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segunda-feira, 25 de julho de 2022

Confidências à Meia Noite

"Pillow Talk" é certamente um dos melhores filmes de Doris Day em sua filmografia (se não for o melhor). A primeira parceria com Rock Hudson (faria mais dois filmes ao lado dele) rende ótimas cenas de humor. Considerado ousado e sofisticado demais para os anos 50 o filme fez um tremendo sucesso. Rock em sua biografia afirma que esse foi sem dúvida um dos trabalhos que mais gostou de fazer pois o clima no set era o melhor possível, muito descontraído e alegre. Além disso ele criou uma ótima química com Doris nas cenas. Hudson havia recentemente se separado da esposa e procurava por novos caminhos em sua carreira. Depois de estrelar faroestes e dramas com Douglas Sirk e George Stevens, Rock tinha dúvidas se poderia fazer bem um papel de playboy numa comédia romântica sofisticada como essa. Depois de pensar por um tempo resolveu arriscar. O interessante é que o sucesso de "Confidências à Meia Noite" acabou significando uma mudança completa nos rumos de sua filmografia. A partir daqui ele deixaria definitivamente os dramas pesados de lado para se dedicar a filmes leves, divertidos como "Volta meu Amor", "Não me Mandem Flores", "O Esporte Favorito do Homem" e "Quando Setembro Vier".

Já Doris Day atribui ao filme à sua fama de "Virgem profissional" e diz não entender a razão. No filme sua personagem se recusa a ir para a cama com o conquistador barato vivido por Hudson. Isso criou e ajudou muito na imagem de "Sandy" dos anos 60, mas segundo Doris aqui ela não interpretava uma "virgem" mas sim uma mulher independente, inserida no mercado de trabalho, profissional, que pela primeira vez tinha o direito de escolher o homem com quem queria se casar - ou não casar, de acordo única e exclusivamente com sua consciência. O filme foi divisor de águas também porque acabou criando um dos filões mais usados em Hollywood - o da comédia romântica! Antes de Pillow Talk (Conversa de Travesseiro, seu título original) os estúdios não prestavam muito atenção nesse estilo. Com o sucesso do filme eles começaram a investir mais no gênero - que atingiria seu auge vinte anos depois, nos anos 80. Uma fórmula que até hoje não demonstra sinais de desgaste perante o público, principalmente feminino.

Confidências à Meia Noite (Pillow Talk, Estados Unidos, 1959) Direção de Michael Gordon / Roteiro de Stanley Shapiro e Maurice Richlin / Elenco: Rock Hudson, Doris Day, Tony Randall / Sinopse: Jovem playboy (Rock Hudson) se faz passar por uma caipirão para conquistar sua vizinha (Doris Day) que implica com ele por causa da linha de telefone que ambos dividem.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 30 de junho de 2020

Adorável Pecadora

Esse foi o penúltimo filme de Marilyn Monroe. Ela já caminhava para seu trágico fim. Apenas dois anos depois ela seria encontrada morta em sua casa. Também foi um dos mais complicados de se produzir pois Marilyn já demonstrava todos os seus problemas emocionais durante as filmagens. Ela sempre chegava atrasada, faltava dias e dias ao trabalho e quando aparecia não conseguia decorar seu texto. Havia muito abuso no consumo de pílulas e bebidas, o que tornava impossível para ela atuar ou aparecer saudável em cena. Isso obviamente trouxe muita tensão entre ela e os produtores e foi mais um dos inúmeros problemas que foram se acumulando, o que acabaria resultando em sua demissão dos estúdios Fox, que não conseguiam mais lidar com tanto caos em seus filmes. O curioso é que quando o filme finalmente ficou pronto, acabou se revelando um bom entretenimento. No simpático enredo, Marilyn Monroe interpretava Amanda Dell, uma cantora e dançarina que acabava caindo nas graças de um francês extremamente rico, chamado Jean Marck Clement (Yves Montand). Confundido com um aspirante, a ator acabava entrando na peça onde Amanda se apresentava e começava a investir romanticamente na colega, mas sem conseguir muito sucesso. A personagem de Marilyn parecia estar apaixonada mesmo por Tony Danton (Frankie Vaughan), o protagonista da peça. Sem contar a ela que seria um milionário, ele começa então um novo plano para conquistar a linda loira de olhos azuis.

“Adorável Pecadora” é uma comédia romântica que investe bastante nas tomadas musicais e nos relacionamentos divertidos e complicados dos personagens principais. Seu resultado nas bilheterias foi apenas mediano, mas o filme se notabilizou mesmo por causa das deliciosas histórias de bastidores. O casamento entre Marilyn Monroe e Arthur Miller estava em frangalhos e assim que começaram as filmagens Marilyn se apaixonou por Yves Montand. Era uma atração muito previsível. Montand, como todo bom francês, era também um conquistador nato. Para Marilyn ele era antes de tudo um europeu exótico. Como não perdia a chance de ter uma nova aventura sempre que ela surgisse pela frente, nem pensou duas vezes antes de cair nos braços do ator. O problema era que o colega e companheiro de cena também era casado com Simone Signoret, que se considerava amiga de Marilyn, o que acabou resultando em um incômodo e complicado triângulo amoroso tão ou mais problemático do que o próprio roteiro do filme! Marilyn também passava por um momento muito conturbado em sua saúde, com abuso constante de medicamentos e álcool. Ela quase sempre misturava suas pílulas para dormir com champagne francês a qualquer hora do dia ou da noite, uma combinação perigosa e potencialmente fatal que atrapalhava muito também em seu desempenho. No filme ela aparenta estar meio desnorteada, muito pálida e com o semblante perdido. Mesmo assim ainda consegue encantar, inclusive ao cantar muito bem a divertida “My Heart Belongs To Daddy”.

Assistindo a atriz soltando a voz em cena não podemos deixar de elogiar seu estilo sensual e diria até mesmo seu bonito timbre vocal. Ela certamente não era uma cantora profissional, mas sempre se saía muito bem nos números musicais de seus filmes. Isso era resultado e fruto de muitos anos de aulas de canto pagos pelos estúdios Fox. Marilyn também passava dias ouvindo em seu quarto a sua cantora preferida, Ella Fitzgerald. O próprio estilo vocal que desenvolveu inclusive é uma bonita variação dessa fabulosa diva do jazz. Assim “Adorável Pecadora” foi salvo pela bonita voz de Marilyn Monroe, pelos talentosos números musicais e pelas ótimas histórias de alcova de sua produção. Um bom momento na carreira da musa Marilyn Monroe que merece ser redescoberto por fãs e amantes de musicais da década de 1960. Não deixe de conhecer.

Adorável Pecadora (Let´s Make Love, Estados Unidos, 1960) Direção: George Cukor / Roteiro: Norman Krasna, Hal Kanter / Elenco: Marilyn Monroe, Yves Montand, Tony Randall / Sinopse: Bilionário francês (Yves Montand) se apaixona por linda corista (Marilyn Monroe) que não se mostra muito interessada em seus avanços românticos. Filme indicado ao Oscar na categoria de Melhor Música Original. Também indicado ao Globo de Ouro na categoria de Melhor Filme - Musical ou Comédia.

Pablo Aluísio.  

quarta-feira, 22 de abril de 2020

Tudo o que Você Sempre quis Saber Sobre Sexo, mas Tinha Medo de Perguntar

Título no Brasil: Tudo o que Você Sempre quis Saber Sobre Sexo, mas Tinha Medo de Perguntar
Título Original: Everything You Always Wanted to Know About Sex * But Were Afraid to Ask
Ano de Produção: 1972
País: Estados Unidos
Estúdio: United Artists
Direção: Woody Allen
Roteiro: Woody Allen
Elenco: Woody Allen, Gene Wilder, John Carradine, Tony Randall, Burt Reynolds, Anthony Quayle

Sinopse:
Woody Allen interpreta diversos personagens (Victor / Fabrizio / The Fool / Sperm) que vão surgindo em várias sequências relativamente independentes e muito divertidas. O fio de ligação entre elas vem de perguntas, dúvidas, que todos têm sobre o sexo! De onde surgem os bebês? O que é masturbação? etc.

Comentários:
Da série "Os maiores títulos de filmes da história", daqueles que eram impossíveis de colocar nas marquises dos cinemas da época. Sim, "Tudo o que Você Sempre quis Saber Sobre Sexo, mas Tinha Medo de Perguntar" já era divertido no título. "Um absurdo!" - muitos disseram em seu lançamento. Na verdade aqui Woody Allen realizou um de seus filmes mais engraçados. O que serviu de inspiração foi um livro de sexologia que ele comprou em Nova Iorque. Era algo didático, mas o nome do livro era pura apelação. Assim Allen decidiu que iria fazer uma adaptação para o cinema, mas não uma adaptação qualquer e sim uma sátira, um sucessão de gags irônicas sobre as principais dúvidas que as pessoas tinham sobre sexo. Assim cada pergunta abre uma brecha para uma sequência de pura nonsense, puro absurdo do humor mais insano. De certa forma esse filme acabou virando um estigma, um modelo, de filme que prioriza mais o humor puro do que as conversas do tipo "cabeça", que iriam ser comuns nos seus filmes seguintes. Duas sequências se destacam no roteiro. Na primeira, sempre lembrada até hoje, o próprio Woody Allen interpreta um esperma, pronto para nadar e tentar vencer a prova, a corrida para entrar no óvulo. Enquanto ele se prepara aparecem várias inseguranças. Em outra, muito divertida, ele é perseguido por um seio feminino gigante pelas ruas da cidade. Assim cada dúvida é estopim para mais uma sequência, sem seguir uma história narrativa linear. Quem ganha é o espectador. O riso (inteligente) se torna fácil e farto.

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 9 de outubro de 2019

Volta Meu Amor

Nenhum casal fez tanto sucesso nos cinemas durante a década de 1960 do que Rock Hudson e Doris Day. Juntos, eles fizeram três comédias românticas que tiveram excelentes bilheterias para a época. A fórmula era infalível. Com o sucesso de "Confidências à Meia Noite" a volta do casal era algo considerado certo pelos produtores. A própria Doris Day tinha adorado ter trabalhado ao lado de Rock e ao final das filmagens havia lhe dito que eles deveriam fazer outros filmes juntos. Afinal se o público havia gostado tanto por que não retornar para um novo filme? "Volta Meu Amor" foi o segundo filme de Rock Hudson e Doris Day. O roteiro seguia basicamente a mesma estrutura do primeiro filme. Um playboy chamado Jerry Webster (Rock Hudson) se fazia passar por outro homem para conquistar o coração da bela Carol Templeton (Doris Day). A ideia seguia as linhas básicas do primeiro filme, mostrando um jogo de sedução que acabava virando contra o sedutor mal intencionado. O roteiro era muito parecido também, a mesma ideia central que havia sido utilizada em "Confidências à Meia Noite". Nem por isso o filme deixou de ser um bom passatempo, dos mais agradáveis, até mesmo nos dias de hoje.

Apesar dos diálogos "ousados" para os anos 60 a produção era divertida, leve e recomendada para todos os públicos, mas principalmente casais. A sociedade americana passava por profundas mudanças sociais e de costumes na época em que esses filmes eram lançados nos cinemas. As mulheres finalmente tinham conquistado seu espaço no mercado de trabalho. Eram agora independentes, profissionais e não usavam mais o casamento como único meio de vida. Ter ou não um companheiro tinha se tornado apenas uma opção e não uma obrigação. O roteiro, com todo o seu bom humor, mostrava esses aspectos, principalmente em relação à personagem de Doris Day.

Rock Hudson geralmente interpretava homens incorrigíveis, playboys e conquistadores inveterados. Já Doris Day trazia para as telas a nova mulher, dona de seu destino, com pleno controle de sua própria vida. O choque entre esses dois estilos de vida é que criava o fino humor para esse tipo de produção. Quando foi lançado "Volta Meu Amor" se tornou um sucesso de bilheteria ainda maior do que "Confidências à Meia Noite", o que deixou todos surpresos. Ninguém esperava que o filme original fosse superado. Por causa do sucesso a dupla voltaria ainda a atuar junto pela terceira e última vez em "Não Me Mandem Flores". De qualquer forma fica a dica para os fãs de Rock Hudson e Doris Day. "Volta Meu Amor" é uma delícia de filme. Não envelheceu e mesmo revisto nos dias de hoje, ainda é uma ótima diversão.

Volta Meu Amor (Lover Come Back, Estados Unidos, 1961) Direção: Delbert Mann / Roteiro: Stanley Shapiro, Paul Henning / Elenco: Rock Hudson, Doris Day, Tony Randall / Sinopse: Jerry Webster (Rock Hudson) é um publicitário que tem que promover um produto novo chamado VIP que se tornará um grande sucesso de vendas para e empresa em que trabalha. O problema é o tal produto simplesmente não existe! Para completar suas dores de cabeça ele ainda tem que lidar com uma outra publicitária rival, Carol Templeton (Doris Day), que luta para que sua licença de publicitário seja cassada. Para vencer Carol, Jerry acaba fazendo se passar por outra pessoa, pelo suposto inventor de VIP. E os dois acabam se apaixonando nessa confusão toda! Filme indicado ao Oscar na categoria de Melhor Roteiro Original (Stanley Shapiro e Paul Henning). Filme indicado ao Globo de Ouro na categoria de Melhor Ator Coadjuvante (Tony Randall).

Pablo Aluísio. 

segunda-feira, 20 de maio de 2019

Confidências à Meia Noite

Infelizmente Doris Day se foi nessa semana, deixando muitas saudades naqueles que assistiram aos seus filmes ao longo de todos esses anos. Esse "Confidências à meia noite" foi um dos mais lembrados em artigos e matérias comentando sua morte. Não é para menos, sem dúvida é um de seus filmes mais populares, aquele que de certa forma definiu sua carreira no cinema. "Pillow Talk" é certamente um dos melhores filmes de sua filmografia (se não for o melhor). Essa é uma simples constatação para quem gosta de cinema clássico. A primeira parceria com Rock Hudson (faria mais dois filmes ao lado dele) rendeu ótimas cenas de humor. Considerado ousado e sofisticado demais para os anos 50, o filme fez um tremendo sucesso. Rock em sua biografia afirmou que esse foi um dos trabalhos que mais gostou de fazer, pois o clima no set era o melhor possível, muito descontraído e alegre. Além disso ele criou uma ótima química com Doris nas cenas. Foram amigos até o fim de suas vidas. Amizade verdadeira, pouco comum em Hollywood.

Hudson havia recentemente se separado da esposa e procurava por novos caminhos em sua carreira. Depois de estrelar faroestes e dramas com Douglas Sirk e George Stevens, Rock tinha dúvidas se poderia fazer bem um papel de playboy numa comédia romântica sofisticada como essa. Depois de pensar por um tempo resolveu arriscar. O interessante é que o sucesso de "Confidências à Meia Noite" acabou significando uma mudança completa nos rumos de sua filmografia. A partir daqui ele deixaria definitivamente os dramas pesados de lado para se dedicar a filmes bem mais leves, divertidos como "Volta meu Amor", "Não me Mandem Flores", "O Esporte Favorito do Homem" e "Quando Setembro Vier". Ele mudou seu estilo, mudou sua carreira a partir desse ponto.

Já Doris Day atribuiu ao filme à sua fama de "virgem profissional" e disse não ter entendido a razão de ter recebido esse "rótulo" por parte da imprensa. No filme sua personagem se recusava a ceder ao conquistador barato interpretado por Rock. Além disso a personagem era dona de si, profissional e no comando de sua vida. Nada parecida com uma dondoca.  Segundo Doris Day aqui ela não interpretava uma "virgem" mas sim uma mulher independente, inserida no mercado de trabalho, profissional, que pela primeira vez tinha o direito de escolher o homem com quem queria se casar - ou não casar, de acordo única e exclusivamente com sua consciência. O filme foi divisor de águas também porque acabou criando um dos filões mais usados em Hollywood - o da comédia romântica com roteiros mais picantes. Antes de Pillow Talk ("conversa de Travesseiro", seu título original) os estúdios não prestavam muito atenção nesse estilo. Com o sucesso do filme eles começaram a investir mais no gênero - que atingiria seu auge vinte anos depois, nos anos 80. Uma fórmula que até hoje não demonstra sinais de desgaste perante o público, principalmente feminino.

Confidências à Meia Noite (Pillow Talk, EUA, 1959) Direção de Michael Gordon / Roteiro de Stanley Shapiro e Maurice Richlin / Elenco: Rock Hudson, Doris Day, Tony Randall, Thelma Ritter  / Sinopse: Jovem playboy (Rock Hudson) se faz passar por uma caipirão para conquistar sua vizinha (Doris Day) que implica com ele por causa da linha de telefone que ambos dividem. Filme vencedor do Oscar na categoria de Melhor Roteiro Original. Também indicado nas categorias de Melhor Atriz (Doris Day), Melhor Atriz Coadjuvante (Thelma Ritter), Melhor Direção de Arte e Melhor Música. Indicado ao Globo de Ouro nas categorias de Melhor Filme - Comédia ou Musical, Melhor Atriz (Doris Day) e Melhor Ator Coadjuvante (Tony Randall).

Pablo Aluísio.

domingo, 3 de maio de 2015

Não Me Mande Flores

George (Rock Hudson) é um sujeito completamente hipocondríaco. Casado com a simpática Judy (Doris Day) ele vive criando doenças novas que só existem em sua cabeça. As coisas pioram quando visita seu médico particular e acaba se confundindo com um exame de outro paciente. Convencido que está com os dias contados e que tem poucas semanas de vida, George ao lado de seu vizinho e amigo Arnold (Tony Randall) decidem arranjar um novo marido para a esposa para que ela não passe pelo trauma de sua morte sozinha. “Não me Manda Flores” foi o terceiro e último filme da dupla Rock Hudson / Doris Day. Eles emplacaram grandes sucessos nos anteriores “Confidências à Meia Noite” e “Volta Meu Amor” e assim era natural que voltassem a atuar juntos. O filme é baseado numa peça de teatro escrita por Norman Barasch e Carroll Moore. O ritmo é ágil, hilariante e o roteiro muito bem escrito. Obviamente como a estória foi criada para ser encenado no teatro o filme se concentra bastante dentro da própria residência do casal, em três atos bem delimitados, com poucos cenários.

Rock e Doris tinham uma química perfeita, eram grandes amigos. Esse tipo especial de entrosamento emtre eles acabou passando para a tela. Curiosamente aqui Doris e Rock, pela primeira e única vez, contracenam como marido e mulher. Doris é a esposa perfeita da década de 60. Agüenta as esquisitices do marido e é em essência uma dona de casa que chega ao ponto de se espantar quando o marido lhe sugere que termine seus estudos para arranjar um emprego! Já o personagem de Rock é também um maridão típico daqueles anos, que vai todos os dias ao trabalho com o jornal da manhã debaixo do braço. O único diferencial é seu hipocondrismo sem limites. Tony Randall, interpretando o vizinho e amigo de George, passa o tempo todo embriagado, lamentando a morte precoce do colega, o que rende ótimas cenas de humor. “Não me Mande Flores” foi dirigido por Norman Jewison em começo de carreira. É curioso ver seu nome nos créditos pois Jewison criaria toda uma filmografia de filmes fortes nos anos seguintes, com temáticas instigantes e polêmicas, algo que destoa completamente dessa comédia romântica divertida e amena. De qualquer modo não há como negar que seu trabalho é muito bom, com ótimo timing entre as cenas, nunca deixando desandar para o chato ou tedioso. Só a lamentar o fato de que nunca mais Doris e Rock contracenariam juntos no cinema. De fato essa foi a despedida deles das telas. Melhor assim, se despediram com um bom filme que fechou com chave de ouro a trilogia que o casal rodou junto. “Não Me Mande Flores” foi um excelente final para essa carismática dupla que marcou época.

Não me Mande Flores (Send Me No Flowers, Estados Unidos, 1964) Direção: Norman Jewison / Roteiro: Julius J. Epstein, baseado na peça teatral "Send Me No Flowers: A Comedy in Three Acts" de autoria de Norman Barasch e Carroll Moore / Elenco: Rock Hudson, Doris Day, Tony Randall / Sinopse: George (Rock Hudson) é um hipocondríaco incurável que se convence que tem poucos dias de vida. Pensando no melhor para sua esposa que ficará viúva ele resolve procurar um futuro marido ideal para ela!

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 23 de fevereiro de 2007

Volta Meu Amor

Nenhum casal fez tanto sucesso nos cinemas durante a década de 1960 do que Rock Hudson e Doris Day. Juntos, eles fizeram três comédias românticas que tiveram excelentes bilheterias para a época. A fórmula era infalível. Com o sucesso de "Confidências à Meia Noite" a volta do casal era algo considerado certo pelos produtores. A própria Doris Day tinha adorado ter trabalhado ao lado de Rock e ao final das filmagens havia lhe dito que eles deveriam fazer outros filmes juntos. Afinal se o público havia gostado tanto por que não retornar para um novo filme?

"Volta Meu Amor" foi o segundo filme de Rock Hudson e Doris Day. O roteiro seguia basicamente a mesma estrutura do primeiro filme. Um playboy chamado Jerry Webster (Rock Hudson) se fazia passar por outro homem para conquistar o coração da bela Carol Templeton (Doris Day). A ideia seguia as linhas básicas do primeiro filme, mostrando um jogo de sedução que acabava virando contra o sedutor mal intencionado. O roteiro era muito parecido também, a mesma ideia central que havia sido utilizada em "Confidências à Meia Noite". Nem por isso o filme deixou de ser um bom passatempo, dos mais agradáveis, até mesmo nos dias de hoje.

Apesar dos diálogos "ousados" para os anos 60 a produção era divertida, leve e recomendada para todos os públicos, mas principalmente casais. A sociedade americana passava por profundas mudanças sociais e de costumes na época em que esses filmes eram lançados nos cinemas. As mulheres finalmente tinham conquistado seu espaço no mercado de trabalho. Eram agora independentes, profissionais e não usavam mais o casamento como único meio de vida. Ter ou não um companheiro tinha se tornado apenas uma opção e não uma obrigação. O roteiro, com todo o seu bom humor, mostrava esses aspectos, principalmente em relação à personagem de Doris Day.

Rock Hudson geralmente interpretava homens incorrigíveis, playboys e conquistadores inveterados. Já Doris Day trazia para as telas a nova mulher, dona de seu destino, com pleno controle de sua própria vida. O choque entre esses dois estilos de vida é que criava o fino humor para esse tipo de produção. Quando foi lançado "Volta Meu Amor" se tornou um sucesso de bilheteria ainda maior do que "Confidências à Meia Noite", o que deixou todos surpresos. Ninguém esperava que o filme original fosse superado. Por causa do sucesso a dupla voltaria ainda a atuar junto pela terceira e última vez em "Não Me Mandem Flores". De qualquer forma fica a dica para os fãs de Rock Hudson e Doris Day. "Volta Meu Amor" é uma delícia de filme. Não envelheceu e mesmo revisto nos dias de hoje, ainda é uma ótima diversão.

Volta Meu Amor (Lover Come Back, Estados Unidos, 1961) Direção: Delbert Mann / Roteiro: Stanley Shapiro, Paul Henning / Elenco: Rock Hudson, Doris Day, Tony Randall / Sinopse: Jerry Webster (Rock Hudson) é um publicitário que tem que promover um produto novo chamado VIP que se tornará um grande sucesso de vendas para e empresa em que trabalha. O problema é o tal produto simplesmente não existe! Para completar suas dores de cabeça ele ainda tem que lidar com uma outra publicitária rival, Carol Templeton (Doris Day), que luta para que sua licença de publicitário seja cassada. Para vencer Carol, Jerry acaba fazendo se passar por outra pessoa, pelo suposto inventor de VIP. E os dois acabam se apaixonando nessa confusão toda! Filme indicado ao Oscar na categoria de Melhor Roteiro Original (Stanley Shapiro e Paul Henning). Filme indicado ao Globo de Ouro na categoria de Melhor Ator Coadjuvante (Tony Randall).

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 19 de janeiro de 2007

As Sete Caras do Dr. Lao

No velho oeste um misterioso oriental conhecido como Dr. Lao chega numa cidadezinha perdida com seu circo itinerante. Sua presença no local irá mudar para sempre a vida dos moradores. Clássico da Sessão da Tarde o filme "As Sete Caras do Dr Lao" (também conhecido como "As Sete Faces do Dr. Lao) sempre foi muito querido pelos brasileiros. É uma fábula muito cativante sobre um oriental misterioso que chega em uma pequena cidade e aos poucos vai mudando o destino do lugar. Em um tempo onde não existiam efeitos digitais ou nada muito sofisticado em termos de efeitos especiais o filme compensa tudo com uma grande imaginação e criatividade. O filme inclusive levou um Oscar de maquiagem - merecido aliás. O diretor George Pal já era um veterano quando dirigiu Lao (que foi seu último filme). Desde a década de 30 ele já vinha dirigindo vários filmes nesse estilo, misturando geralmente fantasia e aventura, para o público mais juvenil. Aqui certamente ele se despediu em grande estilo.

O elenco também chama a atenção, com destaque para Barbara Eden (A Jennie do seriado "Jeannie é um gênio", clássico da TV dos anos 60) e o veterano Arthur O Connel (que faria alguns filmes ao lado de Elvis Presley também). Porém em termos de elenco o filme pertence mesmo a Tony Randall. Ele era mais um ator coadjuvante, de muito talento é verdade, mas que nunca alcançou o estrelato. Ele geralmente fazia parte do elenco de apoio de grandes astros. Dele me recordo em especial dos 3 filmes que fez ao lado de Rock Hudson e Doris Day (sempre no papel de amigo de Rock ou um rival pelo amor de Doris). Creio que em termos de brilho próprio sua grande chance tenha sido justamente nesse Dr Lao, o que faz com muita competência. Pena que depois não lhe deram mais espaço para brilhar sozinho. De qualquer forma vale a pena principalmente para os que sentem saudades do tempo em que a Sessão da Tarde passava filmes bons e de qualidade.

As Sete Faces do Dr. Lao (7 Faces of Dr. Lao, EUA, 1964) Direção: George Pal / Roteiro: Charles Beaumont baseado no livro "The Circus of Dr. Lao" de Charles G. Finney / Elenco: Tony Randall, Barbara Eden, Arthur O'Connell / Sinopse: No velho oeste um misterioso oriental conhecido como Dr. Lao chega numa cidadezinha perdida com seu circo itinerante. Sua presença no local irá mudar para sempre a vida dos moradores. Filme indicado ao Oscar na categoria de Melhores Efeitos Especiais (Jim Danforth). Vencedor do Oscar na categoria de Melhor Maquiagem (William Tuttle). .

Pablo Aluísio.