quinta-feira, 17 de outubro de 2019

Game of Thrones - Episódios Finais

Game of Thrones 7.07 - The Dragon and the Wolf
Esse foi o último episódio da sétima temporada, com duração extra de 80 minutos. Pois é, metragem de longa no cinema, mas se formos ver bem pouca coisa acontece. Basicamente Cersei Lannister concede uma audiência para a rainha Daenerys Targaryen e seu "diplomata" Tyrion Lannister para a formação de uma aliança contra os caminhantes mortos-vivos que estão chegando do norte. Claro que tantos personagens que se odeiam não chegam logo a um consenso. Com veneno escorrendo pelo canto da boca, cada um quer uma chance para trair o outro. De uma forma ou outra a aparição de um caminhante que é trazido dentro de uma caixa perante a rainha Cersei acaba impressionando os presentes. Praticamente um esqueleto que anda, a estranha criatura acaba convencendo a líder do clã Lannister que é chegado mesmo o momento de se fazer uma aliança militar contra o inimigo comum. E finalizando apenas dois outros momentos do episódio chamam a atenção. Em um deles ficamos sabendo que Jon Snow provavelmente não seja apenas um bastardo Stark, mas sim o verdadeiro herdeiro do trono de ferro. E na última cena, a melhor, que infelizmente dura pouco, vemos o ataque dos caminhantes contra a muralha do norte que acaba indo abaixo pelo ataque de um dos dragões que agora cercam fileiras com os mortos-vivos, abrindo assim o gancho para a próxima temporada, que vamos esperar para conferir nos próximos meses. / Game of Thrones 7.07 - The Dragon and the Wolf (Estados Unidos, 2017) Direção: Jeremy Podeswa / Roteiro: David Benioff, D.B. Weiss / Elenco: Peter Dinklage, Emilia Clarke, Kit Harington, Nikolaj Coster-Waldau, Lena Headey, Sophie Turner, Maisie Williams.

Game of Thrones 8.01 - Winterfell
Primeiro episódio da oitava temporada, a última, que tanta polêmica causou. Sim, eu sei, muita gente odiou o episódio final da série, mas ainda não cheguei lá, por isso vou comentando os episódios que vou assistindo nas próximas semanas. Esse episódio na realidade é uma grande preparação para a grande batalha que se travará. Daenerys Targaryen (Emilia Clarke) está cada vez mais apaixonada por Jon Snow (Kit Harington). Mesmo com toda a tensão ela já não consegue esconder que está completamente atraída por ele, com direito a passeios em cima do dragão e tudo mais. Há uma tentativa de unir todos os clãs contra o Rei da Noite e seus mortos-vivos, mas isso esbarra nos planos da rainha Cersei Lannister (Lena Headey) que está mais preocupada em trair os que esperam por sua ajuda. Ela chega até mesmo a se entregar a um nobre inferior por causa de sua poderosa frota de navios. Algo asqueroso. Esse é um episódio bem mediano, sem maiores supresas. Em certos momentos cai no tédio, o que não é nada bom para uma série como essa. / Game of Thrones 8.01 - Winterfell (Estados Unidos, 2019) Direção: David Nutter / Roteiro: Gursimran Sandhu, Ethan J. Antonucci / Elenco: Peter Dinklage, Emilia Clarke, Kit Harington, Nikolaj Coster-Waldau, Lena Headey, .

Game of Thrones 8.05 - The Bells 
No total foram oito anos de série. Quase 70 episódios. Assisti do primeiro ao último. E assim chegamos nesse penúltimo episódio. Nos anteriores vimos a destruição do Rei da Noite e seu exército de mortos. Quando tudo parecia perdido, quando todos esperavam pela morte certa, Arya Stark (Arya Stark) se torna a heroína da vez ao apunhalar o Rei da Noite. E tal como acontecia nos antigos filmes de Drácula, uma vez morto o líder toda a sua legião perece em um piscar de olhos. Passada a crise que poderia aniquilar todos os personagens, eles agora se voltam contra Cersei Lannister (Lena Headey). O objetivo é tomar Porto Real, o que não será nada fácil. Porém a rainha Daenerys Targaryen (Emilia Clarke) não vê limites para sua ambição e sede de poder. Ela não apenas invade Porto Real como também promove um genocídio e uma carnificina jamais vista na série. Crianças, mulheres, idosos, ninguém é poupado. Esse episódio é uma virada de chave, pois mostra que Daenerys não passa de uma psicopata e uma mulher cruel, fria e sem compaixão. O próprio conceito de uma tirana perigosa. Tyrion Lannister (Peter Dinklage) logo percebe bem isso. Andando pelas ruas destruídas da cidade ele finalmente entende com quem está lidando. Jon Snow (Kit Harington) ainda tenta acreditar em algo bom, mas o cenário é devastador demais para se chegar em outra conclusão. / Game of Thrones 8.05 - The Bells (Estados Unidos, 2019) Direção: Miguel Sapochnik / Roteiro: David Benioff, D.B. Weiss / Elenco: Peter Dinklage, Emilia Clarke, Nikolaj Coster-Waldau, Lena Headey, Kit Harington.

Game of Thrones 8.06 - The Iron Throne 
Finalmente chegamos ao fim. E o que aconteceu nesse episódio final de Game of Thrones? Daenerys Targaryen (Emilia Clarke) chega ao auge de seu poder. Porto Real, completamente destruída, está aos seus pés. Um massacre foi promovido. Ela finalmente se vê diante do Trono de Ferro feito com mil espadas do inimigo. A destruição foi tão grande que nem sequer mais o salão real existe. O trono está ao céu aberto. A vitória porém tem um gosto amargo. Tyrion Lannister (Peter Dinklage) renuncia ao seu posto e é imediatamente preso. A traição maior porém vem de Jon Snow (Kit Harington). Ele abraça a rainha, fingindo beijá-la, mas na verdade a apunhala na pura traição. A mãe dos dragões morre imediatamente. É o fim de Daenerys Targaryen. O tão cobiçado trono de ferro também não sobrevive, sendo completamente derretido pelo seu dragão. É algo bem simbólico, simbolizando o fim de uma era. Com todos os clãs desorganizados a pergunta que se sucede no caos é simples: Quem será o novo Rei ou Rainha? Para surpresa de todos o escolhido é improvável, o jovem Bran Stark (Isaac Hempstead Wright). Mesmo preso em uma cadeira de rodas ele parece ser uma escolha sensata para liderar os seis reinos. Eu estava apostando mesmo em sua irmã, Sansa Stark (Sophie Turner), mas ela acaba mesmo apenas como a Rainha do Norte. Por fim a última pergunta: que fim leva Jon Snow? Pelas linhas de sucessão ele deveria ser o legítimo herdeiro do trono de ferro, mas acaba em desgraça por ser o assassino. Assim ele é enviado de volta para as muralhas congeladas da fronteira norte. Gostei desse episódio final e em minha opinião ele passou muito longe de ser o desastre que tantos disseram. Nada disso, foi um roteiro adequado, bem escrito, onde prevaleceu o bom senso e os bons valores. Assim "Game of Thrones" chegou ao seu final com a mesma qualidade que atravessou toda a série. Pena que acabou, vai deixar saudades nos fãs de boas séries de TV. / Game of Thrones 8.06 - The Iron Throne (Estados Unidos, 2019) Direção: David Benioff, D.B. Weiss / Roteiro: David Benioff, D.B. Weiss / Elenco: Peter Dinklage, Emilia Clarke, Nikolaj Coster-Waldau, Lena Headey, Kit Harington, Isaac Hempstead Wright.

Pablo Aluísio.

Trágica Fatalidade

Victor Scott (Edward G. Robinson) é um vaidoso promotor de justiça que acaba acusando um homem inocente de assassinato. Condenado à cadeira elétrica descobre-se depois que ele não havia cometido o crime. Em crise existencial pelo ocorrido Victor decide abandonar a promotoria para se tornar advogado de defesa pois em suas próprias palavras prefere deixar 100 culpados soltos do que condenar um inocente à pena capital. Na nova vida como profissional liberal ele abre um pequeno escritório de advocacia onde começa a atender clientes acusados dos mais diversos crimes. Entre eles está Frank Garland (Albert Dekker) que sob a fachada de ser um mero homem de negócios é na verdade um gangster perigoso e violento. Edward G. Robinson fez mais de 100 filmes em sua longa carreira no cinema, quase sempre interpretando gangsters. Aqui ele muda de lado e faz um homem da lei, um promotor e depois advogado, que tenta de todas as formas ter uma postura ética e isenta em sua profissão, o problema é que como descobrirá depois não há muito espaço para esse tipo de postura no meio jurídico americano.

“Trágica Fatalidade” é claramente uma crítica ao sistema judicial, onde definitivamente não há espaço para crises éticas ou existenciais. Robinson está perfeito em seu papel, um sujeito que logo se vê corrompido pelo sistema, tendo que aplicar pequenos (e grandes) golpes para sobreviver entre os tubarões. Para piorar se vê enrolado nas teias do crime organizado após abandonar seu cargo de promotor. O roteiro é muito bem escrito, joga muito bem com as artimanhas do meio jurídico e tira bastante proveito das chamadas brechas da lei. No elenco além da sempre importante presença de Edward G. Robinson temos a bela Jayne Mansfield. Sua interpretação é claramente uma imitação dos trejeitos de Marilyn Monroe em todos os aspectos (até o jeito de falar sussurrando Jayne tenta copiar). Sua personagem é secundária e sem importância durante todo o filme mas assume uma função vital no clímax que ocorre no tribunal. Enfim, para quem gosta de roteiros bem trabalhados e tensos casos judiciais “Trágica Fatalidade” certamente é uma boa opção.

Trágica Fatalidade (Illegal, EUA, 1955) Direção: Lewis Allen / Roteiro: W.R. Burnett, James R. Webb / Elenco: Edward G. Robinson, Nina Foch, Hugh Marlowe / Sinopse: Promotor decide abandonar a carreira após trabalhar em um caso onde um homem inocente é mandado para a cadeira elétrica por erro judicial. Após se tornar advogado de defesa de vários criminosos se vê envolvido numa teia de corrupção e violência sob as ordens de um violento gangster.

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 16 de outubro de 2019

Projeto Gemini

Eu fui ao cinema assistir a esse filme sabendo pouco ou quase nada sobre ele. Basicamente sabia apenas que era o novo filme de ação de Will Smith. Mais nada além disso. Por isso achei que seria apenas mais um filme genérico desse estilo. Os filmes de ação aliás estão rodando em torno de si mesmos há anos, sem novidade ou criatividade nenhuma. De fato esse "Projeto Gemini" não foge muito disso, porém a despeito de suas falhas acabou me surpreendendo de forma até positiva. Claro, a questão dos clones pode ser encarado como algo saturado, cujo tema já havia se esgotado no cinema. Porém conseguiram deixar esse aspecto mais em segundo plano. Não irrita a nossa paciência e nem ofende nossa inteligência. Nesse aspecto não me senti incomodado.

O roteiro procura muitas vezes desenvolver mais os personagens interpretados por Will Smith. Há o assassino profissional veterano, que agora repensa sobre sua vida de mortes e um clone dele, trinta mais jovem, que é levado pela agência a eliminar o velho assassino justamente porque agora ele começa a ter consciência e pode se tornar um elemento perigoso. O curioso é que o tempo todo os personagens se referem à "agência", mas nunca deixam claro que se trata da CIA. Do jeito que ficou, parece ser qualquer órgão do governo, mas sem especificar. Em termos de efeitos digitais os técnicos do filme precisaram criar um "Will Smith jovem", o seu clone. Ficou bom, mas em algumas momentos também ficou um pouco esquisito. A computação gráfica ainda não atingiu cem por cento de perfeição. E há um segundo clone, esse mais direcionado a ser uma mera "máquina de matar". Ele surge apenas em uma cena, mas causa estrago. No mais há boas cenas de ação (com destaque para a perseguição de motos) e lutas bem coreografadas. O diretor Ang Lee ainda não perdeu a mão para esse tipo de filme. Não chega a ser um clássico dos filmes de ação, mas funciona como entretenimento de fim de semana.

Projeto Gemini (Gemini Man, Estados Unidos, 2019) Direção: Ang Lee / Roteiro: David Benioff, Billy Ray / Elenco: Will Smith, Clive Owen, Mary Elizabeth Winstead,Benedict Wong / Sinopse:      Henry Brogan (Will Smith) é um assassino profissional que passa a ser perseguido por seu próprio clone, fruto do projeto Gemini desenvolvido pelo governo americano. A missão é de queima de arquivo, para que o velho matador não comece a prejudicar a agência de inteligência no qual trabalhou por anos a fio.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 15 de outubro de 2019

Coringa

"Coringa" é um excelente filme! Poucas vezes um personagem de quadrinhos teve um tratamento tão perfeito em termos de desenvolvimento psicológico como o que vemos aqui nessa produção. O espectador inclusive vai se pegar torcendo para um dos vilões mais conhecidos da cultura pop. E isso é fruto da forma como sua história é tecida na tela. Arthur Fleck (Joaquin Phoenix) é um pobre coitado. Ele tem problemas mentais, uma mãe doente em seu pequeno apartamento e todos os dias sai em busca de sua sobrevivência. E como ela é penosa. Trabalhando como palhaço no meio da rua acaba apanhando de um grupo de jovens delinquentes. Pior do que isso, além de ser muito mal pago ainda é alvo de todos os tipos de humilhações possíveis. Tem alma de artista, mas não tem talento para ser comediante de palco, como tanto sonha. Sua única apresentação é melancólica, depressiva e vira alvo de piadas de um apresentador de TV sem caráter (em mais um ótimo desempenho de Robert De Niro).

Enquanto consegue manter sua medicação Arthur consegue manter, a duras penas, um pé na sanidade. Quando o serviço social de que participa é fechado por corte de custos, Arthur fica sem remédios e ao "Deus dará". A partir desse ponto ele deixa cada vez mais de ser o sofrido Arthur para virar o Coringa, um palhaço criminoso que mata com um riso constrangido no rosto. O filme nesse ponto se torna dramaticamente muito rico, pois ao mesmo tempo que ficamos chocados com os crimes do "Joker", também sentimos uma compaixão pela situação que ele vive. E o curioso é que o roteiro também tem um toque de luta de classes. A família Wayne é retratada como parte de uma elite corrupta, sem sentimentos, mais preocupada em manter o fosso que a separa de uma cidade cheia de pobres e almas desesperadas. Esse aspecto do argumento vai tocar fundo em muitas pessoas - principalmente naquelas que cultivam um viés político mais à esquerda. Embora ele seja uma pessoa apolítica, seu ponto de vista com uma visão negativa do mundo é a que prevalece no filme.

O elenco está excepcional. Desnecessário elogiar a atuação de Joaquin Phoenix, Ele está estupendo! Coloca inclusive o veterano Robert De Niro no bolso e ainda dá troco. A alma de Heath Ledger (que Deus o tenha em boa mãos) que me perdoe, mas ele foi superado nesse papel. Seu Coringa era excepcional, mas ainda era um coadjuvante em um filme de Batman. Aqui temos o palco inteiro para o vilão da DC Comics brilhar. E com um background de história pessoal tão rico fica mesmo complicado superar. Não é de hoje que elogio Phoenix, mas nesse filme ele não apenas superou todos os demais, ele superou a si mesmo. E isso definitivamente não é pouca coisa. Deixo meus aplausos para ele nesse trabalho memorável. Que o Oscar lhe faça justiça na próxima premiação. Torcerei por ele por uma questão de pura justiça e merecimento.

Coringa (Joker, Estados Unidos, Canadá, 2019) Direção: Todd Phillips / Roteiro: Todd Phillips, Scott Silver / Elenco: Joaquin Phoenix, Robert De Niro, Zazie Beetz / Sinopse: Arthur Fleck (Phoenix) vive um dia de cada vez. Ele mora com a mãe em um pequeno apartamento de Gotham City, uma cidade repleta de sujeira, crimes e violência. Fleck também precisa controlar sua doença mental, mas a cada dia isso vai se tornando cada vez mais complicado. A insanidade sempre parece estar batendo sua porta. E nessas ocasiões o Joker pode entrar em sua vida de uma vez por todas.

Pablo Aluísio. 

Fugindo do Inferno

Um grupo de prisioneiros ingleses e americanos tenta de todas as formas fugir de um campo de prisão alemão durante a II Guerra Mundial. O local foi especialmente construído pelo Terceiro Reich para abrigar os maiores mestres em fugas sob custódia no conflito. Esse é certamente um dos filmes mais lembrados quando se trata de fitas sobre fugas espetaculares. Além disso é considerado uma das produções mais populares estreladas pelo carismático Steve McQueen, na época no auge de sua popularidade como astro de filmes de ação. Embora pouca gente perceba isso o fato é que "The Great Escape" tem grande "parentesco" com outro clássico estrelado por McQueen, "Sete Homens e Um Destino". Ambos foram dirigidos pelo mesmo cineasta e conta com praticamente a mesma equipe no mesmo estúdio. Se compararmos os dois porém veremos que "Fugindo do Inferno" conta com uma produção bem acima do anterior, fruto é óbvio do grande sucesso do famoso western. Por trás das câmeras se sobressai o trabalho do excelente (e subestimado) John Sturges, que aqui entrega uma pequena obra prima dos filmes de guerra.

O roteiro foi baseado no livro de memórias de um participante da fuga (que foi real e aconteceu em 1944, já na fase final da II Guerra Mundial). Claro que o filme toma enormes liberdades com o material original, o livro de Paul Brickhill. O túnel que vemos em cena certamente é irreal, tal o seu grau de sofisticação. Obviamente que a escavação real mais parecia com um mero buraco do que qualquer outra coisa, muito longe do que vemos na tela. Aliás essa falta de veracidade seria satirizada anos depois na comédia "Top Secret" de 1984. O fato é que "Fugindo do Inferno" é acima de tudo uma obra de entretenimento e não esconde isso, principalmente em seus letreiros iniciais quando deixa claro que embora baseado em história real houve várias mudanças nos personagens, locais e tempo em que aconteceram os fatos reais. Longo em sua duração o filme não cansa o espectador pois a trama é muito bem amarrada e mantém o interesse. O roteiro também causa surpresa por ter basicamente dois finais, o primeiro na fuga e o segundo nos acontecimentos que ocorreram após a mesma ter sido levado a cabo. De qualquer forma "Fugindo do Inferno" é certamente um dos melhores filmes de guerra já feitos. Movimentado, bem escrito e com muito suspense e emoção. Se não conhece ainda não deixe de assistir.

Fugindo do Inferno (The Great Escape, EUA, 1963) Direção: John Sturges / Roteiro: James Clavell, W.R. Burnett baseados no livro de Paul Brickhill / Elenco: Steve McQueen, James Garner, Richard Attenborough, James Donald, Charles Bronson, Donald Pleasence, James Coburn, Hannes Messemer, David McCallum / Sinopse: Um grupo de prisioneiros ingleses e americanos tenta de todas as formas fugir de um campo de prisão alemão durante a II Guerra Mundial. O local foi especialmente construído pelo Terceiro Reich para abrigar os maiores mestres em fugas sob custódia no conflito.

Pablo Aluísio.

Jovens Demais Para Morrer

Roteiro e Argumento: O roteiro de Young Guns II mistura fatos reais com ficção. De forma geral é bem mais fantasioso do que o primeiro filme. Existem cenas que jamais aconteceram na história real como o encontro de Billy The Kid com o governador. Outras são totalmente corretas do ponto de vista histórico como a fuga de Billy da delegacia e a morte dos dois homens da lei. De maneira em geral o roteiro adaptou muita coisa para dar mais agilidade ao filme no que fez bem pois o resultado final é bem dinâmico e não há problemas de ritmo na fita.

Produção: Essa franquia Young Guns sempre foi muito bem produzida. Filmada no Arizona o clima da região em que viveu Billy The Kid é muito bem recriada em cena (embora a história real tenha se passado no Novo México, muito mais árido e inóspito). De resto tudo está muito bem fiel, tanto do ponto de vista de figurinos (Billy quase sempre está com roupas modestas) como de costumes (apenas o bordel mostrado do filme é muito mais luxuoso do que realmente era na época).

Direção: Esse é o filme de maior projeção da carreira do diretor Geoff Murphy. Dele só consigo me lembrar do péssimo Freejack, aquele filme B com o Mick Jagger. De qualquer forma temos que reconhecer que seu trabalho aqui está muito bom. Na verdade alguns membros da equipe dizem que o filme foi co-dirigido por Emilio Estevez que apenas não quis se comprometer assinando a direção também.

Elenco: A franquia Young Guns é conhecida por reunir em seu elenco jovens atores que estavam na crista da onda na época. Assim temos além de Emilio Estevez como Kid, os atores Kiefer Sutherland (Garotos Perdidos), Lou Diamond Phillips (La Bamba). Como coadjuvantes algumas boas surpresas como a presença do veterano James Coburn e de Alan Ruck (O amigo de Mathew Broderick em Curtindo A Vida Adoidado).

Jovens Demais Para Morrer (Young Guns II, EUA, 1990) Direção: Geoff Murphy / Roteiro: Geoff Murphy / Elenco: Emilio Estevez, Kiefer Sutherland, Lou Diamond Philiphs, Christian Slater, Alan Ruck, James Coburn e Viggo Mortensen / Sinopse: O filme narra os últimos momentos da vida do famoso pistoleiro Billy The Kid (Emilio Estevez) ao mesmo tempo em que levanta a curiosa hipótese em que Billy não teria sido morto por Pat Garret como diz a história oficial mas sim que teria sobrevivido e chegado à velhice, onde finalmente revela sua verdadeira identidade.

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 14 de outubro de 2019

Histórias Assustadoras para Contar no Escuro

Esse filme de terror foi lançado recentemente nos cinemas brasileiros e até fez uma carreira bem sucedida no circuito comercial. Assim que comecei a assistir ao filme pude perceber duas influências bem óbvias. A primeira vem em relação ao próprio "It" de Stephen King. Assim como no filme do palhaço temos aqui um grupo de adolescentes que começam a lidar com uma força sobrenatural poderosa. E tudo se passa numa pequena cidadezinha do interior. Numa noite de Halloween eles decidem entrar numa velha casa assombrada. Ali viveu uma rica família no passado, dona de uma fábrica da região. A filha do industrial era trancada em seu quarto, dada como louca. Enclausurada ela passou a escrever histórias de terror em um caderno e essas histórias acabaram saindo das páginas de papel para o mundo real. A jovem garota do grupo de adolescentes acaba encontrando esse manuscrito e abre uma maldição que vai atingir a todos.

Inicialmente pensei que o filme iria ter várias histórias relativamente independentes, como era comum em produções de terror dos anos 70 e 80, mas o diretor André Øvredal optou por uma linha narrativa mais tradicional, com um gancho central puxando todos os acontecimentos. A segunda semelhança com o sucesso de Stephen King vem do uso de criaturas sobrenaturais. Só que aqui devo confessar que fiquei um pouco decepcionado pois em se tratando de um filme que tem Guillermo del Toro como um dos roteiristas era de se esperar por algo mais criativo. Assim temos um espantalho que ganha vida no meio do milharal (e que não é nenhuma novidade em filmes de terror), um ser disforme que perde partes do seu corpo enquanto persegue suas vítimas e até uma estranha mulher gorda que absorve literalmente suas presas. Não é nada muito impactante. Por fim no quesito propriamente dito de dar sustos na plateia, devo dizer que não existe nada de muito assustador aqui. E isso não é uma boa notícia para um filme que se chama "Histórias Assustadoras para Contar no Escuro".

Histórias Assustadoras para Contar no Escuro (Scary Stories to Tell in the Dark, Estados Unidos, Canadá, China, 2019) Direção: André Øvredal / Roteiro: Guillermo del Toro, Dan Hageman, Kevin Hageman / Elenco: Zoe Margaret Colletti, Michael Garza, Gabriel Rush / Sinopse: Garota colegial e seus amigos de escola acabam achando um livro amaldiçoado numa velha casa assombrada. Nas páginas desse manuscrito todas as histórias de terror que são lidas acabam acontecendo no mundo real, trazendo horror e desespero para os moradores de uma pequena cidade do interior dos Estados Unidos.

Pablo Aluísio. 

domingo, 13 de outubro de 2019

Jogo Entre Ladrões

Mais um filme sobre roubo de joias. Esse é um nicho ainda bem popular no cinema. Aqui dois ladrões profissionais interpretados por Morgan Freeman e Antonio Banderas, resolvem unir forças para roubar as milionárias joias que um dia pertenceram à dinastia Romanov da Rússia. O principal alvo vai para os famosos ovos Fabergé, maravilhosas peças cravejadas dos mais caros e finos diamantes. Cada uma valendo algo em torno de 20 milhões de dólares. O problema passa a ser colocar as mãos nessas peças, uma vez que elas ficam em um cofre com os mais modernos e rígidos esquemas de segurança. Para piorar a máfia russa entra na jogada e começa a chantagear os dois ladrões, pois caso eles não consigam roubar os ovos, a bela namorada de Banderas no filme será executada. 

Bom, considerei um filme bem na média. É uma fita rápida, com pouco mais de 90 minutos de duração. Não se perde muito tempo tentando desenvolver os personagens principais. Tudo é posto com uma relativa pressa em meu ponto de vista. Há uma ou outra cena mais sensual entre Banderas e a linda atriz australiana  Radha Mitchell (uma tremenda gata!) com cenas moderadas de nudez e sexo, mas fora disso tudo se concentra mesmo nos preparativos do roubo e na execução final dos planos. Nessas cenas do roubo propriamente dito é que está o calcanhar de Aquiles desse filme pois não vi nada de muito original ou criativo. Fica na média mesmo, mais do mesmo. Teria sido interessante ao roteiro desenvolver melhor a história das joias, como elas foram feitas, etc, mas como já escrevi o filme foi feito mesmo para ser algo rápido, sem delongas. No geral é apenas mediano. Uma dessas produções de roubos mirabolantes que apenas cumpre tabela, sendo de rotina. Nada espetacular ou memorável. Dá para assistir... e é só!

Jogo Entre Ladrões (Thick as Thieves, Estados Unidos, 2009) Direção: Mimi Leder / Roteiro: Ted Humphrey / Elenco: Morgan Freeman, Antonio Banderas, Radha Mitchell, Robert Forster, Rade Serbedzija / Sinopse: Dois ladrões profissionais unem forças para roubar as joias da dinastia Romanov, peças históricas e de grande valor no mercado negro. O problema vai ser superar o mais moderno sistema de segurança do cofre onde elas se encontram.

Pablo Aluísio.

Os Quatro Heróis do Texas

Joe Jarrett (Dean Martin) rouba 100 mil dólares de Zach Thomas (Frank Sinatra) e com o dinheiro investe em um grande barco cassino, uma embarcação que era muito comum no século XIX nos grandes rios do sul dos EUA. "Os Quatro Heróis do Texas" é uma produção muito fraca estrelada pelos dois maiores nomes do chamado Rat Pack, Sinatra e Martin. Eles já estiveram bem melhores antes mas aqui não convencem, não fazem rir e nem divertem. O filme tem um timing de comédia pastelão que nunca encontra o tom certo. As piadas são fracas e as situações não agradam. Sinatra está particularmente antipático em um papel sem qualquer empatia. Martin está um pouco melhor mas seu personagem também não ajuda muito. O título nacional mais uma vez se mostra equivocado pois não há nenhum herói na estória. Os tais quatro citados são Sinatra, Martin e as atrizes beldades Ursula Andress e Anita Ekberg. Essa última já havia contracenado com Dean Martin numa comédia ao lado de Jerry Lewis chamada "Ou Vai Ou Racha". Aqui ela repete o mesmo papel de mulher deslumbrante, só que servindo de par romântico para o apático Sinatra. Já a Bond Girl Ursula Andress não mostra a que veio em um personagem de nome masculino (Max) que pouco acrescenta no resultado final.

O que mais me deixou surpreso aqui é que o filme não foi dirigido por um diretor medíocre mas sim pelo excelente cineasta Robert Aldrich de tantos títulos marcantes em seu filmografia. Ele não só dirigiu a fita como a produziu. O que deu errado dessa vez? Acredito que o problema central de "Os Quatro Heróis do Texas" seja seu roteiro tolo e abobado que não consegue convencer nem como western e nem como comédia. Nem a participação especial dos Três Patetas consegue levantar a bola do humor do filme. Tudo é muito frouxo e sem graça. As piadas não funcionam e definitivamente Sinatra não tinha talento para esse tipo de filme. Em suma, um grande desperdício no final das contas. "Os Quatros Heróis do Texas" pode ser resumido como um filme ruim que foi dirigido por um excelente diretor e com um bom elenco. Pena que deu tudo errado.

Os Quatro Heróis do Texas (4 For Texas, EUA, 1963) Direção: Robert Aldrich / Roteiro: Teddy Sherman, Robert Aldrich / Elenco: Frank Sinatra, Dean Martin, Ursula Andress, Anita Ekberg / Sinopse: Joe Jarrett (Dean Martin) rouba 100 mil dólares de Zach Thomas (Frank Sinatra) e com o dinheiro investe em um grande barco cassino, uma embarcação que era muito comum no século XIX nos grandes rios do sul dos EUA.

Pablo Aluísio. 

Sabrina

Sabrina Fairchild (Audrey Hepburn) é a filha do chofer de uma rica família de Long Island. Ela nutre por muito anos uma paixão indisfarçável por David Larrabee (William Holden) o irresponsável e playboy filho mais novo do rico patrão de seu pai. Tempos depois vai a Paris para aprender a arte culinária da cozinha francesa e retorna completamente mudada, fina e elegante. Não demora muito a despertar a atenção dos irmãos Larrabee que agora irão disputar entre si o coração da bela jovem. "Sabrina" é o mais elegante filme da carreira de Billy Wilder. Tudo é de muito bom gosto na produção - roupas de grife, trilha sonora de alto nível e um clima de sofisticação que impera em todas as cenas. Audrey Hepburn encontra em Sabrina um papel bem adequado ao seu estilo de interpretação. Seus pretendentes em cena, Humphrey Bogart e William Holden, também estão muito bem em seus respectivos personagens, dois irmãos que são opostos entre si, o primeiro trabalhador e responsável e o segundo um playboy incorrigível.

Durante muitos anos "Sabrina" virou um ícone dos filmes românticos em Hollywood tanto que daria origem até mesmo a uma série de publicações de mesmo nome que exploravam bem um clima de romance idealizado, escrito e consumido por jovens que sonhavam com seu príncipe encantado. Curiosamente no filme Audrey acaba tendo que escolher entre a paixão platônica de sua adolescência ou a figura de um homem mais equilibrado e seguro de si o que demonstra que nem sempre o homem de seus sonhos é aquele que você pensava ser o ideal. Outro fato interessante é perceber como Audrey, mesmo no começo de sua carreira, não se mostra intimidada de contracenar com o mito Bogart que aqui deixa de lado seus personagens cínicos e perigosos que desempenhava em seus outros filmes. Na verdade ele entrou no elenco na última hora pois o ator que havia sido escalado inicialmente, Cary Grant, não se recuperou de um acidente que havia sofrido e por determinação médica foi afastado do filme. Já William Holden está bem diferente da imagem que estamos acostumados, ele surge em cena de cabelo pintado, um loiro falso que chama a atenção pelo exagero. "Sabrina" fez sucesso de público e crítica quando foi lançado. Concorreu a vários prêmios da Academia e levou o Oscar de Melhor Figurino (para Edith Head, uma veterana em Hollywood). Já o diretor Billy Wilder, que também assinava o roteiro, foi premiado pelo Globo de Ouro por seu belo texto. O filme ganharia uma nova versão na década de 90 com Harrison Ford mas esse remake era infinitamente inferior. Melhor ficar com o original mesmo, "Sabrina" é sem dúvidas uma ótima dica para o cinéfilo que procura um filme clássico com muita classe e elegância. Pode assistir sem receios que não vai se arrepender.

Sabrina (Sabrina, EUA, 1954) Direção: Billy Wilder / Roteiro: Billy Wilder, Samuel Taylor, Ermst Lehman / Elenco: Audrey Hepburn, Humphrey Bogart, William Holden / Sinopse: Sabrina Fairchild (Audrey Hepburn) é a filha do chofer de uma rica família de Long Island. Ela nutre por muito anos uma paixão indisfarçável por David Larrabee (William Holden) o irresponsável e playboy filho mais novo do rico patrão de seu pai. Tempos depois vai a Paris para aprender a arte culinária da cozinha francesa e retorna completamente mudada, fina e elegante. Não demora a despertar a atenção dos irmãos Larrabee que agora irão disputar entre si o coração da bela jovem.

Pablo Aluísio.

Justiceiro Implacável

Título no Brasil: Justiceiro Implacável
Título Original: Rooster Cogburn
Ano de Produção: 1975
País: Estados Unidos
Estúdio: Universal Pictures
Direção: Stuart Millar
Roteiro: Charles Portis
Elenco: John Wayne, Katharine Hepburn, Anthony Zerbe, Richard Jordan, John McIntire, Paul Koslo
  
Sinopse:
Com roteiro escrito por Charles Portis, baseado em personagens da novela "True Grit" de Martha Hyer, o filme mostra a estória do velho xerife Rooster Cogburn (John Wayne) que resolve ajudar Eula Goodnight (Katharine Hepburn) na caça dos bandidos que assassinaram seu pai numa missão religiosa em um lugar remoto do Oregon. Juntos, eles precisam superar suas próprias diferenças pessoais para trazer um pouco de justiça ao velho oeste selvagem.

Comentários:
"Justiceiro Implacável" é uma espécie de continuação de "Bravura Indômita" com John Wayne retornando ao papel que lhe deu o Oscar. O interessante é que o roteiro é praticamente o mesmo do primeiro filme! Duvida disso? Então vejamos: Rooster Cogburn (John Wayne) é um Marshal beberrão e rabugento que vai em caça a um grupo de criminosos e a contragosto tem levar junto uma companheira cujo o pai foi morto por esses bandidos. O papel da vítima, que antes era da garotinha em "Bravura Indômita", agora é personificada pela grande dama do teatro e do cinema Katherine Hepburn em uma caracterização simpática e divertida. São personagens diferentes, mas que cumprem a mesma função nas duas produções. O único diferencial é que o humor está muito mais presente no roteiro desse filme. Se o anterior também tinha doses pontuais de humor, mas ao mesmo tempo mantinha uma postura mais séria e dramática, aqui o tom leve é muito mais acentuado. Katherine Hepburn e John Wayne parecem se divertir como nunca - levando pouca coisa è sério. Sua animação e clima ameno despontam em cada cena, em cada tomada.

É um western muito soft, sem qualquer carga dramática mais forte. A rabugice do personagem Rooster Cogburn, por exemplo, assume um tom frontalmente humorístico e cômico. Completando o clima bucólico, a produção ainda traz uma bela fotografia natural. O filme foi rodado numa reserva de preservação ambiental do Estado americano do Oregon e por isso há um farto aproveitamento das paisagens naturais do local, locações que realmente são de encher os olhos, com lindas florestas de pinheiros e longos rios de águas cristalinas. Destaque para as cenas filmadas em uma correnteza em um desses belos rios da região. Com tantos elementos suaves em cena a direção toma uma posição muito discreta. Confesso que obviamente minha preferência seria por Henry Hathaway, o diretor do primeiro filme. Em "Justiceiro Implacável" a direção ficou a cargo de Stuart Millar, um cineasta com pouca experiência para dirigir atores tão consagrados. Em conclusão, podemos dizer que "Rooster Cogburn" é bem inferior ao filme original, mas nem por isso é destituído de qualidades. No apagar das luzes só o fato de ver John Wayne contracenando ao lado de Katherine Hepburn, dois grandes mitos da história do cinema, já vale muito a pena para qualquer cinéfilo.

Pablo Aluísio.

sábado, 12 de outubro de 2019

Aeroporto

Um passageiro com problemas familiares e mentais resolve fazer um ato de terrorismo em um avião comercial. Para tentar controlar a situação de caos que se instala um experiente administrador de aviação civil e um especialista em situações de crise tentam manter o aeroporto em pleno funcionamento, mesmo com uma forte nevasca chegando no local. Aeroporto de 1970 foi um dos primeiros filmes catástrofe da história do cinema. O interessante é que tecnicamente ele até pode ser considerado um filme pipoca dos anos 70 por isso mas existe uma diferença muito grande entre os filmes desse tipo daquela época e os filmes de hoje que seguem a mesma linha. O roteiro tem um cuidado todo especial em desenvolver os personagens. O diretor do aeroporto, interpretado por Burt Lancaster, por exemplo, é mostrado em suas relações familiares, os problemas com sua esposa e o reflexo de toda essa situação em sua vida profissional. Quantos filmes pipocas de hoje em dia tem esse tipo de preocupação? Nenhum, os personagens são todos vazios, ralos, sem profundidade. Vide os filmes de James Cameron, Michael Bay e Roland Emmerich; todos eles filhos bastardos de filmes como Aeroporto.

Também gostei de rever o carismático Dean Martin. Além de ótimo cantor ele, apesar de não ser um grande ator, tinha uma persona em cena que sempre me agradou. A franquia Aeroporto ficaria conhecida depois por trazer de volta ao cinema vários veteranos das telas. Nesse temos além de Dean Martin, o sempre simpático e bom ator Burt Lancaster e George Kennedy, em um bom papel. A linda Jacqueline Bisset também está no elenco. Na continuação, Aeroporto 75 os produtores trariam de volta Charlton Heston. No terceiro filme seria a vez de Jack Lemmon e por fim no último filme da série, chamado Aeroporto, o Concorde, os espectadores teriam de presente as atuações de Alain Delon e Robert Vagner. Em termos técnicos temos que concordar que os efeitos desse primeiro Aeroporto envelheceram mas de certo modo são tão discretos que não comprometem o resultado final. Enfim, pensei que o filme fosse bem mais fraco mas me enganei, tem seu charme, tem seus momentos. Vale a pena conferir.

Aeroporto (Airport, EUA, 1970) Direção: George Seaton / Roteiro: George Seaton baseado na novela de Arthur Hailey / Elenco: Burt Lancaster, Dean Martin, George Kennedy, Jean Seberg, Jacqueline Bisset / Sinopse: Um passageiro com problemas familiares e mentais resolve fazer um ato de terrorismo em um avião comercial. Para tentar controlar a situação de caos que se instala um experiente administrador de aviação civil e um especialista em situações de crise tentam manter o aeroporto em pleno funcionamento, mesmo com uma forte nevasca chegando no local.

Pablo Aluísio.

O Estranho Sem Nome

Título no Brasil: O Estranho Sem Nome
Título Original: High Plains Drifter
Ano de Produção: 1973
País: Estados Unidos
Estúdio: Warner Bros
Direção: Clint Eastwood
Roteiro: Tidyman, Dean Riesner
Elenco: Clint Eastwood, Verna Bloom, Marianna Hill, Geofrey Lewis, Mitchell Ryan, Stefan Gierasch
  
Sinopse:
Um estranho e misterioso pistoleiro errante (Clint Eastwood) chega na pequenina cidade de Lago. Hostilizado por alguns moradores locais, acaba tendo que usar de sua habilidade no gatilho. Após matar três deles é convidado para defender a cidade de um grupo de malfeitores que, ao saírem da prisão, tinham jurado vingança contra todos àqueles que os mandaram para atrás das grades. O estranho aceita defender Lago desses bandidos, mas começa a abusar de sua nova posição, enfrentando as autoridades locais e exigindo que se cumpra suas ordens, algumas delas bem absurdas, como pintar toda a cidade de vermelho, por exemplo.

Comentários:
Clint Eastwood estrelou alguns dos filmes de faroeste mais famosos da história do cinema. Aqui ele investe em uma trama com toques sobrenaturais, por mais fora do comum que isso possa parecer. “O Estranho Sem Nome” é um belo registro do talento de Eastwood como cineasta. Assumindo a direção pela terceira vez em sua carreira, ele mostra muita firmeza no desenrolar da história, criando inclusive todo um clima misterioso e enigmático sobre a verdadeira identidade de seu personagem, novamente um pistoleiro sem nome, sem passado e sem destino. Clint Eastwood se mostra muito habilidoso ao manipular e tirar o melhor proveito de alguns dos símbolos mais caros à mitologia do western. Por exemplo a figura do cavaleiro errante, solitário, que chega num pequeno local para impor justiça, promovendo sua própria vingança pessoal. O pistoleiro rápido e invencível no gatilho também está presente, além do suspense e tensão que rondam a chegada de um bando de facínoras na cidadela. Clint usa de todos esses elementos com elegância e nunca perde a mão no filme. Alguns poderiam até dizer que são meros clichês, alguns bem conhecidos, mas o fato é que sob o comando de Eastwood tudo soa como novo e impactante. Tem que realmente ser muito inventivo para conseguir algo assim – e Clint certamente conseguiu. “O Estranho Sem Nome”, um faroeste de primeira linha, merece ser revisto sempre que possível e mais ainda pelos fãs de Eastwood, aqui em plena forma.

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 11 de outubro de 2019

Babel

Título no Brasil: Babel
Título Original: Babel
Ano de Produção: 2006
País: Estados Unidos
Estúdio: Paramount Pictures
Direção: Alejandro G. Iñárritu
Roteiro: Guillermo Arriaga
Elenco: Brad Pitt, Cate Blanchett, Adriana Barraza, Rinko Kikuchi, Gael García Bernal, Peter Wight,

Sinopse:
Um atentado terrorista atinge a vida de vários turistas estrangeiros no Marrocos, colocando em evidência o caos político e social daquele país. São quatro histórias que se encontram nesse trágico acontecimento. Filme indicado ao Oscar nas categorias de melhor filme, roteiro, direção, atriz coadjuvante (Adriana Barraza e  Rinko Kikuchi) e edição.

Comentários:
O roteiro segue o estilo mosaico, ou seja, vários personagens com histórias diferentes e independentes são contadas ao longo do filme, para depois todos se encontrarem numa mesma situação limite, criando assim o clímax do filme. O ator Brad Pitt decidiu apoiar o projeto do diretor Alejandro G. Iñárritu, nesse que pode ser considerado seu primeiro grande filme em Hollywood. O resultado ficou interessante, diria regular, mas não excepcional. Roteiros que seguem essa linha podem deixar o enredo tão fluido que pode despertar a falta de interesse no público. O ponto que une todos os personagens é um ônibus cheio de turistas no Marrocos. Um tiro é disparado, pessoas se ferem, o veículo sai da estrada. Dentro há um grupo de pessoas cujas histórias o roteiro vai contar aos poucos. Tive a oportunidade de assistir no cinema e embora seja um bom filme, não me empolgou muito. Concorreu ao Oscar de melhor filme do ano (o que me pareceu um exagero), mas não venceu. Com sete indicações acabou levando uma estatueta por uma categoria dita secundária, melhor trilha sonora incidental, para o maestro Gustavo Santaolalla. Brad Pitt ficou um pouco decepcionado porque foi indicado ao Globo de Ouro de melhor ator. Ele tinha chances de vencer, mas saiu de mãos vazias. De qualquer maneira é um filme que merece ser conhecido e assistido, nem que seja pelo menos uma vez.

Pablo Aluísio.

Os Que Chegam Com a Noite

Esse foi o último filme que Brando fez antes de sua consagração em "O Poderoso Chefão". Ele foi filmado na Inglaterra o que levou muitos jornalistas a decretarem o fim de sua carreira na época! Muitos diziam que nenhum estúdio de Hollywood bancaria mais filmes com o ator não apenas por seu terrível temperamento nas filmagens mas também porque Brando não significava mais retorno imediato nas bilheterias uma vez que seus últimos lançamentos se tornaram fracassos comerciais. Processado por ex-mulheres, sendo perseguido pela imprensa por causa de sua disfuncional vida familiar o ator não viu outra saída senão trocar de ares - o que fez muito bem. "Os Que Chegam Com a Noite" é um filme por demais interessante. Todo rodado na Inglaterra rural a produção se apresenta como um prequel do famoso livro de Henry James, "Turn of the Screw" (no Brasil, "A Volta do Parafuso").

Certamente eu já tinha propensão a gostar desse estilo de filme por dois motivos: gosto de tramas passadas na Inglaterra rural (sou fã de cineastas como James Ivory) e tenho a tendência de sempre gostar das atuações de Marlon Brando, mesmo quando ele não está particularmente inspirado. Aqui o ator se apresenta de forma natural, sem exageros à la Actors Studio. O personagem simplista, um trabalhador comum chamado Peter Quint, caiu como uma luva para a personalidade do ator. Cabelos grisalhos, grandes e despenteados Brando dá um tom selvagem e indomado ao criado da bela mansão do filme e mais uma vez rouba as atenções para si. Também gostei do clima bucólico que reina em praticamente todo o filme. O que acaba enganando o espectador pois por baixo dessa normalidade se esconde uma situação terrível, o que desencadeará eventos macabros. Inclusive para uma experiência cultural plena aconselho não apenas assistir a esse "The Nightcomers" mas também a leitura do livro, seguida da exibição de outra produção inspirada na mesma obra, o muito bem sucedido "Os Inocentes", um marco do terror psicológico.

Os Que Chegam Com a Noite (The Nightcomers, EUA, 1971) Direção: Michael Winner / Roteiro: Michael Hastings inspirado na obra de Henry James, "A Volta do Parafuso" / Elenco: Marlon Brando, Stephanie Beacham, Thora Hird / Sinopse: O filme mostra os acontecimentos que antecedem a trama do livro "A Volta do Parafuso" do consagrado escritor Henry James.

Pablo Aluísio.

Flechas de Fogo

Cowboy (James Stewart) encontra jovem índio agonizando no meio do deserto após ser atacado por tropas americanas. O socorre e acaba se tornando amigo da nação Apache liderada pelo chefe Cochise (Jeff Chandler). O problema é que o mesmo grupo está em guerra contra o exército americano pela posse do selvagem território do Arizona. Ciente da situação o personagem de James Stewart se coloca a disposição para servir de intermediário em um tratado de paz entre as nações indígenas e o governo dos Estados Unidos sob a presidência do general Grant. Muito curioso esse western que décadas antes de "Dança com Lobos" tratou a questão indígena de forma muito correta e realista. Há uma preocupação do roteiro em mostrar aspectos da cultura dos Apaches, suas danças, festejos. O filme chega ao ponto de mostrar um homem branco se apaixonando por uma jovem índia, algo bem ousado para os anos 50.

James Steward apresenta sua personagem habitual: homem virtuoso, honesto, de boa índole. O único problema mais visível de Flechas de Fogo é a escalação de Jeff Chandler como o chefe da nação Apache. Chandler tinha traços bem americanos e nem a maquiagem forte ameniza esse aspecto. Curiosamente tirando ele e a jovem índia que se apaixona por Stewart nenhum dos demais indígenas do filme apresentam traços de homem branco - são índios ou descendentes mesmo, puro sangue. O filme foi dirigido pelo veterano cineasta Delmer Daves que faria pelo menos mais dois clássicos de western nos anos seguintes: "A Lei do Bravo" (outro western respeitoso com a causa do nativo americano) e "A Última Carroça". Seu maior sucesso comercial viria como roteirista ainda na década de 50 com o famoso "Tarde Demais Para Esquecer". Enfim, "Flechas de Fogo" (cujo título original é flecha quebrada - símbolo de paz entre os Apaches) vale a pena por ser socialmente consciente e à frente de seu tempo

Flechas de Fogo (Broken Arrow, EUA, 1950) Direção de Delmer Daves / Roteiro de Elliott Arnold (novela), Albert Maltz / Com James Stewart, Jeff Chandler e Debra Paget / Sinopse: Cowboy (James Stewart) encontra jovem índio agonizando no meio do deserto após ser atacado por tropas americanas. O socorre e acaba se tornando amigo da nação Apache liderada pelo chefe Cochise (Jeff Chandler). O problema é que o mesmo grupo está em guerra contra o exército americano pela posse do selvagem território do Arizona.

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 10 de outubro de 2019

A Primeira Noite de um Homem

Esse filme é considerado um dos grandes clássicos do cinema americano dos anos 1960. Curiosamente levei algum tempo para assistir. Eu me lembro que esse filme foi lançado no Brasil nos tempos do VHS pela Globo Vídeo. Vira e mexe o via na prateleira da locadora, mas nunca cheguei a assistir na época. Só mais recentemente finalmente conferi. A história do filme é até bem conhecida dos cinéfilos (e o sugestivo título em português ajuda a entender melhor do que se trata). Tudo começa quando Benjamin (Dustin Hoffman) finalmente se forma na universidade. Com canudo na mão é a hora de pensar no futuro! O que fazer da vida? Bom, Benjamin não tem a menor ideia do rumo a seguir, essa é a verdade. Enquanto ele não faz plano nenhum (e passa mico nas mãos de seus pais que são pessoas sem muita noção), acaba sendo seduzido por uma mulher mais madura e sensual, a Senhora Robinson (Anne Bancroft).

Ela pede carona a Ben e quando chega em casa literalmente parte para o ataque. Sem muita sutileza, sem muita perda de tempo. Simplesmente abre o jogo e tenta levar o jovem para a cama. Claro que ele declina e fica nervoso, ainda mais quando o marido dela chega em casa. Só que sendo um homem, bom, você já sabe, logo sucumbe à tentação, por mais errado que seja levar aquela mulher para a cama. Ele não perde muito tempo e logo liga para a senhora Robinson para um encontro em um hotel da cidade. E depois daí começam todos os seus problemas, que definitivamente não serão poucos. Uma coisa que chama a atenção nesse filme é sua narrativa, que de certa forma procura imitar a falta de jeito do protagonista, um sujeito que parece sempre estar meio constrangido, até mesmo um pouco atrapalhado. A trilha sonora - ainda uma das grandes qualidades dessa produção - é toda da dupla Simon & Garfunkel e a não ser que você não conheça absolutamente nada de música dos anos 60, vai imediatamente assoviar todas as melodias. "Mrs. Robinson" e "The Sounds of Silence" são grandes sucessos da dupla. Ainda hoje verdadeiros hinos daquela geração.

O filme é muito simpático e tem um roteiro muito coeso, diria até bem inovador para aquela época. Afinal tratar da infidelidade de uma mulher madura com um fedelho recém saído da universidade era algo até bem surpreendente, pois mexia com tabus que até hoje se fazem presentes na sociedade. O único deslize do roteiro é a cena final, que de certa maneira revive velhos clichês das fitas românticas da velha Hollywood. Isso porém não chega a ser um problema pois quando o filme chega nessa parte final o jogo já está ganho. O espectador já se divertiu o bastante e gostou de todo o desenvolvimento da história. Então é isso. Um excelente momento do cinema folk americano, com um Dustin Hoffman bem novinho, passando por alguns apertos por ter se relacionado com a senhora Robinson!

A Primeira Noite de um Homem (The Graduate, Estados Undos, 1967) Direção: Mike Nichols / Roteiro: Calder Willingham, Buck Henry/ Elenco: Dustin Hoffman, Anne Bancroft, Katharine Ross / Sinopse: Benjamin (Hoffman) é um jovem recém formado na universidade que volta para a casa dos pais sem saber direito o que fará de sua vida dali em diante. Após um jantar ele atende o pedido da esposa do sócio de seu pai, a senhora Robinson (Bancroft), para levá-la para casa. Uma vez lá ela o seduz, de forma direta, algo que vai trazer muitos problemas para Ben! Filme vencedor do Oscar na categoria de Melhor Direção (Mike Nichols). Também vencedor do Globo de Ouro nas categorias de Melhor Ator (Dustin Hoffman), Melhor Atriz Coadjuvante (Katharine Ross), Melhor Direção (Mike Nichols), Melhor Atriz (Anne Bancroft) e Melhor Filme - Comédia ou Musical.

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 9 de outubro de 2019

Volta Meu Amor

Nenhum casal fez tanto sucesso nos cinemas durante a década de 1960 do que Rock Hudson e Doris Day. Juntos, eles fizeram três comédias românticas que tiveram excelentes bilheterias para a época. A fórmula era infalível. Com o sucesso de "Confidências à Meia Noite" a volta do casal era algo considerado certo pelos produtores. A própria Doris Day tinha adorado ter trabalhado ao lado de Rock e ao final das filmagens havia lhe dito que eles deveriam fazer outros filmes juntos. Afinal se o público havia gostado tanto por que não retornar para um novo filme? "Volta Meu Amor" foi o segundo filme de Rock Hudson e Doris Day. O roteiro seguia basicamente a mesma estrutura do primeiro filme. Um playboy chamado Jerry Webster (Rock Hudson) se fazia passar por outro homem para conquistar o coração da bela Carol Templeton (Doris Day). A ideia seguia as linhas básicas do primeiro filme, mostrando um jogo de sedução que acabava virando contra o sedutor mal intencionado. O roteiro era muito parecido também, a mesma ideia central que havia sido utilizada em "Confidências à Meia Noite". Nem por isso o filme deixou de ser um bom passatempo, dos mais agradáveis, até mesmo nos dias de hoje.

Apesar dos diálogos "ousados" para os anos 60 a produção era divertida, leve e recomendada para todos os públicos, mas principalmente casais. A sociedade americana passava por profundas mudanças sociais e de costumes na época em que esses filmes eram lançados nos cinemas. As mulheres finalmente tinham conquistado seu espaço no mercado de trabalho. Eram agora independentes, profissionais e não usavam mais o casamento como único meio de vida. Ter ou não um companheiro tinha se tornado apenas uma opção e não uma obrigação. O roteiro, com todo o seu bom humor, mostrava esses aspectos, principalmente em relação à personagem de Doris Day.

Rock Hudson geralmente interpretava homens incorrigíveis, playboys e conquistadores inveterados. Já Doris Day trazia para as telas a nova mulher, dona de seu destino, com pleno controle de sua própria vida. O choque entre esses dois estilos de vida é que criava o fino humor para esse tipo de produção. Quando foi lançado "Volta Meu Amor" se tornou um sucesso de bilheteria ainda maior do que "Confidências à Meia Noite", o que deixou todos surpresos. Ninguém esperava que o filme original fosse superado. Por causa do sucesso a dupla voltaria ainda a atuar junto pela terceira e última vez em "Não Me Mandem Flores". De qualquer forma fica a dica para os fãs de Rock Hudson e Doris Day. "Volta Meu Amor" é uma delícia de filme. Não envelheceu e mesmo revisto nos dias de hoje, ainda é uma ótima diversão.

Volta Meu Amor (Lover Come Back, Estados Unidos, 1961) Direção: Delbert Mann / Roteiro: Stanley Shapiro, Paul Henning / Elenco: Rock Hudson, Doris Day, Tony Randall / Sinopse: Jerry Webster (Rock Hudson) é um publicitário que tem que promover um produto novo chamado VIP que se tornará um grande sucesso de vendas para e empresa em que trabalha. O problema é o tal produto simplesmente não existe! Para completar suas dores de cabeça ele ainda tem que lidar com uma outra publicitária rival, Carol Templeton (Doris Day), que luta para que sua licença de publicitário seja cassada. Para vencer Carol, Jerry acaba fazendo se passar por outra pessoa, pelo suposto inventor de VIP. E os dois acabam se apaixonando nessa confusão toda! Filme indicado ao Oscar na categoria de Melhor Roteiro Original (Stanley Shapiro e Paul Henning). Filme indicado ao Globo de Ouro na categoria de Melhor Ator Coadjuvante (Tony Randall).

Pablo Aluísio. 

terça-feira, 8 de outubro de 2019

Vera Cruz

O filme já começa à toda mostrando o encontro da dupla central, Cooper e Lancaster, numa cena com diálogos totalmente cínicos e dúbios. De certa forma isso se repetirá em todo o restante da fita. Curioso porque até mesmo o personagem de Gary Cooper parece não ter muitos escrúpulos. Coronel do exército confederado ele agora vaga pelo deserto mexicano para vender sua mão de obra ao grupo que lhe pagar melhor, ou seja, é um mercenário. Já o personagem de Burt Lancaster é bem pior, ladrão de cavalos, mentiroso e trapaceiro, desde o começo do filme já sabemos que não há nada o que esperar dele em termos éticos. Algo que se confirma no final quando teremos o tradicional duelo no meio das ruínas de uma cidade mexicana! "Vera Cruz" foi um dos primeiros filmes de western em que a ação foi colocada em primeiro plano, superando até mesmo os cânones dos faroestes mais tradicionais. Muitos especialistas inclusive qualificam "Vera Cruz" como uma espécie de predecessor do que seria feito no chamado Western Spaguetti. Não chegaria a tanto mas não há como negar que os faroestes italianos iriam utilizar de vários elementos que estão presentes aqui.

Um dos elementos é justamente a simplificação dos roteiros em detrimento da ação incessante. A trama da produção na realidade se desenvolve praticamente toda em torno de uma diligência com carregamento de ouro que tenta chegar até o porto de Vera Cruz. No meio do caminho Cooper e Lancaster, que estão protegendo o carregamento ao lado de um pelotão do exército mexicano, vão enfrentando todo tipo de desafios, conflitos e traições (sim, todos querem no final ficar com a fortuna e para isso não medem esforços em trair qualquer um). A produção é muito boa - bem acima da média dos faroestes da época. O figurino dos mexicanos na fita pode até ser considerada exagerado, mas é fiel no final das contas uma vez que eles realmente se vestiam daquela maneira. Em conclusão Vera Cruz é um bom western, talvez um pouco prejudicado pelo excesso de personagens e pirotecnia. Vale pelo carisma de Lancaster e pela presença sempre muito digna do grande mito Gary Cooper.

Vera Cruz (Vera Cruz, EUA, 1954) Direção: Robert Aldrich / Roteiro: Roland Kibbee, James R. Webb / Elenco: Gary Cooper, Burt Lancaster, Denise Darcel / Sinopse: Durante a revolução mexicana de 1866 um grupo de pistoleiros e aventureiros americanos são contratados pelo Imperador Maximiliano para escoltar uma condessa mexicana até o porto de Vera Cruz.

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 7 de outubro de 2019

It: Capítulo Dois

O primeiro filme foi um grande sucesso de bilheteria. Custou apenas 35 milhões de dólares e faturou nas bilheterias mais de 75o milhões. Um lucro fantástico. Por isso era esperado que uma continuação fosse realizada. E assim chegamos nesse segundo capítulo. Essa sequência foi criticada por dois aspectos básicos. O filme seria muito longo e cansativo e seu roteiro seria repetitivo. Eu tenho uma visão diferente. Sim, o filme é longo. Quase três horas de duração. Porém não me soou cansativo. As pessoas esquecem que o livro original de Stephen King tem mais de mil páginas! Adaptar um livro desse tamanho para o cinema só poderia resultar mesmo em um filme longo. Cansativo porém não achei. Os roteiristas trouxeram o que era essencial para o filme. Como há vários personagens seria mesmo necessário ter espaço para cada um deles demonstrar sua personalidade no filme. Foi isso o que aconteceu. O palhaço Pennywise aparece a cada um deles em cenas individuais onde ele trabalha o lado psicológico dos garotos, seus traumas, seus complexos. Isso está no livro e era necessário trazer também para o filme. Não havia como retirar do roteiro. 

Com isso o segundo filme ficou mesmo longo, não tinha outra saída. Porem cada um desses momentos não é gratuito. O uso de vários flashbacks também foi criticado de forma indevida. Essa é a estrutura do livro, com passagens do passado e presente se intercalando. É uma ferramenta narrativa do próprio Stephen King que os roteiristas utilizaram também aqui. Ficou adequado. A edição é inteligente, mesclando em uma só sequência com passado e presente, tudo feito de forma bem eficaz. O resultado final me agradou bastante. O roteiro brinca até com o fato de que muitos criticam os finais dos livros de Stephen King. Ele inclusive está no filme, numa ponta, como um vendedor de coisas velhas. Pois bem, há que tenha odiado o final, achando simplista demais como os personagens deram fim ao Pennywise. Na minha opinião tudo foi válido e tem seu lugar no filme. A luta entre o palhaço e os protagonistas é no fundo psicológica e uma solução dessa natureza seria o mais adequado para o desfecho do enredo. Do jeito que ficou me agradou bastante. E se você gosta mesmo de Stephen King, então o filme se torna essencial.

It: Capítulo Dois (It Chapter Two, Estados Unidos, 2019) Direção: Andy Muschietti / Roteiro: Gary Dauberman / Elenco: Jessica Chastain, James McAvoy, Bill Hader, Bill Skarsgård / Sinopse: Vinte e sete anos após os acontecimentos do primeiro filme o palhaço Pennywise está de volta. Crianças começam a desaparecer novamente. Com isso os garotos do primeiro filme (agora todos adultos) resolvem se unir mais uma vez para acabar com as monstruosidades do palhaço.

Pablo Aluísio. 

domingo, 6 de outubro de 2019

Robin Hood, o Herói dos Ladrões

Título no Brasil: Robin Hood, o Herói dos Ladrões
Título Original: Robin Hood
Ano de Produção: 1991
País: Estados Unidos
Estúdio: 20th Century Fox
Direção: John Irvin
Roteiro: Sam Resnick
Elenco: Patrick Bergin, Uma Thurman, Jürgen Prochnow, Edward Fox, Jeroen Krabbé, Danny Webb

Sinopse:
Durante o reinado de Ricardo Coração de Leão, um usurpador tenta colocar as mãos na coroa já que o rei se encontra longe, participando de uma cruzada. Sir Robert Hode tenta impedir, mas acaba caindo em desgraça, se tornando assim um bandoleiro nas florestas de Sherwood.

Comentários:
Dois filmes sobre Robin Hood foram lançados quase simultaneamente. O primeiro foi "Robin Hood" com Kevin Costner no papel principal. O segundo foi esse "Robin Hood, o Herói dos Ladrões" que trazia o menos conhecido Patrick Bergin interpretando o famoso personagem que roubava dos ricos para dar aos pobres. O filme de Kevin Costner, como era de se esperar, fez muito mais sucesso. Esse aqui chegou a ser lançado em VHS no Brasil, mas sem muita badalação. O curioso é que a Fox para promovê-lo fez uma campanha de marketing afirmando que esse seu filme de Robin Hood era bem mais realista, mais de acordo com o que os historiadores levantaram sobre o Robin Hood da história. Será mesmo? Penso que não. O filme só pode ser considerado mais realista se for comparado com o de Costner, esse sim com mais elementos de fantasia. Mesmo assim ainda há muita lenda nessa roteiro. Patrick Bergin que havia se destacado ao lado de Julia Roberts em "Dormindo com o Inimigo" não decepciona no papel. Tampouco empolga. Quem no final acaba roubando as atenções é a bela e exótica Uma Thurman. Na época original do lançamento do filme poucos sabiam quem ela era. Enfim deixo a dica, principalmente se você gosta do Robin Hood. Esse aqui é um de seus filmes menos conhecidos.

Pablo Aluísio.

Dormindo com o Inimigo

Título no Brasil: Dormindo com o Inimigo
Título Original: Sleeping with the Enemy
Ano de Produção: 1991
País: Estados Unidos
Estúdio: Twentieth Century Fox
Direção: Joseph Ruben
Roteiro: Ronald Bass
Elenco: Julia Roberts, Patrick Bergin, Kevin Anderson, Elizabeth Lawrence, Kyle Secor, Claudette Nevins

Sinopse:
Para Laura Burney (Roberts) a vida se torna um inferno após ela se relacionar com o homem errado. Seu casamento é completamente abusivo, seu marido tem traços de psicopatia. Para escapar dessa realidade ela então busca uma saída definitiva dessa situação aflitiva e perigosa.

Comentários:
Esse thriller de suspense foi lançado em um dos melhores momentos da carreira da atriz Julia Roberts. Ela ainda colhia o sucesso de "Uma Linda Mulher" e todo filme que participava chamava logo a atenção do público. O tema aqui é o relacionamento abusivo que pode nascer dentro de um casamento completamente fracassado. A mulher quer ir embora, mas o marido não admite o fim, fazendo todo tipo de jogo sujo para ainda manter a dominação sobre a esposa. Julia Roberts foi bem elogiada pela crítica da época, mas o filme de certo modo tem um roteiro que não saía da média do que era feito nos anos 90 nesse tipo de thriller. As situações começam bem, o suspense é bem tecido, mas logo começam os exageros. Claro, em termos de abuso de relacionamentos muitos excessos são cometidos, mas o roteiro desse filme inegavelmente exagera um pouco nas tintas. De qualquer forma temos que reconhecer que apesar de alguns erros pontuais esse é um bom filme dos anos 90. De bônus ainda traz uma jovem Julia Roberts, com longos cabelos encaracolados, na época se tornando uma das grandes estrelas de Hollywood.

Pablo Aluísio.

sábado, 5 de outubro de 2019

Noiva em Fuga

Título no Brasil: Noiva em Fuga
Título Original: Runaway Bride
Ano de Produção: 1999
País: Estados Unidos
Estúdio: Paramount Pictures, Touchstone Pictures
Direção: Garry Marshall
Roteiro: Josann McGibbon, Sara Parriott
Elenco: Julia Roberts, Richard Gere, Joan Cusack, Rita Wilson, Hector Elizondo, Christopher Meloni
  
Sinopse:
Não importa o quanto tente, Maggie Carpenter (Julia Roberts) simplesmente não consegue se casar. Nas três vezes que tentou, ela sempre decide ir embora, deixando seu noivo no altar. A história tão fora do comum chama a atenção do jornalista Ike Graham (Richard Gere) que vai para a cidade de Maggie para confirmar toda a história. O que ele não esperava era se sentir atraído pela "noiva em fuga"!.

Comentários:
Tentativa muito mal sucedida de repetir o sucesso de "Uma Linda Mulher". A intenção do estúdio foi óbvia, reunir novamente Julia Roberts e Richard Gere em uma nova comédia romântica. O problema é que o filme é muito fraco, pífio mesmo. Gere nunca pareceu tão sem interesse em cena. Na verdade ele próprio reconheceria depois que só fez o filme por causa do cachê indecente oferecido pela Paramount para que ele voltasse a atuar ao lado de Julia Roberts. Por quase dez anos ele foi recusando um roteiro atrás do outro para atuar ao lado de Roberts, até que em 1999 aceitou o convite. Deveria ter recusado. Há filmes que são tão sem sal, tão "Family-friendly" que se tornam ao final simplesmente insuportáveis. Esse é uma daquelas fitas descartáveis que são logo esquecidas, aqui merecidamente, já que o resultado é abaixo da crítica. Péssimo, perda de tempo e dinheiro. Melhor esquecer. Filme vencedor do Blockbuster Entertainment Awards na categoria Melhor Atriz (Joan Cusack).

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 4 de outubro de 2019

Bater ou Correr

Título no Brasil: Bater ou Correr
Título Original: Shanghai Noon
Ano de Produção: 2000
País: Estados Unidos, Hong Kong
Estúdio: Touchstone Pictures
Direção: Tom Dey
Roteiro: Miles Millar, Alfred Gough
Elenco: Jackie Chan, Owen Wilson, Lucy Liu, Brandon Merrill, Roger Yuan, Xander Berkeley

Sinopse:
O cowboy americano Roy O'Bannon (Owen Wilson) se une ao chinês Chon Wang (Jackie Chan) para lutar contra um grupo de vilões malvados durante o velho oeste americano. Filme premiado pelo Blockbuster Entertainment Awards.

Comentários:
O título (tanto nacional como o original) faz um trocadilho com o clássico do western "Matar ou Morrer". Não que isso vá fazer alguma diferença. O Owen Wilson virou mesmo o "Rei da Sessão da Tarde". Hoje inclusive a Rede Globo vai exibir esse filme. É a tal coisa, eu gosto do Owen, penso que é um sujeito naturalmente engraçado e tudo mais. Porém esse filme aqui é bem fraco na minha opinião. Não que seja mal feito ou nada do tipo. Acontece que não tenho simpatia pessoal pelo cinema feito pelo Jackie Chan. Para você gostar desse acrobata de circo que se traveste de astro do cinema, você precisa antes curtir os filmes de artes marciais de Hong Kong. É um gosto bem peculiar, específico. Não é o meu caso. Eu nunca gostei de filmes desse tipo. Para ficar um pouco diferente e conquistar o público americano os produtores ambientaram tudo no velho oeste. Na minha opinião isso não fez diferença nenhuma. O humor mais físico, as cenas exageradas de acrobacias de Chan e tudo aquilo que já conhecemos bem não fazem mesmo o meu estilo. Nesse caso nem o Owen Wilson conseguiu salvar o filme.

Pablo Aluísio.

Rosas da Sedução

Título no Brasil: Rosas da Sedução
Título Original: Bed of Roses
Ano de Produção: 1996
País: Estados Unidos
Estúdio: New Line Cinema
Direção: Michael Goldenberg
Roteiro: Michael Goldenberg
Elenco: Christian Slater, Mary Stuart Masterson, Josh Brolin, Pamela Adlon, Brian Tarantina, Debra Monk

Sinopse:
Para Lisa Walker (Mary Stuart Masterson) o importante é o trabalho. Há alguns anos ela decidiu se isolar emocionalmente para não ter mais decepções amorosas. Tudo muda porém quando ela conhece o sensível Lewis Farrell (Christian Slater). Pode ser uma nova chance para o amor.

Comentários:
Christian Slater pode até não ser a escolha mais adequada para um filme romântico como esse. Com seu sorriso e olhar de "jovem Jack Nicholson" fica até um pouco complicado crer que ele poderia ser o príncipe encantado de alguém. Porém se a New Line Cinema, companhia cinematográfica especializada em filmes de terror, decidiu investir em romances no cinema... bom, então tudo começa a se tornar possível. E o filme é até bem interessante. Nada excepcional, nada memorável, mas até que tem seus bons momentos. Um aspecto a se considerar é que o carisma da atriz Mary Stuart Masterson segura as pontas de uma produção que investe no sentimental das pessoas. O filme é uma nova versão para uma antiga produção com Joel McCrea, porém com muitas mudanças em seu roteiro. Eu poderia dizer que apenas a ideia central foi reaproveitada. Pode ter envelhecido precocemente um pouco, mas ainda mantém o charme. Assim se você aprecia esse tipo de filme romântica não tenha receios de arriscar.

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 3 de outubro de 2019

Knightfall

Knightfall 1.01 - You'd Know What To Do
Essa série se passa durante os tempos dos cavaleiros templários. Os personagens principais aliás são todos membros dessa ordem que marcou bastante a história da Europa e do Oriente Médio durante as cruzadas. Esse primeiro episódio, como sempre acontece com novas séries, vai apresentando os principais personagens. Na primeira cena vemos a fortaleza cristã de Acre caindo nas mãos dos islâmicos. Os cavaleiros tentam salvar o santo graal, mas tudo em vão. O navio que leva a relíquia acaba sendo atingido pelos inimigos. O episódio então dá um pulo temporal e quinze anos depois encontramos os mesmos cavaleiros templários tentando organizar uma nova cruzada, só que seu líder acaba sendo morto por bandidos no meio da floresta. De maneira em geral gostei em termos dessa nova série. O enredo mistura história real com mera ficção. A dramaturgia ainda é fraca e pode vir a melhorar nos episódios seguintes. É esperar para conferir o que virá daqui em diante. / Knightfall 1.01 - You'd Know What To Do (Estados Unidos, 2017) Direção: Douglas Mackinnon / Roteiro: Don Handfield, Richard Rayner / Elenco: Tom Cullen, Jim Carter, Pádraic Delaney, Julian Ovenden, Sabrina Bartlett, Bobby Schofield.

Knightfall 1.02 - Find Us the Grail
O primeiro episódio dessa série me soou bem mais ou menos. Nada maravilhoso ou que me fizesse ter vontade de continuar assistindo. Porém esse segundo é bem melhor, onde os personagens já estão apresentados e a trama flui melhor. No enredo os cavaleiros templários vão tentar localizar o Santo Graal, o cálice usado por Jesus Cristo na última ceia. O grande atrativo desse episódio não vem, ao meu ver, tanto do enredo, com a localização do corpo do templário desaparecido, a vingança contra os salteadores, etc. O grande atrativo vem mesmo da atuação do ator Jim Carter como o Papa Bonifácio VIII. Ele vai até a França para ajudar na localização do Graal, mas ao mesmo tempo acaba se envolvendo no casamento da filha do rei, que deseja se casar com um príncipe da Catalunha, mas que é pretendida também pelo filho do rei da Inglaterra. No final caberá ao Papa decidir com quem ela vai se casar. Muito boa a participação de Carter nesse episódio. / Knightfall 1.02 - Find Us the Grail  (Estados Unidos, 2017) Direção: Douglas Mackinnon / Roteiro: Don Handfield, Richard Rayner / Elenco: Jim Carter, Tom Cullen, Pádraic Delaney, Julian Ovenden, Sabrina Bartlett, Bobby Schofield.

Knightfall 1.04 - He Who Discovers His Own Self, Discovers God
E os Templários seguem em busca do Santo Graal. Claro que essa ordem de monges guerreiros não se resumiram em sua história a isso. Porém no mundo das artes sempre se criou esse tipo de lenda. A série explora bem isso. O mestre dos templários morreu. O novo grão mestre, Landry (Tom Cullen), não se sente à altura do cargo. Ele também não consegue superar seu romance adúltero com ninguém menos do que a Rainha da França! Pior do que isso, o Rei quer que ele, vejam só que ironia, dê conselhos para sua esposa, pois o casamento está em crise! Enfim, o marido traído pedindo para o traidor aconselhar sobre o seu casamento em frangalhos! No mais vão surgindo novas pistas sobre o paradeiro do lendário cálice que supostamente teria sido usado por Jesus na última ceia. Um sarraceno capturado e quase morto avisa aos templários: caso eles descubram e coloquem as mãos na peça será simplesmente o fim de todos! O mundo vai arder em chamas! / Knightfall 1.04 - He Who Discovers His Own Self, Discovers God (Estados Unidos, 2017) Estúdio: History Channel / Direção: Douglas Mackinnon / Roteiro: Don Handfield (created by), Richard Rayner / Elenco: Jim Carter, Tom Cullen, Pádraic Delaney, Julian Ovenden, Sabrina Bartlett, Bobby Schofield.

Pablo Aluísio.

A Senha: Swordfish

A partir dos anos 90 o mundo virtual foi ocupando cada vez mais espaço, até chegar no cinema com força total. Os roteiros procuravam explorar histórias que aconteciam dentro desse universo. Um dos primeiros filmes a explorar esse, digamos, novo nicho cinematográfico, foi esse "A Senha: Swordfish". No enredo um criminoso internacional contratava um hacker para entrar em um sistema super protegido. O objetivo? Roubar alguns bilhões (sim, bilhões) de dólares do sistema financeiro mundial. Claro que ao lado da linguagem própria para a geração nerd havia ainda bastante cenas de ação no mundo real para um público mais comum, que não estivesse tão ligado naquela linguagem de informática e programação.

O filme no geral é apenas OK. Tem certamente um bom elenco, mas o roteiro e seu desenvolvimento não é lá grande coisa. Fitas como essa, que aproveitam o calor de um momento acabam ficando tremendamente datadas em pouco tempo. Como o mundo da informática voa a cada ano imagine o choque de um jovem espectador ao ver esse filme hoje em dia, produzido já há tanto tempo, explorando justamente esse meio. Os computadores, programas, etc, se mostram completamente ultrapassados. Como não se sustenta apenas como filme, "A Senha: Swordfish" acabou virando uma velharia, mais cedo do que se poderia imaginar.

A Senha: Swordfish (Swordfish, Estados Unidos, 2001) Direção: Dominic Sena / Roteiro: Skip Woods / Elenco: John Travolta, Hugh Jackman, Halle Berry, Don Cheadle, Sam Shepard / Sinopse: Criminoso internacional contrata hacker para invadir sistema, onde espera-se possam roubar bilhões de dólares do sistema financeiro. Filme indicado ao BET Awards na categoria de Melhor Atriz (Halle Berry).

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 2 de outubro de 2019

Chernobyl

Chernobyl 1.01 - 1:23:45
Quando uma série é boa, geralmente você percebe isso desde o primeiro episódio. É justamente o que verifiquei nesse piloto. Na realidade "Chernobyl" é uma minissérie, ou seja, já com o número de episódios determinados pelos produtores. Como se trata da reconstituição de um dos maiores desastres nucleares da história esse arco já está previamente definido desde esse primeiro episódio. Aqui temos o ponto inicial de todo o desastre. Durante um procedimento de rotina a usina sofre uma forte explosão. No começo os técnicos da propria usina se recusam a acreditar que algo mais sério aconteceu. A hipótese de que o núcleo da usina explodiu é levantada, mas como isso jamais havia acontecido antes eles se recusam a levar essa teoria à sério. Só que foi justamente isso que ocorreu. Com a força da explosão a radiação se espalhou rapidamente. Os bombeiros, os primeiros a chegarem no local, mal sabiam no que estavam se metendo. Um deles chega a pegar uma pedra de grafite do reator nas mãos. Ora, isso era morte certa dentro daquele cenário. As autoridades do partido comunista (ainda estava de pé a União Soviética) tentam acobertar tudo, como era de praxe naquele regime. Enquanto isso milhares de pessoas inocentes ficavam à mercê de toda aquela radiação sendo espalhada por Chernobyl.  / Chernobyl 1.01 - 1:23:45 (Estados Unidos, 2019) Direção: Johan Renck / Roteiro:  Craig Mazin, Craig Mazin / Elenco:  Jared Harris, Michael Shaeffer, Jessie Buckley.

Chernobyl 1.02 - Please Remain Calm
O personagem central dessa série é o físico nuclear Valery Legasov(Jared Harris). Ao contrário dos membros da burocracia do partido comunista ele sabe que um desastre de grandes proporções aconteceu em Chernobyl. Os políticos querem todos abafar o caso, como era comum em regimes comunistas como aquele. Só que  Legasov sabe que medidas drásticas são necessárias como, por exemplo, evacuar todas as populações locais. Jogar toneladas de areia e produtos químicos dentro do núcleo explodido e começar um plano enorme de evacuação e tratamento das pessoas contaminadas pela radiação. Só que ele também descobre, ao lado de outra física nuclear, que os compartimentos de água da usina estão todos cheios. Isso poderia causar uma nova explosão que iria jogar radiação em todo o continente, matando milhões de pessoas. Seria necessário que voluntários se apresentassem para abrir esses compartimentos manualmente, o que significaria em último caso a morte desses mergulhadores. É uma situação limite. As cenas em que grandes helicópteros tentam apagar o incêndio na usina é bem significativa, pois demonstra que os militares colocaram em risco suas próprias vidas em prol de algo maior, da salvação de milhares de pessoas das regiões próximas. / Chernobyl 1.02 - Please Remain Calm (Estados Unidos, 2019) Direção: Johan Renck / Roteiro:  Craig Mazin, Craig Mazin / Elenco: Jarred Harris, Emily Watson, Matthew Needham, Nadia Clifford.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 1 de outubro de 2019

Cova Rasa

Título no Brasil: Cova Rasa
Título Original: Shallow Grave
Ano de Produção: 1994
País: Reino Unido
Estúdio: Channel Four Films
Direção: Danny Boyle
Roteiro: John Hodge
Elenco: Ewan McGregor, Kerry Fox, Christopher Eccleston, Ken Stott, Keith Allen, Colin McCredie

Sinopse:
Três amigos, um corpo e muito dinheiro. Quando essa combinação acontece o que vai sobrar de integridade e honestidade? No enredo um homem morre e três amigos descobrem que ele tinha uma mala cheia de dinheiro e drogas. Para ficar com suas coisas eles decidem dar um fim no corpo do tal sujeito, criando uma série de problemas com isso.

Comentários:
Costumo dizer que esse filme é do tempo em que o diretor Danny Boyle tinha talento para fazer cinema de verdade. Depois de alguns anos ele foi perdendo a mão, se transformando em um chato petulante e apelativo. Aqui porém não há o que reclamar. Assisti nos tempos do VHS e me recordo bem que a crítica brasileira teceu muitos elogios ao filme. Todos merecidos, é claro. Vejo aqui inclusive referências bem óbvias a Alfred Hitchcock (com destaque para seu clássico "Festim Diabólico"), tudo misturado com o famoso humor negro britânico. Os personagens principais, os três amigos, pensam ser boas pessoas, mas quando colocados à prova mesmo, sucumbem miseravelmente à ganância e a falta de princípios ou pudores. O roteiro é bem claro nesse sentido, mostrando que debaixo da fachada de pessoas comuns quase sempre se esconde as piores canalhices. Curiosamente do trio central apenas Ewan McGregor conseguiu se tornar um astro. Ele está muito diferente, pois ainda era bem jovem e usava um cabelo no estilo dos anos 70. Ficou bem adequado ao seu personagem. Então é isso, deixo a dica se você nunca viu esse filme. Ele é certamente um dos melhores exemplares do que de melhor o cinema inglês produziu nos anos 90.

Pablo Aluísio.

Zoe

A referência mais óbvia desse filme é mesmo "Blade Runner". Basta ler a sinopse. Em um futuro próximo uma companhia de alta tecnologia comercializada seres sintéticos - máquinas, na verdade - que se comportam como seres humanos. O objetivo é vender homens e mulheres lindas e perfeitas, ideais para um relacionamento pleno. Os clientes dizem o que esperam de uma companheira e a companhia as programa para atender suas necessidades. Dentro dessa empresa um dos principais mentores é o projetista Cole (Ewan McGregor). Ele cria um novo modelo, um protótipo chamado Zoe (Léa Seydoux). É um passo a mais na inteligência artificial. Zoe consegue ter emoções humanas... e até chorar lágrimas verdadeiras. Um avanço assombroso dentro da companhia.

Só que as coisas saem do controle e Cole acaba se apaixonando de verdade por Zoe. Pior do que isso. Ela não sabe que é um ser sintético, uma replicante (usando aqui o termo que foi usado em Blade Runner). O curioso é que o filme não adota uma linguagem típica de filmes de ficção. Ao contrário disso o mundo em que os personagens vivem é absurdamente parecido com o mundo real. Não há naves voadoras e nem o clima noir de Blade Runner. Outro aspecto interessante do roteiro é a pílula do primeiro amor. Uma droga que se torna muito popular e que faz o usuário sentir as mesmas emoções da primeira paixão da adolescência. Nem precisa dizer que a nova droga se torna uma febre, inclusive para o personagem de Ewan McGregor.

Outra ideia interessante dentro desse roteiro é o surgimento de bordéis apenas com modelos sintéticos. Já que esses novos robôs são feitos para o prazer do ser humano nada mais natural que o surgimento de lugares onde o sexo com eles é pago. As possibilidades de explorar um mundo assim seriam enormes, mas devo dizer que o roteiro não vai atrás delas. Ao invés disso se concentra mesmo no romance de Zoe com seu criador. Há uma trilha sonora melosa que permeia todo o filme, dando toda a pinta que o diretor quis mesmo fazer um daqueles filmes românticos. Em certo momento cansa essa escolha. Em minha opinião o filme seria muito melhor se fosse mais "Blade Runner" e menos "Love Story".

Zoe (Zoe, Estados Unidos, 2018) Direção: Drake Doremus / Roteiro: Richard Greenberg / Elenco: Ewan McGregor, Léa Seydoux, Theo James  / Sinopse: Projetista de modelos sintéticos, replicantes criados e programados para se relacionarem com seres humanos, acaba se apaixonando perdidamente por uma de suas criações. Uma garota chamada Zoe, que nem sabe que na verdade é um protótipo e não um ser humano normal.

Pablo Aluísio.