / Sinopse: Cantor country decadente (Jeff Bridges) tena redimir sua vida pelo amor de uma mulher (Maggie Gyllenhaal).

Pablo Aluísio.